1. HOSPITAL AMÉRICO BOAVIDA
SERVIÇO DE CIRURGIA GERAL
TEMA
SEMIOLOGIA DO ABDÓMEM
Elaborado por:
Ruth Fernanda António, Interna de Maxilo facial
Orientador:
Dr. Augusto Manuel da Conceição, Diretor de Serviço
CO-Orientador:
Dr. Zeferino Ferramenta, Dra. Rosana Gaspar
2. INTRODUÇÃO
O abdómem é a maior cavidade do corpo humano e compreende a região do
tronco que fica entre o tórax e a pelve.
A divisão entre o tórax e o abdome é demarcada pelo diafragma, enquanto a
abertura superior da pelve demarca os limites entre as cavidades abdominal e
pélvica.
Assim, o abdómem comporta órgãos do sistema digestório e algumas
estruturas do sistema urinário.
3. OBJETIVOS
Geral
Conhecer o conceito e divisões do abdómem.
Específicos
Identificar os órgãos do abdómem e a sua localização;
Descrever e conhecer os componentes para elaboração do exame físico do
abdómem.
4. CONCEITO
Abdómem é a região do corpo localizada entre o tórax e a pelve, a sua
abertura superior esta voltada para o tórax e é cercada pelo diafragma.
5. A cavidade abdominal é divida por quatro planos: dois horizontais e dois verticais,
delimitando as seguintes regiões.
A cavidade abdominal também pode ser divida em quatro quadrantes. A partir do
plano mediano (vertical), seguindo o trajeto da linha alba e o plano transumbilical
(horizontal) entre L3 e L4.
6. INSPEÇÃO
A inspeção deve ser realizada com o paciente em decúbito dorsal com pernas
estendidas. São observadas a forma ou tipo, simetria, volume e alterações
cutâneas do abdome.
Forma ou tipo: globoso (panículo adiposo ou líquido ascítico), escavado
(emagrecimento ou síndrome consumptiva), pendular (gravidez).
Simetria: Avaliar se há presença de assimetria, como pode ocorrer na
hepatoesplenomegalia, hérnias de parede abdominal, neoplasias e obstruções;
Abaulamentos: presença de massas abdominais, como neoplasias ou hérnia da
parede abdominal.
8. AUSCULTAÇÃO
Deve ser realizada nos quatro quadrantes de forma superficial para avaliar os
ruídos hidroaéreos, presença de sopros nas artéria aorta, artérias renais, ilíacas e
femorais e atrito entre o fígado e o baço.
Para os ruídos hidroaéreos, deve-se descrever a intensidade e se estão
presentes/normais, diminuídos ou ausentes, aumentado.
Para avaliar alterações do fluxo aórtico (sopros ou aneurismas), aprofunda-se o
estetoscópio ao longo do trajeto da aorta.
9. AUSCULTAÇÃO
As principais alterações a serem pesquisadas na ausculta são:
• Peristaltismo de luta: obstrução;
• Íleo paralítico: silêncio abdominal;
• Sopros vasculares: sugerem aneurismas e compressões arteriais
11. PALPAÇÃO
A palpação abdominal é dividida em dois momentos: a supercial e a profunda.
Palpação supercial
Ela serve para avaliar:
•Sensibilidade;
•Integridade anatômica;
•Grau de distensão da parede abdominal;
•Defesa da parede abdominal (contratura da musculatura abdominal,
voluntária ou involuntária);
•Continuidade da parede (hérnias, diástase dos músculos reto abdominais).
Os pacientes com dor abdominal devem ser solicitados a localizá-la. Só então
inicia-se a palpação da área mais distante da região dolorosa, deixando esta
por último. Deve ser feita com uma mão a 45 graus ou duas mãos superpostas.
12. Pontos dolorosos:
•Epigástrico: sensível na úlcera péptica em atividade;
•Cístico: situa-se no ângulo formado pelo rebordo costal direito com a borda
externa do músculo reto abdominal. Na interseção da linha hemi clavicular com
o rebordo costal direito. Deve ser palpado em busca do Sinal de Murphy que
pode estar presente na colecistite aguda.
•McBurney: união do terço externo com dois terços internos da linha que une a
espinha ilíaca ântero-superior à cicatriz umbilical. Dor nessa região sugere
apendicite aguda. O Sinal de Blumberg , dor a descompressão, pode ser
pesquisado na palpação profunda.
13. Palpação profunda
Este tipo de palpação tem como objetivo palpar órgãos abdominais em busca
de visceromegalias e tumorações. Os órgãos que procuramos são o fígado e o
baço:
No fígado devemos observar o tamanho (hepatimetria), consistência,
superfície e borda e sensibilidade.
O método de palpação mais utilizado na prática é o de Lemos Torres. Nele, o
examinador com a mão esquerda na região lombar direita do paciente tenta
evidenciar o fígado para frente. Com a mão direita espalmada sobre a parede
anterior, tenta palpar a borda hepática anterior durante a inspiração profunda.
14. Deve ser avaliado a borda hepática, se tem borda fina ou romba; regularidade
da superfície, sensibilidade, consistência, presença de nodulações.
A hepatimetria deve ser realizada percutindo dois pontos:
•A partir do 5º espaço intercostal direito em direção ao rebordo
costal direito, até que haja mudança do som (de maciço para timpânico);
•A partir do apêndice xifoide
A hepatimetria normal varia entre 6 e 12 cm na linha hemiclavicular e
entre 4 e 8 cm na linha esternal média.
15.
16. PERCUSSÃO
A partir da percussão é possível identificar presença de ar livre, líquidos e
massas intra-abdominais. Além disso, é importante delimitar o espaço de
Traube (onde fica o baço).
A técnica é digito-digital, em que o examinador posiciona uma das mãos sobre
o abdome e percute com o dedo indicador.
•Som normal: maciço (baço e fígado), timpânico (vísceras ocas);
•Percussão normal: macicez hepática no hipocôndrio direito; timpanismo no
espaço de Traube, timpanismo nas demais regiões;
•Massas abdominais sólidas ou líquidas (ascite) são maciços;
•Timpanismo generalizado pode indicar obstrução.
17. Algumas manobras são fundamentais para avaliar o paciente com suspeita de
ascite, que é o acúmulo de líquido na cavidade peritoneal. Essa avaliação
baseia-se justamente na percussão como veremos nas duas principais
manobras abaixo:
•Macicez móvel: ocorre em casos de ascite de médio volume. Quando o
paciente está em decúbito dorsal o líquido acumula-se na região lateral do
abdome, revelando timpanismo na região anterior. Quando o paciente
posiciona-se em decúbito lateral, o líquido desloca-se para o mesmo lado,
onde fica maciço e a região acima fica timpânica.
•Semi-círculo de Skoda: com o paciente em decúbito dorsal percute-se a
regiçao periumbilical do meio para as extremidades. Em casos de ascite,
observa-se alteração do timpanismo.
18. Algumas manobras de percussão
•Sinal de Giordano: punho-percussão das lojas renais. Se o paciente
sentir dor, é positivo e pode indicar pielonefrite aguda.
•Sinal de Jobert: percussão do hipocôndrio direito com deteção de
timpanismo.
É indicativo de pneumoperitôneo (ar na cavidade abdominal).
•Sinal de Corvoisier-Terrier: vesícula biliar palpável. Pode ser indicativo
de neoplasia.
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20. CONCLUSÃO
A superfície abdominal pode ser topograficamente dividida em nove regiões
por meio de duas linhas horizontais, uma ao nível do rebordo costal inferior e
outra ao nível das espinhas ilíacas ântero-superiores, e duas verticais ao nível
do meio do arco femoral.
De forma mais simples, também pode ser dividido em quatro regiões ou
quadrantes, dois superiores direito e esquerdo, e dois inferiores, também
direito e esquerdo.
O exame físico do abdome começa com a inspeção, continua com ausculta,
terminando com percussão e palpação. O paciente deve estar em decúbito
dorsal, com a musculatura relaxada, a cabeça apoiada em um travesseiro
plano e os membros superiores e inferiores apoiados na mesa de exame.
21. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
Semiologia medica 5ºedição ISBN Número de páginas:292 Publicação:9 de
maio de 2011 Editora: Elsevier Editora Ltda.
Semiologia Médica Por José Rodolfo Rocco · 2022
Rodriguez, E. D., Dorafshar, A. H., Manson, P. N. (2018) Semiologia do
abdomem In: Rodriguez, E. D., Losee, J. E., P. C. Neligan, P. C. (Eds.), Plastic
Surgery. Volume 3.