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INTRODUÇÃOAO MÉTODOAUSTRÍACO
• Instituição: Universidade Libertária
• Professor (a): Marcel Pereira
• Disciplina: Metodologia nasCiências Sociais
Conteúdo do Curso:
• Aula 1 – O Positivismo na Economia e a Crítica Austríaca
• Aula 2 – O Homo Oeconomicus vs Homo Agens
• Aula 3 – A Limitação do Conhecimento e o Abuso da Razão
• Aula 4 – O Futuro da Economia enquanto Ciência
O HOMO OECONOMICUSVS O HOMO AGENS
O HOMO OECONOMICUS
O conceito de homo oeconomicus (homem econômico) foi
proposto por J. S. Mill como significando o homem
estilizado e irreal estudado pela teoria econômica que só se
preocupa com o homem enquanto agente que busca
maximizar riquezas e minimizar o desconforto.
Hennis (1987, p. 49. apud FEIJÓ, 2000, p. 201)
O HOMO AGENS
O indivíduo age propositadamente para sair de um estado de menor
satisfação para maior satisfação, sendo essa avaliação totalmente
subjetiva. E é justamente esse aspecto da subjetividade que torna
na tomada de decisões que confere complexidade aos assuntos
humanos. O exemplo do homem suicida é o mais drástico para
ilustrar como o agente em questão avalia subjetivamente que dar
cabo da própria vida trará maior satisfação a ele. Só podemos falar
que tal escolha é “irracional” no sentido figurado, pois o homem em
si é um ser naturalmente racional. Essa abordagem permite
compreender inclusive aspectos tidos como não econômicos que
motivam a ação humana.
COMPARANDO AS ABORDAGENS E
JUSTIFICATIVAS METODOLÓGICAS
HOMO ECONOMICUS
• Preocupa-se exclusivamente com motivações
econômicas dos agentes
• Racionalidade entendida como escolhas para
maximização de utilidade, ou seja, visando
vantagens econômicas
• Argumenta que devido o aprofundamento da
divisão do trabalho e especialização em diferentes
áreas do conhecimento, a dificuldade em retratar o
Homem em toda sua complexidade só tende a
aumentar. Dessa forma, a sugestão é limitar o
escopo do estudo, abstraindo outros aspectos que
condicionam a atuação humana na sociedade.
HOMOAGENS
• Entende que mesmo motivações não econômicas
devem ser consideradas para entendimento da
economia
• Racionalidade entendida como ação propositada
para atingir um estado de maior satisfação
conforme avaliação subjetiva do agente
• Argumenta que o Homem não pode ser
adequadamente compreendido se retratado
isoladamente em cada área do conhecimento.
Sendo assim, é necessário abordar a ação humana
inserida em um campo mais abrangente: a
praxeologia.
CIÊNCIAOU CIENTIFICISMO?
O conhecimento científico, por mais fascinante que seja, não pode ser alvo de adoração ou idolatria.
É claro que a ciência deve ter seu devido prestígio e reconhecimento. Nenhuma pessoa razoável
discordaria disso. No entanto, é preciso atentar ao fato que a própria ciência, para existir, precisa se
ancorar previamente em conhecimentos classificados como não-científicos. O ato de saber ler e
escrever não é propriamente um conhecimento científico, porém, sem isso, não seria possível
produzir ciência. A Filosofia, na atualidade, não possui o status de ciência; mas, sem ela, questões
como lógica, problematização, reflexão, observação e etc não teriam evoluído ao ponto de auxiliar
na construção da metodologia científica. É um erro grave rejeitar uma forma de conhecimento pelo
simples fato de “não ser científico”. Aqueles que valorizam determinados postulados mais pelo
status que pelo conteúdo são os maiores inimigos da verdadeira ciência.
CONCLUSÃO
Observamos nessa aula que a tentativa de incorporar métodos tidos como
“científicos” na teoria econômica conduziu os economistas a uma interpretação
idealizada do Homem, abstraindo aspectos não econômicos na tomada de
decisões dos agentes. Essa abordagem estreita e simplista pode ser entendida
como economicismo, isto é, a consideração exclusiva de motivações econômicas,
ignorando que o Homem é, na realidade, muito mais que isso. No decorrer da
aula, demos alguns exemplos de como questões não econômicas interferem
diretamente na maneira como a economia se manifesta, chamando atenção para
o emaranhado de elementos que os agentes lidam constantemente. A conclusão
dessa aula é que devemos considerar a ação humana para além do isolacionismo
econômico, averiguando a atuação dos agentes de maneira mais abrangente, rica
e dinâmica. Essa abordagem foi proposta por Ludwig von Mises com a
apresentação da Praxeologia.

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  • 1. INTRODUÇÃOAO MÉTODOAUSTRÍACO • Instituição: Universidade Libertária • Professor (a): Marcel Pereira • Disciplina: Metodologia nasCiências Sociais Conteúdo do Curso: • Aula 1 – O Positivismo na Economia e a Crítica Austríaca • Aula 2 – O Homo Oeconomicus vs Homo Agens • Aula 3 – A Limitação do Conhecimento e o Abuso da Razão • Aula 4 – O Futuro da Economia enquanto Ciência
  • 2. O HOMO OECONOMICUSVS O HOMO AGENS
  • 3. O HOMO OECONOMICUS O conceito de homo oeconomicus (homem econômico) foi proposto por J. S. Mill como significando o homem estilizado e irreal estudado pela teoria econômica que só se preocupa com o homem enquanto agente que busca maximizar riquezas e minimizar o desconforto. Hennis (1987, p. 49. apud FEIJÓ, 2000, p. 201)
  • 4. O HOMO AGENS O indivíduo age propositadamente para sair de um estado de menor satisfação para maior satisfação, sendo essa avaliação totalmente subjetiva. E é justamente esse aspecto da subjetividade que torna na tomada de decisões que confere complexidade aos assuntos humanos. O exemplo do homem suicida é o mais drástico para ilustrar como o agente em questão avalia subjetivamente que dar cabo da própria vida trará maior satisfação a ele. Só podemos falar que tal escolha é “irracional” no sentido figurado, pois o homem em si é um ser naturalmente racional. Essa abordagem permite compreender inclusive aspectos tidos como não econômicos que motivam a ação humana.
  • 5. COMPARANDO AS ABORDAGENS E JUSTIFICATIVAS METODOLÓGICAS HOMO ECONOMICUS • Preocupa-se exclusivamente com motivações econômicas dos agentes • Racionalidade entendida como escolhas para maximização de utilidade, ou seja, visando vantagens econômicas • Argumenta que devido o aprofundamento da divisão do trabalho e especialização em diferentes áreas do conhecimento, a dificuldade em retratar o Homem em toda sua complexidade só tende a aumentar. Dessa forma, a sugestão é limitar o escopo do estudo, abstraindo outros aspectos que condicionam a atuação humana na sociedade. HOMOAGENS • Entende que mesmo motivações não econômicas devem ser consideradas para entendimento da economia • Racionalidade entendida como ação propositada para atingir um estado de maior satisfação conforme avaliação subjetiva do agente • Argumenta que o Homem não pode ser adequadamente compreendido se retratado isoladamente em cada área do conhecimento. Sendo assim, é necessário abordar a ação humana inserida em um campo mais abrangente: a praxeologia.
  • 6. CIÊNCIAOU CIENTIFICISMO? O conhecimento científico, por mais fascinante que seja, não pode ser alvo de adoração ou idolatria. É claro que a ciência deve ter seu devido prestígio e reconhecimento. Nenhuma pessoa razoável discordaria disso. No entanto, é preciso atentar ao fato que a própria ciência, para existir, precisa se ancorar previamente em conhecimentos classificados como não-científicos. O ato de saber ler e escrever não é propriamente um conhecimento científico, porém, sem isso, não seria possível produzir ciência. A Filosofia, na atualidade, não possui o status de ciência; mas, sem ela, questões como lógica, problematização, reflexão, observação e etc não teriam evoluído ao ponto de auxiliar na construção da metodologia científica. É um erro grave rejeitar uma forma de conhecimento pelo simples fato de “não ser científico”. Aqueles que valorizam determinados postulados mais pelo status que pelo conteúdo são os maiores inimigos da verdadeira ciência.
  • 7. CONCLUSÃO Observamos nessa aula que a tentativa de incorporar métodos tidos como “científicos” na teoria econômica conduziu os economistas a uma interpretação idealizada do Homem, abstraindo aspectos não econômicos na tomada de decisões dos agentes. Essa abordagem estreita e simplista pode ser entendida como economicismo, isto é, a consideração exclusiva de motivações econômicas, ignorando que o Homem é, na realidade, muito mais que isso. No decorrer da aula, demos alguns exemplos de como questões não econômicas interferem diretamente na maneira como a economia se manifesta, chamando atenção para o emaranhado de elementos que os agentes lidam constantemente. A conclusão dessa aula é que devemos considerar a ação humana para além do isolacionismo econômico, averiguando a atuação dos agentes de maneira mais abrangente, rica e dinâmica. Essa abordagem foi proposta por Ludwig von Mises com a apresentação da Praxeologia.