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atividadesemsaladeaula
Atividades com
Comunicação & Educação
Ano X – N. 2
Ruth Ribas Itacarambi
Doutora pela Faculdade de Educação da USP.
Educadora e pesquisadora do CAEM – Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática
do IME-USP.
Professora da FOC – Faculdade Osvaldo Cruz.
Membro da Equipe SiteEducacional.
E-mail: ruthri@uol.com.br
As reflexões sobre educação e escola, no momento atual, têm buscado
formas de perceber e favorecer as percepções que o aluno tem de si e do
mundo que o rodeia. Outra proposta pedagógica importante é a que defende
o trabalho integrado de aprendizagem.
Estudos recentes de psicologia, sociologia e antropologia, segundo Her­
nández1 
, destacam como a biografia, a construção da subjetividade e os signi-
ficados culturais, com os quais se dá sentido à realidade, desempenham papel
fundamental na construção do conhecimento escolar e pessoal e do sujeito
integral, protagonista de sua história.
A transversalidade proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais2 
contem-
pla diversas questões urgentes da vida humana e do cotidiano, que demandam
transformações sociais e de atitudes pessoais. Exigem, portanto, um trabalho
de ensino e aprendizagem de conteúdos nem sempre previstos nos currículos
tradicionais. Os temas transversais atravessam e articulam diferentes campos
do conhecimento. Trazem, portanto, para a escola o desafio de abordar áreas
do conhecimento que não fazem parte da programação tradicional das várias
disciplinas escolares.
As três atividades com os artigos desta edição da Revista Comunicação &
Educação apresentam sugestões para serem desenvolvidas em sala de aula, inte-
grando várias áreas do conhecimento e possibilitando ao professor experiências
com os temas transversais e a interdisciplinaridade.
Identidade e cidadania
A primeira atividade tem como tema gerador Construção de identidades
culturais dos indivíduos. As referências para a abordagem do tema são os artigos
1. HERNÁNDEZ, F. Trans­
gressão e mudança na
educação. Porto Alegre:
ArtMed, 1998.
2. PARÂMETROS CURRI­
CU­­­LA­RES NACIONAIS.
Temas Transversais. Brasí­
lia: MEC/SEF, 1998.
250
comunicação & educação • Ano X • Número 2 • maio/ago 2005
O pedagógico no cinema e a formação docente: um diálogo sobre as questões de gênero,
que discute como o cinema e sua interpretação crítica contribuem para a re-
flexão sobre a complexidade das questões de gênero e sexualidade, e Literatura
na televisão: história, memória e biografia, que apresenta a revisitação de obras
literárias pela televisão, na forma de minisséries, como um meio de resistir à
espetacularização do mundo globalizado da década de 1980.
A segunda atividade amplia e dá continuidade à discussão da construção
das identidades com uma reflexão sobre memória e comunicação. O texto que
apóia esta sugestão é Memória cotidiana e comunicação. Nele, o autor propõe um
modelo de análise sobre a questão da comunicação, da temporalidade e da me-
mória no âmbito da educação. Trata-se de um estudo realizado com professores
de escolas do Ensino Básico de Lisboa.
O trabalho com os conteúdos programáticos e temas cotidianos por meio de
recursos de áudio é o assunto gerador da terceira atividade. O texto utilizado como
referência é Audioaula: o som como suporte pedagógico em sala de aula, que mostra a
aplicação dos elementos sonoros como suporte à transmissão do conhecimento.
1 	 PRIMEIRA ATIVIDADE
	 Identidades culturais
A atividade objetiva discutir a subjetividade dos indivíduos e a importân-
cia dos meios de comunicação de massa na constituição dos sujeitos. A mídia,
neste caso, o cinema e a televisão, colabora como ponto de partida para os
processos de reflexão crítica sobre a complexa constituição de nossas identida-
des como homens e mulheres. Os temas a serem tratados em sala de aula são
a representação da sexualidade e a relação de gênero, presentes nesses meios
de comunicação de massa.
O artigo O pedagógico no cinema e a formação docente: um diálogo sobre as ques-
tões de gênero – de Vera Helena Ferraz de Siqueira, Cristiane Maia de Oliveira
e Júlio de Oliveira Braga – mostra que, na vida cotidiana, homens e mulheres
analisam suas experiências a partir de modelos disponíveis na sociedade. Esses
modelos podem ser reais, pessoas com as quais compartilham o dia-a-dia, ou
ficcionais, construídos e difundidos pela indústria cultural. Com essa prática,
atribuem sentido à própria identidade.
Com base na leitura do artigo, os professores desenvolvem um estado de
prontidão para a questão da sexualidade e do gênero fundamentada em este­
reótipos e nos pólos: homem/mulher, dona de casa/prostituta, homossexual/
heterossexual, jovem/idoso.
O professor pode, então, utilizar como método de ensino e aprendizagem:
1.	Organizar na sala de aula a discussão sobre o tema.
2.	Registrar as concepções dos alunos.
251
3.	Programar a apresentação de um dos filmes propostos no artigo, o que
é possível consultando videolocadoras, cinematecas ou buscando um
filme mais atual que trate da mesma problemática.
4.	Discutir o tema do filme, após a sessão, e comparar com as concepções
iniciais, apresentadas pelos alunos.
5.	Analisar as possíveis contribuições que o cinema e as narrativas ficcio-
nais proporcionam nos processos de identificação, ao exibirem desejos,
prazeres, sentimentos e sonhos presentes no universo dos personagens
e também no repertório do espectador.
6.	Resgatar e atualizar, finalmente, a questão proposta pelo artigo: o pe-
dagógico no cinema é provocação, no sentido de abalar certezas e visões
dico­tômicas estabelecidas, propiciando reflexões sobre outras possibilidades de ser
e estar no mundo.
O artigo Literatura na televisão: história, memória e biografia, de Ana Maria
Camargo Figueiredo, trabalha com a narrativa ficcional produzida em formato
de minisséries televisivas. A questão que se propõe à análise inicial de professo-
res e alunos é a comparação entre as especificidades que distinguem a novela
das minisséries apresentadas pela televisão.
Para fazer o levantamento das principais características de cada formato,
o professor pode adotar o seguinte método de ensino e aprendizagem:
1.	Solicitar a leitura da introdução do artigo.
2.	Elaborar, com a sala dividida em duplas de alunos, uma tabela compa-
rativa das características identificadas por meio da leitura.
Atividades com Comunicação & Educação • Ruth Ribas Itacarambi
		 Características	
	 Novelas		 Minisséries	
3.	Sintetizar as características levantadas em sala de aula.
4.	Solicitar uma pesquisa sobre as minisséries e novelas veiculadas na tele-
visão num determinado período. O ideal é que o período coincida com
o momento do curso.
5.	Solicitar a leitura do item do artigo Literatura na televisão: biografia, ficção
e história, com a finalidade de incorporar ao trabalho a discussão sobre
a presença da literatura na televisão.
6.	Solicitar, como trabalho complementar, a leitura e um resumo comentado
do livro Anarquistas, Graças a Deus, de Zélia Gattai.
7.	Construir no quadro-de-giz, a partir dos comentários dos alunos, um
comparativo consolidado entre as impressões e interpretações dos alunos
sobre o livro e as idéias da autora.
8.	Destacar o importante papel de uma biografia, no sentido de buscar a
identidade pessoal e também de uma determinada época histórica do
252
comunicação & educação • Ano X • Número 2 • maio/ago 2005
Brasil. A relação sujeito e mundo se estabelece por meio da memória de
uma menina, cujo relato pessoal recupera também a memória social.
9.	Concluir, com base no artigo, destacando que, segundo a autora, a pre-
sença de obras literárias na televisão, especialmente no ano de 1984, é
apresentada como forma de resistir à espetacularização do mundo glo-
balizado. A mescla entre ficção, história e biografia aparece como uma
revisão do cenário nacional. A televisão, ao reeditar passagens da história
e a literatura, atribui a seus produtos as dimensões de foco de resistência.
2 	 SEGUNDA ATIVIDADE
	 Memória e comunicação
O objetivo da atividade é o processo educativo comprometido com a
transformação do sujeito e de sua percepção de mundo. A educação e a esco-
la, como promotores de socialização, encontram-se vinculadas aos modos de
comunicação e memória na nossa sociedade.
Esta atividade é indicada a professores que trabalham com a formação
inicial e/ou continuada de professores, por tratar especificamente das práticas
docentes articuladas às questões de memória. Como temas a serem desenvolvidos,
sugerimos a memória, como conjunto de elementos sociocorporais cons­truídos
e disseminados e como fator de reprodução ou transformação social.
O artigo de Fernando Barone, Memória cotidiana e comunicação, apresenta
a base de sustentação deste trabalho, com a interpretação do autor sobre os
modos de memória, que pode ser definida como o conjunto de características
fundadoras do comportamento cotidiano, associado a duas tendências diferentes
de viver a temporalidade no dia-a-dia: a primeira voltada à adaptação ao mundo –
reprodução – e a segunda dirigida ao tempo vivido e a viver – transformação.
O autor elaborou uma análise sobre o discurso de professores do primeiro
ciclo do Ensino Básico em que associa as características da dualidade duração/
abs­tração aos elementos: o tempo, o si mesmo, o outro e a comunicação. O
objetivo de sua investigação foi recolher dados referentes às práticas memoriais
de docentes.
A atividade que propomos aos professores é baseada no seguinte método
de ensino e aprendizagem:
1.	Solicitar a leitura da fundamentação teórica e do instrumental de análise
apresentados pelo artigo.
2.	Planejar uma investigação com os alunos sobre os objetos destacados:
tempo, si mesmo, outro, comunicação.
3.	Levantar as informações.
4.	Organizar os dados em tabelas.
5.	Analisar e interpretar os dados, tendo presentes as duas tendências de
viver a temporalidade no dia-a-dia: a primeira voltada à adaptação ao
253
mundo – reprodução – e a segunda dirigida ao tempo vivido e a viver –
transformação.
6.	Solicitar aos alunos que reflitam sobre sua prática docente e descrevam
o impacto no cotidiano – como desencadeadora de processos de repro-
dução e/ou transformação.
7.	Discutir, em sala de aula, os vários registros, enfatizando que o trabalho
docente não se restringe às histórias pessoais (si mesmo), mas contem-
pla ainda uma dinâmica de relações envolvendo o tempo, o outro e a
comunicação.
3 	 TERCEIRA ATIVIDADE
	 O som como suporte em sala de aula
A terceira atividade tem como um de seus objetivos a reflexão sobre a uti-
lização de recursos de áudio em sala de aula, como instrumentos de produção
de informação, conhecimento e conscientização. O tema a ser desenvolvido é
a democratização da comunicação e familiarização com a linguagem sonora.
Audioaula: o som como suporte pedagógico em sala de aula, de André Barbosa
Filho, é o artigo que sustenta o método de ensino e aprendizagem sugerido
a seguir.
1.	Sintetizar o projeto Audioaula e apresentar aos alunos.
2.	Propor aos alunos a elaboração de um projeto sonoro.
3.	Discutir a questão de incorporar ao cotidiano das aulas a linguagem
sonora e seus desafios técnicos: captação de voz e sons por meio de
microfones e gravadores de áudio, criação de roteiros para estes suportes
sonoros – diálogos, trilhas, músicas, efeitos sonoros.
4.	Analisar a relação entre livro e áudio que, segundo André Barbosa Filho,
é um casamento perfeito, na escola e fora dela. No artigo, o professor
também encontra informações e metodologia própria para o desenvol-
vimento de projetos de Audioaula.
Caso a escola já possua uma rádio informal, produzida pelos alunos e
veiculada na hora do intervalo, a atividade pode ser adaptada e incluir etapas
complementares como:
5.	Analisar a programação sonora.
6.	Levantar e registrar – com a sala dividida em grupos de alunos – as
músicas e as mensagens veiculadas.
7.	Pesquisar entre os alunos da escola a opinião deles sobre a programação.
Caso a escola não tenha essa rádio informal, o professor juntamente com
os alunos poderão, no desenvolvimento do projeto, organizar uma. Para o traba-
lho sugerimos ainda a leitura do artigo Produção em rádio, de Pedro Serico Vaz,
e as atividades propostas3 
. Consideramos essencial que o professor leia neste
artigo o item “Ensinar rádio” e a bibliografia proposta pelo autor. O produto
Atividades com Comunicação & Educação • Ruth Ribas Itacarambi
 
3. VAZ, Pedro Serico.
Produção em rádio. Co­
municação & Educação,
São Paulo: Salesiana, ano
IX, n. 26, p. 93 e 124, jan./
abr. 2003.
254
comunicação & educação • Ano X • Número 2 • maio/ago 2005
desta atividade é uma rádio informal que esteja conectada com os interesses
da comunidade escolar.
Quanto ao material técnico, são necessários um bom gravador e um apa-
relho de som com caixas acústicas cuja potência permita a distribuição do som
pelo pátio da escola.
Resumo: A transversalidade é a marca das
três atividades sugeridas para sala de aula.
O objetivo é refletir, por meio de diferentes
suportes e abordagens, questões como
identidade cultural, memória, conscienti­
zação e construção do sujeito, aluno ou
professor, que integram o processo de
ensino e aprendizagem. Cada uma das
propostas contribui para a reflexão sobre
a prática pedagógica e seu potencial de
transformação, resgate e atribuição de
significado à realidade. Os artigos publi­
cados neste número de Comunicação &
Educação, que sustentam as atividades
sugeridas, são: O pedagógico no cinema e
a formação docente: um diálogo sobre as
questões de gênero; Literatura na televisão:
história, memória e biografia; Memória
cotidiana e comunicação; e Audioaula: o
som como suporte pedagógico em sala
de aula. A autora ainda sugere a leitura
de Produção em rádio, artigo publicado
na edição n. 26 ano IX, de Comunicação
& Educação.
Palavras-chave: Comunicação & Educação,
cultura, transversalidade, conteúdo edu­
cativo, método pedagógico.		
Abstract: Transversality is the characteristic
of three suggested classroom activities.
The objective is to reflect, by means of
different tools and approaches, on topics as
cultural identity, memory, awareness, cons­
truc­tion of the subject – teacher or student
–, that are part of the teaching-learning
process. Each of the proposals contribu­
tes for a reflection about the pedagogic
practice and its potential for transforming,
redeeming and attributing significance to
reality. The articles pu­blished in this issue
of Comunicação & Educação that sustain
the suggested activities are: O pedagógico
no cinema e a formação docente: um diá-
logo com questões de gênero; Literatura
na televisão: história, memória e biografia;
Memória cotidiana e comunicação; and
Audioaula: o som como suporte peda-
gógico em sala de aula. The author also
recommends the reading of Produção em
Rádio, article published in the issue n. 26
year IX, of that journal.
Keywords: Comunicação & Educação,
culture, transversality, educative content,
pedagogic method.

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Ensino de historia e questões de gênero nos livros didáticos
 

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  • 1. 249 atividadesemsaladeaula Atividades com Comunicação & Educação Ano X – N. 2 Ruth Ribas Itacarambi Doutora pela Faculdade de Educação da USP. Educadora e pesquisadora do CAEM – Centro de Aperfeiçoamento do Ensino da Matemática do IME-USP. Professora da FOC – Faculdade Osvaldo Cruz. Membro da Equipe SiteEducacional. E-mail: ruthri@uol.com.br As reflexões sobre educação e escola, no momento atual, têm buscado formas de perceber e favorecer as percepções que o aluno tem de si e do mundo que o rodeia. Outra proposta pedagógica importante é a que defende o trabalho integrado de aprendizagem. Estudos recentes de psicologia, sociologia e antropologia, segundo Her­ nández1  , destacam como a biografia, a construção da subjetividade e os signi- ficados culturais, com os quais se dá sentido à realidade, desempenham papel fundamental na construção do conhecimento escolar e pessoal e do sujeito integral, protagonista de sua história. A transversalidade proposta nos Parâmetros Curriculares Nacionais2  contem- pla diversas questões urgentes da vida humana e do cotidiano, que demandam transformações sociais e de atitudes pessoais. Exigem, portanto, um trabalho de ensino e aprendizagem de conteúdos nem sempre previstos nos currículos tradicionais. Os temas transversais atravessam e articulam diferentes campos do conhecimento. Trazem, portanto, para a escola o desafio de abordar áreas do conhecimento que não fazem parte da programação tradicional das várias disciplinas escolares. As três atividades com os artigos desta edição da Revista Comunicação & Educação apresentam sugestões para serem desenvolvidas em sala de aula, inte- grando várias áreas do conhecimento e possibilitando ao professor experiências com os temas transversais e a interdisciplinaridade. Identidade e cidadania A primeira atividade tem como tema gerador Construção de identidades culturais dos indivíduos. As referências para a abordagem do tema são os artigos 1. HERNÁNDEZ, F. Trans­ gressão e mudança na educação. Porto Alegre: ArtMed, 1998. 2. PARÂMETROS CURRI­ CU­­­LA­RES NACIONAIS. Temas Transversais. Brasí­ lia: MEC/SEF, 1998.
  • 2. 250 comunicação & educação • Ano X • Número 2 • maio/ago 2005 O pedagógico no cinema e a formação docente: um diálogo sobre as questões de gênero, que discute como o cinema e sua interpretação crítica contribuem para a re- flexão sobre a complexidade das questões de gênero e sexualidade, e Literatura na televisão: história, memória e biografia, que apresenta a revisitação de obras literárias pela televisão, na forma de minisséries, como um meio de resistir à espetacularização do mundo globalizado da década de 1980. A segunda atividade amplia e dá continuidade à discussão da construção das identidades com uma reflexão sobre memória e comunicação. O texto que apóia esta sugestão é Memória cotidiana e comunicação. Nele, o autor propõe um modelo de análise sobre a questão da comunicação, da temporalidade e da me- mória no âmbito da educação. Trata-se de um estudo realizado com professores de escolas do Ensino Básico de Lisboa. O trabalho com os conteúdos programáticos e temas cotidianos por meio de recursos de áudio é o assunto gerador da terceira atividade. O texto utilizado como referência é Audioaula: o som como suporte pedagógico em sala de aula, que mostra a aplicação dos elementos sonoros como suporte à transmissão do conhecimento. 1 PRIMEIRA ATIVIDADE Identidades culturais A atividade objetiva discutir a subjetividade dos indivíduos e a importân- cia dos meios de comunicação de massa na constituição dos sujeitos. A mídia, neste caso, o cinema e a televisão, colabora como ponto de partida para os processos de reflexão crítica sobre a complexa constituição de nossas identida- des como homens e mulheres. Os temas a serem tratados em sala de aula são a representação da sexualidade e a relação de gênero, presentes nesses meios de comunicação de massa. O artigo O pedagógico no cinema e a formação docente: um diálogo sobre as ques- tões de gênero – de Vera Helena Ferraz de Siqueira, Cristiane Maia de Oliveira e Júlio de Oliveira Braga – mostra que, na vida cotidiana, homens e mulheres analisam suas experiências a partir de modelos disponíveis na sociedade. Esses modelos podem ser reais, pessoas com as quais compartilham o dia-a-dia, ou ficcionais, construídos e difundidos pela indústria cultural. Com essa prática, atribuem sentido à própria identidade. Com base na leitura do artigo, os professores desenvolvem um estado de prontidão para a questão da sexualidade e do gênero fundamentada em este­ reótipos e nos pólos: homem/mulher, dona de casa/prostituta, homossexual/ heterossexual, jovem/idoso. O professor pode, então, utilizar como método de ensino e aprendizagem: 1. Organizar na sala de aula a discussão sobre o tema. 2. Registrar as concepções dos alunos.
  • 3. 251 3. Programar a apresentação de um dos filmes propostos no artigo, o que é possível consultando videolocadoras, cinematecas ou buscando um filme mais atual que trate da mesma problemática. 4. Discutir o tema do filme, após a sessão, e comparar com as concepções iniciais, apresentadas pelos alunos. 5. Analisar as possíveis contribuições que o cinema e as narrativas ficcio- nais proporcionam nos processos de identificação, ao exibirem desejos, prazeres, sentimentos e sonhos presentes no universo dos personagens e também no repertório do espectador. 6. Resgatar e atualizar, finalmente, a questão proposta pelo artigo: o pe- dagógico no cinema é provocação, no sentido de abalar certezas e visões dico­tômicas estabelecidas, propiciando reflexões sobre outras possibilidades de ser e estar no mundo. O artigo Literatura na televisão: história, memória e biografia, de Ana Maria Camargo Figueiredo, trabalha com a narrativa ficcional produzida em formato de minisséries televisivas. A questão que se propõe à análise inicial de professo- res e alunos é a comparação entre as especificidades que distinguem a novela das minisséries apresentadas pela televisão. Para fazer o levantamento das principais características de cada formato, o professor pode adotar o seguinte método de ensino e aprendizagem: 1. Solicitar a leitura da introdução do artigo. 2. Elaborar, com a sala dividida em duplas de alunos, uma tabela compa- rativa das características identificadas por meio da leitura. Atividades com Comunicação & Educação • Ruth Ribas Itacarambi Características Novelas Minisséries 3. Sintetizar as características levantadas em sala de aula. 4. Solicitar uma pesquisa sobre as minisséries e novelas veiculadas na tele- visão num determinado período. O ideal é que o período coincida com o momento do curso. 5. Solicitar a leitura do item do artigo Literatura na televisão: biografia, ficção e história, com a finalidade de incorporar ao trabalho a discussão sobre a presença da literatura na televisão. 6. Solicitar, como trabalho complementar, a leitura e um resumo comentado do livro Anarquistas, Graças a Deus, de Zélia Gattai. 7. Construir no quadro-de-giz, a partir dos comentários dos alunos, um comparativo consolidado entre as impressões e interpretações dos alunos sobre o livro e as idéias da autora. 8. Destacar o importante papel de uma biografia, no sentido de buscar a identidade pessoal e também de uma determinada época histórica do
  • 4. 252 comunicação & educação • Ano X • Número 2 • maio/ago 2005 Brasil. A relação sujeito e mundo se estabelece por meio da memória de uma menina, cujo relato pessoal recupera também a memória social. 9. Concluir, com base no artigo, destacando que, segundo a autora, a pre- sença de obras literárias na televisão, especialmente no ano de 1984, é apresentada como forma de resistir à espetacularização do mundo glo- balizado. A mescla entre ficção, história e biografia aparece como uma revisão do cenário nacional. A televisão, ao reeditar passagens da história e a literatura, atribui a seus produtos as dimensões de foco de resistência. 2 SEGUNDA ATIVIDADE Memória e comunicação O objetivo da atividade é o processo educativo comprometido com a transformação do sujeito e de sua percepção de mundo. A educação e a esco- la, como promotores de socialização, encontram-se vinculadas aos modos de comunicação e memória na nossa sociedade. Esta atividade é indicada a professores que trabalham com a formação inicial e/ou continuada de professores, por tratar especificamente das práticas docentes articuladas às questões de memória. Como temas a serem desenvolvidos, sugerimos a memória, como conjunto de elementos sociocorporais cons­truídos e disseminados e como fator de reprodução ou transformação social. O artigo de Fernando Barone, Memória cotidiana e comunicação, apresenta a base de sustentação deste trabalho, com a interpretação do autor sobre os modos de memória, que pode ser definida como o conjunto de características fundadoras do comportamento cotidiano, associado a duas tendências diferentes de viver a temporalidade no dia-a-dia: a primeira voltada à adaptação ao mundo – reprodução – e a segunda dirigida ao tempo vivido e a viver – transformação. O autor elaborou uma análise sobre o discurso de professores do primeiro ciclo do Ensino Básico em que associa as características da dualidade duração/ abs­tração aos elementos: o tempo, o si mesmo, o outro e a comunicação. O objetivo de sua investigação foi recolher dados referentes às práticas memoriais de docentes. A atividade que propomos aos professores é baseada no seguinte método de ensino e aprendizagem: 1. Solicitar a leitura da fundamentação teórica e do instrumental de análise apresentados pelo artigo. 2. Planejar uma investigação com os alunos sobre os objetos destacados: tempo, si mesmo, outro, comunicação. 3. Levantar as informações. 4. Organizar os dados em tabelas. 5. Analisar e interpretar os dados, tendo presentes as duas tendências de viver a temporalidade no dia-a-dia: a primeira voltada à adaptação ao
  • 5. 253 mundo – reprodução – e a segunda dirigida ao tempo vivido e a viver – transformação. 6. Solicitar aos alunos que reflitam sobre sua prática docente e descrevam o impacto no cotidiano – como desencadeadora de processos de repro- dução e/ou transformação. 7. Discutir, em sala de aula, os vários registros, enfatizando que o trabalho docente não se restringe às histórias pessoais (si mesmo), mas contem- pla ainda uma dinâmica de relações envolvendo o tempo, o outro e a comunicação. 3 TERCEIRA ATIVIDADE O som como suporte em sala de aula A terceira atividade tem como um de seus objetivos a reflexão sobre a uti- lização de recursos de áudio em sala de aula, como instrumentos de produção de informação, conhecimento e conscientização. O tema a ser desenvolvido é a democratização da comunicação e familiarização com a linguagem sonora. Audioaula: o som como suporte pedagógico em sala de aula, de André Barbosa Filho, é o artigo que sustenta o método de ensino e aprendizagem sugerido a seguir. 1. Sintetizar o projeto Audioaula e apresentar aos alunos. 2. Propor aos alunos a elaboração de um projeto sonoro. 3. Discutir a questão de incorporar ao cotidiano das aulas a linguagem sonora e seus desafios técnicos: captação de voz e sons por meio de microfones e gravadores de áudio, criação de roteiros para estes suportes sonoros – diálogos, trilhas, músicas, efeitos sonoros. 4. Analisar a relação entre livro e áudio que, segundo André Barbosa Filho, é um casamento perfeito, na escola e fora dela. No artigo, o professor também encontra informações e metodologia própria para o desenvol- vimento de projetos de Audioaula. Caso a escola já possua uma rádio informal, produzida pelos alunos e veiculada na hora do intervalo, a atividade pode ser adaptada e incluir etapas complementares como: 5. Analisar a programação sonora. 6. Levantar e registrar – com a sala dividida em grupos de alunos – as músicas e as mensagens veiculadas. 7. Pesquisar entre os alunos da escola a opinião deles sobre a programação. Caso a escola não tenha essa rádio informal, o professor juntamente com os alunos poderão, no desenvolvimento do projeto, organizar uma. Para o traba- lho sugerimos ainda a leitura do artigo Produção em rádio, de Pedro Serico Vaz, e as atividades propostas3  . Consideramos essencial que o professor leia neste artigo o item “Ensinar rádio” e a bibliografia proposta pelo autor. O produto Atividades com Comunicação & Educação • Ruth Ribas Itacarambi   3. VAZ, Pedro Serico. Produção em rádio. Co­ municação & Educação, São Paulo: Salesiana, ano IX, n. 26, p. 93 e 124, jan./ abr. 2003.
  • 6. 254 comunicação & educação • Ano X • Número 2 • maio/ago 2005 desta atividade é uma rádio informal que esteja conectada com os interesses da comunidade escolar. Quanto ao material técnico, são necessários um bom gravador e um apa- relho de som com caixas acústicas cuja potência permita a distribuição do som pelo pátio da escola. Resumo: A transversalidade é a marca das três atividades sugeridas para sala de aula. O objetivo é refletir, por meio de diferentes suportes e abordagens, questões como identidade cultural, memória, conscienti­ zação e construção do sujeito, aluno ou professor, que integram o processo de ensino e aprendizagem. Cada uma das propostas contribui para a reflexão sobre a prática pedagógica e seu potencial de transformação, resgate e atribuição de significado à realidade. Os artigos publi­ cados neste número de Comunicação & Educação, que sustentam as atividades sugeridas, são: O pedagógico no cinema e a formação docente: um diálogo sobre as questões de gênero; Literatura na televisão: história, memória e biografia; Memória cotidiana e comunicação; e Audioaula: o som como suporte pedagógico em sala de aula. A autora ainda sugere a leitura de Produção em rádio, artigo publicado na edição n. 26 ano IX, de Comunicação & Educação. Palavras-chave: Comunicação & Educação, cultura, transversalidade, conteúdo edu­ cativo, método pedagógico. Abstract: Transversality is the characteristic of three suggested classroom activities. The objective is to reflect, by means of different tools and approaches, on topics as cultural identity, memory, awareness, cons­ truc­tion of the subject – teacher or student –, that are part of the teaching-learning process. Each of the proposals contribu­ tes for a reflection about the pedagogic practice and its potential for transforming, redeeming and attributing significance to reality. The articles pu­blished in this issue of Comunicação & Educação that sustain the suggested activities are: O pedagógico no cinema e a formação docente: um diá- logo com questões de gênero; Literatura na televisão: história, memória e biografia; Memória cotidiana e comunicação; and Audioaula: o som como suporte peda- gógico em sala de aula. The author also recommends the reading of Produção em Rádio, article published in the issue n. 26 year IX, of that journal. Keywords: Comunicação & Educação, culture, transversality, educative content, pedagogic method.