Este documento discute a comunidade quilombola do Quilombo Mata Cavalo em Livramento, MT. Os descendentes de escravos que vivem na área há mais de 120 anos lutam para manter sua identidade e propriedade da terra contra fazendeiros locais. A comunidade trabalha para preservar sua memória e cultura afro-brasileira enquanto sonha em conquistar definitivamente seu território em meio à pressão da globalização.
O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado subme...Silvânio Barcelos
1. O documento discute a territorialidade negra no Quilombo Mata Cavalo em Mato Grosso, onde descendentes de escravos resistem à pressão por suas terras há mais de 120 anos.
2. Teóricos como Gilroy, Hall e Pinho são citados para explicar como identidades negras são construídas através da diáspora e do conceito de uma África mítica, enquanto os membros do quilombo lutam para preservar sua cultura e território.
3. Uma breve história do Quilombo M
Quilombo Mata Cavalo: O negro e a identidade quilombola no mundo globalizadoSilvânio Barcelos
Este artigo discute a identidade quilombola da comunidade Mata Cavalo no Mato Grosso e sua luta para preservar sua memória e cultura afro-brasileira. A comunidade vive na área da antiga sesmaria Boa Vida há mais de 120 anos e luta contra fazendeiros locais pela posse da terra. Sua identidade quilombola lhes permite reivindicar legalmente a propriedade da terra, ao mesmo tempo em que preservam seus valores étnicos e culturais.
O documento discute a educação quilombola e como as escolas nas comunidades quilombolas buscam despertar a consciência sobre a realidade específica dessas comunidades. Apesar dos avanços dos movimentos negros, o racismo ainda é uma realidade para esses povos. A educação quilombola utiliza disciplinas sobre os povos africanos na diáspora para produzir uma visão de mundo baseada nos ideais da negritude.
Este artigo discute a identidade quilombola na comunidade do Quilombo Mata Cavalo em Mato Grosso e sua luta para preservar sua cultura afro-brasileira diante da pressão de fazendeiros e da globalização. Os quilombolas resistem há mais de 120 anos na região e usam sua identidade para legitimar a posse de suas terras ancestrais.
Este capítulo apresenta um resumo da história da África antes do início do tráfico de escravos e da escravidão nas Américas. Explica que as sociedades africanas eram organizadas em torno de vínculos familiares extensos e da coabitação de diversos povos em um mesmo território. Também descreve brevemente a existência de impérios e reinos poderosos na África, assim como de pequenas aldeias. A identidade das pessoas era definida principalmente pelo parentesco com o patriarca ou matriar
Africanidades na historiografia e na literatura brasileiraAline Sesti Cerutti
1. O documento discute africanidades na historiografia e literatura brasileira dos séculos 19 e 20, analisando obras de Joaquim Manoel de Macedo e Gilberto Freyre.
2. Analisa como esses autores retrataram as relações étnicas e experiências dos afrodescendentes, muitas vezes de forma preconceituosa, como a figura de Pai-Raiol em Macedo.
3. Também aborda a infância de crianças escravizadas, seu cotidiano e educação, nota-se quase
O documento discute a origem dos grupos étnicos africanos trazidos como escravos para o Brasil, principalmente os sudaneses e bantos da África Ocidental. Também aborda a mão-de-obra escrava africana nas lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste e como isso contribuiu para a formação do território e identidade nacionais. Por fim, analisa a situação dos negros após a abolição da escravatura, incluindo a segregação e desigualdade social enfrentadas.
Este resumo descreve um trabalho sobre o pan-africanismo, um movimento que buscava a libertação do colonialismo na África e a integração dos povos africanos. O trabalho analisa documentos de conferências pan-africanistas e da Organização da Unidade Africana. O pan-africanismo evoluiu de um movimento reformista para um nacionalista, visando a independência dos países africanos e a união do continente. A OUA ajudou a libertar as colônias e promover os direitos humanos na África.
O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado subme...Silvânio Barcelos
1. O documento discute a territorialidade negra no Quilombo Mata Cavalo em Mato Grosso, onde descendentes de escravos resistem à pressão por suas terras há mais de 120 anos.
2. Teóricos como Gilroy, Hall e Pinho são citados para explicar como identidades negras são construídas através da diáspora e do conceito de uma África mítica, enquanto os membros do quilombo lutam para preservar sua cultura e território.
3. Uma breve história do Quilombo M
Quilombo Mata Cavalo: O negro e a identidade quilombola no mundo globalizadoSilvânio Barcelos
Este artigo discute a identidade quilombola da comunidade Mata Cavalo no Mato Grosso e sua luta para preservar sua memória e cultura afro-brasileira. A comunidade vive na área da antiga sesmaria Boa Vida há mais de 120 anos e luta contra fazendeiros locais pela posse da terra. Sua identidade quilombola lhes permite reivindicar legalmente a propriedade da terra, ao mesmo tempo em que preservam seus valores étnicos e culturais.
O documento discute a educação quilombola e como as escolas nas comunidades quilombolas buscam despertar a consciência sobre a realidade específica dessas comunidades. Apesar dos avanços dos movimentos negros, o racismo ainda é uma realidade para esses povos. A educação quilombola utiliza disciplinas sobre os povos africanos na diáspora para produzir uma visão de mundo baseada nos ideais da negritude.
Este artigo discute a identidade quilombola na comunidade do Quilombo Mata Cavalo em Mato Grosso e sua luta para preservar sua cultura afro-brasileira diante da pressão de fazendeiros e da globalização. Os quilombolas resistem há mais de 120 anos na região e usam sua identidade para legitimar a posse de suas terras ancestrais.
Este capítulo apresenta um resumo da história da África antes do início do tráfico de escravos e da escravidão nas Américas. Explica que as sociedades africanas eram organizadas em torno de vínculos familiares extensos e da coabitação de diversos povos em um mesmo território. Também descreve brevemente a existência de impérios e reinos poderosos na África, assim como de pequenas aldeias. A identidade das pessoas era definida principalmente pelo parentesco com o patriarca ou matriar
Africanidades na historiografia e na literatura brasileiraAline Sesti Cerutti
1. O documento discute africanidades na historiografia e literatura brasileira dos séculos 19 e 20, analisando obras de Joaquim Manoel de Macedo e Gilberto Freyre.
2. Analisa como esses autores retrataram as relações étnicas e experiências dos afrodescendentes, muitas vezes de forma preconceituosa, como a figura de Pai-Raiol em Macedo.
3. Também aborda a infância de crianças escravizadas, seu cotidiano e educação, nota-se quase
O documento discute a origem dos grupos étnicos africanos trazidos como escravos para o Brasil, principalmente os sudaneses e bantos da África Ocidental. Também aborda a mão-de-obra escrava africana nas lavouras de cana-de-açúcar no Nordeste e como isso contribuiu para a formação do território e identidade nacionais. Por fim, analisa a situação dos negros após a abolição da escravatura, incluindo a segregação e desigualdade social enfrentadas.
Este resumo descreve um trabalho sobre o pan-africanismo, um movimento que buscava a libertação do colonialismo na África e a integração dos povos africanos. O trabalho analisa documentos de conferências pan-africanistas e da Organização da Unidade Africana. O pan-africanismo evoluiu de um movimento reformista para um nacionalista, visando a independência dos países africanos e a união do continente. A OUA ajudou a libertar as colônias e promover os direitos humanos na África.
O documento discute a presença de quilombolas no ciberespaço, analisando diversos sites que abordam seu modo de vida, história e luta por direitos. O texto descreve os principais pontos tratados em cada site, como a origem dos quilombos, características culturais, comunidades existentes e legislação relacionada.
De início, o documento apresenta uma breve história da escravidão no Brasil e como os africanos trouxeram consigo uma rica cultura que influenciou a sociedade brasileira. Em seguida, descreve como a cultura afro-brasileira deixou marcas na religião, música, culinária e idioma do país. Por fim, aborda a história dos povos indígenas no Brasil e sua resistência aos colonizadores.
1. The book discusses the formation and identity of the Brazilian people through a historical and anthropological analysis of how Brazilians developed over centuries of encounters between indigenous peoples, Europeans, and Africans.
2. It covers major topics like the ethnic matrices that influenced Brazilian identity, the clash of worldviews between indigenous and European civilizations, and the processes of ethnogenesis that resulted from colonial policies and practices.
3. The introduction and conclusion aim to make comprehensible how Brazilians became who they are today through an exploration of their mixed indigenous, European and African heritage and the often violent interactions that shaped the country's development.
O Povo Brasileiro – a formação e o sentido do BrasilLuci Bonini
O documento discute a obra de Darcy Ribeiro "O povo brasileiro" e a diversidade social, étnica e cultural do Brasil. Darcy Ribeiro foi um antropólogo, escritor e político brasileiro que estudou os índios e defendeu suas causas. Seu livro analisa a formação do povo brasileiro a partir da miscigenação entre índios, europeus e africanos escravizados.
O documento discute questões raciais e étnicas, explicando que: 1) Raça é uma construção social e não biológica que foi usada para justificar a dominação; 2) Etnia surgiu como alternativa ao termo raça no século 20 para se referir a grupos culturais; 3) Racismo ainda ocorre contra determinados grupos étnicos, apesar da mudança terminológica.
O documento discute a formação cultural do Brasil através da miscigenação entre povos indígenas, portugueses e africanos. Também aborda a influência de imigrantes no século XX, a construção da identidade nacional brasileira e as contribuições culturais dos negros e afrodescendentes, apesar da história de escravidão.
O documento discute a origem de diversas expressões culturais brasileiras como samba, forró e capoeira, que têm raízes na cultura africana trazida pelos escravos. Também aborda a história da escravidão no Brasil e os desafios enfrentados pelos negros após a abolição, como o racismo e a desigualdade social.
Este documento discute a educação quilombola no Brasil em 5 programas. O Programa 1 aborda o conceito de quilombo, destacando que quilombolas mantêm preservados, até hoje, a consciência de sua história e cultura através da terra. A terra representa patrimônio cultural e histórico para essas comunidades, que desenvolvem atividades na terra e marcam sua história nela.
1) O documento discute os fatores psicossociais dos principais grupos étnicos sul-americanos, em especial os brasileiros, desde a colonização até 1940. 2) Após a chegada dos europeus em 1492, os grupos étnicos branco, índio e negro se misturaram de várias formas, resultando em uma população mestiça. 3) Entre 1850-1930, cerca de 6 milhões de europeus imigraram para a América do Sul, especialmente italianos para Brasil, Argentina e Uruguai, modificando significativamente
O documento discute como o conceito de raça foi usado historicamente para desqualificar culturas e povos, impondo relações de poder e dominação. A ciência do século XIX disseminava ideias sobre supostas hierarquias raciais que influenciaram intelectuais brasileiros. Posteriormente, manifestações culturais negras como a capoeira foram criminalizadas e a população negra marginalizada nas cidades. Ainda há quem associe raça a características e comportamentos, ignorando influências sociohistóricas.
O documento discute os conceitos de cultura, natureza e identidade cultural. Apresenta diferentes definições de cultura e discute como ela é transmitida entre gerações e grupos sociais. Também aborda os conceitos de subcultura e aculturação cultural entre diferentes povos.
Educação para as relações étnico-raciais e ensino de cultura Afro brasileira.Glauco Ricciele
O documento discute a Lei de Inclusão da História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares brasileiros 10 anos após sua implementação. Questiona se a educação formal tem sido suficiente para superar a exclusão sócio-racial e se os professores estão adequadamente preparados para ensinar o tema.
A assunção quilombola e os limites entre memória e história SILVÂNIO BARCELOSSilvânio Barcelos
1. O documento discute os limites entre memória e história nos processos de assunção quilombola e reconhecimento de comunidades remanescentes de quilombos.
2. Existem três casos de comunidades que requerem reconhecimento quilombola: descendentes diretos de quilombos, descendentes de escravos sem ligação com quilombos, e comunidades sem ligação com quilombos ou escravos.
3. O autor argumenta que, exceto no primeiro caso, a assunção quilombola deve ser entendida como um processo político e social enra
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...Geraa Ufms
1) O artigo apresenta um estudo sobre anúncios de escravos fugidos publicados no jornal O Cruzeiro no século XIX em Recife.
2) Os anúncios evidenciam as relações sociais da época e ações legitimadas pelo contexto, como a manutenção da escravidão.
3) A análise dos anúncios mostra como o gênero estabelecia uma interação entre anunciantes e leitores para cooperar na manutenção do status quo da escravidão.
O documento descreve a história dos povos indígenas e africanos na América portuguesa, com ênfase nos seguintes pontos:
1) Os povos indígenas eram os verdadeiros descobridores das terras, mas sofreram alterações culturais e violência com a chegada dos portugueses;
2) Os africanos eram trazidos em grande número para o trabalho escravo, sofrendo privações culturais e físicas durante a travessia e no Brasil;
3) Ambos os grup
Este documento aborda a recuperação da consciência africana através da negritude e do pan-africanismo. Apresenta os objetivos gerais e específicos do trabalho, faz uma revisão da literatura sobre esses temas e seus principais mentores e contribuições para a libertação da África.
Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Emerson Mathias
O documento discute a consciência tardia do racismo no Brasil contemporâneo, abordando a identidade dos afrodescendentes e o racismo institucional. Ele explora como a invasão europeia da África e a escravidão resultaram na desumanização dos africanos e seus descendentes, e como esses processos históricos ainda influenciam a sociedade brasileira através do racismo.
O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado subme...guest322cf8
1. O documento discute a territorialidade negra no Quilombo Mata Cavalo em Mato Grosso, onde descendentes de escravos resistem à pressão por suas terras há mais de 120 anos.
2. Teóricos como Gilroy, Hall e Pinho são citados para explicar como identidades negras são construídas através da diáspora e do conceito de uma África mítica, enquanto os membros do quilombo lutam para preservar sua cultura e território.
3. Uma breve história do Quilombo M
Escravidão racial o legado do racismo aula de história prof. silvânio barcelosSilvânio Barcelos
1. O documento discute a escravidão racial na era moderna e seu legado de racismo.
2. A escravidão era vista como uma "ordem natural" e os africanos eram estereotipados como selvagens para legitimar a escravidão.
3. Apesar da opressão, os escravos resistiam de várias formas, como quebrando ferramentas e incendiando plantações.
O documento discute as dificuldades encontradas no ensino da história africana no Brasil e estratégias para superá-las. As 3 principais são: 1) desconstruir estereótipos racistas sobre a África, como a ideia de que é apenas selva; 2) mostrar a diversidade da África, como cidades e diferentes culturas; 3) explicar que a África teve civilizações avançadas e escrita, não sendo inferior à Europa.
Itu no circuito afro-atlântico: a Irmandade da Senhora do Rosário em ItuAndré Santos Luigi
Este documento discute:
1) A nova abordagem historiográfica que enxerga os escravizados como sujeitos históricos ao invés de objetos.
2) Como instituições como irmandades e congadas ajudaram os escravizados a preservar sua cultura e reconstruir suas identidades.
3) A história da Vila de Itu e como a chegada de trabalhadores africanos estabeleceu conexões atlânticas na região.
O documento discute a presença de quilombolas no ciberespaço, analisando diversos sites que abordam seu modo de vida, história e luta por direitos. O texto descreve os principais pontos tratados em cada site, como a origem dos quilombos, características culturais, comunidades existentes e legislação relacionada.
De início, o documento apresenta uma breve história da escravidão no Brasil e como os africanos trouxeram consigo uma rica cultura que influenciou a sociedade brasileira. Em seguida, descreve como a cultura afro-brasileira deixou marcas na religião, música, culinária e idioma do país. Por fim, aborda a história dos povos indígenas no Brasil e sua resistência aos colonizadores.
1. The book discusses the formation and identity of the Brazilian people through a historical and anthropological analysis of how Brazilians developed over centuries of encounters between indigenous peoples, Europeans, and Africans.
2. It covers major topics like the ethnic matrices that influenced Brazilian identity, the clash of worldviews between indigenous and European civilizations, and the processes of ethnogenesis that resulted from colonial policies and practices.
3. The introduction and conclusion aim to make comprehensible how Brazilians became who they are today through an exploration of their mixed indigenous, European and African heritage and the often violent interactions that shaped the country's development.
O Povo Brasileiro – a formação e o sentido do BrasilLuci Bonini
O documento discute a obra de Darcy Ribeiro "O povo brasileiro" e a diversidade social, étnica e cultural do Brasil. Darcy Ribeiro foi um antropólogo, escritor e político brasileiro que estudou os índios e defendeu suas causas. Seu livro analisa a formação do povo brasileiro a partir da miscigenação entre índios, europeus e africanos escravizados.
O documento discute questões raciais e étnicas, explicando que: 1) Raça é uma construção social e não biológica que foi usada para justificar a dominação; 2) Etnia surgiu como alternativa ao termo raça no século 20 para se referir a grupos culturais; 3) Racismo ainda ocorre contra determinados grupos étnicos, apesar da mudança terminológica.
O documento discute a formação cultural do Brasil através da miscigenação entre povos indígenas, portugueses e africanos. Também aborda a influência de imigrantes no século XX, a construção da identidade nacional brasileira e as contribuições culturais dos negros e afrodescendentes, apesar da história de escravidão.
O documento discute a origem de diversas expressões culturais brasileiras como samba, forró e capoeira, que têm raízes na cultura africana trazida pelos escravos. Também aborda a história da escravidão no Brasil e os desafios enfrentados pelos negros após a abolição, como o racismo e a desigualdade social.
Este documento discute a educação quilombola no Brasil em 5 programas. O Programa 1 aborda o conceito de quilombo, destacando que quilombolas mantêm preservados, até hoje, a consciência de sua história e cultura através da terra. A terra representa patrimônio cultural e histórico para essas comunidades, que desenvolvem atividades na terra e marcam sua história nela.
1) O documento discute os fatores psicossociais dos principais grupos étnicos sul-americanos, em especial os brasileiros, desde a colonização até 1940. 2) Após a chegada dos europeus em 1492, os grupos étnicos branco, índio e negro se misturaram de várias formas, resultando em uma população mestiça. 3) Entre 1850-1930, cerca de 6 milhões de europeus imigraram para a América do Sul, especialmente italianos para Brasil, Argentina e Uruguai, modificando significativamente
O documento discute como o conceito de raça foi usado historicamente para desqualificar culturas e povos, impondo relações de poder e dominação. A ciência do século XIX disseminava ideias sobre supostas hierarquias raciais que influenciaram intelectuais brasileiros. Posteriormente, manifestações culturais negras como a capoeira foram criminalizadas e a população negra marginalizada nas cidades. Ainda há quem associe raça a características e comportamentos, ignorando influências sociohistóricas.
O documento discute os conceitos de cultura, natureza e identidade cultural. Apresenta diferentes definições de cultura e discute como ela é transmitida entre gerações e grupos sociais. Também aborda os conceitos de subcultura e aculturação cultural entre diferentes povos.
Educação para as relações étnico-raciais e ensino de cultura Afro brasileira.Glauco Ricciele
O documento discute a Lei de Inclusão da História e Cultura Afro-brasileira nos currículos escolares brasileiros 10 anos após sua implementação. Questiona se a educação formal tem sido suficiente para superar a exclusão sócio-racial e se os professores estão adequadamente preparados para ensinar o tema.
A assunção quilombola e os limites entre memória e história SILVÂNIO BARCELOSSilvânio Barcelos
1. O documento discute os limites entre memória e história nos processos de assunção quilombola e reconhecimento de comunidades remanescentes de quilombos.
2. Existem três casos de comunidades que requerem reconhecimento quilombola: descendentes diretos de quilombos, descendentes de escravos sem ligação com quilombos, e comunidades sem ligação com quilombos ou escravos.
3. O autor argumenta que, exceto no primeiro caso, a assunção quilombola deve ser entendida como um processo político e social enra
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...Geraa Ufms
1) O artigo apresenta um estudo sobre anúncios de escravos fugidos publicados no jornal O Cruzeiro no século XIX em Recife.
2) Os anúncios evidenciam as relações sociais da época e ações legitimadas pelo contexto, como a manutenção da escravidão.
3) A análise dos anúncios mostra como o gênero estabelecia uma interação entre anunciantes e leitores para cooperar na manutenção do status quo da escravidão.
O documento descreve a história dos povos indígenas e africanos na América portuguesa, com ênfase nos seguintes pontos:
1) Os povos indígenas eram os verdadeiros descobridores das terras, mas sofreram alterações culturais e violência com a chegada dos portugueses;
2) Os africanos eram trazidos em grande número para o trabalho escravo, sofrendo privações culturais e físicas durante a travessia e no Brasil;
3) Ambos os grup
Este documento aborda a recuperação da consciência africana através da negritude e do pan-africanismo. Apresenta os objetivos gerais e específicos do trabalho, faz uma revisão da literatura sobre esses temas e seus principais mentores e contribuições para a libertação da África.
Novembro Preto A consciência tardia e o racismo no Brasil contemporâneo Emerson Mathias
O documento discute a consciência tardia do racismo no Brasil contemporâneo, abordando a identidade dos afrodescendentes e o racismo institucional. Ele explora como a invasão europeia da África e a escravidão resultaram na desumanização dos africanos e seus descendentes, e como esses processos históricos ainda influenciam a sociedade brasileira através do racismo.
O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado subme...guest322cf8
1. O documento discute a territorialidade negra no Quilombo Mata Cavalo em Mato Grosso, onde descendentes de escravos resistem à pressão por suas terras há mais de 120 anos.
2. Teóricos como Gilroy, Hall e Pinho são citados para explicar como identidades negras são construídas através da diáspora e do conceito de uma África mítica, enquanto os membros do quilombo lutam para preservar sua cultura e território.
3. Uma breve história do Quilombo M
Escravidão racial o legado do racismo aula de história prof. silvânio barcelosSilvânio Barcelos
1. O documento discute a escravidão racial na era moderna e seu legado de racismo.
2. A escravidão era vista como uma "ordem natural" e os africanos eram estereotipados como selvagens para legitimar a escravidão.
3. Apesar da opressão, os escravos resistiam de várias formas, como quebrando ferramentas e incendiando plantações.
O documento discute as dificuldades encontradas no ensino da história africana no Brasil e estratégias para superá-las. As 3 principais são: 1) desconstruir estereótipos racistas sobre a África, como a ideia de que é apenas selva; 2) mostrar a diversidade da África, como cidades e diferentes culturas; 3) explicar que a África teve civilizações avançadas e escrita, não sendo inferior à Europa.
Itu no circuito afro-atlântico: a Irmandade da Senhora do Rosário em ItuAndré Santos Luigi
Este documento discute:
1) A nova abordagem historiográfica que enxerga os escravizados como sujeitos históricos ao invés de objetos.
2) Como instituições como irmandades e congadas ajudaram os escravizados a preservar sua cultura e reconstruir suas identidades.
3) A história da Vila de Itu e como a chegada de trabalhadores africanos estabeleceu conexões atlânticas na região.
O documento discute as representações da África ao longo da história, desde a Antiguidade até a Idade Moderna, quando foi vista como um continente primitivo e selvagem. Também aborda a importância da coleção "História Geral da África" para reescrever a história do continente e compreender sua evolução de forma plural.
O documento discute a importância do ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas. Apresenta pontos positivos da lei que torna obrigatório esse ensino, como ajudar alunos negros e brancos a conhecerem melhor a história e a sociedade brasileira. Também discute a representação inadequada da África e da cultura afro em livros didáticos, propondo uma abordagem mais completa e respeitosa da diversidade cultural africana.
1) O documento introduz o tema da influência das civilizações africanas nas culturas afro-americanas.
2) Discute a importância do tráfico negreiro para a América, embora os dados sejam incertos, variando de 3 a 12 milhões de escravos transportados.
3) No século 18 e principalmente no 19, com o desenvolvimento da agricultura (algodão e café), o tráfico negreiro se intensificou ainda mais para os Estados Unidos e Brasil.
Racismo Científico e Apagamento Histórico_20240317_214134_0000.pptxNathaliaGoncalves5
No século XIX, a teoria evolucionista de Darwin foi usada para justificar a divisão racista das sociedades em etapas de desenvolvimento, com os europeus no topo. No Brasil, propôs-se que em três décadas o país seria totalmente branco, apagando a história e cultura dos africanos e indígenas. O documento também descreve como a verdadeira história da África, berço da humanidade, foi ignorada para sustentar a visão racista de superioridade branca.
A obra Lienzo de Tlaxcala ilustra a versão tlaxcalteca da conquista espanhola do México no século XVI através de 87 quadros divididos em uma pintura de grandes dimensões. A obra adota elementos tanto da tradição autóctone quanto do estilo ocidental, representando a colaboração dos tlaxcaltecas com os espanhóis contra os astecas.
1. O documento descreve a história do povo negro antes e durante a colonização, quando foram trazidos à força para o Brasil como escravos. 2. Também discute as representações sociais negativas que foram construídas sobre os negros para justificar a escravidão, como primitivos e inferiores. 3. Aborda especificamente a situação das crianças negras durante a escravidão, que enfrentavam trabalho pesado e privação de educação.
O documento fornece informações sobre objetos culturais de sociedades africanas, descrevendo suas matérias-primas, significados e usos. É apresentada uma variedade de objetos como máscaras, estatuetas, portas, insígnias e objetos de arte de países como Gana, Nigéria, Mali, Costa do Marfim, demonstrando a diversidade cultural da África.
Negritude, nação e retratos da mãe África em poemas de Noémia de Sousa e Agos...REVISTANJINGAESEPE
Lopes da Silva, C. B. ., Muniz Bandeira, J. M. ., & Castro, . J. G. de O. . (2021). Negritude, nação e retratos da mãe áfrica em poemas de Noémia de Sousa e Agostinho Neto: Negritud, Nación y retratos de la Madre África en poemas de Noemia de Sousa y Agostinho Neto. NJINGA E SEPÉ: Revista Internacional De Culturas, Línguas Africanas E Brasileiras, 1(Especial), 115–132. Recuperado de https://revistas.unilab.edu.br/index.php/njingaesape/article/view/832
1) O documento discute a sugestão de uma aula de história sobre quilombos no Brasil colonial. 2) Os quilombos eram comunidades formadas por escravos fugidos que cultivavam suas próprias terras e culturas. 3) Muitos quilombos chegaram a ter milhares de pessoas, como o quilombo de Palmares com até 30 mil habitantes, e representavam uma forma de resistência à escravidão.
[1] O documento discute a origem e desenvolvimento da capoeira em Rondonópolis, Mato Grosso, incluindo suas raízes na cultura africana e como foi praticada secretamente pelos escravos. [2] A capoeira provavelmente teve início no Brasil como uma forma de resistência e defesa pessoal usada pelos escravos, embora tenha sido influenciada por danças e rituais religiosos africanos. [3] No final do século XX, a capoeira se espalhou pelo Brasil e para outros países at
O documento discute a noção de território e identidade de comunidades quilombolas. Apresenta três pontos principais: 1) Território quilombola como espaço de memória, liberdade e pertencimento; 2) Identidade quilombola construída a partir da ancestralidade negra e em contraste com o "outro"; 3) Importância da titulação de terras quilombolas para o reconhecimento dessas comunidades e direitos à terra e território.
O documento discute como o ensino da história no Brasil negligencia a África, a cultura negra e os afro-descendentes. Apresenta o rap como uma forma de os jovens afro-descendentes contemporâneos "rasurarem a história", contando suas próprias narrativas e experiências. Defende que o rap contribui para ampliar a "esfera pública negra" e reconstruir a conexão entre o Brasil e a África.
A história da África é conhecida desde a antiguidade clássica. Os primeiros fósseis humanos foram encontrados na África há cerca de 5 milhões de anos. A escravidão foi amplamente utilizada durante a colonização e alimentou o tráfico de escravos através dos conflitos tribais. A descolonização da África ocorreu após a Segunda Guerra Mundial.
O documento discute a formação cultural do Brasil através da miscigenação entre povos indígenas, portugueses e africanos. Também aborda as contribuições de imigrantes no século XX e a construção da identidade nacional brasileira. Por fim, analisa a escravidão negra no Brasil e seus impactos na sociedade.
O conhecimento das raízes culturais formadoras de nossas práticas, costumes e
saberes, nos faz entender, respeitar e apreciar a história do nosso povo. E tal atitude
se aplica a quaisquer povos.
Nosso atual foco de estudo está na reflexão sobre a importância e riqueza das
Africanidades na formação cultural do povo Brasileiro.
Sendo a África um continente que abriga vários povos com grande diversidade
cultural, verificaremos estas contribuições através de manifestações artísticas tais
como: os grafismos praticados nos tecidos e utensílios, assim hábitos de alimentação, linguagem, ritmos e vocabulário(palavras usadas)
1) O documento analisa a representação de quilombos na TV Educativa do Paraná, especificamente no documentário "Terra Negra", o primeiro de uma série de 4.
2) A análise indica que a representação de quilombo no documentário não se enquadra plenamente na definição legal de quilombo contida no Decreto 4887/03.
3) O discurso do documentário tende a enfatizar aspectos como o sofrimento da escravidão, a miscigenação e a necessidade de esforço individual para superar a des
Semelhante a O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado (20)
Cidadania, inclusão e ética na educação de jovens e adultosSilvânio Barcelos
O documento discute a importância de se trabalhar princípios éticos de cidadania, inclusão e respeito às diferenças na Educação de Jovens e Adultos. Também aborda a necessidade de se levar em conta diversidade cultural e de gênero nos métodos de ensino, para promover igualdade de oportunidades e construção de valores democráticos.
Adolescência a complexidade do ser na visão espíritaSilvânio Barcelos
O documento discute as visões de Freud, Anna Freud e outros autores sobre a adolescência. Aborda temas como as transformações físicas e emocionais nessa fase, o luto pela infância, a sexualidade e a formação da personalidade. Joanna de Ângelis defende uma educação integral do ser para lidar com os desafios dessa época.
O documento discute a relação entre riqueza e salvação segundo os ensinamentos de Jesus. Jesus disse que "ninguém pode servir a Deus e a mamon" e que é mais fácil um camelo passar por um buraco de agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus. No entanto, a pobreza e a riqueza são provas da evolução humana, não obstáculos à salvação em si, que depende da prática da caridade.
Este resumo apresenta os principais pontos dos capítulos 21 a 24 da obra "A Lei de Deus" de Pietro Ubaldi. O autor discute a superioridade do método do evangelho baseado na não-resistência ao mal sobre o método mundano baseado na força. Ele também explica como a evolução humana ocorre através do aprendizado das lições da vida em diferentes posições sociais ao longo do tempo.
O capítulo descreve a mentalidade separatista e divisiva do ser humano e como a Lei Divina transcende essas divisões. A razão nos leva a compreender que somos todos um e a superar as lutas entre grupos. O progresso da civilização depende da unificação em todos os campos e o individualismo é um grande atraso.
Este capítulo descreve a visita de Modesto e Inácio a Atílio no sanatório e as mensagens de cura e conselho de Modesto. João Castardelli, através de Modesto, convida Atílio a trabalhar com seu pai José nas Casas André Luiz em São Paulo. Modesto alerta Atílio sobre os perigos do egoísmo e enfatiza a importância da união fraterna e do amor incondicional.
Este capítulo descreve a visita de Modesto e Inácio a Atílio no sanatório e as mensagens de cura e conselho de Modesto. João Castardelli, através de Modesto, convida Atílio a trabalhar na Casa André Luiz em São Paulo. Modesto enfatiza a importância da união fraterna e do serviço desinteressado na causa espírita.
O documento discute a Lei do Amor. Em três frases:
1) O amor é um dos pontos mais relevantes da vida e está presente em todos os seres humanos e na natureza.
2) Cada ser carrega em si uma "centelha do amor" divino e o desenvolvimento do amor é essencial para a evolução e harmonia universais.
3) O amor resume a doutrina de Jesus e é o sentimento mais elevado que une as aspirações humanas às revelações espirituais.
O documento discute a missão de Chico Xavier de consolidar atitudes de amor e desprendimento ao trabalhar como um missionário espírita, ajudando aqueles com grandes sofrimentos espirituais e incentivando novas atitudes por meio de esclarecimento e consolo.
O documento discute a lei divina e como ela rege o destino individual e coletivo. A lei permite que as pessoas aprendam através de erros e experiências, evoluindo ao longo do tempo. Também descreve como os japoneses se ajudaram mutuamente após o terremoto e tsunami de 2011, mostrando compaixão e união em vez de medo.
O documento descreve a jornada de Pietro Ubaldi da desilusão à descoberta da Lei de Deus. Ele inicialmente se sentiu em um "mundo infernal" sem Deus, mas através da intuição e escavando "nas trevas" com "as unhas a sangrarem", Ubaldi descobriu a presença sensível da Lei Divina, trazendo grande satisfação. O documento também discute como a realidade difere das aparências, e que a vida deve ser entendida para além dos interesses terrenos.
Este documento discute a Lei de Deus e como ela promove a evolução humana através do sofrimento e das dificuldades. A Lei busca ensinar lições e qualidades como justiça e desapego aos bens materiais para que possamos progredir para planos de existência mais elevados com menos sofrimento. O mal e a dor existem temporariamente para corrigir imperfeições e impulsionar a evolução humana rumo à felicidade.
O documento discute a necessidade de uma nova visão de síntese que vá além da ciência material e conecte-nos à essência das coisas através da intuição. Também aborda a evolução da consciência profunda e a mediunidade intuitiva como meios de compreender os mistérios do universo.
O documento discute as visões de Deus segundo Allan Kardec, Ubaldi e outros autores. Ubaldi vê Deus como a essência da vida, a fonte da qual fluem conhecimento, bondade e poder. Ele propõe que estamos em Deus e fazemos parte do fenômeno divino, embora como "sombra" em relação à luz absoluta. O texto também aborda a queda espiritual, a evolução da consciência e a lei divina do amor.
O documento discute a educação da nova era, enfatizando a importância de diferentes tipos de inteligência para além da intelectual, como a emocional e espiritual. Também apresenta biografias resumidas de importantes educadores como Pestalozzi, Rousseau, Comenius e Allan Kardec, destacando seus princípios pedagógicos voltados para o desenvolvimento holístico do estudante.
O atlântico negro, uma releitura da obra de paul gilroySilvânio Barcelos
1. O livro discute a modernidade a partir dos conceitos de diáspora negra e suas narrativas de perda e viagens. O Atlântico Negro é visto como um conjunto cultural irredutivelmente moderno que escapa das simplificações étnicas.
2. A escravidão é apresentada como parte integrante da modernidade, não como um sistema atrasado. Pensadores iluministas não consideraram a história e cultura da diáspora africana.
3. A música negra é vista como forma de resistência que possibilitou a afir
1) A globalização é um processo complexo que tanto une quanto divide, globalizando alguns aspectos da vida enquanto reforça a segregação espacial e a exclusão de grupos.
2) A mobilidade das elites é contraposta à imobilidade forçada das classes subalternas, aprofundando as desigualdades sociais.
3) A era da comunicação instantânea paradoxalmente aumenta a quebra de comunicação entre elites e populações excluídas.
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...Silvânio Barcelos
1. O documento discute a história da posse de terras no Brasil desde o período colonial, incluindo o sistema de sesmarias e a formação do latifúndio.
2. Grandes propriedades rurais, como os latifúndios, contribuíram para o êxodo rural e a migração para as cidades no século XX, levando a problemas urbanos.
3. Movimentos sociais rurais nas décadas de 1930-1950 lutaram por uma reforma agrária, mas não conseguiram superar a hegemonia do capital
O latifúndio e a hegemonia do capital no contexto da história agrária da regi...
O quilombo mata cavalo territorialidade negra no mundo globalizado
1. Revista África e Africanidades - Ano 3 - n. 9, maio, 2010 - ISSN 1983-2354
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O Quilombo Mata Cavalo:
territorialidade negra no mundo
globalizado
Silvânio Paulo de Barcelos1
Programa de Pós-Graduação em História
Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT
E-mail: silvaniobarcelos@hotmail.com
RESUMO: Este artigo percorre caminhos e descaminhos no universo
compreendido pelos espaços de negros como forma de resistência, levantando
questões de africanidade, negritude e os processos de manutenção da
identidade quilombola nas comunidades do Quilombo Mata Cavalo localizadas
no município de Livramento - MT. Assentados naquela localidade a mais de
cento e vinte anos os descendentes dos escravos que herdaram essa área de
terra resistem, ainda hoje, à pressão dos fazendeiros daquela região pela
disputa da sua posse. Essa identidade singular possibilita legitimar, pelas vias
jurídicas, a propriedade das terras em litígio ao mesmo tempo em que coloca
esses atores históricos no centro da convergência de seus próprios valores
étnicos e culturais. Admitindo-se negros e quilombolas assumem, numa certa
medida, o controle de suas próprias vidas. Em pleno século XXI os integrantes
dessa comunidade tradicional lutam pela preservação de uma memória afro-
referenciada enquanto sonham conquistar definitivamente seu território, um
espaço de negro no interior de uma sociedade marcada por interesses difusos
e pelo estigma da globalização.
PALAVRAS-CHAVES: Quilombola, identidade, globalização.
1
Mestrando em História – Bolsista CNPq
Orientador: Prof. Dr. Marcus Silva da Cruz
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O Atlântico negro
Paul Gilroy, sociólogo inglês, defende a tese da necessidade de se
pensar sobre uma cultura negra desenvolvida nos dois lados do Atlântico,
criando o termo “Atlântico Negro” num esforço de reflexão acerca da dinâmica
cultural da diáspora africana. Este conceito disseca a experiência vivida pelos
povos que separados pela distância física estão unidos pela simetria social e
cultural que os identificam, tornando possível novas interpretações dessa
espécie de consciência negra coletiva trans-territorial. Segundo Gilroy
As culturas do Atlântico Negro criaram veículos de consolação
através da mediação do sofrimento. Elas especificam formas
estéticas e contra-estéticas e uma distinta dramaturgia da
recordação que caracteristicamente separam a genealogia da
geografia, e o ato de lidar com o de pertencer. 2
As culturas desenvolvidas no circuito transatlântico - condicionadas ao
sofrimento pela perda, dor e a distância - criaram mecanismos de consolação,
moldados em valores estéticos e simbólicos construídos por intermédio da
recordação, que entraram para a memória coletiva perpetuando-se através das
gerações. Assim, o mundo ancestral recriado pelas vias da imaginação coletiva
constitui patrimônio imaterial relevante para a manutenção do ethos3, e da
identidade que caracteriza um determinado grupo em sua singularidade.
A partir desses conceitos, quando somos desapropriados de nossas
origens criamos mentalmente um espaço conceitual que entra para o
imaginário coletivo como um lugar ideal concebido a partir dos mecanismos da
recordação, via de regra transmitido pela tradição oral entre as gerações. No
mundo idealizado das comunidades do Atlântico Negro a África, desde o
período da escravidão racial, constitui-se em fonte de inspiração para as
culturas negras. De acordo com Pinho
A África da qual se fala aqui não é o imenso continente
africano, que abriga dezenas de diferentes países e centenas
de diferentes povos. É uma África que pode até ser muitas
Áfricas, mas que permanece una. África que é tribal, vinculada
ao passado e aos ancestrais, mas que seria sobretudo fiel aos
seus descendentes, quer estes habitem ou não em suas terras,
2
Gilroy, Paul, 1956. O Atlântico Negro : Modernidade e dupla consciência. São Paulo; Ed.
34; Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001. P.
13.
3
O termo ethos, emprestado da Antropologia, explica as características sociais e culturais
comuns que se verificam em um grupo de indivíduos pertencentes a uma mesma sociedade.
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pois o que importa é que a África, possuindo a totalidade
indivisível de um signo, resida no campo fértil e criativo dos
imaginários afrodescendentes. 4
O conceito “diáspora negra” utilizado por Stuart Hall, nascido em 3 de
fevereiro de 1932, em Kingston na Jamaica, busca explicar a experiência dos
Africanos que foram desterritorializados de seus lugares de origem. Esse
jamaicano de classe média5 viveu as contradições culturais oriundas do conflito
entre o local e o imperial no contexto Histórico colonizado da Jamaica, um
mundo social marcado por políticas ideológicas de branqueamento racial. Na
infância marcada pelo preconceito racial era chamado de “coolie”, uma
espécie de pária entre os seus, por ser de todos os membros de sua família o
mais negro. Em 1951 mudou-se para a Inglaterra, onde mais tarde junto com
E. P. Thompson e Raymond Willians, entre outros, filiou-se à “Nova esquerda
inglesa”, fazendo parte da primeira geração de inteligência negra anti-
colonialista. A partir de sua própria experiência entendeu sua condição de ser-
no-mundo, conhecendo intimamente os dois lugares – a Jamaica e a Inglaterra
- percebeu que na verdade não pertencia a nenhum deles, “e esta é
exatamente a experiência diaspórica, longe o suficiente para experimentar o
sentimento de exílio e perda, perto o suficiente para entender o enigma de uma
chegada sempre adiada.” 6
Segundo Hall, a experiência diaspórica teve sua origem na bíblia ao
narrar a recuperação de uma terra já habitada por mais de um povo. O autor
relaciona vários pontos em comum entre a Diáspora Judaica e a Diáspora
Negra, entre eles a experiência de sofrimento, exílio, cultura do livramento e
da redenção. Isso explica porque os seguidores do movimento Rastafári7
usam a bíblia, pois ela “Conta a história de um povo no exílio dominado por um
poder estrangeiro, distante de casa e do poder simbólico do mito redentor”. 8
Sem dúvida o que marcou de forma intensa o rastafarianismo foi o fato de
4
Pinho, Patrícia de Santana. Reinvenções da África na Bahia . São Paulo : Annablume,
2004. P. 27.
5
Stuart Hall pertencia a uma família tradicional marcada por parte do pai, um privilegiado
funcionário da “United Fruit Company”, como rural, pele escura e por parte da mãe como
anglófila, de pele clara, ligada à aristocrática classe de proprietários de engenhos de açúcar.
6
Hall, Stuart. Da diáspora: identidades e mediações culturais. organização Liv Sovik;
tradução Adelaine La Guardia Resende... [et. al.]. – Belo Horizonte: Ed. UFMG; Brasília:
Representação da UNESCO no Brasil, 2003. P. 415.
7
No final da década de 1960, à margem do sistema capitalista, muitos Rastas procuraram
formas de subsistência financeira através da arte, particularmente o artesanato, tornando-se
habilidosos em esculpir peças inspiradas em motivos africanos. Mas, onde a cultura Rasta se
propagou foi na música, com o surgimento de um novo estilo, o Reggae . Na origem o Reggae
é o Ska, um ritmo frenético ao som de instrumentos metálicos inspirados na Black music. No
final desta década, o Ska agora mais lento, originou o Rocksteady. Com a inserção da
percussão africana acrescida de batidas da guitarra no estilo Rock, no início da década de
1970 o antigo Rocksteady passa a se chamar Reggae.
8
Idem, p. 417.
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4. Revista África e Africanidades - Ano 3 - n. 9, maio, 2010 - ISSN 1983-2354
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haver tornado definitivamente negra a Jamaica, descolonizando as mentes.
“Como todos os movimentos, o rastafarianismo se representou como um
retorno. Mas, aquilo a que ele nos retornou foi a nós mesmos. Ao fazê-lo
produziu a África, novamente, na diáspora”. 9
Tal como no sentido atribuído por Stuart Hall à identidade diaspórica o
conceito de identidade, segundo Zygmunt Bauman, surgiu devido à crise de
“pertencimento” e do esforço em se consolidar enquanto indivíduo dotado de
história num local em constante mudança, recriando sua própria realidade ao
nível da idéia. De acordo com Bauman “a identidade só poderia ingressar na
lebenswelt – conceito de vida no mundo humano na sua auto-definição e
experiência – como uma tarefa ainda não realizada, incompleta, um estímulo,
um dever e um ímpeto à ação”.10
Gilroy trabalha o conceito “Dupla Consciência” de W. E. B. Du Bois11
na análise dos processos culturais de formação da identidade nas
comunidades do Atlântico Negro. Du Bois ao buscar uma conotação mundial às
experiências pós-escravidão dos negros ocidentais, projeta as concepções
assimétricas de raça, nação e cultura dissecando o conceito da dupla
consciência. Ao desvelar a dualidade filosófico-cultural “o ser negro e ao
mesmo tempo norte-americano”, produz um conceito capaz de elucidar a
experiência dos povos no contexto histórico da pós-escravidão. Essa teoria
discute a plasticidade das identidades negras, que emergindo das experiências
de deslocamento e re-territorialização, redefine o sentimento de pertença à um
determinado lugar. Assim, a diáspora negra desloca a seqüência dos pontos
de explicação entre lugar, posição e consciência, rompendo a predominância
do território na formação da identidade desenraizada, desterritorializada e
profundamente marcada pelo viés de uma cultura em constante mutação, em
oposição à idéia de uma cultura pretensamente fechada. "Sob a idéia-chave
da diáspora, poderemos ver não a raça, e sim formas geopolíticas e geo-
culturais de vida resultantes da interação entre sistemas comunicativos e
contextos que elas não só incorporam, mas também modificam e
transcendem". 12
Patrícia de Santana Pinho, em sua obra Reinvenções da África na
Bahia, publicada em 2004, percorre as rotas do Atlântico Negro para identificar
os elementos explicativos de uma identidade construída ideologicamente,
tomando-se como princípio uma suposta essência africana, que estaria
presente em grande parte das comunidades negras transatlânticas. A autora,
em sua narrativa, percebe como culturas de outros lugares na diáspora
9
Idem, p. 417.
10
Bauman, Zygmunt. Identidade: entrevista a Benedetto Vecchi / Zygmunt Bauman;
tradução Carlos Alberto Medeiros. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2005. P. 26.
11
Du Bois é um cidadão Americano, pan-africanista, que se torna ativista dos direitos civis.
Este sociológo e historiador assume por opção a condição de cidadão de Gana, na África, em
conseqüência de sua busca por uma espécie de africanização idealizada.
12
Gilroy, Paul. Op. Cit. p. 25.
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influenciam culturas locais sendo ao mesmo tempo por elas influenciadas.
Analisando crenças em uma África mítica, especificamente o mito da “Mama
África” percebe como essa idéia tem estimulado as sociedades na diáspora a
construírem modos de vida próprios, em outros espaços geográficos, baseados
no conceito de negritude e identidades afro-referenciadas.
O Quilombo, um breve histórico.
O espaço onde se localiza o Quilombo Mata Cavalo situa-se
geograficamente entre as coordenadas UTM – Universal Transversa de
Mercator X (horizontal) 8252 à 8240 e Y (vertical) 570 à 558, 15º 50’ à 15º 58’
de Latitude Sul e 56º 22’ à 56º 30’ de Longitude W à Oeste do meridiano de
Greenwich, 2º e 48’ à direita do Meridiano Rondon.. O município de
Livramento, onde se encontram as terras do Mata Cavalo integra a
mesorregião 130, da microrregião 534 de Cuiabá, no centro sul de Mato
Grosso, tendo como limites os municípios de Várzea Grande, Rosário Oeste,
Barão de Melgaço, Santo Antonio do Leverger, Jangada e Poconé. Seu clima
característico é o tropical quente e sub-úmido, com temperaturas médias
anuais em torno de 26-27ºC.
A sesmaria denominada Boa-Vida, atual Quilombo Mata Cavalo, teve
sua origem com a descoberta de ouro na antiga região onde hoje se encontra a
cidade de Cuiabá. Os pioneiros que aqui chegaram faziam parte da bandeira
de Paschoal Moreira Cabral, segundo Silva “O sorocabano Cabral havia se
encontrado com Antonio Pires de Campos nos bananais de Camapuã e
decidido, ao ver o número de cativos que comboiava, também vir em busca do
coxiponés13, na barra do rio Coxipó com o Cuiabá”. 14 Em 1718 logo após ser
derrotado no confronto com esses índios, Moreira Cabral é assistido pelos
paulistas que estavam alojados no Carandá, no rio São José dos Cocais onde
se localizava o acampamento de Fernão Dias Paes. Em 1751 José Paes
Falcão, um dos filhos de Fernão Dias Paes pede requerimento a D. Antonio
Rolim de Moura o então Capitão-General de Mato Grosso, de uma sesmaria
localizada entre três córregos que mais tarde viriam a ser denominados de
Estiva, Mata Cavalo e Mutuca.
A comunidade do atual Quilombo Mata Cavalo luta por seus direitos
sobre a área da Sesmaria Boa Vida, num total de seis quilômetros de largura
por doze quilômetros de comprimento. A sesmaria foi concedida a José Paes
Falcão por força de decreto assinado por D. Antônio Rolim de Moura, em
1751, sendo posteriormente medida, demarcada e empossada judicialmente
13
Denominação da tribo de índios que habitava a região próxima aos rios Coxipó e Cuiabá no
início do século XVIII.
14
Silva, José Orlando Muraro, Mata Cavalo: Escravos e proprietários de suas terras. Artigo
publicado no Informe ao X congresso de direito agrário – Quilombos. P. 4.
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por Antônio Xavier de Siqueira, em dezembro de 1788, através do acordo de
compra realizado por seu pai Antônio Roiz de Siqueira, em 1772.
De acordo com as Leis vigentes à época, a concessão da sesmaria não
caracterizava em propriedade particular, sendo que sua efetivação vinculava-
se por imposição da Lei à necessidade de sua medição, demarcação e
confirmação judicial. Em 1772, Paes Falcão vende o direito por concessão
obtida ao Sr. Salvador Rodrigues ao preço de dois potros. Em 1788 o alferes
Antônio Xavier de Siqueira, filho de Paes Falcão, realiza a medição das terras
da Sesmaria Boa Vida, colocando os quatro marcos de aroeira roliça,
determinando finalmente sua posse judicial.
As ações jurídicas formalizadas em Lei que determinaram a posse da
referida sesmaria pode ser confirmada no trecho transcrito por Silva “[...] sendo
feitas todas as cerimônias da lei e costume praticado, demos com efeito ao dito
Alferes Antônio Xavier de Siqueira por empossado das ditas terras
demarcadas, com posse judicial, atual, civil, natural e real, na forma do
direito.”15 Em conseqüência da morte de Antônio Xavier de Siqueira, em 1804,
a Sesmaria foi dividida em duas partes tomando-se como divisor natural o
Córrego Mata Cavalo, a da Boa Vida, ao Sul, passa para o controle da família
Siqueira e a Sesmaria Rondon, ao Norte do Ribeirão Mata Cavalo que também
passa às mãos de outros membros da mesma família. Em 1850 Da. Custódia
de Arruda e Silva arremata em ato judicial a Sesmaria Boa Vida, sendo
posteriormente colocada à disposição da justiça por questões de dívidas. O
segundo grande momento da afirmação do direito de propriedade envolvendo a
sesmaria Boa Vida, diz o professor Silva, ocorre quando o capitão Antônio José
do Couto executa judicialmente dívida da qual era cessionário incluindo
também, entre outros bens, a referida Sesmaria. Em ato público-judicial
Ricardo José Alves Bastos, esposo de D. Ana da Silva Tavares arremata a
Sesmaria Boa Vida, pagando por ela a quantia de um conto de réis. Acometido
por uma grave doença, em cinco de dezembro de 1874, Ricardo José Alves
Bastos declara o seu testamento aberto. Ainda segundo Silva “este testamento
será um dos argumentos utilizado para justificar a expropriação das terras dos
negros de Mata-Cavalo. [...] o testador destina ‘a sua terça’ que, segundo as
Leis Civis do Império, conforme o art. 1008 [...] era a parte disponível que podia
ser destinada em testamento”.16
Esse contexto jurídico muda quando o Sr. Ricardo José Alves Bastos
instituindo um fideicomisso17 com sua esposa D. Ana da Silva Tavares
transforma-a em fiduciária e Francisco José da Silva, seu vizinho, o
fideicomissário, determinando por força da Lei que a propriedade só será
transferida à este após a eventual morte de sua esposa. O fideicomisso foi
extinto com a morte de Francisco José da Silva que faleceu antes de sua
15
Idem, p. 8.
16
Idem, p. 10.
17
De acordo com o Código Civil Brasileiro “fideicomisso é uma espécie de substituição onde o
substituto não herda no lugar do substituído, mas após o substituído, beneficiando pessoas não
concebidas ao tempo da morte do testador.
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esposa, outorgando a posse da sua propriedade a seu favor. Uma outra
questão importantíssima consta no referido inventário que confere plena
liberdade aos seus trinta e oito escravos após a morte de D. Ana da Silva
Tavares. A partir do assentamento de doação da Sesmaria Boa Vida aos
escravos de D. Ana da Silva Tavares, em 1883, iniciaram-se, pelos interesses
da elite rural dominante nesta região, as manobras políticas que levariam ao
início dos conflitos pela disputa desta terra, numa luta desigual. O livro n. 49 do
Tabelionato de Notas de Livramento, que continha as anotações jurídicas
legitimando a doação feita aos escravos cativos e também libertos de D. Ana,
desapareceu de forma misteriosa. Curiosamente, a referida senhora é
descendente das famílias da oligarquia dominante na região, que falsificaram
todo tipo de documentos para suprimir quaisquer direitos de posse da terra por
parte dos negros da Sesmaria Boa Vida. A referida doação, foi levada a
registro no Livro da Câmara do município de Nossa Senhora do Livramento,
área de influência dos fazendeiros dessa região, em cumprimento às
exigências do primeiro Código de terras do Estado de Mato Grosso. A
reconstituição histórica desse evento só foi possível com a descoberta de
documentos contendo declarações de vontade de D. Ana da Silva Tavares e
que hoje se encontram no Arquivo Público de Mato Grosso e também no
Instituto de Terras de Mato Grosso – INTERMAT.
De acordo com o advogado Silva, no seu processo de investigação para
a Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso, a confirmação do registro de
doação da sesmaria aos escravos nunca foi efetuada oficialmente, posto que o
senhor Leopoldino Alves da Costa, que assinou à rogo de D. Ana da Silva
Tavares no referido documento, era justamente o secretário da Câmara
Municipal, e tinha como principal função colher os registros de propriedade
daquele distrito. Silva é otimista quanto à situação do Quilombo Mata Cavalo,
na medida em que as pesquisas em andamento apresentaram-lhe um outro
vetor a ser utilizado pelos profissionais da área de direito. Segundo ele “São
documentos tais como inventários, livros de registros fundiários 18, relatos de
viajantes, padres e militares, de tal forma que se possa acumular um volume tal
de informação [...] para que as comunidades possam postular seus direitos em
juízo, sem correr o risco de gerar uma jurisprudência contrária aos seus
interesses.”19
Território do Quilombo: um espaço de negros
O espaço de terra do Quilombo Mata Cavalo constitui-se como
catalisador do sentimento de pertença de seu território. No percurso da
História, seus ancestrais fincaram ali suas raízes, construindo através delas os
elementos culturais de suas identidades marcadas pela singularidade do ser
negro e quilombola. Os costumes, a religiosidade, a vida comunitária, as
tradições herdadas dos seus ancestrais e o esforço na manutenção de suas
18
Vale salientar que são registros anteriores à criação do Registro de Imóveis em 1917. Antes,
portanto, de sua regulamentação no âmbito da Lei, como vigora até os dias atuais.
19
Idem, p. 15.
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identidades produzem uma territorialidade única, edificando-a enquanto espaço
vital, real e simbólico simultaneamente.
O chão, expressão de sonhos e possibilidades, muitas vezes irrigado
com o vermelho tom da intolerância e violência explícita, testemunha o vigor e
a determinação dos homens, mulheres e crianças que foram moldados na
pura têmpera dos ideais da resistência, criando e recriando constantemente um
modo de vida peculiar. Esse mundo dividido entre o velho e o novo conserva a
“aura da negritude” de seu universo quilombola cultivando tradições que vão se
obliterando sem, contudo, perder sua essência fundamental, uma essência que
não é somente africana, mas afro-brasileira, resultante do encontro de etnias e
do caráter híbrido de sua sociedade.
O trânsito constante entre geografia e memória, cultura e imaginário
faz do território do Quilombo Mata Cavalo um campo aberto a constantes
reconfigurações de ordem material e simbólica. Segundo Haesbaert, “teríamos
vivido sempre uma multiterritorialidade”20, onde percebemos que em toda
relação social há uma implicação, uma interação territorial, um
entrecruzamento de diferentes territórios. Nesse quadro sócio cultural o
indivíduo vive ao mesmo tempo ao seu nível particular, ao nível da
sociabilidade entre seus familiares, do seu grupo social, e da sua própria
comunidade. A dinâmica dessas transformações em conseqüência do estado
de litígio pela disputa da posse das terras do Mata Cavalo determinam, num
certo grau, não a crise mas a própria constituição da identidade do grupo,
como Bauman aponta em seus tratados teóricos. Para ele o próprio conceito
“identidade” nasce em função da crise de pertencimento e da necessidade de
se adaptar criando novas identidades a partir do campo da idéia, como citado
acima. Toda uma tradição herdada das senzalas reflete no cotidiano dessa
comunidade criando territorialidades diversas que ora convergem ora divergem
nos confrontos de interesses no seu interior. Ao rebuscar os elementos
culturais de uma possível essência africana recriam seus territórios na
diáspora, ressignificando seu espaço delimitando-o como um território de
negro, um mundo conceitual quilombola.
O Sr. Antonio Mulato, patriarca do Quilombo Mata Cavalo, contando com
104 anos de idade, filho de mulher escrava e pai nascido após a Lei do Ventre
Livre, em entrevista concedida ao autor desse artigo em 28 de novembro de
2009, fala com profunda nostalgia de um tempo que ficou somente na
memória, um tempo de fartura marcado pelo modo de vida coletivo, um tempo
em que a maioria das casas contavam com engenhos, criações de animais
domésticos, plantações de mandioca, milho, arroz, feijão e a cana de açúcar.
Rebuscando antigas recordações relembra os dias felizes da vida comunitária,
dos muxiruns21 para execução de trabalhos no campo e das festas em
20
Haesbaert, Rogério. O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à
multiterritorialidade. 2ª. Ed. – Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. P. 344.
21
O trabalho realizado em sistema de mutirão, ou muxirum como é mais conhecido na região,
muito utilizado no período do Brasil Colônia, consistia na execução de tarefas coletivas e
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comemorações aos dias santos, abundantes durante todo o ano. Quando
perguntamos a ele como se sentia nessa altura de sua vida ele respondeu que:
“to alegre por que ainda to vivo, mas hoje cada um faz por si. Esse é o atraso
da vida, né? Não existe mais a união, acabou a união. Fazer o que? To alegre
por que ainda to vivo.”
Fotografia do Sr. Antonio Mulato junto ao seu antigo engenho, em sua residência.
Formato JPEG, tirada em 28/novembro/2009, modelo da câmera DMC-FX07
Acervo particular de Silvânio Paulo de Barcelos
As preocupações reveladas na fala simples do Sr. Antonio Mulato
indicam problemas que preocupa grande parte dos moradores do Quilombo
Mata Cavalo. A tradição e os costumes herdados dos seus antepassados
constituem-se nos elos formadores de suas identidades afro-referenciadas,
formando patrimônios simbólicos a serem preservados a qualquer custo.
Entretanto, no interior dessa comunidade tradicional nem todos se preocupam
com a conservação da herança quilombola que a caracteriza como um lugar de
negros, um espaço vital. Apesar dessas desalentadoras perspectivas a terra,
testemunha viva da História do Mata Cavalo ainda possui o mesmo valor
material e simbólico capaz de conformar identidades singulares. A terra e o
tempo, protagonistas desta trama histórica, marcaram o compasso das
transformações, alternando movimentos de fluxo e refluxo sócio-cultural
conformadas por um mundo em plena convulsão, resultado da face mais
sombria da globalização.
também particulares, onde o contratante se obrigava a servir o almoço, feito pelas mulheres,
enquanto os homens executavam o serviço braçal.
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Mata Cavalo e o mundo globalizado
O livro Modernidade Líquida, de Zigmunt Bauman, 2001, consiste no
esforço de observar o homem enquanto ator social estigmatizado pela
individualização no interior de um mundo em constante mudança. Nessa nova
conjuntura social o estado de fluidez e flexibilidade molda a plasticidade com a
qual os indivíduos interagem com o meio envolvente. Através dessa perspectiva
o estado de liquefação dos sólidos metaforicamente delimita um tempo histórico
marcado pela provisoriedade e a sensação de uma falsa liberdade, que traz
como conseqüência imediata o desconforto e o desamparo social. Numa
análise subjetiva dessa questão, Bauman relaciona diretamente o
desprendimento do homem das suas redes de pertencimento social e familiar,
localizando-o num terreno movediço onde as estruturas do individual se
sobrepõem às do coletivo, desestabilizando-o na medida em que o desloca de
seu estado de segurança para uma zona de desconforto.
Analisar o contexto social dessa comunidade é confrontar o antigo e o
novo numa interação dinâmica entre a tradição, que se quer estática, e a
mudança que oscila entre o desejo e a conformação. A tradição, portanto,
constitui-se no grande objetivo dessa comunidade que se utiliza de todos os
meios disponíveis para a sua manutenção recuperando os elementos
constitutivos da tradição afro-referenciada e, também, construindo novos
elementos culturais que permitam perpetuá-la. No entanto a necessidade de
subsistência econômica obriga parte dos seus integrantes, na maioria jovens, a
procurar sua inserção no mundo do trabalho, normalmente nos meios urbanos
onde buscam a realização de sua independência financeira e reconhecimento
social. As condições impostas pela necessidade de conquistarem seus
espaços no mercado de trabalho os colocam, consciente ou
inconscientemente, numa condição de instabilidade social resultante da
sociedade altamente competitiva e marcada pela “modernidade líquida” tratada
por Bauman. Possivelmente a cultura quilombola representa para essa
comunidade a contraparte do mundo globalizado, uma forma de resistência às
dificuldades naturais da vida atual, uma válvula de escape pelas vias do lúdico,
da alegria, dos ritmos e dos mecanismos da recordação que possibilita e
permite recriar seus espaços vitais.
A Dança do Congo22, de origem Africana, é uma das mais expressivas
manifestações culturais de origem Africana no Brasil. Em Nossa Senhora do
Livramento, Mato Grosso, a Dança do Congo foi uma tradição importada da
antiga “comunidade dos pretos”23 do Mata Cavalo. Essa dança, ensinada e
22
A Dança do Congo é a representação da luta simbólica entre dois reinados da África, em
conseqüência da negação por parte de um dos reis ao pedido de casamento de sua filha,
entendido por ele como uma possível traição objetivando a disputa da sua coroa. Para esse rei
a intenção do seu opositor era lhe matar assim que o casamento se realizasse, possibilitando a
anexação do seu reino.
23
Essa expressão indica a forma como os integrantes do Quilombo Mata Cavalo eram
reconhecidos pelos habitantes da cidade de Nossa Senhora do Livramento, de acordo com a
tradição oral da região.
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praticada na Casa São Benedito em Livramento, assume dimensão
educacional empírica na medida em que resgata valores afro-referenciados do
universo quilombola. Segundo Dantas
O reconhecimento social do Congo como um conhecimento
eminentemente negro, na perspectiva do processo
ensino/aprendizagem, recupera para os negros e para a
sociedade, a identidade dos negros como sujeitos e como
produtores de cultura. Como um fenômeno educativo de
alcance étnico, apresenta o negro como concretude na
sociedade local, regional e nacional; apreende sua existência
como real e viva. Evidencia-se a possibilidade de ser – no –
mundo – negro, com outros negros, com outros brancos. Uma
forma de aprender a ser negro no arrepio dos parâmetros
racistas, mantendo uma saída para fora do vínculo do
branqueamento e da integração da imagem branca do negro.
Obliterada parcialmente no passado a Dança do Congo foi retomada
pela comunidade do Quilombo Mata Cavalo como parte das ações de
recuperação de valores de sua cultura. Segundo depoimento de D. Tereza,
líder desse Quilombo, ao autor desse artigo em 12 de setembro de 2008, toda
forma de tradição é fundamental para a existência de sua comunidade. Entre
apertos de mãos, abraços e saudações afetuosas a venerável matriarca,
amavelmente, descrevia com riqueza de detalhes todos os pormenores das
festas e da tradição religiosa de sua comunidade. O sagrado exerce papel
central na formação de ordem social e cultural da comunidade, de acordo com
as palavras de D. Tereza “A religião nossa é coisa de nosso passado, então
tudo isso é nosso futuro, é nossa lembrança e nossa recordação dos nossos
antepassados.”
As manifestações religiosas constituem-se no fio condutor da tradição
quilombola, junto com todas as outras formas de expressões culturais, como a
Dança do Congo, Siriri e Cururu24. O desejo de perpetuação da comunidade
quilombola fica evidente quando D. Tereza afirma que “tudo isso é o nosso
futuro”, isso é relevante na medida em que o futuro da comunidade se garante
pelas vias das práticas culturais e do resgate da tradição ancestral do
Quilombo. Além da questão da preservação do universo quilombola, as
tradições ancestrais conferem juridicamente o direito de posse e propriedade
da terra, de acordo com as políticas de terras da Constituição Federal de 1988,
desde que permitam a manutenção da identidade tradicional negra e
quilombola.
Bauman ao citar Cornelius Castoriadis, “o problema da condição
contemporânea de nossa civilização moderna é que ela parou de questionar-
24
A dança do siriri e cururu originam-se nas tradições seculares indígenas, que foram
assimiladas por comunidades rurais e também ribeirinhas e repassados pela tradição oral de
pai para filho. No Quilombo Mata Cavalo essa tradição foi importada e é, ainda hoje, utilizada
em todos os festejos.
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se”25, alerta para os perigos da aceitação pacífica da imobilidade imposta pela
modernidade líquida, segundo suas palavras, “O preço do silêncio é pago na
dura moeda corrente do sofrimento humano” 26, busca-se não as respostas, a
saída para esse estado letárgico da sociedade globalizada, mas sim a
predisposição em questionar a condição humana na contemporaneidade,
estimulando e delimitando novas agendas sociais. A proposta desafiadora
deste grande sociólogo permite situar o papel preponderante dos intelectuais
enquanto formadores de opinião e como criadores dos instrumentos que
permitam uma intervenção racional na própria realidade do vivido, pois “Fazer
as perguntas certas constitui, afinal, toda a diferença entre sina e destino, entre
andar à deriva e viajar”.27
Nessa perspectiva, a História do Quilombo Mata Cavalo que se projeta
no presente determinará o destino da comunidade quilombola. De fato, o
caminho tortuoso percorrido por homens, mulheres e crianças desde as
senzalas, desvela a constante luta pela sobrevivência, num processo contínuo
de adaptação ao meio, utilizando-se do possível no movimento da resistência.
Nesse contexto violento a terra forneceu o amálgama que fixou as bases da
identidade quilombola e o tempo se encarregou de forjar o ideal da negritude
resgatando a dignidade do ser negro em um mundo de brancos. Na atualidade
o espírito de Zumbí de Palmares ressona metaforicamente naquele universo
quilombola racionalizando vidas e constituindo sua cultura híbrida, permitindo
dessa forma a manutenção do espaço primordial do negro, um território afro-
referenciado.
Autorizada a citação e/ou reprodução deste texto, desde que não seja
para fins comerciais e que seja mencionada a referência que segue. Favor
alterar a data para o dia em que acessou-o:
Barcelos, Silvânio Paulo de. O Quilombo Mata Cavalo: territorialidade negra no
mundo globalizado. Revista África e Africanidades, Rio de Janeiro, ano 3, n.
9, maio 2010. Coluna Sala de Aula. Disponível em:
<http://www.africaeafricanidades.com/documentos/Quilombo_Mata_Cavalo.pdf
>. Acesso em: 3 mai. 2010.
25
Bauman, Zigmunt. Globalização: as conseqüências humanas. Tradução Marcus Penchel.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1999. P. 10.
26
Idem. P. 11.
27
Idem. P. 11.
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Carlos Alberto Medeiros. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
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Marcus Penchel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
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Estudos Afro-Asiáticos, 2001.
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Quilombos.
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