1. 105o u t u b r o / 2 0 1 0 c r e s c e r
ideias para curtir ainda mais os nove meses e o pós-parto
Foto:Janbengtsson/etsa/corbis
ainda que você tenha preparado os seios para amamentar durante a gravidez, alguns
desconfortos podem surgir nas primeiras semanas. Uma pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fio-
cruz), divulgada com exclusividade à CRESCER, mostrou que 24% das 1.800 mães entrevistadas, que tiveram be-
bês entre fevereiro e março deste ano, encontraram alguma dificuldade para amamentar. As mais comuns eram
mamas muito cheias (24,8%), pega errada do bebê (15,4%) e fissura do bico (16,8%). Para todos eles há solução,
vocênãoprecisaficardesanimada,não.Seobebêfizera“pega”damaneiracorreta,evitaasfissuras.Posicionebem
a criança e veja se ela abocanha parte da auréola e do bico, essa é a forma correta. Para evitar as fissuras, não limpe
o seio imediatamente após a mamada. Faça massagens circulares nele e tente extrair leite depois de amamentar
para esvaziá-lo, se ainda estiver muito cheio. Fonte: Kátia sydronio, enfermeira do banco de leite da Fiocruz
amamentação
SOS
Por thais Lazzeri
reportagem ana Paula Pontes,
bruna menegueço,
Fernanda carpegiani e simone tinti
Deixar os seios
expostos ao sol
todo dia, por
15 minutos,
ajuda a
preparar o bico
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2. Pré-natal
1 0 6 c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 0
Você não fica (muito) irritada quando sabe que uma famosa perdeu, em menos
de um mês, todo o peso que ganhou na gestação? Definitivamente, esse não
é o caso da cantora ivete sangalo. ela confessou que só agora, quando o filho
marcelo completou 10 meses, conseguiu perder os 25 quilos (!!!) que engordou
na gravidez. um dos motivos da demora, segundo os médicos, é que, quanto
mais peso você ganha além do recomendado (entre 9 e 13 kg), mais tempo
leva para se livrar deles. se você está passando pela mesma situação de ivete,
é preciso ter um pouco de paciência. seu corpo pode demorar, em média, um
ano para voltar ao que era antes. a combinação tradicional de alimentação
balanceada e exercício físico vai ajudar, claro, e o ideal é que você esteja
acompanhada por um nutricionista e pelo ginecologista.
Fonte: georgia HaiK baDra, ginecoLogista e obstetra
Pode soar repetitivo dizer o quanto o cigarro é prejudicial na gravidez. Além de
todos os males que você já conhece, ele pode trazer problemas quando o seu
filho quiser se tornar pai no futuro. Um estudo dinamarquês revelou que o fumo
afeta a produção de células do bebê no útero, como as que se transformam em
espermatozoides. O resultado é menor concentração e qualidade do sêmen. E
isso acontece bem lá nos primeiros dias da gravidez.
Fontes: Jorge HaLLaK, uroLogista Do HosPitaL sírio-Libanês (sP) e
gustaVo aLarcon, uroLogista Do HosPitaL são Luiz (sP)
Cigarro x Fertilidade do Bebê
5 dicas
para
proteger
a lombar
Fotos:1maxHaacK/agnews;2wagnersantos/eDitoragLobos/a;3sebastiaomoreira/corbis.
3
Seu cOrpO
nO póS-partO
essa é a região das costas que mais
sofre durante a gestação. Veja as di-
cas da fisioterapeuta talmai Fernan-
des, grávida de nove semanas, para
driblar os possíveis desconfortos:
1na hora de dormir, deite de
lado e coloque um traves-
seiro entre as pernas para ali-
viar a pressão nas costas.
2Você não deve carregar peso,
mas se precisar pegar seu fi-
lho mais velho no colo, por exemplo,
agache primeiro, traga-o para junto
do corpo e, em seguida, erga-o len-
tamente usando a força da perna.
3Quando estiver em pé, man-
tenha as pernas um pou-
co afastadas e os joelhos leve-
mente dobrados. isso diminui
a curvatura da lombar.
4Ficar sentada força mais a co-
luna do que ficar em pé. en-
tão, sente sempre em cima dos ís-
quios, os ossos pontudos que
ficam embaixo do bumbum
5um bom exercício, que melhora
instantaneamente a dor, é a con-
tração do músculo transverso, que fi-
ca em volta da lombar e do abdômen.
Localize os ossos do seu quadril e es-
corregue um dedo em direção ao cen-
tro da barriga. Para encontrar esse
músculo, tussa, porque ele dá uma le-
ve saltadinha. contraia o músculo co-
mo se estivesse segurando o xixi. Fa-
ça esse movimento 15 vezes. Depois,
repita essa série mais duas vezes.
ivete
saindo da
maternidade,
no primeiro
show após
o parto e no
mês passado,
em nova York
21
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3. Pré-natal
1 0 8 c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 0
Não acontece para todo
mundo, mas muitas mulheres
se queixam da perda de libido
nessa fase. Vários fatores
colaboram. Para começar, seu
desejo sexual vai competir
com um cansaço extremo.
Afinal, cuidar de um
recém-nascido exige
muita energia. Segundo,
porque seu corpo ainda
está se recuperando
do parto e grandes
mudanças hormonais
estão acontecendo. São elas
as principais responsáveis
pela queda da libido. Para
amamentar, você produz
um hormônio chamado
prolactina, que ajuda na
produção do leite mas
inibe a ovulação. Ou seja,
enquanto amamenta, a
mulher não ovula e não sente
“aquele” desejo. Alguns
estímulos podem ajudar: beije,
abrace, troque carinho, vale
usar gelo, pétalas de rosa,
colocar uma música ao fundo.
Veja quais cremes de massagem
você pode usar (porque está
amamentando) e aproveite. Se
a dificuldade persistir, converse
com o ginecologista. Ele pode
pedir exames para ver se houve
alguma mudança significativa
na produção de hormônios.
Fonte: nicoLau D’anico FiLHo,
ginecoLogista e obstetra Do HosPitaL
samaritano (sP)
são várias as ocasiões que pedem um convite especial: o chá de bebê, para
agradecer a visita ao recém-nascido ou comemorar a festa de um ano. a marca
norte-americana boonie marcus collection, que já ganhou admiradoras como
a ex-modelo cindy crawford e as atrizes brooke shields e Halle berry, tem
modelos supercharmosos para cada ocasião. a boa notícia é que a empresa
entrega fora dos estados unidos, mediante o pagamento de frete. Você
escolhe os modelos no site www.bonniemarcus.com. as encomendas
podem ser feitas pelo e-mail orders@bonniemarcus.com. informe o
endereço de entrega, o item escolhido e a quantidade de produtos.
25 unidades de convites para chá de bebê (baby shower) custam
us$ 37,50 (cerca de r$ 75). eles são feitos com papel reciclado e
originado de madeira certificada pelo selo Fsc.
conVite
ceLebriDaDe
Certidão sem burocracia
De
...Que o meu
aPetite
sexuaL
Diminuiria
aPós o Parto
me contou...
ninguém
Fotos:1,2,3,4e5bonniemarcuscoLLection;6stewartcooKrexusa/corbis;7saraDeboer/corbis;9armanDogaLLo/retnaLtD.
apartirde3deoutubro,todososbebêsvãotercertidãodenascimentogratuitaeon-line.um
sistema de unidades interligadas fará a comunicação entre os cartórios e as maternidades
públicas e privadas do país. a medida foi publicada pela corregedoria nacional de Justiça com
o objetivo de reduzir a porcentagem de bebês brasileiros não registrados até o primeiro ano
idade, que chega a 12,2%, segundo a secretaria especial de Direitos Humanos (sDH).
no nosso
site antes
você viu
os convites de
bonnie marcus
conquistaram
as celebridades
Halle berry,
cindy crawford e
brooke shields
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Pergunte tudo
Escreva
para Crescer/
Dr. Taborda
Cartas:
Av. Jaguaré,
1485, ceP
05346-902,
são Paulo, sP.
E-mail:
wtaborda.
colunista@
edglobo.com.br
dr.tAbordA
resPoNde
Wladimir Taborda Médico ginecologista, obstetra e doutor em Medicina pela
Universidade Federal de São Paulo. Autor do livro “A Bíblia da Gravidez”
P: Apenas uma semana após descobrir a gravidez,
minha cabeça mudou radicalmente. Passei a fi-
car irritada, sem ânimo para sair da cama e, pior, sem a
menor vontade de ficar perto do meu marido. Parece
que o amor terminou do dia para a noite. Isso é normal?
MORGANA BUJES, Porto ALeGre (rs)
Dr. A adaptação à gravidez pode ser difícil para
algumas mulheres, especialmente na pri-
meira vez. Um turbilhão de novos hormônios, senti-
mentos e emoções inéditas pode gerar angústias e
incertezas sobre a capacidade de lidar com a gestação
ecomumavidacompletamentediferente.Adiminui-
ção da libido e do interesse pelo parceiro são relativa-
mente comuns, com todas as atenções voltadas para o
bebê e para o novo desafio. Não se culpe e procure
não ser exigente consigo mesma, deixe os sentimen-
tos fluírem naturalmente. Converse sobre esse assun-
to durante a consulta pré-natal. O médico saberá ava-
liar se existe algo que mereça atenção específica.
P: sou hipertensa e tomo um remédio que tem o
captopril como princípio ativo para controlar
a pressão. esse medicamento pode fazer mal ao meu
bebê? LAILA BALSAMÃO, rIbeIrÃo dAs NeVes (MG)
Dr. Sim. O uso de captopril não é recomenda-
do durante a gestação e o medicamento
deve ser substituído por outro. Existem diversas
alternativas eficazes e somente o médico obstetra
poderá indicar a melhor opção para o seu caso.
Gestantes com pressão alta exigem atenção espe-
cializada durante o pré-natal, com consultas mé-
dicas e exames mais frequentes, de modo a garan-
tir o bem-estar da mãe e do bebê.
Foto:rIcArdocorrêA
P: estou grávida de 25 semanas e há três tive uma
crise alérgica, fiquei com muita falta de ar. Procu-
rei minha obstetra e descobri que estou com bronquite.
ela também disse que devo estar com baixa imunidade.
Qual será o motivo dessa queda na resistência? Pode ser
a gravidez? Isso pode trazer alguma complicação para o
bebê? ISYS SANTOS, beLo HorIZoNte (MG)
Dr. De fato, a gravidez normal causa uma redu-
ção da resposta imunológica na gestante. A
bronquite, ou asma, é uma inflamação aguda das
vias respiratórias geralmente decorrente de alguma
infecção causada por vírus comuns ou por alergia à
poeira e aos ácaros. Outros fatores irritantes são as
mudanças bruscas de temperatura, a poluição e a fu-
maça de cigarro. Os sintomas mais comuns são falta
de ar ou dificuldade para respirar, tosse seca, febre e
dor de cabeça. O quadro melhora espontaneamente
em alguns dias na maioria dos casos, mas, na gravi-
dez, deve-se ter atenção especial e procurar o médico
logo nos primeiros sintomas. Deve-se ter em mente
que a gripe por influenza pode representar um risco
importante para a gestante e que os remédios usados
para o tratamento são seguros para o bebê. É preciso
entender também que bronquite ou asma não con-
trolada é mais prejudicial para o bebê do que os me-
dicamentos que a mãe venha a utilizar e que gestan-
tes não devem usar remédios por conta própria ou
aqueles que “deram certo” com outras pessoas.
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6. 1 1 3
V
ocê acha que seria ótimo ficar seis
meses em casa cuidando do seu be-
bê ou acredita que quatro meses são
suficientes? Tem medo de ser dis-
criminada no trabalho ao ficar grá-
vida? Se hoje a situação profissional
da mulher ainda não é a ideal – dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mos-
tram que o salário da mulher é, em média, 27,7%
inferior ao do homem para desempenhar a mesma
função –, qualquer novidade que possa colocar a
sua carreira em risco tem capacidade para se tor-
nar uma grande polêmica. E é justamente por es-
se momento que estamos passando.
Duas ações do Poder Legislativo prometem aque-
cer esse debate: a Proposta de Emenda à Constituição
(PEC), que concede o direito da licença-maternida-
de de 180 dias para todas as trabalhadoras brasilei-
ras, inclusive as da iniciativa privada, e um projeto
de lei que propõe reduzir a carga horária de oito pa-
ra seis horas durante o terceiro trimestre. Em am-
bos os casos, as mudanças não seriam opcionais.
Uma vez valendo, você vai ter que segui-las. E é justa-
mentenessaobrigatoriedadequeodebateganhaforça.
Difícil
decisãoTrabalhar duas horas a menos todos os dias no final da
gravidez e tirar licença-maternidade de seis meses. Isso
pode ser realidade em breve, mas levanta uma discussão
delicada: até que ponto é um benefício e quando
atrapalha a sua carreira Por Fernanda carpegiani e thais lazzeri
Sabemos o quanto um bebê ganha ao ficar mais tempo com a mãe, de
como esse contato inicial é importante, e, para uma grande parte das
mulheres, poder aproveitar esse benefício não é uma questão a ser dis-
cutida. É preciso levar em conta, porém, que, para outras mães, ficar
dois meses a mais longe do trabalho representa uma ameaça. E, infe-
lizmente, algumas empresas podem ver as novas leis como mais um
“dificultador” na hora de contratar uma mulher para a vaga.
A licença de seis meses obrigatória foi aprovada pelo Senado em agos-
to e seguiu para análise da Câmara dos Deputados, onde deve passar por
duas votações, ainda sem datas definidas, para então retornar ao Senado.
Hoje, funcionárias públicas e as de companhias que aderiram ao progra-
ma Empresa Cidadã (que permite a dedução dos dois meses extras no Im-
posto de Renda das empresas) já têm esse direito. A gerente de produtos
Adriana Arantes, 38 anos, mãe de Livia, 3 anos, e grávida de nove meses
da Carolina, achava que seis meses era demais, que a mulher poderia ser
prejudicada.Masaexperiênciadeoutrasamigas,quetrabalhamemcom-
panhias que empregaram o programa de incentivos fiscais, mudou o jeito
dela pensar. “Elas tiraram 180 dias, voltaram a trabalhar e está tudo bem.
Não houve traumas. A mãe retorna tranquila, mais focada”, afirma.
É claro que, se a maioria das mães pudesse escolher, ficaria mais
tempo com seu filho. O principal benefício você já conhece: amamen-
tá-lo exclusivamente até que ele complete 6 meses. Mas não é só isso.
Quem não ficaria mais segura deixando um bebê de 6 meses do que
um de 4 com outra pessoa? Nessa fase, a criança começa a
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7. c r E s c E r o u t u b r o / 2 0 1 01 1 4
sua carreira
independente de tirar seis ou quatro me-
ses, garantem os especialistas, o que vai
fazer diferença não é só a maneira como
a empresa e seu chefe veem esse perío-
do de afastamento, mas como você lida
e se prepara para ele. a pedido da crEs-
cEr, caitlin Friedman, coaching norte-ame-
ricana e autora de diversos livros sobre
mãe e trabalho, conta algumas dicas que
dá para grávidas durante suas consultorias:
”Guarde os comentários sobre a sua gra-
videz para si mesma. Não caia no estereóti-
po de que você não está mais focada no tra-
balho. É mais fácil ser julgada de alienada
pelos colegas se parecer que você está mais
interessada em suas próprias novidades do
que nos projetos que estão à sua frente.”
”Mantenha-se organizada e entusiasmada
com seu emprego. o que a gestante não po-
de fazer é chegar para conversar com o che-
fe esperando que ele resolva tudo para ela.”
”certifique-se de ter feito o máximo para
deixar tudo preparado para a sua ausência, de
forma que seus colegas não fiquem sobrecar-
regados com todo o seu trabalho e precisem
conversarcomoseuchefepararedistribuirsu-
as tarefas e atribuí-las a outras pessoas.”
ter uma alimentação diversa, consegue sentar e in-
terage mais. Sem falar que os primeiros meses com
o bebê em casa são tão intensos, com tantas novida-
des, que esses dois meses seriam um momento para
você também conseguir se organizar melhor. Mas a
grande questão, para muitas mulheres, é outra: qual
o impacto dessa decisão na carreira?
A jornalista Renata de Salvi, 25 anos, mãe de Sarah,
1,écontraalicençadeseismeses.Elaficouquatrome-
sesemcasaeachaqueasmãespodemserprejudicadas
e até perder oportunidades se tiverem que ficar mais
dois – e garante que não pretende ficar esse tempo em
casa na próxima gravidez. Alguns especialistas acredi-
tam que a mulher pode, de fato, perder alguma chan-
ce por ficar ausente durante um período tão extenso.
“Quanto maior o tempo de afastamento, maiores os
problemas para administrar as substituições e o retor-
no ao trabalho”, afirma Magnus Ribas Apostólico, di-
retor de relações trabalhistas da Associação Brasileira
de Recursos Humanos (ABRH-Nacional).
Outrosdizemqueoimpactovaidependerdapostu-
ra da nova mãe durante a licença. A especialista nor-
te-americana em coach e carreira, Caitlin Friedman,
autora de diversos livros sobre mãe e trabalho, sugere
que você não perca totalmente o contato com a em-
presa durante esse período. Isso, aliás, deixa o empre-
gador mais seguro. Não quer dizer que ele vá ligar no
meio da sua licença, mas que se sente à vontade para
isso.Chequeoe-mailcomalgumaperiodicidade,mas,
sequiserresponderouenviaralgumamensagem,sem
se tornar prisioneira do e-mail corporativo, espere um
tempo para fazer contato com alguém.
Algumas semanas antes de voltar ao trabalho, ten-
te ligar para o seu chefe e para os seus colegas com
o intuito de se atualizar sobre tudo o que aconteceu
enquanto você não estava. “Sua vida pessoal é cru-
cial para a sua felicidade. Você pode ficar insegura
manual de etiqueta
no Trabalho
duranTe a graVIdez
“sE você diz quE sua coMPaNhia sE
PrEocuPa coM o rEcursos huMaNos,
ENtão Ela tEM dE PENsar Nas PEs-
soas. E uMa das MaNEiras dE dEixar
a GEstaNtE bEM assistida É daNdo a
oPortuNidadE dE tirar 180 dias.”
Carmen miranda, consulTora sênIor
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8. 1 1 5
sobre como vai se sentir ficando tanto tempo em ca-
sa com o bebê, mas não vai descobrir se não tentar.
E, se voltar a trabalhar cedo demais, vai sempre se
perguntar como seria se tivesse aproveitado mais os
primeiros meses de vida do seu filho. É sempre di-
fícil voltar ao trabalho depois da licença, seja ela de
quatro ou seis meses. Será necessário se acostumar
com a extensão, mas uma vez que a norma esteja es-
tabelecida, todos vão aceitá-la”, diz Caitlin.
A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN), autora
da PEC, segue o mesmo raciocínio. “Quando a li-
cença de quatro meses foi aprovada, em 1988, tam-
bém causou furor. Se as mulheres não tivessem lu-
tado por ela, hoje não teríamos nada. É preciso dar
à mulher a oportunidade de ela aproveitar esse co-
meço de vida com o bebê”, afirma.
coMo o Mercado Vê a MudanÇa
Com a nova lei, que muda a Constituição Federal,
os dois meses a mais são custeados pelo governo. O
empregador teria de arcar para manter uma pessoa
no seu lugar. “Dessa maneira a mulher não vai sofrer
discriminação no emprego. No entanto, a legislação
é incompleta, pois ainda onera as empresas com os
encargos sobre o salário durante esse afastamento.
Cremos que as de menor porte terão mais dificulda-
de para essa administração”, afirma Ribas.
A consultora sênior Carmen Miranda, que traba-
lha em uma empresa multinacional que pertence ao
grupo Foco de RH, acredita que, independente des-
sas adaptações, a licença estendida deveria ser um
valor das companhias. “Se você diz que sua empresa
se preocupa com o recursos humanos, então ela tem
de pensar nas pessoas. E uma das maneiras de dei-
xar a gestante bem assistida é dando a oportunidade
de tirar 180 dias. Você não vai ter mulheres sendo
mães todos os meses, então é possível se organizar
para essa demanda. E mais: isso poderia até funcio-
nar como estratégia de marketing”, afirma.
Infelizmente, nem todo mundo é solidário com as
novas mães. Para Caitlin, a cultura corporativa mo-
dernadificultaavidadasmulheresquequeremconci-
liar o papel de mães e funcionárias. E, na opinião dos
especialistas, algumas medidas, apesar de pensar no
bem-estar da futura mãe, acabam por deixá-la ainda
mais exposta e fragilizada no ambiente de trabalho.
E é aí que se encaixa o novo projeto de lei do deputa-
do Jovair Arantes (PTB-GO), que pede a redução da
jornada de trabalho em duas horas a partir do tercei-
ro trimestre, ou seja, dez horas a menos por semana.
“Entendo com uma forma de discriminação da ges-
tante. Esse já é um período confuso emocionalmen-
te, e aí o projeto diz que você, apesar de estar bem
com sua saúde e capaz, tem de ficar afastada. Hoje a
lei permite o afastamento precoce quando a gravidez
é considerada de risco. Da maneira como foi coloca-
da, a grávida passa a ser tratada como incapaz”, afir-
ma Marcos Vinicius Poliszezuk, professor do Centro
Brasileiro de Estudos e Pesquisas Jurídicas.
Para Tatiana Dafferner, 36 anos, professora de in-
glês, grávida de oito meses do Felipe, duas horas a
menos por dia seria ótimo. “Vou sair de licença 20
dias antes porque me sinto muito cansada. Trabalho
em pé o dia todo. Se tivesse como reduzir a jornada,
continuaria trabalhando até mais próximo da data do
parto”, diz. Mas Vanessa Cagnin, 32 anos, vendedo-
ra, mãe de Alana, de 4 anos, e grávida de oito meses
e meio do Cauã, não gostaria dessa redução porque
está muito bem de saúde.
“É sEMPrE diFícil voltar ao trabalho
dEPois da licENça, sEja Ela dE qua-
tro ou sEis MEsEs. sErá NEcEssário
sE acostuMar coM a ExtENsão, Mas
uMa vEz quE a NorMa EstEja EstabE-
lEcida, todos vão acEitá-la.”
Caitlin friedman, coachIng
Então deveria ser da gestante o direito de escolha,
seja para reduzir a carga horária ou tirar a licença de
seis meses? Infelizmente, não existe uma maneira de
criarumaleicombrechas.Ouelaéparatodosounão.
Se vocêpermite que a funcionária escolha, acaba dei-
xando nas mãos da empresa um poder muito grande,
que pode acabar com a grávida sendo pressionada a
não aderir ao benefício.
É provável que até que seu bebê nasça, nenhuma
dessasmudançastenhamcomeçadoavalerlegalmen-
te. Mas o debate, sempre, é um momento para repen-
sar valores, novos argumentos e, por que não, de lu-
tar por causas justas à mãe e à criança. Se não
diretamente para você, para sua amiga e, em um fu-
turo nem tão distante, para os seus filhos.
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9. 116c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 0
Saúde
ElEs vão sEr idênticos?
os casos são raros. A incidência é de
um para cada 250 partos. Esse tipo
de gravidez, chamada de univitelina,
acontece quando um óvulo é fertilizado
por um único espermatozoide e, depois,
ele divide-se em dois. Alguns estudos
indicam que a reprodução assistida
poderia aumentar a frequência de
gêmeos idênticos pela manipulação
que o embrião sofre em laboratório. Por
enquanto, nada foi provado.
203GRAVIDAgemeos.indd 116 22/9/2010 20:48:45
10. 1 1 7
A gravidez de um único bebê é uma enorme novidade, mas
saber que são dois levanta todo tipo de dúvida, e os mitos
aparecem também. Aqui, tudo sobre a gestação de múltiplos
– dos cuidados que você precisa ter até o que acontece
com seus filhos dentro da sua barriga Por Ana Paula Pontes
gêmeos
S
evocêestágrávidadegêmeos,jáde-
ve ter se acostumado com questio-
namentos como “jura?” ou “é mes-
mo?”Terdoisaomesmotempogera
muita curiosidade não só sobre a
mãe (você já deve ter ouvido todo
tipo de conselho), mas sobre como
é o desenvolvimento dos bebês. E,
vamosconfessar,vocêtambémnão
fica curiosa com o que acontece aí dentro da sua barri-
ga? Há margem para todo tipo de pergunta: será que
eles interagem? Um acorda o outro? Os chutinhos são
simultâneos?Prepare-se:tudoissoacontece,sim!Seos
bebêsforemunivitelinos(dividiremamesmabolsa),en-
tão,umencostanooutrootempotodo,àsvezessearra-
nham e podem até se abraçar.
Na rede privada brasileira, como você sabe, o nú-
mero de gêmeos não para de crescer graças aos tra-
tamentos de reprodução assistida, principalmente a
fertilização in vitro. Dados da Sociedade Brasileira de
Reprodução Humana (SBRH) mostram que hoje são
feitas, em média, 25 mil fertilizações. Em 2005, não
passavamde15mil.Amedicinacaminhaparaimplan-
tar cada vez menos embriões por vez, mas ainda são
raros os casos por aqui de transferência única. O gine-
cologista Artur Dzik, diretor da SBRH, afirma que o
ConselhoFederaldeMedicinadevedivulgar,atéofinal
doano,novasrecomendaçõesparaonúmerodeembri-
õesimplantados.Paramulherescommenosde35anos,
seriam até dois. De 35 a 40, até três, e, acima de 40, até
quatro embriões por vez. Mas os médicos contam que
algunscasaischegamàclínicapedindoparaterdoisfi-
lhos de uma vez, mesmo sabendo dos riscos.
Éfatoqueagravidezdegêmeospedecuidadosespe-
ciais, que incluem desde realizar mais exames até, em
alguns casos, fazer repouso. Em contraponto, você vai
poderescolhermaisdeumnomedeumasóvez,nãote-
rádeoptarporapenasumacorparaoquartodascrian-
çase(amelhorparte)vaipreparardoisenxovaiseduas
malas de maternidade – ah, e não se esqueça de equi-
parseucarrocomduascadeirinhas!Confiracuriosida-
des sobre esse pré-natal tão especial.
mundo dos
o incrível
Foto:coneylJAy/gettyimAges
203GRAVIDAgemeos.indd 117 22/9/2010 20:48:49
11. c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 01 1 8
Saúde
Você VAi...
...fAzEr mAis ExAmEs A quantidade de ultras-
sonspodeserodobro(seisoumais),masalgunsmédi-
cos pedem o exame a cada 15 dias, em especial quan-
dosãogêmeosidênticoseháriscodecomplicações.Os
testes de urina e de sangue são mais frequentes. O ide-
al é que você faça visitas quinzenais ao médico, princi-
palmente no início e no fim da gestação.
...PAssAr mAis dE umA horA no ultrAs-
som O cuidado começa na hora de agendar o exa-
me. Avise que se trata de uma gestação gemelar por-
que o técnico vai precisar ficar mais tempo com você
(o morfológico pode levar até 1 hora e meia) No co-
meço, você até pode ver os bebês na mesma posição,
parece até que combinaram. Depois, eles vão se chu-
tar, um ficar com o pé na cara do outro. E os corações
deles não batem, necessariamente, ao mesmo tempo.
...sEntir mAis dEsconfortos É quase
tudo duplicado (dificuldade para ir ao banheiro,
enjoo, azia...) porque a produção de hormônios é
maior. O inchaço segue o mesmo padrão. Para evi-
tá-lo, use meias elásticas (com recomendação mé-
dica), deixe as pernas um pouco elevadas sempre
que puder, evite usar salto alto e ficar muito tem-
po na mesma posição e tome muita água.
...comPrAr mAis rouPinhAs Os bebês
vão precisar de 30 bodies. Uma dica é colocar as
iniciais de cada um nos paninhos de boca para evi-
tar que um transmita ao outro alguma infecção. E
serão até 480 trocas de fralda por mês...
2 dúVidAS de quem AcAbou
de deScobrir que São doiS
1
A grAvidEz é sEmPrE dE risco? Se
comparada a uma gestação com um único
bebê, é, sim. Algumas complicações, como
pressão alta, diabetes gestacional e até parto pre-
maturo, são mais comuns. Outro fator importan-
te é a idade da mulher – gestações tardias pedem
mais cuidado. Quando os bebês são idênticos e di-
videm a mesma placenta, é preciso dar mais aten-
ção também. Pode acontecer de um deles “roubar”
sangue do outro (chamado de transfusão), que faz
com que um cresça mais que o outro. Os principais
riscos são baixo peso do bebê ao nascer, dificulda-
des respiratórias etc.
2
A dEscobErtA do sExo é mAis
difícil? Nem sempre. O primeiro ultras-
som morfológico, indicado entre a 12a
e a 14a
semanas, pode mostrar o sexo dos bebês. Mas a cer-
teza é maior a partir da 18a
semana. Tudo vai depen-
der da posição em que eles estão na barriga. Outra
opção é o exame de sexagem fetal, um teste de san-
gue feito entre a 8a
e a 9a
semanas. A questão é que
ele só vai funcionar se forem duas meninas. Ele de-
tecta a presença do cromossomo Y no sangue então,
na ausência dele, é positivo para meninas. Mas se
um Y estiver presente no seu sangue, dá para dizer
que pelo menos um dos bebês é um menino.
AtEnção à AnEmiA
Ela é mais comum em gestações múltiplas
porque as substâncias presentes no seu
organismo, como ferro e cálcio, ficam
mais diluídas, já que o volume de sangue
aumenta muito – cerca de 30% quando
comparada a uma gestação única. Quem é
vegetariana mas come derivados animais,
como leite e ovos, a princípio não precisa
voltar a comer carne vermelha. E o ganho
total de peso não deve passar de 15 quilos.
bEbês Em movimEnto
você pode dizer para todo mundo
que vai sentir os bebês mexerem
antes de quem esperava um só, por
volta de 16a
semana, e não da 20ª.
os movimentos são mais intensos.
Afinal, são dois se espreguiçando! E
nessa brincadeira um pode acordar o
outro (não é porque são gêmeos que
eles dormem ao mesmo tempo).
há mulheres que sabem até qual dos
dois está se mexendo.
203GRAVIDAgemeos.indd 118 22/9/2010 20:48:49
12. 1 1 9
no site
da crescer
Conheça as
famosas que
tiveram gêmeos
fontes: Artur dzik,
ginecologistA,
diretor dA
sociedAde brAsileirA
de reProdução
HumAnA; edson
borges, diretor dA
clínicA Fertility (sP);
eduArdo dA mottA,
ginecologistA, dA
clínicA Huntington
(sP); Flávio gArciA,
ginecologistA e
diretor dA clínicA
Fgo (sP); FrAnco
Junior, Presidente
dA comissão de
reProdução HumAnA
dA FederAção
brAsileirA dAs
AssociAções
de ginecologiA
e obstetríciA;
JonAtHAs borges,
ginecologistA
e obstetrA do
HosPitAl isrAelitA
Albert einstein
(sP); reginA céliA
bArreto, enFermeirA
do HosPitAl são
luiz (sP); sebAstião
zAnForlin,
esPeciAlistA em
medicinA FetAl;
selmo geber,
diretor dA rede
lAtino-AmericAnA
de reProdução
AssistidA
AmAmEntAr dois sim, é possível. o que pode acontecer, em alguns
casos, é o médico recomendar, desde o nascimento, que você complemente o aleitamento
materno com uma fórmula específica. você não precisa (nem deve) ficar ansiosa agora. como
você viu, o fato de ter mais de um bebê não vai ser um impedimento para amamentá-los.
PrEciso ou não
fAzEr rEPouso?
Ele é necessário na maioria dos casos.
os especialistas aconselham repouso
em casa por volta da 28a
semana
para aumentar a chance de os bebês
nascerem no tempo certo. uma das
justificativas é que os hormônios
produzidos pelo estresse do dia a
dia podem estimular os hormônios
responsáveis pelas contrações.
Tudo Sobre o pArTo
cEsárEA x PArto normAlÉumaquestãopolê-
mica.Algunsespecialistasafirmamqueopartonormal
épossívelsemãeebebêsestiverembeme,esses,napo-
siçãodenascimento(decabeçaparabaixo)ecompesos
parecidos.Quandooprimeiroentrarnocanaldeparto,
o segundo se posiciona. Mas a maioria dos médicos de-
fende a cesárea porque a consideram mais segura. Um
dos problemas citados é quando o primeiro bebê nasce
de parto normal e o segundo não passa, precisando de
uma cirurgia de emergência, que coloca a vida dele em
risco. A cesárea também é mais comum porque muitos
partos gemelares são prematuros.
nAscEr AntEs do tEmPo Até metade das ges-
taçõesmúltiplasterminamantesda37a
semanaporque
um dos mecanismos que desencadeiam o trabalho de
parto é o volume do útero e, com o peso de dois, ele se
distenderapidamente.Amaioriadosbebêsprematuros
vai para a UTI porque alguns órgãos, como os rins, po-
demestarimaturos.Elesprecisamganharpesoe,prin-
cipalmente, aprender a respirar sozinhos.
cAdAumnAscEEmumdiANãoécomum.Abol-
sa de um deles pode romper e o útero contrair, fazendo
comqueumbebênasçaantesdahora.Antigamente,era
realizado o parto do outro, mas hoje é possível poster-
gar o nascimento do segundo. Nesse caso, a mãe preci-
satomarantibióticosefazerrepouso,que,dependendo
do caso, pode ser em casa ou no hospital.
um bEbê mAior QuE o outro Se eles nas-
cerem com mais de 37 semanas, podem ter cerca
de 2,8 quilos e a diferença de peso entre eles não
ultrapassa 10%. A exceção ocorre em casos de gê-
meos que dividem a mesma placenta e fazem uma
transfusão de sangue entre eles. Aí, um ganha mais
peso que o outro. Resultado: um pode nascer com
2,5 quilos e o outro com 1,4, por exemplo.
AS TemidAS eSTriAS
Elas sempre aparecem porque a pele estica bastan-
te, especialmente em uma gravidez gemelar, mas o
que vai determinar a intensidade é a sua genética.
Calma. Há maneiras de driblá-las. Passe (muito) hi-
dratante pelo menos duas vezes ao dia e evite ali-
mentos com sódio, como os industrializados e co-
mida semipronta, para não reter muito líquido.
exercícioS fíSicoS: pode ou não?
Só o obstetra pode dizer se você está liberada. Al-
gumas atividades físicas leves, com a orientação
de um especialista, são boas aliadas para fortale-
cer a musculatura da coluna e para manter a sua
postura correta – na gravidez de gêmeos, a ten-
dência é você se curvar ainda mais para manter o
equilíbrio, o que prejudica a região lombar. Fazer
sessões com fisioterapeuta é indicado. Os exer-
cícios realizados na água, sempre recomendados
para gestantes, são boas opções porque têm baixo
impacto e não forçam as articulações, que, nessa
fase, ficam mais desprotegidas.
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13. 120c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 0
Entrevista + moda
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14. 1 2 1
A jornalista e apresentadora do tempo Rosana Jatobá, grávida
de gêmeos, conta que está curtindo (muito) a fase mais inspiradora
de sua vida durante este ensaio de moda exclusivo
Por thais lazzeri fotos christian gaul styling Vanessa Monteiro
PRONTA
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Vestido
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15. c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 01 2 2
Entrevista + moda
s termômetros em São Paulo,
capital, marcavam 31º C em
uma manhã de sexta-feira. A
previsão que a apresentadora
do tempo Rosana Jatobá ha-
via dado no dia anterior du-
rante o Jornal Nacional, da
Rede Globo, estava correta.
E o clima – não há uma pa-
lavra melhor quando você está ao lado de uma das
jornalistas mais especializadas em tempo do Brasil
– no ensaio fotográfico que Rosana fez para CRES-
CER não poderia ser melhor (você confere tudo
nas próximas páginas). Antes do tradicional “bom
dia”, ela, com um sorriso contagiante, disse: “Olha
o tamanho da minha barriga!” Não é exagero dizer
que ela, aos 39 anos, está curtindo muito a gravi-
dez de gêmeos, um menino e uma menina. “É uma
fase mágica. Me sinto uma rainha.”
De salto alto, em cima dos tamancos que vão
roubar a cena no verão, Rosana estava radiante. Ela
jura que engordou 900 gramas a mais do que de-
veria, mas é imperceptível. Naquele dia, ela usava
um vestido que tinha comprado há alguns anos –
mais uma prova de que está em forma, sim. Aqui,
ela conta todas as mudanças pelas quais já passou
e quanto os cinco meses de gestação modificaram
a maneira como ela encara o mundo.
nesta PÁgina
Macacão,
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CRESCER: como foi receber a notícia de que
eram gêmeos?
Rosana Jatobá: É uma bênção que aconte-
ceu na minha vida. Quando saí do exame de ultras-
som, comprei duas roupinhas. E, ainda que as ima-
gens não mostrassem muita coisa, sabia que iaser um
menino e uma menina. Pensamos em quatro nomes:
Lara, Beatriz, Bernardo e Benjamin, mas eu os cha-
mo por Lara e Benjamin (risos). Eles são bivitelinos
(gêmeos que não são idênticos). Ainda não os sinto
mexer, mas no ultrassom eles dão cambalhotas!
C.: Você fez algum tratamento específico para conse-
guir engravidar?
R.J.: Sim.Desdeofinalde2008estávamostentando.
Descobriquetinhaumproblemaemumadastrompas
edéficitdeprogesterona.Esteanocomeceiumparaes-
timularaovulação,quelevounovedias.Vocêincha,as
mudanças de humor são frequentes. Meu
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17. c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 01 2 4
Entrevista + moda
blusa,
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neon, calça,
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203GRAVIDAjatoba.indd 124 22/9/2010 20:51:13
18. 1 2 5
médico disse que nada ia valer a pena se eu e o Fred,
meumarido,nãoassumíssemosocompromissodeten-
tar no tempo certo – eram três dias vitais –, e que não
bastava contar apenas com a tecnologia, que a gente
precisava criar “um clima”. Mas como relaxar em uma
cidade como São Paulo? Fizemos várias manobras pa-
ra tirar dez dias de férias e viajar para Miami (EUA).
O foco era engravidar, mas eu aproveitei para comprar
parte do enxoval do bebê da minha irmã. O Fred fazia
oimpossívelpararelaxarmos.Eledizia:“Vamostomar
champanhe”, ou: “Vamos tomar um drinque que ouvi
dizer que é estimulante”, preparava jantares românti-
cos. Fui cercada de todos os cuidados e estímulos. Foi
uma delícia. Não sei dizer como, mas um dia senti que
tinha engravidado. Era minha intuição, e contei para
ele: “Fred, rolou”. Quando veio a confirmação, para
mim não foi uma grande surpresa.
C.: Você teve muitos desconfortos no primeiro
trimestre?
R.J.: Tive todas as intercorrências de uma grávida:
constipação, náusea, dor de cabeça. E muita sensibi-
lidade. Um dia estava extremamente triste. No outro,
muito feliz. Parece que você não se conhece mais. Pa-
ra complicar o cenário, sofri uma torção ovariana (o
ovário dá uma volta no próprio eixo) durante uma gra-
vação na Bahia. A estimulação que fiz para engravidar
podetersidoacausa.Adorerainsuportável,acheique
estava perdendo os bebês, e meu marido só ia chegar
no dia seguinte. Fui internada, mas o ovário voltou so-
zinho para a posição normal. Três dias depois, em São
Paulo,eletorceunovamente,eeupasseiporumacirur-
gia de urgência para reverter. Era uma laparoscopia, e
o médico disse que não tinha riscos. Agora o engraça-
doéqueeuescrevosobresustentabilidade(elatemum
blog, o g1.globo.com/platb/rosanajatoba). No segundo
texto do blog, falo sobre isso. Para fazer o exame, eles
injetam CO2
(gás carbônico, um dos responsáveis pelo
aceleramento do efeito estufa) em você para dilatar os
órgãos. Passei uma semana toda “estufada” (risos). Jus-
to eu, que sou superpreocupada com as mudanças cli-
máticas (risos). Depois que a gente passa pela tragédia,
tem que rir um pouco. Quando vi no ultrassom que os
bebês estavam bem, relaxei.
C.: a sua rotina já está muito diferente?
R.J.: Reduzi um pouco o ritmo de trabalho. Alguns
compromissos,comosermestredecerimônia,nãoacei-
to mais. Meu médico também diminuiu minhas ativi-
dades físicas, mas não foi por acaso. Há pouco fiz uma
cerclagem (pequena cirurgia com objetivo de manter
o colo uterino fechado até o final da gravidez) porque
ultrapasseiolimitedoencurtamentodoútero.Porcon-
ta desses problemas, meu parto vai ter que ser cesárea,
maseuqueriasabercomoéopartonormal...Comtudo
isso,meufocoestánaparteintelectual:omestradoque
faço sobre mudanças climáticas, o blog e o projeto de
umlivro,quefaladasmaiorescatástrofesambientais–
um pouco tenso para uma gravidez, não é? (risos).
C.: como é estar grávida na tV?
R.J.: Estousurpresacomaboarepercussãodagravi-
dezdentroeforadaTV.Todoscurtemmuito,mandam
mensagens de apoio e dão dicas de todo tipo. Fui mui-
tobemacolhidapeloschefesque,numademonstração
de alegria e solidariedade, não impuseram qualquer
restrição ao trabalho. Tenho a liberdade de decidir a
melhorhorademeausentar,eabarriganãoatrapalha
emnada.Aocontrário,agravidezaproximaaspessoas
emostraolado“deverdade”damulher,omaisprimi-
tivo e atávico, sem máscaras, sem disfarces. Tem algo
mais jornalístico que isso? (risos). É claro que chama
muitomaisaatençãodotelespectador,masnãochega
a distorcer a notícia. É mais um elemento na imagem
que o profissional transmite. Enfim, com essa recep-
çãotãocalorosa,achoquevousentirsaudadesquando
estivercumprindoalicença-maternidade,evouquerer
engravidar todo ano! (risos). E é bom perceber tam-
bémqueasgrávidasestãoconquistandoumimportan-
te espaço social. A licença de seis meses é uma vitória
que deve ser encarada sem temores.
C.: e os cuidados com a beleza, aumentaram?
R.J.: Sempre me cuidei bastante. Mas tenho, sim,
algumas preocupações específicas por conta da gra-
videz. Sol na barriga e no rosto nem penso em tomar.
Imagine o que é isso para uma baiana? Mas eu não
deixo de estar na praia, vou com maiô e chapéu. Passo
creme no corpo e no rosto religiosamente quatro ve-
zes ao dia para manter a pele hidratada. Outra gran-
de preocupação é com o ganho de peso. Sigo ao má-
ximo as recomendações da nutricionista.
C.: Você começou a comprar o enxoval dos bebês?
R.J.: Aindanãomontamosoquarto.Separamosfotos
doquegostamos,masnãoseisevaiseguiro
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19. c r e s c e r o u t u b r o / 2 0 1 01 2 6
Entrevista + moda
estilo clássico ou se vai ter uma pitada mais moderna.
Gosto de misturar essas duas referências. Mas roupi-
nhas... As pessoas dizem “mas eles vão perder tudo is-
so”. Aí eu respondo dizendo que não tem problema,
que depois eu guardo de recordação. Comprei até as
queelesvãousarnamaternidade.Cadadiavaiseruma
cor diferente. Primeiro amarela, que traz bem-estar e
prosperidade. Depois branca, para abrir os caminhos.
No terceiro vai ser a clássica azul e cor-de-rosa. No dia
da alta eles vão estar de vermelho, para dar sorte – e,
segundo meu marido, para evitar o mau-olhado.
C.: e o seu marido, como ele está lidando com as
novidades?
R.J.: Ele está supermexido, chorão. Brinquei que
se ele chorar assim no parto, vai ter de sair da sa-
la (risos). Todo dia ele fala: “Que sorte a gente teve
de ter dois bebês”. Sempre pedi nas minhas orações
para conhecer uma pessoa especial, um homem que
me respeite, para montar uma família. Meu marido
está muito enternecido, e feliz com minhas novas
formas (risos). Ele brinca: “Quanta carne, amor”.
C.:Quais outras mudanças você sentiu?
R.J.: A gravidez deixa a mulher ainda mais intuiti-
va. Sinto que estou mais confiante, criativa e menos
temerosa a pequenos problemas. Carrego um senso
maior de justiça comigo, meu olhar se direciona para
essas questões do mundo. Até pouco tempo eu ouvia
algumasnotíciasapenascomofatojornalístico.Ama-
ternidade muda o foco do pensamento, humaniza e
conectaamulheraummundo maisgeneroso,menos
individualista. Outro dia, vi, em uma matéria, uma
mãe que perdeu um bebê por conta de um erro médi-
co. É uma indignação, você fica imaginando a dor da-
quelapessoa.Penseinasortequeeutenhodeserbem
assistida. Esse é o momento que toda mulher para e
pensa: qual o mundo que eu quero que o meu filho
cresça?Eufalodetempo,efeitoestufa,catástrofesna-
turais, é inevitável pensar que eles vão viver isso tam-
bém. Por isso nós, pais, devemos lutar ainda mais por
um mundo melhor para os nossos fihos.
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P ateliê, calça
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