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pensar o amor relações amorosas 
contemporâneas 
como estamos 
amando? 
o amor é tudo 
mercadológico 
religioso 
político 
como pesquisar algo que 
não pode ser visto 
(afeto é da ordem do irrepresentável)? 
narrativas | ambientes | objetos 
condições de possibilidade 
ela (her) é... 
anacrônica 
irônica 
tecnológica
Sociedade pós-industrial 
Trabalho imaterial 
Comunicação, conhecimento e afeto 
Capitalismo Cognitivo 
Lazzarato, Negri e Cocco 
Passagem século XIX para XX 
Popularização da psicanálise nos EUA 
Inauguração da psicologia no trabalho 
Feministas 
Cultura terapêutica 
Afeto + eficiência produtiva 
Capitalismo Afetivo 
Eva Illouz, João Freire Filho
anacrônica 
ambiente de trabalho 
sociedade conectada 
“inteligência artificial” 
(personalidade dos programadores) 
produção de cartas de amor 
terceirização dos afetos 
amor ainda como valor
irônica É possível? É impossível? 
É real? É ficção? 
É do futuro? É do presente? 
Simulacro – não é o contrário do signo 
Possível e impossível ao mesmo tempo 
“real”, pois “real” não existe. 
Não existe o contrário de 
amor técnico-maquínico.
tecnológica 
Guattari – subjetividade industrial, 
maquínica, fabricada, consumida. 
O amor de Samantha e de Theodore é 
tão maquínico, artificial e técnico quanto 
pode ser o amor de um João e Maria 
qualquer. 
técnico (techné) enquanto 
fabricação 
e utilização de sistemas.
Samantha é feliz, 
agradável, simpática, 
sempre disponível, 
carinhosa, leve... 
...é o oposto da ex-esposa 
de 
Theodore... 
A personalidade dela se 
constitui na experiência 
com Theodore e com 
suas mais de 600 
paixões... 
Samantha é modulada 
pelos desejos dos 
“Theodores”... 
Esse modo de amar é próprio da 
lógica capitalista, atravessada pela 
prática do excesso. Do “mais amor”, 
do “muito amor” e do “amo muito 
tudo isso”... Mas não de qualquer 
amor, preferencialmente de um modo 
específico de amar.
As diferenças, as tensões, as experiências 
não-prazerosas a curto prazo estão sendo 
preteridas das relações afetivas. 
Poderíamos pensar o entretenimento, as 
tecnologias digitais de comunicação, os 
produtos de autoajuda etc. como atores que 
operam como moduladores da nossa 
afetividade? 
Seria a atualidade um período de treinamento 
para um modo de amar específico, para o 
qual nossos corpos-mentes estejam 
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Outro amor, por favor. Pensando a realidade técnica do afeto a partir da relação maquínica do filme Her (Ela).

  • 1.
  • 2.
  • 3. pensar o amor relações amorosas contemporâneas como estamos amando? o amor é tudo mercadológico religioso político como pesquisar algo que não pode ser visto (afeto é da ordem do irrepresentável)? narrativas | ambientes | objetos condições de possibilidade ela (her) é... anacrônica irônica tecnológica
  • 4. Sociedade pós-industrial Trabalho imaterial Comunicação, conhecimento e afeto Capitalismo Cognitivo Lazzarato, Negri e Cocco Passagem século XIX para XX Popularização da psicanálise nos EUA Inauguração da psicologia no trabalho Feministas Cultura terapêutica Afeto + eficiência produtiva Capitalismo Afetivo Eva Illouz, João Freire Filho
  • 5. anacrônica ambiente de trabalho sociedade conectada “inteligência artificial” (personalidade dos programadores) produção de cartas de amor terceirização dos afetos amor ainda como valor
  • 6. irônica É possível? É impossível? É real? É ficção? É do futuro? É do presente? Simulacro – não é o contrário do signo Possível e impossível ao mesmo tempo “real”, pois “real” não existe. Não existe o contrário de amor técnico-maquínico.
  • 7. tecnológica Guattari – subjetividade industrial, maquínica, fabricada, consumida. O amor de Samantha e de Theodore é tão maquínico, artificial e técnico quanto pode ser o amor de um João e Maria qualquer. técnico (techné) enquanto fabricação e utilização de sistemas.
  • 8. Samantha é feliz, agradável, simpática, sempre disponível, carinhosa, leve... ...é o oposto da ex-esposa de Theodore... A personalidade dela se constitui na experiência com Theodore e com suas mais de 600 paixões... Samantha é modulada pelos desejos dos “Theodores”... Esse modo de amar é próprio da lógica capitalista, atravessada pela prática do excesso. Do “mais amor”, do “muito amor” e do “amo muito tudo isso”... Mas não de qualquer amor, preferencialmente de um modo específico de amar.
  • 9. As diferenças, as tensões, as experiências não-prazerosas a curto prazo estão sendo preteridas das relações afetivas. Poderíamos pensar o entretenimento, as tecnologias digitais de comunicação, os produtos de autoajuda etc. como atores que operam como moduladores da nossa afetividade? Seria a atualidade um período de treinamento para um modo de amar específico, para o qual nossos corpos-mentes estejam preparados para viver relações calcadas na adaptabilidade, na docilidade das personalidades e na superficialidade?