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O SARAMPO
I- INTRODUÇÃO
Danielle de Oliveira Carneiro
A epidemiologia no processo saúde - doença tem sua importância desde dos
primórdios na grécia antiga com sua essência na medicina individual e coletiva tendo sua
subdivisões em eixos para sua formação histórica, um processo de evolução de saberes
técnicos e desenvolvimento da teoria microbiana tendo assim, uma constituição histórica
da epidemiologia: a estatística.
Epidemiologia é uma ciência que estuda o processo saúde-doença analisando a
distribuição dos fatores determinantes das enfermidades, propondo medidas específicas
de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, sendo o eixo da saúde pública com
suas bases avaliatórias e medidas profiláticas tendo diagnose de doenças transmissíveis
e não-transmissíveis com o fornecimento de indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, administração e avaliação das ações em saúde e além disso, estuda a
distribuição da morbidade e mortabilidade traçando o perfil de saúde - doença nas
coletiviades humanas.
SUPORTE NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE SAÚDE
História natural da doença- Conjunto das inter-relções do agente e meio ambiente
que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que
criam o estímulo patológico no meio ambiente, passando a resposta do homem ao
estímulo( adoeça), até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou
morte.
PERÍODO PRÉ-PATOGÊNISE
Sendo a própria evolução das relações dinâmicas, que envolvem, as condições
socias e ambientais que possui fatores próprios sucetíveis até que ocorra a instalação da
doença, e por outro lado fatores sucetíveis que estimulam o desenvolvimento sócio-
econômico-culturais que permitem a existência desses fatores.
FATORES SOCIAIS
Em nível pré-patogênico estebelecem-se ações de ordem preventiva, crescendo
atravéz de relações ambientais e ecológicas desfavoráveis atingindo o homem pela ação
direta dos agentes físicos, biológicos e psicológicos.
Fatores sócio-econômico
 Morrem mais jovens;
 Sua taxa de mortalidadeinfantil e mais elevada;
Fatores sociopolítico
 Participação consentida e valorização da cidadania;
 decisão política;
Fatores socioculturais
 Alienação em relação aos direitos e deveres da cidadania;
 incapacidade de se organizar para reinvidicar;
Fatores psicossociais
 marginalidade;
 relção parenterais estáveis;
Fatores ambientais
 agentes presentes no ambiente de forma habitual, em convivência natural com o
homem;
 situações ecológicas desfavoráveis, onde o homem tem ascesso à organização
interna de seres vivos, podem funcionar, para estes, como agentes patogênicos.
PERÍODO DE PATOGÊNESE
A história natural da doença tem seguimento com a sua implantação e evolução do
homem, é o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os
agentes patigênicos exercem sobre o ser afetado. Neste contexto, serão considerados
quatro níveis de evolução da doença no período da patogênise:
 Interação estímulo-suscetível- Nesta etapa a doença ainda não tomou desenvoltura,
porém todos os fatores necessários para a sua ocorrência estão presentes.
 Alterações bioquimicas, histológicas e fisiológicas- Neste estágio, a doença já está
implantada no organismo afetado. Embora não se percebam manifestações clinicas.
 Sinas e sintomas- Os sinas inicias da doenças, tornam-se nítidos, transformam-se
em sintomas.
 Cronicidade- A evolução clinica da doença pode progredir até o estado crônico ou
conduzir o doente a um nível de incapacidade física por um tempo variável.
PREVENÇÃO
A epidemiologia e um instrumento privilegiado para orientar a atuação da saúde
pública, coma prevenção a saúde pública intervem evitando doenças, prolongar a vida e
desenvolver a saúde física e mental e a eficiência. A prevenção atua em três fases:
 Prevenção primaria- Se faz coma interação dos fatores pré-patogênese, promoção e
proteção específica à saúde.
 Prevenção secundária- É realizada no individuo, sob ação do agente patogênico ao
nível da doença, inclui diagnóstico, tratamento.
 Prevenção terciária- Consiste na prevenção da incapacidade atravéz de medidas
destinadas a reabilitação.
A epidemiologia sendo um dos eixos da saúde pública tem contribuido
decisivamente para o conhecimento e controle das doenças em coletividade humana, por
outro lado, para o aprimoramento de pesquisas em clínica médica, e os avanços
alcançados constituem um material bastante ultilizado para o estabelecimento e
orientações diagnósticas, prognósticas e terapêuticas.
SARAMPO
CID 10: B05
Características gerais
Descrição
O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e
extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pela infecção,
provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas
manifestações clínicas, inclusive pelas perdas consideráveis de eletrólitos e proteínas,
gerando o quadro espoliante característico da infecção. Além disso, as complicações
infecciosas contribuem para a gravidade do sarampo, particularmente em crianças
desnutridas e menores de 1 ano de idade.
Agente etiológico
O vírus do sarampo pertence ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae.
Reservatório
O único reservatório é o homem.
Modo de transmissão
É transmitido diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas,
expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Essa forma de transmissão é responsável
pela elevada contagiosidade da doença. Tem sido descrito, também, o contágio por
dispersão de gotículas com partículas virais no ar, em ambientes fechados como, por
exemplo: escolas, creches e clínicas.
Período de incubação
Geralmente de 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da exposição até o
aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início do exantema.
Período de transmissibilidade
É de 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até 4 dias após. O período de maior
transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início do exantema. O vírus vacinal
não é transmissível.
Suscetibilidade e imunidade
A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral. Os lactentes cujas mães já tiveram
sarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidos por via
placentária, conferindo imunidade, geralmente, ao longo do primeiro ano de vida, o que
interfere na resposta à vacinação. No Brasil, cerca de 85% das crianças perdem esses
anticorpos maternos por volta dos 9 meses de idade.
Aspectos clínicos e laboratoriais
Manifestações clínicas
Caracteriza-se por febre alta, acima de 38,5°C, exantema máculo-papular generalizado,
tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem
na mucosa bucal, antecedendo ao exantema). Didaticamente as manifestações clínicas
do sarampo são divididas em três períodos:
• Período de infecção – dura cerca de 7 dias, iniciando com período prodrômico, onde
surge febre, acompanhada de tosse produtiva, coriza, conjuntivite e fotofobia. Do 2° ao 4°
dias desse período, surge o exantema, quando se acentuam os sintomas iniciais, o
paciente fica prostrado e aparecem as lesões características do sarampo: exantema
cutâneo máculo-papular de coloração vermelha, iniciado na região retroauricular.
• Remissão – caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, declínio da febre. O exantema
torna-se escurecido e, em alguns casos, surge descamação fina, lembrando farinha, daí o
nome de furfurácea.
• Período toxêmico – o sarampo é uma doença que compromete a resistência do
hospedeiro, facilitando a ocorrência de superinfecção viral ou bacteriana. Por isso, são
frequentes as complicações, principalmente nas crianças até os 2 anos de idade, em
especial as desnutridas, e adultos jovens. A ocorrência de febre, por mais de 3 dias, após
o aparecimento do exantema, é um sinal de alerta, indicando o aparecimento de
complicações. As mais comuns são: infecções respiratórias; otites; doenças diarreicas; e,
neurológicas. É durante o período exantemático que, geralmente, se instalam as
complicações sistêmicas, embora a encefalite possa aparecer após o 20° dia.
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial do sarampo deve ser realizado para as doenças exantemáticas
febris agudas. Dentre essas, destacam-se as seguintes: rubéola, exantema súbito
(roséola infantum), dengue, enteroviroses, eritema infeccioso (parvovírus B19) e
ricketioses.
• Rubéola – doença de natureza viral, que em geral inicia seus pródromos em criança. O
exantema é róseo, discreto e, excepcionalmente, confluente, com máxima intensidade no
segundo dia, desaparecendo até o sexto dia, sem descamação. Há presença de
linfoadenopatia, principalmente retroauricular e occipital.
• Exantema súbito (R. Infantum) – o exantema súbito é uma doença de natureza viral
(herpes vírus 6), que ocorre principalmente em crianças menores de 2 anos,
apresentando de 3 a 4 dias de febre alta e irritabilidade, podendo provocar convulsões. O
exantema é semelhante ao da rubéola e pode durar apenas horas. Inicia-se,
caracteristicamente, no tronco, após o desaparecimento da febre e não há descamação.
• Eritema infeccioso (Parvovírus B19) – caracterizado por exantema, febre, adenopatia,
artralgia e dores musculares, ocorrendo principalmente em crianças de 4 a 14 anos de
idade, sendo moderadamente contagioso. O exantema surge, em geral, 7 dias após os
primeiros sinais e sintomas, caracterizando-se por três estágios. Estágio 1: face
eritematosa, conhecida como “aparência de bochecha esbofeteada”. Estágio 2: um a
quatro dias depois, caracterizado como exantema maculopapular, distribuído
simetricamente no tronco e nas extremidades, podendo ser acompanhado de prurido.
Estágio 3: mudança de intensidade no rash, com duração de uma ou mais semanas,
exarcebado por exposição ao sol ou por fatores emocionais.
• Dengue – caracteriza-se por início súbito, com febre, cefaleia intensa, mialgia, artralgias,
dor retro-orbital, dor abdominal difusa e erupção máculo-papular generalizada, que
aparece frequentemente com o declínio da febre. É também uma doença de natureza viral.
• Enteroviroses (coxsackioses e echoviroses) e ricketioses – apresentam 3 a 4 dias
de febre, no caso do vírus ECHO. No curso da doença, podem aparecer exantemas de
vários tipos, predominando o máculo-papular discreto. São mais frequentes em crianças
de baixa idade, na maioria dos casos acometendo a região palmo-plantar e não
provocando descamação.
Diagnóstico laboratorial
É realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue, na fase aguda da doença,
desde os primeiros dias até 4 semanas após o aparecimento do exantema. Os anticorpos
específicos da classe IgG podem eventualmente aparecer na fase aguda da doença e,
geralmente, são detectados muitos anos após a infecção.
Técnicas de diagnóstico laboratorial
Para detecção de anticorpos podem ser utilizadas as seguintes técnicas:
• ensaio imunoenzimático (EIE/ELISA) para dosagem de IgM e IgG;
• inibição de hemoaglutinação (HI) para dosagem de anticorpos totais;
• imunofluorescência para dosagem de IgM e IgG; e,
• neutralização em placas.
Todos os testes têm sensibilidade e especificidade entre 85 a 98%.
No Brasil, a rede laboratorial de saúde pública de referência para o sarampo utiliza a
técnica
de ELISA para detecção de IgM e IgG.
Número de amostras
As amostras de sangue dos casos suspeitos devem ser colhidas, sempre que possível, no
primeiro atendimento ao paciente.
São consideradas amostras oportunas (S1) aquelas coletadas entre o 1° e o 28° dias do
aparecimento do exantema. As amostras coletadas após o 28° dia são consideradas
tardias, mesmo assim devem ser enviadas ao laboratório.
Os resultados IgM positivo ou indeterminado, independente da suspeita, devem ser
comunicados imediatamente à vigilância epidemiológica estadual, para a realização da
reinvestigação e da coleta da segunda amostra de sangue (obrigatória).
A realização da segunda coleta (S2) é obrigatória e imprescindível para a classificação
final dos casos, e deverá ser realizada entre 20 a 25 dias após a data da primeira coleta.
Identificação viral
O vírus do sarampo pode ser identificado na urina, nas secreções nasofaríngeas, no
sangue, no líquor cérebro-espinhal ou em tecidos do corpo.
A identificação do vírus do sarampo tem como objetivos: identificar o padrão genético
circulante no país; diferenciar os casos autóctones do sarampo dos casos importados; e
diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal.
• Período para coleta – as amostras dos espécimes clínicos (urina e secreções
nasofaringea) devem ser coletadas até o 5° dia a partir do início do exantema,
preferencialmente nos 3 primeiros dias. Em casos esporádicos, para não se perder a
oportunidade deve-se tomar amostras para a identificação viral, o período pode ser
estendido em consonância com a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e a Fiocruz.
• Critérios para a coleta de espécimes para identificação – em presença de surto de
sarampo, independente da distância do laboratório central; casos importados,
independente do país de origem; em todos os casos com resultado laboratorial IgM
positivo ou indeterminado para o sarampo, observando o período de coleta adequado.
Tratamento
Não existe tratamento específico para a infecção por sarampo. O tratamento profilático
com antibiótico é contraindicado.
É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a
fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. A OMS recomenda administrar a
vitamina A, em todas as crianças, no mesmo dia do diagnóstico do sarampo, nas
seguintes dosagens:
• Crianças menores de 6 meses de idade – 50.000UI (unidades internacionais): uma
dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e, outra dose no dia seguinte.
• Crianças entre 6 e 12 meses de idade – 100.000UI: uma dose, em aerossol, no dia do
diagnóstico; e, outra dose no dia seguinte.
• Crianças maiores de 12 meses de idade – 200.000UI: uma dose, em aerossol ou
cápsula, no dia do diagnóstico; e, outra dose no dia seguinte.
Para os casos sem complicações, manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a
hipertermia.
Muitas crianças necessitam, de 4 a 8 semanas, para recuperar o estado nutricional que
apresentavam antes do sarampo. As complicações como diarreia, pneumonia e otite
média devem ser tratadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo
Ministério da Saúde.
Classificação dos casos confirmados de sarampo, de acordo com a fonte de
infecção
Caso importado de sarampo – caso cuja infecção ocorreu fora do país durante os 14 a
23 dias prévios ao surgimento do exantema, de acordo com a análise dos dados
epidemiológicos ou virológicos. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de
espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o
paciente.
Caso relacionado com importação – infecção contraída localmente, que ocorre como
partede uma cadeia de transmissão originada por um caso importado, de acordo com a
análise dos dados epidemiológicos e/ou virológicos.
Caso com origem de infecção desconhecida – caso em que não foi possível
estabelecer a origem da fonte de infecção após a investigação epidemiológica minuciosa.
Caso índice – primeiro caso ocorrido entre vários casos de natureza similar e
epidemiologicamente relacionados, sendo a fonte de infecção no território nacional. A
confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação
viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente.
Caso secundário – caso novo de sarampo surgido a partir do contato com o caso índice.
A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação
viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente.
Caso autóctone – caso novo ou contato de um caso secundário de sarampo após a
introdução do vírus no país. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes
clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente. O
vírus identificado deve circular no país por mais de 12 meses, dessa forma o país deixa
de ser uma área livre da circulação do vírus autóctone.
Notificação
A notificação do sarampo é obrigatória e imediata. Deve ser realizada por telefone à
secretaria municipal de saúde, dentro das primeiras 24 horas, a partir do atendimento do
paciente. O caso deve ser notificado a SES por telefone, fax ou e-mail, para o
acompanhamento junto ao município.
Considerando a alta infectividade e contagiosidade da doença, todos os profissionais dos
serviços públicos e privados, principalmente os médicos pediatras, clínicos, infectologistas,
enfermeiros e laboratoristas devem notificar, de imediato, todo caso suspeito de sarampo.
As normas de notificação devem adequar-se, no tempo e no espaço, às características de
distribuição das doenças consideradas, ao conteúdo de informação requerido, aos
critérios de definição de casos, à periodicidade da transmissão dos dados, às
modalidades de notificação indicadas e à representatividade das fontes de notificação.
Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória
devem obedecer os critérios a seguir.
Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes
contingentes populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência,
mortalidade e anos potenciais de vida perdidos.
Potencial de disseminação – representado pelo elevado poder de transmissão da
doença, através de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde
coletiva.
Transcendência – expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância
especial à doença ou agravo, destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade,
de hospitalização e de sequelas; relevância social, avaliada, subjetivamente, pelo valor
imputado pela sociedade à ocorrência da doença, e que se manifesta pela sensação de
medo, de repulsa ou de indignação; e relevância econômica, avaliada por prejuízos
decorrentes de restrições comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo escolar
e laboral, custos assistenciais e previdenciários, entre outros.
Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de
prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde
sobre indivíduos e coletividades
Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas continentais ou
mundiais de controle, de eliminação ou de erradicação de doenças, previstas em acordos
firmados pelo governo brasileiro com organismos internacionais. O atual Regulamento
Sanitário Internacional (RSI-2005) estabelece que sejam notificados todos os eventos
considerados de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O
conceito e estratégia de diagnóstico de uma ESPII desse tipo de emergência serão
descritos no capítulo Respostas a eventos de saúde de interesse nacional e internacional,
deste Guia.
Ocorrência de emergências de saúde pública, epidemias e surtos – são situações
que impõe notificação imediata de todos os eventos de saúde que impliquem risco de
disseminação de doenças, com o objetivo de delimitar a área de ocorrência, elucidar o
diagnóstico e deflagrar medidas de controle aplicáveis. Mecanismos próprios de
notificação devem ser instituídos, com base na apresentação clínica e epidemiológica do
evento.
Aspectos que devem ser considerados na notificação:
• Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação
do caso para se efetuar a notificação, pois isso pode significar perda da oportunidade de
intervir eficazmente.
• A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico-
sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos
cidadãos.
• O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de
casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um
indicador de eficiência do sistema de informações.
Primeiras medidas a serem adotadas
Assistência médica ao paciente
Geralmente ocorre em unidades básicas de saúde. A hospitalização é necessária quando
há complicações (infecção bacteriana, encefalite, etc.) em indivíduos
imunocomprometidos, principalmente crianças desnutridas.
Qualidade da assistência
Os casos deverão ser atendidos na rede de serviços de saúde. Os profissionais devem
ser orientados sobre procedimentos frente a um caso de sarampo. A hospitalização faz–
se necessária em situações graves.
Proteção individual para evitar circulação viral
No plano individual, o isolamento domiciliar ou hospitalar dos casos consegue diminuir a
intensidade dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a frequência às escolas ou
creches, agrupamentos, ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o
início do período exantemático.
O impacto do isolamento dos doentes é relativo à medida de controle, porque o período
prodrômico da doença já apresenta elevada transmissibilidade do vírus e, em geral, não é
possível isolar os doentes a não ser no período exantemático. Portanto, a vigilância dos
contatos deve ser realizada por um período de 21 dias.
Como o risco de transmissão intra-hospitalar é muito alto, deve ser feita a vacinação
seletiva de todos os pacientes e profissionais do setor de internação do caso suspeito de
sarampo e, dependendo da situação, de todos os profissionais do hospital. Pacientes
internados devem ser submetidos a isolamento respiratório, até 4 dias após o início do
exantema.
Proteção da população
A principal medida de controle do sarampo é a vacinação dos suscetíveis, que inclui:
vacinação de rotina na rede básica de saúde, bloqueio vacinal, intensificação e
campanhas de vacinação de seguimento. Ressalta-se que, a cada caso suspeito
notificado, a ação de bloqueio vacinal deve ser desencadeada imediatamente. Extensa
busca ativa de novos casos suspeitos deve ser realizada. A faixa etária prioritária para
ações de bloqueio vacinal é entre 6 meses de vida e 39 anos de idade. Porém, a redução
ou ampliação dessa faixa para a realização do bloqueio vacinal deverá ser avaliada, de
acordo com a situação epidemiológica apresentada na localidade. A investigação
epidemiológica, principalmente através de busca ativa de casos, leva a um melhor
controle da doença. Ações de esclarecimento à população, utilizando-se de meios de
comunicação de massa, visitas domiciliares e palestras nas comunidades, devem ser
organizadas. Conhecimentos sobre o ciclo de transmissão da doença, gravidade,
vacinação e esclarecimentos da situação de risco devem ser veiculados.
Investigação
A investigação do caso suspeito de sarampo deve ser realizada pela equipe municipal,
com o objetivo de adotar medidas de controle frente a um ou mais casos, surtos e
epidemias, e da coleta dos dados que permitirão analisar a situação epidemiológica. As
informações obtidas na investigação epidemiológica deverão responder às perguntas
básicas da análise epidemiológica, ou seja: quem foi afetado, quando ocorreram os casos
e onde se localizam. A partir dessas informações serão desencadeadas as condutas
adequadas à situação. Todos os casos suspeitos de sarampo devem ser investigados no
prazo máximo de 48 horas, após a notificação.
Coleta de dados clínicos e epidemiológicos
Para confirmar a suspeita diagnóstica – na investigação, todas as informações
necessárias à verificação do diagnóstico do caso devem ser coletadas, especialmente os
dados sobre a situação clínica e epidemiológica do caso suspeito. A investigação, de
forma geral, é iniciada no domicílio do caso suspeito de sarampo, por meio da visita
domiciliar feita especialmente para completar as informações sobre o quadro clínico
apresentado pelo caso suspeito:
• confirmar a situação vacinal do caso suspeito, mediante verificação do cartão de
vacinação
– estabelecer um prazo entre 7 e 18 dias para realizar a revisita, a fim de detectar a
ocorrência de complicações e/ou o surgimento de novos casos; acompanhar a evolução
do caso; confirmar ou descartar o caso.
Para identificar a área de transmissão – a investigação na comunidade tem por
finalidade verificar a ocorrência de outros casos suspeitos que não foram notificados.
Essa investigação é realizada, principalmente, em torno da área de residência e
convivência do caso suspeito, ou seja, na vizinhança, local de trabalho, escola, creche,
igrejas, e outros locais também frequentados pelo paciente, nos últimos 7 a 18 dias.
Investigar minuciosamente, por meio de:
• coleta de dados que permitam analisar a situação epidemiológica, respondendo às
perguntas básicas: quem foi afetado? quando e como ocorreram os casos? onde se
localizam?
• preenchimento da ficha de investigação individual (FII) específica para o sarampo e a
rubéola, bregistrando corretamente todos os dados e colocando o mesmo número da FNI;
• coleta de uma amostra de sangue para o diagnóstico laboratorial, no caso da amostra
não ter sido colhida no serviço de saúde que fez a notificação;
• identificação da provável fonte de infecção;
• avaliação da cobertura vacinal da área;
• verificação sobre a ocorrência de surtos em outras áreas;
• definição sobre as medidas de controle da doença, ou seja, definir e orientar a equipe
doserviço de saúde sobre a estratégia de vacinação a ser adotada: qual a estratégia a ser
implementada? qual a sua abrangência?
• orientação das pessoas da comunidade sobre a necessidade de comunicar ao serviço
de saúde o surgimento de pessoas com sinais e sintomas de sarampo.
Para determinação da extensão da área de transmissão – busca ativa dos casos: a
partir da notificação de um caso suspeito de sarampo, fazer a busca ativa durante a
atividade de investigaçãodo caso, numa determinada área geográfica, a fim de detectar
outros possíveis casos, mediante:
• visitas às residências, creches, colégios, centros de saúde, hospitais, farmácias, quartéis,
entre outros locais;
• contatos com médicos, líderes comunitários e pessoas que exercem práticas alternativas
de saúde (curandeiros, benzedeiras);
• visitas periódicas aos serviços de saúde que atendam doenças exantemáticas febris na
área, particularmente se esses serviços não vêm notificando casos suspeitos;
• visita a laboratórios da rede pública ou privada, com o objetivo de verificar se foram
realizados exames para a detecção de sarampo, rubéola, ou de outro quadro semelhante
e que não tenham sido notificados
Para identificar um surto de sarampo – é necessário que o profissional de saúde esteja
atento e saiba identificar um caso suspeito de sarampo, independente da idade e estado
vacinal, investigando durante a consulta ou durante a investigação se o mesmo viajou ou
teve contato com outra pessoa que viajou para o exterior nos últimos 30 dias ou mesmo
teve contato com outra pessoa com os mesmos sintomas.
Definição de surto de sarampo – devido à eliminação da circulação do vírus do sarampo
no país desde o ano 2000, um caso confirmado de sarampo é considerado um surto,
independente da localidade ou período da ocorrência do mesmo.
Coleta e remessa de material para exames
Em todo caso suspeito de sarampo, deverá ser colhido espécimes clínicas para sorologia
de acordo com o tópico Diagnóstico laboratorial.
CLASSIFICAÇÃO DO CASO SUSPEITO DE SARAMPO
Análise de dados
Em cada nível do SUS (municipal, estadual e federal), devem ser realizadas análises
periódicasdos dados epidemiológicos coletados, da forma mais padronizada possível,
abrangendo, conforme já referido, a distribuição temporal, a localização espacial e a
distribuição, segundo osatributos pessoais.
Distribuição temporal (quando?) – a análise temporal considera a distribuição do
número de casos notificados e confirmados (segundo critério laboratorial, vínculo
epidemiológico e pela clínica), de acordo com o intervalo de tempo como, por exemplo,
semana epidemiológica, mês ou ano. Também devem ser calculados os coeficientes de
incidência e mortalidade mensais e anuais, conforme a situação epidemiológica vigente,
para verificação da tendência da doença na população. A distribuição no tempo é um
dado essencial para o adequado acompanhamento do aumento ou da redução da
ocorrência de casos na população e para o estabelecimento da variação sazonal da
doença.
Localização espacial (onde?) – a análise da situação, segundo a localização dos casos,
permite o conhecimento da área geográfica de ocorrência que pode ser melhor
visualizada, assinalando se com cores diferentes em um mapa, destacando:
• local de residência dos casos (rua, bairro, distrito, município, estado, país);
• local onde o caso permaneceu por mais tempo (escola, creche, alojamento, canteiro de
obra, quartéis, entre outros);
• zona de residência/permanência (urbana e rural);
• as áreas que concentram elevado número de suscetíveis.
Distribuição segundo atributos pessoais (quem?) – a análise da distribuição, segundo
atributos pessoais, permite conhecer o perfil da população que está sendo acometida, e
se o comportamento da doença apresenta fatores distintos que indicam mudanças em
seu perfil, como, por exemplo, o deslocamento da faixa etária. Para isso, é importante
considerar:
• a distribuição dos casos confirmados, por faixa etária; • a história vacinal dos casos
confirmados, segundo número de doses recebidas; • história de deslocamento; • outros
atributos também devem ser considerados, tais como: ocupação, escolaridade, etc.
Encerramento de casos
Por se tratar de uma doença em processo de eliminação, os casos deverão ser
encerrados, no prazo de até 30 dias, no boletim de notificação semanal (BNS) e 60 dias,
digitados e encerrados no Sinan.
Relatório final
Os dados, na ficha de notificação individual e investigação, deverão estar adequadamente
encerrados e digitados no Sinan, até 60 dias após a notificação. O encerramento oportuno
dos casos possibilitará a análise epidemiológica, necessária à tomada de decisão
oportuna.
Em situações de surtos, o relatório permite analisar a extensão e as medidas de controle
adotadas e caracterizar o perfil de ocorrência e os fatores que contribuíram para a
circulação do vírus na população.
Instrumentos disponíveis para controle
Imunização
Recomendações gerais para vacinação
A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência do sarampo na população.
O risco da doença para indivíduos suscetíveis permanece, em função da circulação do
vírus do sarampo em várias regiões do mundo e da facilidade em viajar por esses lugares.
É necessário, portanto, manter um alto nível de imunidade na população, por meio de
coberturas vacinais elevadas, iguais ou superiores a 95%, o que reduz a possibilidade da
ocorrência do sarampo, permitindo a eliminação da transmissão do vírus, uma vez que,
não encontrando suscetíveis, não é mantida a cadeia de transmissão.
Vacinação na rotina
É a atividade realizada de forma contínua na rede de serviços de saúde, em todo o
território nacional. O objetivo é vacinar todas as crianças aos 12 meses, a fim de manter
alta a imunidade de grupo, sendo necessário, para isso, alcançar e manter coberturas
vacinais iguais ou superiores a 95%, em todas as localidades e municípios. A partir de
2004, o calendário nacional de vacinação Secretaria de Vigilância em Saúde /MS 31
indica a segunda dose da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) para crianças
de 4 a 6 anos de idade para corrigir possível falha vacinal primária e vacinar aqueles que
porventura não tenham sido vacinados anteriormente.
Para detalhes operacionais sobre a organização das atividades de vacinação de rotina,
ver Portaria GM/MS n° 1.602, de julho de 2006.
Eventos adversos
A vacina é pouco reatogênica. Os eventos adversos apresentam pouca evolução, sendo o
que os mais observados são febre, exantema e cefaleia. As reações de hipersensibilidade
são raras.
Cada serviço de saúde deve identificar as oportunidades perdidas de vacinação,
organizando e realizando estratégias capazes de anular ou minimizar as situações
identificadas, principalmente por meio:
• do treinamento de pessoal de sala de vacinação;
• da avaliação do programa de imunizações;
• da revisão do cartão de vacinação de toda criança matriculada nas escolas, em parceria
com as secretarias estaduais e municipais de educação; e
• da busca sistemática de faltosos à sala de vacinação.
Para todos os adolescentes menores de 20 anos está assegurada duas doses da vacina
tríplice viral.
Para homens e mulheres até 39 anos está assegurada uma dose da vacina tríplice ou
dupla (sarampo e rubéola) viral, conforme consta no Calendário Nacional de Vacinação.
Estratégias de vacinação frente a casos suspeitos
Vacinação de bloqueio limitada aos contatos – para evitar o surgimento de casos de
sarampo, conforme já referido, é necessária a implementação de estratégias sistemáticas
de vacinação.
No entanto, diante de uma pessoa com sinais e sintomas do sarampo, deve ser realizado
o bloqueio vacinal limitado aos contatos do caso suspeito.
A vacinação de bloqueio fundamenta-se no fato de que a vacina consegue imunizar o
suscetível, em prazo menor, que o período de incubação da doença. Em função disso, a
vacina deve ser administrada, de preferência, dentro de 72 horas após a exposição.
Mesmo considerando que nem sempre é possível estabelecer com precisão quando
ocorreu a exposição, como forma de implementar a cobertura vacinal da área, ainda que
esse prazo tenha sido ultrapassado.
A vacinação de bloqueio deve abranger as pessoas do mesmo domicílio do caso suspeito,
vizinhos próximos, creches, ou, quando for o caso, as pessoas da mesma sala de aula, do
mesmo quarto de alojamento ou da sala de trabalho.
Na vacinação de bloqueio, utilizar a vacina tríplice viral para a faixa etária de 6 meses a
39 anos de idade, de forma seletiva. A dose de vacina tríplice viral, aplicada em crianças
menores de 1 ano, não será considerada como dose válida. Aos 12 meses, a criança
deverá ser vacinada com a tríplice viral (dose válida) e receber a segunda dose entre 4 e
6 anos de idade.
A vacinação de bloqueio, portanto, deve ser realizada quando ocorre um ou mais casos
suspeitos de sarampo. Para outras faixas, acima dos 40 anos de idade, a vacina só é
indicada com base na análise da situação epidemiológica.
Estratégias de vacinação frente a um caso confirmado ou surto
Operação limpeza – frente a um caso confirmado ou surto, a conduta indicada é a
realização da operação limpeza, com o objetivo de interromper a cadeia de transmissão
do vírus do sarampo, numa área geográfica determinada.
A operação limpeza implica na busca exaustiva de todos os suscetíveis mediante a
vacinação casa a casa, incluindo os domicílios e os estabelecimentos coletivos, como, por
exemplo, escolas, creches, orfanatos, canteiros de obras, entre outros.
A operação limpeza deve abranger:
• os locais frequentados pelo caso confirmado;
• todo o quarteirão, área residencial ou bairro, se necessário;
• a escola, creche, cursinhos, faculdade, alojamento, local de trabalho e outros
estabelecimentos coletivos frequentados pelo caso; e,
• todo o município, quando indicado.
A faixa etária a ser vacinada deve ser aquela exposta no parágrafo anterior. Essa
vacinação é utilizada de forma seletiva.
A realização do monitoramento rápido de cobertura vacinal auxiliará na análise da
coberturalocal após a operação limpeza.
CONDUTA FRENTE A CASO SUSPEITO DE SARAMPO
Ações de educação em saúde
A melhor forma é desenvolver atividades, de forma integrada, com área de
educação. Na escola, deverão ser trabalhados a doença e os meios de prevenção. No
momento da investigação, devem ser orientadas as pessoas sobre a importância da
prevenção do sarampo e o dever de cada cidadão de informar, ao serviço de saúde mais
próximo de sua casa, a existência de um caso suspeito.
Estratégias complementares de prevenção
Estratégias de vacinação para a prevenção de casos ou surtos
Vacinação indiscriminada em campanhas de seguimento – a vacinação em
campanhas de seguimento é a atividade realizada periodicamente, em nível nacional,
com o objetivo de alcançar crianças suscetíveis não vacinadas e revacinar as demais
crianças, principalmente as que estão em idade pré-escolar. Essa estratégia é
recomendada, sempre que o número de suscetíveis, em nível nacional, se aproximar de
uma coorte de nascimentos.
Nas campanhas de seguimento, a vacina é administrada de forma indiscriminada.
O intervalo entre uma campanha e outra depende da cobertura vacinal alcançada na
rotina, no período. Quando o índice for de 60%, em média, a campanha de seguimento
deve ser realizada a intervalos mais curtos.
Intensificação da vacinação extramuros – a intensificação da vacinação compreende,
de maneira geral, o desenvolvimento de atividades fora dos serviços de saúde
(extramuros). O principal objetivo é eliminar bolsões de suscetíveis, devendo ser realizada,
sempre que os índices de vacinação estiverem abaixo de 95%. Com isso, fica assegurado
que nenhum município tenha cobertura vacinal contra o sarampo/rubéola abaixo do
mínimo necessário para obter um nível seguro de imunidade de grupo.
A intensificação das atividades consiste, sobretudo, na realização de vacinação casa a
casa (incluindo residências e instituições em geral, como, por exemplo, escolas, creches,
orfanatos), alcançando crianças de 12 meses até menores de 12 anos que não foram
vacinados na rotina, nas campanhas de multivacinação, de seguimento, especialmente as
que vivem nas áreas urbanas e rurais de difícil acesso. Os adolescentes e adultos até 39
anos de idade também devem ser avaliados e caso seja necessário realizar a vacinação.
Campanhas de multivacinação – as campanhas de multivacinação que acontecem duas
vezes ao ano, são excelentes oportunidades para aumentar as coberturas vacinais. No
entanto, quando a meta é erradicar o sarampo, não se deve esperar as campanhas para
vacinar os suscetíveis. Por ocasião das campanhas de multivacinação, são vacinadas as
crianças de 12 meses até menores de 12 anos de idade que não foram atingidas pelas
atividades de rotina e campanhas de seguimento.
Para prevenir a ocorrência da disseminação do vírus do sarampo após um caso
importado, todo esforço adicional para vacinar essas pessoas deve ser realizado. Vários
surtos de sarampo em adolescentes e adultos jovens têm sido registrados, em países
com elevadas coberturas vacinais.
No Brasil, há evidências da interrupção da transmissão autóctone do vírus do sarampo
desde o ano 2000. Porém, o Ministério da Saúde confirmou vários casos importados de
sarampo entre os anos de 2001 e 2014. Em 2010, foram confirmados 68 casos (3 no Pará,
8 no Rio Grande do Sul e 57 na Paraíba). Em 2011, foram confirmados 43 casos (1 no
Piauí, 1 na Bahia, 1 no Distrito Federal, 1 em Minas Gerais, 1 no Mato Grosso do Sul, 4
no Rio de Janeiro, 7 no Rio Grande do Sul e 27 em São Paulo). Em 2012, foram
confirmados casos em Pernambuco e São Paulo. Em 2013, foram notificados 621 casos
suspeitos e 220 confirmados , sendo este número cinco vezes maior que em 2011. Foram
confirmados casos de Sarampo em Minas Gerais (02 casos), Distrito Federal (01 caso),
Pernambuco (200 casos), São Paulo (05 casos), Paraíba (09 casos), Santa Catarina (01
caso), Espírito Santo (01 caso) e Ceará (01 caso). Em 2014, foram confirmados casos no
Ceará (698 casos), em Pernambuco (24 casos) e em São Paulo (7 casos). Em 2015, até
a semana epidemiológica 11 (01/01 a 18/03/2015) foram confirmados casos no Ceará (86
casos).
Segundo o Ministério da Saúde, o surto de Pernambuco foi controlado e acometeu mais
de 20 municípios. O caso índice ainda não foi identificado e não se pode dizer ao certo
como houve a introdução do vírus nessa região. Porém, a declaração de
reestabelecimento de circulação do vírus do sarampo no país só poderá ser feita após 12
meses com confirmações de casos de forma ininterrupta.
Sistema de Informacoes de Agravos de Notificacao (SINAN)
Sistemas de Informacoes SIM e SINASC
As tres esferas de gestão da informacão tem responsabilidades definidas na
producão de dados confiaveis para a analise da situacao de saude. As coberturas do SIM
e SINASC são criterios para a utilizacão de suas bases no calculo direto de indicadores.
Do mesmo modo, a sua alimentacão regular e um atributo importante a ser perseguido
para o uso qualificado das estatisticas vitais, medindo a oportunidade em que o dado e
disponibilizado a quem dela precisa para a tomada de decisões.
Coberturas do SIM e SINASC
Sistema de Informacoes sobre Mortalidade(SIM)
A razao entre os obitos informados ao SIM e os estimados pelo IBGE do estado variou
acima de 100% por todo o periodo observado, exibindo
valores acima das medias do Brasil e da regiao Sudeste. Em 10 anos, a cobertura
nacional obteve incremento de 7,5%, enquanto demostraram certa estabilidade a regiao (-
0,7%) e o estado (2,9%). O volume de obitos captados e considerado adequado. Em 2009,
estava em 107,4%.
O Sistema de Informacões sobre Nascidos Vivos (SINASC)
A razão entre os nascidos vivos informados ao SINASC em relacão aos estimados pelo
IBGE apresentou curva ascendente, com valores acima das medias do Brasil e da região
a partir de 2006. O incremento de 18,7% na cobertura estadual foi maior que o regional
(7,0%) e nacional (9,9%). O volume de nascidos vivos captados e considerado adequado.
Em 2009, a cobertura do estado do Rio de Janeiro estava em 116%.
Proporção de casos residentes encerrados oportunamente, por agravo
O estado de Rio de Janeiro pactuou para o ano de 2010 uma meta de 76% de casos com
encerramento oportuno, e ate o momento esta com 76%,portanto essa meta foi alcancada.
Os agravos coqueluche, difteria, doenca de Chagas, febre maculosa, hantavirose,
leptospiorose, leishmaniose tegumentar americana, malaria e paralisia flacida aguda nao
atingiram a meta estabelecida para o ano de 2010.
Regularidade do envio de dados do SINAN ao Ministerio da Saude
O estado, em 2011, esta com 69% de envio regular dos dados do SINAN ao Ministerio da
Saude, e em 2010 alcancou 96%.
III- CONCLUSÃO
A VIGILÂNCIA À SAÚDE HOJE
De todas as considerações anteriores se pode, em conclusão, apontar para as novas
questões emergentes que se colocam para as práticas ele vigilánera. De um lado, tem-se
a problemática derivada do progressivo fracionamento do espaço .coletivo de expressão
da doença na sociedade, objeto original destas práticas. Sua repercussão no plano do
trabalho em saúde foi a dissociação, como demonstrado, das ações institucionais,
diluindo, portanto, a responsabilidade pública e sua eficácia social A menos que se
enfrente a questão da integratidade das ações neste plano tecnológico, problemática atual
a ser tratada pela vigilância, o controle sobre um coletivo que permanece único, qual seja,
a vida na sociedade brasileira, restará sempre incompleto.
É conseqüência desta primeira problemática que, de outro lado, encontra-se
comprometida a capacidade das demais intervenções em saúde, agora já
correspondcnelo tanto às práticas epiderniológicas quanto às práticas clínicas no interior
de serviços comuns, de responder ao conjunto global de demandas e de necessidades de
saúde que lhe coloca a população.
Enfrentar a particular questão da integralidade destas práticas específicas, articulando-se
conseqüentemente as várias instituições de serviços médicos e sanitários, em todos os
seus níveis de especialização e complexidade no trabalho, parece ser, de modo
subjacente, uma segunda problemática a se tratar Por fim, uma terceira e radicalmente
nova problemática, tal como logo de início foi destacada, será a de se enfrentar uma
reflexão que apenas muito timidamente se esboça:
 o conceito amplo e positivo de saúde e a necessidade de construção de uma prática que
deve ter como objetivo principal contribuir para a mudança das condições de vida e
trabalho da população,
 Considerando, para tanto, os problemas já colocados relativamente à distribuição
equânime no conjunto social das conquistas que beneficiam a vida coletiva, não resta
dúvida de que tal indagação se inicia obrigatoriamente pelo exame do que significará a
qualidade no plano coletivo, sem que isto anule as necessidades variadas que se colocam
no plano do individual.
Por tudo isto, a vigilância à saúde pode ser urn instrumento para a construção de uma
nova modalidade de atenção: outra forma de ver a intervenção sobre o coletivo e o
individual e nutras questões para o saber científico sobre a saúde e a doença.
Transformando, a partir dessas mudanças, o modelo de organização tecnológica cio
trabalho em saúde, a prática da vigilância ousará, através dele, a inscrição de um outro
"modo de andar a vida"
REFÊRENCIAS
MARIA Z.R, Epidemiologia e Saúde. 5ª ed Rio de Janeiro: Livro texto cap 1 e 2
MARIA Z. R, Epidemiologia e Saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013
BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica.7ª ed Brasília -DF, 2009
BRASIL.Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, Rio de Janeiro
5ª ed Brasília -DF, 2011

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O Sarampo

  • 1. O SARAMPO I- INTRODUÇÃO Danielle de Oliveira Carneiro A epidemiologia no processo saúde - doença tem sua importância desde dos primórdios na grécia antiga com sua essência na medicina individual e coletiva tendo sua subdivisões em eixos para sua formação histórica, um processo de evolução de saberes técnicos e desenvolvimento da teoria microbiana tendo assim, uma constituição histórica da epidemiologia: a estatística. Epidemiologia é uma ciência que estuda o processo saúde-doença analisando a distribuição dos fatores determinantes das enfermidades, propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de doenças, sendo o eixo da saúde pública com suas bases avaliatórias e medidas profiláticas tendo diagnose de doenças transmissíveis e não-transmissíveis com o fornecimento de indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, administração e avaliação das ações em saúde e além disso, estuda a distribuição da morbidade e mortabilidade traçando o perfil de saúde - doença nas coletiviades humanas. SUPORTE NO PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE SAÚDE História natural da doença- Conjunto das inter-relções do agente e meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, passando a resposta do homem ao estímulo( adoeça), até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte. PERÍODO PRÉ-PATOGÊNISE Sendo a própria evolução das relações dinâmicas, que envolvem, as condições socias e ambientais que possui fatores próprios sucetíveis até que ocorra a instalação da doença, e por outro lado fatores sucetíveis que estimulam o desenvolvimento sócio- econômico-culturais que permitem a existência desses fatores.
  • 2. FATORES SOCIAIS Em nível pré-patogênico estebelecem-se ações de ordem preventiva, crescendo atravéz de relações ambientais e ecológicas desfavoráveis atingindo o homem pela ação direta dos agentes físicos, biológicos e psicológicos. Fatores sócio-econômico  Morrem mais jovens;  Sua taxa de mortalidadeinfantil e mais elevada; Fatores sociopolítico  Participação consentida e valorização da cidadania;  decisão política; Fatores socioculturais  Alienação em relação aos direitos e deveres da cidadania;  incapacidade de se organizar para reinvidicar; Fatores psicossociais  marginalidade;  relção parenterais estáveis; Fatores ambientais  agentes presentes no ambiente de forma habitual, em convivência natural com o homem;  situações ecológicas desfavoráveis, onde o homem tem ascesso à organização interna de seres vivos, podem funcionar, para estes, como agentes patogênicos.
  • 3. PERÍODO DE PATOGÊNESE A história natural da doença tem seguimento com a sua implantação e evolução do homem, é o período da patogênese. Este período se inicia com as primeiras ações que os agentes patigênicos exercem sobre o ser afetado. Neste contexto, serão considerados quatro níveis de evolução da doença no período da patogênise:  Interação estímulo-suscetível- Nesta etapa a doença ainda não tomou desenvoltura, porém todos os fatores necessários para a sua ocorrência estão presentes.  Alterações bioquimicas, histológicas e fisiológicas- Neste estágio, a doença já está implantada no organismo afetado. Embora não se percebam manifestações clinicas.  Sinas e sintomas- Os sinas inicias da doenças, tornam-se nítidos, transformam-se em sintomas.  Cronicidade- A evolução clinica da doença pode progredir até o estado crônico ou conduzir o doente a um nível de incapacidade física por um tempo variável. PREVENÇÃO A epidemiologia e um instrumento privilegiado para orientar a atuação da saúde pública, coma prevenção a saúde pública intervem evitando doenças, prolongar a vida e desenvolver a saúde física e mental e a eficiência. A prevenção atua em três fases:  Prevenção primaria- Se faz coma interação dos fatores pré-patogênese, promoção e proteção específica à saúde.  Prevenção secundária- É realizada no individuo, sob ação do agente patogênico ao nível da doença, inclui diagnóstico, tratamento.  Prevenção terciária- Consiste na prevenção da incapacidade atravéz de medidas destinadas a reabilitação. A epidemiologia sendo um dos eixos da saúde pública tem contribuido decisivamente para o conhecimento e controle das doenças em coletividade humana, por outro lado, para o aprimoramento de pesquisas em clínica médica, e os avanços alcançados constituem um material bastante ultilizado para o estabelecimento e
  • 4. orientações diagnósticas, prognósticas e terapêuticas. SARAMPO CID 10: B05 Características gerais Descrição O sarampo é uma doença infecciosa aguda, de natureza viral, grave, transmissível e extremamente contagiosa, muito comum na infância. A viremia, causada pela infecção, provoca uma vasculite generalizada, responsável pelo aparecimento das diversas manifestações clínicas, inclusive pelas perdas consideráveis de eletrólitos e proteínas, gerando o quadro espoliante característico da infecção. Além disso, as complicações infecciosas contribuem para a gravidade do sarampo, particularmente em crianças desnutridas e menores de 1 ano de idade. Agente etiológico O vírus do sarampo pertence ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae. Reservatório O único reservatório é o homem. Modo de transmissão É transmitido diretamente de pessoa a pessoa, através das secreções nasofaríngeas, expelidas ao tossir, espirrar, falar ou respirar. Essa forma de transmissão é responsável pela elevada contagiosidade da doença. Tem sido descrito, também, o contágio por dispersão de gotículas com partículas virais no ar, em ambientes fechados como, por exemplo: escolas, creches e clínicas. Período de incubação Geralmente de 10 dias (variando de 7 a 18 dias), desde a data da exposição até o aparecimento da febre, e cerca de 14 dias até o início do exantema. Período de transmissibilidade É de 4 a 6 dias antes do aparecimento do exantema, até 4 dias após. O período de maior
  • 5. transmissibilidade ocorre 2 dias antes e 2 dias após o início do exantema. O vírus vacinal não é transmissível. Suscetibilidade e imunidade A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral. Os lactentes cujas mães já tiveram sarampo ou foram vacinadas possuem, temporariamente, anticorpos transmitidos por via placentária, conferindo imunidade, geralmente, ao longo do primeiro ano de vida, o que interfere na resposta à vacinação. No Brasil, cerca de 85% das crianças perdem esses anticorpos maternos por volta dos 9 meses de idade. Aspectos clínicos e laboratoriais Manifestações clínicas Caracteriza-se por febre alta, acima de 38,5°C, exantema máculo-papular generalizado, tosse, coriza, conjuntivite e manchas de Koplik (pequenos pontos brancos que aparecem na mucosa bucal, antecedendo ao exantema). Didaticamente as manifestações clínicas do sarampo são divididas em três períodos: • Período de infecção – dura cerca de 7 dias, iniciando com período prodrômico, onde surge febre, acompanhada de tosse produtiva, coriza, conjuntivite e fotofobia. Do 2° ao 4° dias desse período, surge o exantema, quando se acentuam os sintomas iniciais, o paciente fica prostrado e aparecem as lesões características do sarampo: exantema cutâneo máculo-papular de coloração vermelha, iniciado na região retroauricular. • Remissão – caracteriza-se pela diminuição dos sintomas, declínio da febre. O exantema torna-se escurecido e, em alguns casos, surge descamação fina, lembrando farinha, daí o nome de furfurácea. • Período toxêmico – o sarampo é uma doença que compromete a resistência do hospedeiro, facilitando a ocorrência de superinfecção viral ou bacteriana. Por isso, são frequentes as complicações, principalmente nas crianças até os 2 anos de idade, em especial as desnutridas, e adultos jovens. A ocorrência de febre, por mais de 3 dias, após o aparecimento do exantema, é um sinal de alerta, indicando o aparecimento de complicações. As mais comuns são: infecções respiratórias; otites; doenças diarreicas; e, neurológicas. É durante o período exantemático que, geralmente, se instalam as complicações sistêmicas, embora a encefalite possa aparecer após o 20° dia.
  • 6. Diagnóstico diferencial O diagnóstico diferencial do sarampo deve ser realizado para as doenças exantemáticas febris agudas. Dentre essas, destacam-se as seguintes: rubéola, exantema súbito (roséola infantum), dengue, enteroviroses, eritema infeccioso (parvovírus B19) e ricketioses. • Rubéola – doença de natureza viral, que em geral inicia seus pródromos em criança. O exantema é róseo, discreto e, excepcionalmente, confluente, com máxima intensidade no segundo dia, desaparecendo até o sexto dia, sem descamação. Há presença de linfoadenopatia, principalmente retroauricular e occipital. • Exantema súbito (R. Infantum) – o exantema súbito é uma doença de natureza viral (herpes vírus 6), que ocorre principalmente em crianças menores de 2 anos, apresentando de 3 a 4 dias de febre alta e irritabilidade, podendo provocar convulsões. O exantema é semelhante ao da rubéola e pode durar apenas horas. Inicia-se, caracteristicamente, no tronco, após o desaparecimento da febre e não há descamação. • Eritema infeccioso (Parvovírus B19) – caracterizado por exantema, febre, adenopatia, artralgia e dores musculares, ocorrendo principalmente em crianças de 4 a 14 anos de idade, sendo moderadamente contagioso. O exantema surge, em geral, 7 dias após os primeiros sinais e sintomas, caracterizando-se por três estágios. Estágio 1: face eritematosa, conhecida como “aparência de bochecha esbofeteada”. Estágio 2: um a quatro dias depois, caracterizado como exantema maculopapular, distribuído simetricamente no tronco e nas extremidades, podendo ser acompanhado de prurido. Estágio 3: mudança de intensidade no rash, com duração de uma ou mais semanas, exarcebado por exposição ao sol ou por fatores emocionais. • Dengue – caracteriza-se por início súbito, com febre, cefaleia intensa, mialgia, artralgias, dor retro-orbital, dor abdominal difusa e erupção máculo-papular generalizada, que aparece frequentemente com o declínio da febre. É também uma doença de natureza viral. • Enteroviroses (coxsackioses e echoviroses) e ricketioses – apresentam 3 a 4 dias de febre, no caso do vírus ECHO. No curso da doença, podem aparecer exantemas de vários tipos, predominando o máculo-papular discreto. São mais frequentes em crianças de baixa idade, na maioria dos casos acometendo a região palmo-plantar e não provocando descamação.
  • 7. Diagnóstico laboratorial É realizado mediante detecção de anticorpos IgM no sangue, na fase aguda da doença, desde os primeiros dias até 4 semanas após o aparecimento do exantema. Os anticorpos específicos da classe IgG podem eventualmente aparecer na fase aguda da doença e, geralmente, são detectados muitos anos após a infecção. Técnicas de diagnóstico laboratorial Para detecção de anticorpos podem ser utilizadas as seguintes técnicas: • ensaio imunoenzimático (EIE/ELISA) para dosagem de IgM e IgG; • inibição de hemoaglutinação (HI) para dosagem de anticorpos totais; • imunofluorescência para dosagem de IgM e IgG; e, • neutralização em placas. Todos os testes têm sensibilidade e especificidade entre 85 a 98%. No Brasil, a rede laboratorial de saúde pública de referência para o sarampo utiliza a técnica de ELISA para detecção de IgM e IgG. Número de amostras As amostras de sangue dos casos suspeitos devem ser colhidas, sempre que possível, no primeiro atendimento ao paciente. São consideradas amostras oportunas (S1) aquelas coletadas entre o 1° e o 28° dias do aparecimento do exantema. As amostras coletadas após o 28° dia são consideradas tardias, mesmo assim devem ser enviadas ao laboratório. Os resultados IgM positivo ou indeterminado, independente da suspeita, devem ser comunicados imediatamente à vigilância epidemiológica estadual, para a realização da reinvestigação e da coleta da segunda amostra de sangue (obrigatória). A realização da segunda coleta (S2) é obrigatória e imprescindível para a classificação
  • 8. final dos casos, e deverá ser realizada entre 20 a 25 dias após a data da primeira coleta. Identificação viral O vírus do sarampo pode ser identificado na urina, nas secreções nasofaríngeas, no sangue, no líquor cérebro-espinhal ou em tecidos do corpo. A identificação do vírus do sarampo tem como objetivos: identificar o padrão genético circulante no país; diferenciar os casos autóctones do sarampo dos casos importados; e diferenciar o vírus selvagem do vírus vacinal. • Período para coleta – as amostras dos espécimes clínicos (urina e secreções nasofaringea) devem ser coletadas até o 5° dia a partir do início do exantema, preferencialmente nos 3 primeiros dias. Em casos esporádicos, para não se perder a oportunidade deve-se tomar amostras para a identificação viral, o período pode ser estendido em consonância com a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e a Fiocruz. • Critérios para a coleta de espécimes para identificação – em presença de surto de sarampo, independente da distância do laboratório central; casos importados, independente do país de origem; em todos os casos com resultado laboratorial IgM positivo ou indeterminado para o sarampo, observando o período de coleta adequado. Tratamento Não existe tratamento específico para a infecção por sarampo. O tratamento profilático com antibiótico é contraindicado. É recomendável a administração da vitamina A em crianças acometidas pela doença, a fim de reduzir a ocorrência de casos graves e fatais. A OMS recomenda administrar a vitamina A, em todas as crianças, no mesmo dia do diagnóstico do sarampo, nas seguintes dosagens: • Crianças menores de 6 meses de idade – 50.000UI (unidades internacionais): uma dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e, outra dose no dia seguinte. • Crianças entre 6 e 12 meses de idade – 100.000UI: uma dose, em aerossol, no dia do diagnóstico; e, outra dose no dia seguinte. • Crianças maiores de 12 meses de idade – 200.000UI: uma dose, em aerossol ou cápsula, no dia do diagnóstico; e, outra dose no dia seguinte.
  • 9. Para os casos sem complicações, manter a hidratação, o suporte nutricional e diminuir a hipertermia. Muitas crianças necessitam, de 4 a 8 semanas, para recuperar o estado nutricional que apresentavam antes do sarampo. As complicações como diarreia, pneumonia e otite média devem ser tratadas de acordo com normas e procedimentos estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Classificação dos casos confirmados de sarampo, de acordo com a fonte de infecção Caso importado de sarampo – caso cuja infecção ocorreu fora do país durante os 14 a 23 dias prévios ao surgimento do exantema, de acordo com a análise dos dados epidemiológicos ou virológicos. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente. Caso relacionado com importação – infecção contraída localmente, que ocorre como partede uma cadeia de transmissão originada por um caso importado, de acordo com a análise dos dados epidemiológicos e/ou virológicos. Caso com origem de infecção desconhecida – caso em que não foi possível estabelecer a origem da fonte de infecção após a investigação epidemiológica minuciosa. Caso índice – primeiro caso ocorrido entre vários casos de natureza similar e epidemiologicamente relacionados, sendo a fonte de infecção no território nacional. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente. Caso secundário – caso novo de sarampo surgido a partir do contato com o caso índice. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente. Caso autóctone – caso novo ou contato de um caso secundário de sarampo após a introdução do vírus no país. A confirmação deve ser laboratorial e a coleta de espécimes
  • 10. clínicos para a identificação viral deve ser realizada no primeiro contato com o paciente. O vírus identificado deve circular no país por mais de 12 meses, dessa forma o país deixa de ser uma área livre da circulação do vírus autóctone. Notificação A notificação do sarampo é obrigatória e imediata. Deve ser realizada por telefone à secretaria municipal de saúde, dentro das primeiras 24 horas, a partir do atendimento do paciente. O caso deve ser notificado a SES por telefone, fax ou e-mail, para o acompanhamento junto ao município. Considerando a alta infectividade e contagiosidade da doença, todos os profissionais dos serviços públicos e privados, principalmente os médicos pediatras, clínicos, infectologistas, enfermeiros e laboratoristas devem notificar, de imediato, todo caso suspeito de sarampo. As normas de notificação devem adequar-se, no tempo e no espaço, às características de distribuição das doenças consideradas, ao conteúdo de informação requerido, aos critérios de definição de casos, à periodicidade da transmissão dos dados, às modalidades de notificação indicadas e à representatividade das fontes de notificação. Os parâmetros para inclusão de doenças e agravos na lista de notificação compulsória devem obedecer os critérios a seguir. Magnitude – aplicável a doenças de elevada frequência, que afetam grandes contingentes populacionais e se traduzem por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos. Potencial de disseminação – representado pelo elevado poder de transmissão da doença, através de vetores ou outras fontes de infecção, colocando sob risco a saúde coletiva. Transcendência – expressa-se por características subsidiárias que conferem relevância especial à doença ou agravo, destacando-se: severidade, medida por taxas de letalidade, de hospitalização e de sequelas; relevância social, avaliada, subjetivamente, pelo valor imputado pela sociedade à ocorrência da doença, e que se manifesta pela sensação de medo, de repulsa ou de indignação; e relevância econômica, avaliada por prejuízos decorrentes de restrições comerciais, redução da força de trabalho, absenteísmo escolar e laboral, custos assistenciais e previdenciários, entre outros.
  • 11. Vulnerabilidade – medida pela disponibilidade concreta de instrumentos específicos de prevenção e controle da doença, propiciando a atuação efetiva dos serviços de saúde sobre indivíduos e coletividades Compromissos internacionais – relativos ao cumprimento de metas continentais ou mundiais de controle, de eliminação ou de erradicação de doenças, previstas em acordos firmados pelo governo brasileiro com organismos internacionais. O atual Regulamento Sanitário Internacional (RSI-2005) estabelece que sejam notificados todos os eventos considerados de Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII). O conceito e estratégia de diagnóstico de uma ESPII desse tipo de emergência serão descritos no capítulo Respostas a eventos de saúde de interesse nacional e internacional, deste Guia. Ocorrência de emergências de saúde pública, epidemias e surtos – são situações que impõe notificação imediata de todos os eventos de saúde que impliquem risco de disseminação de doenças, com o objetivo de delimitar a área de ocorrência, elucidar o diagnóstico e deflagrar medidas de controle aplicáveis. Mecanismos próprios de notificação devem ser instituídos, com base na apresentação clínica e epidemiológica do evento. Aspectos que devem ser considerados na notificação: • Notificar a simples suspeita da doença ou evento. Não se deve aguardar a confirmação do caso para se efetuar a notificação, pois isso pode significar perda da oportunidade de intervir eficazmente. • A notificação tem de ser sigilosa, só podendo ser divulgada fora do âmbito médico- sanitário em caso de risco para a comunidade, respeitando-se o direito de anonimato dos cidadãos. • O envio dos instrumentos de coleta de notificação deve ser feito mesmo na ausência de casos, configurando-se o que se denomina notificação negativa, que funciona como um indicador de eficiência do sistema de informações.
  • 12. Primeiras medidas a serem adotadas Assistência médica ao paciente Geralmente ocorre em unidades básicas de saúde. A hospitalização é necessária quando há complicações (infecção bacteriana, encefalite, etc.) em indivíduos imunocomprometidos, principalmente crianças desnutridas. Qualidade da assistência Os casos deverão ser atendidos na rede de serviços de saúde. Os profissionais devem ser orientados sobre procedimentos frente a um caso de sarampo. A hospitalização faz– se necessária em situações graves. Proteção individual para evitar circulação viral No plano individual, o isolamento domiciliar ou hospitalar dos casos consegue diminuir a intensidade dos contágios. Deve-se evitar, principalmente, a frequência às escolas ou creches, agrupamentos, ou qualquer contato com pessoas suscetíveis, até 4 dias após o início do período exantemático. O impacto do isolamento dos doentes é relativo à medida de controle, porque o período prodrômico da doença já apresenta elevada transmissibilidade do vírus e, em geral, não é possível isolar os doentes a não ser no período exantemático. Portanto, a vigilância dos contatos deve ser realizada por um período de 21 dias. Como o risco de transmissão intra-hospitalar é muito alto, deve ser feita a vacinação seletiva de todos os pacientes e profissionais do setor de internação do caso suspeito de sarampo e, dependendo da situação, de todos os profissionais do hospital. Pacientes internados devem ser submetidos a isolamento respiratório, até 4 dias após o início do exantema. Proteção da população A principal medida de controle do sarampo é a vacinação dos suscetíveis, que inclui: vacinação de rotina na rede básica de saúde, bloqueio vacinal, intensificação e campanhas de vacinação de seguimento. Ressalta-se que, a cada caso suspeito notificado, a ação de bloqueio vacinal deve ser desencadeada imediatamente. Extensa busca ativa de novos casos suspeitos deve ser realizada. A faixa etária prioritária para
  • 13. ações de bloqueio vacinal é entre 6 meses de vida e 39 anos de idade. Porém, a redução ou ampliação dessa faixa para a realização do bloqueio vacinal deverá ser avaliada, de acordo com a situação epidemiológica apresentada na localidade. A investigação epidemiológica, principalmente através de busca ativa de casos, leva a um melhor controle da doença. Ações de esclarecimento à população, utilizando-se de meios de comunicação de massa, visitas domiciliares e palestras nas comunidades, devem ser organizadas. Conhecimentos sobre o ciclo de transmissão da doença, gravidade, vacinação e esclarecimentos da situação de risco devem ser veiculados. Investigação A investigação do caso suspeito de sarampo deve ser realizada pela equipe municipal, com o objetivo de adotar medidas de controle frente a um ou mais casos, surtos e epidemias, e da coleta dos dados que permitirão analisar a situação epidemiológica. As informações obtidas na investigação epidemiológica deverão responder às perguntas básicas da análise epidemiológica, ou seja: quem foi afetado, quando ocorreram os casos e onde se localizam. A partir dessas informações serão desencadeadas as condutas adequadas à situação. Todos os casos suspeitos de sarampo devem ser investigados no prazo máximo de 48 horas, após a notificação. Coleta de dados clínicos e epidemiológicos Para confirmar a suspeita diagnóstica – na investigação, todas as informações necessárias à verificação do diagnóstico do caso devem ser coletadas, especialmente os dados sobre a situação clínica e epidemiológica do caso suspeito. A investigação, de forma geral, é iniciada no domicílio do caso suspeito de sarampo, por meio da visita domiciliar feita especialmente para completar as informações sobre o quadro clínico apresentado pelo caso suspeito: • confirmar a situação vacinal do caso suspeito, mediante verificação do cartão de vacinação – estabelecer um prazo entre 7 e 18 dias para realizar a revisita, a fim de detectar a ocorrência de complicações e/ou o surgimento de novos casos; acompanhar a evolução do caso; confirmar ou descartar o caso. Para identificar a área de transmissão – a investigação na comunidade tem por finalidade verificar a ocorrência de outros casos suspeitos que não foram notificados.
  • 14. Essa investigação é realizada, principalmente, em torno da área de residência e convivência do caso suspeito, ou seja, na vizinhança, local de trabalho, escola, creche, igrejas, e outros locais também frequentados pelo paciente, nos últimos 7 a 18 dias. Investigar minuciosamente, por meio de: • coleta de dados que permitam analisar a situação epidemiológica, respondendo às perguntas básicas: quem foi afetado? quando e como ocorreram os casos? onde se localizam? • preenchimento da ficha de investigação individual (FII) específica para o sarampo e a rubéola, bregistrando corretamente todos os dados e colocando o mesmo número da FNI; • coleta de uma amostra de sangue para o diagnóstico laboratorial, no caso da amostra não ter sido colhida no serviço de saúde que fez a notificação; • identificação da provável fonte de infecção; • avaliação da cobertura vacinal da área; • verificação sobre a ocorrência de surtos em outras áreas; • definição sobre as medidas de controle da doença, ou seja, definir e orientar a equipe doserviço de saúde sobre a estratégia de vacinação a ser adotada: qual a estratégia a ser implementada? qual a sua abrangência? • orientação das pessoas da comunidade sobre a necessidade de comunicar ao serviço de saúde o surgimento de pessoas com sinais e sintomas de sarampo. Para determinação da extensão da área de transmissão – busca ativa dos casos: a partir da notificação de um caso suspeito de sarampo, fazer a busca ativa durante a atividade de investigaçãodo caso, numa determinada área geográfica, a fim de detectar outros possíveis casos, mediante: • visitas às residências, creches, colégios, centros de saúde, hospitais, farmácias, quartéis, entre outros locais; • contatos com médicos, líderes comunitários e pessoas que exercem práticas alternativas de saúde (curandeiros, benzedeiras); • visitas periódicas aos serviços de saúde que atendam doenças exantemáticas febris na
  • 15. área, particularmente se esses serviços não vêm notificando casos suspeitos; • visita a laboratórios da rede pública ou privada, com o objetivo de verificar se foram realizados exames para a detecção de sarampo, rubéola, ou de outro quadro semelhante e que não tenham sido notificados Para identificar um surto de sarampo – é necessário que o profissional de saúde esteja atento e saiba identificar um caso suspeito de sarampo, independente da idade e estado vacinal, investigando durante a consulta ou durante a investigação se o mesmo viajou ou teve contato com outra pessoa que viajou para o exterior nos últimos 30 dias ou mesmo teve contato com outra pessoa com os mesmos sintomas. Definição de surto de sarampo – devido à eliminação da circulação do vírus do sarampo no país desde o ano 2000, um caso confirmado de sarampo é considerado um surto, independente da localidade ou período da ocorrência do mesmo. Coleta e remessa de material para exames Em todo caso suspeito de sarampo, deverá ser colhido espécimes clínicas para sorologia de acordo com o tópico Diagnóstico laboratorial. CLASSIFICAÇÃO DO CASO SUSPEITO DE SARAMPO Análise de dados Em cada nível do SUS (municipal, estadual e federal), devem ser realizadas análises periódicasdos dados epidemiológicos coletados, da forma mais padronizada possível, abrangendo, conforme já referido, a distribuição temporal, a localização espacial e a distribuição, segundo osatributos pessoais. Distribuição temporal (quando?) – a análise temporal considera a distribuição do número de casos notificados e confirmados (segundo critério laboratorial, vínculo epidemiológico e pela clínica), de acordo com o intervalo de tempo como, por exemplo, semana epidemiológica, mês ou ano. Também devem ser calculados os coeficientes de incidência e mortalidade mensais e anuais, conforme a situação epidemiológica vigente, para verificação da tendência da doença na população. A distribuição no tempo é um dado essencial para o adequado acompanhamento do aumento ou da redução da ocorrência de casos na população e para o estabelecimento da variação sazonal da doença.
  • 16. Localização espacial (onde?) – a análise da situação, segundo a localização dos casos, permite o conhecimento da área geográfica de ocorrência que pode ser melhor visualizada, assinalando se com cores diferentes em um mapa, destacando: • local de residência dos casos (rua, bairro, distrito, município, estado, país); • local onde o caso permaneceu por mais tempo (escola, creche, alojamento, canteiro de obra, quartéis, entre outros); • zona de residência/permanência (urbana e rural); • as áreas que concentram elevado número de suscetíveis. Distribuição segundo atributos pessoais (quem?) – a análise da distribuição, segundo atributos pessoais, permite conhecer o perfil da população que está sendo acometida, e se o comportamento da doença apresenta fatores distintos que indicam mudanças em seu perfil, como, por exemplo, o deslocamento da faixa etária. Para isso, é importante considerar: • a distribuição dos casos confirmados, por faixa etária; • a história vacinal dos casos confirmados, segundo número de doses recebidas; • história de deslocamento; • outros atributos também devem ser considerados, tais como: ocupação, escolaridade, etc. Encerramento de casos Por se tratar de uma doença em processo de eliminação, os casos deverão ser encerrados, no prazo de até 30 dias, no boletim de notificação semanal (BNS) e 60 dias, digitados e encerrados no Sinan. Relatório final Os dados, na ficha de notificação individual e investigação, deverão estar adequadamente encerrados e digitados no Sinan, até 60 dias após a notificação. O encerramento oportuno dos casos possibilitará a análise epidemiológica, necessária à tomada de decisão oportuna. Em situações de surtos, o relatório permite analisar a extensão e as medidas de controle adotadas e caracterizar o perfil de ocorrência e os fatores que contribuíram para a
  • 17. circulação do vírus na população. Instrumentos disponíveis para controle Imunização Recomendações gerais para vacinação A vacina é a única forma de prevenir a ocorrência do sarampo na população. O risco da doença para indivíduos suscetíveis permanece, em função da circulação do vírus do sarampo em várias regiões do mundo e da facilidade em viajar por esses lugares. É necessário, portanto, manter um alto nível de imunidade na população, por meio de coberturas vacinais elevadas, iguais ou superiores a 95%, o que reduz a possibilidade da ocorrência do sarampo, permitindo a eliminação da transmissão do vírus, uma vez que, não encontrando suscetíveis, não é mantida a cadeia de transmissão. Vacinação na rotina É a atividade realizada de forma contínua na rede de serviços de saúde, em todo o território nacional. O objetivo é vacinar todas as crianças aos 12 meses, a fim de manter alta a imunidade de grupo, sendo necessário, para isso, alcançar e manter coberturas vacinais iguais ou superiores a 95%, em todas as localidades e municípios. A partir de 2004, o calendário nacional de vacinação Secretaria de Vigilância em Saúde /MS 31 indica a segunda dose da vacina tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba) para crianças de 4 a 6 anos de idade para corrigir possível falha vacinal primária e vacinar aqueles que porventura não tenham sido vacinados anteriormente. Para detalhes operacionais sobre a organização das atividades de vacinação de rotina, ver Portaria GM/MS n° 1.602, de julho de 2006. Eventos adversos A vacina é pouco reatogênica. Os eventos adversos apresentam pouca evolução, sendo o que os mais observados são febre, exantema e cefaleia. As reações de hipersensibilidade são raras. Cada serviço de saúde deve identificar as oportunidades perdidas de vacinação, organizando e realizando estratégias capazes de anular ou minimizar as situações
  • 18. identificadas, principalmente por meio: • do treinamento de pessoal de sala de vacinação; • da avaliação do programa de imunizações; • da revisão do cartão de vacinação de toda criança matriculada nas escolas, em parceria com as secretarias estaduais e municipais de educação; e • da busca sistemática de faltosos à sala de vacinação. Para todos os adolescentes menores de 20 anos está assegurada duas doses da vacina tríplice viral. Para homens e mulheres até 39 anos está assegurada uma dose da vacina tríplice ou dupla (sarampo e rubéola) viral, conforme consta no Calendário Nacional de Vacinação. Estratégias de vacinação frente a casos suspeitos Vacinação de bloqueio limitada aos contatos – para evitar o surgimento de casos de sarampo, conforme já referido, é necessária a implementação de estratégias sistemáticas de vacinação. No entanto, diante de uma pessoa com sinais e sintomas do sarampo, deve ser realizado o bloqueio vacinal limitado aos contatos do caso suspeito. A vacinação de bloqueio fundamenta-se no fato de que a vacina consegue imunizar o suscetível, em prazo menor, que o período de incubação da doença. Em função disso, a vacina deve ser administrada, de preferência, dentro de 72 horas após a exposição. Mesmo considerando que nem sempre é possível estabelecer com precisão quando ocorreu a exposição, como forma de implementar a cobertura vacinal da área, ainda que esse prazo tenha sido ultrapassado. A vacinação de bloqueio deve abranger as pessoas do mesmo domicílio do caso suspeito, vizinhos próximos, creches, ou, quando for o caso, as pessoas da mesma sala de aula, do mesmo quarto de alojamento ou da sala de trabalho. Na vacinação de bloqueio, utilizar a vacina tríplice viral para a faixa etária de 6 meses a 39 anos de idade, de forma seletiva. A dose de vacina tríplice viral, aplicada em crianças
  • 19. menores de 1 ano, não será considerada como dose válida. Aos 12 meses, a criança deverá ser vacinada com a tríplice viral (dose válida) e receber a segunda dose entre 4 e 6 anos de idade. A vacinação de bloqueio, portanto, deve ser realizada quando ocorre um ou mais casos suspeitos de sarampo. Para outras faixas, acima dos 40 anos de idade, a vacina só é indicada com base na análise da situação epidemiológica. Estratégias de vacinação frente a um caso confirmado ou surto Operação limpeza – frente a um caso confirmado ou surto, a conduta indicada é a realização da operação limpeza, com o objetivo de interromper a cadeia de transmissão do vírus do sarampo, numa área geográfica determinada. A operação limpeza implica na busca exaustiva de todos os suscetíveis mediante a vacinação casa a casa, incluindo os domicílios e os estabelecimentos coletivos, como, por exemplo, escolas, creches, orfanatos, canteiros de obras, entre outros. A operação limpeza deve abranger: • os locais frequentados pelo caso confirmado; • todo o quarteirão, área residencial ou bairro, se necessário; • a escola, creche, cursinhos, faculdade, alojamento, local de trabalho e outros estabelecimentos coletivos frequentados pelo caso; e, • todo o município, quando indicado. A faixa etária a ser vacinada deve ser aquela exposta no parágrafo anterior. Essa vacinação é utilizada de forma seletiva. A realização do monitoramento rápido de cobertura vacinal auxiliará na análise da coberturalocal após a operação limpeza.
  • 20. CONDUTA FRENTE A CASO SUSPEITO DE SARAMPO Ações de educação em saúde A melhor forma é desenvolver atividades, de forma integrada, com área de educação. Na escola, deverão ser trabalhados a doença e os meios de prevenção. No momento da investigação, devem ser orientadas as pessoas sobre a importância da prevenção do sarampo e o dever de cada cidadão de informar, ao serviço de saúde mais próximo de sua casa, a existência de um caso suspeito. Estratégias complementares de prevenção Estratégias de vacinação para a prevenção de casos ou surtos Vacinação indiscriminada em campanhas de seguimento – a vacinação em campanhas de seguimento é a atividade realizada periodicamente, em nível nacional, com o objetivo de alcançar crianças suscetíveis não vacinadas e revacinar as demais crianças, principalmente as que estão em idade pré-escolar. Essa estratégia é recomendada, sempre que o número de suscetíveis, em nível nacional, se aproximar de uma coorte de nascimentos. Nas campanhas de seguimento, a vacina é administrada de forma indiscriminada. O intervalo entre uma campanha e outra depende da cobertura vacinal alcançada na rotina, no período. Quando o índice for de 60%, em média, a campanha de seguimento deve ser realizada a intervalos mais curtos. Intensificação da vacinação extramuros – a intensificação da vacinação compreende, de maneira geral, o desenvolvimento de atividades fora dos serviços de saúde (extramuros). O principal objetivo é eliminar bolsões de suscetíveis, devendo ser realizada, sempre que os índices de vacinação estiverem abaixo de 95%. Com isso, fica assegurado que nenhum município tenha cobertura vacinal contra o sarampo/rubéola abaixo do mínimo necessário para obter um nível seguro de imunidade de grupo. A intensificação das atividades consiste, sobretudo, na realização de vacinação casa a casa (incluindo residências e instituições em geral, como, por exemplo, escolas, creches, orfanatos), alcançando crianças de 12 meses até menores de 12 anos que não foram vacinados na rotina, nas campanhas de multivacinação, de seguimento, especialmente as que vivem nas áreas urbanas e rurais de difícil acesso. Os adolescentes e adultos até 39
  • 21. anos de idade também devem ser avaliados e caso seja necessário realizar a vacinação. Campanhas de multivacinação – as campanhas de multivacinação que acontecem duas vezes ao ano, são excelentes oportunidades para aumentar as coberturas vacinais. No entanto, quando a meta é erradicar o sarampo, não se deve esperar as campanhas para vacinar os suscetíveis. Por ocasião das campanhas de multivacinação, são vacinadas as crianças de 12 meses até menores de 12 anos de idade que não foram atingidas pelas atividades de rotina e campanhas de seguimento. Para prevenir a ocorrência da disseminação do vírus do sarampo após um caso importado, todo esforço adicional para vacinar essas pessoas deve ser realizado. Vários surtos de sarampo em adolescentes e adultos jovens têm sido registrados, em países com elevadas coberturas vacinais. No Brasil, há evidências da interrupção da transmissão autóctone do vírus do sarampo desde o ano 2000. Porém, o Ministério da Saúde confirmou vários casos importados de sarampo entre os anos de 2001 e 2014. Em 2010, foram confirmados 68 casos (3 no Pará, 8 no Rio Grande do Sul e 57 na Paraíba). Em 2011, foram confirmados 43 casos (1 no Piauí, 1 na Bahia, 1 no Distrito Federal, 1 em Minas Gerais, 1 no Mato Grosso do Sul, 4 no Rio de Janeiro, 7 no Rio Grande do Sul e 27 em São Paulo). Em 2012, foram confirmados casos em Pernambuco e São Paulo. Em 2013, foram notificados 621 casos suspeitos e 220 confirmados , sendo este número cinco vezes maior que em 2011. Foram confirmados casos de Sarampo em Minas Gerais (02 casos), Distrito Federal (01 caso), Pernambuco (200 casos), São Paulo (05 casos), Paraíba (09 casos), Santa Catarina (01 caso), Espírito Santo (01 caso) e Ceará (01 caso). Em 2014, foram confirmados casos no Ceará (698 casos), em Pernambuco (24 casos) e em São Paulo (7 casos). Em 2015, até a semana epidemiológica 11 (01/01 a 18/03/2015) foram confirmados casos no Ceará (86 casos). Segundo o Ministério da Saúde, o surto de Pernambuco foi controlado e acometeu mais de 20 municípios. O caso índice ainda não foi identificado e não se pode dizer ao certo como houve a introdução do vírus nessa região. Porém, a declaração de reestabelecimento de circulação do vírus do sarampo no país só poderá ser feita após 12 meses com confirmações de casos de forma ininterrupta.
  • 22. Sistema de Informacoes de Agravos de Notificacao (SINAN) Sistemas de Informacoes SIM e SINASC As tres esferas de gestão da informacão tem responsabilidades definidas na producão de dados confiaveis para a analise da situacao de saude. As coberturas do SIM e SINASC são criterios para a utilizacão de suas bases no calculo direto de indicadores. Do mesmo modo, a sua alimentacão regular e um atributo importante a ser perseguido para o uso qualificado das estatisticas vitais, medindo a oportunidade em que o dado e disponibilizado a quem dela precisa para a tomada de decisões. Coberturas do SIM e SINASC Sistema de Informacoes sobre Mortalidade(SIM) A razao entre os obitos informados ao SIM e os estimados pelo IBGE do estado variou acima de 100% por todo o periodo observado, exibindo valores acima das medias do Brasil e da regiao Sudeste. Em 10 anos, a cobertura nacional obteve incremento de 7,5%, enquanto demostraram certa estabilidade a regiao (- 0,7%) e o estado (2,9%). O volume de obitos captados e considerado adequado. Em 2009, estava em 107,4%. O Sistema de Informacões sobre Nascidos Vivos (SINASC) A razão entre os nascidos vivos informados ao SINASC em relacão aos estimados pelo IBGE apresentou curva ascendente, com valores acima das medias do Brasil e da região a partir de 2006. O incremento de 18,7% na cobertura estadual foi maior que o regional (7,0%) e nacional (9,9%). O volume de nascidos vivos captados e considerado adequado. Em 2009, a cobertura do estado do Rio de Janeiro estava em 116%. Proporção de casos residentes encerrados oportunamente, por agravo O estado de Rio de Janeiro pactuou para o ano de 2010 uma meta de 76% de casos com encerramento oportuno, e ate o momento esta com 76%,portanto essa meta foi alcancada. Os agravos coqueluche, difteria, doenca de Chagas, febre maculosa, hantavirose, leptospiorose, leishmaniose tegumentar americana, malaria e paralisia flacida aguda nao atingiram a meta estabelecida para o ano de 2010.
  • 23. Regularidade do envio de dados do SINAN ao Ministerio da Saude O estado, em 2011, esta com 69% de envio regular dos dados do SINAN ao Ministerio da Saude, e em 2010 alcancou 96%. III- CONCLUSÃO A VIGILÂNCIA À SAÚDE HOJE De todas as considerações anteriores se pode, em conclusão, apontar para as novas questões emergentes que se colocam para as práticas ele vigilánera. De um lado, tem-se a problemática derivada do progressivo fracionamento do espaço .coletivo de expressão da doença na sociedade, objeto original destas práticas. Sua repercussão no plano do trabalho em saúde foi a dissociação, como demonstrado, das ações institucionais, diluindo, portanto, a responsabilidade pública e sua eficácia social A menos que se enfrente a questão da integratidade das ações neste plano tecnológico, problemática atual a ser tratada pela vigilância, o controle sobre um coletivo que permanece único, qual seja, a vida na sociedade brasileira, restará sempre incompleto. É conseqüência desta primeira problemática que, de outro lado, encontra-se comprometida a capacidade das demais intervenções em saúde, agora já correspondcnelo tanto às práticas epiderniológicas quanto às práticas clínicas no interior de serviços comuns, de responder ao conjunto global de demandas e de necessidades de saúde que lhe coloca a população. Enfrentar a particular questão da integralidade destas práticas específicas, articulando-se conseqüentemente as várias instituições de serviços médicos e sanitários, em todos os seus níveis de especialização e complexidade no trabalho, parece ser, de modo subjacente, uma segunda problemática a se tratar Por fim, uma terceira e radicalmente nova problemática, tal como logo de início foi destacada, será a de se enfrentar uma reflexão que apenas muito timidamente se esboça:  o conceito amplo e positivo de saúde e a necessidade de construção de uma prática que deve ter como objetivo principal contribuir para a mudança das condições de vida e trabalho da população,
  • 24.  Considerando, para tanto, os problemas já colocados relativamente à distribuição equânime no conjunto social das conquistas que beneficiam a vida coletiva, não resta dúvida de que tal indagação se inicia obrigatoriamente pelo exame do que significará a qualidade no plano coletivo, sem que isto anule as necessidades variadas que se colocam no plano do individual. Por tudo isto, a vigilância à saúde pode ser urn instrumento para a construção de uma nova modalidade de atenção: outra forma de ver a intervenção sobre o coletivo e o individual e nutras questões para o saber científico sobre a saúde e a doença. Transformando, a partir dessas mudanças, o modelo de organização tecnológica cio trabalho em saúde, a prática da vigilância ousará, através dele, a inscrição de um outro "modo de andar a vida" REFÊRENCIAS MARIA Z.R, Epidemiologia e Saúde. 5ª ed Rio de Janeiro: Livro texto cap 1 e 2 MARIA Z. R, Epidemiologia e Saúde. 7ª ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2013 BRASIL. Ministério da Saúde. Guia de Vigilância Epidemiológica.7ª ed Brasília -DF, 2009 BRASIL.Ministério da Saúde. Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, Rio de Janeiro 5ª ed Brasília -DF, 2011