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TERRITORIALIDADE
“Quilombo é aquele espaço geográfico onde o
homem tem a sensação do oceano, é a
memória e a esperança de recuperação
do poder usurpado”
Maria Beatriz Nascimento, 1989
Para Beatriz Nascimento, o quilombo, especialmente Palmares, podia ser
considerado um projeto de nação, protagonizado por negros e includente de outros
setores subalternos. Um território de liberdade, não apenas referente a uma fuga,
mas uma busca de um tempo/espaço de paz:
“Quilombo é uma história. Essa palavra tem uma história. Também tem uma
tipologia de acordo com a região e de acordo com a época, o tempo. Sua relação
com o seu TERRITÓRIO[...]
É importante ver que, hoje, o quilombo traz pra gente não mais o TERRITÓRIO
GEOGRÁFICO, mas o TERRITÓRIO A NÍVEL DE UMA SIMBOLOGIA.
“Várias e várias partes da minha história contam que eu tenho o direito ao espaço
que ocupo na nação. E é isso que Palmares vem revelando nesse momento. Eu
tenho direito ao espaço que ocupo dentro desse sistema, dentro dessa nação,
dentro desse nicho geográfico, dessa serra de Pernambuco. A Terra é o meu
quilombo. Meu espaço é meu quilombo. Onde eu estou, eu estou. Quando eu estou,
eu sou.”
(Beatriz Nascimento,1989).(Ratts, Alex, 2006, p. 59)
A identidade é um sentimento
de pertencimento, uma
sensação de natureza
compartilhada, de unidade
plural, que possibilita e dá
forma e consciência à própria
existência. [...] a construção
de uma identidade se faz
dentro do coletivo por
contraste com o “outro”
(GOMES apud RODRIGUES, 2007
in Silva e Moraes, 2008, p.19)
).
A ideia de quilombo pressupõe uma ancestralidade
negra que não está marcada apenas na cor da pele,
mas está entranhada na história dos grupos.
Reconhecer-se dentro dessa categoria significa
ressaltar laços com a escravidão, sempre negados por
tais comunidades como forma de defesa. Isto é,
considerar-se quilombola implica em re-significar as
maneiras de conceber o “ser” negro e repensar a
própria identidade sempre construída como o oposto
do “ser” branco.
• Os grupos precisam refazer-se a partir de uma
identificação continuamente estigmatizada.
• Em grande medida, tais comunidades são
compostas por uma população miscigenada entre
índios (correntemente chamados de caboclos) e
negros. Os habitantes dessas comunidades podem
oscilar entre uma ou outra identidade como forma
de autodefesa.
•
TERRITÓRIO E IDENTIDADE
O candomblé pode ser considerado um
quilombo, um espaço de vivência e
preservação da cosmovisão africana, na
religiosidade, nas expressões culturais e
artísticas e principalmente na reconstrução do
sujeito não apenas como indivíduo, mas como
parte da comunidade que é um dos
fundamentos dessa religião, pois ao remontar
mesmo que simbolicamente a sua família, o
africano se volta para sua ancestralidade e
assim recria sua identidade negra.
TERRITÓRIO COMO
ESPAÇO VIVIDO
A
territorialidade
do Quilombo
Boa Vista dos
negros
A Boa Vista dos Negros não é um lugar de
refúgio, no entanto, os negros ao constituírem
a comunidade, estavam a fugir da intolerância
branca.
“A Boa Vista situa-se num ponto de
estabilidade, não sendo o lugar aonde os
negros eram reunidos com o propósito de
abastecer o mercado
escravocrata(Valongo/RJ), mas também não
ocupou o status de um quartel no qual se
declarava guerra as práticas escravistas,
(Quilombo dos Palmares). Falamos então de
uma comunidade dotada de peculiaridades
que possibilitaram a sua sobrevivência em
meio a tão incerto universo social, certamente
a exoticidade da Boa Vista dos Negros, é
apenas um reflexo do que ocorria no passado,
quando a sabedoria dos mais velhos[...] soube
guiar aquele povo a longaminidade sonhada
por muitos e alcançada por poucos.”
(SANTOS, Sebastião G. dos. 2016. Revista
Comemorativa aos 150 Anos De Parelhas)
Marcos Identitários do Quilombo Boa Vista dos Negros: Memória
Genealógica, Irmandade do Rosário e Titulação de Terras
Historicamente, os quilombos são grupos étnicos com trajetórias, ancestralidade negra e relação
territorial específica, segundo relatório antropológico a comunidade Boa Vista dos Negros assume
essa caracterização.
• As terras foram doadas por fazendeiro rico e generoso;
• Os negros da Boa Vista eram escravos que com o trabalho conseguiram comprar alforria;
• Eram negros libertos que se instalaram numa terra improdutiva;
• Eram ex escravos fugidos dos maus tratos dos seus atuais patrões ou deixados à sua própria
sorte, com o abandono da propriedade pelos donos durante a seca e assim oculparam-na.
• Era uma família de retirantes que ocupou um espaço esvaziado após grande epidemia de
cólera em 1856;
Genealogia dos Negros
da Boa Vista - "De
Tereza aos Meninos
que batucam hoje“
A ancestralidade da Boa Vista, contada em
geração, remontaria então aos meados dos anos
1840[...] Os diferentes relatos da fundação de
Boa Vista apontam para uma situação social em
que uma mulher, livre e pobre (retirante ou
escrava) recebe uma ajuda de um homem rico e
poderoso (barão, patrão, coronel e/ou amante).
[...] A partir daí Tereza mudará de estatuto, pois
se torna "criada da casa", situação social inferior
que encontramos com certa freqüência ainda
hoje na região. Assim, trata-se de um estatuto
ambíguo que, por vezes, assemelha-se ao
trabalho doméstico ou mesmo escravo, pois não
há relação monetária.
(Relatório Antropológico - RTID, 2007, p. 83)
Titularização das terras de Quilombos
(direito da coletividade e não de indivíduos)
• O decreto de 2003 estabelece o Incra como o responsável pelo processo de
regularização fundiária das comunidades quilombolas, incorpora o seu direito
ao auto-reconhecimento, prevê a possibilidade de desapropriações, e,
finalmente, estabelece que a titulação deva se efetuar em nome de entidade
representativa da comunidade.
Dá à noção de “terra” a dimensão conceitual de território: nela se incluem não só
a terra diretamente ocupada no momento específico da titulação, mas todos os
espaços que fazem parte de seus usos, costumes e tradições e/ou que possuem os
recursos ambientais necessários à sua manutenção e às reminiscências históricas
que permitam perpetuar sua memória. (Arruti, 2008, p. 22-23).
Território como produto da cidadania:
A Invisibilidade Social dos Quilombos
Brasileiros e a DESTERRITORIALIZAÇÃO
“O desprezo social e o não-reconhecimento dão origem ao sentimento de
invisibilidade. Na sociedade do espectáculo em que vivemos, o invisível tende a
significar o insignificante. Com efeito, múltiplos sentimentos estão ligados ao
sentimento central de ser invisível para os outros: a vergonha, a paranóia, a
impressão de insucesso pessoal, o isolamento, a clandestinidade”.
(Julia sá Pinto Tomas - Communication pour le Congresso Português de Sociologia, 25-29 juin 2008).
• Invisibilidade social: Termo, que vem sendo discutido na sociologia, surge para
designar as pessoas que ficam invisíveis aos olhos sociais, por preconceito,
banalização do cotidiano ou mesmo familiarização com ele.
"Ser invisível é sofrer a indiferença, é não ter importância. Essa maneira de
discriminação está cada vez mais inserida na sociedade“
(http://www.overmundo.com.br/overblog/invisibilidade-social-outra-forma-de-preconceito).

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Aula 3 - Territorialidade.pptx

  • 1. TERRITORIALIDADE “Quilombo é aquele espaço geográfico onde o homem tem a sensação do oceano, é a memória e a esperança de recuperação do poder usurpado” Maria Beatriz Nascimento, 1989
  • 2. Para Beatriz Nascimento, o quilombo, especialmente Palmares, podia ser considerado um projeto de nação, protagonizado por negros e includente de outros setores subalternos. Um território de liberdade, não apenas referente a uma fuga, mas uma busca de um tempo/espaço de paz: “Quilombo é uma história. Essa palavra tem uma história. Também tem uma tipologia de acordo com a região e de acordo com a época, o tempo. Sua relação com o seu TERRITÓRIO[...] É importante ver que, hoje, o quilombo traz pra gente não mais o TERRITÓRIO GEOGRÁFICO, mas o TERRITÓRIO A NÍVEL DE UMA SIMBOLOGIA. “Várias e várias partes da minha história contam que eu tenho o direito ao espaço que ocupo na nação. E é isso que Palmares vem revelando nesse momento. Eu tenho direito ao espaço que ocupo dentro desse sistema, dentro dessa nação, dentro desse nicho geográfico, dessa serra de Pernambuco. A Terra é o meu quilombo. Meu espaço é meu quilombo. Onde eu estou, eu estou. Quando eu estou, eu sou.” (Beatriz Nascimento,1989).(Ratts, Alex, 2006, p. 59)
  • 3. A identidade é um sentimento de pertencimento, uma sensação de natureza compartilhada, de unidade plural, que possibilita e dá forma e consciência à própria existência. [...] a construção de uma identidade se faz dentro do coletivo por contraste com o “outro” (GOMES apud RODRIGUES, 2007 in Silva e Moraes, 2008, p.19) ). A ideia de quilombo pressupõe uma ancestralidade negra que não está marcada apenas na cor da pele, mas está entranhada na história dos grupos. Reconhecer-se dentro dessa categoria significa ressaltar laços com a escravidão, sempre negados por tais comunidades como forma de defesa. Isto é, considerar-se quilombola implica em re-significar as maneiras de conceber o “ser” negro e repensar a própria identidade sempre construída como o oposto do “ser” branco. • Os grupos precisam refazer-se a partir de uma identificação continuamente estigmatizada. • Em grande medida, tais comunidades são compostas por uma população miscigenada entre índios (correntemente chamados de caboclos) e negros. Os habitantes dessas comunidades podem oscilar entre uma ou outra identidade como forma de autodefesa. • TERRITÓRIO E IDENTIDADE
  • 4. O candomblé pode ser considerado um quilombo, um espaço de vivência e preservação da cosmovisão africana, na religiosidade, nas expressões culturais e artísticas e principalmente na reconstrução do sujeito não apenas como indivíduo, mas como parte da comunidade que é um dos fundamentos dessa religião, pois ao remontar mesmo que simbolicamente a sua família, o africano se volta para sua ancestralidade e assim recria sua identidade negra. TERRITÓRIO COMO ESPAÇO VIVIDO
  • 5. A territorialidade do Quilombo Boa Vista dos negros A Boa Vista dos Negros não é um lugar de refúgio, no entanto, os negros ao constituírem a comunidade, estavam a fugir da intolerância branca. “A Boa Vista situa-se num ponto de estabilidade, não sendo o lugar aonde os negros eram reunidos com o propósito de abastecer o mercado escravocrata(Valongo/RJ), mas também não ocupou o status de um quartel no qual se declarava guerra as práticas escravistas, (Quilombo dos Palmares). Falamos então de uma comunidade dotada de peculiaridades que possibilitaram a sua sobrevivência em meio a tão incerto universo social, certamente a exoticidade da Boa Vista dos Negros, é apenas um reflexo do que ocorria no passado, quando a sabedoria dos mais velhos[...] soube guiar aquele povo a longaminidade sonhada por muitos e alcançada por poucos.” (SANTOS, Sebastião G. dos. 2016. Revista Comemorativa aos 150 Anos De Parelhas)
  • 6. Marcos Identitários do Quilombo Boa Vista dos Negros: Memória Genealógica, Irmandade do Rosário e Titulação de Terras Historicamente, os quilombos são grupos étnicos com trajetórias, ancestralidade negra e relação territorial específica, segundo relatório antropológico a comunidade Boa Vista dos Negros assume essa caracterização. • As terras foram doadas por fazendeiro rico e generoso; • Os negros da Boa Vista eram escravos que com o trabalho conseguiram comprar alforria; • Eram negros libertos que se instalaram numa terra improdutiva; • Eram ex escravos fugidos dos maus tratos dos seus atuais patrões ou deixados à sua própria sorte, com o abandono da propriedade pelos donos durante a seca e assim oculparam-na. • Era uma família de retirantes que ocupou um espaço esvaziado após grande epidemia de cólera em 1856;
  • 7. Genealogia dos Negros da Boa Vista - "De Tereza aos Meninos que batucam hoje“ A ancestralidade da Boa Vista, contada em geração, remontaria então aos meados dos anos 1840[...] Os diferentes relatos da fundação de Boa Vista apontam para uma situação social em que uma mulher, livre e pobre (retirante ou escrava) recebe uma ajuda de um homem rico e poderoso (barão, patrão, coronel e/ou amante). [...] A partir daí Tereza mudará de estatuto, pois se torna "criada da casa", situação social inferior que encontramos com certa freqüência ainda hoje na região. Assim, trata-se de um estatuto ambíguo que, por vezes, assemelha-se ao trabalho doméstico ou mesmo escravo, pois não há relação monetária. (Relatório Antropológico - RTID, 2007, p. 83)
  • 8. Titularização das terras de Quilombos (direito da coletividade e não de indivíduos) • O decreto de 2003 estabelece o Incra como o responsável pelo processo de regularização fundiária das comunidades quilombolas, incorpora o seu direito ao auto-reconhecimento, prevê a possibilidade de desapropriações, e, finalmente, estabelece que a titulação deva se efetuar em nome de entidade representativa da comunidade. Dá à noção de “terra” a dimensão conceitual de território: nela se incluem não só a terra diretamente ocupada no momento específico da titulação, mas todos os espaços que fazem parte de seus usos, costumes e tradições e/ou que possuem os recursos ambientais necessários à sua manutenção e às reminiscências históricas que permitam perpetuar sua memória. (Arruti, 2008, p. 22-23).
  • 9. Território como produto da cidadania: A Invisibilidade Social dos Quilombos Brasileiros e a DESTERRITORIALIZAÇÃO “O desprezo social e o não-reconhecimento dão origem ao sentimento de invisibilidade. Na sociedade do espectáculo em que vivemos, o invisível tende a significar o insignificante. Com efeito, múltiplos sentimentos estão ligados ao sentimento central de ser invisível para os outros: a vergonha, a paranóia, a impressão de insucesso pessoal, o isolamento, a clandestinidade”. (Julia sá Pinto Tomas - Communication pour le Congresso Português de Sociologia, 25-29 juin 2008). • Invisibilidade social: Termo, que vem sendo discutido na sociologia, surge para designar as pessoas que ficam invisíveis aos olhos sociais, por preconceito, banalização do cotidiano ou mesmo familiarização com ele. "Ser invisível é sofrer a indiferença, é não ter importância. Essa maneira de discriminação está cada vez mais inserida na sociedade“ (http://www.overmundo.com.br/overblog/invisibilidade-social-outra-forma-de-preconceito).