1. A T R A N S I Ç ÃO L I T E R Á R I A D O S ÉC U LO X X
Pré-modernismo
2. Momento
histórico
O fim do século XIX marca
o início da “República do
café-com-leite”, na qual
os grandes proprietários
rurais exerciam enorme
influência. Nossa
urbanização, ainda
incipiente, não produzia o
quadro de tensão no qual
vivia a Europa, mas já
dava sinais de
crescimento
principalmente em São
Paulo.
Caricatura de Osvaldo Storni sobre as eleições de 1910
3. Momento
histórico
O ciclo da borracha desloca
para o norte a riqueza do
país, acentuando os
contrastes sociais: algumas
regiões prosperavam em
meio ao atraso irremediável
de outras.
As tensões geraram
inúmeras revoltas, como a
Revolta de Canudos, na
Bahia; a série de conflitos
no Ceará em torno do
religioso Padre Cícero; e o
cangaço, em pleno sertão
nordestino, que nos
apresentou a figura de
Virgulino Ferreira, o
Lampião.
O bando de cangaceiros de Lampião
4. Momento
histórico
A capital, Rio de Janeiro,
sangrava seus problemas
sociais. A insurreição ao
poder constituído foi
desde a Revolta da Vacina
– uma rebelião popular
contra a vacinação
obrigatória, mas que
guardava suas
reivindicações sociais –
até a Revolta da Chibata –
uma rebelião de
marinheiros contra os
castigos físicos.
Charge de Leônidas sobre a Revolta da Vacina
5. Estética
Não se pode dizer que o
Pré-modernismo
constitui-se em uma
escola literária em si. É,
em verdade, um conjunto
de manifestações do
espírito de uma época,
que apresentava o novo,
rompia com o velho, mas
ainda não possuía um
rumo certo ou uma clara
intenção estética.
Rua da Carioca, início dos anos 1900
6. Estética
Os autores dessa época
são influenciados pelo
Realismo e pelas novas
tendências que surgiam
na Europa. Ao mesmo
tempo, os escritores
românticos, parnasianos e
simbolistas ainda
publicavam seus livros e
encontravam excelente
público, já que o final do
século XIX e início do
século XX é um tempo de
prosperidade dos
livreiros, uma época do
crescimento do mercado
editorial no país. Livraria Garnier, Rio de Janeiro
7. Estética
Esses novos autores
demonstram um grande
interesse pela realidade
nacional, contrariando o
universalismo dos
modelos realista-
naturalistas. O cotidiano
brasileiro passa a ser
exposto nas páginas dos
livros, dando espaço a
criação de obras de nítida
preocupação social. Os
tipos marginalizados, as
lutas inglórias e as
mazelas do povo passam
a ser os temas da prosa
pré-modernista.
O povoado de Canudos
8. Estética
A aproximação com a
realidade brasileira traz
como consequência
formal a busca por uma
linguagem mais simples,
mais direta, coloquial,
próxima da população. Os
textos apresentam
linguagem jornalística,
aproximando-se, por
vezes, mais da realidade
que de um estilo artístico
propriamente dito.
9. Estética
Na poesia, a ruptura fica
por conta de um dos mais
geniais poetas que já
surgiram: Augusto dos
Anjos. Irônico e
pessimista, rompe com o
linguajar poético, tripudia
do realismo e do
materialismo, brinca com
as ciências e a filosofia.
Tivesse nascido dez anos
depois, seguramente
estaria no rol dos maiores
modernistas brasileiros.
10. Autores
“O sertanejo é, antes de
tudo, um forte. Não tem o
raquitismo exaustivo dos
mestiços do litoral. A sua
aparência, entretanto, ao
primeiro lance de vista,
revela o contrário. É
desengonçado, torto.
Hércules-Quasímodo,
reflete no aspecto a
fealdade típica dos
fracos.”
Os sertões
11. Autores
“E era assim todos os
dias, há quase trinta anos.
Vivendo em casa própria
e tendo outros
rendimentos além do seu
ordenado, o Major
Quaresma podia levar um
trem de vida superior ao
seus recursos
burocráticos, gozando,
por parte da vizinhança,
da consideração e
respeito de homem
abastado.“
Triste Fim de Policarpo
Quaresma
12. Autores
“- Upa! Cavalgo e parto.
Por estes dias de março a
natureza acorda tarde.
Passa as manhãs
embrulhada num roupão
de neblina e é com
espreguiçamentos de
mulher vadia que despe
os véus da cerração para
o banho de sol.
A névoa esmaia o relevo
da paisagem, desbota-lhe
as cores. Tudo parece
coado através dum cristal
despolido.”
Urupês
13. Autores
Versos Íntimos
(...)
Toma um fósforo. Acende teu
cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera
do escarro,
A mão que afaga é a mesma
que apedreja.
Se a alguém causa inda pena
a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te
afaga,
Escarra nessa boca que te
beija!