O PRINCÍPIO DE PETER
Luís Martins - General Market Manager Gripen Wheels Iberia luis.martins@gripenwheels.com
PROCURAR A VERDADEIRA ESSÊNCIA DAS NOSSAS COMPETÊNCIAS É, MAIS DO QUE NUNCA, ESTRATÉGICO E... VITAL.
1. CARLOS
SILVA
DirectorVendas
eMarketingKrautli
“TEMOS DEMASIADOS
OPERADORES NOS
DIFERENTES NÍVEIS
DE DISTRIBUIÇÃO”
ASSOCIATIVISMO
ENCONTRO
EMPRESARIAL
SECTOR AUTOMÓVEL
DA BEIRA LITORAL
Uma dúzia de empresas nacionais em Frankfurt é um claro sinal da contínua aposta do
tecido empresarial português do pós venda na internacionalização dos seus produtos.
EDIÇÃO DE 2012 DIZ NÃO À CRISE
AUTOMECHANIKA
TAMBÉM FALA PORTUGUÊS
N 298 ABRIL 2012PessoaColectivadeUtilidadePúblicaASSOCIAÇÃO NACIONAL DAS EMPRESAS DO COMÉRCIO E REPARAÇÃO AUTOMÓVEL
LEGISLAÇÃO
“ESTÍMULO 2012”:
APOIO NA CONTRATAÇÃO
DE DESEMPREGADOS
LUÍS
MARTINSGripen Wheels Iberia
“A CLASSE POLÍTICA
ALCANÇOU O MÁXIMO
DA SUA INCOMPETÊNCIA”Ao fim de 13 ANOS, o regresso às origens
Deixa
Portugal
Manuel Morales
2. Abril 2012
a teoria económica das
empresas enuncia-se um
princípio chamado “prin-
cípio de Peter”, segundo o
qual os indivíduos vão sen-
do promovidos dentro das
organizações até chegarem ao máximo da
sua incompetência. Exemplificando: na sua
empresa X, o senhor José é um excelente
porteiro, as suas capacidades profissionais
são elogiadas e reconhecidas por todos. O
senhor José é então promovido, passando
a coordenador da divisão de pessoal de
exteriores, tendo a seu cargo o jardineiro,
a senhora da limpeza e o encarregado da
lavagem da frota automóvel. O senhor José
faz um bom trabalho, reconhecido por
todos. E segue-se nova promoção: passa a
chefe de serviço do pessoal não qualificado,
desde operários a porteiros. O seu trabalho
é assim-assim, mas podia ser pior. Acabará
por ser promovido a responsável de recur-
sos humanos, revelando-se um medíocre
mas eficaz profissional. E ali permanecerá.
Segundo o princípio de Peter, o senhor
José avançou na organização até alcançar
o máximo da sua incompetência: era um
excelente porteiro, chegou a medíocre
responsável de recursos humanos.
Vem isto a propósito do estado a que
chegou o nosso país e, consequentemente,
a situação económica difícil com que vamos
ter de viver nos próximos meses ou mesmo
anos. A classe política que nos colocou nesta
situação difícil e desagradável, parece saída
a decalque do princípio de Peter. Na sua
grande maioria gente que alcançou o má-
ximo da sua incompetência. Seriam exce-
lentes “politiqueiros” mas uns, muitíssimo
medíocres, gestores dos recursos públicos e,
como se não bastasse, sem uma única ideia
sobre o posicionamento estratégico do país
num mercado cada vez mais global.
Mas o pior é que o problema não é de hoje.
Quando se espreita as páginas escritas
por Eça de Queirós há mais de 100 anos,
percebe-se que a actualidade é um tempo
que se estende por vários séculos.
“Nós estamos num estado comparável
somente à Grécia: mesma pobreza, mesma
indignidade política, mesma trapalhada
económica, mesmo abaixamento dos ca-
racteres, mesma decadência de espírito”, es-
creveu Eça nas “Farpas”, em 1872. Fora do
contexto, até pode parecer que foi pensado
para os dias de hoje.
Mas o que é que tudo isto tem a ver com o
mercado dos pneus?
Tudo. Vamos viver meses (não quero dizer
anos por uma questão de positivismo) bas-
tante exigentes do ponto de vista da gestão
das nossas vidas familiares, das nossas
expectativas profissionais e das criteriosas
estratégias a seguir pelas nossas empresas.
Se procurarmos entender a mensagem
abrangente do princípio de Peter, facilmen-
te entenderemos que o mesmo é aplicável
aos diagnósticos que podemos fazer ao
estado actual das nossas empresas. Será que
muitas das nossa empresas, fruto do cresci-
mento que o negócio foi tendo nos últimos
anos, não terão perdido o foco e estarão,
porventura, a necessitar de um refocalizar
da sua essência estratégica? Voltar a concen-
trar os esforços naquilo que sabe fazer bem?
Numa conjuntura económica em que o
consumo público e o consumo privado
sofrerão quebras significativas, parece-me
estrategicamente indispensável que con-
centremos os nossos esforços naquilo que
sabemos fazer bem, naquilo em que somos
verdadeiramente competentes. Por ventura,
muitas das nossas empresas terão atingido
o máximo da sua incompetência. Passo a
exemplificar: A empresa JOSÉ DOS PNEUS
dedica-se com sucesso à venda de pneus de
Turismo, Comercias e 4x4, essencialmente
concentrada nas vendas a dinheiro. Fruto
PROCURAR A VERDADEIRA
ESSÊNCIA DAS NOSSAS
COMPETÊNCIAS É, MAIS
DO QUE NUNCA,
ESTRATÉGICO E… VITAL.
CRÓNICA
OPRINCÍPIODEPETER
Luís Martins - General Market Manager Gripen Wheels Iberia
luis.martins@gripenwheels.com
N
28
A CLASSE POLÍTICA QUE
NOS COLOCOU NESTA
SITUAÇÃO DIFÍCIL E
DESAGRADÁVEL, PARECE
SAÍDA A DECALQUE DO
PRINCÍPIO DE PETER. NA
SUA GRANDE MAIORIA
GENTE QUE ALCANÇOU
O MÁXIMO DA SUA
INCOMPETÊNCIA.
3. 29www.anecra.pt
do grande sucesso obtido, a JOSÉ DOS
PNEUS resolve dedicar-se à venda de pneus
Pesados. Passa a vender a crédito neste mer-
cado, mas a manter e a continuar a fidelizar
os seus clientes das vendas a dinheiro. O
negócio prospera e a JOSÉ DOS PNEUS
toma a decisão estratégica de avançar para
o negócio dos pneus de Engenharia Civil.
O rácio vendas a dinheiro/vendas a crédito
passa a pender claramente para o lado das
vendas a crédito e, consequentemente,
a JOSÉ DOS PNEUS passa a concentrar
grande parte do seu esforço estratégico na
assistência às frotas, que são a sua grande
fonte de receita, desprezando o seu cliente
vendas a dinheiro que tão rentável foi no
passado). Neste ponto da sua existência a
JOSÉ DOS PNEUS passa a ser uma empresa
assim-assim, mas podia ser pior. Como se
não bastasse, a JOSÉ DOS PNEUS resolve
alargar as suas áreas estratégicas de negó-
cios e investir no negócio da Revenda. Neste
ponto a JOSÉ DOS PNEUS torna-se uma
empresa medíocre mas eficaz. Medíocre
porque nesta altura já não faz nada bem,
mas eficaz porque, embora com uma
grande envolvência financeira (as vendas a
dinheiro representam menos de 10% do seu
volume total de vendas) continua a ser uma
empresa rentável. Mas, neste ponto da sua
existência vem a crise da dívida sobera-
na que varre a Europa em geral e atinge
Portugal em particular. O prazo médio das
suas cobranças dilata e a JOSÉ DOS PNEUS
entra em dificuldades financeiras graves.
Tem muitos incobráveis e começa a ter
resultados negativos… torna-se medíocre
e ineficaz. Passou a operar em todos os
mercados mas deixou de ser competente
também em todos… ou quase. Tenta recu-
perar os seus clientes das vendas a dinheiro,
que tanto a fizeram prosperar, mas… já é
tarde de mais. Fugiram para a concorrência.
Antes de chegar a este ponto e, muito mais
nos tempos que correm, importa fazer uma
análise profunda das nossas competências,
procurarmos recentrar o nosso negócio
naquilo que realmente sabemos fazer bem.
Voltarmos à nossa zona de conforto.
Procuraraverdadeiraessênciadasnossas
competênciasé,maisdoquenunca,estraté-
gicoe…vital.Queraoníveldasopçõesestra-
tégicasdasnossasempresas…queraonível
dagestãocriteriosadosrecursoshumanos,
quesãoapartevitaldasorganizações.
O Mercado dos Pneus em Portugal em
particular e o Mercado do Comércio e
Reparação Automóvel em geral, saberão por
certo dar as respostas adequadas e
adaptar-se de forma bem sucedida aos
novos desafios de 2012.
“NÓS ESTAMOS NUM
ESTADO COMPARÁVEL
SOMENTE À GRÉCIA:
MESMA POBREZA,
MESMA INDIGNIDADE
POLÍTICA, MESMA
TRAPALHADA
ECONÓMICA, MESMO
ABAIXAMENTO DOS
CARACTERES, MESMA
DECADÊNCIA DE
ESPÍRITO”, ESCREVEU EÇA
NAS“FARPAS”, EM 1872.
FORA DO CONTEXTO, ATÉ
PODE PARECER QUE FOI
PENSADO PARA OS DIAS
DE HOJE.