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♣ PAI NOVO ♣
          OU
     JOVEM VELHO
        Palestra em Quatro Atos



               Fernando Antonio F. Anselmo



Guarde sempre.: Se você quer me amar, legal! Eu gosto de você
               Se você que me desvalorizar, o problema é seu
              Aprendi que somente eu posso me desqualificar
Pai Novo ou Jovem Velho


                                    I Ato - Deus
       “Onde houver um grande desejo de aprender, haverá necessariamente muita discussão,
muitas opiniões, pois a opinião dos homens sinceros nada mais é que o conhecimento em
formação.” ( Milton )
       Que dia mais lindo, dou graças ao senhor de todas as criaturas, aqueles que alguns
chamam de “A força”, “O Senhor”, “O divino”, mas eu modestamente o chamo de DEUS, assim
como Francisco de Assis, dizia ao acordar, também faço minhas as suas palavras :
        “Irmão sol, você que substituiu a irmã lua, obrigado por vir aqui neste belo dia alegrar
esta minha manhã, o Senhor meu Deus te fez forte e quente, sedes bondoso comigo, que teu calor
me aqueça, mas que não me queime, que teus raios iluminem minha visão, mas não a cegues,
enfim ficas comigo até que o Senhor meu Deus te digas o contrário.”
         E Deus, Francisco era um homem que amava as tuas coisas, amava a natureza e a teus
homens, por isso ele era um homem santo, um homem que devia ser imitado e não adorado como
muitas pessoas fazem, Deus, será que elas não lembram que um dos teus primeiros mandamentos
é não adorar outros deuses, ídolos ou imagens, se não a ti, que és o único e verdadeiro, sinto pena
daquelas pessoas que colocam os santos como telefonístas para chegarem-se a ti, mas o que eu
posso fazer, como eu posso lhes dizer tal coisa, que aquilo que elas fazem está errado, se lhes foi
dito, e mostrado por gerações e gerações que isto era certo, espero que as próximas gerações, com
esta abertura que está acontecendo do que antes era proibido, saibam o real sentido da palavra
santo, mas deixo esta função a ti, pois sei que és o Senhor de toda a sabedoria, e acredito que tudo
o que há nesta vida, tem um plano, por ti, já traçado.
         O canto onde me encontrava estava totalmente escuro, eu, mais um como você, estava
apenas esperando o meu nome ser chamado, mas porque tinha que me lembrar daquelas vãs
filosofias em que se aprende lendo revistas do tipo fotonovela ou assistindo as telinhas, filosofias
do tipo “segundos me pareciam horas, minutos dias, horas..” ah! deixa isso pra lá, o importante é
que hoje seria o meu dia, o dia em que tanto batalhei, onde organizei conceitos e idéias, frases e
mentiras, é infelizmente mentiras, mas porque o ser-humano tem que prestar-se a este papel
degradante, enganar a outras pessoas apenas para atingir algo, ou alguma coisa, para falsear, fugir
de sua realidade inventando outras. Mas eu tinha conseguido e jurei para mim mesmo que nunca
me arrependeria.
        Continuava olhando para meu relógio nervoso, as apresentações já haviam se acabado,
mais alguns minutos e eu seria chamado para receber o meu justo prémio, a minha justa
valorização, por quanto tempo fiquei fechado no meu própio espaço, quantas vezes tive de
abaixar a cabeça por medo, minha história é igual a de qualquer outra pessoa, mas existem certas
situações específicas que passamos que ficam registradas, como em uma fotografia, e cada detalhe
é marcado em nossa memória.
        Ainda me lembro a tarde onde tudo mudou, sentado no parque, no jardim, com medo que
as outras crianças maiores do que eu viessem me chatear, comendo um bolo de chocolate,
escondido, com vergonha, que minha mãe tinha preparado na manhã anterior.




                                              Folha 2
Pai Novo ou Jovem Velho

        De repente, do nada, um pequeno pardal voou para perto de onde eu estava e veio, veio,
veio se aproximando e ficou em cima do meu pé, comendo as migalhas de bolo que eu derrubava
de minha mão, no minuto seguinte ele pulou para o meu colo onde mais migalhas se acumulavam,
pensei em ofereçer-lhe um pedaço, mais fiquei com medo que ele voasse, mas resolvi fazê-lo, e
ele não se fazendo censurado comeu meu bolo e enquanto ele comia, me lembrava, do covarde
que eu sempre fui em toda a minha vida, me escondendo dentro de meu quarto, não querendo
jogar bola para não me machucar.
        É a gente sempre foge de tudo e de todos a vida inteira e nem se dá conta, consegui
resumir os feitos de toda a minha vida em apenas seis segundos, sem descontar o tempo do
comercial, e olha que já tinha oito anos, em meu caderno de português havia um texto que
explicava bem isso, um texto de Marina Colassanti :
           Eu sei, mas não devia. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A
           gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter
           outra vista a não ser as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se
           acostuma a não olhar para fora, logo se acostuma a não abrir as
           cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que
           se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente
           se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A
           tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque
           não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não
           dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no
           ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter
           vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E
           aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos.
           E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz,
           aceita a ler todo o dia de guerra, dos números de longa duração. A
           gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: Hoje não
           posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser
           ignorado quando precisava ser visto. A gente se acostuma a pagar por
           tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar dinheiro com
           que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para
           pagar. E a pagar muito mais do que as coisas valem. E a saber que
           cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais
           dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se
           acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios.
           A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir no cinema e engolir
           publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na
           infindável catarata de produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz
           artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural.
           Às bactérias de água potável. A contaminação da água do mar. A lenta
           morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de
           madrugada, temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a
           não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para
           não sofrer. Em doses pequenas, tentanto não perceber, vai se afastando
           uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está
           cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se
           a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua no resto do
           corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de
           semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai
           dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado.
           A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele.
           Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de
           faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para




                                             Folha 3
Pai Novo ou Jovem Velho

poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar,
se perde de si mesma !! Eu sei, mas não devia !




                               Folha 4
Pai Novo ou Jovem Velho




                                iI Ato - negros
         Após isso minha vida mudou, deixei de ser uma criança isolada, para me tornar o lider,
não, lider não, é mentir muito, o palhaço da classe, pessoas riam das palhaçadas que eu fazia e das
mentiras que eu contava, como aquela em que atravessei o litoral brasileiro todo em um buggy
com minha turma, muitos alunos podem até ter duvidado, mas, pelo menos tirei um dez em minha
redação sobre as férias.
       Em filosofia se aprende que mentira é qualquer distorção da verdade, seja para mais ou
para menos, mas como alguém pode me culpar por mentir, afinal, todos nós mentimos, e muitas
vezes cometemos o pior, mentimos para nós mesmos. Não é fácil mentir, lembra do que
aconteceu com PINÓQUIO, aquele garoto do nariz, mais mentir ás vezes pode trazer certas
compensações, como uma surpresa agradável ou um status qualquer.
         Mas realmente o pior da história, é que, quando se conta uma mentira não se consegue
repetí-la sem que se vá aumentando um pouquinho, eu sei, eu ainda me lembrava ainda de todo o
texto, mas o que me faltava era o como fazer para mudar minha vida, um método para não mais
ser uma ilha num vasto oceano, então, criei meu própio método, serviu bem até os quinze anos,
pois derrepente se descobre que não se é mais aquela criança, e as bricadeiras que eu fazia em
minha infância acababaram por se tornarem chatas sendo vistas por adolescentes, e quanto ao
resto, era apenas ofensa.
        Novamente precisei me isolar para avaliar o que tinha aprendido, cheguei a uma solução,
teria que me limpar, começar desde o início, zerar a minha cabeça, minha mente, meus
ensinamentos, minhas teorias e principalmente minhas idéias.
        Parei e pensei mas como posso desprezar minhas idéias ? como posso conversar com uma
garota e dez minutos depois não ter pelo menos feito umas duas piadas sobre ela ? como posso eu
acreditar que o negro é inteligente, ou pelo menos gente.
        Infelizmente eu era racista, do tipo que chamava negro de preto, como se ele fosse
pintado. Como me livrar disso. Bibliotecas, graças a Deus elas existem, adoro elas, sempre tem-se
ótimas idéias lá dentro, ou pelo menos o silêncio para um bom cochilo, resolvi folhear livros da
África do Sul, me dava apenas mais raiva de negros, da Bahia, mas a única coisa que aprendi foi a
gostar de Acarajé.
         Quando pensei que não existiria mais a solução e que o meu racismo me perseguiria pelo
resto de minha vida, Deus, esse ser divino, que brinca com a gente, novamente me abre uma
janela, arrumando o armário de minha mãe encontrei um pequeno livro de poesias Deus Negro, de
Neimar de Barros, e começei a ficar curioso, mas quando fui abrí-lo minha mãe chegou e disse
para não lê-lo pois o autor falou poucas e boas da igreja católica e que tudo aquilo que ele tinha
escrito era bobagem, que Deus era isso e aquilo, mas, como toda boa criança teimosa resolvi lê-lo,
mas de um jeito curioso de trás para frente, queria saber do própio autor o que aconteceu com ele
para ele ficar deste modo.
         Descobri : Nada. Ele simplesmente estava puto com o homem que vê tanta miséria em sua
frente, tantas desgraças com seus própios irmãos e não coloca uma palha para ajudá-lo, sua bronca
era com os homens, e não com Deus.




                                              Folha 5
Pai Novo ou Jovem Velho

        Se o ser-humano realmente acreditasse que dentro da Igreja, dentro da Sacristia está
realmente guardado o corpo e o sangue de Cristo, ele nunca sairia de dentro dela, mas ao invés
disso vai há uma igreja no domingo, quando simplesmente está cansado de ficar em casa coçando,
ou quer rever os amigos, mas como ouvi uma vez, e me desculpem meus leitores : Nós realmente
somos uns cristãos de merda.
        Continuei a ler e a reler suas poesias, e lhe confesso que se este cara não acredita em
Deus, não foi ele quem escreveu este livro, citando alguns de seus versos : A injeção evangélica só
cura o cérebro se aplicada no coração. No tiro-ao-alvo do amor, a "mosca", é o próximo.
        Mas uma dessas poesias realmente acabou com uma chateação que sempre carreguei
comigo, o que eu sempre tive dúvida, será que realmente Cristo existiu ou é apenas mais uma
jogada de Marketing da Igreja, ele diz : Uma das provas da passagem de Cristo pela terra é que
hoje, depois de dois mil anos, ainda existem fariseus como você, tentando provar o contrário.
Essa realmente me derrubou, mas ainda tinha mais, uma que realmente acabaria comigo : Deus
Decepção.
                Eu,
                Cheio de preconceitos,
                Racista !
                Eu,
                Com falsos conceitos,
                Neo-nazista !
                Eu,
                Detestando pretos,
                Eu,
                sem coração !...
                Eu,
                Perdido num coreto, gritando : "Separação" !
                Eu,
                Você,
                Nós...nós todos,
                Cheios de preconceitos,
                Fugindo como se eles carregassem lodo,
                Lodo na cor...E com petulância
                Arrogância, afastando a pele irmã
                ♦♦♦
                Mas
                Estou pensando agora :
                E quando chegar minha hora ?
                Meu Deus, se eu morresse amanhã,
                De manhã ?
                Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas,
                Se eu chegasse lá
                E um porteiro manco,
                Como os aleijados que eu gozei,
                Viesse abrir a porta,
                E eu reparasse em sua vista torta,
                Igual àquela que eu critiquei ?
                Se sua mão tateasse pelo trinco,
                Com as mãos do cego que não ajudei ?
                Se a porta rangesse,
                Chorando os choros que provoquei ?
                Se uma criança me tomasse pela mão,
                Criança como aquela que não embalei ?...
                E me levasse por um corredor florido,



                                              Folha 6
Pai Novo ou Jovem Velho

Colorido,
Como as flores que eu jamais dei ?
Se eu sentisse o chão frio,
Como o dos presídios que não visitei ?
Se eu visse as paredes caindo,
Como as das creches e asilos que não ajudei ?
E se a criança tirasse corpos do caminho,
Corpos que não levantei
Dando desculpas de que eram bêbados,
mas eram epiléticos,
Que era vagabundagem,
mas era fome !
♦♦♦
Meu Deus !
Agora me assusta pronunciar seu nome !
E se mais para frente
A criança cobrisse o corpo nú,
Da prostituta que eu usei,
Ou do moribundo que não olhei,
Ou da velha que não respeitei,
Ou da mãe que não amei ?...
Corpo de alguém exposto,
Jogado por minha causa,
Porque não ter estendido a mão
Porque no amor fiz pausa
E dei, sei lá, só dei desgosto !
♦♦♦
E, no fim do corredor, o início da decepção !
Que raiva, que desepero,
Se visse o mecânico, o operário,
Aquele vizinho, o maldito funcionário
E até, aquele padeiro,
Todos sorrindo não sei de quê !
♦♦♦
Ah ! sei sim, riem da minha decepção.
Deus não está vestido de ouro ! Mas como ???
Está num simples trono :
Simples como não fui,
Humilde como não sou,
Deus decepção.
♦♦♦
Deus na cor que eu não queria,
Deus cara a cara, face a face,
Sem aquela imponente classe.
Deus simples ! Deus negro !
Deus negro !
♦♦♦
E eu...
Racista,
Egoísta.
E agora ?
Na terra só persegui os pretos,
Não aluguei casa, não apertei a mão.
Meu Deus você é negro, que desilusão !
♦♦♦
Será que vai me dar morada ?
Será que vai me dar a mão ?


                            Folha 7
Pai Novo ou Jovem Velho

Que nada !
♦♦♦
Meu Deus você é negro, que decepção !
Não dei emprego, virei o rosto.
E agora ?
Será que vai me dar um canto
Vai me cobrir com seu manto ?
Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei ?
♦♦♦
Deus eu não podia adivinhar.
Por que você se fez assim ?
Por que se fez preto,
Preto como o engraxate,
- Aquele que expulsei da frente de casa !
♦♦♦
Deus, pregaram você na cruz
E você me pregou uma peça :
Eu me esforçei à bessa
Em tantas coisas, e cheguei até a pensar em amor,
Mas nunca,
   nunca pensei em adivinhar sua cor.




                            Folha 8
Pai Novo ou Jovem Velho




                     iiI Ato - mais um em casa
        Isso foi a bofetada que eu precisei para tentar e conseguir largar de vez o meu racismo,
acabar de menosprezar uma pessoa apenas porque ela é negra, ter medo de passar numa viela
escura e vir um negro em outra direção e eu não sair correndo.
        Depois disso até arrumei um amigo, mais do que um amigo, um irmão, que até hoje eu o
admiro, não por ele ser negro e ter a garra de vencer, mas por ele ter cruzado o seu caminho com o
meu.
        Estou sendo cruel, muito duro no que escrevi até aqui, mas as vezes não sou eu é a própia
realidade que é cruel, essa vida de isolação que todos nós levamos, quer ver uma frase que nos
sempre carregamos, incrustada em nossa tola mente :
                 SEXO É A ÚNICA FORMA DE TROCAR CARÍCIAS.

         O que significa que quando você estiver se sentido só, arrume alguém só para transar, ou
ás vezes temos a idéia fixa que AMAR é sinônimo de CAMA, ou seja é só na cama que você ama
o resto você apenas gosta, gosta de seu Pai, de sua Mãe, de seus irmãos, o que houve será o medo
de dizer para uma pessoa Eu te amo, é Eu te amo, leia a bíblia inteira, qualquer evangelho que
você quiser, católica ou não, agora me responda, quantas vezes você leu que Cristo, ou qualquer
um dos outros evangelizadores, usando a frase Eu gosto de você ? Pombas, cara, você gosta é de
uma laranja, que você chupa, chupa, e quando restar só o bagaço você joga fora, você gosta é do
cigarro, que você fuma, traga, baba na ponta e depois pisa em cima ou amassa ele no cinzeiro, é
assim que você gosta dos outros ?, porque será que o ser-humano tem essa crença idiota que se ele
disser para outra pessoa Eu te amo isso pega mal.
         Pare e pense, você que é homem, em sua vida toda quantas vezes você chegou em casa
deu um beijão no seu pai e disse assim prô velho Pai, eu te amo, agora vamos ao sexo que se diz
frágil, essa depois eu explico, e você que é mulher, em sua vida toda quantas vezes você chegou
em casa deu um beijão na sua mãe e disse assim prá velha Mãe, eu te amo. Tá vendo, o ser-
humano se acostumou que amor só é feito na cama, e ás vezes até sozinho.
        Para o sexo que se diz frágil é o seguinte, eu, tenho uma verdadeira admiração por
mulheres, não é só pelos contornos, que como já dizia um geógrafo amigo velho : A mulher aos
18 é que nem a Ásia, totalmente inexplorada, aos 25 é como as Américas, tudo novo, aos 40 fica
igual ao reino unido, velha mas conservada, e aos 70 igual ao mar-morto é toda salgada.
        Mas na realidade a mulher é um ser de luz, que se não existisse hoje, precisaria ser
inventada, é sério, sem querer puxar o saco ou qualquer coisa dessas, ela tem mais tato, tem mais
carinho, tem mais personalidade, e tem muito mais força do que qualquer homem, dos muito
machos que eu conheço. Você que é homem, macho, alí oh, mas no pé do ouvido, só entre nós, tú
aguentava aquela enorme barriga durante nove meses, depois ter aquela bolinha de basquete
saindo no meio de suas pernas, e ainda nos próximos anos seguintes ter que : Trocar fraldas, fazer
almoço, lavar fraldas, limpar a casa, etc... prá simplesmente dar 18:00 entrar um sujeitinho em
casa, meio careca, fedendo a cigarro, sujando tudo, não dar nem um beijinho sequer e só exclamar
: Benhé o jantar tá pronto, trabalhei o dia inteiro!. Ah ! trabalhou é sujeito, e ela ? Porque estou
dizendo isso, porque estou falando assim tão bem das mulheres, e tão mal dos homens, vou-lhes
contar um caso que aconteceu comigo :



                                              Folha 9
Pai Novo ou Jovem Velho

         Vinte e três anos muito bem vividos, grupo jovem, mente aberta, tocador de violão e
seresteiro, tinha tudo para atrair qualquer mulher, mas fiquei muito mais interessado na garota da
casa em frente a minha, sei lá, ela é atraente, tem charme, o andar, só sei que fiquei interessado, e
passado uns dois meses só no interesse, começamos finalmente a namorar.
         Namoro de jovens adolecentes, um beijinho aqui, um abraço alí, no meu carro então, mas
sempre pensava, eu conheço ginecologia, sei três milhões de métodos para se evitar a gravidez,
uso gorrinho de nenê, posso e posso mesmo, resultado uns dois anos depois a menstruação dela
atrasou, atrasou uma semana, um mês, três meses, quatro meses, e finalmente a revelação e o
susto, eu iria ser pai, e agora pensei comigo, ser homem em cima de uma cama é fácil, precisa
apenas de muita lábia e um p. duro, o duro e ser homem tendo que enfrentar a barra de criar uma
família, falar com as famílias foi um casamento, você conhece preparação-ensaio-SIM.
        Mas graças a Deus, eu tenho os Pais que tenho, e ela também, cairam do céu, e nessa hora
que você se sente novamente aquela criança e sabe que sem eles você não pode nada. E ainda
existe os BABACAS que são revoltados por que os pais se preocupam com eles, porque os pais
lhe dão amor, e sabe o que eles conseguem ao final, tomar Droga, se alcoolizar, virar pros pais e
exclamar Eu não pedi prá nascer, quer saber de uma coisa, eu como Pai também não pedi prá
você nascer, mas, você veio e está aí e eu te amo.
        Tudo acertado com meus pais, iriamos morar lá em casa mesmo, e começa os
preparativos para o casamento no Católico, porque no civil só conseguiríamos depois uns de seis
meses casados, seria num Sábado de manhã, igreja estava enfrentando uma super-lotação com
umas 40 pessoas, inclusive as testemunhas e o padre, foi o dia mais nervoso de toda a minha vida,
engraçado é que você ensaia para o casamento durante a sua vida toda e nem percebe, mas a
minha preocupação era com a minha esposa, meu filho que iria nascer e com nosso futuro, não
que eu tivesse medo, mas sei lá, o jeito agora seria reconstruir meus métodos tudo de novo, meus
ensinamentos sofreriam uma nova lavagem, pois agora eu deveria me acostumar a ter atrelado
comigo uma família.
         Não que eu me arrependesse, só me arrependo é de não ter dado ouvidos aos outros, e de
ser tão auto-suficiente, de vez em quando acho que a gente deveria escutar o que os outros falam,
mas se conselho fosse bom a gente não dava, vendia.
        Seis meses depois do nosso casamento chega o presente de Deus, o atraso deve ter sido
por causa do carteiro, uma cegonha, mas não podia ter sido melhor, no dia 2 de Março de 1991,
eu era o Pai do menino mais lindo que podia ter nascido em toda a minha família, engraçado que
até nisso foi surpresa pois tudo indicava que iria nascer uma menina, e falando sério, pode me
chamar de coruja por que realmente eu sou.
         Hoje, eu canto e recanto aquela velha canção de Vinícius de Moraes, O filho que eu
queria ter :
                ( Para os que tocam violão vai junto as cifras )

                GCGD/F#G Bm C#m7/5-
                É comum a gente sonhar eu sei, quando vem o entardecer
                C7+Cm7Bm7E7 A7AmG/BAm/C D7
                Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer
                G C G D/F# G Bm C#m7/5-
                Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr
                C7+Cm7 Bm7 E7 Am7D7               G G7
                E assim chorando acalen...tar o filho que eu quero ter
                 C7+C#° G G7 C7C#° F#7 Bm7/5- E7



                                              Folha 10
Pai Novo ou Jovem Velho

Dorme meu pequeninho. Dorme, que a noite já vem
 Am Am/G F#m7/5- B7 Em A7D4/7 D7
Teu pai está muito sozinho, de tanto amor que ele tem

De repento eu vejo se transformar, num menino igual a mim
Que vem correndo me beijar, quando eu chego lá de onde eu vim
Um menino sempre a me perguntar, um porque que não tem fim
Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim.
Dorme menino levado. Dorme que vida já vem
Teu pai está muito cansado, de tanta dor que ele tem

Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto pelo tanto que me deu
Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu
E ao sentir também sua mão vedar, meu olhar dos olhos seus
Ouvir-lhe a voz a me embalar, num acalanto de adeus
Dorme, meu pai sem cuidado. Dorme que ao entardecer
 Am Am/G F#m7/5- B7 Em A7            D7       G4 G
Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter...




                            Folha 11
Pai Novo ou Jovem Velho




                IV Ato - Virando finalmente
        Bom, vida nova, filho novo, cabeça velha, cabelos caindo, e as vezes ainda me questiono
se sou Um Pai Novo ou um Jovem Velho, mas ainda carregava comigo todas as palhaçadas e
mentiras de minha juventude, minha arrogância e minha ignorância, minha falta de respeito e o
meu despeito, não mais pelos negros, mas geral, minha... de que adianta isso agora, a única coisa
que ainda me servia e que tinha a minha consciência, o meu amor-própio para saber que eu estava
errado e que eu deveria mudar. Eu era como uma erva-daninha e deveria ser extinto, extinto para
que no meu lugar nascesse alguém que se importasse com as outras pessoas, não para ter um local
onde por os pés, mas para conversar, trocar idéias e amar.
       Eu sempre fui do tipo sistemático, você conhece o tipo que ao sentar com um filho
começa a lhe contar a seguinte estória : "Era uma vez um lobo L, e existiam três porquinhos P1,
P2 e P3...", sempre fui mais ligado a teoria do que a prática, manter um diálogo sério com
qualquer pessoa que durasse mais de trinta segundos era uma façanha estraordinária.
         Em tempos sempre cultivei bons amigos, um dom normal que eu tenho, minha raiva era
com o ser-humano e pelo jeito que ele é, mas aprendi que nunca se deve menosprezar uma pessoa
pelo jeito que ela se veste, pela fala ou pelo comportamento e o meu violão também ajudava um
pouco.
         Exatamente um desses amigos, que é uma espécie em extinção, pelo seu jeito de ser, pela
sua transparência e pela clareza de seus atos, tanto que de vez em quando ele até se torna um
chato, mas quem é perfeito, pois bem, ele me deu certa vez um livro, O Maior Vendedor do
Mundo, de Og Mandino, pensei logo "Que mer..", pombas eu não era vendedor e sim um
programador, ou um amante de Computador, como diz minha esposa, o que um livro desses
poderia me ajudar, bom para satisfazer minha curiosidade, e minha falta do que ler no banheiro,
resolvi lê-lo, na contra-capa vinha escrito vendido 300 mil cópias para Coca-Cola, tá mas e daí,
daí que não se deve julgar um livro pela capa, e nem pela contra-capa.
        A história se passa no pré e pós-nascimento de Jesus de Nazaré e narra a saga de um
homem que era conhecido como o maior vendedor do mundo, e ele relata para o seu servo como
aconteceu isso, conta ele que existia um homem que era conhecido como o maior vendedor do
mundo, vendedor de tapetes, e ele, o narrador, era apenas um cuidador de camelos, no desenrolar
( compre o livro se quiser saber como ) o vendedor lhe passa um baú contendo dez pergaminhos,
e é nesses pergaminhos que se encontra a chave de tudo aquilo que vinha procurando em toda a
minha vida, desde que vi aquele pardal, vi nos pergaminhos a clareza e a comodidade de se levar
uma vida de paz e harmonia, de calma e serenidade, você pode até pensar em utopia, mas o que
adianta esta vida se a gente não contribui nem um pouquinho, se não deixamos uma marca que
estivemos aqui.


Os Dez Pergaminhos


O Pergaminho número 1

       Hoje começo uma nova vida.

                                            Folha 12
Pai Novo ou Jovem Velho

        Hoje mudo minha pele velha que sofreu por muito tempo, as machucaduras do fracasso e
os ferimentos da mediocridade.
        Hoje renasço e meu berço é uma vinha onde há frutas para todos.
       Hoje recolherei as uvas da sabedoria da mais alta e carregada videira da vinha, pois elas
foram plantadas pelos mais sábios de minha profissão que me antecederam, geração após geração.
        Hoje provarei o sabor das uvas destas videiras e, em verdade, engolirei a semente do êxito
incrustada em cada uva e uma nova vida brotará dentro de mim.
        A carreira por mim escolhida é plena de oportunidades, embora repleta de desgosto e
desespero, e, se os corpos daqueles que fracassaram fossem empilhados um em cima do outro,
lançariam sua sombra sobre todas as pirâmides da terra.
       Contudo eu não fracassarei como os outros, pois em minhas mãos eu tenho agora o mapa
que me guiará por águas perigosas às costas que, ontem mesmo, pareceram apenas um sonho.
         O fracasso não mais será o tributo de minha luta. Assim como a natureza não proveu meu
corpo para tolerar a dor, também não determinou que minha vida sofra o fracasso. O fracasso,
como a dor, é elemento estranho à minha vida. No passado eu o aceitei, como aceitei a dor. Agora
eu o rejeito e estou preparado pela sabedoria e pelos princípios que me guiarão das sombras para a
luz da riqueza, das posições de felicidade, bem além dos meus sonhos mais extravagantes, quando
até mesmo as maçãs douradas do Jardim das Hespérides não me parecerão mais que a minha justa
recompensa.
        O tempo ensina todas as coisas àquele que vive para sempre, mas não tenho o luxo da
eternidade. Contudo, dentro do tempo que me foi concedido, vejo-me na obrigação de praticar a
paciência, pois a natureza jamais age apressadamente. Para criar a oliveira, rainha de todas as
árvores, cem anos são necessários. Em nove semanas a cebola já está velha. Eu vivo como a
cebola. Isto não me agrada. Agora, tornar-me-ei na maior das oliveiras e, em verdade, no maior
em minha profissão.
        E como se realizará isto ? Pois não tenho nem o conhecimento, nem a experiência para
alcançar grandeza e já tropeço na ignorância e caio nas águas da lamúria. A resposta é simples.
Começarei minha jornada desembaraçado do peso de obstáculos da experiência sem significado.
A natureza sempre me forneceu conhecimento e instinto maior do que qualquer animal da floresta
e o valor da experiência em geral superestimado por velhos que assentem sabiamente e falam de
modo estúpido.
        Em verdade, a experiência ensina completamente, porém seu curso de instrução devora os
anos dos homens e dessa maneira o valor de suas lições diminui com o tempo necessário para
adquirir-se sua sabedoria especial. Seu fito desperdiça-se com homens moribundos. Ademais, a
experiência é comparável à moda; uma ação que resulta em êxito hoje será inaproveitável e
impraticável amanhã.
        Apenas princípios duram. E estes eu agora possuo, pois as leis que me levarão à grandeza
estão contidas nas palavras dos pergaminhos. O que elas ensinarão será mais evitar o fracasso do
que obter êxito, pois o que é o êxito senão um estado da mente ? Dois, entre mil sábios, se tanto,
definiram o êxito nas mesmas palavras, enquanto o fracasso é sempre descrito de apenas um
modo. O fracasso é a incapacidade do homem de atingir seus objetivos na vida, sejam eles quais
forem.




                                             Folha 13
Pai Novo ou Jovem Velho

         Na verdade a única diferença entre aqueles que falharam e aqueles que tiveram sucesso
está na diferença de seus hábitos. Bons hábitos são a chave do sucesso. Maus hábitos são a porta
aberta para o fracasso. Assim, a primeira lei que obedecerei é - formarei bons hábitos e me
tornarei escravo deles.
        Quando criança, fui escravo de meus impulsos; agora sou escravo de meus hábitos, como
todos os adultos. Rendi minha vontade própia aos anos de hábitos acumulados e os feitos
passados de minha vida já traçam um caminho que ameaça aprisionar meu futuro. Minhas ações
são ditadas pelo apetite, paixão, preconceito, avidez, amor, medo, ambiente, hábito, e o pior de
todos estes tiranos é o hábito. Se, portanto devo ser escravo do hábito, que seja escravo de bons
hábitos. Meus maus hábitos deverão ser destruídos e novos sulcos preparados para a boa semente.
        Eu formarei bons hábitos e me tornarei escravo deles.
        E como realizarei este difícil feito ? Através destes pergaminhos, pois cada um deles
contém um princípio que expulsará o mau hábito de minha vida e nela recolocará outro que me
achegará ao êxito. Pois é outra das leis naturais que apenas um hábito pode dominar um outro
hábito. Assim, para que estas palavras escritas realizem a tarefa escolhida, devo disciplinar-me ao
seguinte, que é o primeiro de meus hábitos : Eu lerei cada pergaminho por trinta dias seguidos, da
maneira prescrita, antes de passar ao pergaminho seguinte.
       Primeiro lerei as palavras em silêncio, ao levantar. Depois, lerei em silêncio após almoçar.
Finalmente, lerei de novo, antes de retirar-me para o leito e, mais importante, nesta ocasião lerei
em voz alta.
        No dia seguinte, repetirei o processo e continuarei desta maneira por trinta dias. Tomarei,
então o pergaminho seguinte e repetirei esse processo por outros trinta dias. Continuarei assim até
viver com cada pergaminho por trinta dias, e minha leitura se tornará um hábito.
        E o que será realizado com esse hábito ? Aqui está o segredo oculto das realizações de
todos os homens. Com a repetição das palavras diariamente, elas logo se tornarão parte de minha
mente ativa, porém, mais importante, também se infiltrarão em minha outra mente essa misteriosa
fonte que nunca dorme, que cria meus sonhos e frequentemente faz-me agir de maneiras que eu
não compreendo.
       Assim que as palavras destes pergaminhos forem consumida pela minha mente misteriosa
eu começarei a despertar, cada manhã, com uma vitalidade que jamais conheci antes. Meu vigor
aumentará, meu entusiasmo se levantará, meu desejo de encontrar o mundo vencerá todo o medo
que um dia conheci ao nascer do sol e serei mais feliz do que jamais acreditei ser possível neste
mundo de luta e tristeza.
        Finalmente, encontrar-me-ei, reagindo em todas as situações que confrontar, como foi
ordenado nos pergaminhos, e, logo, essas ações e reações se tornarão fáceis de executar, pois cada
ato, com prática torna-se fácil.
        Assim, nasce um novo e bom hábito, pois quando um hábito se torna fácil, através de
cxonstante repetição, é um prazer executá-lo e, se é um prazer executá-lo, é da natureza do
homem executá-lo frequentemente. Quando eu executo frequentemente ele se torna um hábito e
eu me torno seu escravo; e desde que seja um bom hábito é a minha vontade.
        Hoje começo uma nova vida.




                                             Folha 14
Pai Novo ou Jovem Velho

         E juro solenemente a mim mesmo que nada retardará o crescimento de minha nova vida.
Não perderei um dia sequer destas leituras, pois este dia não poderá ser recuperado nem posso
substituí-lo por outro. Não devo, não quero quebrar o hábito de ler diariamente estes pergaminhos
e, em verdade, os poucos momentos passados cada dia com este hábito são apenas um pequeno
preço a pagar pela felicidade e êxito que serão meus.
         Ao ler e reler estas palavras a serem obedecidas, nunca permitirei que a brevidade de cada
pergaminho ou a simplicidade de suas palavras me faça encara a mensagem como se fosse uma
banalidade. Milhares de uvas são comprimidas para se encher uma jarra de vinho, e a pele e a
polpa são atiradas aos pássaros. Assim é com estas uvas de sabedoria das gerações. Muito tem
sido filtrado e atirado aos pássaros. Apenas a verdade pura permanece destilada nas palavras,
para ser lembrada. Beberei segundo as instruções e não perderei uma só gota. E engolirei a
semente do êxito.
       Hoje minha pele velha se assemelha a poeira. Andarei a prumo entre os homens e eles não
me reconhecerão, pois hoje sou um novo homem, com uma nova vida.


O Pergaminho número 2

        Saudarei este dia com amor no coração.
        Pois este é o maior segredo do êxito em todas as aventuras. Os músculos podem partir um
escudo e até destruir a vida, mas apenas os poderes invisíveis do amor podem abrir os corações
dos homens, e até dominar esta arte não serei mais que um mascate na feira. Venerarei minha
maior arma e ninguém que a enfrente poderá defender-se de sua força.
       Podem opor-se ao meu raciocínio, desconfiar de minhas apregoações; podem desaprovar
meus trajes; podem rejeitar meu rosto; e podem até suspeitar de meus negócios; contudo, meu
amor enternecerá todos os corações, comparável ao Sol cujos raios suavizam o mais frio barro.
        Saudarei este dia com amor no coração.
         E como o farei ? De hoje em diante olharei todas as coisas com amor e renascerei. Amarei
o Sol porque aquece os meus ossos; não obstante amarei a chuva porque purifica meu espírito.
Amarei a luz porque me mostra o caminho; não obstante amarei a escuridão porque me faz ver as
estrelas; eu receberei a felicidade porque ela engrandece o meu coração; não obstante, tolerarei a
tristeza porque abre a minha alma. Admitirei recompensas porque elas me pertencem; não
obstante, receberei de bom grado os obstáculos, porque eles são meu desafio.
        Saudarei este dia com amor no coração.
       E como falarei ? Enaltecerei meus inimigos e eles se tornarão meus irmão. Cavarei fundo,
buscando razões para aplaudir; jamais arranharei o chão, buscando desculpas para maldizer.
Quando tentado a criticar, morderei a língua; quando movido a elogios, clamarei dos tetos.
        Não é assim que os pássaros, o vento, o mar e toda a natureza falam com a música do
elogio a seu criador ? Não posso eu falar a seus filhos com a mesma música ? De hoje em diante
relembrarei este segredo e mudarei minha vida.
        Saudarei este dia com amor no coração.




                                             Folha 15
Pai Novo ou Jovem Velho

        E como agirei ? Amarei todos os comportamentos dos homens, pois cada um tem
qualidades para ser admirado, mesmo se estiverem ocultas. Com amor derrubarei o muro da
suspeita e ódio que construíram em volta dos corações e, em seu lugar, construirei pontes para que
meu amor possa entrar em suas almas.
        Amarei as ambições, pois elas podem inspirar-me; amarei os fracassos, pois eles podem
ensinar-me. Amarei os reis, pois eles são apenas humanos; amarei os humildes, pois eles são
divinos. Amarei os ricos, pois eles são, não obstante, solitários; amarei os pobres, pois eles são
muitos. Amarei os jovens, pela fé que tem; amarei os velhos, pela sabedoria que partilham.
Amarei os formosos, por seu olhar de tristeza; amarei os feios, por suas almas de paz.
        Saudarei este dia com amor no coração.
         Mas como reagirei às reações dos outros ? Com amor. Pois, sendo a minha arma para
abrir os corações dos homens, o amor é também o meu escudo para repelir as setas do ódio e as
lanças da ira. A adversidade e o desencorajamento se chocarão contra meu novo escudo e se
tornarão como as chuvas mais brandas. Meu escudo me protegerá no mundo e me sustentará
quando sozinho. Ele me reanimará em momentos de desespero e, contudo, acalmar-me-á na
exultação. Tornar-me-ei mais forte e mais protegido usando-o até o dia em que ele seja parte de
mim, e andarei desembaraçado entre todos os comportamentos dos homens, e meu nome se
erguerá alto na pirâmide da vida.
        Saudarei este dia com amor no coração.
        E como confrontarei cada um que encontrar ? De apenas um modo. Em silêncio, e, para
mim mesmo, dir-lhe-ei: Eu amo você. Embora ditas em silêncio, estas palavras brilharão em meus
olhos, desenrugarão minha fronte, trarão um sorriso a meus lábios e ecoarão em minha voz; e o
coração dele se abrirá. E quem dirá não ao que eu tenho a lhe mostrar quando seu coração sente
meu amor ?
        Saudarei este dia com amor no coração.
        E acima de tudo amarei a mim mesmo, pois, quando o fizer, zelosamente inspecionarei
todas as coisas que entraram em meu corpo, minha mente, minha alma e meu coração. Jamais
abusarei das solicitações da carne, mas sobretudo, cuidarei de meu corpo com asseio e
moderação. Jamais permitirei que minha mente seja atraída para o mal e o desespero, mas
sobretudo a elevarei, com o conhecimento e a sabedoria das gerações. Jamais permitirei que
minha alma se torne complacente e satisfeita, mas haverei de alimentá-la com meditação e oração.
Jamais permitirei que meu coração se amesquinhe e padeça, mas compartilhá-lo-ei e ele crescerá e
aquecerá a Terra.
        Saudarei este dia com amor no coração.
        De hoje em diante amarei a humanidade. Deste momento em diante todo o ódio
desaparece de minhas veias, pois não tenho tempo para odiar, apenas para amar. Deste momento
em diante dou o primeiro passo necessário para me tornar um homem entre homens. Com amor,
aumentarei minhas chances cem vezes mais e me tornarei um grande em minha profissão. Se
nenhuma qualidade possuo, posso ter êxito apenas com amor. Sem ele eu fracassarei, embora
possua todo o conhecimento e as técnicas do mundo.
        Saudarei este dia com amor e terei êxito.




                                             Folha 16
Pai Novo ou Jovem Velho

O Pergaminho número 3

       Persistirei até alcançar êxito.
         No Oriente, os touros jovens são testados de uma certa maneira para o combate na arena.
São levados um a um para o circo, onde lhes é permitido atacar o picador que os ferretoa com
uma lança. A bravura de cada touro é então avaliada com cuidado segundo o número de vezes que
demonstra boa vontade para investir apesar da ferroada da lâmina. De hoje em diante reconhecerei
que cada dia sou testado pela vida do mesmo modo. Se persisto, se continuo a tentar, se continuo
a investir, terei êxito.
       Persistirei até alcançar êxito.
         Eu não cheguei a este mundo numa situação de derrota, nem o fracasso corre em minha
veias. Não sou ovelha à espera de que meu pastor me aguilhoe e toque, mas um leão,e me recuso
a falar, andar e dormir com a ovelha. Não ouvirei aqueles que coram e se queixam, pois tal
doença é contagiosa. Eles que se unam à ovelha. O matadouro do fracasso não é o meu destino.
       Persistirei até alcançar êxito.
        Os prêmios da vida estão no fim de cada jornada, não próximos do começo; não me é
dado saber quantos passos são nescessários a fim de alcançar o objetivo. O fracasso pode ainda se
encontrar no milésimo passo. O êxito, contudo se esconde atrás da próxima curva da estrada.
Jamais saberei que distância está, a não ser que dobre a curva.
       Sempre darei um passo avante. Se este for em vão darei outro e mais outro. Em verdade,
dar um passo de cada vez não é difícil.
       Persistirei até alcançar êxito.
       De hoje em diante não considerarei o esforço de cada dia senão como um golpe do meu
machado no poderoso carvalho. O primeiro golpe pode não causar tremor na madeira, nem o
segundo, nem o terceiro. Cada golpe pode ser insignificante e parecer de nenhuma consequência.
Contudo, a custo de infantis golpes, o carvalho finalmente tombará. Assim também será com os
meus esforços de hoje.
         Sou comparável a uma gota de chuva que lava a montanha; à formiga que devora o tigre;
à estrela que ilumina a Terra; ao escravo que constrói uma pirâmide. Construirei meu caselo com
um tijolo de cada vez, pois sei que pequenas tentativas repetidas completarão qualquer
empreendimento.
       Persistirei até alcançar êxito.
         Jamais aceitarei a derrota, e retirarei de meu vocabulário palavras e expressões como
desistir, não posso, incapaz, impossível, fora de cogitação, improvável, fracasso, impraticável,
sem esperança e recuo, pois são palavras e expressões de tolos. Evitarei o desespero, mas se essa
doença da mente me contagiar, então prosseguirei, mesmo em desespero. Labutarei e tolerarei,
ignorarei os obstáculos sob meus pés e manterei meus olhos firmes nos objetivos acima de minha
cabeça, pois sei que onde um deserto árido termina, a grama verde nasce.
       Persistirei até alcançar êxito.




                                            Folha 17
Pai Novo ou Jovem Velho

         Lembrar-me-ei da antiga lei das médias e curvarei em meu benefício. Persistirei com o
conhecimento de que cada fracasso em vender aumentará minha oportunidade de êxito na
tentativa seguinte. Cada não que ouvir me trará para junto do som do sim. Cada sobrolho franzido
que encontrar apenas me preparará para o sorriso que chega.Cada infortúnio com que me deparar
trará consigo a semente da sorte do amanhã. Devo ter a noite para apreciar o dia. Devo fracassar
frequentemente para ter êxito uma vez.
        Persistirei até alcançar êxito.
       Tentarei e tentarei e tentarei de novo. Cada obstáculo considerarei como um mero atraso
em relação ao meu objetivo e um desafio à minha profissão. Persistirei e desenvolverei técnicas
como o marinheiro desenvolve a sua, aprendendo a escaoar da ira de cada tempestade.
        Persistirei até alcançar êxito.
         De hoje em diante, aprenderei e aplicarei outro segredo daqueles pelos quais o meu
trabalho prima. Ao findar de cada dia, independente de êxito ou fracasso, tentarei efetuar mais
uma vez. Quando os meus pensamentos acenarem o caminho de casa ao meu corpo cansado,
resistirei à tentação de partir. Tentarei novamente, farei uma tentativa mais para fechar com vitória
e, se fracassar, farei outra. Jamais permitirei que o dia termine com um fracasso. Assim, plantarei
a semente do êxito de amanhã e ganharei uma insuperável vantagem sobre aqueles que
interrompem o trabalho a uma determinada hora. Quando outros interrompem suas lutas, então a
minha começará e minha colheita será plena.
        Persistirei até alcançar êxito.
        Não permitirei que o êxito de ontem me embale na complacência de hoje, pois essa é a
grande razão do fracasso. Esquecerei os acontecimentos do dia anterior, sejam eles bons ou maus,
e saudarei o novo sol com a confiança de que este será o melhor dia de minha vida.
        Até onde o fôlego me acompanhar, persistirei. Pois agora começo um dos maiores
princípios do êxito; se persisto o bastante, vencerei.
        Eu persistirei.
        Eu vencerei.


O Pergaminho número 4

        Eu sou o maior milagre da natureza.
         Desde o começo dos tempos jamais houve outro com minha mente, meu cabelo, minha
boca. Ninguém que me antecedeu, ninguém que ainda vive, nem ninguém que virá pode andar e
falar e pensar exatamente como eu. Todos os Homens são meus irmãos, porém sou diferente deles
todos. Sou uma criatura singular.
        Eu sou o maior milagre da natureza.
        Embora eu seja do reino animal, os prazeres apenas animais não me satisfazem. Dentro de
mim arde a chama que tem passado de gerações incontáveis, e seu calor é uma constantante
incitação para o meu espírito, para me tornar melhor do que sou, e melhor me tornarei. Soprarei a
chama da insastifação e proclamarei minha singularidade ao mundo.




                                              Folha 18
Pai Novo ou Jovem Velho

       Ninguém é capaz de reproduzir minha pincelada, ninguém é capaz de fazer as marcas de
meu cinzel, ninguém é capaz de reproduzir minha caligrafia, ninguém é capaz de fornecer o meu
produto, e, em verdade, ninguém tem a habilidade em minha profissão exatamente como eu. De
hoje em diante, aproveitarei esta diferença, pois é um acervo a ser inteiramente favorecido.
        Eu sou o maior milagre da natureza.
        Basta, para mim, de vãs tentativas ou imitações dos outros. Em vez disto, colocarei minha
singularidade à mostra no trabalho. Eu a proclamarei, sim, eu a venderei. Começarei agora a
acentuar a diferença, a ocultar as similaridades. Da mesma forma, aplicarei este princípio a tudo
que fizer. Trabalhador e trabalho diferente dos outros e orgulhoso das diferenças.
        Sou uma criatura singular da natureza.
        Sou raro, e há um valor em toda raridade; portanto, sou valioso. Sou o produto final de
milhares de anos de evolução; portanto, estou melhor equipado em mente e corpo do que todos os
imperadores e sábios que me precederam.
       Mas minhas técnicas, minha mente, meu coração e meu corpo estagnarão, degenerarão e
morrerão se não forem colocados em uso. Tenho potencial ilimitado. Emprego somente uma parte
de meu cérebro; flexiono apenas uma desprezível porção de meus músculos. Posso centuplicar
minhas realizações de ontem, e é o que farei a partir de hoje.
         Jamais ficarei satisfeito com as realizações de ontem, nem me entregarei mais à vanglória
dos meus feitos que, em realidade, são pequenos demais para serem sequer reconhecidos. Posso
realizar muito mais, e realizarei, pois porque deveria o milagre que me produziu findar-se com o
meu nascimento ? Por que não posso estender este milagre aos feitos de hoje ?
        Eu sou o maior milagre da natureza.
       Não estou nesta terra por acaso. Estou para um propósito é transformar-me numa
montanha, não me encolher ao tamanho de um grão de areia. De hoje em diante aplicarei todos os
meus esforços para me tornar a mais alta montanha e forçarei minhas capacidades até que elas
peçam misericórdia.
        Aumentarei meu conhecimento da humanidade, o meu própio e sobre o trabalho que eu
faço; assim meu trabalho se multiplicará. Praticarei e melhorarei e adornarei as palavras que
pronuciar para vender minhas mercadorias, pois este é o fundamento sobre o qual construirei
minha carreira e jamais esquecerei que muitos atingiram grande riqueza e êxito com apenas uma
apregoação, pronunciada com excelência. Também procurarei constantemente melhorar meus
modos e virtudes, pois eles são o açucar que a todos atrai.
        Eu sou o maior milagre da natureza.
         Concentrarei minha energia no desafio do momento e minhas ações me ajududarão a
esquecer tudo o mais. Os problemas caseiros em casa serão deixados. Não pensarei em minha
família quando estiver no trabalho; isso viria obscurecer meus pensamentos. Da mesma maneira
os problemas do trabalho no trabalho serão deixados, e não pensarei em minha profissão enquanto
estiver em casa, pois isto embotará o meu amor.
        Não há lugar no trabalho para a minha família, nem há lugar em meu lar para o meu
trabalho. Divorciarei um do outro e assim permanecerei casado com ambos. Separados devem
permanecer ou minha carreira morrerá. Este é um paradoxo das gerações.
        Eu sou o maior milagre da natureza.


                                              Folha 19
Pai Novo ou Jovem Velho

        Recebi olhos para ver e mente para pensar, e agora conheço um grande segredo da vida,
pois percebo, finalmente, que todos os meus problemas, desânimos e agitações são em verdade,
grandes oportunidades disfarçadas. Não mais serei enganado pelos vestuários que os outros usam,
pois meus olhos estão abertos. Olharei mais do que a roupa e não serei iludido.
       Eu sou o maior milagre da natureza.
        Recebi olhos para ver e mente para pensar, e agora conheço um grande segredo da vida,
pois percebo, finalmente, que todos os meus problemas, desânimos e agitações são em verdade,
grandes oportunidades disfarçadas. Não mais serei enganado pelos vestuários que os outros usam,
pois meus olhos estão abertos. Olharei mais do que a roupa e não serei iludido.
       Eu sou o maior milagre da natureza.
        Nenhum animal, nenhuma planta, nenhum vento, nenhuma chuva, nenhuma pedra,
nenhum lago teve o mesmo começo que eu, pois fui concebido em amor e trazido à luz com um
propósito. No passado não havia examinado este fato, mas de hoje em diante ele modelará e
norteará minha vida.
       Eu sou o maior milagre da natureza.
        E a natureza não conhece derrota. Por fim, ela emerge vitoriosa e assim emergirei eu, e
após cada vitória a luta próxima se torna menos difícil.
       Vencerei e tornar-me-ei um grande em minha profissão, pois sou uma pessoa singular.
       Eu sou o maior milagre da natureza.


O Pergaminho número 5

       Viverei hoje com se fosse meu último dia.
       E agora o que farei com este meu último e precioso dia que resta em meu poder ?
Primeiro, tamparei o vidro para que nenhuma gota se derrame na areia. Não disperdiçarei um
momento sequer velando os infortúnios de ontem, as derrotas de ontem, as dores de coração de
ontem, pois porque deveria eu relegar o bem ao mal ?
        Poderá a areia escorrer do chão para a taça do tempo ? Levantar-se-á o sol de onde se poe
e se porá de onde se levanta ? Posso eu reviver os erros do ontem e corrigi-los ? Posso eu chamar
de volta os ferimentos do ontem e curá-los ? Posso eu tornar-me mais jovem do que era ontem ?
Posso eu retirar o mal que foi pronunciado, os socos que foram desferidos, a dor que foi
causada ? Não. O ontem está enterrado para sempre e nele não mais pensarei.
       Viverei hoje como se fosse meu último dia.
         E agora o que farei ? Esquecendo o ontem também não pensarei no futuro. Porque deveria
eu relegar o agora ao talvez ? Pode a areia do amanhã escorrer para a taça antes do hoje ?
Levantar-se-á o sol duas vezes esta manhã ? Posso eu executar os feitos do amanhã enquanto
estiver na trilha do hoje ? Posso eu colocar o ouro do amanhã na bolsa do hoje ? Pode a criança
do amanhã nascer hoje ? Pode a morte do amanhã lançar suas sombras de volta e enegreçer a
alegria do hoje ? Deveria eu me preocupar-me com os eventos que talvez jamais testemunhe ?
Deveria eu atormentar-me com os problemas que jamais venha a ter ? Não ! O amanhã está
enterrado com o ontem e nele não mais pensarei.



                                             Folha 20
Pai Novo ou Jovem Velho

        Viverei hoje como se fosse meu último dia.
         Este dia é tudo o que eu tenho e estas horas são agora a minha eternidade. Saúdo este
nascer do sol com gritos de alegria, como um prisioneiro que é aliviado da sentença de morte.
Ergo meus braços em gratidão por esta dádiva sem preço : um novo dia. Da mesma maneira,
levarei a mão ao peito em gratidão ao pensar naqueles que saudaram o nascer do sol do ontem e
que não mais estão entre os vivos. Sou realmente um afortunado e as horas do hoje não são senão
um bônus imerecido. Por que me permiti viver este dia extra quando outros, muito melhores do
que eu, já feneceram ? Será que eles realizaram seus propósitos enquanto o meu ainda está por
alcançar ? Será esta uma outra oportunidade para que eu me torne o homem que poderei ser ? Há
um propósito na natureza ? Será este o meu dia de vencer ?
        Viverei hoje como se fosse meu último dia.
         Não tenho senão uma vida e a vida não é nada senão uma medida de tempo. Ao perder
um, destruo o outro. Se desperdiço o hoje, destruo a última página de minha vida. Velarei
portanto, em cada hora deste dia, pois ela jamais poderá voltar. Ela não pode ser depositada hoje
para ser retirada amanhã, pois quem pode burlar o vento ? Agarrarei com as duas mãos e
acariciarei com amor cada minuto deste dia, pois seu valor é sem preço. Que moribundo pode
comprar outro fôlego, embora, de bom grado, dê todo o seu ouro ? Que preço ouso fixar para as
horas adiante de mim ? Eu as farei inestimáveis !
        Viverei hoje como se fosse meu último dia.
         Evitarei com fúria os desperdiçadores de tempo. A procrastinação destruirei com ações; a
dúvida enterrarei sobre a fé; o medo desmembrarei com a confiança. Onde ouver bocas ociosas
não ouvirei nada; onde ouver mãos ociosas não me demorarei; onde houver corpos ociosos não
visitarei. De hoje em diante, sei que corterjar a ociosidade é roubar alimento, roupa e calor
daqueles que amo. Não sou ladrão. Sou um homem de amor e hoje é minha última oportunidade
de provar meu amor e minha grandeza.
        Viverei hoje como se fosse meu último dia.
        Cumprirei hoje todos os deveres de hoje. Hoje acariciarei meus filhos enquanto são
jovens; amanhã eles partirãoo e eu também. Hoje abraçarei minha mulher com doces beijos;
amanhã ela partirá e eu também. Hoje ajudarei um amigo em necessidade; amanhã ele não mais
gritará por ajuda, nem eu ouvirei seus gritos. Hoje entregar-me-ei ao sacrifício e ao trabalho;
amanhã não terei nada para me entregar e nem haverá ninguém para receber.
        Viverei hoje como se fosse meu último dia.
        E se for será meu maior monumento. Farei deste o melhor dia de minha vida. Beberei a
cada minuto à sua plenitude. Provarei seu sabor e agradecerei aos céus. Farei valer todas as horas
e negociarei cada minuto somente por alguma coisa de valor. Trabalharei mais arduamente do que
jamais trabalharei e forçarei meus músculos até que chorem de dor, e então prosseguirei. Farei até
mais visitas do que antes. Venderei minhas mercadorias do que jamais vendi antes. Ganharei mais
ouro do que jamais ganhei antes. Cada minuto do dia de hoje será mais frutífero do que horas do
dia de ontem. Meu último dia deve ser meu melhor dia.
        Viverei hoje como se fosse meu último dia.
        E, se não for, cairei de joelhos e agradecerei aos céus.




                                              Folha 21
Pai Novo ou Jovem Velho

O Pergaminho número 6

        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
        As marés avançam; as marés recuam. Vai o inverno, vem o verão. Finda-se o verão,
aumenta o frio. Levanta-se o sol; põe-se o sol. Cheia é a lua; negra é a lua. Chegam os pássaros;
partem os pássaros. Florescem as flores, murcham as flores. Plantam-se as sementes, colhem-se as
colheitas. Toda a natureza é um círculo de ânimos; eu sou uma parte da natureza e, assim como as
marés, meus ânimos se elevarão, meus ânimos cairão.
        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
         É uma das artimanhas pouco percebidas da natureza que cada dia acorde com ânimos
diferentes dos da véspera. A alegria de ontem será a tristeza de hoje; já a tristeza de hoje se
transformará na alegria de amanhã. Dentro de mim há uma roda constantemente a girar, da tristeza
para a alegria, da exultação para a depressão, da felicidade para a melancolia. Como as flores, a
florescência plena da alegria de hoje fenescerá e murchará em desespero; porém, relembrarei que,
como as flores mortas de hoje carregam a semente da florescência de amanhã, assim também a
tristeza de hoje carrega a semente da alegria de amanhã.
        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
        E como assenhorar-me dessas emoções para que cada dia seja produtivo ? Pois, a não ser
que meu ânimo seja forte , o dia será um fracasso. As árvores e as plantas dependem da
temperatura para florescerem, mas eu farei minha própia temperatura, sim, eu a transportarei
comigo. Se eu trouxer a chuva, a melancolia, a escuridão e o pessimismo aos meus fregueses, eles
reagirão com chuva, melancolia, escuridão e pessimismo e não comprarão nada. Mas, em vez
disso, se eu lhes trouxer alegria, entusiasmo, claridade e riso, eles reagirão com alegria,
entusiasmo, claridade e riso e minha temperatura produzirá uma colheita de vendas e um celeiro
de ouro.
        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
        E como assenhorar-me de minhas emoções para que cada dia traga a felicidade e seja
produtivo ? Aprenderei este segredo das gerações : Fraco é aquele que permite que seus
pensamentos controlem suas ações; forte é aquele que força suas ações a controlar seus
pensamentos. Cada dia, ao acordar, seguirei este plano de batalha antes que seja capturado pelas
forças da tristeza, da lamúria e do fracasso.
        Cantarei, se me sentir deprimido. Rirei, se me sentir triste. Redobrarei meu trabalho se me
sentir doente. Avançarei se sentir medo. Vestirei roupas novas, se me sentir inferior. Erguirei
minha voz, se me sentir inseguro. Relembrarei meu êxito passado, se me sentir incompetente.
Relembrarei meus objetivos se me sentir insignificante.
        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
        De hoje em diante saberei que apenas os de capacidade inferior podem estar sempre em
sua melhor forma e eu não sou inferior. Dias haverá em que terei de lutar contra forças que me
derrubariam, se pudessem. Os desesperados e os tristes são fáceis de conhecer, mas há quem virá
com sorriso e mão de amizade, e pode destruir-me. Também contra esse jamais devo ceder o
controle.




                                             Folha 22
Pai Novo ou Jovem Velho

        Recordarei meus fracassos, se me tornar confiante demais. Pensarei nas fomes passadas,
se abusar do presente. Relembrarei minha luta, se me sentir complacente. Relembrarei momentos
de vergonha, se me entragar a momentos de grandeza. Tentarei parar o vento, se me sentir com
poder demais. Relembrarei uma boca sem alimento, se atingir grande riqueza. Relembrarei
momentos de fraqueza, se me tornar demasiado orgulhoso. Fitarei as estrelas ao sentir que minhas
técnicas são inigualáveis.
        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
         E, com este novo conhecimento, também entenderei e reconhecerei os ânimos daquele a
quem visito. Permitirei que extravase sua ira e irritação de hoje, pois le não conhece o segredo de
controlar sua mente. Posso tolerar-lhe as setas dos insultos, pois agora sei que amanhã ele mudará
e, então, será uma alegria aproximar-me dele.
       Não mais julgarei um homem apenas por um encontro; não mais deixarei de visitar
amanhã, de novo, aquele que se encontra irado hoje. Neste dia ele não dará um tostão por artigos
de ouro; amanhã, ele trocará sua casa por uma árvore. Meu conhecimento deste segredo será
minha chave para a grande riqueza.
        Hoje serei o senhor de minhas emoções.
       De hoje em diante, reconhecerei e identificarei o mistério dos ânimos em toda a
humanidade e em mim. A partir de hoje estou preparado para controlar qualquer personalidade
com que desperte cada dia. Serei senhor de meus ânimos pela ação positiva e, quando for senhor
de meus ânimos, controlarei meu destino.
        Hoje controlarei o meu destino e meu destino é tornar-me o maior em minha profissão.
        Serei senhor de mim mesmo.
        Serei grande.


O Pergaminho número 7

        Rirei do mundo.
        Nenhuma criatura viva ri, à exceção do homem. As árvores podem sangrar quando feridas
e os animais no campo gritarão de dor e fome, mas apenas eu tenho o dom de rir, e ele é meu,
para usar quando o desejar. De hoje em diante, cultivarei o hábito de rir.
         Sorrirei e minha digestão será melhor; rirei baixinho e minhas obrtigações serão aliviadas;
rirei e minha vida se alongará, pois este é o segredo da vida longa, e agora é meu.
        Rirei do mundo.
        E principalmente rirei de mim mesmo, pois o homem é mais cômico quando se leva a
sério demais. Jamais cairei nesta armadilha da mente. Pois, embora eu seja o milagre da natureza,
não sou ainda um mero grão jogado para lá e para cá pelos ventos do tempo ? Sei eu realmente de
onde vim e para onde vou ? Não perecerá minha tola preocupação de hoje, daqui a dez anos ? Por
que deveria eu permitir que os mesquinhos acontecimentos de hoje me pertubassem ? O que pode
ocorrer ante este sol, que não parecerá insignificante no rio dos séculos ?
        Rirei do mundo.




                                             Folha 23
Pai Novo ou Jovem Velho

         E como posso rir, quando confrontado com o homem ou o feito que me ofende de
maneira a fazer brotar minhas lágrimas e minhas imprecações ? Três palavras ensaiarei dizer; até
que se torne um hábito tão forte que, imediatamente, apareçam em minha mente, a qualquer
momento que o bom humor ameace abandonar-me. Essas palavras, passadas pelos antigos,
conduzir-me-ão por toda a adversidade e manterão minha vida em equilíbrio. As três palavras
são : Isto também passará.
        Rirei do mundo.
         Pois todas as coisas mundanas, na verdade, passarão. Quando estiver abatido pelo
desgosto, consolar-me-ei que isto também passará; quando estiver enfunado com êxito, advertir-
me-ei que isto também passará; quando estiver carregado de riqueza, direi para mim mesmo que
isto também passará. Sim, pois, em verdade, onde está aquele que construiu as pirâmides ? Não
está soterrado dentro de sua pedra ? E também não serão as pirâmides soterradas pela areia ? Se
todas as coisas um dia passarão, por que deveria eu preocupar-me com o hoje ?
        Rirei do mundo.
         Pintarei este dia com risos; modelarei esta noite em canção. Jamais trabalharei para ser
feliz; mas sobretudo, permanecerei ocupado demais para ser triste. Desfrutarei hoje a felicidade de
hoje. Ela não é um grão para ser armazenado numa caixa. Ela não é vinho para ser guardada na
jarra. Ela não pode ser guardada para o dia seguinte. Deve ser plantada e colhida no mesmo dia e
isto que eu farei, de hoje em diante.
        Rirei do mundo.
        E, com meus risos, todas as coisas serão reduzidas ao seu real tamanho. Rirei dos meus
fracassos e eles desaparecerão nas nuvens de novos sonhos; rirei de meus êxitos e eles se
encolherão aos seus reais valores. Rirei do mal e ele morrerá esquecido; rirei da bondade e ela se
esforçará e crescerá. Cada dia será triunfante apenas quando meus sorrisos provocarem sorrisos
dos outros e isso farei de modo egoísta, pois aqueles a quem fito severamente, são os que não
compram minhas mercadorias.
        Rirei do mundo.
         De hoje em diante derramarei apenas lágrimas de suor; pois as de tristezas, de remorso ou
de frustração não tem valor na minha vida, enquanto que cada sorriso pode ser trocado por ouro e
cada palavra gentil saída do meu coração pode construir um castelo.
        Jamais permitirei tornar-me tão importante, tão sábio, tão imponente e tão poderoso que
esqueça de como rir de mim mesmo e do meu mundo. Assim, sempre permanecerei uma criança,
pois apenas como criança recebo a capacidade de erguer os olhos para os outros; e, enquanto
erguer os olhos para os outros, jamais serei grande demais para a minha cama.
        Rirei do mundo.
        E enquanto rir jamais serei pobre. É esta, então, uma das maiores dádivas da natureza e eu
não mais a desperdiçarei. Apenas com o sorriso e a felicidade posso eu realmente tornar-me um
êxito. Apenas com o sorriso e a felicidade posso apreciar os frutos de meu trabalho. Se assim não
fosse, muito melhor seria fracassar, pois a felicidade é o vinho que aguça o sabor da comida. Para
apreciar o êxito devo ter felicidade e o sorriso será criado que me servirá.
        Serei feliz.
        Terei êxito.


                                             Folha 24
Pai Novo ou Jovem Velho

        Serei o maior em minha profissão que o mundo jamais conheceu.


O Pergaminho número 8

        Hoje centuplicarei o meu valor.
        Uma folha de amoreira, tocada pelo gênio do homem, torna-se seda.
        Um campo de barro, tocado pelo gênio do homem, torna-se um castelo.
        Um ciprus, tocado pelo gênio do homem, torna-se um santuário.
        A lã tosquiada da ovelha, tocada pelo gênio do homem, torna-se vestuário para um rei.
      Se é possível às folhas, ao barro, à madeira e à lã terem seu valor centuplicado pelo
homem, não posso eu fazer o mesmo com o barro que leva o meu nome ?
        Hoje centuplicarei meu valor.
        Sou comparável ao grão de trigo que enfrenta um de três futuros. O trigo pode ser
ensacado e armazenado num depósito até servir de alimento ao suíno. Ou pode virar farinha e
fazer o pão. Ou pode ser lançado à terra e crescer até que sua espiga dourada divida-se e produza,
de um, milhares de grãos.
         Sou comparável ao grão de trigo, com apenas uma diferença. O trigo não pode escolher
entre ser alimentado pelo suíno, base da farinha, ou plantado e multiplicar-se. Eu posso escolher e
não deixarei que minha vida seja alimento do suíno, e nem deixarei colocar-se sob as rodas do
fracasso e do desespero para ser despedaçada e devorada pela vontade dos outros.
        Hoje centuplicarei o meu valor.
         Para crescer e multiplicar é necessário plantar o grão de trigo na escuridão da terra e meus
fracassos, meus desesperos, minha ignorância e minhas inabilidades são a escuridão em que fui
plantado a fim de amadurecer-me. Agora, como o grão de trigo que brota e floresce é apenas
nutrido com chuva e sol e ventos quentes, eu também devo nutrir meu corpo e minha mente para
realizar meus sonhos. Mas para crescer a grande altura, o trigo deve esperar pelos caprichos da
natureza. Eu não nescesito esperar, pois tenho o poder de escolher meu própio destino.
        Hoje centuplicarei meu valor.
        E como realizarei isto ? Primeiro, estabelecerei objetivos para cada dia, cada semana, cada
mês, cada ano e para minha vida. Assim como a chuva deve cair antes que o trigo quebre a casca e
brote, assim também devo ter objetivos antes que minha vida se cristalize. Ao estabelecer meus
objetivos, pensarei em meu melhor desempenho no passado e o centuplicarei. Este será o padrão
sobre o qual viverei no futuro. Jamais me preocuparei com a elevada altura de meus objetivos,
pois não é melhor apontar minha lança para a lua e atirá-la apenas numa águia do que apontá-la
para á águia e acertar apenas uma rocha ?
        Hoje centuplicarei o meu valor.
        A altura dos meus objetivos não me apavorará, embora possa tropeçar frequentemente
antes de alcançá-los. Se tropeçar, levantar-me-ei e minhas quedas não me preocuparão, pois todos
os homens devem tropeçar muitas vezes para alcançar a glória. Apenas o verme é livre da
preocupação dos tropeços. Eu não sou um verme. Que os outros construam uma caverna com seus
barros. Eu construirei um castelo com o meu.


                                              Folha 25
Pai Novo ou Jovem Velho

        Hoje centuplicarei meu valor.
        E assim, como o sol aquece a terra para fazer com que brote a semente de trigo, também
as palavras destes ensinamentos aquecerão minha vida e transformarão meus sonhos em realidade.
Hoje superarei toda ação que executei ontem. Subirei a montanha do hoje com o extremo de
minha capacidade, amanhã subirei mais alto que hoje e, no dia seguinte, mais alto que na véspera.
Superar os feitos dos outros é importante; superar meus própios feitos, é tudo.
        Hoje centuplicarei meu valor.
        E assim como o vento quente conduz o trigo à madureza, o mesmo vento levará minha
voz aos que me darão ouvidos, e minhas palavras anunciarão meus objetivos. Uma vez
pronunciadas, não ousarei recordá-las para que não percam a expressão. Serei meu própio profeta,
e embora todos possam rir de minhas alocuções eles ouvirão meus planos, conhecerão meus
sonhos; e assim não haverá saída para mim até que minhas palavras se tornem feitos realizados.
        Hoje centuplicarei meu valor.
        Não comenterei o terrível crime de aspirar a (querer) pouco demais.
        Executarei o trabalho que o fracasso não executará.
        Sempre deixarei meu desígnio exceder a minha compreensão.
        Jamais me contentarei com o meu desempenho na rua.
        Sempre elevarei meus objetivos tão logo os atinja.
        Sempre me esforçarei para fazer a próxima hora melhor do que a hora presente.
        Sempre anunciarei meus objetivos ao mundo.
       Contudo, jamais proclamarei minhas realizações. Deixarei, ao contrário, que o mundo se
aproxime de mim com louvores e que eu possa ter a sabedoria de recebê-los com humildade.
        Hoje centuplicarei meu valor.
        Um grão de trigo quando centuplicado produzirá centenas de talos. Centuplique-os dez
vezes e eles alimentarão todas as cidades da terra. Não sou eu mais do que um grão de trigo ?
        Hoje centuplicarei meu valor.
       E, feito isso, repetirei a façanha e repetirei de novo e haverá espanto e estupefação diante
de minha grandeza, assim que as palavras deste ensinamento se cumprirem em mim.


O Pergaminho número 9

        Meus    sonhos são insignificantes, meus planos são poeira, meus objetivos são
impossíveis.
        Todos nada valem, a não ser seguidos por ação.
        Agirei agora.




                                             Folha 26
Pai Novo ou Jovem Velho

        Jamais existiu mapa, por mais cuidadosamente executado em detalhe e escala, que
elevasse seu possuidor um só centímetro do chão. Jamais houve lei, conquanto honesta, que
impedisse um crime. Jamais houve um pergaminho, mesmo como este agora que eu tenho nas
mãos, que ganhasse um tostão sequer ou produzisse uma única palavra de aclamação. Somente a
ação transforma o mapa, o papel, este pergaminho, meus sonhos, meus planos, meus objetivos em
força viva. A ação é o alimento e a bebida que nutrirá o meu êxito.
        Agirei agora.
        Minha procrastinação, que me atrasa, nasceu do medo, e agora reconheço este segredo
tirado das profundezas de todos os corações corajosos. Agora sei que para vencer o medo devo
sempre agir sem hesitação e as hesitações do meu coração desapareçerão. Agora sei que a ação
reduz o leão do terror à formiga da equanimidade.
        Agirei agora.
        De hoje em diante, relembrarei a lição do vaga-lume que acende sua luz apenas quando
voa, apenas quando está em ação. Tornar-me-ei um vaga-lume e, mesmo durante o dia, meu
fulgor será visto, apesar do sol. Que os outros sejam como borboletas que alisam suas asas, mas
dependem da caridade de uma flor para viver. Serei como um vaga-lume e minha luz iluminará o
mundo.
        Agirei agora.
        Não evitarei as tarefas de hoje e não as deixarei para amanhã, pois sei que o amanhã
jamais chega. Deixe-me agir agora, mesmo que minhas ações possam não trazer felicidade ou
êxito, pois é melhor agir e fracassar do que não agir e atrapalhar-me. A felicidade, em verdade,
pode não ser o fruto colhido pela minha ação, mas sem ação todo o fruto morrerá na vinha.
        Agirei agora.
        Agirei agora. Agirei agora. Agirei agora. DE hoje em diante, repetirei estas palavras
sempre e sempre, cada hora, cada dia, até que elas se tornem um hábito como minha respiração e
as ações que se seguirem tornem-se tão instintivas como o piscar de meus olhos. Com estas
palavras posso condicionar minha mente a executar tudo que seja necessário ao meu êxito. Com
estas palavras posso condicioná-la a enfrentar todos os desafios que o fracasso evita.
        Agirei agora.
        Repetirei estas palavras sempre e sempre.
        Ao acordar, eu as pronuciarei e pularei da cama, enquanto o fracasso dorme uma hora
mais.
        Agirei agora.
        Ao entrar no trabalho, eu as pronunciarei e imediatamente confrontarei a primeira
possibilidade, enquanto o fracasso pondera, ainda, uma possibilidade de malogro.
        Agirei agora.
         Ao defrontar uma porta fechada, eu as pronunciarei, e baterei enquanto o fracasso espera
lá fora com medo e agitação.
       Ao defrontar-me com a tentação eu as pronunciarei e agirei imediatamente para afastar-
me da maldade.



                                            Folha 27
Pai Novo ou Jovem Velho

          Agirei agora.
        Ao ser tentado a desistir e recomeçar amanhã, eu as pronunciarei e, imediatamente, agirei
para terminar o meu trabalho.
          Agirei agora.
        Apenas a ação determina meu valor na rua e, para multiplicar meu valor, multiplicarei
minhas ações. Andarei por onde o fracasso teme andar. Trabalharei enquanto o fracasso procura
descanso. Conversarei enquanto o fracasso permanece calado. Visitarei dez que podem comprar o
que eu tenho para vender, enquanto o fracasso faz grandiosos planos para visitar um. Direi que
está consumado antes que o fracasso diga que é tarde demais.
          Agirei agora.
        Pois o agora é tudo que tenho. O amanhã é o dia reservado para o trabalho do preguiçoso.
O amanhã é o dia reservado para o trabalho do preguiçoso. Eu não sou preguiçoso. O amanhã é o
dia em que o mau se torna bom. Eu não sou mau. O amanhã é o dia em que o fraco se torna forte.
Eu não sou fraco. O amanhã é o dia em que o fracasso terá êxito. Eu não sou um fracasso.
          Agirei agora.
       Quando o leão está faminto, ele come. Quando a águia tem sede, ela bebe. Se não agem,
ambos correrão perigo.
        Sinto fome de êxito. Sinto sede de felicidade e paz de espírito. Agirei agora para não
correr perigo numa vida de fracasso, de miséria e de noites indormidas.
          Eu ordenarei e obedecerei às minhas própias ordens.
          Agirei agora.
          O êxito não esperará. Se eu retardo, ele se compromete com outro e eu o perco para
sempre.
          Esta é a hora. Este é o lugar. Eu sou o homem.
          Agirei agora.


O Pergaminho número 10

          Quem tem a fé tão pequena que, em momento de grande desastre ou agitação não haja
clamado a seu Deus? Quem já não gritou quando confrontado com o perigo, a morte, ou o
mistério além de sua compreensão ou experiência normal? De onde vem esse profundo instinto
que escapa da boca de todas as criaturas vivas em momentos de perigo?
         Mova rápido sua mão ante os olhos de alguém e suas pálpebras mover-se-ao. Dê um
tapinha no ombro de alguém e ele dará um pulo. Confronte alguém com um negro horror na face
e ele dirá, “Meu Deus”, levado pelo mesmo impulso.
         Não necessito permear minha vida de religião a fim de reconhecer este grande e maior
mistério da natureza. Todas as criaturas que andam sobre a terra, inclusive o homem, possuem o
instinto de gritar por socorro. Por que possuímos esse instinto, esse dom?




                                              Folha 28
Pai Novo ou Jovem Velho

        Não são nossos gritos uma forma de súplica? Não é compreensível, num mundo
governado pelas leis da natureza, que uma mente grandiosa, à parte de dar ao cordeiro, à mula, ao
pássaro, ao homem, o instinto de gritar por socorro, tenha também permitido que o grito fosse
ouvido por algum poder superior capaz de ouvir e atender ao grito de socorro? De hoje em diante
eu suplicarei, mas meus gritos por socorro serão apenas pedidos de orientação.
        Jamais suplicarei pelas coisas materiais do mundo.Não peço ao criado que me traga
comida. Não determino ao hospedeiro que me dê um quarto. Jamais buscarei dádivas de ouro,
amor, saúde, vitórias mesquinhas, fama, êxito ou felicidade. Suplicarei apenas por orientação para
que eu venha a saber a maneira de adquirir estas coisas e serei sempre atendido em minha súplica.
        A orientação que busco pode chegar como pode não chegar, mas não são ambas uma
resposta? Se uma criança busca pão com seu pai e não encontra, não deu o pai uma resposta?
        Suplicarei como um vendedor, desta maneira:
        Ó criador de todas as coisas, ajudai-me.
       Pois hoje saio pelo mundo nu e só, e sem vossa mão para orientar desviar-me-ei do
caminho que conduz ao êxito e à felicidade.
        Não peço ouro ou roupa ou mesmo oportunidades segundo minha capacidade, mas
orientação para que possa adquirir capacidade segundo minhas oportunidades.
        Ao leão e à águia ensinastes a caçar e a prosperar com os dentes e as garras. Ensinai-me a
caçar com palavras e a prosperar com amor para que eu possa ser um leão entre os homens e uma
águia na feira.
        Ajudai-me a permanecer humilde nos obstáculos e fracassos; mas não oculteis dos meus
olhos o premio que virá com a vitória.
         Conferi-me tarefas para as quais outros fracassaram; mas orientai-me na colheita das
sementes do êxito nos fracassos dos outros. Confrontai-me com temores que temperarão o meu
espírito; mas dotai-me de coragem para rir de meus receios.
       Reservai-me dias suficientes para alcançar meus objetivos; mas ajudai-me a viver este dia
como se fosse o meu último dia.
        Orientai-me em minhas palavras para que elas frutifiquem; mas acautelai-me a língua,
para que ninguém difame.
         Disciplinai-me no hábito de tentar sempre e sempre; Mas mostrai-me a maneira de
utilizar-me da lei das médias. Favorecei-me com a prontidão em reconhecer as oportunidades;
mas dotai-me com a paciência que concentrará minha força.
        Banhai-me bons hábitos para que os maus hábitos se afoguem; mas concedei-me a
compaixão pela fraqueza dos outros. Fazei-me sofrer para saber que todas as coisas passarão; mas
ajudai-me a contar minhas bençãos de hoje.
        Sujeitai-me ao ódio, para que ele não seja um estranho; mas enchei minha taça de amor
para transformar estranhos em amigos.
       Mas que todas estas coisas aconteçam apenas segundo vossa vontade. Sou uma uva
pequena e solitária compondo a vinha, mas me fizestes diferente de todas as outras. Em verdade,
deve haver um lugar especial para mim. Orientai-me. Ajudai-me. Mostrai-me o caminho.



                                             Folha 29
Pai Novo ou Jovem Velho

        Deixai-me tornar em tudo aquilo que planejastes para mim quando minha semente foi
plantada e escolhida por vós para brotar no vinhedo do mundo.
       Ajudai este humilde vendedor.
       Orientai-me, Meu Senhor.
        Bom, aqui estou eu, continuo neste mesmo canto escuro, aguardando meu nome ser
chamado, hoje é Domingo, e depois de vinte e cinco anos finalmente eu vou me confessar, vou
contar que finalmente hoje eu abri meus olhos, vou lavar a minha alma e mostrar para Deus que
finalmente estou aqui vivo, que seu filho pródigo novamente retornou para o seu lar, e que
gostaria que ele me aceitasse de volta.
        Deus, veja, eu sempre tive tanta dificuldade em falar contigo, sempre tive tanta
dificuldade em decorar todas as suas orações, acabo sem querer falando contigo, como se
conversa-se com o meu Pai, engraçado, falo de um jeito tão espontâneo com todos os meus
irmãos, minha mãe, e minha mulher e filho, porque então não posso faze-lo com meu Pai.
        A única diferença que eu noto e que apenas eu falo, você fica aí, só escuta, mas e se
aparecer alguém, pode me tomar como louco, falando só, e daí, que pensem isso, serei eu um
louco por conversar com o Pai que me criou, serei eu um louco por conversar com o Senhor que
me amou tanto que me entregou seu filho para ensinar o que todos já deveriam saber, aquele que
evitou a ira, e então desejou que todos nós nos amassemos como a irmãos, aquele que dizia que o
nosso sofrimento era o sofrimento dele e a nossa felicidade também era a felicidade dele.
       Eu sou homem, mas não tenho a menor vergonha de dizer que eu o amo, digo isto a
minha mulher, digo isto a meu filho, digo a minha mãe e digo a meu pai aqui na terra.
       Dedico este relato a você que ainda está lendo, que teve a paciência de aturar-me até o
fim, mas sei que este monólogo servirá apenas para tirar certas duvidas a meu respeito.



                                                               Fernando Antonio F. Anselmo




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Pai Novo ou Jovem Velho

  • 1. ♣ PAI NOVO ♣ OU JOVEM VELHO Palestra em Quatro Atos Fernando Antonio F. Anselmo Guarde sempre.: Se você quer me amar, legal! Eu gosto de você Se você que me desvalorizar, o problema é seu Aprendi que somente eu posso me desqualificar
  • 2. Pai Novo ou Jovem Velho I Ato - Deus “Onde houver um grande desejo de aprender, haverá necessariamente muita discussão, muitas opiniões, pois a opinião dos homens sinceros nada mais é que o conhecimento em formação.” ( Milton ) Que dia mais lindo, dou graças ao senhor de todas as criaturas, aqueles que alguns chamam de “A força”, “O Senhor”, “O divino”, mas eu modestamente o chamo de DEUS, assim como Francisco de Assis, dizia ao acordar, também faço minhas as suas palavras : “Irmão sol, você que substituiu a irmã lua, obrigado por vir aqui neste belo dia alegrar esta minha manhã, o Senhor meu Deus te fez forte e quente, sedes bondoso comigo, que teu calor me aqueça, mas que não me queime, que teus raios iluminem minha visão, mas não a cegues, enfim ficas comigo até que o Senhor meu Deus te digas o contrário.” E Deus, Francisco era um homem que amava as tuas coisas, amava a natureza e a teus homens, por isso ele era um homem santo, um homem que devia ser imitado e não adorado como muitas pessoas fazem, Deus, será que elas não lembram que um dos teus primeiros mandamentos é não adorar outros deuses, ídolos ou imagens, se não a ti, que és o único e verdadeiro, sinto pena daquelas pessoas que colocam os santos como telefonístas para chegarem-se a ti, mas o que eu posso fazer, como eu posso lhes dizer tal coisa, que aquilo que elas fazem está errado, se lhes foi dito, e mostrado por gerações e gerações que isto era certo, espero que as próximas gerações, com esta abertura que está acontecendo do que antes era proibido, saibam o real sentido da palavra santo, mas deixo esta função a ti, pois sei que és o Senhor de toda a sabedoria, e acredito que tudo o que há nesta vida, tem um plano, por ti, já traçado. O canto onde me encontrava estava totalmente escuro, eu, mais um como você, estava apenas esperando o meu nome ser chamado, mas porque tinha que me lembrar daquelas vãs filosofias em que se aprende lendo revistas do tipo fotonovela ou assistindo as telinhas, filosofias do tipo “segundos me pareciam horas, minutos dias, horas..” ah! deixa isso pra lá, o importante é que hoje seria o meu dia, o dia em que tanto batalhei, onde organizei conceitos e idéias, frases e mentiras, é infelizmente mentiras, mas porque o ser-humano tem que prestar-se a este papel degradante, enganar a outras pessoas apenas para atingir algo, ou alguma coisa, para falsear, fugir de sua realidade inventando outras. Mas eu tinha conseguido e jurei para mim mesmo que nunca me arrependeria. Continuava olhando para meu relógio nervoso, as apresentações já haviam se acabado, mais alguns minutos e eu seria chamado para receber o meu justo prémio, a minha justa valorização, por quanto tempo fiquei fechado no meu própio espaço, quantas vezes tive de abaixar a cabeça por medo, minha história é igual a de qualquer outra pessoa, mas existem certas situações específicas que passamos que ficam registradas, como em uma fotografia, e cada detalhe é marcado em nossa memória. Ainda me lembro a tarde onde tudo mudou, sentado no parque, no jardim, com medo que as outras crianças maiores do que eu viessem me chatear, comendo um bolo de chocolate, escondido, com vergonha, que minha mãe tinha preparado na manhã anterior. Folha 2
  • 3. Pai Novo ou Jovem Velho De repente, do nada, um pequeno pardal voou para perto de onde eu estava e veio, veio, veio se aproximando e ficou em cima do meu pé, comendo as migalhas de bolo que eu derrubava de minha mão, no minuto seguinte ele pulou para o meu colo onde mais migalhas se acumulavam, pensei em ofereçer-lhe um pedaço, mais fiquei com medo que ele voasse, mas resolvi fazê-lo, e ele não se fazendo censurado comeu meu bolo e enquanto ele comia, me lembrava, do covarde que eu sempre fui em toda a minha vida, me escondendo dentro de meu quarto, não querendo jogar bola para não me machucar. É a gente sempre foge de tudo e de todos a vida inteira e nem se dá conta, consegui resumir os feitos de toda a minha vida em apenas seis segundos, sem descontar o tempo do comercial, e olha que já tinha oito anos, em meu caderno de português havia um texto que explicava bem isso, um texto de Marina Colassanti : Eu sei, mas não devia. Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia. A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista a não ser as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora, logo se acostuma a não abrir as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo de viagem. A comer sanduíches porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja número para os mortos. E aceitando os números aceita não acreditar nas negociações de paz, aceita a ler todo o dia de guerra, dos números de longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: Hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. A lutar para ganhar dinheiro com que se paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar muito mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra. A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir no cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata de produtos. A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias de água potável. A contaminação da água do mar. A lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta. A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentanto não perceber, vai se afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente se senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só o pé e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre o sono atrasado. A gente se acostuma para não ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e da baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para Folha 3
  • 4. Pai Novo ou Jovem Velho poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que de tanto se acostumar, se perde de si mesma !! Eu sei, mas não devia ! Folha 4
  • 5. Pai Novo ou Jovem Velho iI Ato - negros Após isso minha vida mudou, deixei de ser uma criança isolada, para me tornar o lider, não, lider não, é mentir muito, o palhaço da classe, pessoas riam das palhaçadas que eu fazia e das mentiras que eu contava, como aquela em que atravessei o litoral brasileiro todo em um buggy com minha turma, muitos alunos podem até ter duvidado, mas, pelo menos tirei um dez em minha redação sobre as férias. Em filosofia se aprende que mentira é qualquer distorção da verdade, seja para mais ou para menos, mas como alguém pode me culpar por mentir, afinal, todos nós mentimos, e muitas vezes cometemos o pior, mentimos para nós mesmos. Não é fácil mentir, lembra do que aconteceu com PINÓQUIO, aquele garoto do nariz, mais mentir ás vezes pode trazer certas compensações, como uma surpresa agradável ou um status qualquer. Mas realmente o pior da história, é que, quando se conta uma mentira não se consegue repetí-la sem que se vá aumentando um pouquinho, eu sei, eu ainda me lembrava ainda de todo o texto, mas o que me faltava era o como fazer para mudar minha vida, um método para não mais ser uma ilha num vasto oceano, então, criei meu própio método, serviu bem até os quinze anos, pois derrepente se descobre que não se é mais aquela criança, e as bricadeiras que eu fazia em minha infância acababaram por se tornarem chatas sendo vistas por adolescentes, e quanto ao resto, era apenas ofensa. Novamente precisei me isolar para avaliar o que tinha aprendido, cheguei a uma solução, teria que me limpar, começar desde o início, zerar a minha cabeça, minha mente, meus ensinamentos, minhas teorias e principalmente minhas idéias. Parei e pensei mas como posso desprezar minhas idéias ? como posso conversar com uma garota e dez minutos depois não ter pelo menos feito umas duas piadas sobre ela ? como posso eu acreditar que o negro é inteligente, ou pelo menos gente. Infelizmente eu era racista, do tipo que chamava negro de preto, como se ele fosse pintado. Como me livrar disso. Bibliotecas, graças a Deus elas existem, adoro elas, sempre tem-se ótimas idéias lá dentro, ou pelo menos o silêncio para um bom cochilo, resolvi folhear livros da África do Sul, me dava apenas mais raiva de negros, da Bahia, mas a única coisa que aprendi foi a gostar de Acarajé. Quando pensei que não existiria mais a solução e que o meu racismo me perseguiria pelo resto de minha vida, Deus, esse ser divino, que brinca com a gente, novamente me abre uma janela, arrumando o armário de minha mãe encontrei um pequeno livro de poesias Deus Negro, de Neimar de Barros, e começei a ficar curioso, mas quando fui abrí-lo minha mãe chegou e disse para não lê-lo pois o autor falou poucas e boas da igreja católica e que tudo aquilo que ele tinha escrito era bobagem, que Deus era isso e aquilo, mas, como toda boa criança teimosa resolvi lê-lo, mas de um jeito curioso de trás para frente, queria saber do própio autor o que aconteceu com ele para ele ficar deste modo. Descobri : Nada. Ele simplesmente estava puto com o homem que vê tanta miséria em sua frente, tantas desgraças com seus própios irmãos e não coloca uma palha para ajudá-lo, sua bronca era com os homens, e não com Deus. Folha 5
  • 6. Pai Novo ou Jovem Velho Se o ser-humano realmente acreditasse que dentro da Igreja, dentro da Sacristia está realmente guardado o corpo e o sangue de Cristo, ele nunca sairia de dentro dela, mas ao invés disso vai há uma igreja no domingo, quando simplesmente está cansado de ficar em casa coçando, ou quer rever os amigos, mas como ouvi uma vez, e me desculpem meus leitores : Nós realmente somos uns cristãos de merda. Continuei a ler e a reler suas poesias, e lhe confesso que se este cara não acredita em Deus, não foi ele quem escreveu este livro, citando alguns de seus versos : A injeção evangélica só cura o cérebro se aplicada no coração. No tiro-ao-alvo do amor, a "mosca", é o próximo. Mas uma dessas poesias realmente acabou com uma chateação que sempre carreguei comigo, o que eu sempre tive dúvida, será que realmente Cristo existiu ou é apenas mais uma jogada de Marketing da Igreja, ele diz : Uma das provas da passagem de Cristo pela terra é que hoje, depois de dois mil anos, ainda existem fariseus como você, tentando provar o contrário. Essa realmente me derrubou, mas ainda tinha mais, uma que realmente acabaria comigo : Deus Decepção. Eu, Cheio de preconceitos, Racista ! Eu, Com falsos conceitos, Neo-nazista ! Eu, Detestando pretos, Eu, sem coração !... Eu, Perdido num coreto, gritando : "Separação" ! Eu, Você, Nós...nós todos, Cheios de preconceitos, Fugindo como se eles carregassem lodo, Lodo na cor...E com petulância Arrogância, afastando a pele irmã ♦♦♦ Mas Estou pensando agora : E quando chegar minha hora ? Meu Deus, se eu morresse amanhã, De manhã ? Numa viagem esquisita, entre nuvens feias e bonitas, Se eu chegasse lá E um porteiro manco, Como os aleijados que eu gozei, Viesse abrir a porta, E eu reparasse em sua vista torta, Igual àquela que eu critiquei ? Se sua mão tateasse pelo trinco, Com as mãos do cego que não ajudei ? Se a porta rangesse, Chorando os choros que provoquei ? Se uma criança me tomasse pela mão, Criança como aquela que não embalei ?... E me levasse por um corredor florido, Folha 6
  • 7. Pai Novo ou Jovem Velho Colorido, Como as flores que eu jamais dei ? Se eu sentisse o chão frio, Como o dos presídios que não visitei ? Se eu visse as paredes caindo, Como as das creches e asilos que não ajudei ? E se a criança tirasse corpos do caminho, Corpos que não levantei Dando desculpas de que eram bêbados, mas eram epiléticos, Que era vagabundagem, mas era fome ! ♦♦♦ Meu Deus ! Agora me assusta pronunciar seu nome ! E se mais para frente A criança cobrisse o corpo nú, Da prostituta que eu usei, Ou do moribundo que não olhei, Ou da velha que não respeitei, Ou da mãe que não amei ?... Corpo de alguém exposto, Jogado por minha causa, Porque não ter estendido a mão Porque no amor fiz pausa E dei, sei lá, só dei desgosto ! ♦♦♦ E, no fim do corredor, o início da decepção ! Que raiva, que desepero, Se visse o mecânico, o operário, Aquele vizinho, o maldito funcionário E até, aquele padeiro, Todos sorrindo não sei de quê ! ♦♦♦ Ah ! sei sim, riem da minha decepção. Deus não está vestido de ouro ! Mas como ??? Está num simples trono : Simples como não fui, Humilde como não sou, Deus decepção. ♦♦♦ Deus na cor que eu não queria, Deus cara a cara, face a face, Sem aquela imponente classe. Deus simples ! Deus negro ! Deus negro ! ♦♦♦ E eu... Racista, Egoísta. E agora ? Na terra só persegui os pretos, Não aluguei casa, não apertei a mão. Meu Deus você é negro, que desilusão ! ♦♦♦ Será que vai me dar morada ? Será que vai me dar a mão ? Folha 7
  • 8. Pai Novo ou Jovem Velho Que nada ! ♦♦♦ Meu Deus você é negro, que decepção ! Não dei emprego, virei o rosto. E agora ? Será que vai me dar um canto Vai me cobrir com seu manto ? Ou vai me virar o rosto no embalo da bofetada que dei ? ♦♦♦ Deus eu não podia adivinhar. Por que você se fez assim ? Por que se fez preto, Preto como o engraxate, - Aquele que expulsei da frente de casa ! ♦♦♦ Deus, pregaram você na cruz E você me pregou uma peça : Eu me esforçei à bessa Em tantas coisas, e cheguei até a pensar em amor, Mas nunca, nunca pensei em adivinhar sua cor. Folha 8
  • 9. Pai Novo ou Jovem Velho iiI Ato - mais um em casa Isso foi a bofetada que eu precisei para tentar e conseguir largar de vez o meu racismo, acabar de menosprezar uma pessoa apenas porque ela é negra, ter medo de passar numa viela escura e vir um negro em outra direção e eu não sair correndo. Depois disso até arrumei um amigo, mais do que um amigo, um irmão, que até hoje eu o admiro, não por ele ser negro e ter a garra de vencer, mas por ele ter cruzado o seu caminho com o meu. Estou sendo cruel, muito duro no que escrevi até aqui, mas as vezes não sou eu é a própia realidade que é cruel, essa vida de isolação que todos nós levamos, quer ver uma frase que nos sempre carregamos, incrustada em nossa tola mente : SEXO É A ÚNICA FORMA DE TROCAR CARÍCIAS. O que significa que quando você estiver se sentido só, arrume alguém só para transar, ou ás vezes temos a idéia fixa que AMAR é sinônimo de CAMA, ou seja é só na cama que você ama o resto você apenas gosta, gosta de seu Pai, de sua Mãe, de seus irmãos, o que houve será o medo de dizer para uma pessoa Eu te amo, é Eu te amo, leia a bíblia inteira, qualquer evangelho que você quiser, católica ou não, agora me responda, quantas vezes você leu que Cristo, ou qualquer um dos outros evangelizadores, usando a frase Eu gosto de você ? Pombas, cara, você gosta é de uma laranja, que você chupa, chupa, e quando restar só o bagaço você joga fora, você gosta é do cigarro, que você fuma, traga, baba na ponta e depois pisa em cima ou amassa ele no cinzeiro, é assim que você gosta dos outros ?, porque será que o ser-humano tem essa crença idiota que se ele disser para outra pessoa Eu te amo isso pega mal. Pare e pense, você que é homem, em sua vida toda quantas vezes você chegou em casa deu um beijão no seu pai e disse assim prô velho Pai, eu te amo, agora vamos ao sexo que se diz frágil, essa depois eu explico, e você que é mulher, em sua vida toda quantas vezes você chegou em casa deu um beijão na sua mãe e disse assim prá velha Mãe, eu te amo. Tá vendo, o ser- humano se acostumou que amor só é feito na cama, e ás vezes até sozinho. Para o sexo que se diz frágil é o seguinte, eu, tenho uma verdadeira admiração por mulheres, não é só pelos contornos, que como já dizia um geógrafo amigo velho : A mulher aos 18 é que nem a Ásia, totalmente inexplorada, aos 25 é como as Américas, tudo novo, aos 40 fica igual ao reino unido, velha mas conservada, e aos 70 igual ao mar-morto é toda salgada. Mas na realidade a mulher é um ser de luz, que se não existisse hoje, precisaria ser inventada, é sério, sem querer puxar o saco ou qualquer coisa dessas, ela tem mais tato, tem mais carinho, tem mais personalidade, e tem muito mais força do que qualquer homem, dos muito machos que eu conheço. Você que é homem, macho, alí oh, mas no pé do ouvido, só entre nós, tú aguentava aquela enorme barriga durante nove meses, depois ter aquela bolinha de basquete saindo no meio de suas pernas, e ainda nos próximos anos seguintes ter que : Trocar fraldas, fazer almoço, lavar fraldas, limpar a casa, etc... prá simplesmente dar 18:00 entrar um sujeitinho em casa, meio careca, fedendo a cigarro, sujando tudo, não dar nem um beijinho sequer e só exclamar : Benhé o jantar tá pronto, trabalhei o dia inteiro!. Ah ! trabalhou é sujeito, e ela ? Porque estou dizendo isso, porque estou falando assim tão bem das mulheres, e tão mal dos homens, vou-lhes contar um caso que aconteceu comigo : Folha 9
  • 10. Pai Novo ou Jovem Velho Vinte e três anos muito bem vividos, grupo jovem, mente aberta, tocador de violão e seresteiro, tinha tudo para atrair qualquer mulher, mas fiquei muito mais interessado na garota da casa em frente a minha, sei lá, ela é atraente, tem charme, o andar, só sei que fiquei interessado, e passado uns dois meses só no interesse, começamos finalmente a namorar. Namoro de jovens adolecentes, um beijinho aqui, um abraço alí, no meu carro então, mas sempre pensava, eu conheço ginecologia, sei três milhões de métodos para se evitar a gravidez, uso gorrinho de nenê, posso e posso mesmo, resultado uns dois anos depois a menstruação dela atrasou, atrasou uma semana, um mês, três meses, quatro meses, e finalmente a revelação e o susto, eu iria ser pai, e agora pensei comigo, ser homem em cima de uma cama é fácil, precisa apenas de muita lábia e um p. duro, o duro e ser homem tendo que enfrentar a barra de criar uma família, falar com as famílias foi um casamento, você conhece preparação-ensaio-SIM. Mas graças a Deus, eu tenho os Pais que tenho, e ela também, cairam do céu, e nessa hora que você se sente novamente aquela criança e sabe que sem eles você não pode nada. E ainda existe os BABACAS que são revoltados por que os pais se preocupam com eles, porque os pais lhe dão amor, e sabe o que eles conseguem ao final, tomar Droga, se alcoolizar, virar pros pais e exclamar Eu não pedi prá nascer, quer saber de uma coisa, eu como Pai também não pedi prá você nascer, mas, você veio e está aí e eu te amo. Tudo acertado com meus pais, iriamos morar lá em casa mesmo, e começa os preparativos para o casamento no Católico, porque no civil só conseguiríamos depois uns de seis meses casados, seria num Sábado de manhã, igreja estava enfrentando uma super-lotação com umas 40 pessoas, inclusive as testemunhas e o padre, foi o dia mais nervoso de toda a minha vida, engraçado é que você ensaia para o casamento durante a sua vida toda e nem percebe, mas a minha preocupação era com a minha esposa, meu filho que iria nascer e com nosso futuro, não que eu tivesse medo, mas sei lá, o jeito agora seria reconstruir meus métodos tudo de novo, meus ensinamentos sofreriam uma nova lavagem, pois agora eu deveria me acostumar a ter atrelado comigo uma família. Não que eu me arrependesse, só me arrependo é de não ter dado ouvidos aos outros, e de ser tão auto-suficiente, de vez em quando acho que a gente deveria escutar o que os outros falam, mas se conselho fosse bom a gente não dava, vendia. Seis meses depois do nosso casamento chega o presente de Deus, o atraso deve ter sido por causa do carteiro, uma cegonha, mas não podia ter sido melhor, no dia 2 de Março de 1991, eu era o Pai do menino mais lindo que podia ter nascido em toda a minha família, engraçado que até nisso foi surpresa pois tudo indicava que iria nascer uma menina, e falando sério, pode me chamar de coruja por que realmente eu sou. Hoje, eu canto e recanto aquela velha canção de Vinícius de Moraes, O filho que eu queria ter : ( Para os que tocam violão vai junto as cifras ) GCGD/F#G Bm C#m7/5- É comum a gente sonhar eu sei, quando vem o entardecer C7+Cm7Bm7E7 A7AmG/BAm/C D7 Pois eu também dei de sonhar um sonho lindo de morrer G C G D/F# G Bm C#m7/5- Vejo um berço e nele eu me debruçar com o pranto a me correr C7+Cm7 Bm7 E7 Am7D7 G G7 E assim chorando acalen...tar o filho que eu quero ter C7+C#° G G7 C7C#° F#7 Bm7/5- E7 Folha 10
  • 11. Pai Novo ou Jovem Velho Dorme meu pequeninho. Dorme, que a noite já vem Am Am/G F#m7/5- B7 Em A7D4/7 D7 Teu pai está muito sozinho, de tanto amor que ele tem De repento eu vejo se transformar, num menino igual a mim Que vem correndo me beijar, quando eu chego lá de onde eu vim Um menino sempre a me perguntar, um porque que não tem fim Um filho a quem só queira bem e a quem só diga que sim. Dorme menino levado. Dorme que vida já vem Teu pai está muito cansado, de tanta dor que ele tem Quando a vida enfim me quiser levar pelo tanto pelo tanto que me deu Sentir-lhe a barba me roçar no derradeiro beijo seu E ao sentir também sua mão vedar, meu olhar dos olhos seus Ouvir-lhe a voz a me embalar, num acalanto de adeus Dorme, meu pai sem cuidado. Dorme que ao entardecer Am Am/G F#m7/5- B7 Em A7 D7 G4 G Teu filho sonha acordado, com o filho que ele quer ter... Folha 11
  • 12. Pai Novo ou Jovem Velho IV Ato - Virando finalmente Bom, vida nova, filho novo, cabeça velha, cabelos caindo, e as vezes ainda me questiono se sou Um Pai Novo ou um Jovem Velho, mas ainda carregava comigo todas as palhaçadas e mentiras de minha juventude, minha arrogância e minha ignorância, minha falta de respeito e o meu despeito, não mais pelos negros, mas geral, minha... de que adianta isso agora, a única coisa que ainda me servia e que tinha a minha consciência, o meu amor-própio para saber que eu estava errado e que eu deveria mudar. Eu era como uma erva-daninha e deveria ser extinto, extinto para que no meu lugar nascesse alguém que se importasse com as outras pessoas, não para ter um local onde por os pés, mas para conversar, trocar idéias e amar. Eu sempre fui do tipo sistemático, você conhece o tipo que ao sentar com um filho começa a lhe contar a seguinte estória : "Era uma vez um lobo L, e existiam três porquinhos P1, P2 e P3...", sempre fui mais ligado a teoria do que a prática, manter um diálogo sério com qualquer pessoa que durasse mais de trinta segundos era uma façanha estraordinária. Em tempos sempre cultivei bons amigos, um dom normal que eu tenho, minha raiva era com o ser-humano e pelo jeito que ele é, mas aprendi que nunca se deve menosprezar uma pessoa pelo jeito que ela se veste, pela fala ou pelo comportamento e o meu violão também ajudava um pouco. Exatamente um desses amigos, que é uma espécie em extinção, pelo seu jeito de ser, pela sua transparência e pela clareza de seus atos, tanto que de vez em quando ele até se torna um chato, mas quem é perfeito, pois bem, ele me deu certa vez um livro, O Maior Vendedor do Mundo, de Og Mandino, pensei logo "Que mer..", pombas eu não era vendedor e sim um programador, ou um amante de Computador, como diz minha esposa, o que um livro desses poderia me ajudar, bom para satisfazer minha curiosidade, e minha falta do que ler no banheiro, resolvi lê-lo, na contra-capa vinha escrito vendido 300 mil cópias para Coca-Cola, tá mas e daí, daí que não se deve julgar um livro pela capa, e nem pela contra-capa. A história se passa no pré e pós-nascimento de Jesus de Nazaré e narra a saga de um homem que era conhecido como o maior vendedor do mundo, e ele relata para o seu servo como aconteceu isso, conta ele que existia um homem que era conhecido como o maior vendedor do mundo, vendedor de tapetes, e ele, o narrador, era apenas um cuidador de camelos, no desenrolar ( compre o livro se quiser saber como ) o vendedor lhe passa um baú contendo dez pergaminhos, e é nesses pergaminhos que se encontra a chave de tudo aquilo que vinha procurando em toda a minha vida, desde que vi aquele pardal, vi nos pergaminhos a clareza e a comodidade de se levar uma vida de paz e harmonia, de calma e serenidade, você pode até pensar em utopia, mas o que adianta esta vida se a gente não contribui nem um pouquinho, se não deixamos uma marca que estivemos aqui. Os Dez Pergaminhos O Pergaminho número 1 Hoje começo uma nova vida. Folha 12
  • 13. Pai Novo ou Jovem Velho Hoje mudo minha pele velha que sofreu por muito tempo, as machucaduras do fracasso e os ferimentos da mediocridade. Hoje renasço e meu berço é uma vinha onde há frutas para todos. Hoje recolherei as uvas da sabedoria da mais alta e carregada videira da vinha, pois elas foram plantadas pelos mais sábios de minha profissão que me antecederam, geração após geração. Hoje provarei o sabor das uvas destas videiras e, em verdade, engolirei a semente do êxito incrustada em cada uva e uma nova vida brotará dentro de mim. A carreira por mim escolhida é plena de oportunidades, embora repleta de desgosto e desespero, e, se os corpos daqueles que fracassaram fossem empilhados um em cima do outro, lançariam sua sombra sobre todas as pirâmides da terra. Contudo eu não fracassarei como os outros, pois em minhas mãos eu tenho agora o mapa que me guiará por águas perigosas às costas que, ontem mesmo, pareceram apenas um sonho. O fracasso não mais será o tributo de minha luta. Assim como a natureza não proveu meu corpo para tolerar a dor, também não determinou que minha vida sofra o fracasso. O fracasso, como a dor, é elemento estranho à minha vida. No passado eu o aceitei, como aceitei a dor. Agora eu o rejeito e estou preparado pela sabedoria e pelos princípios que me guiarão das sombras para a luz da riqueza, das posições de felicidade, bem além dos meus sonhos mais extravagantes, quando até mesmo as maçãs douradas do Jardim das Hespérides não me parecerão mais que a minha justa recompensa. O tempo ensina todas as coisas àquele que vive para sempre, mas não tenho o luxo da eternidade. Contudo, dentro do tempo que me foi concedido, vejo-me na obrigação de praticar a paciência, pois a natureza jamais age apressadamente. Para criar a oliveira, rainha de todas as árvores, cem anos são necessários. Em nove semanas a cebola já está velha. Eu vivo como a cebola. Isto não me agrada. Agora, tornar-me-ei na maior das oliveiras e, em verdade, no maior em minha profissão. E como se realizará isto ? Pois não tenho nem o conhecimento, nem a experiência para alcançar grandeza e já tropeço na ignorância e caio nas águas da lamúria. A resposta é simples. Começarei minha jornada desembaraçado do peso de obstáculos da experiência sem significado. A natureza sempre me forneceu conhecimento e instinto maior do que qualquer animal da floresta e o valor da experiência em geral superestimado por velhos que assentem sabiamente e falam de modo estúpido. Em verdade, a experiência ensina completamente, porém seu curso de instrução devora os anos dos homens e dessa maneira o valor de suas lições diminui com o tempo necessário para adquirir-se sua sabedoria especial. Seu fito desperdiça-se com homens moribundos. Ademais, a experiência é comparável à moda; uma ação que resulta em êxito hoje será inaproveitável e impraticável amanhã. Apenas princípios duram. E estes eu agora possuo, pois as leis que me levarão à grandeza estão contidas nas palavras dos pergaminhos. O que elas ensinarão será mais evitar o fracasso do que obter êxito, pois o que é o êxito senão um estado da mente ? Dois, entre mil sábios, se tanto, definiram o êxito nas mesmas palavras, enquanto o fracasso é sempre descrito de apenas um modo. O fracasso é a incapacidade do homem de atingir seus objetivos na vida, sejam eles quais forem. Folha 13
  • 14. Pai Novo ou Jovem Velho Na verdade a única diferença entre aqueles que falharam e aqueles que tiveram sucesso está na diferença de seus hábitos. Bons hábitos são a chave do sucesso. Maus hábitos são a porta aberta para o fracasso. Assim, a primeira lei que obedecerei é - formarei bons hábitos e me tornarei escravo deles. Quando criança, fui escravo de meus impulsos; agora sou escravo de meus hábitos, como todos os adultos. Rendi minha vontade própia aos anos de hábitos acumulados e os feitos passados de minha vida já traçam um caminho que ameaça aprisionar meu futuro. Minhas ações são ditadas pelo apetite, paixão, preconceito, avidez, amor, medo, ambiente, hábito, e o pior de todos estes tiranos é o hábito. Se, portanto devo ser escravo do hábito, que seja escravo de bons hábitos. Meus maus hábitos deverão ser destruídos e novos sulcos preparados para a boa semente. Eu formarei bons hábitos e me tornarei escravo deles. E como realizarei este difícil feito ? Através destes pergaminhos, pois cada um deles contém um princípio que expulsará o mau hábito de minha vida e nela recolocará outro que me achegará ao êxito. Pois é outra das leis naturais que apenas um hábito pode dominar um outro hábito. Assim, para que estas palavras escritas realizem a tarefa escolhida, devo disciplinar-me ao seguinte, que é o primeiro de meus hábitos : Eu lerei cada pergaminho por trinta dias seguidos, da maneira prescrita, antes de passar ao pergaminho seguinte. Primeiro lerei as palavras em silêncio, ao levantar. Depois, lerei em silêncio após almoçar. Finalmente, lerei de novo, antes de retirar-me para o leito e, mais importante, nesta ocasião lerei em voz alta. No dia seguinte, repetirei o processo e continuarei desta maneira por trinta dias. Tomarei, então o pergaminho seguinte e repetirei esse processo por outros trinta dias. Continuarei assim até viver com cada pergaminho por trinta dias, e minha leitura se tornará um hábito. E o que será realizado com esse hábito ? Aqui está o segredo oculto das realizações de todos os homens. Com a repetição das palavras diariamente, elas logo se tornarão parte de minha mente ativa, porém, mais importante, também se infiltrarão em minha outra mente essa misteriosa fonte que nunca dorme, que cria meus sonhos e frequentemente faz-me agir de maneiras que eu não compreendo. Assim que as palavras destes pergaminhos forem consumida pela minha mente misteriosa eu começarei a despertar, cada manhã, com uma vitalidade que jamais conheci antes. Meu vigor aumentará, meu entusiasmo se levantará, meu desejo de encontrar o mundo vencerá todo o medo que um dia conheci ao nascer do sol e serei mais feliz do que jamais acreditei ser possível neste mundo de luta e tristeza. Finalmente, encontrar-me-ei, reagindo em todas as situações que confrontar, como foi ordenado nos pergaminhos, e, logo, essas ações e reações se tornarão fáceis de executar, pois cada ato, com prática torna-se fácil. Assim, nasce um novo e bom hábito, pois quando um hábito se torna fácil, através de cxonstante repetição, é um prazer executá-lo e, se é um prazer executá-lo, é da natureza do homem executá-lo frequentemente. Quando eu executo frequentemente ele se torna um hábito e eu me torno seu escravo; e desde que seja um bom hábito é a minha vontade. Hoje começo uma nova vida. Folha 14
  • 15. Pai Novo ou Jovem Velho E juro solenemente a mim mesmo que nada retardará o crescimento de minha nova vida. Não perderei um dia sequer destas leituras, pois este dia não poderá ser recuperado nem posso substituí-lo por outro. Não devo, não quero quebrar o hábito de ler diariamente estes pergaminhos e, em verdade, os poucos momentos passados cada dia com este hábito são apenas um pequeno preço a pagar pela felicidade e êxito que serão meus. Ao ler e reler estas palavras a serem obedecidas, nunca permitirei que a brevidade de cada pergaminho ou a simplicidade de suas palavras me faça encara a mensagem como se fosse uma banalidade. Milhares de uvas são comprimidas para se encher uma jarra de vinho, e a pele e a polpa são atiradas aos pássaros. Assim é com estas uvas de sabedoria das gerações. Muito tem sido filtrado e atirado aos pássaros. Apenas a verdade pura permanece destilada nas palavras, para ser lembrada. Beberei segundo as instruções e não perderei uma só gota. E engolirei a semente do êxito. Hoje minha pele velha se assemelha a poeira. Andarei a prumo entre os homens e eles não me reconhecerão, pois hoje sou um novo homem, com uma nova vida. O Pergaminho número 2 Saudarei este dia com amor no coração. Pois este é o maior segredo do êxito em todas as aventuras. Os músculos podem partir um escudo e até destruir a vida, mas apenas os poderes invisíveis do amor podem abrir os corações dos homens, e até dominar esta arte não serei mais que um mascate na feira. Venerarei minha maior arma e ninguém que a enfrente poderá defender-se de sua força. Podem opor-se ao meu raciocínio, desconfiar de minhas apregoações; podem desaprovar meus trajes; podem rejeitar meu rosto; e podem até suspeitar de meus negócios; contudo, meu amor enternecerá todos os corações, comparável ao Sol cujos raios suavizam o mais frio barro. Saudarei este dia com amor no coração. E como o farei ? De hoje em diante olharei todas as coisas com amor e renascerei. Amarei o Sol porque aquece os meus ossos; não obstante amarei a chuva porque purifica meu espírito. Amarei a luz porque me mostra o caminho; não obstante amarei a escuridão porque me faz ver as estrelas; eu receberei a felicidade porque ela engrandece o meu coração; não obstante, tolerarei a tristeza porque abre a minha alma. Admitirei recompensas porque elas me pertencem; não obstante, receberei de bom grado os obstáculos, porque eles são meu desafio. Saudarei este dia com amor no coração. E como falarei ? Enaltecerei meus inimigos e eles se tornarão meus irmão. Cavarei fundo, buscando razões para aplaudir; jamais arranharei o chão, buscando desculpas para maldizer. Quando tentado a criticar, morderei a língua; quando movido a elogios, clamarei dos tetos. Não é assim que os pássaros, o vento, o mar e toda a natureza falam com a música do elogio a seu criador ? Não posso eu falar a seus filhos com a mesma música ? De hoje em diante relembrarei este segredo e mudarei minha vida. Saudarei este dia com amor no coração. Folha 15
  • 16. Pai Novo ou Jovem Velho E como agirei ? Amarei todos os comportamentos dos homens, pois cada um tem qualidades para ser admirado, mesmo se estiverem ocultas. Com amor derrubarei o muro da suspeita e ódio que construíram em volta dos corações e, em seu lugar, construirei pontes para que meu amor possa entrar em suas almas. Amarei as ambições, pois elas podem inspirar-me; amarei os fracassos, pois eles podem ensinar-me. Amarei os reis, pois eles são apenas humanos; amarei os humildes, pois eles são divinos. Amarei os ricos, pois eles são, não obstante, solitários; amarei os pobres, pois eles são muitos. Amarei os jovens, pela fé que tem; amarei os velhos, pela sabedoria que partilham. Amarei os formosos, por seu olhar de tristeza; amarei os feios, por suas almas de paz. Saudarei este dia com amor no coração. Mas como reagirei às reações dos outros ? Com amor. Pois, sendo a minha arma para abrir os corações dos homens, o amor é também o meu escudo para repelir as setas do ódio e as lanças da ira. A adversidade e o desencorajamento se chocarão contra meu novo escudo e se tornarão como as chuvas mais brandas. Meu escudo me protegerá no mundo e me sustentará quando sozinho. Ele me reanimará em momentos de desespero e, contudo, acalmar-me-á na exultação. Tornar-me-ei mais forte e mais protegido usando-o até o dia em que ele seja parte de mim, e andarei desembaraçado entre todos os comportamentos dos homens, e meu nome se erguerá alto na pirâmide da vida. Saudarei este dia com amor no coração. E como confrontarei cada um que encontrar ? De apenas um modo. Em silêncio, e, para mim mesmo, dir-lhe-ei: Eu amo você. Embora ditas em silêncio, estas palavras brilharão em meus olhos, desenrugarão minha fronte, trarão um sorriso a meus lábios e ecoarão em minha voz; e o coração dele se abrirá. E quem dirá não ao que eu tenho a lhe mostrar quando seu coração sente meu amor ? Saudarei este dia com amor no coração. E acima de tudo amarei a mim mesmo, pois, quando o fizer, zelosamente inspecionarei todas as coisas que entraram em meu corpo, minha mente, minha alma e meu coração. Jamais abusarei das solicitações da carne, mas sobretudo, cuidarei de meu corpo com asseio e moderação. Jamais permitirei que minha mente seja atraída para o mal e o desespero, mas sobretudo a elevarei, com o conhecimento e a sabedoria das gerações. Jamais permitirei que minha alma se torne complacente e satisfeita, mas haverei de alimentá-la com meditação e oração. Jamais permitirei que meu coração se amesquinhe e padeça, mas compartilhá-lo-ei e ele crescerá e aquecerá a Terra. Saudarei este dia com amor no coração. De hoje em diante amarei a humanidade. Deste momento em diante todo o ódio desaparece de minhas veias, pois não tenho tempo para odiar, apenas para amar. Deste momento em diante dou o primeiro passo necessário para me tornar um homem entre homens. Com amor, aumentarei minhas chances cem vezes mais e me tornarei um grande em minha profissão. Se nenhuma qualidade possuo, posso ter êxito apenas com amor. Sem ele eu fracassarei, embora possua todo o conhecimento e as técnicas do mundo. Saudarei este dia com amor e terei êxito. Folha 16
  • 17. Pai Novo ou Jovem Velho O Pergaminho número 3 Persistirei até alcançar êxito. No Oriente, os touros jovens são testados de uma certa maneira para o combate na arena. São levados um a um para o circo, onde lhes é permitido atacar o picador que os ferretoa com uma lança. A bravura de cada touro é então avaliada com cuidado segundo o número de vezes que demonstra boa vontade para investir apesar da ferroada da lâmina. De hoje em diante reconhecerei que cada dia sou testado pela vida do mesmo modo. Se persisto, se continuo a tentar, se continuo a investir, terei êxito. Persistirei até alcançar êxito. Eu não cheguei a este mundo numa situação de derrota, nem o fracasso corre em minha veias. Não sou ovelha à espera de que meu pastor me aguilhoe e toque, mas um leão,e me recuso a falar, andar e dormir com a ovelha. Não ouvirei aqueles que coram e se queixam, pois tal doença é contagiosa. Eles que se unam à ovelha. O matadouro do fracasso não é o meu destino. Persistirei até alcançar êxito. Os prêmios da vida estão no fim de cada jornada, não próximos do começo; não me é dado saber quantos passos são nescessários a fim de alcançar o objetivo. O fracasso pode ainda se encontrar no milésimo passo. O êxito, contudo se esconde atrás da próxima curva da estrada. Jamais saberei que distância está, a não ser que dobre a curva. Sempre darei um passo avante. Se este for em vão darei outro e mais outro. Em verdade, dar um passo de cada vez não é difícil. Persistirei até alcançar êxito. De hoje em diante não considerarei o esforço de cada dia senão como um golpe do meu machado no poderoso carvalho. O primeiro golpe pode não causar tremor na madeira, nem o segundo, nem o terceiro. Cada golpe pode ser insignificante e parecer de nenhuma consequência. Contudo, a custo de infantis golpes, o carvalho finalmente tombará. Assim também será com os meus esforços de hoje. Sou comparável a uma gota de chuva que lava a montanha; à formiga que devora o tigre; à estrela que ilumina a Terra; ao escravo que constrói uma pirâmide. Construirei meu caselo com um tijolo de cada vez, pois sei que pequenas tentativas repetidas completarão qualquer empreendimento. Persistirei até alcançar êxito. Jamais aceitarei a derrota, e retirarei de meu vocabulário palavras e expressões como desistir, não posso, incapaz, impossível, fora de cogitação, improvável, fracasso, impraticável, sem esperança e recuo, pois são palavras e expressões de tolos. Evitarei o desespero, mas se essa doença da mente me contagiar, então prosseguirei, mesmo em desespero. Labutarei e tolerarei, ignorarei os obstáculos sob meus pés e manterei meus olhos firmes nos objetivos acima de minha cabeça, pois sei que onde um deserto árido termina, a grama verde nasce. Persistirei até alcançar êxito. Folha 17
  • 18. Pai Novo ou Jovem Velho Lembrar-me-ei da antiga lei das médias e curvarei em meu benefício. Persistirei com o conhecimento de que cada fracasso em vender aumentará minha oportunidade de êxito na tentativa seguinte. Cada não que ouvir me trará para junto do som do sim. Cada sobrolho franzido que encontrar apenas me preparará para o sorriso que chega.Cada infortúnio com que me deparar trará consigo a semente da sorte do amanhã. Devo ter a noite para apreciar o dia. Devo fracassar frequentemente para ter êxito uma vez. Persistirei até alcançar êxito. Tentarei e tentarei e tentarei de novo. Cada obstáculo considerarei como um mero atraso em relação ao meu objetivo e um desafio à minha profissão. Persistirei e desenvolverei técnicas como o marinheiro desenvolve a sua, aprendendo a escaoar da ira de cada tempestade. Persistirei até alcançar êxito. De hoje em diante, aprenderei e aplicarei outro segredo daqueles pelos quais o meu trabalho prima. Ao findar de cada dia, independente de êxito ou fracasso, tentarei efetuar mais uma vez. Quando os meus pensamentos acenarem o caminho de casa ao meu corpo cansado, resistirei à tentação de partir. Tentarei novamente, farei uma tentativa mais para fechar com vitória e, se fracassar, farei outra. Jamais permitirei que o dia termine com um fracasso. Assim, plantarei a semente do êxito de amanhã e ganharei uma insuperável vantagem sobre aqueles que interrompem o trabalho a uma determinada hora. Quando outros interrompem suas lutas, então a minha começará e minha colheita será plena. Persistirei até alcançar êxito. Não permitirei que o êxito de ontem me embale na complacência de hoje, pois essa é a grande razão do fracasso. Esquecerei os acontecimentos do dia anterior, sejam eles bons ou maus, e saudarei o novo sol com a confiança de que este será o melhor dia de minha vida. Até onde o fôlego me acompanhar, persistirei. Pois agora começo um dos maiores princípios do êxito; se persisto o bastante, vencerei. Eu persistirei. Eu vencerei. O Pergaminho número 4 Eu sou o maior milagre da natureza. Desde o começo dos tempos jamais houve outro com minha mente, meu cabelo, minha boca. Ninguém que me antecedeu, ninguém que ainda vive, nem ninguém que virá pode andar e falar e pensar exatamente como eu. Todos os Homens são meus irmãos, porém sou diferente deles todos. Sou uma criatura singular. Eu sou o maior milagre da natureza. Embora eu seja do reino animal, os prazeres apenas animais não me satisfazem. Dentro de mim arde a chama que tem passado de gerações incontáveis, e seu calor é uma constantante incitação para o meu espírito, para me tornar melhor do que sou, e melhor me tornarei. Soprarei a chama da insastifação e proclamarei minha singularidade ao mundo. Folha 18
  • 19. Pai Novo ou Jovem Velho Ninguém é capaz de reproduzir minha pincelada, ninguém é capaz de fazer as marcas de meu cinzel, ninguém é capaz de reproduzir minha caligrafia, ninguém é capaz de fornecer o meu produto, e, em verdade, ninguém tem a habilidade em minha profissão exatamente como eu. De hoje em diante, aproveitarei esta diferença, pois é um acervo a ser inteiramente favorecido. Eu sou o maior milagre da natureza. Basta, para mim, de vãs tentativas ou imitações dos outros. Em vez disto, colocarei minha singularidade à mostra no trabalho. Eu a proclamarei, sim, eu a venderei. Começarei agora a acentuar a diferença, a ocultar as similaridades. Da mesma forma, aplicarei este princípio a tudo que fizer. Trabalhador e trabalho diferente dos outros e orgulhoso das diferenças. Sou uma criatura singular da natureza. Sou raro, e há um valor em toda raridade; portanto, sou valioso. Sou o produto final de milhares de anos de evolução; portanto, estou melhor equipado em mente e corpo do que todos os imperadores e sábios que me precederam. Mas minhas técnicas, minha mente, meu coração e meu corpo estagnarão, degenerarão e morrerão se não forem colocados em uso. Tenho potencial ilimitado. Emprego somente uma parte de meu cérebro; flexiono apenas uma desprezível porção de meus músculos. Posso centuplicar minhas realizações de ontem, e é o que farei a partir de hoje. Jamais ficarei satisfeito com as realizações de ontem, nem me entregarei mais à vanglória dos meus feitos que, em realidade, são pequenos demais para serem sequer reconhecidos. Posso realizar muito mais, e realizarei, pois porque deveria o milagre que me produziu findar-se com o meu nascimento ? Por que não posso estender este milagre aos feitos de hoje ? Eu sou o maior milagre da natureza. Não estou nesta terra por acaso. Estou para um propósito é transformar-me numa montanha, não me encolher ao tamanho de um grão de areia. De hoje em diante aplicarei todos os meus esforços para me tornar a mais alta montanha e forçarei minhas capacidades até que elas peçam misericórdia. Aumentarei meu conhecimento da humanidade, o meu própio e sobre o trabalho que eu faço; assim meu trabalho se multiplicará. Praticarei e melhorarei e adornarei as palavras que pronuciar para vender minhas mercadorias, pois este é o fundamento sobre o qual construirei minha carreira e jamais esquecerei que muitos atingiram grande riqueza e êxito com apenas uma apregoação, pronunciada com excelência. Também procurarei constantemente melhorar meus modos e virtudes, pois eles são o açucar que a todos atrai. Eu sou o maior milagre da natureza. Concentrarei minha energia no desafio do momento e minhas ações me ajududarão a esquecer tudo o mais. Os problemas caseiros em casa serão deixados. Não pensarei em minha família quando estiver no trabalho; isso viria obscurecer meus pensamentos. Da mesma maneira os problemas do trabalho no trabalho serão deixados, e não pensarei em minha profissão enquanto estiver em casa, pois isto embotará o meu amor. Não há lugar no trabalho para a minha família, nem há lugar em meu lar para o meu trabalho. Divorciarei um do outro e assim permanecerei casado com ambos. Separados devem permanecer ou minha carreira morrerá. Este é um paradoxo das gerações. Eu sou o maior milagre da natureza. Folha 19
  • 20. Pai Novo ou Jovem Velho Recebi olhos para ver e mente para pensar, e agora conheço um grande segredo da vida, pois percebo, finalmente, que todos os meus problemas, desânimos e agitações são em verdade, grandes oportunidades disfarçadas. Não mais serei enganado pelos vestuários que os outros usam, pois meus olhos estão abertos. Olharei mais do que a roupa e não serei iludido. Eu sou o maior milagre da natureza. Recebi olhos para ver e mente para pensar, e agora conheço um grande segredo da vida, pois percebo, finalmente, que todos os meus problemas, desânimos e agitações são em verdade, grandes oportunidades disfarçadas. Não mais serei enganado pelos vestuários que os outros usam, pois meus olhos estão abertos. Olharei mais do que a roupa e não serei iludido. Eu sou o maior milagre da natureza. Nenhum animal, nenhuma planta, nenhum vento, nenhuma chuva, nenhuma pedra, nenhum lago teve o mesmo começo que eu, pois fui concebido em amor e trazido à luz com um propósito. No passado não havia examinado este fato, mas de hoje em diante ele modelará e norteará minha vida. Eu sou o maior milagre da natureza. E a natureza não conhece derrota. Por fim, ela emerge vitoriosa e assim emergirei eu, e após cada vitória a luta próxima se torna menos difícil. Vencerei e tornar-me-ei um grande em minha profissão, pois sou uma pessoa singular. Eu sou o maior milagre da natureza. O Pergaminho número 5 Viverei hoje com se fosse meu último dia. E agora o que farei com este meu último e precioso dia que resta em meu poder ? Primeiro, tamparei o vidro para que nenhuma gota se derrame na areia. Não disperdiçarei um momento sequer velando os infortúnios de ontem, as derrotas de ontem, as dores de coração de ontem, pois porque deveria eu relegar o bem ao mal ? Poderá a areia escorrer do chão para a taça do tempo ? Levantar-se-á o sol de onde se poe e se porá de onde se levanta ? Posso eu reviver os erros do ontem e corrigi-los ? Posso eu chamar de volta os ferimentos do ontem e curá-los ? Posso eu tornar-me mais jovem do que era ontem ? Posso eu retirar o mal que foi pronunciado, os socos que foram desferidos, a dor que foi causada ? Não. O ontem está enterrado para sempre e nele não mais pensarei. Viverei hoje como se fosse meu último dia. E agora o que farei ? Esquecendo o ontem também não pensarei no futuro. Porque deveria eu relegar o agora ao talvez ? Pode a areia do amanhã escorrer para a taça antes do hoje ? Levantar-se-á o sol duas vezes esta manhã ? Posso eu executar os feitos do amanhã enquanto estiver na trilha do hoje ? Posso eu colocar o ouro do amanhã na bolsa do hoje ? Pode a criança do amanhã nascer hoje ? Pode a morte do amanhã lançar suas sombras de volta e enegreçer a alegria do hoje ? Deveria eu me preocupar-me com os eventos que talvez jamais testemunhe ? Deveria eu atormentar-me com os problemas que jamais venha a ter ? Não ! O amanhã está enterrado com o ontem e nele não mais pensarei. Folha 20
  • 21. Pai Novo ou Jovem Velho Viverei hoje como se fosse meu último dia. Este dia é tudo o que eu tenho e estas horas são agora a minha eternidade. Saúdo este nascer do sol com gritos de alegria, como um prisioneiro que é aliviado da sentença de morte. Ergo meus braços em gratidão por esta dádiva sem preço : um novo dia. Da mesma maneira, levarei a mão ao peito em gratidão ao pensar naqueles que saudaram o nascer do sol do ontem e que não mais estão entre os vivos. Sou realmente um afortunado e as horas do hoje não são senão um bônus imerecido. Por que me permiti viver este dia extra quando outros, muito melhores do que eu, já feneceram ? Será que eles realizaram seus propósitos enquanto o meu ainda está por alcançar ? Será esta uma outra oportunidade para que eu me torne o homem que poderei ser ? Há um propósito na natureza ? Será este o meu dia de vencer ? Viverei hoje como se fosse meu último dia. Não tenho senão uma vida e a vida não é nada senão uma medida de tempo. Ao perder um, destruo o outro. Se desperdiço o hoje, destruo a última página de minha vida. Velarei portanto, em cada hora deste dia, pois ela jamais poderá voltar. Ela não pode ser depositada hoje para ser retirada amanhã, pois quem pode burlar o vento ? Agarrarei com as duas mãos e acariciarei com amor cada minuto deste dia, pois seu valor é sem preço. Que moribundo pode comprar outro fôlego, embora, de bom grado, dê todo o seu ouro ? Que preço ouso fixar para as horas adiante de mim ? Eu as farei inestimáveis ! Viverei hoje como se fosse meu último dia. Evitarei com fúria os desperdiçadores de tempo. A procrastinação destruirei com ações; a dúvida enterrarei sobre a fé; o medo desmembrarei com a confiança. Onde ouver bocas ociosas não ouvirei nada; onde ouver mãos ociosas não me demorarei; onde houver corpos ociosos não visitarei. De hoje em diante, sei que corterjar a ociosidade é roubar alimento, roupa e calor daqueles que amo. Não sou ladrão. Sou um homem de amor e hoje é minha última oportunidade de provar meu amor e minha grandeza. Viverei hoje como se fosse meu último dia. Cumprirei hoje todos os deveres de hoje. Hoje acariciarei meus filhos enquanto são jovens; amanhã eles partirãoo e eu também. Hoje abraçarei minha mulher com doces beijos; amanhã ela partirá e eu também. Hoje ajudarei um amigo em necessidade; amanhã ele não mais gritará por ajuda, nem eu ouvirei seus gritos. Hoje entregar-me-ei ao sacrifício e ao trabalho; amanhã não terei nada para me entregar e nem haverá ninguém para receber. Viverei hoje como se fosse meu último dia. E se for será meu maior monumento. Farei deste o melhor dia de minha vida. Beberei a cada minuto à sua plenitude. Provarei seu sabor e agradecerei aos céus. Farei valer todas as horas e negociarei cada minuto somente por alguma coisa de valor. Trabalharei mais arduamente do que jamais trabalharei e forçarei meus músculos até que chorem de dor, e então prosseguirei. Farei até mais visitas do que antes. Venderei minhas mercadorias do que jamais vendi antes. Ganharei mais ouro do que jamais ganhei antes. Cada minuto do dia de hoje será mais frutífero do que horas do dia de ontem. Meu último dia deve ser meu melhor dia. Viverei hoje como se fosse meu último dia. E, se não for, cairei de joelhos e agradecerei aos céus. Folha 21
  • 22. Pai Novo ou Jovem Velho O Pergaminho número 6 Hoje serei o senhor de minhas emoções. As marés avançam; as marés recuam. Vai o inverno, vem o verão. Finda-se o verão, aumenta o frio. Levanta-se o sol; põe-se o sol. Cheia é a lua; negra é a lua. Chegam os pássaros; partem os pássaros. Florescem as flores, murcham as flores. Plantam-se as sementes, colhem-se as colheitas. Toda a natureza é um círculo de ânimos; eu sou uma parte da natureza e, assim como as marés, meus ânimos se elevarão, meus ânimos cairão. Hoje serei o senhor de minhas emoções. É uma das artimanhas pouco percebidas da natureza que cada dia acorde com ânimos diferentes dos da véspera. A alegria de ontem será a tristeza de hoje; já a tristeza de hoje se transformará na alegria de amanhã. Dentro de mim há uma roda constantemente a girar, da tristeza para a alegria, da exultação para a depressão, da felicidade para a melancolia. Como as flores, a florescência plena da alegria de hoje fenescerá e murchará em desespero; porém, relembrarei que, como as flores mortas de hoje carregam a semente da florescência de amanhã, assim também a tristeza de hoje carrega a semente da alegria de amanhã. Hoje serei o senhor de minhas emoções. E como assenhorar-me dessas emoções para que cada dia seja produtivo ? Pois, a não ser que meu ânimo seja forte , o dia será um fracasso. As árvores e as plantas dependem da temperatura para florescerem, mas eu farei minha própia temperatura, sim, eu a transportarei comigo. Se eu trouxer a chuva, a melancolia, a escuridão e o pessimismo aos meus fregueses, eles reagirão com chuva, melancolia, escuridão e pessimismo e não comprarão nada. Mas, em vez disso, se eu lhes trouxer alegria, entusiasmo, claridade e riso, eles reagirão com alegria, entusiasmo, claridade e riso e minha temperatura produzirá uma colheita de vendas e um celeiro de ouro. Hoje serei o senhor de minhas emoções. E como assenhorar-me de minhas emoções para que cada dia traga a felicidade e seja produtivo ? Aprenderei este segredo das gerações : Fraco é aquele que permite que seus pensamentos controlem suas ações; forte é aquele que força suas ações a controlar seus pensamentos. Cada dia, ao acordar, seguirei este plano de batalha antes que seja capturado pelas forças da tristeza, da lamúria e do fracasso. Cantarei, se me sentir deprimido. Rirei, se me sentir triste. Redobrarei meu trabalho se me sentir doente. Avançarei se sentir medo. Vestirei roupas novas, se me sentir inferior. Erguirei minha voz, se me sentir inseguro. Relembrarei meu êxito passado, se me sentir incompetente. Relembrarei meus objetivos se me sentir insignificante. Hoje serei o senhor de minhas emoções. De hoje em diante saberei que apenas os de capacidade inferior podem estar sempre em sua melhor forma e eu não sou inferior. Dias haverá em que terei de lutar contra forças que me derrubariam, se pudessem. Os desesperados e os tristes são fáceis de conhecer, mas há quem virá com sorriso e mão de amizade, e pode destruir-me. Também contra esse jamais devo ceder o controle. Folha 22
  • 23. Pai Novo ou Jovem Velho Recordarei meus fracassos, se me tornar confiante demais. Pensarei nas fomes passadas, se abusar do presente. Relembrarei minha luta, se me sentir complacente. Relembrarei momentos de vergonha, se me entragar a momentos de grandeza. Tentarei parar o vento, se me sentir com poder demais. Relembrarei uma boca sem alimento, se atingir grande riqueza. Relembrarei momentos de fraqueza, se me tornar demasiado orgulhoso. Fitarei as estrelas ao sentir que minhas técnicas são inigualáveis. Hoje serei o senhor de minhas emoções. E, com este novo conhecimento, também entenderei e reconhecerei os ânimos daquele a quem visito. Permitirei que extravase sua ira e irritação de hoje, pois le não conhece o segredo de controlar sua mente. Posso tolerar-lhe as setas dos insultos, pois agora sei que amanhã ele mudará e, então, será uma alegria aproximar-me dele. Não mais julgarei um homem apenas por um encontro; não mais deixarei de visitar amanhã, de novo, aquele que se encontra irado hoje. Neste dia ele não dará um tostão por artigos de ouro; amanhã, ele trocará sua casa por uma árvore. Meu conhecimento deste segredo será minha chave para a grande riqueza. Hoje serei o senhor de minhas emoções. De hoje em diante, reconhecerei e identificarei o mistério dos ânimos em toda a humanidade e em mim. A partir de hoje estou preparado para controlar qualquer personalidade com que desperte cada dia. Serei senhor de meus ânimos pela ação positiva e, quando for senhor de meus ânimos, controlarei meu destino. Hoje controlarei o meu destino e meu destino é tornar-me o maior em minha profissão. Serei senhor de mim mesmo. Serei grande. O Pergaminho número 7 Rirei do mundo. Nenhuma criatura viva ri, à exceção do homem. As árvores podem sangrar quando feridas e os animais no campo gritarão de dor e fome, mas apenas eu tenho o dom de rir, e ele é meu, para usar quando o desejar. De hoje em diante, cultivarei o hábito de rir. Sorrirei e minha digestão será melhor; rirei baixinho e minhas obrtigações serão aliviadas; rirei e minha vida se alongará, pois este é o segredo da vida longa, e agora é meu. Rirei do mundo. E principalmente rirei de mim mesmo, pois o homem é mais cômico quando se leva a sério demais. Jamais cairei nesta armadilha da mente. Pois, embora eu seja o milagre da natureza, não sou ainda um mero grão jogado para lá e para cá pelos ventos do tempo ? Sei eu realmente de onde vim e para onde vou ? Não perecerá minha tola preocupação de hoje, daqui a dez anos ? Por que deveria eu permitir que os mesquinhos acontecimentos de hoje me pertubassem ? O que pode ocorrer ante este sol, que não parecerá insignificante no rio dos séculos ? Rirei do mundo. Folha 23
  • 24. Pai Novo ou Jovem Velho E como posso rir, quando confrontado com o homem ou o feito que me ofende de maneira a fazer brotar minhas lágrimas e minhas imprecações ? Três palavras ensaiarei dizer; até que se torne um hábito tão forte que, imediatamente, apareçam em minha mente, a qualquer momento que o bom humor ameace abandonar-me. Essas palavras, passadas pelos antigos, conduzir-me-ão por toda a adversidade e manterão minha vida em equilíbrio. As três palavras são : Isto também passará. Rirei do mundo. Pois todas as coisas mundanas, na verdade, passarão. Quando estiver abatido pelo desgosto, consolar-me-ei que isto também passará; quando estiver enfunado com êxito, advertir- me-ei que isto também passará; quando estiver carregado de riqueza, direi para mim mesmo que isto também passará. Sim, pois, em verdade, onde está aquele que construiu as pirâmides ? Não está soterrado dentro de sua pedra ? E também não serão as pirâmides soterradas pela areia ? Se todas as coisas um dia passarão, por que deveria eu preocupar-me com o hoje ? Rirei do mundo. Pintarei este dia com risos; modelarei esta noite em canção. Jamais trabalharei para ser feliz; mas sobretudo, permanecerei ocupado demais para ser triste. Desfrutarei hoje a felicidade de hoje. Ela não é um grão para ser armazenado numa caixa. Ela não é vinho para ser guardada na jarra. Ela não pode ser guardada para o dia seguinte. Deve ser plantada e colhida no mesmo dia e isto que eu farei, de hoje em diante. Rirei do mundo. E, com meus risos, todas as coisas serão reduzidas ao seu real tamanho. Rirei dos meus fracassos e eles desaparecerão nas nuvens de novos sonhos; rirei de meus êxitos e eles se encolherão aos seus reais valores. Rirei do mal e ele morrerá esquecido; rirei da bondade e ela se esforçará e crescerá. Cada dia será triunfante apenas quando meus sorrisos provocarem sorrisos dos outros e isso farei de modo egoísta, pois aqueles a quem fito severamente, são os que não compram minhas mercadorias. Rirei do mundo. De hoje em diante derramarei apenas lágrimas de suor; pois as de tristezas, de remorso ou de frustração não tem valor na minha vida, enquanto que cada sorriso pode ser trocado por ouro e cada palavra gentil saída do meu coração pode construir um castelo. Jamais permitirei tornar-me tão importante, tão sábio, tão imponente e tão poderoso que esqueça de como rir de mim mesmo e do meu mundo. Assim, sempre permanecerei uma criança, pois apenas como criança recebo a capacidade de erguer os olhos para os outros; e, enquanto erguer os olhos para os outros, jamais serei grande demais para a minha cama. Rirei do mundo. E enquanto rir jamais serei pobre. É esta, então, uma das maiores dádivas da natureza e eu não mais a desperdiçarei. Apenas com o sorriso e a felicidade posso eu realmente tornar-me um êxito. Apenas com o sorriso e a felicidade posso apreciar os frutos de meu trabalho. Se assim não fosse, muito melhor seria fracassar, pois a felicidade é o vinho que aguça o sabor da comida. Para apreciar o êxito devo ter felicidade e o sorriso será criado que me servirá. Serei feliz. Terei êxito. Folha 24
  • 25. Pai Novo ou Jovem Velho Serei o maior em minha profissão que o mundo jamais conheceu. O Pergaminho número 8 Hoje centuplicarei o meu valor. Uma folha de amoreira, tocada pelo gênio do homem, torna-se seda. Um campo de barro, tocado pelo gênio do homem, torna-se um castelo. Um ciprus, tocado pelo gênio do homem, torna-se um santuário. A lã tosquiada da ovelha, tocada pelo gênio do homem, torna-se vestuário para um rei. Se é possível às folhas, ao barro, à madeira e à lã terem seu valor centuplicado pelo homem, não posso eu fazer o mesmo com o barro que leva o meu nome ? Hoje centuplicarei meu valor. Sou comparável ao grão de trigo que enfrenta um de três futuros. O trigo pode ser ensacado e armazenado num depósito até servir de alimento ao suíno. Ou pode virar farinha e fazer o pão. Ou pode ser lançado à terra e crescer até que sua espiga dourada divida-se e produza, de um, milhares de grãos. Sou comparável ao grão de trigo, com apenas uma diferença. O trigo não pode escolher entre ser alimentado pelo suíno, base da farinha, ou plantado e multiplicar-se. Eu posso escolher e não deixarei que minha vida seja alimento do suíno, e nem deixarei colocar-se sob as rodas do fracasso e do desespero para ser despedaçada e devorada pela vontade dos outros. Hoje centuplicarei o meu valor. Para crescer e multiplicar é necessário plantar o grão de trigo na escuridão da terra e meus fracassos, meus desesperos, minha ignorância e minhas inabilidades são a escuridão em que fui plantado a fim de amadurecer-me. Agora, como o grão de trigo que brota e floresce é apenas nutrido com chuva e sol e ventos quentes, eu também devo nutrir meu corpo e minha mente para realizar meus sonhos. Mas para crescer a grande altura, o trigo deve esperar pelos caprichos da natureza. Eu não nescesito esperar, pois tenho o poder de escolher meu própio destino. Hoje centuplicarei meu valor. E como realizarei isto ? Primeiro, estabelecerei objetivos para cada dia, cada semana, cada mês, cada ano e para minha vida. Assim como a chuva deve cair antes que o trigo quebre a casca e brote, assim também devo ter objetivos antes que minha vida se cristalize. Ao estabelecer meus objetivos, pensarei em meu melhor desempenho no passado e o centuplicarei. Este será o padrão sobre o qual viverei no futuro. Jamais me preocuparei com a elevada altura de meus objetivos, pois não é melhor apontar minha lança para a lua e atirá-la apenas numa águia do que apontá-la para á águia e acertar apenas uma rocha ? Hoje centuplicarei o meu valor. A altura dos meus objetivos não me apavorará, embora possa tropeçar frequentemente antes de alcançá-los. Se tropeçar, levantar-me-ei e minhas quedas não me preocuparão, pois todos os homens devem tropeçar muitas vezes para alcançar a glória. Apenas o verme é livre da preocupação dos tropeços. Eu não sou um verme. Que os outros construam uma caverna com seus barros. Eu construirei um castelo com o meu. Folha 25
  • 26. Pai Novo ou Jovem Velho Hoje centuplicarei meu valor. E assim, como o sol aquece a terra para fazer com que brote a semente de trigo, também as palavras destes ensinamentos aquecerão minha vida e transformarão meus sonhos em realidade. Hoje superarei toda ação que executei ontem. Subirei a montanha do hoje com o extremo de minha capacidade, amanhã subirei mais alto que hoje e, no dia seguinte, mais alto que na véspera. Superar os feitos dos outros é importante; superar meus própios feitos, é tudo. Hoje centuplicarei meu valor. E assim como o vento quente conduz o trigo à madureza, o mesmo vento levará minha voz aos que me darão ouvidos, e minhas palavras anunciarão meus objetivos. Uma vez pronunciadas, não ousarei recordá-las para que não percam a expressão. Serei meu própio profeta, e embora todos possam rir de minhas alocuções eles ouvirão meus planos, conhecerão meus sonhos; e assim não haverá saída para mim até que minhas palavras se tornem feitos realizados. Hoje centuplicarei meu valor. Não comenterei o terrível crime de aspirar a (querer) pouco demais. Executarei o trabalho que o fracasso não executará. Sempre deixarei meu desígnio exceder a minha compreensão. Jamais me contentarei com o meu desempenho na rua. Sempre elevarei meus objetivos tão logo os atinja. Sempre me esforçarei para fazer a próxima hora melhor do que a hora presente. Sempre anunciarei meus objetivos ao mundo. Contudo, jamais proclamarei minhas realizações. Deixarei, ao contrário, que o mundo se aproxime de mim com louvores e que eu possa ter a sabedoria de recebê-los com humildade. Hoje centuplicarei meu valor. Um grão de trigo quando centuplicado produzirá centenas de talos. Centuplique-os dez vezes e eles alimentarão todas as cidades da terra. Não sou eu mais do que um grão de trigo ? Hoje centuplicarei meu valor. E, feito isso, repetirei a façanha e repetirei de novo e haverá espanto e estupefação diante de minha grandeza, assim que as palavras deste ensinamento se cumprirem em mim. O Pergaminho número 9 Meus sonhos são insignificantes, meus planos são poeira, meus objetivos são impossíveis. Todos nada valem, a não ser seguidos por ação. Agirei agora. Folha 26
  • 27. Pai Novo ou Jovem Velho Jamais existiu mapa, por mais cuidadosamente executado em detalhe e escala, que elevasse seu possuidor um só centímetro do chão. Jamais houve lei, conquanto honesta, que impedisse um crime. Jamais houve um pergaminho, mesmo como este agora que eu tenho nas mãos, que ganhasse um tostão sequer ou produzisse uma única palavra de aclamação. Somente a ação transforma o mapa, o papel, este pergaminho, meus sonhos, meus planos, meus objetivos em força viva. A ação é o alimento e a bebida que nutrirá o meu êxito. Agirei agora. Minha procrastinação, que me atrasa, nasceu do medo, e agora reconheço este segredo tirado das profundezas de todos os corações corajosos. Agora sei que para vencer o medo devo sempre agir sem hesitação e as hesitações do meu coração desapareçerão. Agora sei que a ação reduz o leão do terror à formiga da equanimidade. Agirei agora. De hoje em diante, relembrarei a lição do vaga-lume que acende sua luz apenas quando voa, apenas quando está em ação. Tornar-me-ei um vaga-lume e, mesmo durante o dia, meu fulgor será visto, apesar do sol. Que os outros sejam como borboletas que alisam suas asas, mas dependem da caridade de uma flor para viver. Serei como um vaga-lume e minha luz iluminará o mundo. Agirei agora. Não evitarei as tarefas de hoje e não as deixarei para amanhã, pois sei que o amanhã jamais chega. Deixe-me agir agora, mesmo que minhas ações possam não trazer felicidade ou êxito, pois é melhor agir e fracassar do que não agir e atrapalhar-me. A felicidade, em verdade, pode não ser o fruto colhido pela minha ação, mas sem ação todo o fruto morrerá na vinha. Agirei agora. Agirei agora. Agirei agora. Agirei agora. DE hoje em diante, repetirei estas palavras sempre e sempre, cada hora, cada dia, até que elas se tornem um hábito como minha respiração e as ações que se seguirem tornem-se tão instintivas como o piscar de meus olhos. Com estas palavras posso condicionar minha mente a executar tudo que seja necessário ao meu êxito. Com estas palavras posso condicioná-la a enfrentar todos os desafios que o fracasso evita. Agirei agora. Repetirei estas palavras sempre e sempre. Ao acordar, eu as pronuciarei e pularei da cama, enquanto o fracasso dorme uma hora mais. Agirei agora. Ao entrar no trabalho, eu as pronunciarei e imediatamente confrontarei a primeira possibilidade, enquanto o fracasso pondera, ainda, uma possibilidade de malogro. Agirei agora. Ao defrontar uma porta fechada, eu as pronunciarei, e baterei enquanto o fracasso espera lá fora com medo e agitação. Ao defrontar-me com a tentação eu as pronunciarei e agirei imediatamente para afastar- me da maldade. Folha 27
  • 28. Pai Novo ou Jovem Velho Agirei agora. Ao ser tentado a desistir e recomeçar amanhã, eu as pronunciarei e, imediatamente, agirei para terminar o meu trabalho. Agirei agora. Apenas a ação determina meu valor na rua e, para multiplicar meu valor, multiplicarei minhas ações. Andarei por onde o fracasso teme andar. Trabalharei enquanto o fracasso procura descanso. Conversarei enquanto o fracasso permanece calado. Visitarei dez que podem comprar o que eu tenho para vender, enquanto o fracasso faz grandiosos planos para visitar um. Direi que está consumado antes que o fracasso diga que é tarde demais. Agirei agora. Pois o agora é tudo que tenho. O amanhã é o dia reservado para o trabalho do preguiçoso. O amanhã é o dia reservado para o trabalho do preguiçoso. Eu não sou preguiçoso. O amanhã é o dia em que o mau se torna bom. Eu não sou mau. O amanhã é o dia em que o fraco se torna forte. Eu não sou fraco. O amanhã é o dia em que o fracasso terá êxito. Eu não sou um fracasso. Agirei agora. Quando o leão está faminto, ele come. Quando a águia tem sede, ela bebe. Se não agem, ambos correrão perigo. Sinto fome de êxito. Sinto sede de felicidade e paz de espírito. Agirei agora para não correr perigo numa vida de fracasso, de miséria e de noites indormidas. Eu ordenarei e obedecerei às minhas própias ordens. Agirei agora. O êxito não esperará. Se eu retardo, ele se compromete com outro e eu o perco para sempre. Esta é a hora. Este é o lugar. Eu sou o homem. Agirei agora. O Pergaminho número 10 Quem tem a fé tão pequena que, em momento de grande desastre ou agitação não haja clamado a seu Deus? Quem já não gritou quando confrontado com o perigo, a morte, ou o mistério além de sua compreensão ou experiência normal? De onde vem esse profundo instinto que escapa da boca de todas as criaturas vivas em momentos de perigo? Mova rápido sua mão ante os olhos de alguém e suas pálpebras mover-se-ao. Dê um tapinha no ombro de alguém e ele dará um pulo. Confronte alguém com um negro horror na face e ele dirá, “Meu Deus”, levado pelo mesmo impulso. Não necessito permear minha vida de religião a fim de reconhecer este grande e maior mistério da natureza. Todas as criaturas que andam sobre a terra, inclusive o homem, possuem o instinto de gritar por socorro. Por que possuímos esse instinto, esse dom? Folha 28
  • 29. Pai Novo ou Jovem Velho Não são nossos gritos uma forma de súplica? Não é compreensível, num mundo governado pelas leis da natureza, que uma mente grandiosa, à parte de dar ao cordeiro, à mula, ao pássaro, ao homem, o instinto de gritar por socorro, tenha também permitido que o grito fosse ouvido por algum poder superior capaz de ouvir e atender ao grito de socorro? De hoje em diante eu suplicarei, mas meus gritos por socorro serão apenas pedidos de orientação. Jamais suplicarei pelas coisas materiais do mundo.Não peço ao criado que me traga comida. Não determino ao hospedeiro que me dê um quarto. Jamais buscarei dádivas de ouro, amor, saúde, vitórias mesquinhas, fama, êxito ou felicidade. Suplicarei apenas por orientação para que eu venha a saber a maneira de adquirir estas coisas e serei sempre atendido em minha súplica. A orientação que busco pode chegar como pode não chegar, mas não são ambas uma resposta? Se uma criança busca pão com seu pai e não encontra, não deu o pai uma resposta? Suplicarei como um vendedor, desta maneira: Ó criador de todas as coisas, ajudai-me. Pois hoje saio pelo mundo nu e só, e sem vossa mão para orientar desviar-me-ei do caminho que conduz ao êxito e à felicidade. Não peço ouro ou roupa ou mesmo oportunidades segundo minha capacidade, mas orientação para que possa adquirir capacidade segundo minhas oportunidades. Ao leão e à águia ensinastes a caçar e a prosperar com os dentes e as garras. Ensinai-me a caçar com palavras e a prosperar com amor para que eu possa ser um leão entre os homens e uma águia na feira. Ajudai-me a permanecer humilde nos obstáculos e fracassos; mas não oculteis dos meus olhos o premio que virá com a vitória. Conferi-me tarefas para as quais outros fracassaram; mas orientai-me na colheita das sementes do êxito nos fracassos dos outros. Confrontai-me com temores que temperarão o meu espírito; mas dotai-me de coragem para rir de meus receios. Reservai-me dias suficientes para alcançar meus objetivos; mas ajudai-me a viver este dia como se fosse o meu último dia. Orientai-me em minhas palavras para que elas frutifiquem; mas acautelai-me a língua, para que ninguém difame. Disciplinai-me no hábito de tentar sempre e sempre; Mas mostrai-me a maneira de utilizar-me da lei das médias. Favorecei-me com a prontidão em reconhecer as oportunidades; mas dotai-me com a paciência que concentrará minha força. Banhai-me bons hábitos para que os maus hábitos se afoguem; mas concedei-me a compaixão pela fraqueza dos outros. Fazei-me sofrer para saber que todas as coisas passarão; mas ajudai-me a contar minhas bençãos de hoje. Sujeitai-me ao ódio, para que ele não seja um estranho; mas enchei minha taça de amor para transformar estranhos em amigos. Mas que todas estas coisas aconteçam apenas segundo vossa vontade. Sou uma uva pequena e solitária compondo a vinha, mas me fizestes diferente de todas as outras. Em verdade, deve haver um lugar especial para mim. Orientai-me. Ajudai-me. Mostrai-me o caminho. Folha 29
  • 30. Pai Novo ou Jovem Velho Deixai-me tornar em tudo aquilo que planejastes para mim quando minha semente foi plantada e escolhida por vós para brotar no vinhedo do mundo. Ajudai este humilde vendedor. Orientai-me, Meu Senhor. Bom, aqui estou eu, continuo neste mesmo canto escuro, aguardando meu nome ser chamado, hoje é Domingo, e depois de vinte e cinco anos finalmente eu vou me confessar, vou contar que finalmente hoje eu abri meus olhos, vou lavar a minha alma e mostrar para Deus que finalmente estou aqui vivo, que seu filho pródigo novamente retornou para o seu lar, e que gostaria que ele me aceitasse de volta. Deus, veja, eu sempre tive tanta dificuldade em falar contigo, sempre tive tanta dificuldade em decorar todas as suas orações, acabo sem querer falando contigo, como se conversa-se com o meu Pai, engraçado, falo de um jeito tão espontâneo com todos os meus irmãos, minha mãe, e minha mulher e filho, porque então não posso faze-lo com meu Pai. A única diferença que eu noto e que apenas eu falo, você fica aí, só escuta, mas e se aparecer alguém, pode me tomar como louco, falando só, e daí, que pensem isso, serei eu um louco por conversar com o Pai que me criou, serei eu um louco por conversar com o Senhor que me amou tanto que me entregou seu filho para ensinar o que todos já deveriam saber, aquele que evitou a ira, e então desejou que todos nós nos amassemos como a irmãos, aquele que dizia que o nosso sofrimento era o sofrimento dele e a nossa felicidade também era a felicidade dele. Eu sou homem, mas não tenho a menor vergonha de dizer que eu o amo, digo isto a minha mulher, digo isto a meu filho, digo a minha mãe e digo a meu pai aqui na terra. Dedico este relato a você que ainda está lendo, que teve a paciência de aturar-me até o fim, mas sei que este monólogo servirá apenas para tirar certas duvidas a meu respeito. Fernando Antonio F. Anselmo Folha 30