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EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIAS DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES
Tema 1:
Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais,
regionais e intercontinentais
Subtema 1:
Diversidade populacional e migrações em Minas Gerais
Tópico 2: Primeiros povoadores: os ameríndios e suas origens
Objetivos:
Examinar interpretação do século XIX sobre a origem e a possibilidade de civilização dos indígenas brasileiros
Providências para a realização da atividade:
Reprodução para os alunos dos textos propostos; pode-se reproduzir em lâmina para projeção. O glossário dessa atividade
oferece elementos que poderão subsidiar o trabalho com os alunos. Organize a sala para uma leitura conjunta e uma aula
dialogada. Na seqüência se sugere que as questões sejam feitas em duplas e depois discutidas em conjunto com a sala.
Pré-requisitos:
Sugere-se que esta atividade seja feita após a realização da OP correspondente a este tópico, porque nela foram discutidas as
teorias nossas contemporâneas da origem e expansão do ser humano sobre a face da terra.
Descrição dos procedimentos:
Abaixo são apresentados três textos. Um foi escrito no início da década de 1990 por uma antropóloga que explica a forma como o
século XIX entendeu a diversidade humana. O outro, foi escrito no século XIX por um naturalista que percorreu o Brasil de 1817 a
1820. O último traz uma curta afirmativa feita por um Presidente da Província de Minas Gerais, no século XIX. Para cada texto se
propõem algumas questões.
Texto 1:
Paradoxalmente, é no século XIX que a questão da humanidade dos índios se coloca pela primeira vez. O século XVI –
contrariamente ao que podia supor pela declaração papal de 1534 que afirmava que os índios tinham almas -, jamais duvidara de
que se tratava de homens e mulheres. Mas o cientificismo* do século XIX está preocupado em demarcar claramente os
antropóides dos humanos e a linha de demarcação é sujeita a controvérsias. Blumenbach, por exemplo, analisando um crânio de
Botocudo*, o entende como uma espécie de elo perdido entre o orangotango e o homem. (...) Menos biológico e mais filosófico, o
critério da primeira metade do século XIX é também aquele, setecentista, da perfectibilidade*: o homem é aquele que se
autodomestica e se alça acima de sua própria natureza.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Prólogo. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Legislação indigenista no século XIX. São Paulo:
Comissão pró-índio de São Paulo/ Edusp, 1992. p. 5.
Questões:
1) Discuta com seus colegas o significado das seguintes palavras utilizadas no texto: perfectibilidade, botocudos, antropóides.
2) Por que foi no século XIX, e não no XVI, que se duvidou da humanidade dos indígenas, segundo a autora?
Texto 2:
No meio das criações da civilização e dos costumes europeus que no Novo Mundo triunfalmente se espalharam do litoral para o
interior do continente, o indígena desta terra continua qual enigma obscuro, que ninguém ainda compreendeu. Se feições
singulares do corpo os diferenciam de todos os outros povos da terra, mais ainda se diversificam pela natureza do seu espírito e
do seu caráter. Permanecendo em grau inferior da humanidade*, moralmente ainda na infância, a civilização* não o altera,
nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo. Assim parecendo estar ainda na
minoridade, a sua incapacidade para o progresso assemelha-o a um velho estacionário; reúne, pois, em si, os pólos opostos da
vida intelectual. Este estranho e inexplicável estado do indígena americano até o presente, tem feito fracassarem todas as
tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz. E é exatamente nesta sua
natureza dupla que a ciência encontra a maior dificuldade para esclarecer a sua origem e determinar as épocas da História antiga
a que ele, há milênios, pertence sem, contudo, ter progredido. (...) O quê são, pois, estes homens vermelhos que habitam as
densas matas brasileiras, desde Amazonas ao Prata, ou que em bandos desordenados vagueiam pelas campinas solitárias do
território interior? Formam eles um povo, são eles partes dispersas de um todo primitivo, são povos diversos, ou são tribos
fragmentadas (...). A resposta satisfatória derramaria uma luz intensa sobre a história passada. (...) O passado remoto da
humanidade americana apresenta-se-nos como um abismo insondável. Milênios sem resultado passaram por esta humanidade e
o único testemunho da sua alta antigüidade é exatamente esta completa dissolução, (...) esta ruína absoluta. (...) os índios,
parcialmente quase irracionais (...). O homem vermelho, por toda parte apresenta somente um e mesmo destino monótono e, por
toda a parte a sua história é igualmente paupérrima. (...) um ambiente de exuberâncias atraentes encerra em si um veneno que
corrói a fibra da humanidade teremos, todavia, de procurar as causas da degeneração dos autóctones americanos ainda mais
profundamente do que na influência da natureza que agora os rodeia. Não foi somente nos vales cálidos e pujantes deste
continente, onde o índio está cercado de uma natureza prodigamente rica que ele decaiu até a presente brutalidade animal; nos
rochedos áridos e estéreis e nas frias florestas da Terra do Fogo habita uma raça na qual deparamos a índole característica dos
americanos ampliados até à proporção de um horrível pauperismo intelectual (...) Tal idéia que encaminha as nossas vistas para a
obscuridade remotíssima da pré-história da nossa raça, está de pleno acordo com a minha convicção de que os primitivos
germens e evoluções da humanidade americana, não devem ser procurados em parte alguma fora deste continente.
MARTIUS, Carl F. P. von. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982 (1867). Coleção
Reconquista do Brasil, vol. 58. p. 11, 12, 15, 67.
Questões:
1) De que forma von Martius enxergava os indígenas brasileiros?
2) Von Martius chamava os indígenas de ´povos velhos´. O que isso significava?
3) Por que considerar esses povos como sendo simultaneamente infantis e velhos era uma contradição apenas aparente?
4) A que conclusão von Martius chegou sobre esses povos?
Texto 3:
Presidente da província de Minas Gerais, Francisco Pereira de Santa Apolônia, explicava ao ser indagado sobre a índole dos
aimorés e dos botocudos, em 1827: Permitta-me V. Exª reflectir que de Tigres só nascem Tigres; de Leoens, Leoens se gerão; e
dos cruéis Botocudos (que devorão, e bebem o sangue humano) só pode rezultar Prole semelhante.
CUNHA, Manuela Carneiro da. Prólogo. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Legislação indigenista no século XIX. São Paulo:
Comissão pró-índio de São Paulo/ Edusp, 1992. p. 5.
Questão:
1) De que forma o estudo dos textos 1 e 2 nos auxiliam a compreender a frase pronunciada pelo Presidente da Província de
Minas Gerais, em 1827?
Possíveis dificuldades:
Os textos 2 e 3 são documentos. Sugere-se que o professor explique o que é um texto documental e a sua importância para se
compreender a forma de pensar, de ver o mundo, de relacionamento humano que existiam em outras sociedades. Como
documentos, os textos devem ser lidos com cuidado, sempre lembrando que seus autores escreviam para seus contemporâneos.
É importante que o professor fale, anteriormente, um pouco sobre o autor do texto 2, procurando despertar a curiosidade dos
alunos.
Alerta para riscos:
Não há
Glossário:
* Carl Frederico Philippe de Von Martius nasceu na Baviera, atual região da Alemanha, em 1794 e morreu em 1868, estudou
medicina. Em 1816, quando do casamento da arquiduquesa D. Leopoldina d’Áustria com o futuro D. Pedro I, os governos da
Áustria e da Baviera resolveram enviar uma comitiva para acompanhá-la. Desta comitiva faziam parte Von Martius, como botânico
e Spix, como zoólogo. A academia das Ciências exigia deles um aprofundado estudo de todas as produções naturais do Brasil.
Para cumprir sua missão eles percorreram o Brasil de 1817 a 1820. Eles partiram do Rio de Janeiro e percorreram os sertões do
Brasil, passando por Minas Gerais no vale do rio São Francisco, do rio Doce e Jequitinhonha, ainda dominados pelos indígenas.
Passaram por São Paulo, pela Bahia e foram ao Maranhão através de Pernambuco e Piauí. Também exploraram o rio Amazonas
desde sua foz até além das fronteiras do Brasil. Nesta longa viagem, toda realizada em lombo de cavalos e em canoas, Von
Martius e Spix (falecido em 1827) colheram uma grande quantidade de material – plantas e animais empalhados - que foi usado,
ao longo de suas vidas, depois de retornar a Alemanha, para redigir uma enorme quantidade de trabalhos, sobretudo de ciências
naturais, na botânica e na zoologia. Dentre as obras escritas por Martius referentes ao Brasil citam-se: Viagem ao Brasil, História
natural das Palmeiras, Plantas e animais da América tropical, A natureza, as doenças, a arte médica e os remédios dos habitantes
primitivos do Brasil. Sua mais famosa obra foi a Flora Brasiliensis, que deixou inacabada. Esta obra teve fausto apoio da
monarquia brasileira e nela Martius chegou a descrever mais de mil espécies de plantas brasileiras.
* Cientificismo: a segunda metade do século XIX foi marcada por uma arraigada crença no poder incomensurável da ciência de
tudo explicar e resolver. Acreditava-se então que a ciência seria capaz de completamente resolver todos os problemas humanos e
de conduzir a humanidade a um caminho do progresso infinito e à superação permanente dos males que a afligiam. Este
progresso frenético e incessante tinha como marca a locomotiva, a luz elétrica, o telégrafo. Cada novo invento conduzia a uma
cadeia de inovações e os homens sentiam-se capazes não apenas de prever o futuro, mas também de controlá-lo.
* Perfectibilidade: ou capacidade para aperfeiçoar-se. Conceito-chave no pensamento de Jean Jacques Rousseau, desenvolvido
no Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, a perfectibilidade seria a capacidade de o
homem, diante de adversidades e de obstáculos, para sobreviver, fazer uso de suas potencialidades e aperfeiçoar-se. A
perfectibilidade seria, no pensamento rousseauniano, uma potencialidade virtual, especificamente humana, que facultaria ao
homem o aperfeiçoamento. No estado natural, o homem viveria ao acaso das puras sensações. À medida que o homem teve de
enfrentar, nos mais diversos climas, dificuldades cada vez crescentes para sobreviver, precisou fazer uso dos dons dados a ele
pela natureza. Gradativamente, o homem foi deixando de ser natural, de utilizar-se de armas e de ferramentas oferecidas pelo
meio, e passou a construir artifícios para melhor dominar esse meio ambiente onde tinha de sobreviver. No pensamento de
Rousseau, a reflexão e o uso cada vez maior da razão pelo homem acabaram por determinar o fim do homem da natureza. Mas
para Rousseau o aperfeiçoamento humano teria gerado uma grande perda para a humanidade, uma vez que o homem deixara de
ser inocente e espontâneo. Ao tornar-se um ser policiado / polido, o homem passara a mover-se pela busca constante do
reconhecimento externo: orgulho, honra e amizade. O homem social era um ser corrompido, que vivia a correr atrás das
artificialidades do mundo, sem conseguir mais escutar suas próprias pulsões naturais. No pensamento rousseauniano, a
humanidade era una pois todos os homens, indistintamente, possuiriam a possibilidade de, através da atividade, desenvolver sua
razão. Rousseau, entretanto, afirmava que o aperfeiçoamento da razão apenas trouxera infelicidade aos homens, ao gerar um
distanciamento cada vez maior entre ser e parecer. A bondade estaria no estado natural e o homem selvagem, aquele que não fez
uso de suas potencialidades para se superar, seria o protótipo da felicidade humana. Portanto, a perfectibilidade era, no
pensamento rousseauniano, uma qualidade essencialmente humana, porém uma qualidade negativa. O século XIX apropriou-se
deste conceito rousseauniano, mas o entendeu de forma positiva: o quê distinguira o ser humano do animal seria exatamente a
capacidade para o aperfeiçoamento constante. Logicamente o modelo e os valores de uma sociedade perfeita era o europeu. Ver
o conceito de civilização empregado no século XIX no glossário do tópico 20.
* Civilização: ver o glossário do tópico 20.
* Botocudos: para o século XIX este era o protótipo do índio vivo e contra o qual se guerreava, nas primeiras décadas do século.
Era tido como de indomável ferocidade, o quê caracterizaria sua animalidade. Neste momento de abertura do rio Doce e do rio
Mucuri à guerra de conquista e de colonização, o botocudo que ocupava esta região se transforma no protótipo da dúvida para a
ciência: seriam eles humanos ou apenas antropóides?
*Grau inferior de humanidade: Von Martius aqui compara as culturas indígenas americanas com a européia. Contudo,
estabelecendo uma escala valorativa, considera as culturas americanas inferiores à dos europeus.
Roteiro de Atividade: Trabalho com documento histórico
Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental
Autor(a): Laura Nogueira Oliveira
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Ra ef-hi-01População mineira e brasileira: várias origens, várias histórias.

  • 1. EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIAS DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES Tema 1: Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais, regionais e intercontinentais Subtema 1: Diversidade populacional e migrações em Minas Gerais Tópico 2: Primeiros povoadores: os ameríndios e suas origens Objetivos: Examinar interpretação do século XIX sobre a origem e a possibilidade de civilização dos indígenas brasileiros Providências para a realização da atividade: Reprodução para os alunos dos textos propostos; pode-se reproduzir em lâmina para projeção. O glossário dessa atividade oferece elementos que poderão subsidiar o trabalho com os alunos. Organize a sala para uma leitura conjunta e uma aula dialogada. Na seqüência se sugere que as questões sejam feitas em duplas e depois discutidas em conjunto com a sala. Pré-requisitos: Sugere-se que esta atividade seja feita após a realização da OP correspondente a este tópico, porque nela foram discutidas as teorias nossas contemporâneas da origem e expansão do ser humano sobre a face da terra. Descrição dos procedimentos: Abaixo são apresentados três textos. Um foi escrito no início da década de 1990 por uma antropóloga que explica a forma como o século XIX entendeu a diversidade humana. O outro, foi escrito no século XIX por um naturalista que percorreu o Brasil de 1817 a 1820. O último traz uma curta afirmativa feita por um Presidente da Província de Minas Gerais, no século XIX. Para cada texto se propõem algumas questões. Texto 1: Paradoxalmente, é no século XIX que a questão da humanidade dos índios se coloca pela primeira vez. O século XVI – contrariamente ao que podia supor pela declaração papal de 1534 que afirmava que os índios tinham almas -, jamais duvidara de que se tratava de homens e mulheres. Mas o cientificismo* do século XIX está preocupado em demarcar claramente os antropóides dos humanos e a linha de demarcação é sujeita a controvérsias. Blumenbach, por exemplo, analisando um crânio de Botocudo*, o entende como uma espécie de elo perdido entre o orangotango e o homem. (...) Menos biológico e mais filosófico, o critério da primeira metade do século XIX é também aquele, setecentista, da perfectibilidade*: o homem é aquele que se autodomestica e se alça acima de sua própria natureza. CUNHA, Manuela Carneiro da. Prólogo. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Legislação indigenista no século XIX. São Paulo: Comissão pró-índio de São Paulo/ Edusp, 1992. p. 5. Questões: 1) Discuta com seus colegas o significado das seguintes palavras utilizadas no texto: perfectibilidade, botocudos, antropóides. 2) Por que foi no século XIX, e não no XVI, que se duvidou da humanidade dos indígenas, segundo a autora? Texto 2: No meio das criações da civilização e dos costumes europeus que no Novo Mundo triunfalmente se espalharam do litoral para o interior do continente, o indígena desta terra continua qual enigma obscuro, que ninguém ainda compreendeu. Se feições singulares do corpo os diferenciam de todos os outros povos da terra, mais ainda se diversificam pela natureza do seu espírito e do seu caráter. Permanecendo em grau inferior da humanidade*, moralmente ainda na infância, a civilização* não o altera, nenhum exemplo o excita e nada o impulsiona para um nobre desenvolvimento progressivo. Assim parecendo estar ainda na minoridade, a sua incapacidade para o progresso assemelha-o a um velho estacionário; reúne, pois, em si, os pólos opostos da vida intelectual. Este estranho e inexplicável estado do indígena americano até o presente, tem feito fracassarem todas as tentativas para conciliá-lo inteiramente com a Europa vencedora e torná-lo um cidadão satisfeito e feliz. E é exatamente nesta sua natureza dupla que a ciência encontra a maior dificuldade para esclarecer a sua origem e determinar as épocas da História antiga a que ele, há milênios, pertence sem, contudo, ter progredido. (...) O quê são, pois, estes homens vermelhos que habitam as densas matas brasileiras, desde Amazonas ao Prata, ou que em bandos desordenados vagueiam pelas campinas solitárias do território interior? Formam eles um povo, são eles partes dispersas de um todo primitivo, são povos diversos, ou são tribos
  • 2. fragmentadas (...). A resposta satisfatória derramaria uma luz intensa sobre a história passada. (...) O passado remoto da humanidade americana apresenta-se-nos como um abismo insondável. Milênios sem resultado passaram por esta humanidade e o único testemunho da sua alta antigüidade é exatamente esta completa dissolução, (...) esta ruína absoluta. (...) os índios, parcialmente quase irracionais (...). O homem vermelho, por toda parte apresenta somente um e mesmo destino monótono e, por toda a parte a sua história é igualmente paupérrima. (...) um ambiente de exuberâncias atraentes encerra em si um veneno que corrói a fibra da humanidade teremos, todavia, de procurar as causas da degeneração dos autóctones americanos ainda mais profundamente do que na influência da natureza que agora os rodeia. Não foi somente nos vales cálidos e pujantes deste continente, onde o índio está cercado de uma natureza prodigamente rica que ele decaiu até a presente brutalidade animal; nos rochedos áridos e estéreis e nas frias florestas da Terra do Fogo habita uma raça na qual deparamos a índole característica dos americanos ampliados até à proporção de um horrível pauperismo intelectual (...) Tal idéia que encaminha as nossas vistas para a obscuridade remotíssima da pré-história da nossa raça, está de pleno acordo com a minha convicção de que os primitivos germens e evoluções da humanidade americana, não devem ser procurados em parte alguma fora deste continente. MARTIUS, Carl F. P. von. O estado do direito entre os autóctones do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982 (1867). Coleção Reconquista do Brasil, vol. 58. p. 11, 12, 15, 67. Questões: 1) De que forma von Martius enxergava os indígenas brasileiros? 2) Von Martius chamava os indígenas de ´povos velhos´. O que isso significava? 3) Por que considerar esses povos como sendo simultaneamente infantis e velhos era uma contradição apenas aparente? 4) A que conclusão von Martius chegou sobre esses povos? Texto 3: Presidente da província de Minas Gerais, Francisco Pereira de Santa Apolônia, explicava ao ser indagado sobre a índole dos aimorés e dos botocudos, em 1827: Permitta-me V. Exª reflectir que de Tigres só nascem Tigres; de Leoens, Leoens se gerão; e dos cruéis Botocudos (que devorão, e bebem o sangue humano) só pode rezultar Prole semelhante. CUNHA, Manuela Carneiro da. Prólogo. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). Legislação indigenista no século XIX. São Paulo: Comissão pró-índio de São Paulo/ Edusp, 1992. p. 5. Questão: 1) De que forma o estudo dos textos 1 e 2 nos auxiliam a compreender a frase pronunciada pelo Presidente da Província de Minas Gerais, em 1827? Possíveis dificuldades: Os textos 2 e 3 são documentos. Sugere-se que o professor explique o que é um texto documental e a sua importância para se compreender a forma de pensar, de ver o mundo, de relacionamento humano que existiam em outras sociedades. Como documentos, os textos devem ser lidos com cuidado, sempre lembrando que seus autores escreviam para seus contemporâneos. É importante que o professor fale, anteriormente, um pouco sobre o autor do texto 2, procurando despertar a curiosidade dos alunos. Alerta para riscos: Não há Glossário: * Carl Frederico Philippe de Von Martius nasceu na Baviera, atual região da Alemanha, em 1794 e morreu em 1868, estudou medicina. Em 1816, quando do casamento da arquiduquesa D. Leopoldina d’Áustria com o futuro D. Pedro I, os governos da Áustria e da Baviera resolveram enviar uma comitiva para acompanhá-la. Desta comitiva faziam parte Von Martius, como botânico e Spix, como zoólogo. A academia das Ciências exigia deles um aprofundado estudo de todas as produções naturais do Brasil. Para cumprir sua missão eles percorreram o Brasil de 1817 a 1820. Eles partiram do Rio de Janeiro e percorreram os sertões do Brasil, passando por Minas Gerais no vale do rio São Francisco, do rio Doce e Jequitinhonha, ainda dominados pelos indígenas. Passaram por São Paulo, pela Bahia e foram ao Maranhão através de Pernambuco e Piauí. Também exploraram o rio Amazonas desde sua foz até além das fronteiras do Brasil. Nesta longa viagem, toda realizada em lombo de cavalos e em canoas, Von Martius e Spix (falecido em 1827) colheram uma grande quantidade de material – plantas e animais empalhados - que foi usado, ao longo de suas vidas, depois de retornar a Alemanha, para redigir uma enorme quantidade de trabalhos, sobretudo de ciências naturais, na botânica e na zoologia. Dentre as obras escritas por Martius referentes ao Brasil citam-se: Viagem ao Brasil, História natural das Palmeiras, Plantas e animais da América tropical, A natureza, as doenças, a arte médica e os remédios dos habitantes primitivos do Brasil. Sua mais famosa obra foi a Flora Brasiliensis, que deixou inacabada. Esta obra teve fausto apoio da monarquia brasileira e nela Martius chegou a descrever mais de mil espécies de plantas brasileiras.
  • 3. * Cientificismo: a segunda metade do século XIX foi marcada por uma arraigada crença no poder incomensurável da ciência de tudo explicar e resolver. Acreditava-se então que a ciência seria capaz de completamente resolver todos os problemas humanos e de conduzir a humanidade a um caminho do progresso infinito e à superação permanente dos males que a afligiam. Este progresso frenético e incessante tinha como marca a locomotiva, a luz elétrica, o telégrafo. Cada novo invento conduzia a uma cadeia de inovações e os homens sentiam-se capazes não apenas de prever o futuro, mas também de controlá-lo. * Perfectibilidade: ou capacidade para aperfeiçoar-se. Conceito-chave no pensamento de Jean Jacques Rousseau, desenvolvido no Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens, a perfectibilidade seria a capacidade de o homem, diante de adversidades e de obstáculos, para sobreviver, fazer uso de suas potencialidades e aperfeiçoar-se. A perfectibilidade seria, no pensamento rousseauniano, uma potencialidade virtual, especificamente humana, que facultaria ao homem o aperfeiçoamento. No estado natural, o homem viveria ao acaso das puras sensações. À medida que o homem teve de enfrentar, nos mais diversos climas, dificuldades cada vez crescentes para sobreviver, precisou fazer uso dos dons dados a ele pela natureza. Gradativamente, o homem foi deixando de ser natural, de utilizar-se de armas e de ferramentas oferecidas pelo meio, e passou a construir artifícios para melhor dominar esse meio ambiente onde tinha de sobreviver. No pensamento de Rousseau, a reflexão e o uso cada vez maior da razão pelo homem acabaram por determinar o fim do homem da natureza. Mas para Rousseau o aperfeiçoamento humano teria gerado uma grande perda para a humanidade, uma vez que o homem deixara de ser inocente e espontâneo. Ao tornar-se um ser policiado / polido, o homem passara a mover-se pela busca constante do reconhecimento externo: orgulho, honra e amizade. O homem social era um ser corrompido, que vivia a correr atrás das artificialidades do mundo, sem conseguir mais escutar suas próprias pulsões naturais. No pensamento rousseauniano, a humanidade era una pois todos os homens, indistintamente, possuiriam a possibilidade de, através da atividade, desenvolver sua razão. Rousseau, entretanto, afirmava que o aperfeiçoamento da razão apenas trouxera infelicidade aos homens, ao gerar um distanciamento cada vez maior entre ser e parecer. A bondade estaria no estado natural e o homem selvagem, aquele que não fez uso de suas potencialidades para se superar, seria o protótipo da felicidade humana. Portanto, a perfectibilidade era, no pensamento rousseauniano, uma qualidade essencialmente humana, porém uma qualidade negativa. O século XIX apropriou-se deste conceito rousseauniano, mas o entendeu de forma positiva: o quê distinguira o ser humano do animal seria exatamente a capacidade para o aperfeiçoamento constante. Logicamente o modelo e os valores de uma sociedade perfeita era o europeu. Ver o conceito de civilização empregado no século XIX no glossário do tópico 20. * Civilização: ver o glossário do tópico 20. * Botocudos: para o século XIX este era o protótipo do índio vivo e contra o qual se guerreava, nas primeiras décadas do século. Era tido como de indomável ferocidade, o quê caracterizaria sua animalidade. Neste momento de abertura do rio Doce e do rio Mucuri à guerra de conquista e de colonização, o botocudo que ocupava esta região se transforma no protótipo da dúvida para a ciência: seriam eles humanos ou apenas antropóides? *Grau inferior de humanidade: Von Martius aqui compara as culturas indígenas americanas com a européia. Contudo, estabelecendo uma escala valorativa, considera as culturas americanas inferiores à dos europeus. Roteiro de Atividade: Trabalho com documento histórico Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental Autor(a): Laura Nogueira Oliveira Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2007