Produção telejornal sensacionalista Brasil Urgente
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2. Introdução Entre os diversos tipos de telejornais da televisão brasileira , existem aqueles que buscam atingir camadas mais populares da sociedade , por meio da utilização de um tipo de linguagem que se convencionou chamar de sensacionalista . Neste trabalho, buscamos compreender como ocorre a produção de um telejornal desse gênero, de modo a identificar um tipo de procedimento jornalístico que, em diferentes circunstâncias, tem sido apontado como não-ético . Especificamente, busca-se também descrever de maneira breve a história do telejornalismo brasileiro. Além disso, identificar programas de caráter sensacionalista e, sobretudo, reconhecer como se dá essa prática televisiva por meio do trabalho dos produtores, redatores e apresentadores do telejornal Brasil Urgente .
3. Esta pesquisa utiliza-se da metodologia do Estudo de Caso . Para tanto, faremos uma pesquisa de campo , e levantamento de materiais como entrevistas, fotos, bibliografia e programas televisivos. Além disso, nossa equipe acompanhará o processo de produção de uma edição do programa Brasil Urgente , da Rede Bandeirante de Televisão, com vista a obter dados referentes às rotinas de captação, tratamento e divulgação das informações. Utilizaremos também o método dedutivo que, partindo de teorias, prediz a ocorrência do sensacionalismo em nosso objeto de estudo. Os aspectos de pesquisas serão qualitativos, com ênfase em valores, comportamentos e qualidades do material estudado . Introdução
4. Histórico “ Telejornal é um noticiário jornalístico transmitido pela televisão, geralmente acompanhado de cenas cinematográficas dos principais acontecimentos” (Michaelis UOL, 2008). O telejornalismo nasceu após a popularização do cinema , quando se tornou atraente a iniciativa de filmar notas de tipo informativo . O primeiro evento televisivo de notícias aconteceu em agosto de 1928 , nos EUA aceitando a indicação oficial. A emissora WGY transmitiu simultaneamente em rádio e TV o momento em que Al Smith, pré-candidato à presidência pelo Partido Democrata, aceitando a indicação oficial. Foi o primeiro sinal ao vivo e o primeiro evento de notícias. Os primeiros telejornais ainda seguiam a estética do rádio , no qual o âncora lê a notícia com o papel nas mãos, sem fazer contato com a câmera. Mais para frente foi percebendo-se a importância da aparência do apresentador, da forma de noticiar e do contato visual com a câmera.
5. O primeiro telejornal brasileiro foi o Imagens do Dia , da TV Tupi , idealizado por Assis Chateaubriand . Foi ao ar pela primeira vez em 19 de setembro de 1950 e durou um ano. Algumas notícias eram acompanhadas de imagens em preto e branco e sem nenhum efeito sonoro. Com a evolução da tecnologia, vários aspectos foram sendo aprimorados no telejornal até os dias de hoje, como o link ao vivo com repórteres espalhados pelas cidades do país ou até do mundo, imagens mais precisas e claras, interatividade com o público e até acesso ao telejornal pelo celular. Assim como o futebol e as telenovelas, o telejornal tornou-se ícone marcado na grade de programação de todas as emissoras abertas atuais. Histórico
6. Histórico Manipular a informação de modo incompleto ou parcial e apresentar essa informação num formato exagerado ou enganador são características principais que caracterizam o jornalismo sensacionalista. A exploração de notícias sensacionalistas em geral resulta em audiência. No Brasil, o sensacionalismo foi transformado em um instrumento de competição entre emissoras de TV e jornais, causando polêmica junto à opinião pública . Os pesquisadores e estudiosos da Comunicação Social definem o jornalismo sensacionalista como prática jornalística que se dá em jornais e telejornais ditos populares, ou seja, feito para classes C, D e E . São caracterizados por provocar comoção nos telespectadores e pela euforia por parte dos apresentadores. O uso de imagens fortes e repetitivas com a junção de notícias bizarras para entreter e levantar a audiência fazem parte do universo sensacionalista.
7. O livro Espreme que sai sangue : um estudo sensacionalismo na imprensa, foi escrito por Danilo Angrimani (1995), repórter e professor, nascido em São Paulo. O autor investiga o fenômeno do sensacionalismo na imprensa sob várias dimensões: sua história através dos tempos, sua produção, e as razões mais profundas que fazem com que um amplo público seja atraído por este produto . O livro analisa como a linguagem utilizada Histórico penetra no inconsciente dos consumidores atendendo a necessidades psicológicas coletivas , e investiga os mecanismos que interagem no processo de atração e compra sensacional. O conteúdo de uma matéria sensacionalista se dá pelo apelo e uso abusivo de uma linguagem coloquial utilizada para atrair o público. Dá aquela sensação ao telespectador de dúvidas sobre a reportagem, resultando em perguntas do tipo “Será isso realidade?”. Uma mesma página e um mesmo programa de telejornal podem apresentar conteúdo totalmente sensacionalista.
8. O livro A Sociedade do Espetáculo do pensador francês Guy Debord (1967), escrito na década de 1960, faz críticas em sua obra aos maiores sistemas sociais de sua época, o capitalismo e o socialismo . A sociedade do espetáculo é um livro precursor de toda a análise crítica da moderna sociedade do consumo. Para muitos, é um dos mais importantes livros do século. Para Debord nunca a tirania das imagens e a submissão alienante ao império da mídia , denunciados por Debord, foram tão fortes quanto agora. Nunca os profissionais do espetáculo tiveram tanto poder: invadiram todas as fronteiras e conquistaram todos os domínios da arte à economia , da vida cotidiana à política, passando a organizar de forma consciente e sistemática o império da passividade . O livro é, sem dúvida, a mais forte e aguda crítica a sociedade que se organiza em torno dessa falsificação da vida comum. Nesse sentido, o telejornalismo sensacionalista insere-se de maneira inequívoca na sociedade do espetáculo ao optar por assuntos do cotidiano de forma que cause comoção no telespectador. A Sociedade do Espetáculo
9. O programa, que entrou no ar no dia 1º de dezembro de 2001, é considerado hoje o maior exemplo de jornalismo “justiceiro” , criado pela Rede Bandeirantes para substituir o telejornal local da Band São Paulo, denominado Band Cidade. Seu primeiro apresentador foi Roberto Cabrini, ex-repórter da Rede Globo. Cabrini ficou como titular do programa até 2003, quando passou a comandar o Jornal da Noite. José Luis Datena, paulista de Ribeirão Preto, é considerado um jornalista consagrado . Começou carreira como jornalista e locutor esportivo na rádio de sua cidade natal. Logo trocou o rádio pela televisão. Ganhou bastante notoriedade com o programa Cidade Alerta, na Rede Record, onde trabalhou por quatro anos. Foi em 2003 que entrou para o Brasil Urgente , com seu estilo próprio de apresentar e comentar as noticias, Datena e o Brasil Urgente são considerados hoje uma referencia nacional em jornalismo ágil e popular . Brasil Urgente
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11. Através da pesquisa executada pelo grupo, tanto teórica quanto de campo, foi constatado que o sensacionalismo de fato atende às seguintes características: textos que provocam comoção; apresentação do fato em vários segmentos, de modo a criar expectativa; repetição da notícia de maneira exaustiva; gestual movimentação e impostação de voz do apresentador. Chegou também ao conhecimento do grupo através da visita feita à produção do programa Brasil Urgente da emissora Band, que durante o planejamento a pauta é direcionada desde o começo para fatos mais violentos e críticos , que se adaptam melhor a atmosfera que as características acima criam . Foi também confirmado após a pesquisa que o programa de telejornal Brasil Urgente incorpora as características do estereotipo sensacionalista , tanto em sua forma que vai ao ar, quanto no aspecto de produção. Os depoimentos vindos dos profissionais da área como William Tanida e Luis Bacchi, posicionaram-se na idéia de que o público vem cada vez mais resistindo a esse tipo de jornalismo ‘apelativo’ , sendo assim, acreditam que o sensacionalismo perderá espaço cada vez mais e mais. Considerações Finais
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13. AMARAL, Márcia Franz. Jornalismo Popular. São Paulo: Contexto, 2005. ANGRIMANI, Danilo. Espreme que Sai Sangue: um Estudo do Sensacionalismo na Imprensa . Rio de Janeiro: Summus, 1995. DEBORD, Guy. A Sociedade do Espetáculo . Rio de Janeiro: Contraponto, 1967. FORTES, Leandro. Jornalismo Investigativo . São Paulo: Contexto, 2005. MARCONDES FILHO, Ciro. O Capital da Notícia . São Paulo: Ática, 1986 PATERNOSTRO,Vera Íris. O texto na TV: manual de telejornalismo. Rio de Janeiro: Campus, 1999. SALVADOR, Arlete; SQUARISI, Dad. A Arte de Escrever Bem . São Paulo: Contexto, 2004. BREVE HISTÓRICO DO TELEJORNALISMO. Disponível em: <http://webmail.faac.unesp.br/~pcampos/Introducao%20ao%20Telejornalismo.htm>. Acessado em: 28 de mai. 2008, 13:23:00. FOLHA ONLINE. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u377905.shtml>. Acessado em: 28 de mai. 2008, 09:59:00. JORNALISMO – BRASIL URGENTE. Disponível em: <http://www.band.com.br/brasilurgente/sobre.asp?ID=14>. Acessado em: 28 de mai. 2008, 09:51:00. MUNDO DA TV. Disponível em: <http://www.mundodatv.com.br/producao/hisjornalismo.asp>. Acessado em: 28 de mai. 2008, 14:14:00. NOTÍCIAS POPULARES. Disponível em: http://www.noticiaspopulares.com/. Acessado em 08 de out. 2008, 16:35:00 OS BASTIDORES DO TELEJORNAL. Disponível em: <http://www.bocc.ubi.pt/pag/vizeu-alfredo-decidindo-noticia-tese.html>. Acessado em: 28 de mai. 2008, 14:29:00. Bibliografia