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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA - A POLITÉCNICA
Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula-ISEUNA
Curso: Engenharia Civil
Cadeira:
1º Grupo
Tema:
Discentes:
Aquissina Mário Ivangareia
Eduardo Curare Sadaca
Cleide Moniz
Horácio Eusébio Lourenço
Igor Abdul Satar
Iorley Sequeira
Ibraimo Hilton Sardinha
Pacifico Ernesto Mahassa Jath
Rogério Bartolomeu
Sifo De Florencia
Soares Dadinho João
Teófilo Armindo Gabriel
Nampula aos /04/24
Aquissina Mário Ivangareia
Eduardo Curare Sadaca
Cleide Moniz
Horácio Eusébio Lourenço
Igor Abdul Satar
Iorley Sequeira
Ibraimo Hilton Sardinha
Pacifico Ernesto Mahassa Jath
Rogério Bartolomeu
Sifo De Florencia
Soares Dadinho João
Teófilo Armindo Gabriel
Tema:
Docente: Lic.
Nampula aos /04/24
Trabalho de carácter avaliativo,
aperfeiçoar as capacidades na criação
de um trabalho de pesquisa apresentado
ao docente Leonel Álvaro, objectivo
avaliativo.
Índice
4
Objetivo Geral:
Objetivos Específicos:
Metodologia:
5
Introdução
A economia é uma disciplina que estuda como indivíduos, empresas e sociedades alocam recursos
escassos para satisfazer suas necessidades e desejos ilimitados. Ela examina como as pessoas tomam
decisões diante da escassez e como essas decisões afetam a produção, distribuição e consumo de bens e
serviços.
A economia pode ser dividida em dois grandes ramos: macroeconomia e microeconomia. A
macroeconomia concentra-se no estudo de variáveis econômicas agregadas, como produto interno bruto
(PIB), inflação, desemprego, taxas de juros e políticas fiscais e monetárias, com o objetivo de entender
e influenciar o desempenho econômico de uma nação como um todo. Por outro lado, a microeconomia
analisa o comportamento individual de consumidores e empresas, bem como a interação entre eles nos
mercados, para entender como os preços são determinados e como os recursos são alocados em níveis
mais específicos.
Ao longo da história, diversas teorias econômicas foram desenvolvidas para explicar diferentes aspectos
do comportamento econômico. Desde os clássicos Adam Smith e David Ricardo até os economistas
modernos como John Maynard Keynes e Milton Friedman, a economia passou por uma evolução
contínua de pensamento e teoria.
A economia desempenha um papel fundamental na vida cotidiana, influenciando desde as decisões
individuais de compra até as políticas governamentais que moldam o ambiente econômico de uma
nação. Seja na formulação de políticas públicas, na gestão de negócios ou na compreensão dos mercados
globais, uma compreensão básica de economia é essencial para uma participação informada na
sociedade moderna.
6
1. A Economia
1.1.Origem da Economia
O que é a Economia? Esta é a pergunta natural no início da abordagem a esta ciência. Apossibilidade
de uma definição exacta será discutida adiante, mas logo de entrada é importante ter consciência da
existência e da importância dos problemas económicos.
I) A ECONOMIA É ESSENCIAL
Todos os dias tomamos decisões económicas. Algumas menores, mas importantes para nós, outras
maiores, que afectam a sociedade, o país ou, até, o mundo. É importante ter presente que a Economia
está ligada ao essencial da vida de cada um. Cada pessoa depende dos outros, do funcionamento da
Economia para a maior parte das coisas: alimentação, vestuário, informação. Somos incapazes de
produzir as coisas mais básicas: um pão, um fósforo, uma lâmpada, um par de calças, um motor de
automóvel. Foi a compreensão desta ideia que deu início à teoria económica.
Na verdade, Adam Smith, no seu livro Ensaio sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações,
descreveu, de forma notável, este facto. A forma como ele se maravilhou com a contemplação do
que hoje chamamos o sistema económicos levou-o a iniciar uma investigação que fez dele o Pai da
Economia.
ADAM SMITH (1723-1790)
2. Princípios fundamentais da Economia
1. A Economia 2. A ciência económica
3. O problema económico 4. Soluções do problema
5. A cruz marshalliana 6. Os problemas globais da economia
Escocés de nascimento e professor de Moral da Universidade de Glasgow, Smith, particularmente
preocupado com a moral social, publicou em 1776 um livro, que pretendia usar como manual nas
suas aulas, mas que se tornou rapidamente um sucesso de vendas. O Ensaio sobre a Natureza e as
Causas da Riqueza das Nações demonstrava, com múltiplos exemplos, como, naturalmente, as
relações económicas se ordenavam de forma espontânea, formando um sistema harmõnico. O
interesse por esta visão foi grande, não só nos salões elegantes mas também nas universidades e
meios políticos, nascendo uma ciência para estudar esse sistema e fazendo de Smith o Pai da
jovem Economia. Já professor e filósofo de renome, com obras em outros ramos do saber, a sua
fama como economista levou-o à nomeação, dois anos depois da publicação do Ensaio, como
comissário das Fronteiras da Escócia, onde passou os seus últimos anos.
7
2.1 A ciência económica
Antes de analisarmos os principais resultados da teoria, é conveniente delimitar o campo da nossa
análise. Vamos nesta secção ver com mais cuidado o que é e como se faz o estudo da Economia.
2.2.1 Definição de Economia
Ao longo do tempo, muitas definições têm sido apresentadas para caracterizar a Economia. Não
vamos aqui procurar determinar qual a correcta definição, por uma simples razão: não existe. O que
vamos fazer é reflectir um pouco sobre a essência da Economia, a partir de algumas ideias de
definição apresentadas ao longo do tempo.
O grande Alfred Marshall, de que já falámos, um dos maiores economistas de todos os tempos, que
viveu em Inglaterra no fim do século passado e princípio deste século, começou o seu livro essencial,
Principles of Economics, de 1890, com a frase:
«Economia é o estudo da humanidade nos assuntos correntes da vida.» [Marshall (1890), p. 1.]
Este texto discute a visão do economista Alfred Marshall sobre a natureza da economia e sua
abordagem para o estudo dos fenômenos econômicos. Marshall enfatiza que a economia não estuda
problemas econômicos específicos, mas sim problemas em geral. Ele argumenta que a realidade é
multifacetada e pode ser analisada a partir de diferentes perspectivas, incluindo a econômica,
sociológica, química, etc.
Marshall sugere que a economia estuda os aspectos comuns da vida, e não apenas questões
estritamente ligadas à economia. Ele ilustra isso com o exemplo da compra de um jornal, que pode
ser analisado sob diversas perspectivas, como sociológica, ecológica ou química.
O texto também sugere que a metodologia econômica pode ser aplicada a fenômenos aparentemente
não econômicos, como poesia, namoro e religião, para obter uma compreensão econômica desses
fenômenos. No entanto, ressalta-se a importância de determinar se essa abordagem captura os
aspectos mais relevantes do fenômeno em questão.
Mas qual é a particularidade do estudo da Economia? Para vermos isso vale a pena usarmos umas
outras das tentativas de definição da ciência económica. Vamos ver a usada por Paul Samuelson no
livro de 1948 Economics, que sucedeu ao livro de Marshall como manual básico que ensinou
Economia a gerações e ainda hoje é usado. Aí, Samuelson afirmou que «Economia é o estudo de
como as pessoas e a sociedade escolhem o emprego de recursos escassos, que podem ter usos
alternativos, de forma a produzir vários bens e a distribuí-los para consumo, agora e no futuro, entre
as várias pessoas e grupos na sociedade».
Nesta frase, comprida e talvez um pouco confusa, o autor procurou meter todos os elementos
particulares que constituem a Economia. Vale a pena analisar ponto a ponto os elementos da frase.
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Estes aspectos voltam a ser repisa- dos adiante, com mais pormenor, mas vale a pena começar já por
enunciá-los.
I) ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS AGENTES E DA SOCIEDADE
O objectivo da Economia é, como já dissemos, o ser humano, mas nele, a Economia dirige-se à
compreensão do seu comportamento. Trata-se, como já vímos, de uma ciência e, por isso mesmo, o
seu propósito é o conhecimentoe a compreensão da realidade. Se alguém julgava que o propósito da
Economia era outro (por exemplo, aprender a ganhar dinheiro) o melhor desistir já.
Por outro lado, estuda-se o comportamento de «agentes e sociedades», Uma sociedade é um
amálgama de agentes, que se compõe do comportamento dife. rente de cada um deles. A Economia
estuda agentes, mas agentes em relação, e o comportamento individual tem sempre de ser colocado
na perspectiva da relação interpessoal. Claro que é possível analisar economicamente os problemas
de um agente isolado, mas a relação (neste caso a falta dela) tem sempre efeito sobre o
comportamento individual.
II) BENS E RECURSOS
Na definição de Samuelson, os elementos essenciais são referidos à formulação gramatical da frase.
Assim, os substantivos representam os dois aspectos básicos: bens e recursos.
O conceito de bens e recursos na economia, conforme definido por Paul Samuelson. Bens são
definidos como objetos que satisfazem as necessidades humanas, não se limitando apenas a bens
materiais, mas também incluindo serviços e outras formas de satisfação de necessidades.
É enfatizado que a economia é uma ciência humana, pois se baseia nas necessidades e desejos
humanos para determinar o que constitui um bem econômico. Todas as necessidades humanas são
consideradas relevantes para o estudo econômico, sem entrar em discussões éticas ou morais.
Além disso, é ressaltado que tanto os bens quanto os recursos têm múltiplos aspectos, incluindo
aspectos sociais, físicos e químicos. Portanto, é importante para os economistas reconhecerem a
complexidade da realidade e não ignorarem outros aspectos além dos econômicos.
Por fim, são introduzidos os recursos, que são entidades que não satisfazem diretamente as
necessidades humanas, mas são utilizadas na produção de bens. Exemplos incluem terra, máquinas
e trabalho. Os recursos são fundamentais para a produção de bens e serviços, embora sua utilidade
seja indireta e dependente de seu papel na produção.
III) ESCOLHA E ESCASSEZ
O outro elemento caracterizador da definição de Samuelson é o verbo, o predicado da frase. Ele
representa a acção essencial: escolher.
9
No entanto, um dos elementos humanos que mais encaixam na abordagem particular da economia
é o da escolha. A Escolha é fundamental na economia, pois é a partir das decisões de escolha que
surgem os problemas a serem resolvidos pelos agentes econômicos.
Para que haja escolha, são necessários diversos elementos. Um deles é a existência de alternativas.
Sem alternativas viáveis, a escolha é forçada e não ocorre efetivamente. Portanto, a economia
valoriza a presença de múltiplas opções para escolher.
Além disso, a liberdade é essencial para a existência de escolha. Os agentes econômicos devem ter
a capacidade física e humana de optar entre as alternativas disponíveis. Uma escolha que não é
livre não é verdadeira escolha.
Os dois adjetivos presentes na definição de Samuelson, "alternativos" e "escassos", são essenciais
para qualificar a atividade econômica. No entanto, mesmo na presença de alternativas, se os
recursos disponíveis forem suficientes para atender a todas as necessidades sem problemas, não há
problema econômico. A escassez é o fator que gera a necessidade de escolhas e decisões,
fundamentais para os problemas econômicos.
Portanto, a economia está intrinsecamente ligada ao conceito de escassez, pois é ela que impulsiona
a necessidade de escolhas e decisões que caracterizam os problemas econômicos. A compreensão
precisa desse conceito é essencial para evitar confusões e equívocos na análise econômica.
IV) CONSUMO
A finalidade da Economia é o estudo da satisfação das necessidades humanas através de bens. Ao
acto de satisfação das necessidades, chamamos consumo. Assim, o consumo é a utilização de bens
para a satisfação das necessidades. Tal como antes, o que determina este conceito é o ser humano
e a sua actividade.
Repare-se que o consumo não tem de ser material. Um soneto, uma sinfonía, são bens económicos
e o acto de os utilizar, contemplando-os ou escutando-os, é consumo. Por outro lado, consumo nada
tem a ver com o que normal. mente consideramos «económico» ou com juízos morais. Um eremita
que só coma pão, beba água e reze, tem problemas económicos com os três bens que consome:
pão, água e tempo. O problema do eremita ou o problema do empresário com duas casas e três
carros é, economicamente, do mesmo tipo: um problema de consumo. A nós parece-nos diferente
porque ele é social, moral, culturalmente diferente. Mas economicamente o problema é o mesmo:
necessidades (diferentes) satisfeitas por consumos (diferentes) de bens (diferentes). Por outro lado,
o consumo é a única finalidade do comportamento económico: a satisfação das suas necessidades.
Actividades alternativas, como a poupança, o investimento, as exportações, só se entendem
economicamente em função do consumo. Uma pessoa ou sociedade só poupa ou investe porque
quer ter consumo no futuro, e só exporta porque deseja consumir bens estrangeiros.
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V) O TEMPO
As decisões económicas implicam comportamentos que se repercutem «agora e no futuro». Na
verdade, todas as pessoas, ao decidirem como devem usar os bens para consumo hoje, entram em
conta com o que prevêem que possa vir a acontecer. Por outro lado, o facto de o futuro ser incerto
complica forte- mente essa decisão. Por todas estas razões, o tempo é um dos elementos mais
importantes da Economia e mais difíceis de analisar. Assim, e mesmo que, para simplificar,
tenhamos que abstrair da sua existência em certas partes da nossa análise, é importante ter
consciência da sua presença.
Através destas definições de Economia foi possível determinar os principais elementos de uma
análise económica. Seguidamente, estes elementos serão observados com mais cuidado, para
determinar a sua verdadeira natureza. Começaremos pelas questões metodológicas.
2.2 O problema económico
Vimos que a Economia era o estudo da realidade, da realidade toda, de um ponto de vista particular.
Mas vimos também que, se toda a realidade pode ser encarada de um ponto de vista económico,
nem toda a realidade tem um problema económico. Só existe um problema económico quando existe
a necessidade de tomar uma decisão, e esta só aparece quando existe escassez e escolha. Estes casos
são aqueles onde a aplicação da análise económica traz algum resultado interessante. Se não, a
análise económica dá resultados triviais.
Quando não há necessidade de tomar decisões devido à ausência de escassez ou escolha, a análise
econômica pode fornecer resultados triviais ou não oferecer insights significativos. Isso ocorre
porque a economia se baseia na alocação de recursos limitados para satisfazer necessidades
ilimitadas, e é essa tensão entre escassez e escolha que gera os problemas econômicos significativos.
Em situações onde os recursos são abundantes em relação às necessidades, não há dilema de
alocação. Por exemplo, no caso da respiração, onde o ar é abundante e facilmente acessível, não há
necessidade de tomar decisões econômicas sobre sua distribuição ou utilização. Assim, a análise
econômica nesse contexto não seria muito relevante, pois não há escassez que exija uma escolha
entre alternativas.
No entanto, é importante ressaltar que mesmo em situações onde não há problemas econômicos
imediatos, a análise econômica ainda pode ser útil para entender melhor os fenômenos sociais,
políticos e ambientais. Além disso, ela pode ser aplicada para prever e lidar com possíveis cenários
de escassez futura ou para otimizar a alocação de recursos em ambientes onde a escassez pode surgir.
Portanto, enquanto a ausência de problemas econômicos pode limitar a aplicabilidade imediata da
análise econômica, essa disciplina continua a ser uma ferramenta valiosa para entender e abordar
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uma ampla gama de questões sociais e políticas em um mundo de recursos finitos e necessidades
em constante evolução.
2.3 Soluções do problema
2.3.1 Tradição, autoridade e mercado
Vimos até agora os vários aspectos do problema económico. Em cada dia, a cada pessoa, grupo ou
sociedade, o problema económico renova-se em cada decisão tomada. Essas decisões individuais,
como vimos, inter-relacionam-se fortemente, criando um sistema económico extremamente
complexo. Nele, cada um tenta produzir o que melhor sabe fazer e consumir o que mais gosta,
atingindo o seu maior bem-estar.
Se este é o problema que se põe a cada sociedade, vamos agora ver as várias formas como as
sociedades e os agentes o resolvem. Podemos resumir os métodos de solução do problema
económico de uma sociedade em três princípios gerais: a tradição, a autoridade e o mercado.
Estas palavras têm um sentido técnico diferente do habitual, pelo que é importante definir
cuidadosamente o seu significado.
I) A TRADIÇÃO
Em todas as sociedades, um grande número de regras e costumes tradicionais regula a maior parte
das actividades económicas, criando fortíssimas influências religiosas, sociais, culturais sobre todos
os aspectos do seu funcionamento. Nas sociedades tradicionais, desde a escolha da profissão,
estabelecida por hábitos, castas, corporações ou pela família, até ao preconcedas, qua parte dos bens
e aos métodos de comércio, pesos, medidas e moedas, quase tudo estava definido por tradições
religiosas, culturais e regionais. Este método de solução económica, que eliminava em muito a
necessidade de novas decisões, dava grande estabilidade ao sistema económico, mas reduzia muito
a sua flexibilidade e eficiência.
Hoje, a tradição tem grande influência na vida económica, não só em casos mais notáveis, como a
proibição de matar vacas na India, ou de trabalhar ao domingo em Portugal, mas sobretudo no dia-
a-dia de cada sociedade. A tecnologia do queijo da Serra, o sistema da herança, a existência de
baldios, são Claras influências culturais e tradicionais na nossa sociedade. A hora a que comemos,
a maneira como fazemos negócios, a organização de uma família ou de uma empresa são tudo
influências da tradição na sociedade.
II) A AUTORIDADE
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Outro método usado para resolver as questões económicas é o da autoridade, O poder do Estado, do
faraó, do do partido, do príncipe, do, do ayatolla, regula de tal
forma a actividade económica em certas sociedades que ela pode resolver todo o problema. Os
agentes do Estado, sejam os emissários do duque local ou os funcionários do Gosplan, podem chegar
a definir o que cada pessoa produz, o que pode vender e o preço dessa venda.
Nos nossos dias, e mesmo fora das sociedades de direcção central, a autoridade do Estado tem
enorme influência sobre o sistema económico, alterando e impondo decisões aos agentes
económicos. Através de impostos e subsídios, mas sobretudo dos efeitos económicos das leis,
empresas públicas e acordos internacionais, o Estado resolve muitos dos problemas económicos dos
nossos dias'.
III) O MERCADO
O terceiro sistema, que sempre existiu, mas que só se tornou dominante recentemente, é o mercado.
O mercado não é apenas a compra e a venda, mas sim todos os casos onde a decisão é deixada à
livre escolha dos interessados. Aeconomia moderna baseia-se na liberdade de iniciativa e no sistema
de preços, lucros, prejuízos e incentivos. Nele, cada um tem liberdade, dentro dos costumes e das
leis do país, de produzir e consumir o que deseja. A inter-relação dos incentivos gera um sistema
que dá solução simples e eficiente para a maior parte dos problemas económicos. Mas há muitos
outros «mercados» na sociedade, para além deste. A democracia é um caso de escolha de mercado
e até o casamento, hoje, é decidido pelos interessados e, nesse sentido, pode ser considerado um
mercado.
Estas são as três principais formas de organização do sistema económico. Como vimos, todas as
sociedades usam simultaneamente os três métodos, constituindo, por isso, sociedades mistas. O
segredo das sociedades modernas, na linha de Smith, é o uso extensivo do mercado, como meio de
afectação de recursos e bens e um equilíbrio saudável com a autoridade e a tradição. A liberdade
económica, junto com a liberdade política, gerou o sistema económico moderno, a que alguns
chamam «capitalismo», e que funciona, nas suas variantes, na totalidade dos países desenvolvidos.
2.4 A cruz marshalliana
Depois de termos visto as formas de solução do problema económico, em particular do mercado,
vamos dedicar este capítulo ao estudo do instrumento mais utilizado pela Economia para estudar o
funcionamento económico. Trata- -se de um gráfico queAlfred Marshall vulgarizou, onde se cruzam
duas curvas: a curva da procura e a curva da oferta. Este gráfico, que ficou conhecido como «cruz
marshalliana», será muito útil na análise que adiante faremos, mas servirá desde já para
clarificarmos o estudo do mecanismo de mercado e do funciona- mento dos incentivos.
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A ideia básica deste diagrama é a de que um mercado, qualquer mercado, funciona pela interacção
de dois lados: os compradores e os vendedores, os consumidores e os produtores. Marshall fazia
comparação entre o mercado e uma tesoura: ambos precisavam de duas lâminas para funcionar.
2.4.1. A curva da procura
No diagrama marshalliano, a representação dos compradores é feita por um elemento conhecido
como curva da procura. Trata-se do lugar geométrico dos pontos de consumo desejado do bem, para
cada nível de preços. O traçado da curva da procura faz-se do seguinte modo: em relação a certo
bem, pergunta-se a um consumidor quanto está disposto a comprar desse bem se o preço for um
dado. Depois, vai-se variando o preço, e refaz-se a pergunta: quanto compraria o consumidor a cada
novo preço. Marcando os vários pontos num gráfico como o abaixo, obtemos a curva da procura:
preço do bem
Curva da procura
quantidade de desejado
Esta curva pretende captar a subjectividade da escolha dos compradores as suas preferências ou
melhor, a utilidade retirada pelo consumidor do consumo do bem. Quanto maior utilidade o
consumidor retira do bem, mais ele estará disposto a pagar por esse bem. É claro que a racionalidade
esta presente na curva da procura. A resposta do consumidor traduz a quantidade melhor para ele, a
cada nível de preço; a quantidade que deseja consumir do bem, de forma a maximizar o seu bem-
estar.
Se se considerar as várias curvas de procura de um certo bem numa economia, uma para comprador
do bem, é possível determinar, para cada preço, qual a quantidade total desejada desse bem por todos
os consumidores do bem. Deste modo, passamos das curvas de procura individuais para a curva de
procura do mercado.
P
Consumidor 1 P Mercado
Dm
D1
Q Q
14
p
consumidor 2
D2
Q
Olhando para as curvas que traçámos podemos verificar imediatamente uma sua característica
óbvia: a curva está sempre a descer. Trata-se daquilo que em Economia se chama lei da procura
negativamente inclinada: se o preço de um bem sobe (coeteris paribus), a quantidade procurada
desce, e vice-versa.
2.5 Os problemas globais da economia
Para terminar esta nossa visão geral dos princípios fundamentais da Economia, temos agora de
analisar alguns efeitos especiais dos fenómenos económicos. Como veremos, todos eles têm em
comum o estarem relacionados com o global da sociedade.
2.5.1. O todo e as partes
Vimos atrás que o mercado, como regulador da actividade económica, sofria de dois grandes
problemas:
I) CONFLITO EFICIÊNCIA-EQUIDADE
Numa dada situação, se se pretender dar a todos uma fatia justa da riqueza nacional, segundo
qualquer critério, é preciso alterar as remunerações dos recursos que o mercado define, e que são
motivadas pela eficiência. Mas, o bolo fica menor quanto é melhor distribuído. Na verdade, alguns,
se virem que os outros ganham o que eles produziram, reduzem a produção, enquanto os outros, que
ganham sem produzirem, não vêem razão para o fazer.
II) CONFLITO DESENVOLVIMENTO-ESTABILIDADE
No sistema de mercado, o desenvolvimento nasce do aparecimento das novas ideias, que concorrem
com as que já estavam estabelecidas. Essa concorrência, o sucesso dos vencedores e o falhanço dos
vencidos, cria um contínuo tumulto económico. Mas a estabilidade é um valor em si. Portanto só é
possível conseguir a estabilidade sacrificando o desenvolvimento.
2.5.2. A actividade do Estado
O comportamento do Estado é um dos principais fenômenos com efeitos globais na economia.
Enquanto busca intervir na economia para resolver questões sociais, suas próprias ações e existência
têm impactos globais significativos.
15
O Estado intervém na economia por meio de sua política econômica, que visa promover eficiência,
equidade e estabilidade. Isso envolve gastos governamentais em projetos como infraestrutura,
serviços públicos, segurança social e subsídios para desempregados.
Além disso, o Estado é responsável por uma ampla gama de funções, desde a legislação e justiça até
a defesa do meio ambiente e administração pública. Suas ações se manifestam em políticas nacionais
em setores como educação, saúde, defesa, meio ambiente, entre outros.
Para financiar suas intervenções, o Estado precisa de recursos, que não produz por si só. Portanto,
ele deve obter esses recursos da economia, seja por meio de impostos, empréstimos ou outras formas
de captação de recursos. Essas medidas têm importantes efeitos globais na economia, afetando
empresas, trabalhadores e o funcionamento geral do sistema econômico.
Assim, o comportamento do Estado na economia não apenas busca resolver questões locais, mas
também tem repercussões em nível global, influenciando o funcionamento e o equilíbrio do sistema
econômico como um todo.
I) IMPOSTOS
A primeira forma é através de impostos. O Estado, simplesmente, tira dinheiro às pessoas. Quem
trata disso é o Ministério das Finanças, que todos os anos apresenta o orçamento de Estado. Os
impostos são uma subtracção pura e simples de recursos da Economia, com o fim de permitir ao
Estado cumprir as suas funções.
Os impostos são a forma mais clara de financiar o Estado, pois neles sente- -se claramente o custo
necessário para obter o benefício da acção do Estado. Por outro lado, os impostos em si, mesmo que
o dinheiro seja depois destruído, já contribuem para a equidade e a estabilidade da economia. Ao
tributar os ricos mais do que os pobres, e ao tributar mais nas alturas em que a economia está
próspera do que quando está perturbada, os impostos geram equidade e estabilidade.
II) EMISSÃO DE MOEDA
O método de financiamento do Estado por meio da emissão de moeda e seus efeitos, bem como os
custos associados a essa prática.
O Estado, por meio do banco central, tem o poder de emitir nova moeda, o que pode parecer uma
solução fácil para financiar programas sociais e promover o desenvolvimento. No entanto, essa
prática não é um "almoço grátis", pois tem consequências, principalmente a inflação.
A emissão de mais dinheiro sem um aumento correspondente na oferta de bens e serviços leva a um
aumento geral nos preços, conhecido como inflação. Embora alguns argumentem que a inflação não
é prejudicial, na prática ela funciona como um imposto oculto, desvalorizando o dinheiro que as
pessoas têm, em benefício do Estado.
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Além disso, a inflação pode ser injusta, afetando diferentes grupos econômicos de maneiras
diferentes. Enquanto alguns podem se proteger dos efeitos da inflação, outros podem sofrer perdas
significativas devido à desvalorização do dinheiro.
Portanto, embora a emissão de moeda possa parecer uma solução rápida para financiar as
necessidades do Estado, ela vem com custos significativos e potencialmente injustos para a
sociedade.
3. Teoria do valor: agentes racionais
O estudo do valor parte das decisões dos agentes económicos. Consumidores, empresas,
trabalhadores, investidores, são as entidades que, pelas suas escolhas e opções, dão sentido à
actividade económica. Por isso, a primeira peça da teoria do valor tem de ser a análise dos
fundamentos dessas escolhas. Uns dos grandes grupos podem ser distinguido nessas decisões: os
consumidores.
3.1 Teoria do consumidor
3.1.1. Conceito
teoria do consumidor é um campo de estudo da economia que analisa o comportamento dos
consumidores na escolha de bens e serviços, levando em consideração suas preferências, restrições
orçamentárias e o ambiente em que estão inseridos. Os consumidores podem ser indivíduos,
famílias, empresas ou mesmo o governo.
3.1.2. Características Dos Consumidores
As principais características dos consumidores incluem suas preferências, necessidades, restrições
orçamentárias, hábitos de consumo e níveis de renda. Eles são influenciados por diversos fatores,
como propaganda, marketing, cultura, renda, preços dos produtos, disponibilidade de crédito, entre
outros.
3.1.3. As principais áreas de influência no comportamento dos consumidores na economia
As principais áreas de influência no comportamento dos consumidores na economia incluem:
 Psicologia do consumidor: estudo do comportamento, preferências e motivações dos
consumidores.
 Marketing e propaganda: estratégias utilizadas pelas empresas para influenciar adecisão de
compra dos consumidores.
 Economia comportamental: estudo de como fatores psicológicos afetam as decisões econômicas
dos consumidores.
17
 Sociologia do consumo: estudo das influências sociais e culturais sobre o comportamento de
consumo.
3.1.4. Tipos de Consumidores e As Suas Características
Existem diferentes tipos de consumidores, e cada tipo possui características específicos que
influenciam suas decisões de compra. Alguns dos principais tipos de consumidores são:
 Consumidor racional: busca maximizar sua utilidade e fazer escolhas que o deixem mais
satisfeito, levando em consideração seu orçamento e as informações disponíveis sobre os
produtos.
 Consumidor emocional: toma decisões de compra baseadas em impulsos emocionais, sem
considerar racionalmente as consequências.
 Consumidor compulsivo: apresenta um comportamento de compra excessivo e descontrolado,
muitas vezes associado a problemas psicológicos.
 Consumidor consciente: prioriza produtos sustentáveis, éticos e que não causem impactos
negativos em meio ambiente.
 Consumidor influenciado: é facilmente influenciado por fatores externos, como opiniões de
amigos, familiares, celebridades e influenciadores digitais.
Em resumo, a teoria do consumidor é essencial para entender o comportamento dos consumidores,
suas preferências e os fatores que influenciam suas decisões de compra na economia. É importante
que as empresas e os governos levem em consideração essas característicos e influências no
desenvolver estratégias de marketing e políticas de consumo.
4. Utilidade
Comecemos pela actividade do consumo. Ao estudarmos o problema do consumo, a principal
questão, aquela que ocupava a maior parte do tempo dos economistas clássicos, Smith, Ricardo e
os seus discípulos, consiste em saber «o que dá o valor às coisas». Porque é que umas coisas valem
mais do que as outras e como se sabe quanto? Daqui nasceu aquilo a que esses autores chamavam a
teoria do valor.
Logo à cabeça, Adam Smith expôs os termos do problema apresentando aquilo a que se chamou o
«paradoxo do valor», da água e do diamante. Vejamos o que Smith afirmava:
«Nada é mais útil do que a água: mas com ela praticamente nada pode comprar-se; praticamente
nada pode obter-se em troca dela. Pelo contrário, um diamante não tem praticamente qualquer valor
de uso; no entanto, pode normalmente obter-se grande quantidade de outros bens em troca dele.»
[Smith (1779), pág. 117.]
18
Várias propostas foram apresentadas para resolver este problema, quer por Smith, quer pelos seus
seguidores, mas nenhuma delas era completamente satisfatória. Só muito mais tarde, na década de
1870, se encontrou a solução, e de tal modo este problema era importante que, ao solucioná-lo, deu-
se a grande revolução em Economia, a única alteração que modificou totalmente o rumo da ciência.
Após 1870, a estrutura e o espírito da Economia continuaram a ser os de Smith, mas os métodos e
os resultados são completamente outros. Esta revolução tem uma história curiosa, pois ela deu-se
quando três econo- mistas distintos, sem se conhecerem, e trabalhando separadamente em três locais
diferentes, apresentaram quase simultaneamente a mesma ideia que resolve esta questão. O inglês
William Jevons na Inglaterra, Carl Menger na Áustria e Léon Walras na Suíça - independentemente
apresentaram a mesma ideia. Essa coincidência marcou o início de uma grande revolução na
economia, que transformou os métodos e resultados da disciplina.
A revolução na economia baseou-se em duas ideias simples, mas transformadoras: o utilitarismo e
o marginalismo.
A introdução do conceito de utilidade foi uma das ideias essenciais dessa revolução. Reconheceu-
se que o valor das coisas está na satisfação que cada ser humano obtém ao utilizá-las. Esse valor é
subjetivo e varia de pessoa para pessoa, mas é o que determina o consumo e a valoração dos bens.
A utilidade, que é a medida da satisfação proporcionada pelos bens às necessidades humanas, é o
único aspecto que todos os bens têm em comum, independentemente de sua natureza. Essa mudança
de perspectiva trouxe uma nova abordagem para compreender o valor econômico dos bens,
afastando-se das teorias anteriores que buscavam valor intrínseco nas coisas.
A ideia de utilitarismo revolucionou a economia ao colocar a satisfação individual no centro da
análise econômica, reconhecendo a diversidade de preferências e a subjetividade do valor. Isso
permitiu uma compreensão mais dinâmica e flexível do comportamento econômico e da alocação
de recursos.
4.1 A decisão do consumidor
Na análise econômica, os agentes racionais fazem escolhas com base na utilidade atribuída a cada
bem, levando em consideração suas limitações, como o rendimento disponível (R) e os preços dos
bens (px, py, etc.). O problema do consumidor é maximizar sua utilidade ao distribuir seu dinheiro
entre diferentes bens, buscando obter o maior prazer possível. Isso implica em tomar decisões sobre
como gastar cada euro para maximizar a satisfação. Aregra mais razoável é gastar cada euro naquilo
que proporciona mais prazer no momento, considerando que a utilidade de cada bem diminui à
medida que mais unidades são consumidas (utilidade marginal decrescente). A distinção entre
utilidade total e utilidade marginal é crucial: a utilidade total é a satisfação obtida com a
quantidade total de um bem consumido, enquanto a utilidade marginal representa o aumento na
satisfação ao consumir uma unidade adicional desse bem. Assim, para maximizar a utilidade, o
19
consumidor deve equilibrar a utilidade marginal de cada bem com seu preço, buscando alocar seu
rendimento de forma a obter o maior benefício possível.
A utilidade marginal é a medida do aumento na satisfação proporcionada pelo consumo de uma
unidade adicional de um bem. No caso do consumo de água, a utilidade marginal pode diminuir à
medida que mais unidades são consumidas, refletindo a saciedade ou a saturação do consumidor.
Por exemplo, os primeiros copos de água podem proporcionar uma grande satisfação, mas conforme
mais água é consumida, a utilidade marginal pode diminuir e até mesmo se tornar negativa se o
excesso de consumo levar a desconforto ou mal-estar.
Uma tabela e gráficos podem ser utilizados para ilustrar como a utilidade total e a utilidade marginal
mudam à medida que mais copos de água são consumidos, mostrando a relação entre a quantidade
de água consumida e a satisfação obtida. Este exemplo fictício pode ajudar a entender como a teoria
econômica analisa o comportamento do consumidor em relação à utilidade e à escassez de recursos.
Copos Utilidade Marginal Utilidade Total
1 4 4
2 3 4+3=7
3 2 4+3+2=9
4 -1 4+3+2-1=8
5 -2 4+3+2-1-2=6
A lei da utilidade marginal decrescente afirma que, à medida que se consome mais de um bem, a
utilidade de cada unidade consumida desce. Isso reflete uma observação geral do comportamento
20
humano, onde a satisfação obtida com cada unidade adicional de um bem diminui à medida que o
consumo desse bem aumenta. Essa lei não é uma regra fixa, pois algumas atividades podem
proporcionar mais prazer à medida que são praticadas mais vezes. No entanto, geralmente se aplica
ao consumo de bens, onde a satisfação diminui com o consumo sucessivo.
O problema do consumidor é definido como um problema de escolha, onde o consumidor tem um
recurso limitado (R), que pode ser usado para adquirir diferentes bens (bens 1, 2, 3, ...). Cada bem
tem um preço específico (p1, p2, p3, ...) e proporciona uma utilidade diferente ao consumidor. A
questão fundamental é determinar qual a combinação de bens que maximiza a satisfação do
consumidor dentro das restrições impostas pelo recurso disponível (R).
O problema do consumidor, também conhecido como problema geral de alocação, é altamente
genérico e pode ser referido como um problema geral de afetação. Ele envolve a alocação de um
recurso escasso entre várias opções, cada uma com diferentes custos e utilidades. Essas opções
podem incluir diferentes itens para levar em uma viagem de acampamento, atividades para participar
em um baile ou como gastar tempo durante um fim de semana. Em todas essas situações, o objetivo
é encontrar a combinação ótima de opções que maximize a utilidade dentro das restrições impostas
pelo recurso disponível.
Aabordagem para resolver problemas de alocação de recursos é semelhante em diferentes contextos.
No caso do consumo, onde um determinado rendimento pode ser gasto em vários bens, uma
estratégia razoável é gastar dinheiro em um bem até que sua utilidade marginal seja igual ao preço
pago por ele. Em outras palavras, a regra de ouro da decisão do consumidor é garantir que a
utilidade marginal do último euro gasto em cada bem seja a mesma para todos os bens. Isso é
expresso pela equação Umi/Pi = Umj/Pj, onde Umi é a utilidade marginal do bem i e Pi é seu preço.
Essa abordagem visa maximizar a utilidade total dentro das restrições do orçamento disponível.
Umi/Pi = Umj/Pj = ... = Umz/Pz
Para compreender melhor a importância da igualdade da utilidade marginal em diferentes bens,
consideremos um exemplo numérico com dois bens (i, j), cada um custando um euro por unidade
(Pi = Pj = 1). Suponhamos que a utilidade marginal do último euro gasto em i é 3 e a utilidade
marginal do último euro gasto em j é 2. Nesta situação, a regra de ouro não é cumprida, permitindo
que o consumidor aumente sua satisfação. Ao gastar um euro adicional em j, ele perde 2 de utilidade,
enquanto ao gastá-lo em i, ele ganha 3. Essa melhoria indica que a situação anterior não era a melhor
possível. Assim, a igualdade da utilidade marginal dos últimos euros gastos em todos os bens é
crucial para maximizar a utilidade total.
Enquanto a utilidade marginal do último escudo gasto em i for 3 e em j for 2, o consumidor deve
transferir dinheiro do consumo de j para o de i. Isso aumenta a utilidade sem aumentar os gastos,
21
proporcionando um "almoço grátis". No entanto, à medida que mais dinheiro é gasto em i, a utilidade
marginal de i diminui devido à lei da utilidade marginal decrescente, enquanto a utilidade marginal
de j aumenta à medida que menos é gasto nele. Portanto, as utilidades marginais se equilibram
quando aquela que era maior diminui e a que era menor aumenta, parando a transferência quando
se tornam iguais.
Umi/pi > Umj/pj mas Qi↑ implica Umi↓, Qj↓ implica Umj↑, até que Umi/pi = Umj/pj.
Embora a regra de igualar a utilidade marginal do último euro gasto em cada bem seja uma
abordagem racional e econômica, nem sempre é possível aplicá-la devido à indivisibilidade de
certos bens. Por exemplo, não é possível transferir uma quantia específica de dinheiro de um bem
para outro quando os bens são indivisíveis.
No entanto, mesmo quando não é possível igualar exatamente as utilidades marginais, a regra sugere
que devemos pelo menos aproximá-las tanto quanto possível. O mesmo princípio se aplica à
alocação de tempo: procuramos igualar a utilidade do último minuto gasto em cada atividade para
tirar o melhor proveito de nosso tempo. Em resumo, a regra de igualar a utilidade marginal é uma
regra de escolha racional e econômica que pode ser aplicada a várias decisões da vida cotidiana.
A Economia parte do pressuposto de que os agentes são racionais e tomam decisões com base na
avaliação das utilidades marginais. No entanto, isso não significa que a Economia considere que as
pessoas são máquinas de calcular em sua vida cotidiana.
Mesmo sem calcular explicitamente as utilidades marginais, muitos de nós naturalmente tomamos
decisões que refletem esse princípio. Por exemplo, decidimos gastar menos em um bem para
economizar dinheiro para comprar outro ou trocamos uma atividade por outra para maximizar nossa
satisfação.
O que determina o valor das coisas não é a utilidade total, mas sim a utilidade marginal da última
unidade consumida. Isso reflete a ideia de que o que importa é o valor atribuído à última unidade,
não o total consumido. Essa perspectiva destaca a importância da utilidade marginal na
determinação do valor das coisas, onde o que importa é o presente, não o passado. Isso também é
ilustrado pela teoria da oferta e demanda, onde o preço de um bem é determinado pela interação
entre a última unidade procurada e oferecida. O valor das unidades anteriores não é relevante para
essa determinação.
Ao aplicarmos essa regra da utilidade marginal na análise do valor dos bens, podemos compreender
imediatamente o paradoxo do valor identificado por Adam Smith. Ele observou que, embora a
22
utilidade total da água seja muito maior do que a do diamante, a utilidade marginal do diamante é
muito superior à da água. Isso ocorre porque, enquanto a água é abundante e essencial para a
sobrevivência, os diamantes são escassos e possuem uma demanda muito alta em relação à sua oferta
limitada.
Portanto, devido à lei da utilidade marginal decrescente, a utilidade adicional de cada diamante extra
é significativamente maior do que a utilidade adicional de cada unidade extra de água. O gráfico
abaixo ilustra essa relação entre a utilidade marginal e a escassez dos bens.
Utilidade marginal
A curva Umd < a curva UmA
O valor de Umd > o valor de umA
UmD Diam. Água
UmA
D A
Note-se que o valor de uso é igual à utilidade que temos em usar o bem, que é a utilidade total. Mas,
quem troca um bem, como é racional, só troca as últimas unidades, que são as que valem menos por
si. Por isso é que o valor de troca é a utilidade marginal.
E este, pois, o essencial desta revolução em Economia, que se passou a chamar revolução
marginalista. Mas o mais curioso na história da revolução, e que foi uma surpresa para os três
inovadores, Jevons, Menger e Walras, foi a constatação de que estas ideias já tinham sido
apresentadas cerca de vinte anos antes por outro autor, na forma de duas leis. Na verdade, Hermann
Gossen, um alemão, tinha em 1854 apresentado o que ficou conhecido como as duas leis de
Gossen»:
Primeira lei de Gossen: À medida que se consome mais do bem, a utilidade de cada unidade
adicional consumida desce.
Segunda lei de Gossen: O consumidor, para obter o máximo de satisfação, deve consumir até que
a utilidade marginal do último escudo gasto em ca da bem seja igual em todos os bens.
23
Estas leis permitem fundar toda a teoria da escolha económica. Inclusiva- mente, algumas das ideias
que já vimos podem ser reformuladas nestes no- vos termos. Por exemplo, o conceito de escassez
relaciona-se com a utilidade marginal. Um bem não escasso é todo aquele que existe em quantidade
tal que a sua utilidade marginal é nula, ou seja, chega e sobra para satisfazer as necessidades.
Existirá alguma relação entre a utilidade marginal e a curva da procura que vimos atrás? A curva da
utilidade marginal representada abaixo, significa, co- mo sabemos, a utilidade de cada unidade
adicional do bem, que é também o valor atribuído pelo consumidor a essas unidades. A curva da
procura define, como vimos atrás, a quantidade de bem que o consumidor está disposto a comprar
a cada preço.
Mas o consumidor só está disposto a pagar porque retira do bem utilidade. No fundo as duas coisas
são o mesmo. A diferença reside em que a primeira curva representa o valor do bem medido em
utilidade, enquanto a segunda mede esse valor em dinheiro. Aliás, encontramos agora a verdadeira
razão da lei da procura negativamente inclinada. Ela é causada pela primeira lei de Gossen, a lei da
utilidade marginal decrescente: dado que a utilidade adicional do bem vai decrescendo com a
quantidade, o agente só está disposto a pagar menos por cada unidade se comprar maiores
quantidades.
Hermann Heinrich Gossen (1810-1858)
Foi um economista sobre o qual pouco se sabe de sua vida. Estudou Direito em Bona e Berlim e
trabalhou como funcionário público. Em 1854, publicou o livro "Entwicklung der Gesetze des
menschlichen Verkehrs und der daraus fließenden Regeln für menschliches Handeln"
(Desenvolvimento das Leis das Relações Humanas e das Regras de Ação Decorrentes Delas). O
autor estava convencido de que essa obra representava uma revolução na história da Economia,
equiparando-a à de Copérnico na Astronomia. Porém, o livro foi ignorado pelos economistas da
época, e as cópias não vendidas foram destruídas pelo autor. Mais tarde, os economistas
reconheceram o valor das ideias de Gossen, que precederam as dos marginalistas por vários anos.
24
Mas esta constatação lembra-nos um problema resultante do facto de ser a margem a definir o valor
dos bens. Na verdade, se o valor (o preço) do bem é igual à utilidade marginal, então o que se paga
por um bem não representa o que ele, em média, vale, mas sim o que a última unidade vale. Logo o
que se compra vale mais do que se paga. Alfred Marshall, o grande mestre de que já falámos atrás,
referiu-se a este aspecto dizendo que existia um excedente do consumidor. Vejamos um exemplo
para esclarecer. Considere-se a curva da procura de um bem abaixo desenhada (que já sabemos que
é equivalente, no espaço do dinheiro, à curva de utilidade marginal). O facto de o consumidor estar
disposto a pagar 10 euros pela primeira unidade, 8 pela segunda, e 6 pela terceira e 4 pela quarta
representa o valor que ele atribui a essas quantidades. Mas, como o preço é de 4 euros, isso quer
dizer que ele vai comprar as quatro unidades todas ao preço de 4 euros.
Mas nesse caso ele ganhou com a troca, pois a primeira unidade custou-lhe 4 euros e valia 10, a
segunda também custou 4 euros e valia 8, e a terceira custou outros 4 euros e valia 6. Este é o
excedente do consumidor:
preço (10 − 4) + (8 − 4) + (6 − 4) + (4 − 4)
10 −
9 −
8 −
7 −
6 −
5 −
P = 4 −
3 −
2 −
1 −
Quantidade
1 2 3 4
Graficamente, a área abaixo da curva da procura representa o total do valor em euros (na curva da
utilidade marginal apareceria em medida de utilidade) que o bem tem para o consumidor. Tirando a
parte que o consumidor pagou, temos um ganho puro. Uma parte que não se pagou, e se recebeu. O
gráfico seguinte ilustra a representação destas componentes.
25
p
⇒ =
D2
Q
Curva da procura ganho total custo total
Note-se que se paga menos do que se dá (recebe-se o trapézio e só se paga o rectângulo: o triângulo
do excedente é grátis). É por esta razão que a troca é benéfica. O que se dá é menos que o que se
recebe. Aliás se não fosse assim não se dava a troca. Os dois lados ganham.
O excedente do consumidor tem muito interesse em certos bens especiais. Por exemplo, no caso da
água, onde as curvas da utilidade marginal e da pro- cura são muito altas e, como a quantidade é
grande, o seu preço é baixo, o excedente do consumidor é muito grande. O gráfico abaixo, repetido
da análise que fizemos atrás, mostra claramente que é da diferença dos excedentes do consumidor
que nasceu o paradoxo de Smith.
Utilidade marginal
Excedente de
consumidor UmD
UmA Água Diam.
Q
A D
Por outro lado, para decidir sobre a produção de bens públicos, o excedente do consumidor é uma
noção essencial. Quando se constrói uma estrada, por exemplo, como não se vai pagar nada para a
usar, o preço é zero. Parece almoço grátis, mas o Estado tem de pagar. Assim, o custo da construção
da estrada é claro, mas é difícil avaliar o seu benefício. Daí a única maneira de saber quanto vale a
estrada é calcular o excedente do consumidor. E o excedente que deve ser comparado com o custo
para ver se vale a pena'. Daqui se vê o grande interesse que é viver em sociedade. Existe uma enorme
quantidade de coisas que nos são indispensáveis (o seu excedente é enorme), mas pagamos por elas
muito pouco. Esses almoços grátis, que a sociedade toda paga (pagamos com os impostos), são
26
muito valiosos e constituem uma das grandes vantagens de viver em comunidade, embora no dia-a-
dia pouca atenção lhes prestemos.
Bibliografia
Moura, op. cit, cap. 5.
Samuelson e Nordhaus, op. cit., cap. 5
Sousa, op. cit, cap. IV, 1-6.
4.2 A análise moderna do consumidor
Aanálise que vimos atras resolve o problema do consumidor, mas um inconveniente grave: obrigava
a medir a utilidade. Embora todos nós tenhamos claramente a sensação a da utilidade, senão mesmo
impossibilidade em medir exatamente esse fenómeno. Quem pode afirmar que ao comer um pão,
ele lhe da o dobro da utilidade se tiver manteiga? Ou será triplo? A utilidade, embora seja um
fenómeno muito real e papável, não pode ser medida por termómetros, réguas ou pesos. Por essa
razão, a geração de economistas que se seguiu a Jevons, Menger e Walras abordou e resolveu o
problema da medição da utilidade. Edgeworth e Pareto foram os principais responsáveis por esse
trabalho.
A ideia destes dois autores é muito engenhosa: como só existe problema económico quando há
alternativas, pelo menos duas, não interessa saber "quanto vale» cada uma das alternativas, mas
«qual é a melhor». Assim, mais do que a valorização individual de cada bem, só interessa a ordem
de preferências». Perante dois bens (por exemplo livros e pão), o que é preciso saber é qual avaliação
relativa dos vários «cabazes» dos dois bens. A avaliação absoluta de um bem não tem significado,
em Economia, porque a economia só existe quando há alternativas, trocas, e para isso só é preciso
comparar e não avaliar absolutamente
Vamos ver um exemplo, para esclarecer. Suponhamos que o consumidor tem um certo montante de
cada um dos bens (pão e livros). Chamemos a esses montantes concretos dos dois bens um «cabaz>>
e representemo-lo num gráfico pelo ponto A.
livro
A
Pão
27
Quais são os outros conjuntos (livros, pão) que, para um certo consumidor, são «indiferentes>> aos
montantes de livros e pão representados no ponto A, ou seja, que lhe dão a mesma utilidade? Ou,
noutros termos, se lhe tirarem um livro, têm de lhe dar mais pão para ele ficar igual. Quanto mais
pão? Se, por exemplo, for necessário dar mais 3 pães para o compensar da perda do livro, ele passa
para o ponto B, ficando com igual utilidade. Logo, o ponto B é igual em utilidade, «indiferente» ao
ponto A.
livros
A
B
pão
3
Repare-se que o que é necessário que o consumidor saiba é quanto vale, para ele, um livro em
relação ao pão. Ele ignora o valor absoluto, mas pode saber de quanto pão precisa para o compensar
da perda do livro. A avaliação é, pois, relativa.
E agora, se lhe tirarem mais um livro, ele quererá um aumento do consumo de pães de mais ou
menos que 3? Mais, pois o livro agora vale mais, e o pão vale menos que antes. Sabemos isto pela
lei da utilidade marginal decrescente (1ª lei de Gossen). Quanto menos livros tem, mais pães lhe
têm de dar para ficar igual. Em Economia chama-se a esta a lei da substituição, a qual resulta do
facto de, quanto menos livros se tem, maior é a utilidade marginal do livro, pela lei de Gossen.
5. Elasticidade
Elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma variável econômica em relação a uma mudança
em outra variável. Ela é utilizada para medir a proporção em que a quantidade demandada ou
ofertada de um bem ou serviço se altera em resposta a uma mudança de preço, renda ou qualquer
outra variável.
Existem diversos tipos de elasticidade, sendo os principais:
 Elasticidade-preço da demanda: medida pela variação percentual ria quantidade demandada de
um bem em resposta a uma variação percentual no preço. Se a elasticidade-preço da demanda for
maior do que 1, diz-se que a demanda é elástica, ou seja, a quantidade demandada varia mais do que
proporcionalmente à variação no preço. Se for menor do que 1, a demanda é inelástica.
28
 Elasticidade-preço da oferta: medida pela variação percentual na quantidade ofertada de um bem
em resposta a uma variação percentual no preço. A interpretação é semelhante à elasticidade-preço
da demanda, sendo que uma elasticidade-preço da oferta maior do que l indica uma oferta elástica
e menor do que I indica uma oferta inelástica.
 Elasticidade-cruzada da demanda: medida pela variação percentual na quantidade demandada de
um bem em relação a uma variação percentual no preço de outro bem. A elasticidade-cruzada é
positiva se os bens são substitutos e negativa se são complementares.
 Elasticidade-renda da demanda: medida pela variação percentual na quantidade demandada de
um bem em relação a uma variação percentual na renda do consumidor. Ela pode ser positiva (bem
normal) ou negativa (bem inferior).
A elasticidade é crucial para entender a comportamento dos consumidores e produtores, bem como
para auxiliar na formulação de políticas econômicas eficazes.
Elasticidade Preço da Procura
Vejamos primeiro a resposta da procura do consumidor a variações de preços:
A elasticidade preço da procura (por vezes designada simplesmente elasticidade preço) mede a
variação da quantidade procurada de um bem quando o seu preço varia. A definição precisa de
elasticidade é a variação percentual da quantidade procurada dividida pela varia ção percentual do
preço.
As elasticidades preço dos bens, ou sensibilidade às variações do preço, são muito variadas. Quando
a elasticidade preço de um bem é elevada, dizemos que o bem tem uma procura elástica, o que
significa que a quantidade da sua procura responde fortemente às variações do preço. Quando a
elasticidade de um bem é fraca diz -se «inelástico pois a quantidade da sua procura responde
fracamente às variações do preço.
A procura de bens de primeira necessidade como alimentos, gás, sapatos e medicamentos receitados
tende a ser rígida. Esses bens são básicos e não se pode facilmente prescindir deles quando os seus
preços aumentam. Pelo contrário, outros bens podem substituir artigos de luxo como férias na
Europa, uisque escocês de 17 anos ou fatos italianos, quando estes sobem de preço.
O tempo que os indivíduos levam a responder às variações de preço também tem importância. Um
bom exemplo é da gasolina. Suponha que esta em viagem quando o preço da gasolina aumenta
29
repentinamente. É previsível que venda o seu carro e que termine as ferias? Claro que não. Por isso,
no curto prazo, a procura de gasolina pode ser muito rígida.
No longo prazo, contudo, pode ajustar o seu comportamento ao preço mais elevado da gasolina.
Pode comprar um carro mais pequeno e mais eficiente no consumo, andar de bicicleta, apanhar o
comboio, ir viver mais perto do emprego ou partilhar o carro com os amigos. A capacidade para
ajustar os padrões de consumo implica que as elasticidades da procura sejam em geral maiores no
longo prazo do que no curto prazo.
Factores económicos determinam a dimensão das elasticidades preço dos vários bens: as
elasticidades tendem a ser maiores quando os bens são de luxo, quando há substitutos e quando os
consumidores tem mais tempo para ajustar o seu comportamento.
Cálculo de Elasticidades
Podemos calcular a elasticidade se pudermos observar qual a variação da quantidade procurada
quando o preço se altera. A definição precisa de elasticidade preço Ep é a variação percentual da
quantidade procurada dividida pela variação percentual do preço. Por conveniência ignoramos o
sinal de menos, pelo que as elasticidades são sempre positivas.
Podemos calcular numericamente o coeficiente da elasticidade preço de acordo com a fórmula
seguinte:
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎 (𝐸𝐷) =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜
Agora podemos ser mais precisos quanto às diferentes categorias de elasticidade preço:
Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação superior a 1% na quantidade
procurada, o bem tem uma procura elástica em relação ao preço. Por exemplo se do aumento de 1%
do preço resulta uma redução de 5% na quantidade procurada, o bem tem uma procura com
elasticidade preço muito elevada.
Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação inferior a 1% na quantidade
procurada, o bem tem uma procura rígida em relação ao preço. Isto ocorre, por exemplo, quando de
um aumento de 1% no preço resulta apenas 0,2% de diminuição da procura.
Um caso especial importante é o da procura com elasticidade unitária que ocorre quando a
percentagem de variação da quantidade é exatamente a mesma da percentagem de variação do preço.
Neste caso, um aumento de 1% do preço resulta numa redução de 1% da procura. Veremos mais
tarde que está condição implica que a despesa total na mercadoria (que é igual a PQ se mantém igual
mesmo quando o preço varia.
30
Para ilustrar o cálculo de elasticidades, examinemos o caso simples da resposta das compras a um
aumento de preço mostrado na Figura 4-1. Na situação de partida, o preço estava em 90 e a
quantidade procurada era de240 unidades. Um aumento de preço para 110 levou os consumidores a
reduzir as suas compras para 160 unidades. Na Figura 4-1, os consumidores estavam originalmente
no ponto A, mas quando o preço aumentou moveram-se ao longo da curva da procura para o ponto
B.O Quadro 4-1 mostra como se calcula a elasticidade preço. O aumento do preço é de 20% sendo
a resultante redução da quantidade de 40%. A elasticidade preço da procura é evidentemente de
𝐸𝐷 = 40/20 = 2. A elasticidade preço é maior do que 1 apresentando este bem, portanto, uma
procura elástica em relação ao preço na região de A a B.
FIGURA 4-1. A procura elástica apresenta uma resposta forte da quantidade à variação do
preço.
O equilíbrio de mercado está originalmente no ponto A. Em resposta ao aumento de 20% do preço,
a quantidade procurada diminui 40%, para o ponto B. A elasticidade preço é 𝐸𝐷 = 40/20 = 2. A
procura é, portanto, elástica na região A a B.
Caso A: Preço = 90 e quantidade = 240
Caso B: Preço = 110 e quantidade = 160
Variação percentual do preço = ∆P / P = 20/100 = 20%
Variação percentual da quantidade = ∆Q / Q = - 80/200 = -40%
Elasticidade preço = 𝐸𝐷 = 40/20 = 2
QUADRO 4-1. Exemplo de um bem com procura elástica
Considere a situação em que o preço aumenta de 90 para 110. De acordo com a curva da procura, a
quantidade procurada cai de 240 para 160. A elasticidade preço é o quo- ciente entre a variação
percentual da quantidade e a variação percentual do preço. Eliminamos o sinal negativo dos valores
de modo que todas as elasticidades são positivas.
31
Na prática, o cálculo de elasticidades é de certa forma complicado, sendo de salientar três pontos
importantes em que tem de ter especial cuidado.
1. Repare que retirámos os sinais negativos dos valores, tratando assim todas as variações percentuais
como positivas. Isso quer dizer que todas as elasticidades são positivas ainda que os preços e as
quantidades pro- curadas se desloquem em direcções opostas devido à lei da inclinação negativa da
procura.
2. Note que a definição de elasticidade usa a variação percentual do preço e da procura em vez da
variação absoluta. Isto significa que uma alteração das uni dades de medida não afecta a elasticidade.
Deste modo, quer os preços sejam em cêntimos ou em euros, a elasticidade preço mantém-se igual.
3. Repare que se usa a média para o cálculo das variações percentuais do preço e da quantidade. A
fórmula para uma variação percentual é ∆P/P. O valor de ∆P, no Quadro 4-1, é obviamente 20 =110
- 90. Mas não é imediatamente claro qual o valor que devemos usar para P no denominador. É o
valor inicial de 90, o valor final de 110, ou algum valor intermédio?
Para variações percentuais muito pequenas, tais como de 100 para 99, é quase indiferente se usarmos
99 ou 100 no denominador. Mas, para grandes variações, a diferença é significativa. Para evitar a
ambiguidade, tomamos sempre como preço base do cálculo das variações percentuais o preço
médio. No Quadro 4-1, escolhemos a média dos dois preços [P= (90+110) /2=100] como a base ou
denominador da fórmula da elasticidade. Da mesma forma, usámos a quantidade média [Q = (160
+ 240) / 2 = 200] como a base para medida quantidade. A fórmula exacta para o cálculo da
elasticidade é portanto:
𝐸𝐷 =
∆𝑄
(𝑄1 + 𝑄2)
1
2
÷
∆𝑃
(𝑃1 + 𝑃2)
1
2
em que 𝑄1 𝑒 𝑃1 representam o preço e a quantidadeoriginais e 𝑄2 𝑒 𝑃2 representam os novos preços
e quantidade.
Elasticidade Preço em Gráficos
Também é possível determinar elasticidades preço graficamente. A Figura 4-2 ilustra os três casos
de elasticidades. Em cada caso, o preço é reduzido para metade e os consumidores variam a sua
quantidade procurada de A para B.
Na Figura 4-2 (a), a redução para metade do preço fez triplicar a quantidade procurada. Como no
exemplo na Figura 4-1, este caso mostra uma procura elástica em relação ao preço. Na Figura 4-2
(c), a redução para metade do preço levou a um aumento de apenas 50% na quantidade procurada,
pelo que este é o caso de uma procura rígida. O caso fronteira de uma procura com elasticidade
32
unitária é mostrado na Figura 42(b) neste exemplo, a duplicação da quantidade procurada é
exatamente igual à redução para metade do preço.
A Figura 4-3 apresenta os casos extremos importantes em que as procuras são infinitas ou nulas, ou
totalmente elásticas ou totalmente rígidas. Procuras totalmente rígidas, ou com elasticidade preço
igual a zero, são aquelas em que a quantidade procurada não tem qual quer resposta a variações de
preço; a uma tal procura corresponde uma curva de procura vertical. Pelo contrário, quando a
procura é infinitamente elástica, uma ligeira variação no preço levará a uma variação infinitamente
grande da quantidade procurada, tal como na curva de procura horizontal da Figura 4-3.
FIGURA4-3. Procuras totalmente elástica e totalmente rigidaOs exemplos extremos de procura são
as curvas verticals,que representam procuras perfeitamente rígidas (𝐸𝐷 = 0) e curvas de procura
horizontais, que representam procuras perfeitamente elásticas (𝐸 𝐷 = ∞)
Elasticidade Não É o Mesmo que Inclinação
Temos sempre de estar atentos para não confundir a elasticidade de uma curva com a sua inclinação.
Esta distinção é facilmente perceptivel quando examinamos as rectas correspondentes às curvas de
procura que se encontram frequentemente nos exemplos ilustrativos. Com frequência representamos
33
as curvas de procura como rectas porque são mais fáceis de desenhar. Pelo que é natural que se
pergunte: qual é a elasticidade preço de uma curva de procura!
Acontece que a resposta a esta questão é surpreendente. Ao longo de uma curva de procura que tem
a forma de uma linha recta, a elasticidade preço varia de zero a infinito! O Quadro 4-2 dá um
conjunto detalhado de cálculos de elasticidade usando a mesma técnica do Quadro 4-1. Este quadro
mostra que as curvas de procura linear começam com elevada elasticidade preço, onde o preço é
elevado e a quantidade pequena, e acabam com uma elasticidade pequena, onde o preço é pequeno
e a quantidade grande.
Isto ilustra um ponto importante. Quando vê uma curva da procura num gráfico, não é verdade, em
geral, que uma inclinação pronunciada de uma curva signifique uma procura rígida ou que uma
inclinação suave signifique uma procura elástica.
A inclinação não é o mesmo que elasticidade porque a inclinação da curva da procura depende das
variações de P e de Q. enquanto que a elasticidade depende das variações percentuais de P e de Q.
As únicas excepções são os casos extremos de procuras completamente elisticas ou completamenta
rígidas.
Uma forma de o verificar é examinando a Figura 4-2 (b). Esta curva da procura não é clara mente
uma linha recta com uma inclinação constante. E, no entanto, tem uma elasticidade de procura
constante de 𝐸𝐷 = 1, dado que a variação percentual do preço é sempre igual à variação percentual
da quantidade. Por isso, lembre-se: a elasticidade é definitivamente diferente da inclinação.
QUADRO 4-2. Cálculo da elasticidade preço ao longo de uma curva de procura linear
∆P representa a variação no preço, i. e., ∆𝑃 = 𝑃2 − 𝑃1, enquanto ∆𝑄 = 𝑄2 − 𝑄1. Para calcular a
elasticidade numérica, a variação percentual do preço é igual à variação do preço ∆𝑃 dividida pelo
preço médio [(𝑃2 + 𝑃1)/2]; a variação percentual do produto é calculada como ∆𝑄 dividida pela
quantidade média [(𝑄2 + 𝑄1 )/2]. Considerando todos os valores como positivos, o quociente
34
resultante dá o valor da elasticidade preço da procura, 𝐸𝐷. Note que para uma linha recta a
elasticidade é elevada no topo, reduzida em baixo e exactamente igual a 1 no meio.
AFigura 4-4 ilustra o erro de confundir inclinação com elasticidade. Esta figura apresenta uma curva
da procura linear ou recta. Dado que é linear, tem sempre a mesma inclinação. Mas no cimo da recta,
perto de A. tem uma variação percentual do preço muito pequena e uma variação percentual da
quantidade muito grande, sendo a elasticidade extremamente grande. Portanto, a elasticidade preço
é relativamente elevada quando esta mos no topo da curva linear DD. Inversamente, quando estamos
na parte inferior da curva da procura linear, a elasticidade preço é menor do que 1. Perto do eixo
horizontal a elasticidade preço é próxima de zero.
FIGURA 4-4. Inclinação e elasticidade não são a mesma coisa
Todos os pontos de uma recta têm a mesma inclinação. Mas acima do ponto médio a procura é
elástica; abaixo dele. a procura é rígida, no ponto central a procura tem uma elasticidade unitária.
Apenas no caso de curvas verticais ou horizontais, mostradas na Figura 4-3, pode inferir-se a
elasticidade preço tendo apenas em conta a inclinação.
Acima do ponto médio M de qualquer linha recta,a procura é elástica, com 𝐸𝐷> 1 . No ponto central,
a procura tem uma elasticidade unitária, com 𝐸𝐷= 1 Abaixo do ponto médio, a procura é rígida, com
𝐸𝐷 < 1.
Em resumo, enquanto que os casos extremos de procura perfeitamente elástica e perfeitamente
rígida podem ser determinados a partir apenas das inclinações das curvas de procura, para os casos
intermédios, que correspondem praticamente a todos os bens, as elasticidades não podem ser
deduzidas apenas das inclinações. (Veja na Figura 4-5 uma forma de calcular a elasticidade a partir
de um gráfico.)
Elasticidade-Renda
Lembre-se de que a elasticidade-preço da demanda é definida como:
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎 (𝐸𝐷) =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜
35
Isso proporciona uma medida independente de unidade de como a quantidade demandada reage à
variação no preço. A elasticidade-renda da demanda é utilizada para descrever como a quantidade
demandada reage à variação na renda; sua definição é:
𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎
Lembre-se de que o bem normal é aquele no qual o aumento da renda provoca o aumento da
demanda; assim, para esse tipo de bem a elasticidade-renda da demanda é positiva. O bem inferior
é aquele no qual o aumento na renda leva à diminuição da demanda; para esse tipo de bem, a
elasticidade-renda da demanda é negativa. Os economistas usam às vezes o termo bens de luxo. São
bens cuja elasticidade-renda da demanda é maior que 1: um aumento de 1% na renda conduz a um
aumento de mais de 1% na demanda de um bem de luxo.
No entanto, como regra de ouro, as elasticidades-renda tendem a aglomerar-se em torno de 1.
Podemos ver a razão disso pelo exame da restrição orçamentária. Escrevamos as restrições
orçamentárias de dois níveis diferentes de renda:
𝑝1𝑥1
′
+ 𝑝2𝑥2
′
= 𝑚′
𝑝1𝑥1
0
+ 𝑝2𝑥2
0
= 𝑚0
Subtraiamos agora a segunda equação da primeira e façamos com que ∆ represente as diferenças,
como de hábito:
𝑝1∆𝑥1 + 𝑝2∆𝑥2 = ∆𝑚
Agora multipliquemos e dividamos o preço i por x₁/x, e dividamos ambos os lados por m:
𝑝1𝑥1
𝑚
∆𝑥1
𝑥1
+
𝑝2𝑥2
𝑚
∆𝑥2
𝑥2
=
∆𝑚
𝑚
Por fim, dividamos ambos os lados por
∆𝑚
𝑚
e utilizemos 𝑆₁ =
𝑝1𝑥1
𝑚
para representar a parcela de
gasto do bem i. Isso fornece nossa equação final,
𝑆1
∆𝑥1/𝑥1
∆𝑚/𝑚
+ 𝑆2
∆𝑥2/𝑥2
∆𝑚/𝑚
= 1
A equação diz que a média ponderada das elasticidades-renda é 1, em que os pesos são as parcelas
de gasto. Os bens de luxo que têm uma elasticidade-renda maior do que 1 têm de ser
contrabalançados por bens que tenham elasticidade-renda inferior a 1 para que, "na média", as
elasticidades-renda sejam de aproximadamente 1.
Elasticidade-Cruzada da Demanda
36
A elasticidade cruzada da demanda é um conceito utilizado na economia para medir a sensibilidade
da quantidade demandada de um determinado hem em relação à variação do preço de outro bem
relacionado. Em outras palavras, a elasticidade cruzada da demanda indica como a demanda de um
bem é afetada pela variação no preço de um bem relacionado.
Características da elasticidade cruzada da demanda:
1. Se a elasticidade cruzada for positiva, os bens são considerados substitutos, o que significa que um
aumento no preço de um bem leva a um aumento na demanda do outro bem.
2. Se a elasticidade cruzada for negativa, os bens são considerados complementares, o que significa
que um aumento no preço de um hem leva a uma redução na demanda do outro bem.
3. Se a elasticidade cruzada for igual a zero, os bens são considerados independentes, o que significa
que o preço de um bem não afeta a demanda do outro.
A fórmula para calcular a elasticidade cruzada da demanda é a seguinte:
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 =
(% 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑋)
(% 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑌)
Portanto, para calcular a elasticidade cruzada da demanda, é preciso observar as variações
percentuais na quantidade demandada do bem X em relação ao preço do bem Y. A interpretação do
valor obtido irá indicar o tipo de relação entre os bens (substitutos, complementares ou
independentes).
Para calcular a elasticidade cruzada da demanda, siga os seguintes passos:
1. Determine a variação percentual na quantidade demandada do bem X. Você pode calcular isso
usando a fórmula:
Variação percentual na quantidade demandada do bem 𝑋 = ((𝑄2 − 𝑄𝐼)/𝑄𝐼) ∗ 100
Onde:
Q1 = quantidade demandada inicial do bem X
Q2 = quantidade demandada final do bem X
2. Determine a variação percentual no preço do bem Y. Você pode calcular isso usando a fórmula:
Variação percentual no preço do bem Y = ((P2 - PI)/P1)*100
Onde:
PI = preço inicial do bem Y. P2 = preço final do bem Y
37
3. Por fim, utilize os valores obtidos nas etapas l e 2 na fórmula da elasticidade cruzada da demanda:
Elasticidade cruzada da demanda = (Variação percentual na quantidade demandada do bem X/
Variação percentual no preço do bem Y)
Com esses cálculos, você conseguirá determinar a elasticidade cruzada da demanda entre os bens X
e Y, e interpretar se são substitutos, complementares ou independentes.
Elasticidade e Receita
Muitas empresas querem saber se aumentando os preços irão aumentar ou diminuir a receita. Esta é
uma questão de importância estratégica para actividades como companhias aéreas, equipas de
futebol e revistas, que têm de decidir se é compensador aumentar os preços e se um preço maior faz
com que a procura diminua. Vejamos a relação entre a elasticidade preço e a receita total. A receita
total é por definição igual ao preço vezes a quantidade (ou 𝑃 × 𝑄) . Se os consumidores compram
5 unidades a €3 cada, a receita total é €15. Se conhecera elasticidade preço da procura sabe o que
acontece à receita total quando o preço se altera:
1. Quando a procura é rígida em relação ao preço, uma redução do preço reduz a receita total.
2. Quando a procura é elástica em relação ao preço, uma redução do preço aumenta a receita total.
3. No caso fronteiro de procura com elasticidade unitária, uma redução do preço não tem qualquer
efeito na receita total.
Actualmente, o conceito de elasticidade preço é largamente utilizado pelas empresas que querem
dividir os clientes em grupos com diferentes elasticidades. Esta técnica tem sido largamente aplicada
pelas companhias aéreas (veja a caixa seguinte). Outro exemplo são as empresas de programação
que têm uma grande varie dade de preços para os seus produtos numa tentativa de explorar diferentes
elasticidade. Por exemplo, se alguém esta desesperadamente a pretender comprar um sistema
operativo, a sua elasticidade é pequena e o vendedor lucrará em cobrar-lhe um preço relativamente
elevador. Pelo contrário, se não tiver muita pressa em fazer uma melhoria do sistema, pode procurar
à sua volta o melhor preço, e a sua elasticidade é elevada. Neste caso, o vendedor deverá encontrar
uma forma de realizar a venda cobrando um preço relativamente baixo.
quadro
38
Elasticidade Preço da Oferta
Claro que o consumo não é a única coisa que varia quando os preços aumentam ou diminuem. As
empresas também reagem aos preços nas suas decisões sobre a quantidade a produzir. Os
economistas definem a elasticidade preço da oferta como o grau de resposta da quantidade oferecida
de um bem ao seu preço de mercado.
Mais precisamente, a elasticidade preço da oferta é a variação percentual da quantidade oferecida
dividida pela variação percentual do preço do bem.
Tal como nas elasticidades da procura, há casos extremos de forte e fraca elasticidade da oferta.
Suponha que a quantidade oferecida é perfeitamente fixa, como no caso do peixe fresco levado ao
mercado para ser vendido independentemente do preço que venha a ser estabelecido. Este é o caso
limite de elasticidade zero, ou oferta perfeitamente rígida, cuja curva de oferta é vertical.
No outro extremo, admita que uma ínfima redução no preço faz com que a oferta seja nula e um
ligeiro aumento de preço provoca um aumento infinitamente grande da oferta. Neste caso, o
quociente entre a variação percentual da quantidade oferecida e a variação percentual do preço é
muito grande e origina uma curva de oferta horizontal. Este é o caso extremo de oferta infinitamente
elástica.
Entre estes extremos, dizemos que a oferta é elástica ou rígida conforme o aumento percentual da
quantidade é maior ou menor do que a variação percentual de preço. No caso fronteiro da
elasticidade unitária, em que a elasticidade preço da oferta é igual a 1, o aumento percentual da
quantidade oferecida é exactamente igual ao aumento percentual do preço. Pode verificar
rapidamente que estas definições de elasticidade preço da oferta são exactamente as mesmas da
elasticidade preço da procura. A única diferença é que, para a oferta, a resposta da quantidade em
relação do preço e positiva enquanto que, para a procura, a resposta é negativa.
A definição exacta da elasticidade preço da oferta. 𝐸𝑠 é a seguinte:
𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑜𝑓𝑒𝑟𝑡𝑎 (𝐸𝑠) =
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑜𝑓𝑒𝑟𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎
𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜
A Figura 4-6 apresenta três casos importantes de elasticidade da oferta: (a) a curva da oferta vertical
correspondente a uma oferta perfeitamente rígida, (c) a curva da oferta horizontal, representando
uma oferta perfeita mente elástica e (b) um caso intermédio de linha recta. passando pela origem,
que ilustra o caso fronteira de elasticidade unitária.
Quais os factores que determinam a elasticidade da oferta? O principal factor que influencia a
elasticidade da oferta é a facilidade com que a produção do sector de actividade pode ser expandida.
Se todos os factores de produção podem ser facilmente encontrados aos preços correntes de
39
mercado, como no caso da indústria têxtil, então a produção pode ser fortemente aumentada com
um pequeno aumento do preço. Isto significaria que a elasticidade da oferta é bastante grande. Por
outro lado, se a capacidade de produção é fortemente limitada, como no caso das minas de ouro,
então até mesmo aumentos acentuados do preço do ouro não produzem senão uma pequena resposta
da produção de ouro; tratar-se-ia de uma oferta rígida.
Um outro factor importante nas elasticidades da oferta é o período de tempo a considerar. Uma dada
variação do preço tende a ter um maior efeito na quantidade oferecida à medida que aumenta o
tempo de resposta dos produtores. Em períodos de tempo muito curtos após o aumento de preço, as
empresas podem ser incapazes de aumentar os seus factores de produção de trabalho, matérias-
primas e capital, de modo que a oferta pode ser bastante rígida em relação ao preço. Contudo,
quando, com o passar do tempo, as empresas podem contratar mais trabalhadores, construir novas
fábricas e expandir a capacidade, as elasticidades da oferta aumentarão.
Podemos usar a Figura 4-6 para ilustrar como a oferta pode modificar-se ao longo do tempo no caso
da pesca. A curva (a) pode corresponder à oferta de peixe fresco que chega ao mercado, em que é
submetido a leilão e é vendido por qualquer que seja o preço. A curva (b) pode
Pode calcular a elasticidade de uma curva de oferta que não seja uma recta do seguinte modo: (a)
desenhe a recta que é tangente à curva num ponto e (b) calcule a elasticidade da recta tangente.
FIGURA 4-6. A elasticidade da oferta depende da resposta dos produtores ao preço
Quando a oferta é fixa, a elasticidade da oferta é zero, como na curva (a). A curva (c) apresenta uma
resposta infinitamente grande da quantidade a variações do preço. O caso intermedio (b) verifica-se
quando as variações percentuais da quantidade e do preço são iguais.
corresponder ao prazo de cerca de um ano, com uma dada capacidade da frota pesqueira e antes que
novos trabalhadores sejam atraídos para o sector. A longo prazo, com a construção de novos barcos
40
de pesca, com a contratação de novos pescadores e a construção de novas instalações de criação de
peixe em cativeiro, a oferta de peixe pode tornar-se muito elástica em relação ao preço. como no
caso (c) da Figura 4-6.

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  • 1. UNIVERSIDADE POLITÉCNICA - A POLITÉCNICA Instituto Superior de Estudos Universitários de Nampula-ISEUNA Curso: Engenharia Civil Cadeira: 1º Grupo Tema: Discentes: Aquissina Mário Ivangareia Eduardo Curare Sadaca Cleide Moniz Horácio Eusébio Lourenço Igor Abdul Satar Iorley Sequeira Ibraimo Hilton Sardinha Pacifico Ernesto Mahassa Jath Rogério Bartolomeu Sifo De Florencia Soares Dadinho João Teófilo Armindo Gabriel Nampula aos /04/24
  • 2. Aquissina Mário Ivangareia Eduardo Curare Sadaca Cleide Moniz Horácio Eusébio Lourenço Igor Abdul Satar Iorley Sequeira Ibraimo Hilton Sardinha Pacifico Ernesto Mahassa Jath Rogério Bartolomeu Sifo De Florencia Soares Dadinho João Teófilo Armindo Gabriel Tema: Docente: Lic. Nampula aos /04/24 Trabalho de carácter avaliativo, aperfeiçoar as capacidades na criação de um trabalho de pesquisa apresentado ao docente Leonel Álvaro, objectivo avaliativo.
  • 5. 5 Introdução A economia é uma disciplina que estuda como indivíduos, empresas e sociedades alocam recursos escassos para satisfazer suas necessidades e desejos ilimitados. Ela examina como as pessoas tomam decisões diante da escassez e como essas decisões afetam a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. A economia pode ser dividida em dois grandes ramos: macroeconomia e microeconomia. A macroeconomia concentra-se no estudo de variáveis econômicas agregadas, como produto interno bruto (PIB), inflação, desemprego, taxas de juros e políticas fiscais e monetárias, com o objetivo de entender e influenciar o desempenho econômico de uma nação como um todo. Por outro lado, a microeconomia analisa o comportamento individual de consumidores e empresas, bem como a interação entre eles nos mercados, para entender como os preços são determinados e como os recursos são alocados em níveis mais específicos. Ao longo da história, diversas teorias econômicas foram desenvolvidas para explicar diferentes aspectos do comportamento econômico. Desde os clássicos Adam Smith e David Ricardo até os economistas modernos como John Maynard Keynes e Milton Friedman, a economia passou por uma evolução contínua de pensamento e teoria. A economia desempenha um papel fundamental na vida cotidiana, influenciando desde as decisões individuais de compra até as políticas governamentais que moldam o ambiente econômico de uma nação. Seja na formulação de políticas públicas, na gestão de negócios ou na compreensão dos mercados globais, uma compreensão básica de economia é essencial para uma participação informada na sociedade moderna.
  • 6. 6 1. A Economia 1.1.Origem da Economia O que é a Economia? Esta é a pergunta natural no início da abordagem a esta ciência. Apossibilidade de uma definição exacta será discutida adiante, mas logo de entrada é importante ter consciência da existência e da importância dos problemas económicos. I) A ECONOMIA É ESSENCIAL Todos os dias tomamos decisões económicas. Algumas menores, mas importantes para nós, outras maiores, que afectam a sociedade, o país ou, até, o mundo. É importante ter presente que a Economia está ligada ao essencial da vida de cada um. Cada pessoa depende dos outros, do funcionamento da Economia para a maior parte das coisas: alimentação, vestuário, informação. Somos incapazes de produzir as coisas mais básicas: um pão, um fósforo, uma lâmpada, um par de calças, um motor de automóvel. Foi a compreensão desta ideia que deu início à teoria económica. Na verdade, Adam Smith, no seu livro Ensaio sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações, descreveu, de forma notável, este facto. A forma como ele se maravilhou com a contemplação do que hoje chamamos o sistema económicos levou-o a iniciar uma investigação que fez dele o Pai da Economia. ADAM SMITH (1723-1790) 2. Princípios fundamentais da Economia 1. A Economia 2. A ciência económica 3. O problema económico 4. Soluções do problema 5. A cruz marshalliana 6. Os problemas globais da economia Escocés de nascimento e professor de Moral da Universidade de Glasgow, Smith, particularmente preocupado com a moral social, publicou em 1776 um livro, que pretendia usar como manual nas suas aulas, mas que se tornou rapidamente um sucesso de vendas. O Ensaio sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações demonstrava, com múltiplos exemplos, como, naturalmente, as relações económicas se ordenavam de forma espontânea, formando um sistema harmõnico. O interesse por esta visão foi grande, não só nos salões elegantes mas também nas universidades e meios políticos, nascendo uma ciência para estudar esse sistema e fazendo de Smith o Pai da jovem Economia. Já professor e filósofo de renome, com obras em outros ramos do saber, a sua fama como economista levou-o à nomeação, dois anos depois da publicação do Ensaio, como comissário das Fronteiras da Escócia, onde passou os seus últimos anos.
  • 7. 7 2.1 A ciência económica Antes de analisarmos os principais resultados da teoria, é conveniente delimitar o campo da nossa análise. Vamos nesta secção ver com mais cuidado o que é e como se faz o estudo da Economia. 2.2.1 Definição de Economia Ao longo do tempo, muitas definições têm sido apresentadas para caracterizar a Economia. Não vamos aqui procurar determinar qual a correcta definição, por uma simples razão: não existe. O que vamos fazer é reflectir um pouco sobre a essência da Economia, a partir de algumas ideias de definição apresentadas ao longo do tempo. O grande Alfred Marshall, de que já falámos, um dos maiores economistas de todos os tempos, que viveu em Inglaterra no fim do século passado e princípio deste século, começou o seu livro essencial, Principles of Economics, de 1890, com a frase: «Economia é o estudo da humanidade nos assuntos correntes da vida.» [Marshall (1890), p. 1.] Este texto discute a visão do economista Alfred Marshall sobre a natureza da economia e sua abordagem para o estudo dos fenômenos econômicos. Marshall enfatiza que a economia não estuda problemas econômicos específicos, mas sim problemas em geral. Ele argumenta que a realidade é multifacetada e pode ser analisada a partir de diferentes perspectivas, incluindo a econômica, sociológica, química, etc. Marshall sugere que a economia estuda os aspectos comuns da vida, e não apenas questões estritamente ligadas à economia. Ele ilustra isso com o exemplo da compra de um jornal, que pode ser analisado sob diversas perspectivas, como sociológica, ecológica ou química. O texto também sugere que a metodologia econômica pode ser aplicada a fenômenos aparentemente não econômicos, como poesia, namoro e religião, para obter uma compreensão econômica desses fenômenos. No entanto, ressalta-se a importância de determinar se essa abordagem captura os aspectos mais relevantes do fenômeno em questão. Mas qual é a particularidade do estudo da Economia? Para vermos isso vale a pena usarmos umas outras das tentativas de definição da ciência económica. Vamos ver a usada por Paul Samuelson no livro de 1948 Economics, que sucedeu ao livro de Marshall como manual básico que ensinou Economia a gerações e ainda hoje é usado. Aí, Samuelson afirmou que «Economia é o estudo de como as pessoas e a sociedade escolhem o emprego de recursos escassos, que podem ter usos alternativos, de forma a produzir vários bens e a distribuí-los para consumo, agora e no futuro, entre as várias pessoas e grupos na sociedade». Nesta frase, comprida e talvez um pouco confusa, o autor procurou meter todos os elementos particulares que constituem a Economia. Vale a pena analisar ponto a ponto os elementos da frase.
  • 8. 8 Estes aspectos voltam a ser repisa- dos adiante, com mais pormenor, mas vale a pena começar já por enunciá-los. I) ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS AGENTES E DA SOCIEDADE O objectivo da Economia é, como já dissemos, o ser humano, mas nele, a Economia dirige-se à compreensão do seu comportamento. Trata-se, como já vímos, de uma ciência e, por isso mesmo, o seu propósito é o conhecimentoe a compreensão da realidade. Se alguém julgava que o propósito da Economia era outro (por exemplo, aprender a ganhar dinheiro) o melhor desistir já. Por outro lado, estuda-se o comportamento de «agentes e sociedades», Uma sociedade é um amálgama de agentes, que se compõe do comportamento dife. rente de cada um deles. A Economia estuda agentes, mas agentes em relação, e o comportamento individual tem sempre de ser colocado na perspectiva da relação interpessoal. Claro que é possível analisar economicamente os problemas de um agente isolado, mas a relação (neste caso a falta dela) tem sempre efeito sobre o comportamento individual. II) BENS E RECURSOS Na definição de Samuelson, os elementos essenciais são referidos à formulação gramatical da frase. Assim, os substantivos representam os dois aspectos básicos: bens e recursos. O conceito de bens e recursos na economia, conforme definido por Paul Samuelson. Bens são definidos como objetos que satisfazem as necessidades humanas, não se limitando apenas a bens materiais, mas também incluindo serviços e outras formas de satisfação de necessidades. É enfatizado que a economia é uma ciência humana, pois se baseia nas necessidades e desejos humanos para determinar o que constitui um bem econômico. Todas as necessidades humanas são consideradas relevantes para o estudo econômico, sem entrar em discussões éticas ou morais. Além disso, é ressaltado que tanto os bens quanto os recursos têm múltiplos aspectos, incluindo aspectos sociais, físicos e químicos. Portanto, é importante para os economistas reconhecerem a complexidade da realidade e não ignorarem outros aspectos além dos econômicos. Por fim, são introduzidos os recursos, que são entidades que não satisfazem diretamente as necessidades humanas, mas são utilizadas na produção de bens. Exemplos incluem terra, máquinas e trabalho. Os recursos são fundamentais para a produção de bens e serviços, embora sua utilidade seja indireta e dependente de seu papel na produção. III) ESCOLHA E ESCASSEZ O outro elemento caracterizador da definição de Samuelson é o verbo, o predicado da frase. Ele representa a acção essencial: escolher.
  • 9. 9 No entanto, um dos elementos humanos que mais encaixam na abordagem particular da economia é o da escolha. A Escolha é fundamental na economia, pois é a partir das decisões de escolha que surgem os problemas a serem resolvidos pelos agentes econômicos. Para que haja escolha, são necessários diversos elementos. Um deles é a existência de alternativas. Sem alternativas viáveis, a escolha é forçada e não ocorre efetivamente. Portanto, a economia valoriza a presença de múltiplas opções para escolher. Além disso, a liberdade é essencial para a existência de escolha. Os agentes econômicos devem ter a capacidade física e humana de optar entre as alternativas disponíveis. Uma escolha que não é livre não é verdadeira escolha. Os dois adjetivos presentes na definição de Samuelson, "alternativos" e "escassos", são essenciais para qualificar a atividade econômica. No entanto, mesmo na presença de alternativas, se os recursos disponíveis forem suficientes para atender a todas as necessidades sem problemas, não há problema econômico. A escassez é o fator que gera a necessidade de escolhas e decisões, fundamentais para os problemas econômicos. Portanto, a economia está intrinsecamente ligada ao conceito de escassez, pois é ela que impulsiona a necessidade de escolhas e decisões que caracterizam os problemas econômicos. A compreensão precisa desse conceito é essencial para evitar confusões e equívocos na análise econômica. IV) CONSUMO A finalidade da Economia é o estudo da satisfação das necessidades humanas através de bens. Ao acto de satisfação das necessidades, chamamos consumo. Assim, o consumo é a utilização de bens para a satisfação das necessidades. Tal como antes, o que determina este conceito é o ser humano e a sua actividade. Repare-se que o consumo não tem de ser material. Um soneto, uma sinfonía, são bens económicos e o acto de os utilizar, contemplando-os ou escutando-os, é consumo. Por outro lado, consumo nada tem a ver com o que normal. mente consideramos «económico» ou com juízos morais. Um eremita que só coma pão, beba água e reze, tem problemas económicos com os três bens que consome: pão, água e tempo. O problema do eremita ou o problema do empresário com duas casas e três carros é, economicamente, do mesmo tipo: um problema de consumo. A nós parece-nos diferente porque ele é social, moral, culturalmente diferente. Mas economicamente o problema é o mesmo: necessidades (diferentes) satisfeitas por consumos (diferentes) de bens (diferentes). Por outro lado, o consumo é a única finalidade do comportamento económico: a satisfação das suas necessidades. Actividades alternativas, como a poupança, o investimento, as exportações, só se entendem economicamente em função do consumo. Uma pessoa ou sociedade só poupa ou investe porque quer ter consumo no futuro, e só exporta porque deseja consumir bens estrangeiros.
  • 10. 10 V) O TEMPO As decisões económicas implicam comportamentos que se repercutem «agora e no futuro». Na verdade, todas as pessoas, ao decidirem como devem usar os bens para consumo hoje, entram em conta com o que prevêem que possa vir a acontecer. Por outro lado, o facto de o futuro ser incerto complica forte- mente essa decisão. Por todas estas razões, o tempo é um dos elementos mais importantes da Economia e mais difíceis de analisar. Assim, e mesmo que, para simplificar, tenhamos que abstrair da sua existência em certas partes da nossa análise, é importante ter consciência da sua presença. Através destas definições de Economia foi possível determinar os principais elementos de uma análise económica. Seguidamente, estes elementos serão observados com mais cuidado, para determinar a sua verdadeira natureza. Começaremos pelas questões metodológicas. 2.2 O problema económico Vimos que a Economia era o estudo da realidade, da realidade toda, de um ponto de vista particular. Mas vimos também que, se toda a realidade pode ser encarada de um ponto de vista económico, nem toda a realidade tem um problema económico. Só existe um problema económico quando existe a necessidade de tomar uma decisão, e esta só aparece quando existe escassez e escolha. Estes casos são aqueles onde a aplicação da análise económica traz algum resultado interessante. Se não, a análise económica dá resultados triviais. Quando não há necessidade de tomar decisões devido à ausência de escassez ou escolha, a análise econômica pode fornecer resultados triviais ou não oferecer insights significativos. Isso ocorre porque a economia se baseia na alocação de recursos limitados para satisfazer necessidades ilimitadas, e é essa tensão entre escassez e escolha que gera os problemas econômicos significativos. Em situações onde os recursos são abundantes em relação às necessidades, não há dilema de alocação. Por exemplo, no caso da respiração, onde o ar é abundante e facilmente acessível, não há necessidade de tomar decisões econômicas sobre sua distribuição ou utilização. Assim, a análise econômica nesse contexto não seria muito relevante, pois não há escassez que exija uma escolha entre alternativas. No entanto, é importante ressaltar que mesmo em situações onde não há problemas econômicos imediatos, a análise econômica ainda pode ser útil para entender melhor os fenômenos sociais, políticos e ambientais. Além disso, ela pode ser aplicada para prever e lidar com possíveis cenários de escassez futura ou para otimizar a alocação de recursos em ambientes onde a escassez pode surgir. Portanto, enquanto a ausência de problemas econômicos pode limitar a aplicabilidade imediata da análise econômica, essa disciplina continua a ser uma ferramenta valiosa para entender e abordar
  • 11. 11 uma ampla gama de questões sociais e políticas em um mundo de recursos finitos e necessidades em constante evolução. 2.3 Soluções do problema 2.3.1 Tradição, autoridade e mercado Vimos até agora os vários aspectos do problema económico. Em cada dia, a cada pessoa, grupo ou sociedade, o problema económico renova-se em cada decisão tomada. Essas decisões individuais, como vimos, inter-relacionam-se fortemente, criando um sistema económico extremamente complexo. Nele, cada um tenta produzir o que melhor sabe fazer e consumir o que mais gosta, atingindo o seu maior bem-estar. Se este é o problema que se põe a cada sociedade, vamos agora ver as várias formas como as sociedades e os agentes o resolvem. Podemos resumir os métodos de solução do problema económico de uma sociedade em três princípios gerais: a tradição, a autoridade e o mercado. Estas palavras têm um sentido técnico diferente do habitual, pelo que é importante definir cuidadosamente o seu significado. I) A TRADIÇÃO Em todas as sociedades, um grande número de regras e costumes tradicionais regula a maior parte das actividades económicas, criando fortíssimas influências religiosas, sociais, culturais sobre todos os aspectos do seu funcionamento. Nas sociedades tradicionais, desde a escolha da profissão, estabelecida por hábitos, castas, corporações ou pela família, até ao preconcedas, qua parte dos bens e aos métodos de comércio, pesos, medidas e moedas, quase tudo estava definido por tradições religiosas, culturais e regionais. Este método de solução económica, que eliminava em muito a necessidade de novas decisões, dava grande estabilidade ao sistema económico, mas reduzia muito a sua flexibilidade e eficiência. Hoje, a tradição tem grande influência na vida económica, não só em casos mais notáveis, como a proibição de matar vacas na India, ou de trabalhar ao domingo em Portugal, mas sobretudo no dia- a-dia de cada sociedade. A tecnologia do queijo da Serra, o sistema da herança, a existência de baldios, são Claras influências culturais e tradicionais na nossa sociedade. A hora a que comemos, a maneira como fazemos negócios, a organização de uma família ou de uma empresa são tudo influências da tradição na sociedade. II) A AUTORIDADE
  • 12. 12 Outro método usado para resolver as questões económicas é o da autoridade, O poder do Estado, do faraó, do do partido, do príncipe, do, do ayatolla, regula de tal forma a actividade económica em certas sociedades que ela pode resolver todo o problema. Os agentes do Estado, sejam os emissários do duque local ou os funcionários do Gosplan, podem chegar a definir o que cada pessoa produz, o que pode vender e o preço dessa venda. Nos nossos dias, e mesmo fora das sociedades de direcção central, a autoridade do Estado tem enorme influência sobre o sistema económico, alterando e impondo decisões aos agentes económicos. Através de impostos e subsídios, mas sobretudo dos efeitos económicos das leis, empresas públicas e acordos internacionais, o Estado resolve muitos dos problemas económicos dos nossos dias'. III) O MERCADO O terceiro sistema, que sempre existiu, mas que só se tornou dominante recentemente, é o mercado. O mercado não é apenas a compra e a venda, mas sim todos os casos onde a decisão é deixada à livre escolha dos interessados. Aeconomia moderna baseia-se na liberdade de iniciativa e no sistema de preços, lucros, prejuízos e incentivos. Nele, cada um tem liberdade, dentro dos costumes e das leis do país, de produzir e consumir o que deseja. A inter-relação dos incentivos gera um sistema que dá solução simples e eficiente para a maior parte dos problemas económicos. Mas há muitos outros «mercados» na sociedade, para além deste. A democracia é um caso de escolha de mercado e até o casamento, hoje, é decidido pelos interessados e, nesse sentido, pode ser considerado um mercado. Estas são as três principais formas de organização do sistema económico. Como vimos, todas as sociedades usam simultaneamente os três métodos, constituindo, por isso, sociedades mistas. O segredo das sociedades modernas, na linha de Smith, é o uso extensivo do mercado, como meio de afectação de recursos e bens e um equilíbrio saudável com a autoridade e a tradição. A liberdade económica, junto com a liberdade política, gerou o sistema económico moderno, a que alguns chamam «capitalismo», e que funciona, nas suas variantes, na totalidade dos países desenvolvidos. 2.4 A cruz marshalliana Depois de termos visto as formas de solução do problema económico, em particular do mercado, vamos dedicar este capítulo ao estudo do instrumento mais utilizado pela Economia para estudar o funcionamento económico. Trata- -se de um gráfico queAlfred Marshall vulgarizou, onde se cruzam duas curvas: a curva da procura e a curva da oferta. Este gráfico, que ficou conhecido como «cruz marshalliana», será muito útil na análise que adiante faremos, mas servirá desde já para clarificarmos o estudo do mecanismo de mercado e do funciona- mento dos incentivos.
  • 13. 13 A ideia básica deste diagrama é a de que um mercado, qualquer mercado, funciona pela interacção de dois lados: os compradores e os vendedores, os consumidores e os produtores. Marshall fazia comparação entre o mercado e uma tesoura: ambos precisavam de duas lâminas para funcionar. 2.4.1. A curva da procura No diagrama marshalliano, a representação dos compradores é feita por um elemento conhecido como curva da procura. Trata-se do lugar geométrico dos pontos de consumo desejado do bem, para cada nível de preços. O traçado da curva da procura faz-se do seguinte modo: em relação a certo bem, pergunta-se a um consumidor quanto está disposto a comprar desse bem se o preço for um dado. Depois, vai-se variando o preço, e refaz-se a pergunta: quanto compraria o consumidor a cada novo preço. Marcando os vários pontos num gráfico como o abaixo, obtemos a curva da procura: preço do bem Curva da procura quantidade de desejado Esta curva pretende captar a subjectividade da escolha dos compradores as suas preferências ou melhor, a utilidade retirada pelo consumidor do consumo do bem. Quanto maior utilidade o consumidor retira do bem, mais ele estará disposto a pagar por esse bem. É claro que a racionalidade esta presente na curva da procura. A resposta do consumidor traduz a quantidade melhor para ele, a cada nível de preço; a quantidade que deseja consumir do bem, de forma a maximizar o seu bem- estar. Se se considerar as várias curvas de procura de um certo bem numa economia, uma para comprador do bem, é possível determinar, para cada preço, qual a quantidade total desejada desse bem por todos os consumidores do bem. Deste modo, passamos das curvas de procura individuais para a curva de procura do mercado. P Consumidor 1 P Mercado Dm D1 Q Q
  • 14. 14 p consumidor 2 D2 Q Olhando para as curvas que traçámos podemos verificar imediatamente uma sua característica óbvia: a curva está sempre a descer. Trata-se daquilo que em Economia se chama lei da procura negativamente inclinada: se o preço de um bem sobe (coeteris paribus), a quantidade procurada desce, e vice-versa. 2.5 Os problemas globais da economia Para terminar esta nossa visão geral dos princípios fundamentais da Economia, temos agora de analisar alguns efeitos especiais dos fenómenos económicos. Como veremos, todos eles têm em comum o estarem relacionados com o global da sociedade. 2.5.1. O todo e as partes Vimos atrás que o mercado, como regulador da actividade económica, sofria de dois grandes problemas: I) CONFLITO EFICIÊNCIA-EQUIDADE Numa dada situação, se se pretender dar a todos uma fatia justa da riqueza nacional, segundo qualquer critério, é preciso alterar as remunerações dos recursos que o mercado define, e que são motivadas pela eficiência. Mas, o bolo fica menor quanto é melhor distribuído. Na verdade, alguns, se virem que os outros ganham o que eles produziram, reduzem a produção, enquanto os outros, que ganham sem produzirem, não vêem razão para o fazer. II) CONFLITO DESENVOLVIMENTO-ESTABILIDADE No sistema de mercado, o desenvolvimento nasce do aparecimento das novas ideias, que concorrem com as que já estavam estabelecidas. Essa concorrência, o sucesso dos vencedores e o falhanço dos vencidos, cria um contínuo tumulto económico. Mas a estabilidade é um valor em si. Portanto só é possível conseguir a estabilidade sacrificando o desenvolvimento. 2.5.2. A actividade do Estado O comportamento do Estado é um dos principais fenômenos com efeitos globais na economia. Enquanto busca intervir na economia para resolver questões sociais, suas próprias ações e existência têm impactos globais significativos.
  • 15. 15 O Estado intervém na economia por meio de sua política econômica, que visa promover eficiência, equidade e estabilidade. Isso envolve gastos governamentais em projetos como infraestrutura, serviços públicos, segurança social e subsídios para desempregados. Além disso, o Estado é responsável por uma ampla gama de funções, desde a legislação e justiça até a defesa do meio ambiente e administração pública. Suas ações se manifestam em políticas nacionais em setores como educação, saúde, defesa, meio ambiente, entre outros. Para financiar suas intervenções, o Estado precisa de recursos, que não produz por si só. Portanto, ele deve obter esses recursos da economia, seja por meio de impostos, empréstimos ou outras formas de captação de recursos. Essas medidas têm importantes efeitos globais na economia, afetando empresas, trabalhadores e o funcionamento geral do sistema econômico. Assim, o comportamento do Estado na economia não apenas busca resolver questões locais, mas também tem repercussões em nível global, influenciando o funcionamento e o equilíbrio do sistema econômico como um todo. I) IMPOSTOS A primeira forma é através de impostos. O Estado, simplesmente, tira dinheiro às pessoas. Quem trata disso é o Ministério das Finanças, que todos os anos apresenta o orçamento de Estado. Os impostos são uma subtracção pura e simples de recursos da Economia, com o fim de permitir ao Estado cumprir as suas funções. Os impostos são a forma mais clara de financiar o Estado, pois neles sente- -se claramente o custo necessário para obter o benefício da acção do Estado. Por outro lado, os impostos em si, mesmo que o dinheiro seja depois destruído, já contribuem para a equidade e a estabilidade da economia. Ao tributar os ricos mais do que os pobres, e ao tributar mais nas alturas em que a economia está próspera do que quando está perturbada, os impostos geram equidade e estabilidade. II) EMISSÃO DE MOEDA O método de financiamento do Estado por meio da emissão de moeda e seus efeitos, bem como os custos associados a essa prática. O Estado, por meio do banco central, tem o poder de emitir nova moeda, o que pode parecer uma solução fácil para financiar programas sociais e promover o desenvolvimento. No entanto, essa prática não é um "almoço grátis", pois tem consequências, principalmente a inflação. A emissão de mais dinheiro sem um aumento correspondente na oferta de bens e serviços leva a um aumento geral nos preços, conhecido como inflação. Embora alguns argumentem que a inflação não é prejudicial, na prática ela funciona como um imposto oculto, desvalorizando o dinheiro que as pessoas têm, em benefício do Estado.
  • 16. 16 Além disso, a inflação pode ser injusta, afetando diferentes grupos econômicos de maneiras diferentes. Enquanto alguns podem se proteger dos efeitos da inflação, outros podem sofrer perdas significativas devido à desvalorização do dinheiro. Portanto, embora a emissão de moeda possa parecer uma solução rápida para financiar as necessidades do Estado, ela vem com custos significativos e potencialmente injustos para a sociedade. 3. Teoria do valor: agentes racionais O estudo do valor parte das decisões dos agentes económicos. Consumidores, empresas, trabalhadores, investidores, são as entidades que, pelas suas escolhas e opções, dão sentido à actividade económica. Por isso, a primeira peça da teoria do valor tem de ser a análise dos fundamentos dessas escolhas. Uns dos grandes grupos podem ser distinguido nessas decisões: os consumidores. 3.1 Teoria do consumidor 3.1.1. Conceito teoria do consumidor é um campo de estudo da economia que analisa o comportamento dos consumidores na escolha de bens e serviços, levando em consideração suas preferências, restrições orçamentárias e o ambiente em que estão inseridos. Os consumidores podem ser indivíduos, famílias, empresas ou mesmo o governo. 3.1.2. Características Dos Consumidores As principais características dos consumidores incluem suas preferências, necessidades, restrições orçamentárias, hábitos de consumo e níveis de renda. Eles são influenciados por diversos fatores, como propaganda, marketing, cultura, renda, preços dos produtos, disponibilidade de crédito, entre outros. 3.1.3. As principais áreas de influência no comportamento dos consumidores na economia As principais áreas de influência no comportamento dos consumidores na economia incluem:  Psicologia do consumidor: estudo do comportamento, preferências e motivações dos consumidores.  Marketing e propaganda: estratégias utilizadas pelas empresas para influenciar adecisão de compra dos consumidores.  Economia comportamental: estudo de como fatores psicológicos afetam as decisões econômicas dos consumidores.
  • 17. 17  Sociologia do consumo: estudo das influências sociais e culturais sobre o comportamento de consumo. 3.1.4. Tipos de Consumidores e As Suas Características Existem diferentes tipos de consumidores, e cada tipo possui características específicos que influenciam suas decisões de compra. Alguns dos principais tipos de consumidores são:  Consumidor racional: busca maximizar sua utilidade e fazer escolhas que o deixem mais satisfeito, levando em consideração seu orçamento e as informações disponíveis sobre os produtos.  Consumidor emocional: toma decisões de compra baseadas em impulsos emocionais, sem considerar racionalmente as consequências.  Consumidor compulsivo: apresenta um comportamento de compra excessivo e descontrolado, muitas vezes associado a problemas psicológicos.  Consumidor consciente: prioriza produtos sustentáveis, éticos e que não causem impactos negativos em meio ambiente.  Consumidor influenciado: é facilmente influenciado por fatores externos, como opiniões de amigos, familiares, celebridades e influenciadores digitais. Em resumo, a teoria do consumidor é essencial para entender o comportamento dos consumidores, suas preferências e os fatores que influenciam suas decisões de compra na economia. É importante que as empresas e os governos levem em consideração essas característicos e influências no desenvolver estratégias de marketing e políticas de consumo. 4. Utilidade Comecemos pela actividade do consumo. Ao estudarmos o problema do consumo, a principal questão, aquela que ocupava a maior parte do tempo dos economistas clássicos, Smith, Ricardo e os seus discípulos, consiste em saber «o que dá o valor às coisas». Porque é que umas coisas valem mais do que as outras e como se sabe quanto? Daqui nasceu aquilo a que esses autores chamavam a teoria do valor. Logo à cabeça, Adam Smith expôs os termos do problema apresentando aquilo a que se chamou o «paradoxo do valor», da água e do diamante. Vejamos o que Smith afirmava: «Nada é mais útil do que a água: mas com ela praticamente nada pode comprar-se; praticamente nada pode obter-se em troca dela. Pelo contrário, um diamante não tem praticamente qualquer valor de uso; no entanto, pode normalmente obter-se grande quantidade de outros bens em troca dele.» [Smith (1779), pág. 117.]
  • 18. 18 Várias propostas foram apresentadas para resolver este problema, quer por Smith, quer pelos seus seguidores, mas nenhuma delas era completamente satisfatória. Só muito mais tarde, na década de 1870, se encontrou a solução, e de tal modo este problema era importante que, ao solucioná-lo, deu- se a grande revolução em Economia, a única alteração que modificou totalmente o rumo da ciência. Após 1870, a estrutura e o espírito da Economia continuaram a ser os de Smith, mas os métodos e os resultados são completamente outros. Esta revolução tem uma história curiosa, pois ela deu-se quando três econo- mistas distintos, sem se conhecerem, e trabalhando separadamente em três locais diferentes, apresentaram quase simultaneamente a mesma ideia que resolve esta questão. O inglês William Jevons na Inglaterra, Carl Menger na Áustria e Léon Walras na Suíça - independentemente apresentaram a mesma ideia. Essa coincidência marcou o início de uma grande revolução na economia, que transformou os métodos e resultados da disciplina. A revolução na economia baseou-se em duas ideias simples, mas transformadoras: o utilitarismo e o marginalismo. A introdução do conceito de utilidade foi uma das ideias essenciais dessa revolução. Reconheceu- se que o valor das coisas está na satisfação que cada ser humano obtém ao utilizá-las. Esse valor é subjetivo e varia de pessoa para pessoa, mas é o que determina o consumo e a valoração dos bens. A utilidade, que é a medida da satisfação proporcionada pelos bens às necessidades humanas, é o único aspecto que todos os bens têm em comum, independentemente de sua natureza. Essa mudança de perspectiva trouxe uma nova abordagem para compreender o valor econômico dos bens, afastando-se das teorias anteriores que buscavam valor intrínseco nas coisas. A ideia de utilitarismo revolucionou a economia ao colocar a satisfação individual no centro da análise econômica, reconhecendo a diversidade de preferências e a subjetividade do valor. Isso permitiu uma compreensão mais dinâmica e flexível do comportamento econômico e da alocação de recursos. 4.1 A decisão do consumidor Na análise econômica, os agentes racionais fazem escolhas com base na utilidade atribuída a cada bem, levando em consideração suas limitações, como o rendimento disponível (R) e os preços dos bens (px, py, etc.). O problema do consumidor é maximizar sua utilidade ao distribuir seu dinheiro entre diferentes bens, buscando obter o maior prazer possível. Isso implica em tomar decisões sobre como gastar cada euro para maximizar a satisfação. Aregra mais razoável é gastar cada euro naquilo que proporciona mais prazer no momento, considerando que a utilidade de cada bem diminui à medida que mais unidades são consumidas (utilidade marginal decrescente). A distinção entre utilidade total e utilidade marginal é crucial: a utilidade total é a satisfação obtida com a quantidade total de um bem consumido, enquanto a utilidade marginal representa o aumento na satisfação ao consumir uma unidade adicional desse bem. Assim, para maximizar a utilidade, o
  • 19. 19 consumidor deve equilibrar a utilidade marginal de cada bem com seu preço, buscando alocar seu rendimento de forma a obter o maior benefício possível. A utilidade marginal é a medida do aumento na satisfação proporcionada pelo consumo de uma unidade adicional de um bem. No caso do consumo de água, a utilidade marginal pode diminuir à medida que mais unidades são consumidas, refletindo a saciedade ou a saturação do consumidor. Por exemplo, os primeiros copos de água podem proporcionar uma grande satisfação, mas conforme mais água é consumida, a utilidade marginal pode diminuir e até mesmo se tornar negativa se o excesso de consumo levar a desconforto ou mal-estar. Uma tabela e gráficos podem ser utilizados para ilustrar como a utilidade total e a utilidade marginal mudam à medida que mais copos de água são consumidos, mostrando a relação entre a quantidade de água consumida e a satisfação obtida. Este exemplo fictício pode ajudar a entender como a teoria econômica analisa o comportamento do consumidor em relação à utilidade e à escassez de recursos. Copos Utilidade Marginal Utilidade Total 1 4 4 2 3 4+3=7 3 2 4+3+2=9 4 -1 4+3+2-1=8 5 -2 4+3+2-1-2=6 A lei da utilidade marginal decrescente afirma que, à medida que se consome mais de um bem, a utilidade de cada unidade consumida desce. Isso reflete uma observação geral do comportamento
  • 20. 20 humano, onde a satisfação obtida com cada unidade adicional de um bem diminui à medida que o consumo desse bem aumenta. Essa lei não é uma regra fixa, pois algumas atividades podem proporcionar mais prazer à medida que são praticadas mais vezes. No entanto, geralmente se aplica ao consumo de bens, onde a satisfação diminui com o consumo sucessivo. O problema do consumidor é definido como um problema de escolha, onde o consumidor tem um recurso limitado (R), que pode ser usado para adquirir diferentes bens (bens 1, 2, 3, ...). Cada bem tem um preço específico (p1, p2, p3, ...) e proporciona uma utilidade diferente ao consumidor. A questão fundamental é determinar qual a combinação de bens que maximiza a satisfação do consumidor dentro das restrições impostas pelo recurso disponível (R). O problema do consumidor, também conhecido como problema geral de alocação, é altamente genérico e pode ser referido como um problema geral de afetação. Ele envolve a alocação de um recurso escasso entre várias opções, cada uma com diferentes custos e utilidades. Essas opções podem incluir diferentes itens para levar em uma viagem de acampamento, atividades para participar em um baile ou como gastar tempo durante um fim de semana. Em todas essas situações, o objetivo é encontrar a combinação ótima de opções que maximize a utilidade dentro das restrições impostas pelo recurso disponível. Aabordagem para resolver problemas de alocação de recursos é semelhante em diferentes contextos. No caso do consumo, onde um determinado rendimento pode ser gasto em vários bens, uma estratégia razoável é gastar dinheiro em um bem até que sua utilidade marginal seja igual ao preço pago por ele. Em outras palavras, a regra de ouro da decisão do consumidor é garantir que a utilidade marginal do último euro gasto em cada bem seja a mesma para todos os bens. Isso é expresso pela equação Umi/Pi = Umj/Pj, onde Umi é a utilidade marginal do bem i e Pi é seu preço. Essa abordagem visa maximizar a utilidade total dentro das restrições do orçamento disponível. Umi/Pi = Umj/Pj = ... = Umz/Pz Para compreender melhor a importância da igualdade da utilidade marginal em diferentes bens, consideremos um exemplo numérico com dois bens (i, j), cada um custando um euro por unidade (Pi = Pj = 1). Suponhamos que a utilidade marginal do último euro gasto em i é 3 e a utilidade marginal do último euro gasto em j é 2. Nesta situação, a regra de ouro não é cumprida, permitindo que o consumidor aumente sua satisfação. Ao gastar um euro adicional em j, ele perde 2 de utilidade, enquanto ao gastá-lo em i, ele ganha 3. Essa melhoria indica que a situação anterior não era a melhor possível. Assim, a igualdade da utilidade marginal dos últimos euros gastos em todos os bens é crucial para maximizar a utilidade total. Enquanto a utilidade marginal do último escudo gasto em i for 3 e em j for 2, o consumidor deve transferir dinheiro do consumo de j para o de i. Isso aumenta a utilidade sem aumentar os gastos,
  • 21. 21 proporcionando um "almoço grátis". No entanto, à medida que mais dinheiro é gasto em i, a utilidade marginal de i diminui devido à lei da utilidade marginal decrescente, enquanto a utilidade marginal de j aumenta à medida que menos é gasto nele. Portanto, as utilidades marginais se equilibram quando aquela que era maior diminui e a que era menor aumenta, parando a transferência quando se tornam iguais. Umi/pi > Umj/pj mas Qi↑ implica Umi↓, Qj↓ implica Umj↑, até que Umi/pi = Umj/pj. Embora a regra de igualar a utilidade marginal do último euro gasto em cada bem seja uma abordagem racional e econômica, nem sempre é possível aplicá-la devido à indivisibilidade de certos bens. Por exemplo, não é possível transferir uma quantia específica de dinheiro de um bem para outro quando os bens são indivisíveis. No entanto, mesmo quando não é possível igualar exatamente as utilidades marginais, a regra sugere que devemos pelo menos aproximá-las tanto quanto possível. O mesmo princípio se aplica à alocação de tempo: procuramos igualar a utilidade do último minuto gasto em cada atividade para tirar o melhor proveito de nosso tempo. Em resumo, a regra de igualar a utilidade marginal é uma regra de escolha racional e econômica que pode ser aplicada a várias decisões da vida cotidiana. A Economia parte do pressuposto de que os agentes são racionais e tomam decisões com base na avaliação das utilidades marginais. No entanto, isso não significa que a Economia considere que as pessoas são máquinas de calcular em sua vida cotidiana. Mesmo sem calcular explicitamente as utilidades marginais, muitos de nós naturalmente tomamos decisões que refletem esse princípio. Por exemplo, decidimos gastar menos em um bem para economizar dinheiro para comprar outro ou trocamos uma atividade por outra para maximizar nossa satisfação. O que determina o valor das coisas não é a utilidade total, mas sim a utilidade marginal da última unidade consumida. Isso reflete a ideia de que o que importa é o valor atribuído à última unidade, não o total consumido. Essa perspectiva destaca a importância da utilidade marginal na determinação do valor das coisas, onde o que importa é o presente, não o passado. Isso também é ilustrado pela teoria da oferta e demanda, onde o preço de um bem é determinado pela interação entre a última unidade procurada e oferecida. O valor das unidades anteriores não é relevante para essa determinação. Ao aplicarmos essa regra da utilidade marginal na análise do valor dos bens, podemos compreender imediatamente o paradoxo do valor identificado por Adam Smith. Ele observou que, embora a
  • 22. 22 utilidade total da água seja muito maior do que a do diamante, a utilidade marginal do diamante é muito superior à da água. Isso ocorre porque, enquanto a água é abundante e essencial para a sobrevivência, os diamantes são escassos e possuem uma demanda muito alta em relação à sua oferta limitada. Portanto, devido à lei da utilidade marginal decrescente, a utilidade adicional de cada diamante extra é significativamente maior do que a utilidade adicional de cada unidade extra de água. O gráfico abaixo ilustra essa relação entre a utilidade marginal e a escassez dos bens. Utilidade marginal A curva Umd < a curva UmA O valor de Umd > o valor de umA UmD Diam. Água UmA D A Note-se que o valor de uso é igual à utilidade que temos em usar o bem, que é a utilidade total. Mas, quem troca um bem, como é racional, só troca as últimas unidades, que são as que valem menos por si. Por isso é que o valor de troca é a utilidade marginal. E este, pois, o essencial desta revolução em Economia, que se passou a chamar revolução marginalista. Mas o mais curioso na história da revolução, e que foi uma surpresa para os três inovadores, Jevons, Menger e Walras, foi a constatação de que estas ideias já tinham sido apresentadas cerca de vinte anos antes por outro autor, na forma de duas leis. Na verdade, Hermann Gossen, um alemão, tinha em 1854 apresentado o que ficou conhecido como as duas leis de Gossen»: Primeira lei de Gossen: À medida que se consome mais do bem, a utilidade de cada unidade adicional consumida desce. Segunda lei de Gossen: O consumidor, para obter o máximo de satisfação, deve consumir até que a utilidade marginal do último escudo gasto em ca da bem seja igual em todos os bens.
  • 23. 23 Estas leis permitem fundar toda a teoria da escolha económica. Inclusiva- mente, algumas das ideias que já vimos podem ser reformuladas nestes no- vos termos. Por exemplo, o conceito de escassez relaciona-se com a utilidade marginal. Um bem não escasso é todo aquele que existe em quantidade tal que a sua utilidade marginal é nula, ou seja, chega e sobra para satisfazer as necessidades. Existirá alguma relação entre a utilidade marginal e a curva da procura que vimos atrás? A curva da utilidade marginal representada abaixo, significa, co- mo sabemos, a utilidade de cada unidade adicional do bem, que é também o valor atribuído pelo consumidor a essas unidades. A curva da procura define, como vimos atrás, a quantidade de bem que o consumidor está disposto a comprar a cada preço. Mas o consumidor só está disposto a pagar porque retira do bem utilidade. No fundo as duas coisas são o mesmo. A diferença reside em que a primeira curva representa o valor do bem medido em utilidade, enquanto a segunda mede esse valor em dinheiro. Aliás, encontramos agora a verdadeira razão da lei da procura negativamente inclinada. Ela é causada pela primeira lei de Gossen, a lei da utilidade marginal decrescente: dado que a utilidade adicional do bem vai decrescendo com a quantidade, o agente só está disposto a pagar menos por cada unidade se comprar maiores quantidades. Hermann Heinrich Gossen (1810-1858) Foi um economista sobre o qual pouco se sabe de sua vida. Estudou Direito em Bona e Berlim e trabalhou como funcionário público. Em 1854, publicou o livro "Entwicklung der Gesetze des menschlichen Verkehrs und der daraus fließenden Regeln für menschliches Handeln" (Desenvolvimento das Leis das Relações Humanas e das Regras de Ação Decorrentes Delas). O autor estava convencido de que essa obra representava uma revolução na história da Economia, equiparando-a à de Copérnico na Astronomia. Porém, o livro foi ignorado pelos economistas da época, e as cópias não vendidas foram destruídas pelo autor. Mais tarde, os economistas reconheceram o valor das ideias de Gossen, que precederam as dos marginalistas por vários anos.
  • 24. 24 Mas esta constatação lembra-nos um problema resultante do facto de ser a margem a definir o valor dos bens. Na verdade, se o valor (o preço) do bem é igual à utilidade marginal, então o que se paga por um bem não representa o que ele, em média, vale, mas sim o que a última unidade vale. Logo o que se compra vale mais do que se paga. Alfred Marshall, o grande mestre de que já falámos atrás, referiu-se a este aspecto dizendo que existia um excedente do consumidor. Vejamos um exemplo para esclarecer. Considere-se a curva da procura de um bem abaixo desenhada (que já sabemos que é equivalente, no espaço do dinheiro, à curva de utilidade marginal). O facto de o consumidor estar disposto a pagar 10 euros pela primeira unidade, 8 pela segunda, e 6 pela terceira e 4 pela quarta representa o valor que ele atribui a essas quantidades. Mas, como o preço é de 4 euros, isso quer dizer que ele vai comprar as quatro unidades todas ao preço de 4 euros. Mas nesse caso ele ganhou com a troca, pois a primeira unidade custou-lhe 4 euros e valia 10, a segunda também custou 4 euros e valia 8, e a terceira custou outros 4 euros e valia 6. Este é o excedente do consumidor: preço (10 − 4) + (8 − 4) + (6 − 4) + (4 − 4) 10 − 9 − 8 − 7 − 6 − 5 − P = 4 − 3 − 2 − 1 − Quantidade 1 2 3 4 Graficamente, a área abaixo da curva da procura representa o total do valor em euros (na curva da utilidade marginal apareceria em medida de utilidade) que o bem tem para o consumidor. Tirando a parte que o consumidor pagou, temos um ganho puro. Uma parte que não se pagou, e se recebeu. O gráfico seguinte ilustra a representação destas componentes.
  • 25. 25 p ⇒ = D2 Q Curva da procura ganho total custo total Note-se que se paga menos do que se dá (recebe-se o trapézio e só se paga o rectângulo: o triângulo do excedente é grátis). É por esta razão que a troca é benéfica. O que se dá é menos que o que se recebe. Aliás se não fosse assim não se dava a troca. Os dois lados ganham. O excedente do consumidor tem muito interesse em certos bens especiais. Por exemplo, no caso da água, onde as curvas da utilidade marginal e da pro- cura são muito altas e, como a quantidade é grande, o seu preço é baixo, o excedente do consumidor é muito grande. O gráfico abaixo, repetido da análise que fizemos atrás, mostra claramente que é da diferença dos excedentes do consumidor que nasceu o paradoxo de Smith. Utilidade marginal Excedente de consumidor UmD UmA Água Diam. Q A D Por outro lado, para decidir sobre a produção de bens públicos, o excedente do consumidor é uma noção essencial. Quando se constrói uma estrada, por exemplo, como não se vai pagar nada para a usar, o preço é zero. Parece almoço grátis, mas o Estado tem de pagar. Assim, o custo da construção da estrada é claro, mas é difícil avaliar o seu benefício. Daí a única maneira de saber quanto vale a estrada é calcular o excedente do consumidor. E o excedente que deve ser comparado com o custo para ver se vale a pena'. Daqui se vê o grande interesse que é viver em sociedade. Existe uma enorme quantidade de coisas que nos são indispensáveis (o seu excedente é enorme), mas pagamos por elas muito pouco. Esses almoços grátis, que a sociedade toda paga (pagamos com os impostos), são
  • 26. 26 muito valiosos e constituem uma das grandes vantagens de viver em comunidade, embora no dia-a- dia pouca atenção lhes prestemos. Bibliografia Moura, op. cit, cap. 5. Samuelson e Nordhaus, op. cit., cap. 5 Sousa, op. cit, cap. IV, 1-6. 4.2 A análise moderna do consumidor Aanálise que vimos atras resolve o problema do consumidor, mas um inconveniente grave: obrigava a medir a utilidade. Embora todos nós tenhamos claramente a sensação a da utilidade, senão mesmo impossibilidade em medir exatamente esse fenómeno. Quem pode afirmar que ao comer um pão, ele lhe da o dobro da utilidade se tiver manteiga? Ou será triplo? A utilidade, embora seja um fenómeno muito real e papável, não pode ser medida por termómetros, réguas ou pesos. Por essa razão, a geração de economistas que se seguiu a Jevons, Menger e Walras abordou e resolveu o problema da medição da utilidade. Edgeworth e Pareto foram os principais responsáveis por esse trabalho. A ideia destes dois autores é muito engenhosa: como só existe problema económico quando há alternativas, pelo menos duas, não interessa saber "quanto vale» cada uma das alternativas, mas «qual é a melhor». Assim, mais do que a valorização individual de cada bem, só interessa a ordem de preferências». Perante dois bens (por exemplo livros e pão), o que é preciso saber é qual avaliação relativa dos vários «cabazes» dos dois bens. A avaliação absoluta de um bem não tem significado, em Economia, porque a economia só existe quando há alternativas, trocas, e para isso só é preciso comparar e não avaliar absolutamente Vamos ver um exemplo, para esclarecer. Suponhamos que o consumidor tem um certo montante de cada um dos bens (pão e livros). Chamemos a esses montantes concretos dos dois bens um «cabaz>> e representemo-lo num gráfico pelo ponto A. livro A Pão
  • 27. 27 Quais são os outros conjuntos (livros, pão) que, para um certo consumidor, são «indiferentes>> aos montantes de livros e pão representados no ponto A, ou seja, que lhe dão a mesma utilidade? Ou, noutros termos, se lhe tirarem um livro, têm de lhe dar mais pão para ele ficar igual. Quanto mais pão? Se, por exemplo, for necessário dar mais 3 pães para o compensar da perda do livro, ele passa para o ponto B, ficando com igual utilidade. Logo, o ponto B é igual em utilidade, «indiferente» ao ponto A. livros A B pão 3 Repare-se que o que é necessário que o consumidor saiba é quanto vale, para ele, um livro em relação ao pão. Ele ignora o valor absoluto, mas pode saber de quanto pão precisa para o compensar da perda do livro. A avaliação é, pois, relativa. E agora, se lhe tirarem mais um livro, ele quererá um aumento do consumo de pães de mais ou menos que 3? Mais, pois o livro agora vale mais, e o pão vale menos que antes. Sabemos isto pela lei da utilidade marginal decrescente (1ª lei de Gossen). Quanto menos livros tem, mais pães lhe têm de dar para ficar igual. Em Economia chama-se a esta a lei da substituição, a qual resulta do facto de, quanto menos livros se tem, maior é a utilidade marginal do livro, pela lei de Gossen. 5. Elasticidade Elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma variável econômica em relação a uma mudança em outra variável. Ela é utilizada para medir a proporção em que a quantidade demandada ou ofertada de um bem ou serviço se altera em resposta a uma mudança de preço, renda ou qualquer outra variável. Existem diversos tipos de elasticidade, sendo os principais:  Elasticidade-preço da demanda: medida pela variação percentual ria quantidade demandada de um bem em resposta a uma variação percentual no preço. Se a elasticidade-preço da demanda for maior do que 1, diz-se que a demanda é elástica, ou seja, a quantidade demandada varia mais do que proporcionalmente à variação no preço. Se for menor do que 1, a demanda é inelástica.
  • 28. 28  Elasticidade-preço da oferta: medida pela variação percentual na quantidade ofertada de um bem em resposta a uma variação percentual no preço. A interpretação é semelhante à elasticidade-preço da demanda, sendo que uma elasticidade-preço da oferta maior do que l indica uma oferta elástica e menor do que I indica uma oferta inelástica.  Elasticidade-cruzada da demanda: medida pela variação percentual na quantidade demandada de um bem em relação a uma variação percentual no preço de outro bem. A elasticidade-cruzada é positiva se os bens são substitutos e negativa se são complementares.  Elasticidade-renda da demanda: medida pela variação percentual na quantidade demandada de um bem em relação a uma variação percentual na renda do consumidor. Ela pode ser positiva (bem normal) ou negativa (bem inferior). A elasticidade é crucial para entender a comportamento dos consumidores e produtores, bem como para auxiliar na formulação de políticas econômicas eficazes. Elasticidade Preço da Procura Vejamos primeiro a resposta da procura do consumidor a variações de preços: A elasticidade preço da procura (por vezes designada simplesmente elasticidade preço) mede a variação da quantidade procurada de um bem quando o seu preço varia. A definição precisa de elasticidade é a variação percentual da quantidade procurada dividida pela varia ção percentual do preço. As elasticidades preço dos bens, ou sensibilidade às variações do preço, são muito variadas. Quando a elasticidade preço de um bem é elevada, dizemos que o bem tem uma procura elástica, o que significa que a quantidade da sua procura responde fortemente às variações do preço. Quando a elasticidade de um bem é fraca diz -se «inelástico pois a quantidade da sua procura responde fracamente às variações do preço. A procura de bens de primeira necessidade como alimentos, gás, sapatos e medicamentos receitados tende a ser rígida. Esses bens são básicos e não se pode facilmente prescindir deles quando os seus preços aumentam. Pelo contrário, outros bens podem substituir artigos de luxo como férias na Europa, uisque escocês de 17 anos ou fatos italianos, quando estes sobem de preço. O tempo que os indivíduos levam a responder às variações de preço também tem importância. Um bom exemplo é da gasolina. Suponha que esta em viagem quando o preço da gasolina aumenta
  • 29. 29 repentinamente. É previsível que venda o seu carro e que termine as ferias? Claro que não. Por isso, no curto prazo, a procura de gasolina pode ser muito rígida. No longo prazo, contudo, pode ajustar o seu comportamento ao preço mais elevado da gasolina. Pode comprar um carro mais pequeno e mais eficiente no consumo, andar de bicicleta, apanhar o comboio, ir viver mais perto do emprego ou partilhar o carro com os amigos. A capacidade para ajustar os padrões de consumo implica que as elasticidades da procura sejam em geral maiores no longo prazo do que no curto prazo. Factores económicos determinam a dimensão das elasticidades preço dos vários bens: as elasticidades tendem a ser maiores quando os bens são de luxo, quando há substitutos e quando os consumidores tem mais tempo para ajustar o seu comportamento. Cálculo de Elasticidades Podemos calcular a elasticidade se pudermos observar qual a variação da quantidade procurada quando o preço se altera. A definição precisa de elasticidade preço Ep é a variação percentual da quantidade procurada dividida pela variação percentual do preço. Por conveniência ignoramos o sinal de menos, pelo que as elasticidades são sempre positivas. Podemos calcular numericamente o coeficiente da elasticidade preço de acordo com a fórmula seguinte: 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎 (𝐸𝐷) = 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 Agora podemos ser mais precisos quanto às diferentes categorias de elasticidade preço: Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação superior a 1% na quantidade procurada, o bem tem uma procura elástica em relação ao preço. Por exemplo se do aumento de 1% do preço resulta uma redução de 5% na quantidade procurada, o bem tem uma procura com elasticidade preço muito elevada. Quando a uma variação de 1% no preço corresponde uma variação inferior a 1% na quantidade procurada, o bem tem uma procura rígida em relação ao preço. Isto ocorre, por exemplo, quando de um aumento de 1% no preço resulta apenas 0,2% de diminuição da procura. Um caso especial importante é o da procura com elasticidade unitária que ocorre quando a percentagem de variação da quantidade é exatamente a mesma da percentagem de variação do preço. Neste caso, um aumento de 1% do preço resulta numa redução de 1% da procura. Veremos mais tarde que está condição implica que a despesa total na mercadoria (que é igual a PQ se mantém igual mesmo quando o preço varia.
  • 30. 30 Para ilustrar o cálculo de elasticidades, examinemos o caso simples da resposta das compras a um aumento de preço mostrado na Figura 4-1. Na situação de partida, o preço estava em 90 e a quantidade procurada era de240 unidades. Um aumento de preço para 110 levou os consumidores a reduzir as suas compras para 160 unidades. Na Figura 4-1, os consumidores estavam originalmente no ponto A, mas quando o preço aumentou moveram-se ao longo da curva da procura para o ponto B.O Quadro 4-1 mostra como se calcula a elasticidade preço. O aumento do preço é de 20% sendo a resultante redução da quantidade de 40%. A elasticidade preço da procura é evidentemente de 𝐸𝐷 = 40/20 = 2. A elasticidade preço é maior do que 1 apresentando este bem, portanto, uma procura elástica em relação ao preço na região de A a B. FIGURA 4-1. A procura elástica apresenta uma resposta forte da quantidade à variação do preço. O equilíbrio de mercado está originalmente no ponto A. Em resposta ao aumento de 20% do preço, a quantidade procurada diminui 40%, para o ponto B. A elasticidade preço é 𝐸𝐷 = 40/20 = 2. A procura é, portanto, elástica na região A a B. Caso A: Preço = 90 e quantidade = 240 Caso B: Preço = 110 e quantidade = 160 Variação percentual do preço = ∆P / P = 20/100 = 20% Variação percentual da quantidade = ∆Q / Q = - 80/200 = -40% Elasticidade preço = 𝐸𝐷 = 40/20 = 2 QUADRO 4-1. Exemplo de um bem com procura elástica Considere a situação em que o preço aumenta de 90 para 110. De acordo com a curva da procura, a quantidade procurada cai de 240 para 160. A elasticidade preço é o quo- ciente entre a variação percentual da quantidade e a variação percentual do preço. Eliminamos o sinal negativo dos valores de modo que todas as elasticidades são positivas.
  • 31. 31 Na prática, o cálculo de elasticidades é de certa forma complicado, sendo de salientar três pontos importantes em que tem de ter especial cuidado. 1. Repare que retirámos os sinais negativos dos valores, tratando assim todas as variações percentuais como positivas. Isso quer dizer que todas as elasticidades são positivas ainda que os preços e as quantidades pro- curadas se desloquem em direcções opostas devido à lei da inclinação negativa da procura. 2. Note que a definição de elasticidade usa a variação percentual do preço e da procura em vez da variação absoluta. Isto significa que uma alteração das uni dades de medida não afecta a elasticidade. Deste modo, quer os preços sejam em cêntimos ou em euros, a elasticidade preço mantém-se igual. 3. Repare que se usa a média para o cálculo das variações percentuais do preço e da quantidade. A fórmula para uma variação percentual é ∆P/P. O valor de ∆P, no Quadro 4-1, é obviamente 20 =110 - 90. Mas não é imediatamente claro qual o valor que devemos usar para P no denominador. É o valor inicial de 90, o valor final de 110, ou algum valor intermédio? Para variações percentuais muito pequenas, tais como de 100 para 99, é quase indiferente se usarmos 99 ou 100 no denominador. Mas, para grandes variações, a diferença é significativa. Para evitar a ambiguidade, tomamos sempre como preço base do cálculo das variações percentuais o preço médio. No Quadro 4-1, escolhemos a média dos dois preços [P= (90+110) /2=100] como a base ou denominador da fórmula da elasticidade. Da mesma forma, usámos a quantidade média [Q = (160 + 240) / 2 = 200] como a base para medida quantidade. A fórmula exacta para o cálculo da elasticidade é portanto: 𝐸𝐷 = ∆𝑄 (𝑄1 + 𝑄2) 1 2 ÷ ∆𝑃 (𝑃1 + 𝑃2) 1 2 em que 𝑄1 𝑒 𝑃1 representam o preço e a quantidadeoriginais e 𝑄2 𝑒 𝑃2 representam os novos preços e quantidade. Elasticidade Preço em Gráficos Também é possível determinar elasticidades preço graficamente. A Figura 4-2 ilustra os três casos de elasticidades. Em cada caso, o preço é reduzido para metade e os consumidores variam a sua quantidade procurada de A para B. Na Figura 4-2 (a), a redução para metade do preço fez triplicar a quantidade procurada. Como no exemplo na Figura 4-1, este caso mostra uma procura elástica em relação ao preço. Na Figura 4-2 (c), a redução para metade do preço levou a um aumento de apenas 50% na quantidade procurada, pelo que este é o caso de uma procura rígida. O caso fronteira de uma procura com elasticidade
  • 32. 32 unitária é mostrado na Figura 42(b) neste exemplo, a duplicação da quantidade procurada é exatamente igual à redução para metade do preço. A Figura 4-3 apresenta os casos extremos importantes em que as procuras são infinitas ou nulas, ou totalmente elásticas ou totalmente rígidas. Procuras totalmente rígidas, ou com elasticidade preço igual a zero, são aquelas em que a quantidade procurada não tem qual quer resposta a variações de preço; a uma tal procura corresponde uma curva de procura vertical. Pelo contrário, quando a procura é infinitamente elástica, uma ligeira variação no preço levará a uma variação infinitamente grande da quantidade procurada, tal como na curva de procura horizontal da Figura 4-3. FIGURA4-3. Procuras totalmente elástica e totalmente rigidaOs exemplos extremos de procura são as curvas verticals,que representam procuras perfeitamente rígidas (𝐸𝐷 = 0) e curvas de procura horizontais, que representam procuras perfeitamente elásticas (𝐸 𝐷 = ∞) Elasticidade Não É o Mesmo que Inclinação Temos sempre de estar atentos para não confundir a elasticidade de uma curva com a sua inclinação. Esta distinção é facilmente perceptivel quando examinamos as rectas correspondentes às curvas de procura que se encontram frequentemente nos exemplos ilustrativos. Com frequência representamos
  • 33. 33 as curvas de procura como rectas porque são mais fáceis de desenhar. Pelo que é natural que se pergunte: qual é a elasticidade preço de uma curva de procura! Acontece que a resposta a esta questão é surpreendente. Ao longo de uma curva de procura que tem a forma de uma linha recta, a elasticidade preço varia de zero a infinito! O Quadro 4-2 dá um conjunto detalhado de cálculos de elasticidade usando a mesma técnica do Quadro 4-1. Este quadro mostra que as curvas de procura linear começam com elevada elasticidade preço, onde o preço é elevado e a quantidade pequena, e acabam com uma elasticidade pequena, onde o preço é pequeno e a quantidade grande. Isto ilustra um ponto importante. Quando vê uma curva da procura num gráfico, não é verdade, em geral, que uma inclinação pronunciada de uma curva signifique uma procura rígida ou que uma inclinação suave signifique uma procura elástica. A inclinação não é o mesmo que elasticidade porque a inclinação da curva da procura depende das variações de P e de Q. enquanto que a elasticidade depende das variações percentuais de P e de Q. As únicas excepções são os casos extremos de procuras completamente elisticas ou completamenta rígidas. Uma forma de o verificar é examinando a Figura 4-2 (b). Esta curva da procura não é clara mente uma linha recta com uma inclinação constante. E, no entanto, tem uma elasticidade de procura constante de 𝐸𝐷 = 1, dado que a variação percentual do preço é sempre igual à variação percentual da quantidade. Por isso, lembre-se: a elasticidade é definitivamente diferente da inclinação. QUADRO 4-2. Cálculo da elasticidade preço ao longo de uma curva de procura linear ∆P representa a variação no preço, i. e., ∆𝑃 = 𝑃2 − 𝑃1, enquanto ∆𝑄 = 𝑄2 − 𝑄1. Para calcular a elasticidade numérica, a variação percentual do preço é igual à variação do preço ∆𝑃 dividida pelo preço médio [(𝑃2 + 𝑃1)/2]; a variação percentual do produto é calculada como ∆𝑄 dividida pela quantidade média [(𝑄2 + 𝑄1 )/2]. Considerando todos os valores como positivos, o quociente
  • 34. 34 resultante dá o valor da elasticidade preço da procura, 𝐸𝐷. Note que para uma linha recta a elasticidade é elevada no topo, reduzida em baixo e exactamente igual a 1 no meio. AFigura 4-4 ilustra o erro de confundir inclinação com elasticidade. Esta figura apresenta uma curva da procura linear ou recta. Dado que é linear, tem sempre a mesma inclinação. Mas no cimo da recta, perto de A. tem uma variação percentual do preço muito pequena e uma variação percentual da quantidade muito grande, sendo a elasticidade extremamente grande. Portanto, a elasticidade preço é relativamente elevada quando esta mos no topo da curva linear DD. Inversamente, quando estamos na parte inferior da curva da procura linear, a elasticidade preço é menor do que 1. Perto do eixo horizontal a elasticidade preço é próxima de zero. FIGURA 4-4. Inclinação e elasticidade não são a mesma coisa Todos os pontos de uma recta têm a mesma inclinação. Mas acima do ponto médio a procura é elástica; abaixo dele. a procura é rígida, no ponto central a procura tem uma elasticidade unitária. Apenas no caso de curvas verticais ou horizontais, mostradas na Figura 4-3, pode inferir-se a elasticidade preço tendo apenas em conta a inclinação. Acima do ponto médio M de qualquer linha recta,a procura é elástica, com 𝐸𝐷> 1 . No ponto central, a procura tem uma elasticidade unitária, com 𝐸𝐷= 1 Abaixo do ponto médio, a procura é rígida, com 𝐸𝐷 < 1. Em resumo, enquanto que os casos extremos de procura perfeitamente elástica e perfeitamente rígida podem ser determinados a partir apenas das inclinações das curvas de procura, para os casos intermédios, que correspondem praticamente a todos os bens, as elasticidades não podem ser deduzidas apenas das inclinações. (Veja na Figura 4-5 uma forma de calcular a elasticidade a partir de um gráfico.) Elasticidade-Renda Lembre-se de que a elasticidade-preço da demanda é definida como: 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎 (𝐸𝐷) = 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑐𝑢𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜
  • 35. 35 Isso proporciona uma medida independente de unidade de como a quantidade demandada reage à variação no preço. A elasticidade-renda da demanda é utilizada para descrever como a quantidade demandada reage à variação na renda; sua definição é: 𝑒𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 − 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 = 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑟𝑒𝑛𝑑𝑎 Lembre-se de que o bem normal é aquele no qual o aumento da renda provoca o aumento da demanda; assim, para esse tipo de bem a elasticidade-renda da demanda é positiva. O bem inferior é aquele no qual o aumento na renda leva à diminuição da demanda; para esse tipo de bem, a elasticidade-renda da demanda é negativa. Os economistas usam às vezes o termo bens de luxo. São bens cuja elasticidade-renda da demanda é maior que 1: um aumento de 1% na renda conduz a um aumento de mais de 1% na demanda de um bem de luxo. No entanto, como regra de ouro, as elasticidades-renda tendem a aglomerar-se em torno de 1. Podemos ver a razão disso pelo exame da restrição orçamentária. Escrevamos as restrições orçamentárias de dois níveis diferentes de renda: 𝑝1𝑥1 ′ + 𝑝2𝑥2 ′ = 𝑚′ 𝑝1𝑥1 0 + 𝑝2𝑥2 0 = 𝑚0 Subtraiamos agora a segunda equação da primeira e façamos com que ∆ represente as diferenças, como de hábito: 𝑝1∆𝑥1 + 𝑝2∆𝑥2 = ∆𝑚 Agora multipliquemos e dividamos o preço i por x₁/x, e dividamos ambos os lados por m: 𝑝1𝑥1 𝑚 ∆𝑥1 𝑥1 + 𝑝2𝑥2 𝑚 ∆𝑥2 𝑥2 = ∆𝑚 𝑚 Por fim, dividamos ambos os lados por ∆𝑚 𝑚 e utilizemos 𝑆₁ = 𝑝1𝑥1 𝑚 para representar a parcela de gasto do bem i. Isso fornece nossa equação final, 𝑆1 ∆𝑥1/𝑥1 ∆𝑚/𝑚 + 𝑆2 ∆𝑥2/𝑥2 ∆𝑚/𝑚 = 1 A equação diz que a média ponderada das elasticidades-renda é 1, em que os pesos são as parcelas de gasto. Os bens de luxo que têm uma elasticidade-renda maior do que 1 têm de ser contrabalançados por bens que tenham elasticidade-renda inferior a 1 para que, "na média", as elasticidades-renda sejam de aproximadamente 1. Elasticidade-Cruzada da Demanda
  • 36. 36 A elasticidade cruzada da demanda é um conceito utilizado na economia para medir a sensibilidade da quantidade demandada de um determinado hem em relação à variação do preço de outro bem relacionado. Em outras palavras, a elasticidade cruzada da demanda indica como a demanda de um bem é afetada pela variação no preço de um bem relacionado. Características da elasticidade cruzada da demanda: 1. Se a elasticidade cruzada for positiva, os bens são considerados substitutos, o que significa que um aumento no preço de um bem leva a um aumento na demanda do outro bem. 2. Se a elasticidade cruzada for negativa, os bens são considerados complementares, o que significa que um aumento no preço de um hem leva a uma redução na demanda do outro bem. 3. Se a elasticidade cruzada for igual a zero, os bens são considerados independentes, o que significa que o preço de um bem não afeta a demanda do outro. A fórmula para calcular a elasticidade cruzada da demanda é a seguinte: 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑐𝑟𝑢𝑧𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑎 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 = (% 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎𝑑𝑎 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑋) (% 𝑑𝑒 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑜 𝑏𝑒𝑚 𝑌) Portanto, para calcular a elasticidade cruzada da demanda, é preciso observar as variações percentuais na quantidade demandada do bem X em relação ao preço do bem Y. A interpretação do valor obtido irá indicar o tipo de relação entre os bens (substitutos, complementares ou independentes). Para calcular a elasticidade cruzada da demanda, siga os seguintes passos: 1. Determine a variação percentual na quantidade demandada do bem X. Você pode calcular isso usando a fórmula: Variação percentual na quantidade demandada do bem 𝑋 = ((𝑄2 − 𝑄𝐼)/𝑄𝐼) ∗ 100 Onde: Q1 = quantidade demandada inicial do bem X Q2 = quantidade demandada final do bem X 2. Determine a variação percentual no preço do bem Y. Você pode calcular isso usando a fórmula: Variação percentual no preço do bem Y = ((P2 - PI)/P1)*100 Onde: PI = preço inicial do bem Y. P2 = preço final do bem Y
  • 37. 37 3. Por fim, utilize os valores obtidos nas etapas l e 2 na fórmula da elasticidade cruzada da demanda: Elasticidade cruzada da demanda = (Variação percentual na quantidade demandada do bem X/ Variação percentual no preço do bem Y) Com esses cálculos, você conseguirá determinar a elasticidade cruzada da demanda entre os bens X e Y, e interpretar se são substitutos, complementares ou independentes. Elasticidade e Receita Muitas empresas querem saber se aumentando os preços irão aumentar ou diminuir a receita. Esta é uma questão de importância estratégica para actividades como companhias aéreas, equipas de futebol e revistas, que têm de decidir se é compensador aumentar os preços e se um preço maior faz com que a procura diminua. Vejamos a relação entre a elasticidade preço e a receita total. A receita total é por definição igual ao preço vezes a quantidade (ou 𝑃 × 𝑄) . Se os consumidores compram 5 unidades a €3 cada, a receita total é €15. Se conhecera elasticidade preço da procura sabe o que acontece à receita total quando o preço se altera: 1. Quando a procura é rígida em relação ao preço, uma redução do preço reduz a receita total. 2. Quando a procura é elástica em relação ao preço, uma redução do preço aumenta a receita total. 3. No caso fronteiro de procura com elasticidade unitária, uma redução do preço não tem qualquer efeito na receita total. Actualmente, o conceito de elasticidade preço é largamente utilizado pelas empresas que querem dividir os clientes em grupos com diferentes elasticidades. Esta técnica tem sido largamente aplicada pelas companhias aéreas (veja a caixa seguinte). Outro exemplo são as empresas de programação que têm uma grande varie dade de preços para os seus produtos numa tentativa de explorar diferentes elasticidade. Por exemplo, se alguém esta desesperadamente a pretender comprar um sistema operativo, a sua elasticidade é pequena e o vendedor lucrará em cobrar-lhe um preço relativamente elevador. Pelo contrário, se não tiver muita pressa em fazer uma melhoria do sistema, pode procurar à sua volta o melhor preço, e a sua elasticidade é elevada. Neste caso, o vendedor deverá encontrar uma forma de realizar a venda cobrando um preço relativamente baixo. quadro
  • 38. 38 Elasticidade Preço da Oferta Claro que o consumo não é a única coisa que varia quando os preços aumentam ou diminuem. As empresas também reagem aos preços nas suas decisões sobre a quantidade a produzir. Os economistas definem a elasticidade preço da oferta como o grau de resposta da quantidade oferecida de um bem ao seu preço de mercado. Mais precisamente, a elasticidade preço da oferta é a variação percentual da quantidade oferecida dividida pela variação percentual do preço do bem. Tal como nas elasticidades da procura, há casos extremos de forte e fraca elasticidade da oferta. Suponha que a quantidade oferecida é perfeitamente fixa, como no caso do peixe fresco levado ao mercado para ser vendido independentemente do preço que venha a ser estabelecido. Este é o caso limite de elasticidade zero, ou oferta perfeitamente rígida, cuja curva de oferta é vertical. No outro extremo, admita que uma ínfima redução no preço faz com que a oferta seja nula e um ligeiro aumento de preço provoca um aumento infinitamente grande da oferta. Neste caso, o quociente entre a variação percentual da quantidade oferecida e a variação percentual do preço é muito grande e origina uma curva de oferta horizontal. Este é o caso extremo de oferta infinitamente elástica. Entre estes extremos, dizemos que a oferta é elástica ou rígida conforme o aumento percentual da quantidade é maior ou menor do que a variação percentual de preço. No caso fronteiro da elasticidade unitária, em que a elasticidade preço da oferta é igual a 1, o aumento percentual da quantidade oferecida é exactamente igual ao aumento percentual do preço. Pode verificar rapidamente que estas definições de elasticidade preço da oferta são exactamente as mesmas da elasticidade preço da procura. A única diferença é que, para a oferta, a resposta da quantidade em relação do preço e positiva enquanto que, para a procura, a resposta é negativa. A definição exacta da elasticidade preço da oferta. 𝐸𝑠 é a seguinte: 𝐸𝑙𝑎𝑠𝑡𝑖𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 𝑑𝑎 𝑜𝑓𝑒𝑟𝑡𝑎 (𝐸𝑠) = 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑛𝑎 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑜𝑓𝑒𝑟𝑒𝑐𝑖𝑑𝑎 𝑣𝑎𝑟𝑖𝑎çã𝑜 𝑝𝑒𝑟𝑐𝑒𝑛𝑡𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑒ç𝑜 A Figura 4-6 apresenta três casos importantes de elasticidade da oferta: (a) a curva da oferta vertical correspondente a uma oferta perfeitamente rígida, (c) a curva da oferta horizontal, representando uma oferta perfeita mente elástica e (b) um caso intermédio de linha recta. passando pela origem, que ilustra o caso fronteira de elasticidade unitária. Quais os factores que determinam a elasticidade da oferta? O principal factor que influencia a elasticidade da oferta é a facilidade com que a produção do sector de actividade pode ser expandida. Se todos os factores de produção podem ser facilmente encontrados aos preços correntes de
  • 39. 39 mercado, como no caso da indústria têxtil, então a produção pode ser fortemente aumentada com um pequeno aumento do preço. Isto significaria que a elasticidade da oferta é bastante grande. Por outro lado, se a capacidade de produção é fortemente limitada, como no caso das minas de ouro, então até mesmo aumentos acentuados do preço do ouro não produzem senão uma pequena resposta da produção de ouro; tratar-se-ia de uma oferta rígida. Um outro factor importante nas elasticidades da oferta é o período de tempo a considerar. Uma dada variação do preço tende a ter um maior efeito na quantidade oferecida à medida que aumenta o tempo de resposta dos produtores. Em períodos de tempo muito curtos após o aumento de preço, as empresas podem ser incapazes de aumentar os seus factores de produção de trabalho, matérias- primas e capital, de modo que a oferta pode ser bastante rígida em relação ao preço. Contudo, quando, com o passar do tempo, as empresas podem contratar mais trabalhadores, construir novas fábricas e expandir a capacidade, as elasticidades da oferta aumentarão. Podemos usar a Figura 4-6 para ilustrar como a oferta pode modificar-se ao longo do tempo no caso da pesca. A curva (a) pode corresponder à oferta de peixe fresco que chega ao mercado, em que é submetido a leilão e é vendido por qualquer que seja o preço. A curva (b) pode Pode calcular a elasticidade de uma curva de oferta que não seja uma recta do seguinte modo: (a) desenhe a recta que é tangente à curva num ponto e (b) calcule a elasticidade da recta tangente. FIGURA 4-6. A elasticidade da oferta depende da resposta dos produtores ao preço Quando a oferta é fixa, a elasticidade da oferta é zero, como na curva (a). A curva (c) apresenta uma resposta infinitamente grande da quantidade a variações do preço. O caso intermedio (b) verifica-se quando as variações percentuais da quantidade e do preço são iguais. corresponder ao prazo de cerca de um ano, com uma dada capacidade da frota pesqueira e antes que novos trabalhadores sejam atraídos para o sector. A longo prazo, com a construção de novos barcos
  • 40. 40 de pesca, com a contratação de novos pescadores e a construção de novas instalações de criação de peixe em cativeiro, a oferta de peixe pode tornar-se muito elástica em relação ao preço. como no caso (c) da Figura 4-6.