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Meditação diária de Falar com Deus
Francisco Fernández Carvajal
TEMPO COMUM. VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO. CICLO A
82. CONTAR COM A CRUZ
– Sem sacrifício, não há amor. Necessidade da Cruz e da mortificação
– O paganismo contemporâneo e a busca do bem-estar material a qualquer custo. O medo a
tudo o que possa causar sofrimento.
– De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?
I. O EVANGELHO DA MISSA1 apresenta-nos Jesus pouco depois da confissão da
sua divindade feita por Pedro. Nesse momento, o Mestre fez um grande elogio ao
discípulo: Bem-aventurado és Simão, filho de João, porque não foi a carne e o sangue
que to revelaram, mas Meu Pai que está nos Céus2; e a seguir declara que ele será o
fundamento da sua Igreja. Agora, começa a anunciar aos que lhe são mais íntimos que
é necessário que Ele vá a Jerusalém para padecer muito da parte dos judeus e
finalmente morrer para ressuscitar ao terceiro dia.
Os Apóstolos não entendem bem essa linguagem, pois ainda conservam uma
imagem temporal do Reino de Deus. Então, tomando-O Pedro à parte, começou a
repreendê-l‘O, dizendo: Deus tal não permita, Senhor; isto não Te sucederá de maneira
nenhuma. Levado pelo seu imenso carinho por Jesus, Simão procura afastá-lo do
caminho da Cruz, sem compreender ainda que ela será um grande bem para a
humanidade e a suprema demonstração do amor de Deus por nós. “Pedro raciocinava
humanamente – comenta São João Crisóstomo – e concluía que tudo aquilo – a Paixão
e a Morte – era indigno de Cristo e reprovável”3.
Pedro encara a missão de Cristo na terra com olhos demasiado humanos, e não
chega a entender que, por vontade expressa de Deus, a Redenção se tem de fazer
mediante a Cruz e que “não houve meio mais conveniente de salvar a nossa miséria”4.
O Senhor responde energicamente ao discípulo, tratando-o como se estivesse
novamente com o tentador do deserto: Retira-te de Mim, Satanás! Tu serves-Me de
escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos homens.
Em Cesareia, Pedro tinha falado movido pelo Espírito Santo; agora, deixa-se dominar
por uma visão terrena. O anúncio da Cruz, da mortificação e do sacrifício como um bem,
como meio de salvação, sempre chocará os que a encarem com olhos humanos, como
Pedro nesta ocasião. São Paulo teve que prevenir os primeiros cristãos contra aqueles
que procedem como inimigos da cruz de Cristo; o seu fim – diz-lhes – é a perdição; o
seu deus é o ventre, e fazem consistir a sua glória naquilo que é a sua vergonha,
gostando somente das coisas terrenas5.
Pensando apenas com uma lógica humana, é difícil entender que a dor, o sofrimento,
aquilo que se apresenta como custoso, possa chegar a ser um bem. Por um lado, a
experiência mostra-nos que essas realidades, tão frequentes no nosso caminho, nos
purificam, nos enrijecem e nos tornam melhores. Por outro lado, no entanto, não fomos
feitos para sofrer, pois todos aspiramos à felicidade.
O medo à dor, sobretudo se se trata de uma dor forte ou persistente, é um impulso
profundamente arraigado em nós, e a nossa primeira reacção perante algo custoso ou
difícil é de repulsa. Por isso, a mortificação, a penitência cristã, tropeça com dificuldades;
não é fácil, e, ainda que a pratiquemos assiduamente, não acabamos nunca de
acostumar-nos a ela6.
A fé, no entanto, permite-nos ver – e experimentar – que sem sacrifício não há amor,
não há alegria verdadeira, a alma não se purifica, não encontramos a Deus. O caminho
da santidade passa pela Cruz, e todo o apostolado se fundamenta nela. É o “livro vivo
em que aprendemos definitivamente quem somos e como devemos actuar. Este livro
está sempre aberto diante de nós”7. Devemos aproximar-nos dele e lê-lo; nele
aprenderemos quem é Cristo, o seu amor por nós e o caminho para segui-lo. Quem
procura a Deus sem sacrifício, sem Cruz, não o encontrará.
II. ...PORQUE NÃO TENS a sabedoria das coisas de Deus, mas das coisas dos
homens. Mais tarde, Pedro compreenderia o profundo significado da dor e do sacrifício;
sentir-se-ia alegre com os outros Apóstolos por ter padecido por causa do nome de
Jesus8.
Nós, cristãos, sabemos que a nossa salvação e o caminho do Céu estão na aceitação
amorosa da dor e do sacrifício. Existe por acaso uma vida cristã plenamente fecunda
sem sofrimento? “Porventura os esposos estão certos do seu amor antes de terem
sofrido juntos? Porventura a amizade não se torna mais firme pelas provas sofridas em
comum ou simplesmente por se ter sofrido junto com os outros o calor do dia ou por se
ter compartilhado com eles a fadiga e o perigo de uma escalada?”9 Para ressuscitar
com Cristo, temos que acompanhá-lo no seu caminho para a Cruz: aceitando as
contrariedades e tribulações com paz e serenidade; sendo generosos na mortificação
voluntária, que nos faz entender o sentido transcendente da vida e reafirma o senhorio
da alma sobre o corpo. Como nos tempos apostólicos, devemos ter em conta que a Cruz
que anuncia Cristo é escândalo para uns e loucura e insensatez para outros10.
Hoje vemos também muitas pessoas que não sentem as coisas de Deus, mas as dos
homens. Têm o olhar posto nas coisas da terra, nos bens materiais, sobre os quais se
lançam sem medida, como se fossem os únicos reais e verdadeiros. A humanidade
sofre o embate de uma onda de materialismo que parece querer invadir e penetrar tudo.
“Este paganismo contemporâneo caracteriza-se pela busca do bem-estar material a
qualquer custo, e pelo correspondente esquecimento – melhor seria dizer medo,
autêntico pavor – de tudo o que possa causar sofrimento. Com esta perspectiva,
palavras como Deus, pecado, cruz, mortificação, vida eterna... acabam por ser
incompreensíveis para um grande número de pessoas, que desconhecem o seu
significado e sentido”11.
A ideologia hedonista, segundo a qual o prazer é o fim supremo da vida, impregna
especialmente os costumes e os modos de vida em nações economicamente mais
desenvolvidas, mas é também o “estilo de vida de grupos cada vez mais numerosos nos
países mais pobres”12. Este materialismo radical afoga o sentido religioso dos povos e
das pessoas, e opõe-se directamente à doutrina de Cristo, que nos convida uma vez
mais no Evangelho da Missa a carregar a Cruz, como condição necessária para
segui-lo. Se alguém quiser vir após Mim – diz-nos –, negue-se a si mesmo, tome a sua
cruz e siga-Me.
Deus conta com a dor, com o sacrifício voluntário, com a pobreza, com a doença que
chega sem avisar... Tudo isso, longe de separar-nos do Senhor, pode unir-nos mais
intimamente a Ele. Vamos a Jesus junto do Sacrário e oferecemos-lhe tudo aquilo que
nos é custoso e difícil; e então verificamos que “por Cristo e em Cristo ilumina-se o
enigma da dor e da morte”13. Só assim perdemos o medo ao sofrimento e sabemos
aceitá-lo com alegria, descobrindo nele a amável vontade do Senhor: “Esta foi a grande
revolução cristã: converter a dor em sofrimento fecundo; fazer, de um mal, um bem.
Despojamos o demónio dessa arma...; e, com ela, conquistamos a eternidade”14.
III. POR MEIO DO APOSTOLADO pessoal, temos que dizer a todos, com o exemplo
e a palavra, que não ponham o coração nas coisas da terra, que tudo é caduco, que
envelhece e dura pouco. Omnes ut vestimentum veterascent15, como um vestido, assim
envelhecem todas as coisas. Somente a alma que luta por manter-se em Deus
permanecerá numa juventude sempre maior, até que chegue o encontro com o Senhor.
Todas as outras coisas passam, e depressa.
Que pena quando vemos que tantos põem em perigo a sua salvação eterna e a sua
própria felicidade aqui na terra por quatro coisas que não valem nada! Jesus
recorda-nos hoje na passagem do Evangelho que estamos considerando: Que aproveita
ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? Ou que poderá dar o
homem em troca da sua alma?16 “Que aproveita ao homem tudo o que povoa a terra,
todas as ambições da inteligência e da vontade? Que vale tudo isso, se tudo acaba, se
tudo se afunda, se são bambolinas de teatro todas as riquezas deste mundo terreno, se
depois é a eternidade para sempre, para sempre, para sempre?”17
O mundo e os bens materiais nunca são o fim último para o homem. O próprio bem
temporal, que nós os cristãos temos obrigação de promover, não consiste
fundamentalmente nas obras exteriores – nas realizações da técnica, da ciência, da
indústria –, mas no próprio homem, no seu viver humano, no aperfeiçoamento das suas
faculdades, das suas relações sociais, da sua cultura, mediante os bens materiais e o
trabalho, que sempre estão a serviço da dignidade da pessoa.
Só com um amor recto, que a temperança protege e garante, saberemos dar
verdadeiro sentido à necessária preocupação pelos bens terrenos. Se Deus é de
verdade o centro da nossa existência, o matrimónio ordenar-se-á efectivamente para o
seu fim primário – gerar filhos para Deus e educá-los para Ele – e a vida familiar será
uma mútua e generosa entrega. Só assim – tendo presente o Senhor – os espectáculos
e a arte serão dignos do homem, meio e expressão da riqueza do seu espírito. Só assim
se entenderá o fundamento objectivo da moral, e as leis dos povos serão fiel reflexo da
lei divina. Só assim o homem superará os seus temores, e achará no sofrimento um
meio de purificação e de corredenção com Cristo. E assim, com um amor grande,
enraizado na generosidade e sacrifício, alcançará o Céu a que estava destinado desde a
eternidade.
(1) Mt 16, 21-27; (2) Mt 16, 17; (3) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 54, 4; (4) Santo
Agostinho, Tratado sobre a Trindade, 12, 1-5; (5) Fil 3, 17-19; (6) cfr. R. M. de Balbin, Sacrificio y alegría,
pág. 30; (7) João Paulo II, Alocução, 1-IV-1980; (8) cfr. Act 5, 41; (9) J. Leclercq, Treinta meditaciones
sobre la vida cristiana, 2ª ed., Desclée de Brouwer, Bilbao, 1958, págs. 217-218; (10) cfr. 1 Cor 1, 23; (11)
A. del Portillo, Carta pastoral, 25-XII-1985, n. 4; (12) João Paulo II, Homilia no Yankee Stadium de New
York, 2-X-1979, 6; (13) Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 22; (14) São Josemaría Escrivá, Sulco, n.
887; (15) Hebr 1, 11; (16) Mt 16, 26; (17) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 200.

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Meditação sobre aceitar a Cruz diariamente

  • 1. Meditação diária de Falar com Deus Francisco Fernández Carvajal TEMPO COMUM. VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO. CICLO A 82. CONTAR COM A CRUZ – Sem sacrifício, não há amor. Necessidade da Cruz e da mortificação – O paganismo contemporâneo e a busca do bem-estar material a qualquer custo. O medo a tudo o que possa causar sofrimento. – De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma? I. O EVANGELHO DA MISSA1 apresenta-nos Jesus pouco depois da confissão da sua divindade feita por Pedro. Nesse momento, o Mestre fez um grande elogio ao discípulo: Bem-aventurado és Simão, filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos Céus2; e a seguir declara que ele será o fundamento da sua Igreja. Agora, começa a anunciar aos que lhe são mais íntimos que é necessário que Ele vá a Jerusalém para padecer muito da parte dos judeus e finalmente morrer para ressuscitar ao terceiro dia. Os Apóstolos não entendem bem essa linguagem, pois ainda conservam uma imagem temporal do Reino de Deus. Então, tomando-O Pedro à parte, começou a repreendê-l‘O, dizendo: Deus tal não permita, Senhor; isto não Te sucederá de maneira nenhuma. Levado pelo seu imenso carinho por Jesus, Simão procura afastá-lo do caminho da Cruz, sem compreender ainda que ela será um grande bem para a humanidade e a suprema demonstração do amor de Deus por nós. “Pedro raciocinava humanamente – comenta São João Crisóstomo – e concluía que tudo aquilo – a Paixão e a Morte – era indigno de Cristo e reprovável”3. Pedro encara a missão de Cristo na terra com olhos demasiado humanos, e não chega a entender que, por vontade expressa de Deus, a Redenção se tem de fazer
  • 2. mediante a Cruz e que “não houve meio mais conveniente de salvar a nossa miséria”4. O Senhor responde energicamente ao discípulo, tratando-o como se estivesse novamente com o tentador do deserto: Retira-te de Mim, Satanás! Tu serves-Me de escândalo, porque não tens a sabedoria das coisas de Deus, mas dos homens. Em Cesareia, Pedro tinha falado movido pelo Espírito Santo; agora, deixa-se dominar por uma visão terrena. O anúncio da Cruz, da mortificação e do sacrifício como um bem, como meio de salvação, sempre chocará os que a encarem com olhos humanos, como Pedro nesta ocasião. São Paulo teve que prevenir os primeiros cristãos contra aqueles que procedem como inimigos da cruz de Cristo; o seu fim – diz-lhes – é a perdição; o seu deus é o ventre, e fazem consistir a sua glória naquilo que é a sua vergonha, gostando somente das coisas terrenas5. Pensando apenas com uma lógica humana, é difícil entender que a dor, o sofrimento, aquilo que se apresenta como custoso, possa chegar a ser um bem. Por um lado, a experiência mostra-nos que essas realidades, tão frequentes no nosso caminho, nos purificam, nos enrijecem e nos tornam melhores. Por outro lado, no entanto, não fomos feitos para sofrer, pois todos aspiramos à felicidade. O medo à dor, sobretudo se se trata de uma dor forte ou persistente, é um impulso profundamente arraigado em nós, e a nossa primeira reacção perante algo custoso ou difícil é de repulsa. Por isso, a mortificação, a penitência cristã, tropeça com dificuldades; não é fácil, e, ainda que a pratiquemos assiduamente, não acabamos nunca de acostumar-nos a ela6. A fé, no entanto, permite-nos ver – e experimentar – que sem sacrifício não há amor, não há alegria verdadeira, a alma não se purifica, não encontramos a Deus. O caminho da santidade passa pela Cruz, e todo o apostolado se fundamenta nela. É o “livro vivo em que aprendemos definitivamente quem somos e como devemos actuar. Este livro está sempre aberto diante de nós”7. Devemos aproximar-nos dele e lê-lo; nele aprenderemos quem é Cristo, o seu amor por nós e o caminho para segui-lo. Quem procura a Deus sem sacrifício, sem Cruz, não o encontrará. II. ...PORQUE NÃO TENS a sabedoria das coisas de Deus, mas das coisas dos homens. Mais tarde, Pedro compreenderia o profundo significado da dor e do sacrifício;
  • 3. sentir-se-ia alegre com os outros Apóstolos por ter padecido por causa do nome de Jesus8. Nós, cristãos, sabemos que a nossa salvação e o caminho do Céu estão na aceitação amorosa da dor e do sacrifício. Existe por acaso uma vida cristã plenamente fecunda sem sofrimento? “Porventura os esposos estão certos do seu amor antes de terem sofrido juntos? Porventura a amizade não se torna mais firme pelas provas sofridas em comum ou simplesmente por se ter sofrido junto com os outros o calor do dia ou por se ter compartilhado com eles a fadiga e o perigo de uma escalada?”9 Para ressuscitar com Cristo, temos que acompanhá-lo no seu caminho para a Cruz: aceitando as contrariedades e tribulações com paz e serenidade; sendo generosos na mortificação voluntária, que nos faz entender o sentido transcendente da vida e reafirma o senhorio da alma sobre o corpo. Como nos tempos apostólicos, devemos ter em conta que a Cruz que anuncia Cristo é escândalo para uns e loucura e insensatez para outros10. Hoje vemos também muitas pessoas que não sentem as coisas de Deus, mas as dos homens. Têm o olhar posto nas coisas da terra, nos bens materiais, sobre os quais se lançam sem medida, como se fossem os únicos reais e verdadeiros. A humanidade sofre o embate de uma onda de materialismo que parece querer invadir e penetrar tudo. “Este paganismo contemporâneo caracteriza-se pela busca do bem-estar material a qualquer custo, e pelo correspondente esquecimento – melhor seria dizer medo, autêntico pavor – de tudo o que possa causar sofrimento. Com esta perspectiva, palavras como Deus, pecado, cruz, mortificação, vida eterna... acabam por ser incompreensíveis para um grande número de pessoas, que desconhecem o seu significado e sentido”11. A ideologia hedonista, segundo a qual o prazer é o fim supremo da vida, impregna especialmente os costumes e os modos de vida em nações economicamente mais desenvolvidas, mas é também o “estilo de vida de grupos cada vez mais numerosos nos países mais pobres”12. Este materialismo radical afoga o sentido religioso dos povos e das pessoas, e opõe-se directamente à doutrina de Cristo, que nos convida uma vez mais no Evangelho da Missa a carregar a Cruz, como condição necessária para segui-lo. Se alguém quiser vir após Mim – diz-nos –, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me.
  • 4. Deus conta com a dor, com o sacrifício voluntário, com a pobreza, com a doença que chega sem avisar... Tudo isso, longe de separar-nos do Senhor, pode unir-nos mais intimamente a Ele. Vamos a Jesus junto do Sacrário e oferecemos-lhe tudo aquilo que nos é custoso e difícil; e então verificamos que “por Cristo e em Cristo ilumina-se o enigma da dor e da morte”13. Só assim perdemos o medo ao sofrimento e sabemos aceitá-lo com alegria, descobrindo nele a amável vontade do Senhor: “Esta foi a grande revolução cristã: converter a dor em sofrimento fecundo; fazer, de um mal, um bem. Despojamos o demónio dessa arma...; e, com ela, conquistamos a eternidade”14. III. POR MEIO DO APOSTOLADO pessoal, temos que dizer a todos, com o exemplo e a palavra, que não ponham o coração nas coisas da terra, que tudo é caduco, que envelhece e dura pouco. Omnes ut vestimentum veterascent15, como um vestido, assim envelhecem todas as coisas. Somente a alma que luta por manter-se em Deus permanecerá numa juventude sempre maior, até que chegue o encontro com o Senhor. Todas as outras coisas passam, e depressa. Que pena quando vemos que tantos põem em perigo a sua salvação eterna e a sua própria felicidade aqui na terra por quatro coisas que não valem nada! Jesus recorda-nos hoje na passagem do Evangelho que estamos considerando: Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua alma? Ou que poderá dar o homem em troca da sua alma?16 “Que aproveita ao homem tudo o que povoa a terra, todas as ambições da inteligência e da vontade? Que vale tudo isso, se tudo acaba, se tudo se afunda, se são bambolinas de teatro todas as riquezas deste mundo terreno, se depois é a eternidade para sempre, para sempre, para sempre?”17 O mundo e os bens materiais nunca são o fim último para o homem. O próprio bem temporal, que nós os cristãos temos obrigação de promover, não consiste fundamentalmente nas obras exteriores – nas realizações da técnica, da ciência, da indústria –, mas no próprio homem, no seu viver humano, no aperfeiçoamento das suas faculdades, das suas relações sociais, da sua cultura, mediante os bens materiais e o trabalho, que sempre estão a serviço da dignidade da pessoa. Só com um amor recto, que a temperança protege e garante, saberemos dar verdadeiro sentido à necessária preocupação pelos bens terrenos. Se Deus é de verdade o centro da nossa existência, o matrimónio ordenar-se-á efectivamente para o
  • 5. seu fim primário – gerar filhos para Deus e educá-los para Ele – e a vida familiar será uma mútua e generosa entrega. Só assim – tendo presente o Senhor – os espectáculos e a arte serão dignos do homem, meio e expressão da riqueza do seu espírito. Só assim se entenderá o fundamento objectivo da moral, e as leis dos povos serão fiel reflexo da lei divina. Só assim o homem superará os seus temores, e achará no sofrimento um meio de purificação e de corredenção com Cristo. E assim, com um amor grande, enraizado na generosidade e sacrifício, alcançará o Céu a que estava destinado desde a eternidade. (1) Mt 16, 21-27; (2) Mt 16, 17; (3) São João Crisóstomo, Homilias sobre São Mateus, 54, 4; (4) Santo Agostinho, Tratado sobre a Trindade, 12, 1-5; (5) Fil 3, 17-19; (6) cfr. R. M. de Balbin, Sacrificio y alegría, pág. 30; (7) João Paulo II, Alocução, 1-IV-1980; (8) cfr. Act 5, 41; (9) J. Leclercq, Treinta meditaciones sobre la vida cristiana, 2ª ed., Desclée de Brouwer, Bilbao, 1958, págs. 217-218; (10) cfr. 1 Cor 1, 23; (11) A. del Portillo, Carta pastoral, 25-XII-1985, n. 4; (12) João Paulo II, Homilia no Yankee Stadium de New York, 2-X-1979, 6; (13) Conc. Vat. II, Const. Gaudium et spes, 22; (14) São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 887; (15) Hebr 1, 11; (16) Mt 16, 26; (17) São Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 200.