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Jethro Tull
Augusto dos Anjos
Uivo Beat
Bukowski
Rimbaud
Leminski
Caetano Veloso
Schopenhauer
Carro Bomba
Lágrima Psicodélica
Barata Cichetto
GiraÇol
Percy Weiss
Viegas F. da Costa
Meat Loaf
Thomas Pychon
Mariano Villalba
Sangue de Barata
Ano 1 - Edição 1 - Junho de 2010
www.abarata.com.br/revista
Editorial
Enfim, Uma Revist’A
Barata!...
Há anos venho tramando a edição de uma revista.
Durante o período de 2001 a 2004 editei em papel, em
processo Xerox, umas 10 edições da Revist"A Barata.
Mas o custo de produção de uma edição impressa,
mesmo em processos mais simples como esse ainda é
muito caro. No Brasil. E gastar com cultura é algo fora
o alcance para alguns e supérfluo para outros.
Então, muitos amigos me sugeriram que eu editasse
naquilo que hoje é o formato mais comum: um arquivo
portável em PDF. E assim o fiz. Com coisas inéditas de
A Barata e com algumas outras interessantes já
publicadas. São 32 páginas, com cultura... sob a forma
de poesias, crônicas, contos, letras de músicas etc.
Espero que apreciem. Mas comentem, sugiram, falem
mal, qualquer coisa. Mas usem seus cérebros e dedos
para coisas mais decentes que pensar em sacanagem
e tirar catota do nariz.
Ademais quero agradecer aqui,publicamente á força e
o apoio fundamental de minha esposa, Izabel Cristina
e dedicar este trabalho a ela e a meus pais, Januário e
Branca e aos meus filhos, Raul e Ian.... Sem os quais...
Ademais... Abrazzzzzz
Luiz Carlos “Barata” Giraçol Cichetto
Revist'A Barata
Editor, Redator, Office Boy, Faxineiro:
Luiz Carlos "Barata" Giraçol Cichetto
Projeto Gráfico:
Apoio Editorial e Amoroso:
Izabel Cristina Giraçol Cichetto
www.abarata.com.br/revista
Luiz Carlos "Barata"
Giraçol Cichetto
Arte da Capa: Mariano Villalba
Trilha Sonora: Uivo Beat
AcreditaréMinhaReligião!!BarataCichetto
Rock and RollPaulo Leminski
It's only life
But I like it
Let's go
Baby
Let's go
This is life
It's not
Rock'n'Roll.
“Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio,
acredito, são suas obras completas.”
Jornada Além de Mim
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Ah, mãe, quanto eu queria ser um escritor moderno
Ter obras publicadas em capas-duras, autor eterno!
Ah, quanto eu queria ser um poeta e um compositor
Não num supermercado de almas apenas o repositor.
Componho poemas que são gritos ou gemidos, certo?
Minhas obras não são primas ou irmãs, sou incorreto
Canto porque escuto e escuto o que não quero agora
Porque minha proprietária é a paixão, ela é a senhora.
Queria mesmo era declamar poemas em teatros lotados
Mas apenas pelas telas luminosas, de leitores bitolados
A minha poética encontra morada e mentes sem mentir
Sou poeta sim, mas a poesia, ela eu cumpro sem sentir.
Um grito é um grito mesmo em uma multidão barulhenta
Portanto eu grito porque meu silencio ninguém aguenta
Mas o silêncio é indiferente em uma imensidão silenciosa
E meu grito é minha poesia, pobre, infame e pretenciosa.
Quando aquele poeta morreu ninguém soltou fogos
E as crianças não interromperam bricadeiras e jogos
Porque Poesia não merece lágrimas nem comemoração
E um minuto de silêncio é apenas à heróis sem adoração.
Poesias são feitas da matéria em estado bruto da saudade
Musas da incandescente matéria dos sonhos de liberdade
Meu nome e sobrenome em capas de brochuras, a glória!
Certo, faço apenas a minha, mas estarei em sua história.
A inspiração caminha longe torta e bêbada esquecida de mim
Tenho poemas escritos em pedras, jorra meu sangue carmim
Acorda amada, enquanto dormes o dia não começa, Senhora
O café forte e meus pesadelos estão distantes de mim agora.
Um tempo, em que chumbo era a cor e gelada a temperatura
Fui abandonado, era apenas um ser, uma pálida e oca criatura
Ah, amada, quero apenas escutar as estrelas de suas pernas
Colares de hematitas em meu pescoço, as pedras são eternas.
Um dia sonhei que era uma barata e acordei sujo de merda
Barata come qualquer coisa, por isso que a Terra ela herda
Mas eu não quero a eternidade, nem ser Deus e nem Blatea
Apenas de minha arte ter o aplauso não escárnio da platéia.
Não declamo em teatros lotados de velhas de sedosas saias
Chá das cinco, nem bebo cervejas debaixo de apupos e vaias
Não sou Buk ou Oscar e não quero causar escândado nem dor
Minha arte é a poesia e não desejo o financiamento do ditador.
Minhas poesia é grito, tal sirene de uma ambulância
Tentando furar o semáforo das almas da ignorância
Bombeiro tentando chegar antes do incêndio criminoso
Mas o crime não compensa e poeta é um ser mentiroso.
Porque não calar, seu estúpido! Porque não calas, agora
Mas o silêncio não é das coisas que o Poeta mais adora
Ao esgoto com sua Poesia, falou o Político sem piedade
Joguem ao lixo sua Poesia, proclamou El Rei da Maldade.
Monitor de computadores não é lugar de Poesia, seu tolo!
Ninguém sente, muito leram, mas existe a culpa e o dolo
Nem na sarjeta, nem nas esquinas, o lugar é na biblioteca
Que agora cedeu lugar aos ratos que lhe cobram hipoteca.
Não existem teatros sem piada e não gosto de humoristas
Bares lotados de bêbados não são lugar de poetas-artistas
Portanto, permaneça então empoeirada minha poética idiota
Enquanto não pagar juros de mora ao banqueiro e ao agiota.
Poesia é a arte dos tolos, mas também a arte dos justos
Então paguem à vista, porque à prazo tem outros custos
Quero berrar poesias, declamar poemas, vomitar meu ódio
E soltar peidos fedorendos, igual atleta que chega ao pódio.
Estou chegando ao final, mas sempre recomeço depois do fim
Não existe final porque é apenas um filme, uma história enfim
E tem horas que penso que não existo, sou apenas personagem
Criado a minha própria semelhança, aparência, apenas imagem.
Buk não sabia rimar, e a maioria não consegue entender as rimas
Mas rimar é o mesmo que transar com a mãe ou comer as primas
Édipo morreu e não quero declamar minhas poesias no esgoto
Lugar de barata é na sarjeta e não quero ser um bicho escroto.
Feito pintores da antiguidade empresto minha arte aos nobres
Mas entretanto não recebo por elas nem pratas e nem cobres
Quadros em telas que pinto têm suas tintas muito fortes
Letras desenhadas em papel falando das minhas mortes.
ArthurSchopenhauer.OuComo
ChamouNietzsche:"OCavaleiro
Solitário"
"É tão fácil ser poeta, e tão difícil ser homem."
“De vez em
quando, algo nos
coloca no caminho
de nós mesmos."
Confissão
esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama
sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo
rijo e
branco
vai sacudi-lo e
talvez
sacudi-lo de novo:
“Henry!”
e Henry não vai
responder.
não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.
no entanto,
eu quero que ela
saiba
que dormir
todas as noites
a seu lado
e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas
e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora
ser ditas:
eu
te amo.
Nervoso
Ano: 2008 - Gravadora: Independente
Músicos: Rogério Fernandes - Voz, Marcello
Schevano - Guitarra e Côros, Fabrizio Micheloni -
Baixo, Fernando Minchilo - Bateria
Coros Adicionais: Nando Fernandes, Xande Saraiva, Mariana
Schevano
Síte da Banda: http://www.carrobomba.com.br
Contato: fabriziomicheloni@yahoo.com.br
O terceiro CD da banda “Carro Bomba” tem por título um adjetivo que define claramente seu conteúdo:
“Nervoso”. Mas também poderia ter outros como: “Visceral”, “Cáustico” ou “Animal”. É uma porrada atrás da
outra, de uma banda que tem apenas três anos e três CDs gravados. Desde o primeiro “Carro Bomba”,
passando por “Segundo Atentado”, a banda, inicialmente um “Power Trio” e agora um quarteto com a
entrada do ex-Golpe de Estado Rogério Fernandes, deixa claro ao que chegou, definindo inclusive em suas
próprias letras: “Rock é pra descer o braço/pra fazer direito/Rock é pra bater no peito.”. É parte da
declaração contida na primeira faixa deste CD Nervoso, “Punhos de Aço”.
É uma porrada atrás da outra, um ataque atrás do outro. É honesto e bem construído, e eu gosto de coisas
honestas e bem construídas; coerente dentro de sua proposta de ser uma banda de Rock Pesado, e eu gosto
de coerência e de bandas de Rock Pesado. Quanto mais pesado, um tanto melhor, quanto mais coerente,
honesto e bem construído, outro tanto melhor ainda. E a “Carro Bomba” é tudo isso.
Uma coisa que tem que ser destacado na banda é o cuidado com as letras, conteúdo pesado e consistente,
bem a calhar com a moldura sonora. As letras do “Carro Bomba” tem algo a falar e bem. Bem distante da
mesmice das letras cheias de arrotos machistas e arrogâncias sexistas bem comuns em bandas brasileiras.
Como se o cidadão não fizesse mais nada na porcaria da existência a não ser transar, encher a cara e andar
de carro ou moto...
“Nuvem negra me deixa em paz/ o corpo sente a calma/não cabe na ampulheta/ o deserto de minha alma...”
em “Fui”; “Na tela o desenho/ rascunha o desespero”, em “Válvula”; “A mão do carrasco / a faca nas costas /
o beijo na face / a sombra da morte”, em “O Passageiro da Agonia”... São algumas das pedradas...
Sempre bati na tecla de que bandas de Rock precisam de boas letras e sempre escutei desculpas tolas e
esfarrapadas, que apenas deixam claro a falta de capacidade dos “compositores” que construírem algo com
conteúdo. Portanto o “Carro Bomba” surpreende e ganha pontos com a questão das letras. Agora quando
analisamos o sentimento bruto que o som nos remete, quando sentimos o baixo ensandecido e
propositalmente demente (escutem a introdução de “Bomba Blues”) que sai das mãos de Fabrizio
Michelloni; da guitarra extremamente técnica mas furiosa de Marcello Schevano; das baquetas precisas e
incendiárias de Fernando Minchillo e da garganta “plant-iana” e “dio-nísica” do mestre Rogério Fernandes,
temos a certeza que estamos diante de uma banda que é pura emoção caótica, fúria exacerbada, demência
sistêmica e uma porção de outros termos que definem, ou ao menos tentam definir o som do “Carro
Bomba”. O melhor mesmo é retornar ao texto do início desta resenha e fechar a definição deste petardo
bélico: “NERVOSO”.
Apenas dois comentários para encerrar a resenha sobre, ao menos em minha opinião, o melhor CD de Rock
feito nos últimos tempos: as ilustrações de André Kitagawa sobre as letras do CD estão perfeitas e caem
como uma luva. André com certeza bebeu das águas do rio Mutarelli e por isso, mas não apenas por isso, é
um trabalho artístico magnífico.
Carro Bomba
A História da Lágrima Psicodélica
Em 18 de setembro de 2005 (um
Domingo), "nascia" o Pub Underground
Virtual Lágrima Psicodélica. O
intuito era o compartilhamento de
i n f o r m a ç õ e s s o b r e m ú s i c a ,
tecnologia, Filosofia e artes em
geral, sem cobrar nada por isso. O
dinheiro não teria valor algum, já que
toda a informação seria levada aos
visitantes por puro prazer de
dividir; dividir o “pão” que poucos
tinham acesso.
Hoje o Pub Underground Virtual
Lágrima Psicodélica é conhecido nos
quatro cantos do mundo. Isto não
poderia ser diferente, pois quando se
tem a intenção de levar informação e
divertimento, a própria natureza se
encarrega de fazer o resto. O Lágrima
Psicodélica recebe atualmente 9.200
visitantes em média por dia, com mais
de 7.700 postagens desde o seu
nascimento, contando Johnny F, seu
fundador, com um time de
colaboradores de primeira.
No dia 15/08/09 foi iniciado um novo
projeto tornando assim um antigo
sonho em realidade, ou seja, a
transmissão de uma rádio própria. Às
16 - do dia 22/08/09 foi transmitido o
primeiro programa, o Revolution Rock
com produção e apresentação do nosso
amigo e irmão Cacá. Desde então a
programação da Rádio WULP vem sendo
especial nos finais de semana.
Produção e Apresentação: Barata Cichetto
Sábados das 14:00 as 16:00 horas
www.lagrimapsicodelica1.blogspot.com.
Rádio Barata é um programa com a cara do site
A Barata, 11 anos de Liberdade de Expressão e
Expressão de Liberdade. Sem formatos ou
estilos definidos, a Rádio Barata reúne Rock em
todas as suas matizes, poesias e muita
Convers'A Barata, sempre procurando a Atitude
Rock. Porque Rock não é apenas um estilo
musical, é modo de vida e de pensamento!
Sábado (Reapresentação na Terça):
14:00 às 16:00 - Rádio Barata by Barata
16:00 às 18:00 - Revolution Rock by Cacá
18:00 às 20:00 - Salada Auditiva by Marcio CS
20:00 às 22:00 - Percepção Modificada by Johnny F
22:00 às 24:00 - Na Veia da Véia by Convidados (Semana 1)
22:00 às 24:00 - Giraçol by Bell (Semana 3)
22:00 às 24:00 - Naturprog by Gäel (Semana 4)
Domingo ( Reapresentação na Segunda):
10:00 às 12:00 - Dexx's Psychedelic Tears by Dexx
12:00 às 14:00 - BlasFêmeas By Loirinha (Semana 1-3)
12:00 às 14:00 - Na Kombi do Rock by Pedro (Semana 2-4)
14:00 às 16:00 - Encruzilhada do Rock by CrossroaD (Semana 1-3)
14:00 às 16:00 - Meu Reino por uma Sopa by Ande (Semana 2-4)
16:00 às 18:00 - RabaRock Especial by Rabablues
18:00 às 20:00 - Fire On The Rocks by Fireball
20:00 às 22:00 - Pure by Sara_Evil
22:00 às 24:00 - Pipoca Psicodélica by Minduim Mateus (Semana 1)
22:00 às 24:00 - Rock My World by O Psicodélico (Semana 2)
22:00 às 24:00 - Brazilian Nuggets by Fábio (Semana 3)
Programação da Rádio
Web Underground
Lágrima Psicodélica
"Consta que Augusto dos Anjos, ao ver impresso seu livro,
não teve dinheiro para compor a capa. Faltava tinta. Tomou
então de uma tesoura e cortou (como no clássico soneto) o
dedo de sua singularíssima pessoa e com o sangue
escreveu o título: EU.
A tradição editorial mantém, até hoje, vermelha a cor
predominante na capa, como uma espécie de homenagem
a este poeta que fez de si mesmo, ou melhor, de sua
dissolução o tema único de sua única obra.
A poesia de Augusto dos Anjos permanece um enigma,
porque contraria as lições da Teoria Poética e Literária. Seus
críticos reconhecem, em sua obra, lampejos de genialidade
quanto a presença de certo mau gosto e exageros barrocos,
sobretudo em seu acervo semântico, espetacularmente
centrado num certo naturalismo escandaloso e obsessão
patológica.
Em tudo e por tudo, a poesia brasileira moderna seguiu um
caminho muito diferente daquele que seu texto indica.
Tornou-se, sobretudo por influência de João Cabral, uma
poesia cerebral, econômica, concentrada, poesia do menos
como diria ilustre crítico atual. Tudo ao contrário dos
exageros, dos desesperos confessionais do EU patológico e
expressionista de Augusto dos Anjos, um Hamlet dos
trópicos.
No entanto, o interesse por sua obra só faz aumentar,
especialmente entre adolescentes que entram em contato
com seus poemas. Desde a primeira edição, em 1912, já se
contam mais de cinqüenta as reedições e reimpressões
deste livro único e fora do lugar.
Já não se trata mais de um fenômeno estritamente literário;
trata-se muito mais de uma questão psicossocial, porque,
sem dúvida, este paraibano melancólico e hamletiano,
conseguiu expressar-se num idioma em conflito com o
tropical sol de nossa poesia, o que não deixa de ser
espantoso."
Carlos Sepúlveda
Vencedor
Augusto dos Anjos
Toma as espadas rútilas, guerreiro,
E á rutilância das espadas, toma
A adaga de aço, o gládio de aço, e doma
Meu coração — estranho carniceiro!
Não podes?! Chama então presto o primeiro
E o mais possante gladiador de Roma.
E qual mais pronto, e qual mais presto assoma,
Nenhum pode domar o prisioneiro.
Meu coração triunfava nas arenas.
Veio depois de um domador de hienas
E outro mais, e, por fim, veio um atleta,
Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem...
E não pude domá-lo, enfim, ninguém,
Que ninguém doma um coração de poeta!
O Medo do Espelho
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Ontem à noite ao mirar o espelho não encontrei meu reflexo
Em que lugar estaria a minha imagem, ainda penso perplexo
Sinto minha face enrubescer, mas nem o rubor o espelho reflete
Tento pensar, mas não há uma frase que meu cérebro complete.
Estou morto, sou espírito, ou sou apenas ninguém,
Apenas pensamento ou somente reflexo de alguém?
Sobre a superfície lisa do espelho escorro meus dedos
Enquanto penso que também o objeto teria seus medos
Receio de refletir tão insignificantes criaturas sem sorte
Que precisam reflexos para saber que são apenas morte.
Então, sou resto, sou alma ou sou apenas alguém?
Somente reflexo ou apenas pensamento de alguém?
Recheios
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Amo simplesmente acariciar sua mão que segura meu pinto
Deliciosa sua textura, desejos em minh'alma é o que sinto
Delicia é lamber sua língua que acabou de chupar até o fim
Sorvendo a saliva misturada ao suco que bebestes de mim.
Simplesmente eu amo beber em seu clitóris, cálice sagrado
Todos os líquidos que são néctares divinos ao meu agrado
Delicia esparramar por seu corpo minha semente maliciosa
E sorver da calda doce que escorre de sua vagina deliciosa.
Amo o sabor amargo feito a bebida que a mim embriaga
A desprender de seu ânus quando minha língua lhe traga
E tal um deus pagão que, bebendo a sua tal de ambrosia
Transforma cada suco e cada melado seu em uma poesia.
Minha comida, minha bebida a fartar minha alma de desejos
São deliciosos seus gostos e apetitosos todos os seus beijos
E feito criança alimento a mim sugando aos seus belos seios
Então lambo meus lábios saciado do sabor dos seus recheios.
O Mentiroso (Ou o Outro Lado
da Mentira do Fingidor de Pessoa)
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Poesia é apenas uma piedosa mentira
Que o Poeta da mente insidiosa retira
E portanto Poeta não é apenas fingidor
Fingindo que não sente sua própria dor
Mas um mentiroso que apenas e tão somente
Mente ao mentir que é dor que deveras sente.
Ao apanhar da caneta e um poema rabiscar
Sente o poeta seu próprio pescoço a arriscar
Mas não existe risco em poema apenas escrito
Arriscado é apenas quando o poeta é descrito
E insiste em mentir que sua dor não lhe resiste
Mentindo que é mentira a dor que nele existe.
Ah o poeta, gladiador cego em arenas sem leão
Devorado que é apenas pelas garras da solidão
Tal general sem divisão ou imperador das bravatas
Luta o poeta contra demônios de ternos e gravatas
Mente também o poeta ao contar sobre a mentira
Que cria a poesia que o poeta da sua mente retira.
Malandros Soldados do Exército do Rock
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Era natural na Era Pré-Internética adolescentes começarem a trabalhar ao completar 14 anos de idade. Não
nos era considerado nenhum sacrifício extremo, ao contrário, porque era forma de termos algum dinheiro e
conhecer outras pessoas fora dos ambientes de escola e lar. Duas necessidades fundamentais que parecem
ter ficado paradas no tempo. Os significados de “dinheiro” e “amigos” eram diferentes. A nós o dinheiro era
o meio não o fim e amigos eram o fim e não o meio.
Ter algum dinheiro era, por exemplo, a forma de a gente poder comprar discos de “Rock” e ir às “equipes de
som” no final de semana, curtir um som. E essas duas coisas eram apenas formas de encontrarmos outros
amigos, escutar novos sons... E assim por diante.
Comigo não foi diferente. Dia seguinte ao completar 14 tirei minha Carteira de Trabalho e um mês depois
comecei em meu primeiro emprego, uma empresa importadora de ferramentas da Rua Florêncio de Abreu.
Um perfeito tonto, sem conhecer porra nenhuma de merda alguma. Não conhecia trajetos, endereços, rotas
e nem mesmo a malandragem dos moleques “escolados”. Mas, como sempre fui muito apaixonado e por
conseguinte dedicado a qualquer coisa e rapidamente aprendi todos os caminhos e atalhos e a
“malandragem” que consistia em comer churrasco grego e cobrar o almoço completo da empresa; ir a pé
feito louco pelas ruas afim de entregar pontualmente uma encomenda para depois cobrar o táxi. Eram tão
malandros quanto às crianças em fraldas de atualmente.
O resultado de tanta “malandragem” eram os últimos LPs do Deep Purple, um Compacto Simples do
Creedence ou uma fita cassete do Joe Cocker. As solas dos pés ardiam ao final do dia, sapatos eram
corroídas em um mês, mas o som da guitarra de Ritchie Blackmore e a voz rouca de Cocker, o cachorro louco
inglês eram troféus conquistados por nós “Malandros Soldados do Exército do Rock”.
Por não existir “Correio Eletrônico” tínhamos que ficar horas em filas do Correio para despachar uma pilha de
cartas, tomar três ônibus e atravessar a cidade apenas para entregar um memorando dentro de um
envelope com um protocolo cuidadosamente escrito em letra caprichada de um escriturário, que aliás
começara igual a nós, “Office Boy” e que era um ídolo: um dia teríamos uma promoção e então teríamos
direito a uma mesa com uma máquina de datilografia e uma de calcular, à manivela; e o principal é que
poderíamos usar camisas brancas com abotoaduras douradas nos punhos.
Afinal, na Era Pré-Internética, experiência acumulada tinha importância. Mas éramos garotos e tínhamos
sonhos de um futuro melhor, mas nossos sonhos tecnológicos foram transformados em pesadelos
cibernéticos onde não existem “Office Boys” nem cartas, apenas correios eletrônicos e escriturários
cibernéticos.
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Quando Percy Weiss nasceu, “Voz”, um dos deuses do Rock proclamou à humanidade: “Aqui tens, humanos,
a minha descendência, meu dileto filho. Será este que lhes entrego, Percy Weiss, aquele que lhes encantará
e trará emoções com sua Voz. Será ele, ‘A Voz do Rock’.”
Carioca nascido 11 de Março de 1955 na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente na Rua das
Laranjeiras, Percy José Weiss – pronuncia-se “Vaiz” -, neto de um alemão que imigrou para o Brasil no
começo do século 20, morou em Copacabana até os cinco anos de idade quando a família se mudou para
São Paulo, mais precisamente para o bairro do Brooklin.
Influenciada diretamente por Beatles e Rolling Stones, a longa carreira de Percy Weiss começa em 1972 aos
17 anos de idade, com a banda de baile U.S. Mail, nas domingueiras do Clube Banespa. A partir daí, Percy
percorre todo o circuito de bailes de São Paulo. Em 73 participa da banda Quarto Crescente, que conta com
nomes como Duda Neves, Palhinha, Marcos Guerra e outros tocando no Masp, Teatro São Pedro, Aquarius,
Tuca e etc..
O sucesso chama a atenção de inúmeras bandas e músicos, inclusive de Oswaldo Vecchione, baixista e
fundador do Made In Brazil, uma das mais importantes bandas de Rock do Brasil, que à época tinha
equipamento e estrutura sem precedentes. Percy então passa a ser o cantor da banda, percorrendo grande
parte do Brasil e se apresentando para grandes platéias. Em 1976, 12 mil pessoas no Ginásio do Corinthians
assistiram a um show da banda junto com Rita Lee e Zé Rodrix. Durante o ano de 1976, o Made In Brazil faz
mais de 70 apresentações, todas com Percy Weiss á frente dos vocais. Nesse ano grava também um dos
mais importantes discos da história do Rock brasileiro: “Jack o Estripador”, que tem a produção de Ezequiel
Neves, que posteriormente viria a produzir entre outros Barão Vermelho e Cazuza.
Em 1978, Percy grava o primeiro disco de outra das mais importantes bandas brasileiras: Patrulha do
Espaço, que fora fundada pelo lendário Arnaldo Baptista, mas a havia deixado por problemas de saúde e era
então capitaneada por outra figura lendária do cenário, Rolando Castello Júnior. Percy permanece até 1981
tocando ao lado de outras figuras históricas, como os já falecidos guitarristas Dudu Chermont e Walter
Baillot e do baixista Cokinho.
Posterior à saída da Patrulha, Percy, a convite de Tibério Corrêa, ingressa em outra histórica banda, o
Harppia; que tinha como guitarrista Helcio Aguirra atualmente Golpe de Estado, onde coloca sua voz no
disco “Sete”. Posteriormente deixa a banda e faz participações especiais em apresentações e gravações do
Made In Brazil, como em “Made Pirata 1 e 2”, cantando algumas canções em shows gravados no Teatro Lira
Paulistana.
Percy Weiss
Em 91 e é a gravação de “Primus Inter Pares”
que o trás de volta à Patrulha do Espaço,
desta vez contando com a participação, além
de Rolando Castello Júnior, do experiente
guitarrista Xando Zupo onde grava releituras
e músicas ainda inéditas do falecido baixista
Sergio Santana. A voz de Percy Weiss parece,
especialmente nesse disco, ter sido forjada no
fundo de um vulcão em chamas: quente, rude
e avassaladora. Canções como “Arrepiado” e
“Robot”, originalmente criada pela lenda
argentina da guitarra Pappo Napolitano, e
“Columbia”, um dos maiores clássicos da
banda e do Rock Brasileiro, tomam de
emoção a quem as escuta. É a superação do
insuperável.
Em seguida, Percy, interessado também pela
parte técnica da música, passa a trabalhar em
lojas, fabricantes e importadoras de instrumentos
musicais. Seu trabalho nessas empresas foi
precursor em contratos de “Endorses”, ”Work-
Shops” e Clínicas Musicais. Entre 98 e 2003, em
Natal, RN, atua como empresário representante
de algumas importadoras de instrumentos
musicais.
Em 2003 Percy retorna a São Paulo e aos palcos
com sua banda, a “Percy´s Band”, onde ao lado
de jovens, mas experientes músicos toca os
clássicos das bandas por onde cantou e cria novo
repertório, que constará de um CD a ser lançado
ainda em 200. Além disso, participa da tournée de
despedida da Patrulha do Espaço que percorreu
cerca de 40 cidades e prepara composições para
um futuro trabalho solo.
Atualmente Percy Weiss está casado com Lana
Goulart, sobrinha do grande poeta Ferreira Gullar,
com quem criou a Weiss Prodarts, com o intuito
de trabalhar com artistas, promovendo eventos e
gerando cultura musical para todos os gostos.
Cortante e precisa quanto uma lâmina do
mais puro aço, forjado com a têmpera das
vozes roucas de Bourbon dos “bluesman” do
Mississipi como Muddy Waters, com a garra
“Soul” de um Ray Charles e a precisão vocal
de um Robert Plant, a voz de Percy Weiss
arrepia, transcende os sentidos conhecidos e
nos transporta a um mundo onde a emoção é
única coisa que importa.
Discografia de Percy Weiss:
Jack, o estripador - Made in Brazil - 1976
Made Pirata ao vivo I e II - Made in Brazil
(Participação)
Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - 1978
Quarto Crescente - Quarto Crescente - 1980
Sete - Harppia – 1987
Made Pirata ao Vivo I e II (Participação)
Syd Barret Não
Mora Mais Aqui
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Eu não quero enlouquecer, comendo
restos de merda e comida estragada
em latas de lixo presas a postes. E
não quero apodrecer em consultórios
médicos, em clinicas de recuperação
de bebida, ou em camas de hospital.
A morte não consta em meu
testamento, quero chupar as belas
tetas de belas garotas loiras que
amamentam a filha do outro.
Eu não quero adoecer minha alma,
enlouquecer minha mente, apodrecer
minha carne. Não quero estar
sozinho, mas não quero companhia.
Estar só é ruim, mas não aguento sua
hipocrisia. Deixe estar, fique longe, esteja perto. Segure meu pau, cure
minha ressaca e beba comigo sentada na calçada enquanto eu enfio o dedo por
dentro de sua calcinha.
Por onde andam meus amigos, onde bebem minhas amantes, onde morre minha
solidão? Putas não gozam mas chupam. Ontem eu era um amante, agora, não tenho
amigos. Deixem eu deitar antes de morrer. Mas antes mesmo gozo da morte,
quero gozar entre suas coxas magras e lamber sua bundinha estreita.
Enlouquece minha mente, apodrece a semente. Somente a dor permanece, amada e
amante com garras de leão, olhos de serpente enquanto eu procuro restos de
amores jogados nas lixeiras das ruas. Rasga minha carne com unhas afiadas e
pintadas com a cor do meu sangue. Beija minha língua, seu pai não percebe.
Deixe eu acender meu cigarro, soltar um escarro e peidar. Não há censura, não
há doença, não há porque. Nem liberdade, nem poder. Beber e foder. O limite
são os ponteiros do relógio, um verdadeiro Elefante Efervescente. Cortinas
de ferro, baratas mortas no quintal, monstros quentes e um dia de glória a um
poeta que teima em não viver.
Mas eu não encontro o que procuro, tenho bolsos furados e sonhos dourados.
Pague minha bebida e a conta do motel, depois desapareça em direção
contrária á minha fuga. Desapareça nas brumas, nas noites escuras enquanto
eu procuro restos de comida e sobras de orgasmos nas latrinas dos banheiros
públicos. Púbicos pêlos presos aos dentes, dentadura postiça e a trilha
sonora do apocalipse.
O Inferno São Os Outros
Não odeio as pessoas
Mas mesmo assim eu fugi
Não odeio as pessoas
Mas é melhor sem elas aqui
Bebo de mim e isso me satisfaz
A droga dos outros, isso não quero mais
Cansei de buscar. A chance é pequena
No meio de tantos, porque poucos valem a pena?
Não odeio as pessoas
Só não suporto suas loucuras sem razão
Não odeio as pessoas
Mas longe delas, ando pra toda, qualquer direção
Só valem os pensamentos concebidos ao andar
E cada passo vale dois sem ninguém pra atrapalhar
Fugi, cansado de cada são, cada louco que nada ousa
Também sou louco. Mas importa ser louco por alguma coisa!
Lucrecio Hatt
Bateria, Sintetizadores (Instrumentos Adicionais:
Guitarra, Violino, Violão e Gaita)
Todas As Letras Escritas por Lucrecio Hatt
http://www.myspace.com/uivobeat
Uivo Beat.... O nome da banda imediatamente remete diretamente à Geração Beat, com Ferlinghetti,
Kerouac, e claro Grinsberg. Uma geração de artistas marcada pela criatividade poética e musical.
Formas e métodos diferentes de compor que influenciou inúmeras gerações.
Inclusive a de Lucrécio Hatt. E Lucrécio deve ter bebido nas fontes nada cristalinas desses "malditos",
bêbados e drogados. A fonte é inesgotável e ele sabe disso. Portanto, pouco importa se escreve-se
poesias em rolos de telex ou se compõe usando sintetizadores ou atabaques. O que importa na arte é
o sentimento e a criatividade.
E isso não falta á "one man band" Uivo Beat. Letras muito bem construídas, com aquele espírito do
"Uivo", influenciado também por Bukowski e outros, com um toque musical que beira á loucura
jazzistica de Miles Davis. Totalmente elétrico, com exceção da bateria, marcada e sincopada do Jazz
na maioria das vezes. Um pé no Rock e outro em qualquer lugar... O ponto alto do CD, claramente
gravado em algum porão escuro... (ou não) é "Leminskiana", inclusive com a "participação" do
próprio Leminski, o mais Beat dos poetas brasileiros.
Embora existam algumas falhas "técnicas", como o volume desuniforme nas várias faixas - que faz
com que muitas vezes a voz fique inaudível - e a capa, que não condiz com o restante da pegada
criativa, Uivo Beat merece uma produção profissional e uma edição mais caprichada. No final, pela
qualidade e pela criatividade, a nota é 8,88.
Jardim de Inverno
Inspiradora é a melancolia que com a alma flerta.
É devoradora d´alegria, nos transforma em poeta!
Sinto que todo spleen é polinizador de um ideal.
Sinto que em meu peito crescem flores do mal!
O meu peito é jardim de um inverno eterno,
Onde só as flores malditas vão sobreviver.
Com o vinho livre do cárcere vítreo e terno,
Quero regar as flores que insistem em crescer,
Até mesmo quando não são regadas.
Quero florido todo este fértil jardim
De alento estéril, ilusões abandonadas.
Quero pluviose eterna, rubra em mim.
Quero este jardim sem luz e nunca aberto.
A esperança nele será apenas um inseto!
Complexo de Osíris
Parte ficou aqui
Das outras não sei
Talvez estejam em partes
Que nunca mais voltei
Longe de ser deus,
Não sou onipresente
Longe de ser deus
Sinto-me impotente
Parto com meus restos
Sobras de mim
Procuro uma mulher
Pra juntar meus pedaços
E fazer-me sentir
Com um pênis dourado!
Fuga
Quero que venha, confortante lisergia.
Quero álcool pra molhar e esquentar
Esta minha Alma seca e fria.
Não quero mais me preocupar.
Quero para mim, toda uma sinergia,
De prazeres descompromissados,
Danças sensuais e beijos molhados.
Não quero o real, quero toda poesia.
Vinhos, cervejas, whiskys e licores,
Banhem-me, afugentem todos os amores,
Que eu vivi e que gostaria de viver.
Separando meus lábios expulso a fumaça
De cigarros e do que me corrói feito traça...
Trago minha vida, quero menos de mim beber!
A Fala da Morte
Salut romântico bardo de maldita pretensão!
Sou a musa da filosofia! Tua maior inspiração!
Teus versos mais frios que meus dedos,
D´alma da mulher nunca desvendarão os segredos!
Vim levar-te agora! Sou a única esperança,
A você, criatura sem luz e sem temperança!
Faça tuas malas. Dobre teus sonhos e amor,
Para que caibam nelas. Chega agora de dor!
Vamos! Errará por toda a eternidade!
Mas o que sente, sobre a mulher irá pairar.
Somente observarás com austeridade.
Vamos! O fim de um poeta a todos é salutar!
Leminskiana
Minha musica mestiça
Hesita entre a pressa e a preguiça
Entre a dor elegante e o prazer inebriante
Caminha de lado mas é atrevida
Recebe nova vida a cada batida
Por versos é escoltada
Por versos é beatificada
E as vezes bestificada
Não precisa ser escutada
Nem precisa de porquês
Pelo meu prazer já foi santificada
Toco. E na musica que me toca
A poesia sempre tem vez.
Blues Desbotado
A roupa que o embala,
É rota, sem cor.
Sua trilha sonora
Segue o compasso de sua dor
O asfalto é rachado
E cada rima desse asfalto
Lembra sua própria poesia
E sua sina de Fausto
Com passos curtos ele segue
Rumo a uma nova vida, segue a trilha
Tem só pra si um sol que só queima, sem dó.
Tem só pra si, um sol que não brilha
E pra lá ele segue, sempre em frente.
Sem nunca dar ré.
Pra lá ele segue, sempre em frente.
Sem nunca dar ré.
UIVOBEAT
Minhas Leituras de Saramago
Viegas Fernandes da Costa
Recém havia saído da adolescência e, por uma razão ou outra, li “Ensaio sobre a cegueira”. Não que isso
importe algo, essa experiência que tenho da leitura dos textos de Saramago, mas diante da intransigência
da morte e do sentimento de impotência que esta nos imputa, não vejo por onde me rastejar senão pela
memória das impressões que o universo saramaguiano me concedeu. Então, como dizia, li o “Ensaio sobre
a cegueira” e pude compreender a potência de uma literatura visceral e honesta. Não se é possível ler tal
texto, parábola de nossa condição humana, sem a sensação de se ter vivido uma experiência que lacera o
espírito e nos envergonha de nosso individualismo e imobilidade, que mascaramos com gestos vãos e
palavras estéreis. “Ensaio sobre a cegueira” me desloca, sempre, ao genocídio tutsi em Ruanda, ao
genocídio palestino perpetrado sob nossos olhos ocidentais e hipocritamente cegos, ao silêncio a respeito
do povo de Timor Leste e às vítimas dos desgovernos e terremotos no Haiti, cuja capacidade de comoção
duram o tempo de uma passarela, porque enfastiados de vermos as mesmas ruínas, buscamos saciar nossa
eroticidade mórbida em outros charcos de sangue, em outras postas de carne humana desmembradas de
seus corpos. Assim, sempre houve esta sensação de vergonha e culpa, sim, vergonha e culpa, que este
primeiro contato com um texto de Saramago me provocou.
Movido pela inquietude provocada por esta primeira leitura, busquei mais. Foi quando me tocou o corpo o
“Memorial do convento”. Marcou-me a poesia de um certo padre Bartolomeu, inventor de herética
geringonça alada movida pelas vontades humanas que seu ajudante, Baltasar Mateus, colhia em um frasco
em meio à multidão. Claro está, não há melhor combustível que faça voar um sonho senão a vontade
humana. Entretanto, esta escapa-nos do corpo tangido pela necessidade de sobreviver. “Memorial do
convento” ensinou-me que não há humanidade onde as vontades dão lugar à necessidade, onde se
confunde sonho com devaneio. Sei que não cabe à literatura dar lições. Não, claro que não. Entretanto, o
diálogo que estabeleço, enquanto leitor, com as provocações de um texto, apesar de socialmente construído
está profundamente marcado pela subjetividade. Por isso posso reconhecer que sempre serei grato a
Saramago por tudo que aprendi com Blimunda, Baltasar e Bartolomeu, personagens centrais desse seu
“Memorial”. Grato por compreender aquilo que afinal nos constitui tão únicos, mas que nos foge quando
tangidos qual gado a mover a roda do engenho.
Feitiço lançado, segui estupefato o fio de Ariadne, acompanhando os passos do Senhor José – o
personagem – pelo labirinto de prateleiras vergadas e empoeiradas da velha Conservatória, guardiã do
esquecimento. Falava Saramago – o autor – nas páginas que me remeteram a um Kafka revivido para
concluir sua obra, tão tensa e intensa a trama e a fábula de “Todos os nomes”. Como possível uma história
tamanho extraordinária? – a questão que me incomodava a cada linha sem pontuação que se desdobrava
ante meus olhos de criança deslumbrada! Criança deslumbrada, com o perdão do pleonasmo, porque não
há infância sem deslumbramento. Pensei ter lido o cume; engano! Indisciplinado, encontrei-me com um
Cristo humano e carnado que, reconheço, quase me convenceu. Ironia do insólito! Como um ateu declarado
podia reescrever uma história dois mil anos recontada e ainda assim torná-la inédita? E mais, como podia
este mesmo ateu, ourives da palavra, construir uma das mais poéticas e profundas passagens da literatura
universal, conquista sublime do espírito humano, quando nos transporta para o interior de uma barca
atracada no centro de um mar tomado por intransponível nevoeiro? Saramago enfrentou Deus! Desfiou-nos
um rosário de martírios e barbáries inconcebíveis e inexplicáveis capazes de dobrar as ambições do Diabo
que, como Pastor que é, intervém junto a esse Deus sanguissedento em nome do perdão. A resposta? “Para
que eu seja o Bem, é necessário que tu continues a ser o Mal” – ei-la! Espernearam os guardiões do
cristianismo. Saramago não fora o primeiro, é certo. Kazantzakis fizera-o antes, tal qual tantos outros.
Entretanto, a lucidez e os argumentos do velho comunista moveram o catolicismo português a tentar
intervir no reconhecimento literário daquele que viria a ser o primeiro autor da língua portuguesa laureado
com o Nobel de Literatura. Mágoa e exílio na insular Lanzarote, onde o mestre da palavra conheceu a
diferença entre estar e não já não mais estar.
Depois do “Evangelho” não houve texto de Saramago que não me interessasse ler. É bem verdade,
reconheço, que nem tudo foi deslumbramento. No “Ensaio sobre a lucidez”, por exemplo, a impressão de um
resvalo planfetário; e em “Caim”, o gosto de uma sopa requentada. Neste meu rastejar pela memória das
impressões que o universo saramaguiano me concedeu não há espaço para o desonesto, por isso o registro.
Mas não há nada como o bom estro de um artista que se reinventa, e houve a história do Elefante Solimão e
seu cornaca Subhro, escrita após grave enfermidade nos estertores de 2007. Ocorreu-me, à época dessa
leitura, o pensamento de que a carícia da morte devolve-nos uma leveza e um certo humor que perdemos
com o transcorrer dos anos. Isto porque em “A viagem do elefante” encontrei um Saramago mais leve,
consciente da importância da sua literatura, porém ciente, também, de que talvez já tivesse dito o que havia
para se dizer, e que àquela altura da sua vida e carreira importava mesmo o prazer de escrever uma boa
história. E que boa história, tão repleta de sutilezas e ironias!
Enfim, soube que já não está mais. Morreu o corpo de José na manhã de uma sexta-feira, ao lado da mulher
que amava. A mim ocorreu-me, então, reler o discurso que proferiu quando da cerimônia de entrega do
prêmio Nobel, em 1998, e onde inicia dizendo que o homem mais sábio que conheceu em toda a sua vida
não sabia ler nem escrever. Conta ali a história dos seus avós maternos que, nos dias de muito frio, levavam
os porcos mais frágeis da pequena criação para dormirem consigo, sob o calor das mantas grosseiras.
Alertou-nos Saramago, ao narrar a tradição ágrafa da família que o apresentou ao mundo, que o verbo não
se determina nos gens. Que o gênio se constrói na experiência e na coerência. E assim o fez! Neste mesmo
discurso, reconheceu que sua voz ecoa nas vozes das suas personagens. E se dizia que a morte era a
diferença entre estar e já não mais estar, o Saramago que se consagrou à palavra, que se multiplicou nas
Blimundas e nos Raimundos, nos homens e mulheres do Alentejo e nos tantos homens e mulheres que
encontraram a eternidade no terreno universal da sua Literatura, se já não está mais nesta matéria perecível
que nos compõe a todos, continua estando nas criaturas pelas quais falou e se fez ouvir. Por isso não choro a
perda do mestre, pois lágrimas estéreis. Simplesmente lanço meus olhos para a estante e escolho o livro que
fará Saramago estar novamente comigo.
Blumenau, 20 de junho de 2010.
Viegas Fernandes da Costa é historiador e
escritor, autor dos livros “Sob a luz do farol”
(2005), “De espantalhos e pedras também se faz um
poema” (2008) e “Pequeno álbum” (2009). Permitida
a reprodução deste texto desde que citada a
autoria e mantida a íntegra. Blog:
http://viegasdacosta.blogspot.com
De Espantalhos e Pedras Também Se Faz Um Poema
Viegas Fernandes da Costa
Poemas, 2008, Editora: Cultura em Movimento
"As emoções em “de espantalhos e pedras também se faz um poema”, novo livro do
historiador, professor e escritor Viegas Fernandes da Costa, começam quando a gente
apanha nas mãos o volume de 66 páginas. E a primeira delas é a emoção causada pelo
olfato: o livro tem um cheiro diferente, pois foi impresso em antigas máquinas de tipografia,
cujas tintas têm um odor característico; continua com o tato, com as depressões e relevos
provocados pelo “esmagamento” das fibras do papel pelos tipos de chumbo. As letras são
tridimensionais, não apenas impressões digitais sem identidade, frias, estampadas a laser. As
emoções não param e prosseguem com a visual, causada pela imperfeição e falhas na
impressão no processo quase que manual, sem aquela “perfeição tecnológica” dos modernos
– e frios – sistemas ligados à computadores. Portanto, antes mesmo de começarmos a ler
“de espantalhos e pedras também se faz um poema”, somos conquistados pelas emoções,
antes de saborear os poemas, sentimos o gosto da humanidade, tendo claro que foram seres
humanos, gente, que construíram aquele livro. Tudo muito quente. (...) Barata Cichetto
66 Páginas,
Bat Out Of Hell
Jim Steinman / Arte: Barata Cichetto
-
The sirens are screaming and the fires are howling,
way down in the valley tonight.
There's a man in the shadows with a gun in his eye,
and a blade shining oh so bright.
There's evil in the air and there's thunder in sky,
and A killer's on the bloodshot streets.
Oh and down in the tunnel where the deadly are rising,
Oh I swear I saw a young boy down in the gutter,
He was starting to foam in the heat.
Oh baby you're the only thing in this whole world,
that's pure and good and right.
And wherever you are and wherever you go,
there's always gonna be some light.
But I gotta get out,
I gotta break it out now,
Before the final crack of dawn.
So we gotta make the most of our one night together.
When it's over you know,
We'll both be so alone.
Like a bat out of hell
I'll be gone when the morning comes.
When the night is over
Like a bat out of hell
I'll be gone gone gone.
Like a bat out of hell
I'll be gone when the morning comes.
But when the day is done and the sun goes down,
and the moonlights shining through,
Then like a sinner before the gates of heaven,
I'll come crawling on back to you.
I'm gonna hit the highway like a battering ram,
on a silver black phantom bike.
When the metal is hot and the engine is hungry,
and we're all about to see the light.
Nothing ever grows in this rotting old hole.
Everything is stunted and lost.
And nothing really rocks
And nothing really rolls
And nothing's ever worth the cost.
And I know that I'm damned if I never get out,
And maybe I'm damned if I do,
But with every other beat I've got left in my heart,
You know I'd rather be damned with you.
If I gotta be damned you know I wanns be damned,
dancing through the night with you.
If I gotta be damned you know I wanna be damned.
Gotta be damned you know I wanna be damned.
If I gotta be damned you know I wanna be damned,
Dancing through the night
Dancing through the night
Dancing through the night with you.
Oh baby you're the only thing in this whole world,
that's pure and good and right.
And wherever you are and wherever you go,
there's always gonna be some light.
But I gotta get out,
I gotta break it out now,
So we gotta make the most of our one night together.
When it's over you know,
We'll both be so alone.
Like a bat out of hell
I'll be gone when the morning comes.
When the night is over
Like a bat out of hell
I'll be gone gone gone.
Like a bat out of hell
I'll be gone when the morning comes.
But when the day is done and the sun goes down,
and the moonlights shining through,
Then like a sinner before the gates of heaven,
I'll come crawling on back to you.
I can see myself tearing up the road,
Faster than any other boy has ever gone.
And my skin is raw but my soul is ripe.
No-one's gonna stop me now,
I gotta make my escape.
But I can't stop thinking of you,
and I never see the sudden curve until it's way too late.
I never see the sudden curve 'till it's way too late.
Then I'm dying at the bottom of a pit in the blazing sun.
Torn and twisted at the foot of a burning bike.
And I think somebody somewhere must be tolling a bell.
And the last thing I see is my heart,
Still beating,
Breaking out of my body,
And flying away,
Like a bat out of hell.
Then I'm dying at the bottom of a pit in the blazing sun.
Torn and twisted at the foot of a burning bike.
And I think somebody somewhere must be tolling a bell.
And the last thing I see is my heart.
Still beating, still beating,
Breaking out of my body and flying away,
Like a bat out of hell.
Like a bat out of hell.
Like a bat out of hell.
Oh like a bat out of hell!
Oh like a bat out of hell!
Like a bat out of hell!
Mais tarde, quase à hora do entardecer, várias baratas enormes, de um tom bem escuro de marrom
avermelhado, emergem como gnomos do lambri, e vão em direção à despensa - entre elas, baratas
grávidas, com filhotes translúcidos anexos, como uma escolta. À noite, nos silêncios tardios entre
bombardeios, disparos de armas antiaéreas e foguetes caindo, elas se fazem ouvir, ruidosas como
camundongos, roendo os sacos de papel de Gwenhidy, deixando trilhas e pegadas de merda da cor
de seus corpos. Parecem não gostar muito de coisas moles, frutas, legumes, coisas assim, preferem
a solidez das lentilhas e feijões, algo que possam roer, barreiras de papel e gesso, interfaces duras
para serem perfuradas, pois elas são agentes da unificação, você sabe. Insetos natalinos. Estavam
no fundo da palha da manjedoura em Belém, tropeçando, subindo, caindo reluzentes num
reticulado de palha dourada que a elas certamente parecia estender-se por quilômetros para cima e
para baixo - uma espécie de cortiço comestível, de vez em quando perfurado por suas mandíbulas
de modo a perturbar algum misterioso feixe de vetores, fazendo com que as baratas vizinhas
despencassem de bunda para cima e antenas para baixo por cima das outras, as quais se agarravam
com todas as patas àqueles caules dourados sempre a tremer. Um mundo tranqüilo, a temperatura
e a umidade permaneciam quase constantes, o ciclo do dia incluía apenas uma suave variação de
luz, primeiro dourada, depois cor de ouro velho, depois escuridão, e luz dourada outra vez. O choro
do bebê chegava a seus ouvidos, talvez, como explosões de energia vindas de uma lonjura invisível,
quase despercebidas, por vezes ignoradas. O seu salvador, você sabe...
("O Arco-Íris da Gravidade", Thomas Pynchon - Trad. Paulo Henriques Britto.
Onde Está Thomas Pynchon?
Tomas Pynchon é um escritor recluso, dele sabe-se muito pouco.
Tirando seus livros, não sobra quase nada. As raras fotos
disponíveis já tem mais de 50 anos, dos tempos de colégio. Há
quem diga que a turbina criativa por trás de "Mason&Dixon", "O
Leilão do Lote 49" e "Vineland" é na verdade J.D. Salinger, o
Apanhador no Campo de Centeio que fugiu da civilização, e que
passa o dia escrevendo. Maníaco-furioso, o cofre transbordando
manuscritos, reza o folclore que circunda sua cabana na
montanha.
Porque Barata
Thomas Pychon
Pontificação
LuizCarlos"Barata"Cichetto
Ocrucifixoquecarregoemmeupescoço
Éapenaslembrançadaminhaprópriacrucificação.
Oretratodemulherquecarregoemmeubolso
Éapenaslembrançadaminhaprópriapontificação.
Putrefação
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Eu decido sobre minha morte, sou meu próprio carrasco
E prefiro estar morto a ser apenas o objeto do seu asco.
O safado Charles era bêbado e escritor, mas era carteiro
E eu não arrumo nem emprego de segurança de puteiro.
Eu não quero ficar andando com deprimentes sacos de radiografias
Sentado e esperando a morte em salas de espera de médicos agiotas
Que ficam batendo punheta vendo peladas em revistas de fotografias
Enquanto idosos carcomidos contam estórias sobre suas vidas idiotas.
Quero morrer bebendo e trepando em uma orgia de sentidos
Putas chupando e eu comendo chocolate e queijos derretidos
Beijos sufocantes e faiscantes, trepadas dos tempos da Rainha
Ah Messalina, apanhe um táxi, depois toque minha campainha.
Estou morto, então não espere que eu lhe acorde antes do General
Pinte seu rosto e disfarce seu jeito de santa e de mortal interjeição
Quero trepar agora, antes mesmo do toque da sua marcha funeral
Deixe aberta a sepultura que chego antes do estado de putrefação.
Perpetuação
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
Sou meu próprio pesadelo e sou a minha própria criação
Minha própria morte, um ataque ao meu próprio coração.
Sou minha própria crença e a santidade da minha santificação
Minha própria dor e os pregos de minha própria crucificação.
Sou eterno quanto a própria morte e escravo da minha abolição
Minha própria esperança e o desespero de minha própria aflição.
Sou minha própria loucura e a sanidade da minha internação
Minha própria doença e cura por minha própria mortificação.
Sou a própria existência e minha própria morte por execução
Minha própria sentença e o juiz da minha própria condenação.
Mortificação
Luiz Carlos "Barata" Cichetto
O que importa ser um pobre defunto quando lágrimas ainda escorrem...
Aprendi que tristes são aqueles que ficam
Que saudades causam dores e mortificam
Mas tenho saudades da alegria que senti ao morrer
E a tristeza que causou minha morte há de escorrer....
... Herdo a tristeza da vida e pergunto: todos são tristes quando morrem?...
Acendam a chama do crematório, deixem cremar
Desfazer em pó a tristeza que teima em queimar.
E contem piadas infames sobre a morte e sobre a paixão
Depois gargalhem antes de empurrar ao fogo meu caixão...
...
4x4
O Projeto "Sangue de Barata", trabalho conjunto
de Barata e Raul Cichetto, poeta e poeta e musico e
poeta respectivamente. Assim como respectivamente
filho e pai e pai do filho e tal.
Poesias de Barata musicadas e produzidas por Raul.
Porque "As baratas não rastejam, é apenas o jeito delas
caminharem". Pretensioso, sim, o trabalho tenta furar
os bloqueio das panelinhas de músicos e grupelhos de
artistas que imaginam estar em um pedestal. Artistas
de verdade não estão nas salas com ar condicionados
dos teatros das nobres ruas da cidade. Estamos sim
ralando atrás do pão e porque não, querendo um pouco
de circo. Porque a arte não é o Circo do Sol,
empoleirado nas telas majestosas. Arte é o circo da
periferia com palhaços maltrapilhos, equilibristas
bêbadas e poetas... cansados... mas ainda sim,
lutando por sua arte.
Raul e Barata Cichetto, Inverno 2010
MySpace:
http://www.myspace.com/projetosanguedebarata
Barata
Quando Quero
Sou Anjo
Quando Desejo
Sou Demônio
Quando não Quero,
Nem Desejo
Barata!
Metástase
Daquilo que era Cura sobrou apenas...
Doença!
E daquilo que era Fé sobrou apenas...
Descrença!
Daquilo que era Sol sobrou apenas...
Temporal!
E daquilo que era Desejo sobrou apenas...
Imoral!
Daquilo que era Estrela sobrou apenas...
Escuridão!
E daquilo que era Carne sobrou apenas...
Podridão!
Sinestesia
O gosto amarelo da derrota em lugar do cheiro rubro do desejo do quarto
Tateando o lilás da tampa da garrafa da derrota, bebendo cheiro de parto
Carrego estrelas azuis, da língua do céu, a boca da noite, o gosto amargo
Meu desejo é agora incolor, gosto de podre, a saudades é preta, estrago.
Não espero papagaios cor-de-rosa sentado em cadeiras de balanço roxas
Esperar é morrer, esperar é o cinza e o amarelo é o gosto das suas coxas
Nomes das cores, nomes das dores, amores incolores, cores sem gosto
Cores sem nomes, sem odores. Que nomes tem as rugas do meu rosto?
Espaço Publicitário
Tiragem: 50.000 Destinatários
Valor do Anúncio: R$ 90,00
Próxima Edição: Setembro 2010
Contato:
barata.cichetto@gmail.com
Telefone: (11) 6358-9727
www.folhadeguaianases.com.br
25 Anos a Serviço da Comunidade
Guaianases, Ferraz, Itaquera,
Poá e Suzano
Web Sites, Design Gráfico
12 Anos de Atitude Web
Responsável: Barata Cichetto
www.celsomirandaimoveis.com.br
Casas, Apartamentos
Imóveis Comerciais
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Venda, Locação
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www.abarata.com.br

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Revista literária com obras de escritores e poetas

  • 1. Jethro Tull Augusto dos Anjos Uivo Beat Bukowski Rimbaud Leminski Caetano Veloso Schopenhauer Carro Bomba Lágrima Psicodélica Barata Cichetto GiraÇol Percy Weiss Viegas F. da Costa Meat Loaf Thomas Pychon Mariano Villalba Sangue de Barata Ano 1 - Edição 1 - Junho de 2010 www.abarata.com.br/revista
  • 2. Editorial Enfim, Uma Revist’A Barata!... Há anos venho tramando a edição de uma revista. Durante o período de 2001 a 2004 editei em papel, em processo Xerox, umas 10 edições da Revist"A Barata. Mas o custo de produção de uma edição impressa, mesmo em processos mais simples como esse ainda é muito caro. No Brasil. E gastar com cultura é algo fora o alcance para alguns e supérfluo para outros. Então, muitos amigos me sugeriram que eu editasse naquilo que hoje é o formato mais comum: um arquivo portável em PDF. E assim o fiz. Com coisas inéditas de A Barata e com algumas outras interessantes já publicadas. São 32 páginas, com cultura... sob a forma de poesias, crônicas, contos, letras de músicas etc. Espero que apreciem. Mas comentem, sugiram, falem mal, qualquer coisa. Mas usem seus cérebros e dedos para coisas mais decentes que pensar em sacanagem e tirar catota do nariz. Ademais quero agradecer aqui,publicamente á força e o apoio fundamental de minha esposa, Izabel Cristina e dedicar este trabalho a ela e a meus pais, Januário e Branca e aos meus filhos, Raul e Ian.... Sem os quais... Ademais... Abrazzzzzz Luiz Carlos “Barata” Giraçol Cichetto Revist'A Barata Editor, Redator, Office Boy, Faxineiro: Luiz Carlos "Barata" Giraçol Cichetto Projeto Gráfico: Apoio Editorial e Amoroso: Izabel Cristina Giraçol Cichetto www.abarata.com.br/revista Luiz Carlos "Barata" Giraçol Cichetto Arte da Capa: Mariano Villalba Trilha Sonora: Uivo Beat AcreditaréMinhaReligião!!BarataCichetto
  • 3.
  • 4.
  • 5.
  • 6. Rock and RollPaulo Leminski It's only life But I like it Let's go Baby Let's go This is life It's not Rock'n'Roll. “Aqui jaz um grande poeta. Nada deixou escrito. Este silêncio, acredito, são suas obras completas.”
  • 7.
  • 8. Jornada Além de Mim Luiz Carlos "Barata" Cichetto Ah, mãe, quanto eu queria ser um escritor moderno Ter obras publicadas em capas-duras, autor eterno! Ah, quanto eu queria ser um poeta e um compositor Não num supermercado de almas apenas o repositor. Componho poemas que são gritos ou gemidos, certo? Minhas obras não são primas ou irmãs, sou incorreto Canto porque escuto e escuto o que não quero agora Porque minha proprietária é a paixão, ela é a senhora. Queria mesmo era declamar poemas em teatros lotados Mas apenas pelas telas luminosas, de leitores bitolados A minha poética encontra morada e mentes sem mentir Sou poeta sim, mas a poesia, ela eu cumpro sem sentir. Um grito é um grito mesmo em uma multidão barulhenta Portanto eu grito porque meu silencio ninguém aguenta Mas o silêncio é indiferente em uma imensidão silenciosa E meu grito é minha poesia, pobre, infame e pretenciosa. Quando aquele poeta morreu ninguém soltou fogos E as crianças não interromperam bricadeiras e jogos Porque Poesia não merece lágrimas nem comemoração E um minuto de silêncio é apenas à heróis sem adoração. Poesias são feitas da matéria em estado bruto da saudade Musas da incandescente matéria dos sonhos de liberdade Meu nome e sobrenome em capas de brochuras, a glória! Certo, faço apenas a minha, mas estarei em sua história. A inspiração caminha longe torta e bêbada esquecida de mim Tenho poemas escritos em pedras, jorra meu sangue carmim Acorda amada, enquanto dormes o dia não começa, Senhora O café forte e meus pesadelos estão distantes de mim agora. Um tempo, em que chumbo era a cor e gelada a temperatura Fui abandonado, era apenas um ser, uma pálida e oca criatura Ah, amada, quero apenas escutar as estrelas de suas pernas Colares de hematitas em meu pescoço, as pedras são eternas. Um dia sonhei que era uma barata e acordei sujo de merda Barata come qualquer coisa, por isso que a Terra ela herda Mas eu não quero a eternidade, nem ser Deus e nem Blatea Apenas de minha arte ter o aplauso não escárnio da platéia. Não declamo em teatros lotados de velhas de sedosas saias Chá das cinco, nem bebo cervejas debaixo de apupos e vaias Não sou Buk ou Oscar e não quero causar escândado nem dor Minha arte é a poesia e não desejo o financiamento do ditador. Minhas poesia é grito, tal sirene de uma ambulância Tentando furar o semáforo das almas da ignorância Bombeiro tentando chegar antes do incêndio criminoso Mas o crime não compensa e poeta é um ser mentiroso. Porque não calar, seu estúpido! Porque não calas, agora Mas o silêncio não é das coisas que o Poeta mais adora Ao esgoto com sua Poesia, falou o Político sem piedade Joguem ao lixo sua Poesia, proclamou El Rei da Maldade. Monitor de computadores não é lugar de Poesia, seu tolo! Ninguém sente, muito leram, mas existe a culpa e o dolo Nem na sarjeta, nem nas esquinas, o lugar é na biblioteca Que agora cedeu lugar aos ratos que lhe cobram hipoteca. Não existem teatros sem piada e não gosto de humoristas Bares lotados de bêbados não são lugar de poetas-artistas Portanto, permaneça então empoeirada minha poética idiota Enquanto não pagar juros de mora ao banqueiro e ao agiota. Poesia é a arte dos tolos, mas também a arte dos justos Então paguem à vista, porque à prazo tem outros custos Quero berrar poesias, declamar poemas, vomitar meu ódio E soltar peidos fedorendos, igual atleta que chega ao pódio. Estou chegando ao final, mas sempre recomeço depois do fim Não existe final porque é apenas um filme, uma história enfim E tem horas que penso que não existo, sou apenas personagem Criado a minha própria semelhança, aparência, apenas imagem. Buk não sabia rimar, e a maioria não consegue entender as rimas Mas rimar é o mesmo que transar com a mãe ou comer as primas Édipo morreu e não quero declamar minhas poesias no esgoto Lugar de barata é na sarjeta e não quero ser um bicho escroto. Feito pintores da antiguidade empresto minha arte aos nobres Mas entretanto não recebo por elas nem pratas e nem cobres Quadros em telas que pinto têm suas tintas muito fortes Letras desenhadas em papel falando das minhas mortes.
  • 10.
  • 11. "É tão fácil ser poeta, e tão difícil ser homem." “De vez em quando, algo nos coloca no caminho de nós mesmos." Confissão esperando pela morte como um gato que vai pular na cama sinto muita pena de minha mulher ela vai ver este corpo rijo e branco vai sacudi-lo e talvez sacudi-lo de novo: “Henry!” e Henry não vai responder. não é minha morte que me preocupa, é minha mulher deixada sozinha com este monte de coisa nenhuma. no entanto, eu quero que ela saiba que dormir todas as noites a seu lado e mesmo as discussões mais banais eram coisas realmente esplêndidas e as palavras difíceis que sempre tive medo de dizer podem agora ser ditas: eu te amo.
  • 12.
  • 13. Nervoso Ano: 2008 - Gravadora: Independente Músicos: Rogério Fernandes - Voz, Marcello Schevano - Guitarra e Côros, Fabrizio Micheloni - Baixo, Fernando Minchilo - Bateria Coros Adicionais: Nando Fernandes, Xande Saraiva, Mariana Schevano Síte da Banda: http://www.carrobomba.com.br Contato: fabriziomicheloni@yahoo.com.br O terceiro CD da banda “Carro Bomba” tem por título um adjetivo que define claramente seu conteúdo: “Nervoso”. Mas também poderia ter outros como: “Visceral”, “Cáustico” ou “Animal”. É uma porrada atrás da outra, de uma banda que tem apenas três anos e três CDs gravados. Desde o primeiro “Carro Bomba”, passando por “Segundo Atentado”, a banda, inicialmente um “Power Trio” e agora um quarteto com a entrada do ex-Golpe de Estado Rogério Fernandes, deixa claro ao que chegou, definindo inclusive em suas próprias letras: “Rock é pra descer o braço/pra fazer direito/Rock é pra bater no peito.”. É parte da declaração contida na primeira faixa deste CD Nervoso, “Punhos de Aço”. É uma porrada atrás da outra, um ataque atrás do outro. É honesto e bem construído, e eu gosto de coisas honestas e bem construídas; coerente dentro de sua proposta de ser uma banda de Rock Pesado, e eu gosto de coerência e de bandas de Rock Pesado. Quanto mais pesado, um tanto melhor, quanto mais coerente, honesto e bem construído, outro tanto melhor ainda. E a “Carro Bomba” é tudo isso. Uma coisa que tem que ser destacado na banda é o cuidado com as letras, conteúdo pesado e consistente, bem a calhar com a moldura sonora. As letras do “Carro Bomba” tem algo a falar e bem. Bem distante da mesmice das letras cheias de arrotos machistas e arrogâncias sexistas bem comuns em bandas brasileiras. Como se o cidadão não fizesse mais nada na porcaria da existência a não ser transar, encher a cara e andar de carro ou moto... “Nuvem negra me deixa em paz/ o corpo sente a calma/não cabe na ampulheta/ o deserto de minha alma...” em “Fui”; “Na tela o desenho/ rascunha o desespero”, em “Válvula”; “A mão do carrasco / a faca nas costas / o beijo na face / a sombra da morte”, em “O Passageiro da Agonia”... São algumas das pedradas... Sempre bati na tecla de que bandas de Rock precisam de boas letras e sempre escutei desculpas tolas e esfarrapadas, que apenas deixam claro a falta de capacidade dos “compositores” que construírem algo com conteúdo. Portanto o “Carro Bomba” surpreende e ganha pontos com a questão das letras. Agora quando analisamos o sentimento bruto que o som nos remete, quando sentimos o baixo ensandecido e propositalmente demente (escutem a introdução de “Bomba Blues”) que sai das mãos de Fabrizio Michelloni; da guitarra extremamente técnica mas furiosa de Marcello Schevano; das baquetas precisas e incendiárias de Fernando Minchillo e da garganta “plant-iana” e “dio-nísica” do mestre Rogério Fernandes, temos a certeza que estamos diante de uma banda que é pura emoção caótica, fúria exacerbada, demência sistêmica e uma porção de outros termos que definem, ou ao menos tentam definir o som do “Carro Bomba”. O melhor mesmo é retornar ao texto do início desta resenha e fechar a definição deste petardo bélico: “NERVOSO”. Apenas dois comentários para encerrar a resenha sobre, ao menos em minha opinião, o melhor CD de Rock feito nos últimos tempos: as ilustrações de André Kitagawa sobre as letras do CD estão perfeitas e caem como uma luva. André com certeza bebeu das águas do rio Mutarelli e por isso, mas não apenas por isso, é um trabalho artístico magnífico. Carro Bomba
  • 14.
  • 15. A História da Lágrima Psicodélica Em 18 de setembro de 2005 (um Domingo), "nascia" o Pub Underground Virtual Lágrima Psicodélica. O intuito era o compartilhamento de i n f o r m a ç õ e s s o b r e m ú s i c a , tecnologia, Filosofia e artes em geral, sem cobrar nada por isso. O dinheiro não teria valor algum, já que toda a informação seria levada aos visitantes por puro prazer de dividir; dividir o “pão” que poucos tinham acesso. Hoje o Pub Underground Virtual Lágrima Psicodélica é conhecido nos quatro cantos do mundo. Isto não poderia ser diferente, pois quando se tem a intenção de levar informação e divertimento, a própria natureza se encarrega de fazer o resto. O Lágrima Psicodélica recebe atualmente 9.200 visitantes em média por dia, com mais de 7.700 postagens desde o seu nascimento, contando Johnny F, seu fundador, com um time de colaboradores de primeira. No dia 15/08/09 foi iniciado um novo projeto tornando assim um antigo sonho em realidade, ou seja, a transmissão de uma rádio própria. Às 16 - do dia 22/08/09 foi transmitido o primeiro programa, o Revolution Rock com produção e apresentação do nosso amigo e irmão Cacá. Desde então a programação da Rádio WULP vem sendo especial nos finais de semana. Produção e Apresentação: Barata Cichetto Sábados das 14:00 as 16:00 horas www.lagrimapsicodelica1.blogspot.com. Rádio Barata é um programa com a cara do site A Barata, 11 anos de Liberdade de Expressão e Expressão de Liberdade. Sem formatos ou estilos definidos, a Rádio Barata reúne Rock em todas as suas matizes, poesias e muita Convers'A Barata, sempre procurando a Atitude Rock. Porque Rock não é apenas um estilo musical, é modo de vida e de pensamento!
  • 16. Sábado (Reapresentação na Terça): 14:00 às 16:00 - Rádio Barata by Barata 16:00 às 18:00 - Revolution Rock by Cacá 18:00 às 20:00 - Salada Auditiva by Marcio CS 20:00 às 22:00 - Percepção Modificada by Johnny F 22:00 às 24:00 - Na Veia da Véia by Convidados (Semana 1) 22:00 às 24:00 - Giraçol by Bell (Semana 3) 22:00 às 24:00 - Naturprog by Gäel (Semana 4) Domingo ( Reapresentação na Segunda): 10:00 às 12:00 - Dexx's Psychedelic Tears by Dexx 12:00 às 14:00 - BlasFêmeas By Loirinha (Semana 1-3) 12:00 às 14:00 - Na Kombi do Rock by Pedro (Semana 2-4) 14:00 às 16:00 - Encruzilhada do Rock by CrossroaD (Semana 1-3) 14:00 às 16:00 - Meu Reino por uma Sopa by Ande (Semana 2-4) 16:00 às 18:00 - RabaRock Especial by Rabablues 18:00 às 20:00 - Fire On The Rocks by Fireball 20:00 às 22:00 - Pure by Sara_Evil 22:00 às 24:00 - Pipoca Psicodélica by Minduim Mateus (Semana 1) 22:00 às 24:00 - Rock My World by O Psicodélico (Semana 2) 22:00 às 24:00 - Brazilian Nuggets by Fábio (Semana 3) Programação da Rádio Web Underground Lágrima Psicodélica
  • 17. "Consta que Augusto dos Anjos, ao ver impresso seu livro, não teve dinheiro para compor a capa. Faltava tinta. Tomou então de uma tesoura e cortou (como no clássico soneto) o dedo de sua singularíssima pessoa e com o sangue escreveu o título: EU. A tradição editorial mantém, até hoje, vermelha a cor predominante na capa, como uma espécie de homenagem a este poeta que fez de si mesmo, ou melhor, de sua dissolução o tema único de sua única obra. A poesia de Augusto dos Anjos permanece um enigma, porque contraria as lições da Teoria Poética e Literária. Seus críticos reconhecem, em sua obra, lampejos de genialidade quanto a presença de certo mau gosto e exageros barrocos, sobretudo em seu acervo semântico, espetacularmente centrado num certo naturalismo escandaloso e obsessão patológica. Em tudo e por tudo, a poesia brasileira moderna seguiu um caminho muito diferente daquele que seu texto indica. Tornou-se, sobretudo por influência de João Cabral, uma poesia cerebral, econômica, concentrada, poesia do menos como diria ilustre crítico atual. Tudo ao contrário dos exageros, dos desesperos confessionais do EU patológico e expressionista de Augusto dos Anjos, um Hamlet dos trópicos. No entanto, o interesse por sua obra só faz aumentar, especialmente entre adolescentes que entram em contato com seus poemas. Desde a primeira edição, em 1912, já se contam mais de cinqüenta as reedições e reimpressões deste livro único e fora do lugar. Já não se trata mais de um fenômeno estritamente literário; trata-se muito mais de uma questão psicossocial, porque, sem dúvida, este paraibano melancólico e hamletiano, conseguiu expressar-se num idioma em conflito com o tropical sol de nossa poesia, o que não deixa de ser espantoso." Carlos Sepúlveda Vencedor Augusto dos Anjos Toma as espadas rútilas, guerreiro, E á rutilância das espadas, toma A adaga de aço, o gládio de aço, e doma Meu coração — estranho carniceiro! Não podes?! Chama então presto o primeiro E o mais possante gladiador de Roma. E qual mais pronto, e qual mais presto assoma, Nenhum pode domar o prisioneiro. Meu coração triunfava nas arenas. Veio depois de um domador de hienas E outro mais, e, por fim, veio um atleta, Vieram todos, por fim; ao todo, uns cem... E não pude domá-lo, enfim, ninguém, Que ninguém doma um coração de poeta!
  • 18. O Medo do Espelho Luiz Carlos "Barata" Cichetto Ontem à noite ao mirar o espelho não encontrei meu reflexo Em que lugar estaria a minha imagem, ainda penso perplexo Sinto minha face enrubescer, mas nem o rubor o espelho reflete Tento pensar, mas não há uma frase que meu cérebro complete. Estou morto, sou espírito, ou sou apenas ninguém, Apenas pensamento ou somente reflexo de alguém? Sobre a superfície lisa do espelho escorro meus dedos Enquanto penso que também o objeto teria seus medos Receio de refletir tão insignificantes criaturas sem sorte Que precisam reflexos para saber que são apenas morte. Então, sou resto, sou alma ou sou apenas alguém? Somente reflexo ou apenas pensamento de alguém? Recheios Luiz Carlos "Barata" Cichetto Amo simplesmente acariciar sua mão que segura meu pinto Deliciosa sua textura, desejos em minh'alma é o que sinto Delicia é lamber sua língua que acabou de chupar até o fim Sorvendo a saliva misturada ao suco que bebestes de mim. Simplesmente eu amo beber em seu clitóris, cálice sagrado Todos os líquidos que são néctares divinos ao meu agrado Delicia esparramar por seu corpo minha semente maliciosa E sorver da calda doce que escorre de sua vagina deliciosa. Amo o sabor amargo feito a bebida que a mim embriaga A desprender de seu ânus quando minha língua lhe traga E tal um deus pagão que, bebendo a sua tal de ambrosia Transforma cada suco e cada melado seu em uma poesia. Minha comida, minha bebida a fartar minha alma de desejos São deliciosos seus gostos e apetitosos todos os seus beijos E feito criança alimento a mim sugando aos seus belos seios Então lambo meus lábios saciado do sabor dos seus recheios.
  • 19. O Mentiroso (Ou o Outro Lado da Mentira do Fingidor de Pessoa) Luiz Carlos "Barata" Cichetto Poesia é apenas uma piedosa mentira Que o Poeta da mente insidiosa retira E portanto Poeta não é apenas fingidor Fingindo que não sente sua própria dor Mas um mentiroso que apenas e tão somente Mente ao mentir que é dor que deveras sente. Ao apanhar da caneta e um poema rabiscar Sente o poeta seu próprio pescoço a arriscar Mas não existe risco em poema apenas escrito Arriscado é apenas quando o poeta é descrito E insiste em mentir que sua dor não lhe resiste Mentindo que é mentira a dor que nele existe. Ah o poeta, gladiador cego em arenas sem leão Devorado que é apenas pelas garras da solidão Tal general sem divisão ou imperador das bravatas Luta o poeta contra demônios de ternos e gravatas Mente também o poeta ao contar sobre a mentira Que cria a poesia que o poeta da sua mente retira.
  • 20. Malandros Soldados do Exército do Rock Luiz Carlos "Barata" Cichetto Era natural na Era Pré-Internética adolescentes começarem a trabalhar ao completar 14 anos de idade. Não nos era considerado nenhum sacrifício extremo, ao contrário, porque era forma de termos algum dinheiro e conhecer outras pessoas fora dos ambientes de escola e lar. Duas necessidades fundamentais que parecem ter ficado paradas no tempo. Os significados de “dinheiro” e “amigos” eram diferentes. A nós o dinheiro era o meio não o fim e amigos eram o fim e não o meio. Ter algum dinheiro era, por exemplo, a forma de a gente poder comprar discos de “Rock” e ir às “equipes de som” no final de semana, curtir um som. E essas duas coisas eram apenas formas de encontrarmos outros amigos, escutar novos sons... E assim por diante. Comigo não foi diferente. Dia seguinte ao completar 14 tirei minha Carteira de Trabalho e um mês depois comecei em meu primeiro emprego, uma empresa importadora de ferramentas da Rua Florêncio de Abreu. Um perfeito tonto, sem conhecer porra nenhuma de merda alguma. Não conhecia trajetos, endereços, rotas e nem mesmo a malandragem dos moleques “escolados”. Mas, como sempre fui muito apaixonado e por conseguinte dedicado a qualquer coisa e rapidamente aprendi todos os caminhos e atalhos e a “malandragem” que consistia em comer churrasco grego e cobrar o almoço completo da empresa; ir a pé feito louco pelas ruas afim de entregar pontualmente uma encomenda para depois cobrar o táxi. Eram tão malandros quanto às crianças em fraldas de atualmente. O resultado de tanta “malandragem” eram os últimos LPs do Deep Purple, um Compacto Simples do Creedence ou uma fita cassete do Joe Cocker. As solas dos pés ardiam ao final do dia, sapatos eram corroídas em um mês, mas o som da guitarra de Ritchie Blackmore e a voz rouca de Cocker, o cachorro louco inglês eram troféus conquistados por nós “Malandros Soldados do Exército do Rock”. Por não existir “Correio Eletrônico” tínhamos que ficar horas em filas do Correio para despachar uma pilha de cartas, tomar três ônibus e atravessar a cidade apenas para entregar um memorando dentro de um envelope com um protocolo cuidadosamente escrito em letra caprichada de um escriturário, que aliás começara igual a nós, “Office Boy” e que era um ídolo: um dia teríamos uma promoção e então teríamos direito a uma mesa com uma máquina de datilografia e uma de calcular, à manivela; e o principal é que poderíamos usar camisas brancas com abotoaduras douradas nos punhos. Afinal, na Era Pré-Internética, experiência acumulada tinha importância. Mas éramos garotos e tínhamos sonhos de um futuro melhor, mas nossos sonhos tecnológicos foram transformados em pesadelos cibernéticos onde não existem “Office Boys” nem cartas, apenas correios eletrônicos e escriturários cibernéticos.
  • 21. Luiz Carlos "Barata" Cichetto Quando Percy Weiss nasceu, “Voz”, um dos deuses do Rock proclamou à humanidade: “Aqui tens, humanos, a minha descendência, meu dileto filho. Será este que lhes entrego, Percy Weiss, aquele que lhes encantará e trará emoções com sua Voz. Será ele, ‘A Voz do Rock’.” Carioca nascido 11 de Março de 1955 na cidade do Rio de Janeiro, mais precisamente na Rua das Laranjeiras, Percy José Weiss – pronuncia-se “Vaiz” -, neto de um alemão que imigrou para o Brasil no começo do século 20, morou em Copacabana até os cinco anos de idade quando a família se mudou para São Paulo, mais precisamente para o bairro do Brooklin. Influenciada diretamente por Beatles e Rolling Stones, a longa carreira de Percy Weiss começa em 1972 aos 17 anos de idade, com a banda de baile U.S. Mail, nas domingueiras do Clube Banespa. A partir daí, Percy percorre todo o circuito de bailes de São Paulo. Em 73 participa da banda Quarto Crescente, que conta com nomes como Duda Neves, Palhinha, Marcos Guerra e outros tocando no Masp, Teatro São Pedro, Aquarius, Tuca e etc.. O sucesso chama a atenção de inúmeras bandas e músicos, inclusive de Oswaldo Vecchione, baixista e fundador do Made In Brazil, uma das mais importantes bandas de Rock do Brasil, que à época tinha equipamento e estrutura sem precedentes. Percy então passa a ser o cantor da banda, percorrendo grande parte do Brasil e se apresentando para grandes platéias. Em 1976, 12 mil pessoas no Ginásio do Corinthians assistiram a um show da banda junto com Rita Lee e Zé Rodrix. Durante o ano de 1976, o Made In Brazil faz mais de 70 apresentações, todas com Percy Weiss á frente dos vocais. Nesse ano grava também um dos mais importantes discos da história do Rock brasileiro: “Jack o Estripador”, que tem a produção de Ezequiel Neves, que posteriormente viria a produzir entre outros Barão Vermelho e Cazuza. Em 1978, Percy grava o primeiro disco de outra das mais importantes bandas brasileiras: Patrulha do Espaço, que fora fundada pelo lendário Arnaldo Baptista, mas a havia deixado por problemas de saúde e era então capitaneada por outra figura lendária do cenário, Rolando Castello Júnior. Percy permanece até 1981 tocando ao lado de outras figuras históricas, como os já falecidos guitarristas Dudu Chermont e Walter Baillot e do baixista Cokinho. Posterior à saída da Patrulha, Percy, a convite de Tibério Corrêa, ingressa em outra histórica banda, o Harppia; que tinha como guitarrista Helcio Aguirra atualmente Golpe de Estado, onde coloca sua voz no disco “Sete”. Posteriormente deixa a banda e faz participações especiais em apresentações e gravações do Made In Brazil, como em “Made Pirata 1 e 2”, cantando algumas canções em shows gravados no Teatro Lira Paulistana. Percy Weiss
  • 22. Em 91 e é a gravação de “Primus Inter Pares” que o trás de volta à Patrulha do Espaço, desta vez contando com a participação, além de Rolando Castello Júnior, do experiente guitarrista Xando Zupo onde grava releituras e músicas ainda inéditas do falecido baixista Sergio Santana. A voz de Percy Weiss parece, especialmente nesse disco, ter sido forjada no fundo de um vulcão em chamas: quente, rude e avassaladora. Canções como “Arrepiado” e “Robot”, originalmente criada pela lenda argentina da guitarra Pappo Napolitano, e “Columbia”, um dos maiores clássicos da banda e do Rock Brasileiro, tomam de emoção a quem as escuta. É a superação do insuperável. Em seguida, Percy, interessado também pela parte técnica da música, passa a trabalhar em lojas, fabricantes e importadoras de instrumentos musicais. Seu trabalho nessas empresas foi precursor em contratos de “Endorses”, ”Work- Shops” e Clínicas Musicais. Entre 98 e 2003, em Natal, RN, atua como empresário representante de algumas importadoras de instrumentos musicais. Em 2003 Percy retorna a São Paulo e aos palcos com sua banda, a “Percy´s Band”, onde ao lado de jovens, mas experientes músicos toca os clássicos das bandas por onde cantou e cria novo repertório, que constará de um CD a ser lançado ainda em 200. Além disso, participa da tournée de despedida da Patrulha do Espaço que percorreu cerca de 40 cidades e prepara composições para um futuro trabalho solo. Atualmente Percy Weiss está casado com Lana Goulart, sobrinha do grande poeta Ferreira Gullar, com quem criou a Weiss Prodarts, com o intuito de trabalhar com artistas, promovendo eventos e gerando cultura musical para todos os gostos. Cortante e precisa quanto uma lâmina do mais puro aço, forjado com a têmpera das vozes roucas de Bourbon dos “bluesman” do Mississipi como Muddy Waters, com a garra “Soul” de um Ray Charles e a precisão vocal de um Robert Plant, a voz de Percy Weiss arrepia, transcende os sentidos conhecidos e nos transporta a um mundo onde a emoção é única coisa que importa. Discografia de Percy Weiss: Jack, o estripador - Made in Brazil - 1976 Made Pirata ao vivo I e II - Made in Brazil (Participação) Patrulha do Espaço - Patrulha do Espaço - 1978 Quarto Crescente - Quarto Crescente - 1980 Sete - Harppia – 1987 Made Pirata ao Vivo I e II (Participação)
  • 23. Syd Barret Não Mora Mais Aqui Luiz Carlos "Barata" Cichetto Eu não quero enlouquecer, comendo restos de merda e comida estragada em latas de lixo presas a postes. E não quero apodrecer em consultórios médicos, em clinicas de recuperação de bebida, ou em camas de hospital. A morte não consta em meu testamento, quero chupar as belas tetas de belas garotas loiras que amamentam a filha do outro. Eu não quero adoecer minha alma, enlouquecer minha mente, apodrecer minha carne. Não quero estar sozinho, mas não quero companhia. Estar só é ruim, mas não aguento sua hipocrisia. Deixe estar, fique longe, esteja perto. Segure meu pau, cure minha ressaca e beba comigo sentada na calçada enquanto eu enfio o dedo por dentro de sua calcinha. Por onde andam meus amigos, onde bebem minhas amantes, onde morre minha solidão? Putas não gozam mas chupam. Ontem eu era um amante, agora, não tenho amigos. Deixem eu deitar antes de morrer. Mas antes mesmo gozo da morte, quero gozar entre suas coxas magras e lamber sua bundinha estreita. Enlouquece minha mente, apodrece a semente. Somente a dor permanece, amada e amante com garras de leão, olhos de serpente enquanto eu procuro restos de amores jogados nas lixeiras das ruas. Rasga minha carne com unhas afiadas e pintadas com a cor do meu sangue. Beija minha língua, seu pai não percebe. Deixe eu acender meu cigarro, soltar um escarro e peidar. Não há censura, não há doença, não há porque. Nem liberdade, nem poder. Beber e foder. O limite são os ponteiros do relógio, um verdadeiro Elefante Efervescente. Cortinas de ferro, baratas mortas no quintal, monstros quentes e um dia de glória a um poeta que teima em não viver. Mas eu não encontro o que procuro, tenho bolsos furados e sonhos dourados. Pague minha bebida e a conta do motel, depois desapareça em direção contrária á minha fuga. Desapareça nas brumas, nas noites escuras enquanto eu procuro restos de comida e sobras de orgasmos nas latrinas dos banheiros públicos. Púbicos pêlos presos aos dentes, dentadura postiça e a trilha sonora do apocalipse.
  • 24. O Inferno São Os Outros Não odeio as pessoas Mas mesmo assim eu fugi Não odeio as pessoas Mas é melhor sem elas aqui Bebo de mim e isso me satisfaz A droga dos outros, isso não quero mais Cansei de buscar. A chance é pequena No meio de tantos, porque poucos valem a pena? Não odeio as pessoas Só não suporto suas loucuras sem razão Não odeio as pessoas Mas longe delas, ando pra toda, qualquer direção Só valem os pensamentos concebidos ao andar E cada passo vale dois sem ninguém pra atrapalhar Fugi, cansado de cada são, cada louco que nada ousa Também sou louco. Mas importa ser louco por alguma coisa! Lucrecio Hatt Bateria, Sintetizadores (Instrumentos Adicionais: Guitarra, Violino, Violão e Gaita) Todas As Letras Escritas por Lucrecio Hatt http://www.myspace.com/uivobeat Uivo Beat.... O nome da banda imediatamente remete diretamente à Geração Beat, com Ferlinghetti, Kerouac, e claro Grinsberg. Uma geração de artistas marcada pela criatividade poética e musical. Formas e métodos diferentes de compor que influenciou inúmeras gerações. Inclusive a de Lucrécio Hatt. E Lucrécio deve ter bebido nas fontes nada cristalinas desses "malditos", bêbados e drogados. A fonte é inesgotável e ele sabe disso. Portanto, pouco importa se escreve-se poesias em rolos de telex ou se compõe usando sintetizadores ou atabaques. O que importa na arte é o sentimento e a criatividade. E isso não falta á "one man band" Uivo Beat. Letras muito bem construídas, com aquele espírito do "Uivo", influenciado também por Bukowski e outros, com um toque musical que beira á loucura jazzistica de Miles Davis. Totalmente elétrico, com exceção da bateria, marcada e sincopada do Jazz na maioria das vezes. Um pé no Rock e outro em qualquer lugar... O ponto alto do CD, claramente gravado em algum porão escuro... (ou não) é "Leminskiana", inclusive com a "participação" do próprio Leminski, o mais Beat dos poetas brasileiros. Embora existam algumas falhas "técnicas", como o volume desuniforme nas várias faixas - que faz com que muitas vezes a voz fique inaudível - e a capa, que não condiz com o restante da pegada criativa, Uivo Beat merece uma produção profissional e uma edição mais caprichada. No final, pela qualidade e pela criatividade, a nota é 8,88.
  • 25. Jardim de Inverno Inspiradora é a melancolia que com a alma flerta. É devoradora d´alegria, nos transforma em poeta! Sinto que todo spleen é polinizador de um ideal. Sinto que em meu peito crescem flores do mal! O meu peito é jardim de um inverno eterno, Onde só as flores malditas vão sobreviver. Com o vinho livre do cárcere vítreo e terno, Quero regar as flores que insistem em crescer, Até mesmo quando não são regadas. Quero florido todo este fértil jardim De alento estéril, ilusões abandonadas. Quero pluviose eterna, rubra em mim. Quero este jardim sem luz e nunca aberto. A esperança nele será apenas um inseto! Complexo de Osíris Parte ficou aqui Das outras não sei Talvez estejam em partes Que nunca mais voltei Longe de ser deus, Não sou onipresente Longe de ser deus Sinto-me impotente Parto com meus restos Sobras de mim Procuro uma mulher Pra juntar meus pedaços E fazer-me sentir Com um pênis dourado! Fuga Quero que venha, confortante lisergia. Quero álcool pra molhar e esquentar Esta minha Alma seca e fria. Não quero mais me preocupar. Quero para mim, toda uma sinergia, De prazeres descompromissados, Danças sensuais e beijos molhados. Não quero o real, quero toda poesia. Vinhos, cervejas, whiskys e licores, Banhem-me, afugentem todos os amores, Que eu vivi e que gostaria de viver. Separando meus lábios expulso a fumaça De cigarros e do que me corrói feito traça... Trago minha vida, quero menos de mim beber! A Fala da Morte Salut romântico bardo de maldita pretensão! Sou a musa da filosofia! Tua maior inspiração! Teus versos mais frios que meus dedos, D´alma da mulher nunca desvendarão os segredos! Vim levar-te agora! Sou a única esperança, A você, criatura sem luz e sem temperança! Faça tuas malas. Dobre teus sonhos e amor, Para que caibam nelas. Chega agora de dor! Vamos! Errará por toda a eternidade! Mas o que sente, sobre a mulher irá pairar. Somente observarás com austeridade. Vamos! O fim de um poeta a todos é salutar! Leminskiana Minha musica mestiça Hesita entre a pressa e a preguiça Entre a dor elegante e o prazer inebriante Caminha de lado mas é atrevida Recebe nova vida a cada batida Por versos é escoltada Por versos é beatificada E as vezes bestificada Não precisa ser escutada Nem precisa de porquês Pelo meu prazer já foi santificada Toco. E na musica que me toca A poesia sempre tem vez. Blues Desbotado A roupa que o embala, É rota, sem cor. Sua trilha sonora Segue o compasso de sua dor O asfalto é rachado E cada rima desse asfalto Lembra sua própria poesia E sua sina de Fausto Com passos curtos ele segue Rumo a uma nova vida, segue a trilha Tem só pra si um sol que só queima, sem dó. Tem só pra si, um sol que não brilha E pra lá ele segue, sempre em frente. Sem nunca dar ré. Pra lá ele segue, sempre em frente. Sem nunca dar ré. UIVOBEAT
  • 26. Minhas Leituras de Saramago Viegas Fernandes da Costa Recém havia saído da adolescência e, por uma razão ou outra, li “Ensaio sobre a cegueira”. Não que isso importe algo, essa experiência que tenho da leitura dos textos de Saramago, mas diante da intransigência da morte e do sentimento de impotência que esta nos imputa, não vejo por onde me rastejar senão pela memória das impressões que o universo saramaguiano me concedeu. Então, como dizia, li o “Ensaio sobre a cegueira” e pude compreender a potência de uma literatura visceral e honesta. Não se é possível ler tal texto, parábola de nossa condição humana, sem a sensação de se ter vivido uma experiência que lacera o espírito e nos envergonha de nosso individualismo e imobilidade, que mascaramos com gestos vãos e palavras estéreis. “Ensaio sobre a cegueira” me desloca, sempre, ao genocídio tutsi em Ruanda, ao genocídio palestino perpetrado sob nossos olhos ocidentais e hipocritamente cegos, ao silêncio a respeito do povo de Timor Leste e às vítimas dos desgovernos e terremotos no Haiti, cuja capacidade de comoção duram o tempo de uma passarela, porque enfastiados de vermos as mesmas ruínas, buscamos saciar nossa eroticidade mórbida em outros charcos de sangue, em outras postas de carne humana desmembradas de seus corpos. Assim, sempre houve esta sensação de vergonha e culpa, sim, vergonha e culpa, que este primeiro contato com um texto de Saramago me provocou. Movido pela inquietude provocada por esta primeira leitura, busquei mais. Foi quando me tocou o corpo o “Memorial do convento”. Marcou-me a poesia de um certo padre Bartolomeu, inventor de herética geringonça alada movida pelas vontades humanas que seu ajudante, Baltasar Mateus, colhia em um frasco em meio à multidão. Claro está, não há melhor combustível que faça voar um sonho senão a vontade humana. Entretanto, esta escapa-nos do corpo tangido pela necessidade de sobreviver. “Memorial do convento” ensinou-me que não há humanidade onde as vontades dão lugar à necessidade, onde se confunde sonho com devaneio. Sei que não cabe à literatura dar lições. Não, claro que não. Entretanto, o diálogo que estabeleço, enquanto leitor, com as provocações de um texto, apesar de socialmente construído está profundamente marcado pela subjetividade. Por isso posso reconhecer que sempre serei grato a Saramago por tudo que aprendi com Blimunda, Baltasar e Bartolomeu, personagens centrais desse seu “Memorial”. Grato por compreender aquilo que afinal nos constitui tão únicos, mas que nos foge quando tangidos qual gado a mover a roda do engenho. Feitiço lançado, segui estupefato o fio de Ariadne, acompanhando os passos do Senhor José – o personagem – pelo labirinto de prateleiras vergadas e empoeiradas da velha Conservatória, guardiã do esquecimento. Falava Saramago – o autor – nas páginas que me remeteram a um Kafka revivido para concluir sua obra, tão tensa e intensa a trama e a fábula de “Todos os nomes”. Como possível uma história tamanho extraordinária? – a questão que me incomodava a cada linha sem pontuação que se desdobrava ante meus olhos de criança deslumbrada! Criança deslumbrada, com o perdão do pleonasmo, porque não há infância sem deslumbramento. Pensei ter lido o cume; engano! Indisciplinado, encontrei-me com um Cristo humano e carnado que, reconheço, quase me convenceu. Ironia do insólito! Como um ateu declarado podia reescrever uma história dois mil anos recontada e ainda assim torná-la inédita? E mais, como podia este mesmo ateu, ourives da palavra, construir uma das mais poéticas e profundas passagens da literatura universal, conquista sublime do espírito humano, quando nos transporta para o interior de uma barca atracada no centro de um mar tomado por intransponível nevoeiro? Saramago enfrentou Deus! Desfiou-nos um rosário de martírios e barbáries inconcebíveis e inexplicáveis capazes de dobrar as ambições do Diabo que, como Pastor que é, intervém junto a esse Deus sanguissedento em nome do perdão. A resposta? “Para que eu seja o Bem, é necessário que tu continues a ser o Mal” – ei-la! Espernearam os guardiões do cristianismo. Saramago não fora o primeiro, é certo. Kazantzakis fizera-o antes, tal qual tantos outros. Entretanto, a lucidez e os argumentos do velho comunista moveram o catolicismo português a tentar intervir no reconhecimento literário daquele que viria a ser o primeiro autor da língua portuguesa laureado com o Nobel de Literatura. Mágoa e exílio na insular Lanzarote, onde o mestre da palavra conheceu a diferença entre estar e não já não mais estar.
  • 27. Depois do “Evangelho” não houve texto de Saramago que não me interessasse ler. É bem verdade, reconheço, que nem tudo foi deslumbramento. No “Ensaio sobre a lucidez”, por exemplo, a impressão de um resvalo planfetário; e em “Caim”, o gosto de uma sopa requentada. Neste meu rastejar pela memória das impressões que o universo saramaguiano me concedeu não há espaço para o desonesto, por isso o registro. Mas não há nada como o bom estro de um artista que se reinventa, e houve a história do Elefante Solimão e seu cornaca Subhro, escrita após grave enfermidade nos estertores de 2007. Ocorreu-me, à época dessa leitura, o pensamento de que a carícia da morte devolve-nos uma leveza e um certo humor que perdemos com o transcorrer dos anos. Isto porque em “A viagem do elefante” encontrei um Saramago mais leve, consciente da importância da sua literatura, porém ciente, também, de que talvez já tivesse dito o que havia para se dizer, e que àquela altura da sua vida e carreira importava mesmo o prazer de escrever uma boa história. E que boa história, tão repleta de sutilezas e ironias! Enfim, soube que já não está mais. Morreu o corpo de José na manhã de uma sexta-feira, ao lado da mulher que amava. A mim ocorreu-me, então, reler o discurso que proferiu quando da cerimônia de entrega do prêmio Nobel, em 1998, e onde inicia dizendo que o homem mais sábio que conheceu em toda a sua vida não sabia ler nem escrever. Conta ali a história dos seus avós maternos que, nos dias de muito frio, levavam os porcos mais frágeis da pequena criação para dormirem consigo, sob o calor das mantas grosseiras. Alertou-nos Saramago, ao narrar a tradição ágrafa da família que o apresentou ao mundo, que o verbo não se determina nos gens. Que o gênio se constrói na experiência e na coerência. E assim o fez! Neste mesmo discurso, reconheceu que sua voz ecoa nas vozes das suas personagens. E se dizia que a morte era a diferença entre estar e já não mais estar, o Saramago que se consagrou à palavra, que se multiplicou nas Blimundas e nos Raimundos, nos homens e mulheres do Alentejo e nos tantos homens e mulheres que encontraram a eternidade no terreno universal da sua Literatura, se já não está mais nesta matéria perecível que nos compõe a todos, continua estando nas criaturas pelas quais falou e se fez ouvir. Por isso não choro a perda do mestre, pois lágrimas estéreis. Simplesmente lanço meus olhos para a estante e escolho o livro que fará Saramago estar novamente comigo. Blumenau, 20 de junho de 2010. Viegas Fernandes da Costa é historiador e escritor, autor dos livros “Sob a luz do farol” (2005), “De espantalhos e pedras também se faz um poema” (2008) e “Pequeno álbum” (2009). Permitida a reprodução deste texto desde que citada a autoria e mantida a íntegra. Blog: http://viegasdacosta.blogspot.com De Espantalhos e Pedras Também Se Faz Um Poema Viegas Fernandes da Costa Poemas, 2008, Editora: Cultura em Movimento "As emoções em “de espantalhos e pedras também se faz um poema”, novo livro do historiador, professor e escritor Viegas Fernandes da Costa, começam quando a gente apanha nas mãos o volume de 66 páginas. E a primeira delas é a emoção causada pelo olfato: o livro tem um cheiro diferente, pois foi impresso em antigas máquinas de tipografia, cujas tintas têm um odor característico; continua com o tato, com as depressões e relevos provocados pelo “esmagamento” das fibras do papel pelos tipos de chumbo. As letras são tridimensionais, não apenas impressões digitais sem identidade, frias, estampadas a laser. As emoções não param e prosseguem com a visual, causada pela imperfeição e falhas na impressão no processo quase que manual, sem aquela “perfeição tecnológica” dos modernos – e frios – sistemas ligados à computadores. Portanto, antes mesmo de começarmos a ler “de espantalhos e pedras também se faz um poema”, somos conquistados pelas emoções, antes de saborear os poemas, sentimos o gosto da humanidade, tendo claro que foram seres humanos, gente, que construíram aquele livro. Tudo muito quente. (...) Barata Cichetto 66 Páginas,
  • 28. Bat Out Of Hell Jim Steinman / Arte: Barata Cichetto - The sirens are screaming and the fires are howling, way down in the valley tonight. There's a man in the shadows with a gun in his eye, and a blade shining oh so bright. There's evil in the air and there's thunder in sky, and A killer's on the bloodshot streets. Oh and down in the tunnel where the deadly are rising, Oh I swear I saw a young boy down in the gutter, He was starting to foam in the heat. Oh baby you're the only thing in this whole world, that's pure and good and right. And wherever you are and wherever you go, there's always gonna be some light. But I gotta get out, I gotta break it out now, Before the final crack of dawn. So we gotta make the most of our one night together. When it's over you know, We'll both be so alone. Like a bat out of hell I'll be gone when the morning comes. When the night is over Like a bat out of hell I'll be gone gone gone. Like a bat out of hell I'll be gone when the morning comes. But when the day is done and the sun goes down, and the moonlights shining through, Then like a sinner before the gates of heaven, I'll come crawling on back to you. I'm gonna hit the highway like a battering ram, on a silver black phantom bike. When the metal is hot and the engine is hungry, and we're all about to see the light. Nothing ever grows in this rotting old hole. Everything is stunted and lost. And nothing really rocks And nothing really rolls And nothing's ever worth the cost. And I know that I'm damned if I never get out, And maybe I'm damned if I do, But with every other beat I've got left in my heart, You know I'd rather be damned with you. If I gotta be damned you know I wanns be damned, dancing through the night with you. If I gotta be damned you know I wanna be damned. Gotta be damned you know I wanna be damned. If I gotta be damned you know I wanna be damned, Dancing through the night Dancing through the night Dancing through the night with you. Oh baby you're the only thing in this whole world, that's pure and good and right. And wherever you are and wherever you go, there's always gonna be some light. But I gotta get out, I gotta break it out now, So we gotta make the most of our one night together. When it's over you know, We'll both be so alone. Like a bat out of hell I'll be gone when the morning comes. When the night is over Like a bat out of hell I'll be gone gone gone. Like a bat out of hell I'll be gone when the morning comes. But when the day is done and the sun goes down, and the moonlights shining through, Then like a sinner before the gates of heaven, I'll come crawling on back to you. I can see myself tearing up the road, Faster than any other boy has ever gone. And my skin is raw but my soul is ripe. No-one's gonna stop me now, I gotta make my escape. But I can't stop thinking of you, and I never see the sudden curve until it's way too late. I never see the sudden curve 'till it's way too late. Then I'm dying at the bottom of a pit in the blazing sun. Torn and twisted at the foot of a burning bike. And I think somebody somewhere must be tolling a bell. And the last thing I see is my heart, Still beating, Breaking out of my body, And flying away, Like a bat out of hell. Then I'm dying at the bottom of a pit in the blazing sun. Torn and twisted at the foot of a burning bike. And I think somebody somewhere must be tolling a bell. And the last thing I see is my heart. Still beating, still beating, Breaking out of my body and flying away, Like a bat out of hell. Like a bat out of hell. Like a bat out of hell. Oh like a bat out of hell! Oh like a bat out of hell! Like a bat out of hell!
  • 29. Mais tarde, quase à hora do entardecer, várias baratas enormes, de um tom bem escuro de marrom avermelhado, emergem como gnomos do lambri, e vão em direção à despensa - entre elas, baratas grávidas, com filhotes translúcidos anexos, como uma escolta. À noite, nos silêncios tardios entre bombardeios, disparos de armas antiaéreas e foguetes caindo, elas se fazem ouvir, ruidosas como camundongos, roendo os sacos de papel de Gwenhidy, deixando trilhas e pegadas de merda da cor de seus corpos. Parecem não gostar muito de coisas moles, frutas, legumes, coisas assim, preferem a solidez das lentilhas e feijões, algo que possam roer, barreiras de papel e gesso, interfaces duras para serem perfuradas, pois elas são agentes da unificação, você sabe. Insetos natalinos. Estavam no fundo da palha da manjedoura em Belém, tropeçando, subindo, caindo reluzentes num reticulado de palha dourada que a elas certamente parecia estender-se por quilômetros para cima e para baixo - uma espécie de cortiço comestível, de vez em quando perfurado por suas mandíbulas de modo a perturbar algum misterioso feixe de vetores, fazendo com que as baratas vizinhas despencassem de bunda para cima e antenas para baixo por cima das outras, as quais se agarravam com todas as patas àqueles caules dourados sempre a tremer. Um mundo tranqüilo, a temperatura e a umidade permaneciam quase constantes, o ciclo do dia incluía apenas uma suave variação de luz, primeiro dourada, depois cor de ouro velho, depois escuridão, e luz dourada outra vez. O choro do bebê chegava a seus ouvidos, talvez, como explosões de energia vindas de uma lonjura invisível, quase despercebidas, por vezes ignoradas. O seu salvador, você sabe... ("O Arco-Íris da Gravidade", Thomas Pynchon - Trad. Paulo Henriques Britto. Onde Está Thomas Pynchon? Tomas Pynchon é um escritor recluso, dele sabe-se muito pouco. Tirando seus livros, não sobra quase nada. As raras fotos disponíveis já tem mais de 50 anos, dos tempos de colégio. Há quem diga que a turbina criativa por trás de "Mason&Dixon", "O Leilão do Lote 49" e "Vineland" é na verdade J.D. Salinger, o Apanhador no Campo de Centeio que fugiu da civilização, e que passa o dia escrevendo. Maníaco-furioso, o cofre transbordando manuscritos, reza o folclore que circunda sua cabana na montanha. Porque Barata Thomas Pychon
  • 30. Pontificação LuizCarlos"Barata"Cichetto Ocrucifixoquecarregoemmeupescoço Éapenaslembrançadaminhaprópriacrucificação. Oretratodemulherquecarregoemmeubolso Éapenaslembrançadaminhaprópriapontificação. Putrefação Luiz Carlos "Barata" Cichetto Eu decido sobre minha morte, sou meu próprio carrasco E prefiro estar morto a ser apenas o objeto do seu asco. O safado Charles era bêbado e escritor, mas era carteiro E eu não arrumo nem emprego de segurança de puteiro. Eu não quero ficar andando com deprimentes sacos de radiografias Sentado e esperando a morte em salas de espera de médicos agiotas Que ficam batendo punheta vendo peladas em revistas de fotografias Enquanto idosos carcomidos contam estórias sobre suas vidas idiotas. Quero morrer bebendo e trepando em uma orgia de sentidos Putas chupando e eu comendo chocolate e queijos derretidos Beijos sufocantes e faiscantes, trepadas dos tempos da Rainha Ah Messalina, apanhe um táxi, depois toque minha campainha. Estou morto, então não espere que eu lhe acorde antes do General Pinte seu rosto e disfarce seu jeito de santa e de mortal interjeição Quero trepar agora, antes mesmo do toque da sua marcha funeral Deixe aberta a sepultura que chego antes do estado de putrefação. Perpetuação Luiz Carlos "Barata" Cichetto Sou meu próprio pesadelo e sou a minha própria criação Minha própria morte, um ataque ao meu próprio coração. Sou minha própria crença e a santidade da minha santificação Minha própria dor e os pregos de minha própria crucificação. Sou eterno quanto a própria morte e escravo da minha abolição Minha própria esperança e o desespero de minha própria aflição. Sou minha própria loucura e a sanidade da minha internação Minha própria doença e cura por minha própria mortificação. Sou a própria existência e minha própria morte por execução Minha própria sentença e o juiz da minha própria condenação. Mortificação Luiz Carlos "Barata" Cichetto O que importa ser um pobre defunto quando lágrimas ainda escorrem... Aprendi que tristes são aqueles que ficam Que saudades causam dores e mortificam Mas tenho saudades da alegria que senti ao morrer E a tristeza que causou minha morte há de escorrer.... ... Herdo a tristeza da vida e pergunto: todos são tristes quando morrem?... Acendam a chama do crematório, deixem cremar Desfazer em pó a tristeza que teima em queimar. E contem piadas infames sobre a morte e sobre a paixão Depois gargalhem antes de empurrar ao fogo meu caixão... ... 4x4
  • 31. O Projeto "Sangue de Barata", trabalho conjunto de Barata e Raul Cichetto, poeta e poeta e musico e poeta respectivamente. Assim como respectivamente filho e pai e pai do filho e tal. Poesias de Barata musicadas e produzidas por Raul. Porque "As baratas não rastejam, é apenas o jeito delas caminharem". Pretensioso, sim, o trabalho tenta furar os bloqueio das panelinhas de músicos e grupelhos de artistas que imaginam estar em um pedestal. Artistas de verdade não estão nas salas com ar condicionados dos teatros das nobres ruas da cidade. Estamos sim ralando atrás do pão e porque não, querendo um pouco de circo. Porque a arte não é o Circo do Sol, empoleirado nas telas majestosas. Arte é o circo da periferia com palhaços maltrapilhos, equilibristas bêbadas e poetas... cansados... mas ainda sim, lutando por sua arte. Raul e Barata Cichetto, Inverno 2010 MySpace: http://www.myspace.com/projetosanguedebarata Barata Quando Quero Sou Anjo Quando Desejo Sou Demônio Quando não Quero, Nem Desejo Barata! Metástase Daquilo que era Cura sobrou apenas... Doença! E daquilo que era Fé sobrou apenas... Descrença! Daquilo que era Sol sobrou apenas... Temporal! E daquilo que era Desejo sobrou apenas... Imoral! Daquilo que era Estrela sobrou apenas... Escuridão! E daquilo que era Carne sobrou apenas... Podridão! Sinestesia O gosto amarelo da derrota em lugar do cheiro rubro do desejo do quarto Tateando o lilás da tampa da garrafa da derrota, bebendo cheiro de parto Carrego estrelas azuis, da língua do céu, a boca da noite, o gosto amargo Meu desejo é agora incolor, gosto de podre, a saudades é preta, estrago. Não espero papagaios cor-de-rosa sentado em cadeiras de balanço roxas Esperar é morrer, esperar é o cinza e o amarelo é o gosto das suas coxas Nomes das cores, nomes das dores, amores incolores, cores sem gosto Cores sem nomes, sem odores. Que nomes tem as rugas do meu rosto?
  • 32. Espaço Publicitário Tiragem: 50.000 Destinatários Valor do Anúncio: R$ 90,00 Próxima Edição: Setembro 2010 Contato: barata.cichetto@gmail.com Telefone: (11) 6358-9727 www.folhadeguaianases.com.br 25 Anos a Serviço da Comunidade Guaianases, Ferraz, Itaquera, Poá e Suzano Web Sites, Design Gráfico 12 Anos de Atitude Web Responsável: Barata Cichetto www.celsomirandaimoveis.com.br Casas, Apartamentos Imóveis Comerciais e Residenciais. Venda, Locação e Permuta www.abarata.com.br