SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 24
MELANIE KLEIN
ALGUMAS INFORMAÇÕES INTRODUTÓRIAS
A PSICANÁLISE DE CRIANÇAS. A TÉCNICA
DO BRINCAR, AGRESSIVIDADE E
DESTRUTIVIDADE.SADISMO INFANTIL,
ANGÚSTIA E CULPA. ÉDIPO PRECOCE.
CONFLITO EDIPIANO E FORMAÇÃO DO
SUPEREGO. SUPEREGO IMPLACÁVEL. PULSÃO
DE VIDA E PULSÃO DE MORTE (AMOR E
ÓDIO).
Profa. Lédice Lino de Oliveira
Desdobramentos da Teoria Psicanalítica
Slide 1
BIBLIOGRAFIA
Cintra E.M.U; Figueiredo L.C. Melanie Klein: estilo e
pensamento. São Paulo: Ed. Escuta, 2004. Cap.1, 2, 3, 4
e introdução.
Klein, M (1928). Estágios iniciais do conflito edipiano.
IN: Amor, culpa e reparação e outros trabalhos. Rio de
Janeiro: Ed. Imago. Cap. 9, volume I.
BIOGRAFIA
 Nascida em 30 de março de 1882, em Viena;
 Pouco desejada, foi a quarta entre os filhos desse
casal que não se entendia;
 A juventude de Melanie foi marcada por uma série de
lutos (morte da irmã, do pai e do irmão), muitos
provavelmente responsáveis pela culpa, cujos vestígios
se encontram em sua obra;
Em função das dificuldades financeiras,
após a morte do pai, teve de largar os
estudos;
 Logo após a morte do irmão, casou-se
precipitadamente com Arthur Klein (1903);
 Teve três filhos: Melitta (1904), Hans
(1907) e Erick (1914);
 Em função do trabalho do marido, a
família não se fixava por muito tempo em
uma mesma cidade;
 Melanie deprimeu-se, afetando sua
capacidade de cuidar dos filhos mais
velhos (Mellita e Hans); Deixa os filhos
sob os cuidados de sua mão (Libussa), a
qual, na relação com suas filhas, possuía
personalidade tirânica, possessiva e
intrusiva;
 Em 1914, aos 32 anos, dá-se seu encontro com a
Psicanálise, por meio da leitura de um artigo de Freud
sobre os sonhos; Começa sua análise com Ferenczi, com a
finalidade de livrar-se de sua grave depressão;
 Em 1918, Melanie participou do 5º Congresso
Internacional de Psicanálise, em Budapeste, e ouviu
Freud; No ano seguinte, escreveu e apresentou um texto
sobre o “tratamento” de Erick, porém escondendo a real
identidade de seu filho. É aí que Melanie ingressa como
membro da Sociedade de Budapeste;
 1927 – divorciou-se de Arthur Klein;
 1922, aos 40 anos, ingressou como
membro-associado da Sociedade
Psicanalítica de Berlim, porém, sob muitos
protestos de alguns dos seguidores de
Freud;
 1926, fixou-se definitivamente em Londres;
 1934, morte do seu filho Hans, ao escalar uma
montanha.
 1928, reencontrou sua filha Melitta,
a qual se formara em medicina (velho
sonho de Melanie) e estava casada com
outro psicanalista. Nesta época, houve
uma reconciliação temporária, mas
Melitta tornou-se, nos anos seguintes,
uma das mais agressivas opositoras de
Melanie;
1940 – 1950, Melanie conquistou uma
posição estável e prestigiada no seio da
Sociedade Britânica;
1960, aos 78 anos, morreu em Londres,
com sua fama consolidada na Sociedade
Britânica e em algumas das sociedades mais
jovens da América do Sul, como as da
Argentina e do Brasil.
ESTILO DE PENSAMENTO E
ESCRITA
 Klein, detentora de uma excepcional
imaginação clínica, valorizava enormemente a
experiência pessoal e dava, por esta razão,
extraordinária importância ao que
considerava ser observação clínica;
 A dimensão empirista (observação)
aparece sempre ao lado da dimensão
teórica, produzindo uma teorização
mesclada, em que a proximidade com a
clínica (e, por trás desta, com a
experiência pessoal) é usada para dar valor
de verdade às teorias.
ESTILO DE PENSAMENTO E
ESCRITA
 A perspectiva e o estilo Kleinianos revelam a
importância por ela conferida à violência dos instintos, das
emoções e dos conflitos mais precoces entre forças
antagônicas;
 Uma intensidade de afetos e impulsos desproporcional à
capacidade de contenção e organização do psiquismo
infantil;
 Há a preocupação com o excesso, a
desmesura, a insaciabilidade do
desejo e a voracidade presente no
dinamismo oral, anal e fálico.
VORACIDADE NOS DINAMISMOS
• Se expressa por meio das fantasias de
sucção vampiresca e de incorporação oral do
objeto de amor.
ORAL
• Se expressa pelo excesso de
possessividade, do desejo de controle e
completo domínio sobre o objeto e fantasia
de estreitar e estrangular o objeto
ANAL
• Trata-se da ambição desmesurada, ou
ainda da competição e das fantasias de
penetrar, tomas posse e triunfar sobre o
objeto.
FÁLICO
A identificação e a interpretação das fantasia
sádicas (orais, anais e fálicas), feitas por Klein,
mostram que a intensidade do amor pré-genital e a
dificuldade de moderá-lo produzem uma espécie de
“infiltração” e um retorno de violência, o que levou
Melanie Klein a focalizar cada vez mais seu olhar
sobre a agressividade e seus efeitos na estruturação
do psiquismo.
Para Klein o excesso e a violência pulsionais sofrem
uma inflexão sobre a própria pessoa, originando o que
ela veio chamar de um
SUPEREGO PRECOCE
 O superego é formado no período em que as fases
sádico-oral e sádico-anal estão predominantes, e por isso,
o superego, nesta fase, apresenta também um rigor
sádico.
 Em função de o ego ainda estar pouco desenvolvido, as
frustrações orais e anais são sentidas de forma muito
fortes e tomam característica de punição. Então, a
amargura decorrente, pode colaborar para a dificuldade
de todas as frustrações posteriores!!
 Por não apresentar um desenvolvimento da
linguagem e do pensamento, o bebê é exposto
a uma avalanche de problemas e indagações,
momento em que se sente incapaz e
impotente, introduzindo-o na situação
edipiana (relação de amor-ódio com o objeto de
amor).
ESTÁGIOS INICIAIS DO
CONFLITO EDIPIANO
 M. Klein afirma que o Complexo de Édipo entra em ação
mais cedo que se costuma imaginar.
Tendências Edipianas
Frustração
no desmame
Frustrações
anais
(controle dos
esfíncteres)
Diferença
anatômica
entre os
sexos
(escolha do
objeto amoroso)
 M. Klein afirma que o sentimento de culpa é o
resultado da introjeção (ainda em andamento) dos
objetos amorosos edipianos.
Então, o sentimento de culpa é produto da formação do
SUPEREGO !!
 E o medo é resultado dos desejos da própria criança de
destruir o objeto libidinal, mordendo-o, devorando-o e
cortando-o em pedaços, desejando controlá-lo por meio
do completo domínio muscular sobre o objeto – que leva o
dinamismo esfincteriano à fantasia de estreitar e
estrangular o objeto (estágios sádico-oral e sádico-anal).
A criança, portanto, passa a temer um castigo, uma
punição à agressividade dirigida aos objetos amorosos
edipianos.
FIGURA DO
PAI
CASTRADOR
Superego
mais cruel
Maior defesa
dos impulsos
Maior
tendência
sádica
Aumento da
Culpa e do
Medo
PORTANTO, SE HOUVER ...
Então, fica implícito que, quanto
mais frustrada for a criança, mais
cruéis serão seus impulsos contra
os objetos primários, resultando
em um superego mais severo e
cruel!!
Por outro lado ...
 Se esta quantidade de energia pulsional,
convertida em sadismo oral e anal, foi, de
alguma maneira, bem tolerada, ou seja, se
não houve uma repressão precoce deste
sadismo, então esta energia pulsional
poderá ser sublimada e tornar-se pulsão
de saber, caso contrário, poderá haver uma
inibição intelectual e até mesmo uma
psicose;
 No ato de saber, há,
intrinsecamente, uma certa violência
(sublimada), pois será preciso segurar,
manipular, abrir, dissecar e examinar
o objeto a ser conhecido.
Forças pulsionais
(sadismos oral, anal)
Satisfatória
tolerância
(angústia de castração)
Capacidade de
sublimação
(desejo de
conhecer/aprender)
OU...
Forças pulsionais
(sadismos oral, anal)
Intolerância
(angústia de castração)
Processo de simbolização
Processo de simbolização
prejudicado ou
inexistente
Recalque das
forças pulsionais
Inibição
intelectual Psicose
PULSÃO DE
VIDA
Período em que
há o
reconhecimento
do outro humano
como
semelhante e
autônomo, como
objeto total,
que marca o
início do
complexo de
Édipo e a
passagem para a
“cultura” e ao
regime social.
FASE
GENITAL
PULSÃO DE
MORTE
Período em que não
se consegue
reconhecer
direitos e
necessidades do
objeto (outro) e,
portanto, este
acaba sendo apenas
algo a ser
consumido,
destruído,
controlado.
FASE PRÉ-
GENITAL
ÉDIPO PRECOCE
Criança
Mãe
ÉDIPO
PRECOCE
Ausência
Criança
Mãe
ÉDIPO
PRECOCE
“o
estranho”
 Forma-se uma triangulação entre criança,
mãe e ausência desta, sendo que a ausência
da mãe se torna mais claramente perceptível
com o aparecimento de um objeto estranho,
o qual pode nem estar sendo investido ainda
como objeto, mas vem marcar o sentimento
de perda do objeto familiar;
 É esse objeto estranho que marca a
perda da mãe e a descoberta desta
como objeto do seu desejo, momento
em que a mãe poderá começar a ser
verdadeiramente investida como um
“outro” objeto.
PRÓXIMA AULA
Klein, M (1981). O significado das primeiras situações de
angústia no desenvolvimento do ego. IN: Obras Completas,
Psicanálise da criança. Cap. 10, volume I.
Joseph, B. (Cap. 12) Identificação projetiva, alguns
aspectos, IN: Equilíbrio psíquico e mudança psíquica. Rio de
Janeiro, Imago: 1992.
Klein, M (1959). Nosso mundo adulto e suas raízes na
infância. IN: Inveja, gratidão e outros trabalhos. Cap. 12,
volume III.
Cintra E.M.U; Figueiredo L.C. Melanie Klein: estilo e
pensamento. São Paulo: Ed. Escuta, 2004. Cap. 4.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 2 O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamento
Aula 2   O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamentoAula 2   O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamento
Aula 2 O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamentoLudmila Moura
 
1 historia do surgimento da psicanalise
1   historia do surgimento da psicanalise1   historia do surgimento da psicanalise
1 historia do surgimento da psicanaliseEdleusa Silva
 
As sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanáliseAs sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanálisePatricia Ruiz
 
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaTeoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaDeisiane Cazaroto
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalistaAlexandre Simoes
 
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...Alexandre Simoes
 
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeito
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeitoCURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeito
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeitoAlexandre Simoes
 
Psicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund Freud
Psicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund FreudPsicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund Freud
Psicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund FreudIsabella Ruas
 
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISEFREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE09108303
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnósticoAlexandre Simoes
 
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.Alexandre Simoes
 
Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)
Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)
Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)Alexandre Simoes
 
Laplanche e pontalis vocabulário de psicanálise
Laplanche e pontalis   vocabulário de psicanáliseLaplanche e pontalis   vocabulário de psicanálise
Laplanche e pontalis vocabulário de psicanáliseL R
 
Luto e melancolia 1915 slides
Luto e melancolia  1915 slidesLuto e melancolia  1915 slides
Luto e melancolia 1915 slidesPsicologia_2015
 
constituição do sujeito, subjetividade e identidade
constituição do sujeito, subjetividade e identidadeconstituição do sujeito, subjetividade e identidade
constituição do sujeito, subjetividade e identidadeHarlen D'vis Barcellos
 
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completoAnna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completoHerbert Nogueira
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXIAlexandre Simoes
 
Winnicott - MÃE ENSINANTE
 Winnicott - MÃE ENSINANTE  Winnicott - MÃE ENSINANTE
Winnicott - MÃE ENSINANTE Aclecio Dantas
 

Mais procurados (20)

Aula 2 O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamento
Aula 2   O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamentoAula 2   O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamento
Aula 2 O Behaviorismo - uma proposta de estudo do comportamento
 
1 historia do surgimento da psicanalise
1   historia do surgimento da psicanalise1   historia do surgimento da psicanalise
1 historia do surgimento da psicanalise
 
As sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanáliseAs sete escolas da psicanálise
As sete escolas da psicanálise
 
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem PsicanaliticaTeoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
Teoria e Pratica - Abordagem Psicanalitica
 
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
2015 CURSO 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 8: a palavra do psicanalista
 
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
Curso Lacan e a Psicanálise- Aula 4: Seminário 2: O eu na teoria de Freud e n...
 
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeito
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeitoCURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeito
CURSO FUNDAMENTOS DA PSICANÁLISE- Aula 6: O inconsciente e seu sujeito
 
Psicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund Freud
Psicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund FreudPsicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund Freud
Psicanálise - Estudo da Teoria de Sigmund Freud
 
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISEFREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE
FREUD E O DESENVOLVIMENTO DA PSICANÁLISE
 
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA'  - Aula 2: a construção do diagnóstico
2015- Curso 'A PRÁTICA DO PSICANALISTA' - Aula 2: a construção do diagnóstico
 
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.
Curso Lacan e a Psicanálise - Aula 2: Lacan e suas Clínicas.
 
Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)
Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)
Psicanálise II- Aula 4: A Transferência (parte III)
 
Laplanche e pontalis vocabulário de psicanálise
Laplanche e pontalis   vocabulário de psicanáliseLaplanche e pontalis   vocabulário de psicanálise
Laplanche e pontalis vocabulário de psicanálise
 
Transferência em freud
Transferência em freudTransferência em freud
Transferência em freud
 
Luto e melancolia 1915 slides
Luto e melancolia  1915 slidesLuto e melancolia  1915 slides
Luto e melancolia 1915 slides
 
constituição do sujeito, subjetividade e identidade
constituição do sujeito, subjetividade e identidadeconstituição do sujeito, subjetividade e identidade
constituição do sujeito, subjetividade e identidade
 
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completoAnna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
Anna freud-o-ego-e-os-mecanismos-de-defesa-completo
 
ética e psicanálise
ética e psicanáliseética e psicanálise
ética e psicanálise
 
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXICLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
CLÍNICA PSICANALÍTICA NO SÉCULO XXI
 
Winnicott - MÃE ENSINANTE
 Winnicott - MÃE ENSINANTE  Winnicott - MÃE ENSINANTE
Winnicott - MÃE ENSINANTE
 

Semelhante a Melanie Klein e a Psicanálise da Criança

Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento
Erikson e a Teoria Psicossocial do DesenvolvimentoErikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento
Erikson e a Teoria Psicossocial do DesenvolvimentoIvaipinheiro
 
Adolescência a complexidade do ser na visão espírita
Adolescência a complexidade do ser na visão espíritaAdolescência a complexidade do ser na visão espírita
Adolescência a complexidade do ser na visão espíritaSilvânio Barcelos
 
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITOCARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITOsilbartilotti
 
Abordagem psicanalítica na educação
Abordagem psicanalítica na educaçãoAbordagem psicanalítica na educação
Abordagem psicanalítica na educaçãoLIVROS PSI
 
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptxAs sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptxAbimaelCorradaSilva1
 
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptxTeorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptxJessicaDassi
 
Adolescência e identidade
Adolescência e identidadeAdolescência e identidade
Adolescência e identidadeariadnemonitoria
 
Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2Daniele Rubim
 
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento PsicossocialErik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocialmarta12l
 
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento PsicossocialErik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocialmarta12l
 

Semelhante a Melanie Klein e a Psicanálise da Criança (20)

Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento
Erikson e a Teoria Psicossocial do DesenvolvimentoErikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento
Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento
 
Erikson
EriksonErikson
Erikson
 
Cg jung desenvinfantil
Cg jung   desenvinfantilCg jung   desenvinfantil
Cg jung desenvinfantil
 
Adolescência a complexidade do ser na visão espírita
Adolescência a complexidade do ser na visão espíritaAdolescência a complexidade do ser na visão espírita
Adolescência a complexidade do ser na visão espírita
 
Freud. slide
Freud. slideFreud. slide
Freud. slide
 
Piscanáliseducação
PiscanáliseducaçãoPiscanáliseducação
Piscanáliseducação
 
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITOCARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
CARTA DE UM ADOLESCENTE: A QUESTÃO DO SUJEITO
 
Abordagem psicanalítica na educação
Abordagem psicanalítica na educaçãoAbordagem psicanalítica na educação
Abordagem psicanalítica na educação
 
Freud e o inconsciente
Freud e o inconscienteFreud e o inconsciente
Freud e o inconsciente
 
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptxAs sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
As sete escolas da psicanálise Russélia Godoy.pptx
 
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptxTeorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
Teorias e Técnicas Psicoterápicas I - Aula 4.pptx
 
Psicanálise Sigmund Freud
Psicanálise Sigmund Freud Psicanálise Sigmund Freud
Psicanálise Sigmund Freud
 
Adolescência e identidade
Adolescência e identidadeAdolescência e identidade
Adolescência e identidade
 
A teoria do desenvolvimento humano de henri wallon
A teoria do desenvolvimento humano de henri wallonA teoria do desenvolvimento humano de henri wallon
A teoria do desenvolvimento humano de henri wallon
 
Sigmund_FREUD .pdf
Sigmund_FREUD .pdfSigmund_FREUD .pdf
Sigmund_FREUD .pdf
 
5 o jovem_sua_visao_imortalidade
5 o jovem_sua_visao_imortalidade5 o jovem_sua_visao_imortalidade
5 o jovem_sua_visao_imortalidade
 
Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2Psicanalise- psicologia social2
Psicanalise- psicologia social2
 
Falando de amor
Falando de amorFalando de amor
Falando de amor
 
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento PsicossocialErik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
 
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento PsicossocialErik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
Erik erikson - Desenvolvimento Psicossocial
 

Melanie Klein e a Psicanálise da Criança

  • 1. MELANIE KLEIN ALGUMAS INFORMAÇÕES INTRODUTÓRIAS A PSICANÁLISE DE CRIANÇAS. A TÉCNICA DO BRINCAR, AGRESSIVIDADE E DESTRUTIVIDADE.SADISMO INFANTIL, ANGÚSTIA E CULPA. ÉDIPO PRECOCE. CONFLITO EDIPIANO E FORMAÇÃO DO SUPEREGO. SUPEREGO IMPLACÁVEL. PULSÃO DE VIDA E PULSÃO DE MORTE (AMOR E ÓDIO). Profa. Lédice Lino de Oliveira Desdobramentos da Teoria Psicanalítica Slide 1
  • 2. BIBLIOGRAFIA Cintra E.M.U; Figueiredo L.C. Melanie Klein: estilo e pensamento. São Paulo: Ed. Escuta, 2004. Cap.1, 2, 3, 4 e introdução. Klein, M (1928). Estágios iniciais do conflito edipiano. IN: Amor, culpa e reparação e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Ed. Imago. Cap. 9, volume I.
  • 4.  Nascida em 30 de março de 1882, em Viena;  Pouco desejada, foi a quarta entre os filhos desse casal que não se entendia;  A juventude de Melanie foi marcada por uma série de lutos (morte da irmã, do pai e do irmão), muitos provavelmente responsáveis pela culpa, cujos vestígios se encontram em sua obra; Em função das dificuldades financeiras, após a morte do pai, teve de largar os estudos;  Logo após a morte do irmão, casou-se precipitadamente com Arthur Klein (1903);  Teve três filhos: Melitta (1904), Hans (1907) e Erick (1914);
  • 5.  Em função do trabalho do marido, a família não se fixava por muito tempo em uma mesma cidade;  Melanie deprimeu-se, afetando sua capacidade de cuidar dos filhos mais velhos (Mellita e Hans); Deixa os filhos sob os cuidados de sua mão (Libussa), a qual, na relação com suas filhas, possuía personalidade tirânica, possessiva e intrusiva;  Em 1914, aos 32 anos, dá-se seu encontro com a Psicanálise, por meio da leitura de um artigo de Freud sobre os sonhos; Começa sua análise com Ferenczi, com a finalidade de livrar-se de sua grave depressão;
  • 6.  Em 1918, Melanie participou do 5º Congresso Internacional de Psicanálise, em Budapeste, e ouviu Freud; No ano seguinte, escreveu e apresentou um texto sobre o “tratamento” de Erick, porém escondendo a real identidade de seu filho. É aí que Melanie ingressa como membro da Sociedade de Budapeste;  1927 – divorciou-se de Arthur Klein;  1922, aos 40 anos, ingressou como membro-associado da Sociedade Psicanalítica de Berlim, porém, sob muitos protestos de alguns dos seguidores de Freud;  1926, fixou-se definitivamente em Londres;  1934, morte do seu filho Hans, ao escalar uma montanha.
  • 7.  1928, reencontrou sua filha Melitta, a qual se formara em medicina (velho sonho de Melanie) e estava casada com outro psicanalista. Nesta época, houve uma reconciliação temporária, mas Melitta tornou-se, nos anos seguintes, uma das mais agressivas opositoras de Melanie; 1940 – 1950, Melanie conquistou uma posição estável e prestigiada no seio da Sociedade Britânica; 1960, aos 78 anos, morreu em Londres, com sua fama consolidada na Sociedade Britânica e em algumas das sociedades mais jovens da América do Sul, como as da Argentina e do Brasil.
  • 8. ESTILO DE PENSAMENTO E ESCRITA  Klein, detentora de uma excepcional imaginação clínica, valorizava enormemente a experiência pessoal e dava, por esta razão, extraordinária importância ao que considerava ser observação clínica;  A dimensão empirista (observação) aparece sempre ao lado da dimensão teórica, produzindo uma teorização mesclada, em que a proximidade com a clínica (e, por trás desta, com a experiência pessoal) é usada para dar valor de verdade às teorias.
  • 9. ESTILO DE PENSAMENTO E ESCRITA  A perspectiva e o estilo Kleinianos revelam a importância por ela conferida à violência dos instintos, das emoções e dos conflitos mais precoces entre forças antagônicas;  Uma intensidade de afetos e impulsos desproporcional à capacidade de contenção e organização do psiquismo infantil;  Há a preocupação com o excesso, a desmesura, a insaciabilidade do desejo e a voracidade presente no dinamismo oral, anal e fálico.
  • 10. VORACIDADE NOS DINAMISMOS • Se expressa por meio das fantasias de sucção vampiresca e de incorporação oral do objeto de amor. ORAL • Se expressa pelo excesso de possessividade, do desejo de controle e completo domínio sobre o objeto e fantasia de estreitar e estrangular o objeto ANAL • Trata-se da ambição desmesurada, ou ainda da competição e das fantasias de penetrar, tomas posse e triunfar sobre o objeto. FÁLICO
  • 11. A identificação e a interpretação das fantasia sádicas (orais, anais e fálicas), feitas por Klein, mostram que a intensidade do amor pré-genital e a dificuldade de moderá-lo produzem uma espécie de “infiltração” e um retorno de violência, o que levou Melanie Klein a focalizar cada vez mais seu olhar sobre a agressividade e seus efeitos na estruturação do psiquismo. Para Klein o excesso e a violência pulsionais sofrem uma inflexão sobre a própria pessoa, originando o que ela veio chamar de um SUPEREGO PRECOCE
  • 12.  O superego é formado no período em que as fases sádico-oral e sádico-anal estão predominantes, e por isso, o superego, nesta fase, apresenta também um rigor sádico.  Em função de o ego ainda estar pouco desenvolvido, as frustrações orais e anais são sentidas de forma muito fortes e tomam característica de punição. Então, a amargura decorrente, pode colaborar para a dificuldade de todas as frustrações posteriores!!  Por não apresentar um desenvolvimento da linguagem e do pensamento, o bebê é exposto a uma avalanche de problemas e indagações, momento em que se sente incapaz e impotente, introduzindo-o na situação edipiana (relação de amor-ódio com o objeto de amor).
  • 13. ESTÁGIOS INICIAIS DO CONFLITO EDIPIANO  M. Klein afirma que o Complexo de Édipo entra em ação mais cedo que se costuma imaginar. Tendências Edipianas Frustração no desmame Frustrações anais (controle dos esfíncteres) Diferença anatômica entre os sexos (escolha do objeto amoroso)
  • 14.  M. Klein afirma que o sentimento de culpa é o resultado da introjeção (ainda em andamento) dos objetos amorosos edipianos. Então, o sentimento de culpa é produto da formação do SUPEREGO !!  E o medo é resultado dos desejos da própria criança de destruir o objeto libidinal, mordendo-o, devorando-o e cortando-o em pedaços, desejando controlá-lo por meio do completo domínio muscular sobre o objeto – que leva o dinamismo esfincteriano à fantasia de estreitar e estrangular o objeto (estágios sádico-oral e sádico-anal). A criança, portanto, passa a temer um castigo, uma punição à agressividade dirigida aos objetos amorosos edipianos.
  • 15. FIGURA DO PAI CASTRADOR Superego mais cruel Maior defesa dos impulsos Maior tendência sádica Aumento da Culpa e do Medo PORTANTO, SE HOUVER ...
  • 16. Então, fica implícito que, quanto mais frustrada for a criança, mais cruéis serão seus impulsos contra os objetos primários, resultando em um superego mais severo e cruel!! Por outro lado ...
  • 17.  Se esta quantidade de energia pulsional, convertida em sadismo oral e anal, foi, de alguma maneira, bem tolerada, ou seja, se não houve uma repressão precoce deste sadismo, então esta energia pulsional poderá ser sublimada e tornar-se pulsão de saber, caso contrário, poderá haver uma inibição intelectual e até mesmo uma psicose;  No ato de saber, há, intrinsecamente, uma certa violência (sublimada), pois será preciso segurar, manipular, abrir, dissecar e examinar o objeto a ser conhecido.
  • 18. Forças pulsionais (sadismos oral, anal) Satisfatória tolerância (angústia de castração) Capacidade de sublimação (desejo de conhecer/aprender) OU... Forças pulsionais (sadismos oral, anal) Intolerância (angústia de castração) Processo de simbolização Processo de simbolização prejudicado ou inexistente Recalque das forças pulsionais Inibição intelectual Psicose
  • 19. PULSÃO DE VIDA Período em que há o reconhecimento do outro humano como semelhante e autônomo, como objeto total, que marca o início do complexo de Édipo e a passagem para a “cultura” e ao regime social. FASE GENITAL PULSÃO DE MORTE Período em que não se consegue reconhecer direitos e necessidades do objeto (outro) e, portanto, este acaba sendo apenas algo a ser consumido, destruído, controlado. FASE PRÉ- GENITAL
  • 23.  Forma-se uma triangulação entre criança, mãe e ausência desta, sendo que a ausência da mãe se torna mais claramente perceptível com o aparecimento de um objeto estranho, o qual pode nem estar sendo investido ainda como objeto, mas vem marcar o sentimento de perda do objeto familiar;  É esse objeto estranho que marca a perda da mãe e a descoberta desta como objeto do seu desejo, momento em que a mãe poderá começar a ser verdadeiramente investida como um “outro” objeto.
  • 24. PRÓXIMA AULA Klein, M (1981). O significado das primeiras situações de angústia no desenvolvimento do ego. IN: Obras Completas, Psicanálise da criança. Cap. 10, volume I. Joseph, B. (Cap. 12) Identificação projetiva, alguns aspectos, IN: Equilíbrio psíquico e mudança psíquica. Rio de Janeiro, Imago: 1992. Klein, M (1959). Nosso mundo adulto e suas raízes na infância. IN: Inveja, gratidão e outros trabalhos. Cap. 12, volume III. Cintra E.M.U; Figueiredo L.C. Melanie Klein: estilo e pensamento. São Paulo: Ed. Escuta, 2004. Cap. 4.