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6º Mapeamento de Pontos 
Vulneráveis à Exploração Sexual 
de Crianças e Adolescentes nas 
Rodovias Federais Brasileiras 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 1 18/11/2014 15:41:09
Sumário 
CARTA INSTITUCIONAL DA CHILDHOOD BRASIL 4 
CARTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 6 
CARTA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 8 
CARTA DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO 10 
2. INTRODUÇÃO 12 
3. PORQUE QUALIFICAR O MAPEAMENTO DE PONTOS VULNERÁVEIS? 15 
4. Histórico e evolução do mapeamento das rodovias federais brasileiras 18 
5. Desdobramentos Operacionais, Coercitivos e intersetoriais 23 
6. Metodologia 26 
7. RESULTADOS (análise crítica dos dados e comparativa com anos anteriores) 30 
8. ANÁLISE COMPARATIVA COM INDICADORES SOCIAIS 49 
9. TRANSFERÊNCIA DE METODOLOGIA MAPEAMENTO DAS RODOVIAS ESTADUAIS - 
EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO 52 
10. CONQUISTAS E DESAFIOS 59 
ANEXO I – Infográficos Analíticos 64 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 2 18/11/2014 15:41:09
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 3 18/11/2014 15:41:09
CARTA INSTITUCIONAL DA CHILDHOOD BRASIL 
A Childhood Brasil é uma organização brasileira e faz parte da World Childhood 
Foundation (Childhood), instituição internacional criada em 1999 por Sua Majestade 
Rainha Silvia da Suécia para proteger a infância e garantir que as crianças sejam crianças. 
Desde 1999 a Childhood Brasil luta por uma infância livre de abuso e exploração sexual. 
A organização apoia projetos, desenvolve programas regionais e nacionais, influencia 
políticas públicas e transforma a vida de muitas crianças e adolescentes. Faz isso através 
de programas próprios, focados em inovação, comunicação e advocacy, com importantes 
resultados intersetoriais, envolvendo empresas, governo e sociedade civil. 
Sua abordagem com o setor privado parte da premissa que toda empresa socialmente 
responsável não pode admitir qualquer tipo de violação dos direitos de crianças e 
adolescentes na sua cadeia de valor. Uma das sólidas iniciativas da organização com 
este público é o Programa Na Mão Certa. Lançado em 2006, o Programa tem a missão 
de levar o setor privado a atuar no enfrentamento da exploração sexual de crianças e 
adolescentes nas rodovias brasileiras, no âmbito da responsabilidade social empresarial 
e das diretrizes de sustentabilidade. O Programa já mobilizou mais de 1.400 empresas e 
entidades empresariais. 
O primeiro passo foi trazer as empresas para a causa. Isso foi feito através do Pacto 
Empresarial Contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias 
Brasileiras. A partir da adesão de uma empresa, o Programa capacita multiplicadores 
- pessoas de dentro das empresas - que passam a sensibilizar os motoristas, sejam eles 
contratados ou prestadores de serviço. 
4 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 4 18/11/2014 15:41:10
O Programa Na Mão Certa é uma grande união de esforços que tem como principal 
estratégia a sensibilização dos motoristas de caminhão, para que atuem como agentes 
de proteção dos direitos de crianças e adolescentes. Por estar o tempo todo viajando, 
o motorista convive com o problema e vê o que acontece no dia-a-dia das estradas. 
Pensando nisso, o Programa Na Mão Certa preparou uma série de iniciativas para 
sensibilizar o motorista e fazer dele um agente de proteção. 
Para dar suporte ao trabalho com os caminhoneiros, diversos materiais didáticos foram 
especialmente preparados pelo Programa. Dentre eles está o Guia Na Mão Certa para 
caminhoneiros, uma coleção com oito volumes, cujo propósito é ajudar o motorista a 
saber como agir quando se deparar com a exploração sexual de crianças e adolescentes 
nas rodovias. 
Foi através deste Programa, que busca o diálogo e a atuação intersetorial na prevenção 
e no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, apoiado pelo setor 
privado que a Childhood Brasil participou do processo de concepção de uma nova 
metodologia de mapeamento em 2009 e firmou o Acordo de Cooperação Técnica com 
a Polícia Rodoviária Federal para contribuir com a qualificação do Mapeamento de 
Pontos Vulneráveis, objeto desta importante publicação. 
5 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 5 18/11/2014 15:41:10
CARTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 
Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e 
Adolescentes 
A exploração sexual de crianças e adolescentes é a mais perversa forma de destruição 
da dignidade e do futuro de um ser humano. Trata-se de uma das piores excrescências já 
produzidas pelo homem, que deixam seqüelas irreversíveis para os infortunados meninos 
e meninas que são vítimas dela. 
O Brasil, assim como outros países mundo latino americano, africano ou asiático, 
representa um relevante foco de exploração sexual de crianças e adolescentes. Com 
efeito, no nosso País, em que a corrupção é endêmica, as políticas públicas de educação 
e assistência social, em regra, são ineficientes ou inexistentes e acabam agravando a 
pobreza e a miséria, a situação de vulnerabilidade torna-se mais intensa, criando 
situações favoráveis para que meninos e meninas sejam alvo da exploração sexual. 
Segundo a legislação atual, a exploração sexual de crianças e adolescentes se constitui 
uma das piores violações dos direitos humanos universais e dos direitos peculiares 
das pessoas em desenvolvimento, sendo identificada por muitos órgãos nacionais e 
internacionais como uma forma moderna de escravidão. 
No nosso ordenamento pátrio, a Constituição Federal brasileira, em seu art. 227, instituiu 
o princípio da proteção integral, exigindo da família, da sociedade e do Estado prioridade 
absoluta na proteção integral dos direitos de crianças e adolescentes e no combate a 
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão 
contra eles praticadas. 
6 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 6 18/11/2014 15:41:10
Assim, todo o Estado brasileiro, a sociedade e família, por terem essa tríplice 
responsabilidade solidária, devem zelar pela proteção da infância e da juventude, em 
todas as suas formas de violações. 
Nesse contexto, então, o presente Mapeamento dos Pontos Vulneráveis de Exploração 
Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, realizado pela Polícia Rodoviária Federal, 
configura-se como um importante instrumento de auxílio do Estado brasileiro, na tarefa 
de implementar políticas públicas que criem as condições materiais para proteção de 
crianças e adolescentes, bem ainda no mister de responsabilizar todos aqueles que lhe 
deram causa à violação. 
Portanto, sendo, também, a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes uma 
relação de trabalho ilícita e degradante, de acordo com o art. 3°, item “b”, da Convenção 
182 da Organização Internacional do Trabalho, em vigor no território nacional, por meio 
do Decreto Legislativo nº 178/1999,. é dever do Ministério Público do Trabalho apoiar 
iniciativas como este Mapeamento, unindo forças com a Policia Rodoviária Federal, em 
prol de uma infância e adolescência livre de qualquer resquício de exploração sexual 
comercial. 
7 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 7 18/11/2014 15:41:10
CARTA DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS 
DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes 
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) é responsável 
pela articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção e proteção aos 
Direitos Humanos no Brasil e atua como Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. 
Em sua estrutura dispõe da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e 
do Adolescente com ações prioritárias de propor, incidir, monitorar e articular políticas 
públicas de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, bem como, coordenar 
campanhas nacionais de defesa, proteção e promoção dos Direitos de Crianças e 
Adolescentes. 
A SDH/PR mais uma vez constitui parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF)/ 
Ministério da Justiça, como continuidade da experiência realizada 2011/2012, neste 
momento visando a atualização dos pontos identificados fruto do mapeamento nacional 
dos pontos de vulnerabilidade à exploração sexual de crianças e adolescentes nas 
rodovias federais do país. 
Fundamental destacar sua participação permanente, através da Comissão Nacional 
de Direitos Humanos/PRF, na Comissão Intersetorial do Governo Federal, instância 
responsável pela articulação, implementação e monitoramento do Plano Nacional de 
Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, o que a legitima na 
condução com apropriação e propósito, deste mapeamento. 
Diante do fenômeno complexo e multifacetado da exploração sexual, com incidência e 
ocorrência cada vez mais escamoteada, avançar em sua identificação é tarefa primeira 
para não se delegar esta violação ao campo da impunidade. 
8 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 8 18/11/2014 15:41:10
A continuidade desta parceria PRF/SDH incidirá no fortalecimento das ações de 
enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no território brasileiro, 
por meio de diversas ações que estarão articuladas ao novo mapeamento dos pontos de 
vulnerabilidade ou efetiva ocorrência de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, 
com foco nos municípios cortados por rodovias federais no país. 
Reconhecendo a riqueza desta experiência, salientamos que a análise deste contexto, 
deverá subsidiar a elaboração de um protocolo integrado, detalhando o papel da rede de 
proteção considerando seus diferentes campos de intervenção, fluxo de procedimentos, 
explicitando compromisso com o desenvolvimento de ações preventivas e repressivas 
por parte do próprio Departamento de Polícia Rodoviária Federal e dos demais atores 
envolvidos nessa temática. Este instrumento, que compõe uma das etapas do projeto 
que ora se inicia, potencializará ainda mais a atuação da rede local nos territórios mais 
vulneráveis considerando demandas de atendimento das crianças, adolescentes e suas 
famílias. 
É desta forma que o Projeto Mapear, apoiado pela SDH/PR, tem se tornado uma ferramenta 
estratégica que colabora com a gestão de políticas públicas e atuação de vários atores, 
instituições, áreas, setores, que, de forma conjunta, agregam os dados sistematizados 
pela PRF/Projeto MAPEAR as suas ações permanentes, potencializando desta forma, 
intervenções que incidam efetivamente na garantia ou restituição dos direitos das crianças 
e adolescentes que tenham seus direitos violados. 
É através de uma detalhada e profunda compreensão do contexto que envolve a violência 
sexual, que aprimoraremos as ações para o enfrentamento a esta gravíssima situação, 
defendendo a soberania dos princípios constitucionais no Estado Democrático de Direito 
e do integral cumprimento da Lei 8.069, de 1990 – ECA –, de forma a defender e garantir 
a proteção especial, assegurando a promoção e a defesa dos direitos sexuais de Crianças 
e Adolescentes brasileiros. 
9 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 9 18/11/2014 15:41:10
CARTA DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO 
TRABALHO 
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência especializada das Nações 
Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam 
ter acesso a um Trabalho Decente. O conceito de Trabalho Decente, formalizado pela OIT 
em 1999, sintetiza a sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e 
mulheres possam ter um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, 
equidade, segurança e dignidade humanas, e promover a proteção integral às crianças 
e adolescentes dos perigos da inserção precoce no trabalho e da exploração nas piores 
formas do trabalho infantil. Ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da 
OIT (o respeito aos direitos do trabalho, a promoção de mais e melhores empregos, a 
extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social), o Trabalho Decente 
é condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades 
sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. 
Fundada em 1919 com o objetivo de promover a justiça social como condição para 
a paz universal, a OIT é a única das agências das Nações Unidas com uma estrutura 
tripartite, composta por representantes de governos e de organizações de empregadores 
e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação, promoção e o monitoramento 
da aplicação das Normas Internacionais do Trabalho e mantém representação no Brasil 
desde a década de 1950, com programas que refletem os objetivos da Organização. 
No que se refere ao tema da eliminação do trabalho infantil, destacam-se as Convenções 
nº 138 (Sobre idade mínima para admissão ao trabalho ou ao emprego) e a nº 182 
(Sobre as piores formas de trabalho infantil), ambas ratificadas pelo Brasil. Dessa forma, 
o país reconhece o problema e se compromete a adotar as medidas necessárias para 
a erradicação dessa violação dos direitos das crianças e adolescentes. Uma das piores 
formas de trabalho infantil indicadas pela Convenção nº 182 é a exploração sexual de 
crianças e adolescentes, que inclui o tráfico para os mesmos fins (internacional e interno). 
10 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 10 18/11/2014 15:41:10
O mapeamento de pontos vulneráveis à exploração sexual, realizado pela Polícia 
Rodoviária Federal (PRF), tem se mostrado, ao longo dos anos, uma ferramenta crucial 
para o planejamento de ações de prevenção e repressão a esse crime e para a efetiva 
proteção integral de crianças e adolescentes vítimas desse crime ou em situação de 
vulnerabilidade. Qualquer trabalho de levantamento de informações em um país 
continental requer um eficiente e eficaz planejamento e execução. 
A capilaridade da PRF e o compromisso de seus homens e mulheres policiais com a 
proteção da infância e juventude e com a garantia dos Direitos Humanos tornam possível 
oferecer um mapeamento ao Governo e à sociedade, possibilitando planos de ação mais 
direcionados para as diferentes realidades do país. 
A OIT expressa seu apoio a esta iniciativa por meio de ações em prol da garantia dos direitos 
das crianças e dos adolescentes, incluindo formação de profissionais governamentais e 
não governamentais, promoção da cooperação sul sul, campanhas de sensibilização e 
apoio à construção de políticas e planos para a eliminação do trabalho infantil, sobretudo 
nas suas piores formas, como a exploração sexual de crianças e adolescentes. 
A iniciativa da PRF demonstra os avanços na prevenção e enfrentamento desse crime e 
contribui, de maneira crucial, para a conscientização da população sobre a necessidade de 
um olhar especial à infância e juventude. Que este mapeamento e tantas outras iniciativas 
da PRF sirvam de insumos para uma promoção do conhecimento da legislação penal, 
civil, da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente, das Convenções 
Internacionais e de outras legislações que, de forma positiva, assegurem os direitos que 
devem ser reconhecidos e efetivados para todos os seres humanos. Certamente a garantia 
de direitos é o único e melhor caminho para a eliminação das violências e para uma vida 
saudável e protegida para todas as crianças e adolescentes. 
11 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 11 18/11/2014 15:41:10
2. INTRODUÇÃO 
Proteger nossas crianças e adolescentes e garantir que eles tenham um desenvolvimento 
pleno e saudável é dever de todos nós, sociedade civil, setor privado e público. De 
acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), crianças e adolescentes são 
todos aqueles com idade entre 0 e 18 anos, sendo adolescentes aqueles de 12 a 18 
anos incompletos. Esse universo corresponde a cerca de 33% da população brasileira, 
segundo o Plano Plurianual (PPA) 2008/2011. 
A violência sexual é uma das mais graves violações de direitos e pressupõe o abuso do 
poder onde crianças e adolescentes são usados para gratificação sexual de adultos, sendo 
induzidos ou forçados a práticas sexuais. Esse tipo de violência interfere diretamente no 
desenvolvimento da sexualidade saudável e nas dimensões psicossociais da criança e do 
adolescente, causando danos muitas vezes irreversíveis. 
Apenas em 2013, foram registradas 124.079 denúncias de violações de direitos de 
crianças e adolescentes. Dos 13 tipos de violações registradas pelo Disque-Denúncia, 
a violência sexual ocupa o 4º lugar e corresponde a 26% do total das denuncias. Este 
número não corresponde ao número de casos de fato constatados, mas dá uma ideia do 
tamanho do problema. 
O abuso e a exploração sexual estão enquadrados dentro do conceito de violência 
sexual. A exploração sexual se estabelece através de uma relação de mercantilização, 
em que o sexo é fruto de uma troca, seja de favores ou presentes. 
A exploração sexual é um fenômeno multicausal, complexo, e ocorre em vários contextos 
e cenários, vinculado a redes de prostituição, pornografia, redes de tráfico de drogas 
e pessoas, turismo, grandes obras de infraestrutura, nas tecnologias de informação e 
comunicação e também nas rodovias brasileiras. 
12 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 12 18/11/2014 15:41:10
Uma das manifestações da exploração sexual é o tráfico para fins sexuais. O tráfico de 
pessoas envolve o recrutamento, transporte, transferência, abrigamento ou recepção de 
uma pessoa com uso da força, coerção, fraude ou outros meios com o fim de explorá-la 
(UNODC). 
O Projeto Mapear passa, a partir desta edição do mapeamento a olhar para a questão 
do tráfico de pessoas para fins sexuais com uma das áreas prioritárias. E o faz através da 
inclusão de uma questão para o policial em ronda sobre o local de origem da vítima. 
O tráfico de pessoas possui dois grandes aliados que precisam ser enfrentados: o 
desconhecimento e o preconceito. O desconhecimento é evidente pela especificidade 
do crime e por ele não figurar entre as maiores preocupações de segurança pública 
do Brasil. Este cenário esta mudando desde a implantação do I Plano Nacional de 
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Por outro lado, o preconceito é o maior aliado das 
redes criminosas, pois ele se ampara na vulnerabilidade da vítima, que normalmente 
é percebida de forma negativa e pejorativa pelos operadores de segurança pública e 
gestores do sistema penal brasileiro. 
A subnotificação dos casos de exploração sexual, a falta de sistemas integrados que 
armazenem e analisem as informações e o despreparo da sociedade civil para encaminhar 
casos dessa natureza dificulta o enfrentamento dessa causa. 
Normalmente, quando ocorre a violência sexual, outros direitos também foram violados. 
Ou seja, a criança ou o adolescente já foram negligenciados e, possivelmente, passaram 
por episódios de violência física e psicológica. 
13 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 13 18/11/2014 15:41:10
A complexidade desse fenômeno requer ações de enfrentamento igualmente complexas 
e capazes de envolver os mais diferentes atores da sociedade. Um dos maiores desafios 
é ter dados e indicadores confiáveis que ofereçam um quadro confiável e real sobre a 
situação. Com base neles, é possível desenvolver estratégias intersetoriais efetivas de 
prevenção e enfrentamento. 
É esse o objetivo da cultura de mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração sexual 
nas rodovias brasileiras. Esta nova edição do mapeamento, além de repetir os critérios 
qualificados dos mapeamentos anteriores, apresenta três inovações que qualificam nosso 
entendimento sobre esse fenômeno nas estradas e propõe integração com outros dados 
socioeconômicos. 
Esperamos que os dados sejam úteis para o desenvolvimento de estratégias eficazes de 
prevenção e enfrentamento em rede e que, juntos, possamos continuar empreendendo 
esforços para mudar esse cenário. 
14 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 14 18/11/2014 15:41:10
3. PORQUE QUALIFICAR O MAPEAMENTO DE 
PONTOS VULNERÁVEIS? 
O mapeamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias e estradas 
federais – Projeto Mapear – tornou-se referência no delineamento de ações para o 
enfrentamento dessa grave violação de direitos humanos. 
As ações realizadas para compor este mapeamento têm vasta abrangência, percorrendo 
em torno de 65.000 quilômetros de rodovias federais, distribuídos pelos 26 estados e o 
Distrito Federal. 
O Projeto Mapear coaduna-se com o que prescreve o Programa Nacional de Enfrentamento 
da Violência contra Crianças e Adolescentes, em sua Diretriz 8, que trata da “promoção 
dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma não 
discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação”, mais especificamente, 
com relação ao objetivo estratégico IV que trata do “enfrentamento da violência sexual 
contra crianças e adolescentes”. 
A Polícia Rodoviária Federal, órgão da estrutura do Ministério da Justiça ligado à segurança 
pública, é vista como predominantemente repressiva. Entretanto, as ações desenvolvidas 
no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias têm 
como uma das premissas dotar as atividades da Polícia Rodoviária Federal de um caráter 
eminentemente preventivo, a partir da inserção de todos os pontos apontados como 
vulneráveis, nas rondas e fiscalizações de rotina da PRF. 
Este projeto continuado da Polícia Rodoviária Federal em parceria com Organização 
Internacional do Trabalho, Childhood Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República e o Ministério Público de Trabalho visa a ampliação e o 
fortalecimento das ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças e 
adolescentes no território brasileiro. Através de um levantamento com atualização 
15 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 15 18/11/2014 15:41:10
bianual, são identificados e registrados os pontos vulneráveis à exploração sexual de 
crianças e adolescentes ao longo das rodovias federais que os cortam os municípios do 
Brasil. 
O principal objetivo é subsidiar o desenvolvimento de ações preventivas e repressivas, 
bem como orientar as políticas públicas coordenadas pela Secretaria de Direitos Humanos 
da Presidência da República. 
A presente publicação foca a identificação de “pontos vulneráveis” e representa uma 
oportunidade de geração de dados, a partir das rodovias, para mapear cenários propícios 
à exploração sexual de crianças e adolescentes. 
Ao mapear os pontos vulneráveis e apresentar os dados, criamos a possibilidade de um 
trabalho intersetorial e articulado de prevenção da violência sexual e proteção da infância 
e adolescência. Nesse sentido, esta edição do mapeamento traz algumas novidades: 
t a inclusão de novas questões de verificação do ponto 
t o cruzamento com dados socioeconômicos, 
t transferência da metodologia para um Estado. 
Essas três inovações qualificam o mapeamento e contribuem para a causa com novas 
informações. 
O mapeamento, em si, é um instrumento para identificação da situação da exploração 
sexual de crianças e adolescentes nas rodovias. Quando o Projeto Mapear definiu a 
inclusão de duas novas questões, ao solicitar que policial responda questões sobre o 
16 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 16 18/11/2014 15:41:10
gênero e sobre local de origem, estamos aproveitando uma plataforma já existente para 
melhorar nosso entendimento sobre as crianças e adolescentes vítimas desta violação. 
Quando cruzamos dados socioeconômicos dos municípios com pontos críticos e de 
alto risco, estamos buscando novas informações e dados para entender porque nestas 
localidades o problema se apresenta de forma mais grave. Essas informações são de 
extrema importância para que o governo local, através da rede de garantia de direitos, 
possa desenhar ações focalizadas para enfrentamento deste problema e prevenção da 
exploração sexual nas rodovias e fora dela. 
Por fim, o maior desafio de inovação é alcançar as rodovias estaduais. Transferir a 
metodologia para outros Estados é fundamental para termos a noção de como o problema 
se apresenta nas rodovias através de um retrato real por Unidade da Federação. Ao 
mapearmos um Estado, também qualificamos policiais e melhoramos o entendimento e 
a abordagem sobre o problema. 
O Estado pioneiro que recebeu a transferência de metodologia foi Pernambuco entre 
2012 e 2013. Esperamos que esse Estado não só repita regularmente o mapeamento, 
como inspire outros a fazerem o mesmo. 
17 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 17 18/11/2014 15:41:10
4. Histórico e evolução do mapeamento das 
rodovias federais brasileiras 
2003 - 2008 
Em 2003, o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCA) 
tornou-se prioridade para o Governo Federal, e a Polícia Rodoviária Federal fortaleceu o 
desenvolvimento das atividades tanto educativas (formação dos policiais) e preventivas 
(campanhas de sensibilização) quanto de inteligência e repressão (operações direcionadas 
à ESCA). Dentre estas iniciativas, o trabalho de mapear os pontos de vulnerabilidade à 
ESCA nas rodovias federais do país ganhou destaque. 
Esse projeto surgiu para auxiliar no planejamento das operações de repressão ao delito 
em questão. No entanto, logo em 2003 percebeu-se que essas informações poderiam 
subsidiar o planejamento de ações de diversos atores sociais e governamentais. 
O primeiro levantamento entregue ao Ministro da Justiça apontou 844 pontos de risco 
de ESCA. Já em 2005, foi realizada a atualização dos dados, e constatou-se o aumento 
dos pontos, que totalizaram 1.222. Tais informações foram consolidadas e enviadas, 
em forma de relatório, ao Ministério da Justiça e à Secretaria de Direitos Humanos da 
Presidência da República. 
Em consequência da grande repercussão e utilização da informação gerada pela Polícia 
Rodoviária Federal, em 2007, com apoio da Organização Internacional do Trabalho 
e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foi feita a primeira 
publicação georreferenciada para a divulgação dos 1.819 pontos vulneráveis à exploração 
sexual. 
18 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 18 18/11/2014 15:41:10
Esta publicação ofereceu os pontos indicados no mapa do país, com a indicação do km 
e do tipo de estabelecimento (bar, posto de gasolina, hotel etc.), não tendo sido realizada 
no estado do Amapá. 
2009 - 2012 
No ano de 2009, em uma reunião entre a Polícia Rodoviária Federal, Childhood Brasil, 
Organização Internacional do Trabalho e empresas integrantes do Programa Na Mão 
Certa (PNMC), iniciativa da Childhood Brasil que tem como objetivo enfrentar a ESCA 
nas rodovias brasileiras, constatou-se que os critérios do mapeamento de 2007 poderiam 
ser qualificados por indicadores que permitissem maior grau de consistência dos dados 
primários colhidos nas rodovias, garantindo maior eficiência nas ações de prevenção e 
repressão. 
No mesmo ano, a Polícia Rodoviária Federal estabeleceu uma parceira com a 
Organização Internacional do Trabalho e Childhood Brasil para o desenvolvimento 
de uma nova metodologia para o 4o mapeamento de pontos vulneráveis nas rodovias 
federais, qualificando os critérios que foram utilizados para a definição dos pontos e os 
fatores considerados de alta relevância para a ocorrência do crime. 
Na ocasião, criou-se um grupo de trabalho com empresas signatárias do Programa Na 
Mão Certa interessadas em discutir estratégias de contribuição com esse processo. Foram 
envolvidas transportadoras (Gafor/Luft/Della Volpe/Julio Simões) e a gerenciadora de 
risco (Pamcary). Iniciou-se assim um planejamento intersetorial de enfrentamento que 
discutiu a definição de novos critérios de mapeamento a partir da agregação de novos 
dados para diagnóstico de vulnerabilidade. 
19 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 19 18/11/2014 15:41:10
O resultado do grupo de trabalho foi o desenho de uma metodologia que permite a 
comparação dos dados através da repetição bianual do mapeamento e favorece sua 
replicação pelos Batalhões Rodoviários da Polícia Militar nas rodovias estaduais, gerando 
conteúdo que facilita unificação de dados e esforços. 
A metodologia permite também identificar tipos de estabelecimento segundo nível de 
criticidade, regiões de maior risco e dados de vulnerabilidade. Esses dados sustentam 
ações mais efetivas em conjunto com outras instituições e a rede de proteção local e são 
passíveis de ser monitorados a partir da repetição de cada mapeamento. 
O 4º mapeamento, realizado em 2009/2010, identificou um total 1.820 pontos vulneráveis 
à ESCA nas rodovias federais. Desse total, 924 foram considerados pontos críticos; 478, 
com alto risco; 316, com médio risco; e, por fim, 102 pontos foram avaliados como de 
baixo risco para ESCA. 
O 5o mapeamento, realizado em 2011/2012, identificou um total 1.776 pontos vulneráveis 
à ESCA nas rodovias federais. Desse total, 691 foram considerados pontos críticos; 480, 
com alto risco; 349, com médio risco; e, por fim, 256 pontos foram avaliados como de 
baixo risco para ESCA. 
2013-2014 
Nesta nova etapa, entendendo a importância de somar esforços para o enfrentamento 
à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o Ministério Público do Trabalho, 
através da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e 
Adolescentes, passa a apoiar o Projeto. 
20 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 20 18/11/2014 15:41:10
Tal parceria soma-se às anteriormente estabelecidas e reforça o imprescindível papel que 
a integração de esforços tem na prevenção, repressão e erradicação desses crimes. 
Ainda, acreditando na necessidade de entender melhor o perfil das vítimas, inovamos no 
questionário do projeto buscando respostas para duas situações: a primeira para saber 
qual sexo/gênero das vítimas; a segunda, para identificar possíveis situações de tráfico 
interno de pessoas (interrogando sobre a origem e deslocamento). Essas informações 
podem contribuir para o estabelecimento de políticas preventivas, de atendimento e 
acolhimento. 
Uma outra inovação ao Projeto nasce da constatação de que precisamos enxergar 
este crime como complexo e multifatorial utilizando outros dados socioeconômicos. 
Dessa forma, selecionamos os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil 
2013, publicado pelo PNUD, para testar alguns cruzamentos de informações com o 
levantamento dos pontos críticos e de alto risco. 
Neste 6o mapeamento, realizado entre 2013/2014, identificou-se um total 1.969 pontos 
vulneráveis à ESCA nas rodovias federais. Desse total, 566 foram considerados pontos 
críticos; 538, com alto risco; 555, com médio risco; e, por fim, 310 pontos foram avaliados 
como de baixo risco para ESCA. O aumento do número total de pontos mapeados nesta 
edição pode sugerir a falha na implementação de políticas públicas, no entanto estamos 
certos que refletem maior refinamento na identificação deste crime. O principal destaque 
da evolução dos últimos mapeamentos é a significativa redução dos pontos críticos, 40% 
em seis anos. A redução dos pontos críticos pode estar relacionada à soma de esforços, 
engajamento dos diversos setores e atuação preventiva nas rodovias federais. 
21 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 21 18/11/2014 15:41:10
Considerações gerais 
Em razão do caráter subjetivo do mapeamento, que conta com a capacidade de observação 
dos policiais durante o levantamento, a PRF uniu forças para promover treinamentos 
mais especializados sobre o tema. 
Em 2010, no encontro de Presidentes das Comissões Regionais de Direitos Humanos, 
houve a primeira capacitação específica sobre o Projeto Mapear. A idéia era formar 
multiplicadores nas unidades regionais da PRF para que houvesse melhor padronização 
na forma de olhar os estabelecimentos às margens das rodovias e ter uma coleta de 
dados de maior qualidade. 
Os efeitos foram positivos, mas não foram suficientes. Com apoio da Childhood Brasil 
e do Ministério Público do Trabalho, a Comissão Nacional de Direitos Humanos, 
unida à Coordenação-Geral de Operações, desenvolveu em 2013 as primeiras OTEDH 
(Operações Temáticas de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos). 
O objetivo das OTEDHs é o treinamento de todos os chefes de Núcleos de Policiamento 
das Delegacias da Polícia Rodoviária Federal por serem responsáveis por orientar, 
gerenciar e direcionar as atividades rotineiras dos PRFs que ficam nos postos e delegacias 
da polícia. Estas operações consistem no treinamento teórico seguido de atividades 
preventivas e repressivas acompanhadas pela equipe que participou da instrução. 
Embora, por dificuldades orçamentárias, não tenhamos conseguido capacitar todos os 
servidores operacionais, acreditamos que a acuidade dos dados coletados nesta última 
edição tenha sido influenciada pela qualificação olhar do policial. 
22 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 22 18/11/2014 15:41:10
5. Desdobramentos Operacionais, Coercitivos 
e intersetoriais 
Decorridos 12 anos desde o primeiro mapeamento, é fundamental consolidar e incorporar 
as análises e o aprendizado obtidos nas operações e nas ações coercitivas. 
O principal desdobramento operacional para a PRF foi a criação da Comissão Nacional 
de Direitos Humanos e das Comissões Regionais de Direitos Humanos (uma em cada 
unidade da Federação). A partir desta Comissão a Polícia Rodoviária Federal contará, 
de forma inovadora em sua estrutura regimental, com uma Coordenação (nacional) de 
Direitos Humanos, para dedicar atenção especial e exclusiva à matéria. Tal criação é fruto 
de resultados institucionais significativos, reconhecidos e apoiados incondicionalmente 
pela Direção Geral, pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos. 
Com relação às ações coercitivas, nos últimos 9 anos (2005 a 2013), a PRF resgatou e 
encaminhou mais de 4000 crianças e adolescentes identificados em situação de risco 
nas rodovias federais brasileiras (Tabela 1). Boa parte deste resultado decorre de ações 
policiais embasadas no cruzamento dos dados do mapeamento de pontos vulneráveis 
(realizado pela Coordenação-Geral de Operações em parceria com a CNDH da PRF) com 
o mapeamento dos pontos confirmados e pontos com indícios de exploração, realizado 
pela Coordenação de Inteligência da PRF (COINT). 
23 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 23 18/11/2014 15:41:10
24 
Tabela 1 
Ano 
Ano Total de crianças e adolescentes vítimas retirados 
de situação de risco pela PR 
2005 121 
2006 121 
2007 469 
2008 663 
2009 502 
2010 511 
2011 590 
2012 420 
2013 590 
2014 PARCIAL 188 
TOTAL GERAL 4321 
Conforme relatos de chefes de delegacias, a redução do número de crianças e adolescentes 
resgatados em 2014 tem relação com os grandes eventos e copa do mundo de futebol 
porque o efetivo policial foi deslocado para ações em outras localidades. 
Os locais identificados como pontos vulneráveis são novamente checados no 
mapeamento dos pontos confirmados e com indícios, realizado pela COINT e subsidiam 
as ações rotineiras e as operações policiais coercitivas posteriores. A comparação dos 
dados levantados nos dois últimos mapeamentos também nos fornece uma informação 
importantíssima, que é a evolução dos pontos vulneráveis de acordo com seu nível de 
criticidade. 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 24 18/11/2014 15:41:10
É importante, no entanto, ressaltar que há uma diferença significativa entre pontos 
confirmados, pontos com indícios e pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças 
e adolescentes. 
Os pontos confirmados são aqueles nos quais um agente confirmou a presença de crianças 
e adolescentes em situação comprovada de exploração sexual, realizou a repressão do 
ilícito e encaminhou as vítimas ao Conselho Tutelar. 
Os pontos com indícios são aqueles nos quais o agente identificou indícios, recebeu 
informações, dados, denúncias ou ocorrências passadas, mas não conseguiu confirmar 
a situação apontada. 
A parceria com a Chidlhood Brasil através do Programa Na Mão Certa integra um outro 
desdobramento de reforço preventivo trazendo o setor privado para ação por meio das 
suas operações logísticas e de transporte de carga rodoviário. As empresas passam a ter 
acesso exclusivo e confidencial aos resultados do mapeamento para avaliação de suas 
rotas e pontos de parada de caminhoneiros. Apesar de algumas empresas utilizarem 
esta informação como um critério para não pararem nesses pontos, a recomendação da 
Childhood Brasil é que esta ação de inteligência seja integrada a formação continuada 
do caminhoneiro como agente de proteção de crianças e adolescentes mudando seu 
olhar e incentivando a denúncia de exploração sexual. 
25 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 25 18/11/2014 15:41:10
6. Metodologia 
6.a) Forma de Coleta 
A coleta dos dados é realizada em período determinado através de formulário preenchido 
por policiais rodoviários federais durante as rondas nas rodovias. Este formulário 
padronizado contém questões sobre as características encontradas nos pontos. A partir 
das respostas inseridas em banco de dados online, um programa calcula e subdivide os 
pontos por nível de criticidade. 
O mapeamento, com recorte por município, permite cruzamentos e analises com outras 
pesquisas ou índices. Por exemplo, está adequado às necessidades apontadas pela 
Secretaria de Direitos Humanos, permitindo a alimentação e cruzamento dos dados com 
a Matriz gerenciada pela SDH que abriga os dados de denúncias formuladas também 
pelo Disque 100. Neste mapeamento, optamos por utilizar comparativamente os dados 
fornecidos pelo Programa das Nações Unidas através do Atlas do desenvolvimento 
humano do Brasil 2013. Mais informações estarão disponíveis no capítulo 9. 
6.b) Definição dos Critérios e Questionamentos 
O Os critérios e questionamentos são os mesmos para todas edições desde 2009/2010, 
quando foi revista a metodologia, para permitir a comparação analítica dos dados e 
constatar as modificações do cenário nas rodovias federais. As duas novas perguntas 
qualitativas inseridas nesta edição não interferem na metodologia estabelecida. 
A manutenção da metodologia do mapeamento dos pontos vulneráveis é de suma 
importância para o subsídio às políticas públicas bem como para campanhas e projetos 
a serem desenvolvidos tanto pelo governo quanto pelas entidades que compõem a rede 
garantidora dos direitos das crianças e adolescentes. 
26 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 26 18/11/2014 15:41:10
Para definição dos critérios foram realizadas as seguintes etapas de trabalho: 
t Apresentação do mapeamento de 2007 pelo Departamento de Polícia 
Rodoviária Federal para a Organização Internacional do Trabalho, 
Childhood Brasil e grupo de empresas do Programa Na Mão Certa; 
t Este grupo de trabalho grupo de trabalho elaborou um questionário piloto 
para levantamento de critérios de risco e suas possíveis características 
para ser aplicado com caminhoneiros; 
t Foi realizado um primeiro levantamento de pontos de risco por meio da 
aplicação do questionário com 294 caminhoneiros das empresas do grupo 
de trabalho. Cada entrevistado indicou dois pontos vulneráveis a partir 
do conhecimento de estrada e apontaram as principais características 
dos referidos pontos (tipo de estabelecimento, iluminação, vigilância, 
estacionamento isolado, circuito fechado de televisão, orelhão ou 
telefone de fácil acesso, existência de tráfico de drogas, prostituição de 
adultos, conivência dos funcionários, proximidade com casas noturnas, 
proximidade com vilarejos, área urbana ou rural, posto fiscal ou porto e 
distância de perímetro urbano); 
t A partir do cruzamento de dados foram identificados os dez pontos mais 
27 
lembrados (TOP 10); 
t Usando o TOP 10 como referência, a Polícia Rodoviária Federal foi 
investigar os locais indicados para confirmar as características dos 
referidos pontos, a fim de determinar critérios de mapeamento; 
t Para complementar essas características, a Polícia Rodoviária Federal 
juntamente com o grupo de trabalho definiram os indicadores de 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 27 18/11/2014 15:41:10
vulnerabilidade e um questionário com pontuações (informação não 
divulgada para os policiais rodoviários federais de campo). A somatória 
da pontuação definiu os níveis de risco para a exploração sexual de 
crianças e adolescentes: crítico, alto, médio e baixo; 
t Os critérios que têm maior peso são: existência de prostituição de 
adulto, ocorrências de exploração sexual de crianças e adolescentes 
pela lembrança do policial em determinada localidade nos últimos dois 
anos, registro de ocorrência de tráfico/consumo de drogas nos últimos 
24 meses e presença constante de crianças e adolescentes no local; 
t Em 2009 incluímos uma questão sobre a lembrança do Policial sobre a 
atuação do conselho tutelar na região que não interfere na pontuação. 
t Em 2013 incluímos duas novas questões facultativas que também estão 
baseadas na lembrança do Policial e não interferem na pontuação. 
Essas questões dizem respeito ao gênero da vitima e se eram da mesma 
localidade onde encontravam-se exploradas. 
Com a definição de critérios padronizados, tem sido possível realizar o levantamento 
sistemático e periódico com possibilidade concreta de comparação e permite a 
transferência da metodologia para outros Estados. 
6.c) A importância dos Níveis de Risco 
A subdivisão dos níveis de risco em Crítico, Alto, Médio e Baixo, visa evitar imprecisões 
e leituras errôneas desta publicação. 
28 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 28 18/11/2014 15:41:10
Considerando este nivelamento atribuído aos locais apontados pelos PRFs como 
vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, é possível fazer a interpretação 
mais assertiva permitindo a definição de priorização das ações em cada local. 
6.d) Inovação sem interferência na pontuação da metodologia 
A partir deste mapeamento inserimos duas novas perguntas facultativas, uma refere-se 
ao sexo/gênero (masculino, feminino ou transgenero); e a outra à localidade de origem 
da criança e/ou adolescente. 
Com essas perguntas qualificamos as informações referentes às vitimas e identificamos 
possíveis relações com tráfico interno de pessoas para fins de exploração sexual. 
Para preservar a metodologia de mensuração dos níveis de criticidade dos pontos 
vulneráveis, essas perguntas apenas somam-se ao projeto para fornecer novas informações, 
logo não interferem na programação que calcula o grau de vulnerabilidade do local. 
Considerando a inovação da consulta, nesta edição essas duas perguntas foram inseridas 
em caráter facultativo e se basearam na lembrança do policial sobre a questão naquele 
ponto. Logo, não foram respondidas por todos policiais. 
29 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 29 18/11/2014 15:41:10
7. RESULTADOS (análise crítica dos dados 
e comparativa com anos anteriores) 
No biênio 2013/2014, na atualização do Mapeamento, 1969 pontos foram registrados 
como vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes. Tal resultado aponta 
para o acréscimo de 11% dos pontos. 
O aumento dos pontos não deve ser lido de forma absoluta. Algumas questões devem ser 
consideradas nesta leitura: qualificação do policial e a migração dos pontos. 
Qualificação do policial 
Em 2013, com apoio do Ministério Público do Trabalho, foi realizado treinamento 
específico com os chefes de policiamento de todas as delegacias da PRF do país, com 
vistas a sensibilizá-los e habilitá-los tanto teoricamente quanto na atividade prática. 
Dessa forma, esperávamos a variação em alguns registros refletindo o maior engajamento 
dos policiais nas ações voltadas para o combate à exploração sexual. Essa formação 
contemplou um policial de cada delegacia do país, porém, nos Estados que sediaram 
essa capacitação (Piauí, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) foram disponibilizadas 
cerca de dez vagas a mais para sensibilizar um maior número de policiais do referido 
Estado. 
Nesse contexto, destacamos o Piauí, uma vez que foi a primeira unidade a receber o 
treinamento, tendo hoje policiais mais habilitados e preparados para o registro dos pontos 
vulneráveis e enfrentamento às violações de Direitos Humanos. Em análise minuciosa, 
consideramos que muitos dos locais aqui apontados já existiam e possivelmente não 
eram apontados. 
30 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 30 18/11/2014 15:41:10
Destacamos a importância da qualificação dos policiais para alinhar o conhecimento 
sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes, bem como o seu olhar para a 
realização do Mapeamento. Neste contexto, a PRF tem investido não somente na 
capacitação, mas também em melhorias estruturais que refletem na qualidade da coleta 
dos dados e do enfrentamento às violações de Direitos Humanos somando esforços com 
os parceiros institucionais. 
Migração dos pontos 
Importante salientar também que, conforme levantamento realizado em 2011 pela 
Coordenação de Inteligência, em alguns estados, a exemplo da Paraíba, onde houve 
a maior redução percentual de registros, foi detectada a “migração de pontos”. Isto 
significa dizer que, em algumas áreas, considerando a repressão realizada ou campanhas 
preventivas, educativas e parcerias com a sociedade civil incentivando o uso do Disque 
100, houve a “interiorização” dos ambientes suscetíveis à exploração. 
Tendo em vista que o ambiente geográfico do presente projeto são as rodovias e estradas 
federais e suas margens, foi constatado que muitos estabelecimentos anteriormente 
reprimidos migraram para dentro das cidades, ou mesmo para a área circunvizinha à 
rodovia, mas fora da circunscrição da PRF, objeto deste mapeamento. 
Imprescindível, pois, como em Pernambuco, a união de esforços com os poderes locais, 
de forma a evitar a migração dos pontos de exploração sexual de crianças e adolescentes 
para o interior das cidades “cortadas” pelas rodovias federais. Nesse sentido, urgem 
providencias como as já implantadas em Pernambuco, que em 2013 concluiu o 
primeiro mapeamento estadual dos pontos vulneráveis. Esta ação pioneira, desenvolvida 
em parceria com a Childhood Brasil com apoio da Polícia Rodoviária Federal deverá 
estimular a transferência dessa metodologia para os demais Estados do Brasil. 
31 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 31 18/11/2014 15:41:10
Novas questões 
Nesta edição do mapeamento, os policiais também responderam algumas questões sobre 
o perfil das vítimas. Essas duas questões eram facultativas e se basearam na lembrança do 
policial sobre a questão naquele ponto. 
Dos 1969 pontos de risco de exploração sexual mapeados, houve 1121 pontos com 
respostas sobre essas perguntas. Sendo 448 qualificações de sexo e gênero, e 428 sobre 
local de origem das crianças e adolescentes. Considerando que estas perguntas apenas 
deveriam ser respondidas quando fosse possível a constatação in loco, ou a lembrança 
e a observação dos policiais, apenas 57% dos locais mapeados tiveram respostas sobre 
estes quesitos. 
Tráfico interno 
Sobre origem da vítima, em 428 pontos (38%) as respostas indicaram que eram originárias 
de outra localidade, ou seja, poderiam estar em situação de tráfico de pessoas. 
Com relação a este resultado, é importante ressaltar dois fatores. O primeiro diz respeito 
à vivência prática dos policiais que nem sempre recordam de fazer o registro da origem 
das vítimas ou, nos pontos onde há suspeita, não tiveram acesso ao relato sobre a origem 
da criança e/ou adolescente. O segundo fator revela a conexão entre os pontos vulneráveis 
a exploração sexual de nível critico com os pontos de possível caso de tráfico interno de 
crianças e adolescentes. Nesse mapeamento, 50% dos possíveis pontos de ocorrência de 
tráfico estavam localizados em pontos vulneráveis de nível crítico à exploração sexual de 
crianças e adolescentes. Ou seja, a recomendação é a priorização de atenção das ações 
repressivas e as políticas públicas de prevenção e atenção às vítimas nesses pontos. 
32 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 32 18/11/2014 15:41:10
Gênero 
Para esta questão, os agentes poderiam fazer a escolha entre ‘sexo masculino’, ‘sexo 
feminino’, ‘transgênero’ ou, ainda, deixar em branco a questão, caso não soubessem 
a resposta. Considerou-se transgênero a pessoa que possui identidade de gênero 
diferente daquela atribuída no nascimento, que realiza performance social, e 
reivindicação de reconhecimento, no sentido de expressar essa identidade. Dentre os 
transgêneros, para fins de pesquisa em exploração sexual, considerou-se apenas as 
travestis e os/as transexuais. 
Dentre os 448 pontos com registro, 69% se referem a meninas, 22% aos transgêneros e 
9% a meninos. As principais vítimas continuam sendo crianças e adolescentes do sexo 
feminino. A identificação de transgêneros em 98 pontos demonstra a necessidade do 
poder público realizar ações diferenciadas e inclusivas com esse grupo. Em 41 pontos 
foi identificada a presença de meninos vitimas de exploração sexual. Apesar de parecer 
pequena a quantidade, acreditamos que esses dados demonstram que meninos também 
estão sendo vitimas de exploração sexual nas rodovias. 
Divulgação dos resultados 
No intuito de minimizar distorções, optou-se pela divulgação dos resultados agrupados 
por regiões. Esta forma de agrupamento permitirá interpretações estatísticas e poderá 
orientar a execução e aplicação de ações de interesse comum dada às especificidades 
das regiões. Assim, evitamos gerar um alerta aos infratores da iminente atuação 
estatal, um ranking discriminatório entre as Unidades da Federação e possibilitamos o 
direcionamento para a união de esforços da rede de proteção. 
33 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 33 18/11/2014 15:41:10
7.c) Análise dos Resultados 
Conforme apresentado nesta publicação, a exploração sexual de crianças e adolescentes 
nas rodovias deve ser analisada como fenômeno multifcausal e esta relacionada com o 
consumo de drogas (lícitas e ilícitas), a prostituição de adultos e a grande rotatividade nos 
pontos de parada. A conjunção destas características propicia a ocorrência de diversas 
práticas ilícitas, entre elas, a exploração sexual de crianças e adolescentes. 
As políticas públicas de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes 
devem priorizar as áreas ou trechos com predominância de pontos críticos e de alto 
risco. 
A integração do poder público local com os representantes da sociedade civil organizada e 
o setor privado para planejar ações de prevenção e enfrentamento tem neste mapeamento 
uma valiosa ferramenta de apoio trazendo inteligência e otimizando resultados. 
7.c.1) Distribuição de pontos por região política 
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6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 34 18/11/2014 15:41:10
Considerando os dados obtidos por região politico administrativa, observamos que houve 
significativa redução na região Norte (de 333 pontos para 160) e leve redução na região 
Centro Oeste (de 398 para 392 pontos). Nas demais regiões constatamos aumento no 
número absoluto de pontos, entretanto ressaltamos que o aumento se deu nos pontos de 
característica de media criticidade. 
Por Unidade da Federação 
A tabela a seguir demonstra o total de registros por Unidade da Federação, que, com 
exceção de Rondônia e Acre (que juntos formam uma Superintendência Regional), 
corresponde às unidades da federação brasileira. 
UF 2013/2014 2011/2012 variação % 
MG 313 252 24,21% 
BA 216 77 180,52% 
PR 179 111 61,26% 
GO 175 168 4,17% 
SC 166 113 46,90% 
MS 124 95 30,53% 
RJ 112 48 133,33% 
PI 110 50 120,00% 
RS 103 92 11,96% 
PA 84 208 -59,62% 
MT 82 112 -26,79% 
ES 46 34 35,29% 
TO 42 45 -6,67% 
PE 33 20 65,00% 
AL 29 19 52,63% 
35 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 35 18/11/2014 15:41:10
UF 2013/2014 2011/2012 variação 
RN 27 79 -65,82% 
SE 26 11 136,36% 
SP 23 24 -4,17% 
MA 16 20 -20,00% 
CE 14 33 -57,58% 
RO/AC 13 30 -56,67% 
DF 11 23 -52,17% 
AM 9 20 -55,00% 
RR 7 25 -72,00% 
AP 5 5 0,00% 
PB 4 62 -93,55% 
1969 1776 10,87% 
Os Estados que apresentam maiores variações estão relacionados com os fatores de 
qualificação do policial e migração dos pontos. Como exemplo, podemos citar na Bahia 
ações intensificadas pelo CEDECA e pela Policia Militar. Em Sergipe, as ações integradas 
com a Universidade Federal para o enfrentamento da exploração sexual no turismo. No 
Rio de Janeiro, o engajamento da Superintendência da PRF foi um diferencial por ressaltar 
a importância do trabalho no âmbito de atuação dos policias rodoviários federais. 
7.c.2) Respostas qualificadas em relação aos pontos 
A tabela abaixo qualifica as caraterísticas identificadas nos pontos, permitindo uma 
análise mais detalhada sobre os níveis de criticidade. 
Os três primeiros questionamentos não são respondidos pela observação direta do policial; 
eles dizem respeito a registros preexistentes ou a situações já previamente constatadas. 
36 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 36 18/11/2014 15:41:11
Os demais itens do questionário representam a constatação in loco realizada durante o 
mapeamento, o que ratifica a relação entre os indicadores como determinantes para a 
consecução da exploração sexual. 
Tabela – Análise das respostas dos 1.969 pontos 
PERGUNTA SIM % NÃO % 
Neste ponto já houve casos de exploração sexual de crianças e adolescentes? 327 16.6 % 1642 83.4 % 
Existe registro de ocorrências de tráfico/consumo de drogas neste ponto? 477 24.2 % 1492 75.8 % 
Tem conhecimento da atuação do conselho tutelar no ponto em análise? 192 9.8 % 1777 90.2 % 
Existe prostituição de adultos neste ambiente? 1.144 58.1 % 825 41.9 % 
Há constante presença de crianças e/ou adolescentes no local? 619 31.4 % 1350 68.6 % 
Pesença de caminhoneiros no local? 1.533 77.9 % 436 22.1 % 
É um ponto de consumo de bebidas alcoólicas? 1.630 82.8 % 339 17.2 % 
Aglomeração/estacionamento de veículos em trânsito? 1.484 75.4 % 485 24.6 % 
Algum tipo de vigilância privada neste ambiente? 598 30.4 % 1371 69.6 % 
Existe Iluminação na área? 1.488 75.6 % 481 24.4 % 
Quando observada a totalidade dos pontos mapeados é possível verificar que determinados 
fatores estão presentes na maioria dos pontos elencados pelos policiais rodoviários 
federais. Os critérios que se destacam no levantamento in loco são: a prostituição de 
adultos, a presença de caminhoneiros, o consumo de bebidas alcoólicas, a aglomeração/ 
estacionamento de veículos, a existência de iluminação e a falta de vigilância. Estes 
são fatores de influência na determinação de pontos de vulnerabilidade, dados que se 
mostram similares aos resultados dos mapeamentos anteriores. 
37 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 37 18/11/2014 15:41:11
Quando restringimos a análise aos 566 pontos considerados críticos, apresentam-se como 
fatores determinantes a existência de prostituição de adultos e a presença constante de 
crianças e adolescentes no local. 
Tabela – Análise das respostas dos 566 pontos críticos 
PERGUNTA SIM % NÃO % 
Neste ponto já houve casos de exploração sexual de crianças e adolescentes? 302 53.4 % 264 46.6 % 
Existe registro de ocorrências de tráfico/consumo de drogas neste ponto? 394 69.6 % 172 30.4 % 
Tem conhecimento da atuação do conselho tutelar no ponto em análise? 114 20.1 % 452 79.9 % 
Existe prostituição de adultos neste ambiente? 548 96.8 % 18 3.2 % 
Há constante presença de crianças e/ou adolescentes no local? 371 65.5 % 195 34.5 % 
Pesença de caminhoneiros no local? 537 94.9 % 29 5.1 % 
É um ponto de consumo de bebidas alcoólicas? 534 94.3 % 32 5.7 % 
Aglomeração/estacionamento de veículos em trânsito? 527 93.1 % 39 6.9 % 
Algum tipo de vigilância privada neste ambiente? 201 35.5 % 365 64.5 % 
Existe Iluminação na área? 459 81.1 % 107 18.9 % 
Infere-se de ambas as tabelas que existe uma relação direta dos pontos de vulnerabilidade 
a ESCA com o consumo de drogas (lícitas e ilícitas), a prostituição e a presença de 
caminhoneiros. 
Observa-se que a existência de iluminação e vigilância reduz a vulnerabilidade do ponto, 
mas não elimina. É importante qualificar essa vigilância para que estejam sensíveis aos 
direitos das crianças e dos adolescentes. 
38 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 38 18/11/2014 15:41:11
7.c.3) Número de pontos por níveis de risco 
Tabela – Análise das Regiões por níveis de risco dos pontos 
2013/2014 
Região Crítico Alto 
39 
risco 
Médio 
risco 
Baixo 
risco 
TOTAL DE 
PONTOS 
SUDESTE 149 106 133 106 494 
NORDESTE 172 129 120 54 475 
SUL 73 162 161 52 448 
CENTRO-OESTE 88 109 109 86 392 
NORTE 84 32 32 12 160 
TOTAL POR NÍVEL 566 538 555 310 1969 
Porcentagem em relação ao 
total de pontos 28,7% 27,3% 28,2% 15,7% 100% 
A tabela acima demonstra as regiões políticas agrupadas por níveis de risco (crítico, alto, 
médio e baixo). Nela, verifica-se que a região Sudeste é a que detêm a maior quantidade 
de pontos de vulnerabilidade, contudo, quando observados apenas os pontos críticos, a 
Região Nordeste apresenta a maioria deles, num total de 172 pontos. 
Nota-se também a predominância de pontos classificados como críticos e alto risco em 
todas as regiões do país. Juntos agora eles constituem 56% (em 2011/2012 eram 65,9%) 
do total dos pontos mapeados, sendo os pontos críticos e os de alto risco os merecedores 
de atenção especial. 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 39 18/11/2014 15:41:11
7.c.4) Número de pontos por região, proporcional à malha viária 
Essa análise é uma das mais importantes. Refere-se a quantidade de pontos dividida pela 
malha viária da região. Desta forma é possível interpretar os resultados de cada região 
por quantidade de pontos vulneráveis em cada ‘X’ km de rodovias. 
Este indicador leva em conta a malha viária regional. Por exemplo, apesar do Nordeste 
ser a 2ª região com maior número absoluto de pontos vulneráveis (475 pontos), por ter 
a maior malha viária federal do Brasil, resulta em 38,09 km de distância entre os pontos 
vulneráveis a exploração sexual. Ou seja, a região com maior distância media entre os 
pontos. 
Tabela – Regiões por quantidade de pontos 
TOTAL DE PONTOS 
VULNERÁVEIS 2013/2014 2011/2012 
REGIÃO Um ponto a cada xx km 
CENTRO-OESTE 24,36 23,99 
NORDESTE 38,09 48,77 
NORTE 37,44 17,99 
SUDESTE 27,78 38,33 
SUL 23,61 33,47 
40 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 40 18/11/2014 15:41:11
41 
Tabela – Regiões por risco crítico 
CRÍTICOS 2013/2014 2011/2012 
REGIÃO Um ponto a cada xx km 
CENTRO-OESTE 108,51 57,87 
NORDESTE 105,20 92,79 
NORTE 71,32 44,71 
SUDESTE 92,09 155,93 
SUL 144,90 97,04 
Tabela – Regiões por risco alto 
ALTO RISCO 2013/2014 2011/2012 
REGIÃO Um ponto a cada xx km 
CENTRO-OESTE 166,00 72,34 
NORDESTE 46,44 205,62 
NORTE 428,79 85,59 
SUDESTE 99,79 144,44 
SUL 357,61 111,34 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 41 18/11/2014 15:41:11
Tabela – Análise das regiões por risco médio 
MÉDIO RISCO 2013/2014 2011/2012 
REGIÃO Um ponto a cada xx km 
CENTRO-OESTE 87,60 154,01 
NORDESTE 150,79 278,38 
NORTE 187,22 122,27 
SUDESTE 103,17 145,97 
SUL 65,70 133,89 
Tabela – Análise das regiões por risco baixo 
BAIXO RISCO 2013/2014 2011/2012 
REGIÃO Um ponto a cada xx km 
CENTRO-OESTE 111,03 244,84 
NORDESTE 335,08 786,72 
NORTE 499,25 74,89 
SUDESTE 129,45 169,4 
SUL 203,41 320,53 
42 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 42 18/11/2014 15:41:11
O que podemos observar na tabela X de risco critico é que, independente do surgimento 
de mais estabelecimentos ao longo das rodovias, temos hoje uma maior distância entre 
os pontos considerados críticos. Isto quer dizer que, se anteriormente, a cada 57,87 km 
encontrávamos um ponto crítico ao longo das nossas BRs, com características que os 
tornavam suscetíveis à ESCA, hoje precisamos percorrer quase o dobro da distância, 
108,51 km, para encontrar um ponto crítico. 
7.c.5) Análise dos principais eixos rodoviários federais 
43 
Tabela – BR com pontos mapeados 
BR CENTRO-OESTE 
NORDESTE NORTE SUDESTE SUL TOTAL 
POR BR 
116 83 98 62 243 
163 128 18 25 171 
101 68 44 54 166 
w381 133 133 
153 36 50 9 14 109 
316 78 5 83 
040 15 1 63 79 
179 230 73 347 15 984 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 43 18/11/2014 15:41:11
As 7 rodovias federais que compõe os principais eixos rodoviários do país abrigam 
49,97% dos pontos identificados. As rodovias BR 116 e 101 fazem ligação entre as 
regiões Nordeste, Sudeste e Sul. As BRs 153 e 163 encontram-se no interior do país. A BR 
153 percorre as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A BR 163, ainda inacabada, interliga 
os estados do Mato Grosso e Pará. A BR 040 tem um traçado de grande relevância 
entrecortando sudeste, centro oeste e nordeste. A BR 316 concentra-se basicamente no 
Nordeste e Norte. Por último, apesar de estar apenas no sudeste, a BR 381 apresentou 
número significativo de pontos. 
7.c.6) Análise de perfil dos pontos: Urbano ou Rural 
Tabela – urbano ou rural 
Área RURAL URBANA TOTAL 
CENTRO-OESTE 115 277 392 
NORDESTE 183 292 475 
NORTE 45 115 160 
SUDESTE 252 242 494 
SUL 163 285 448 
TOTAL 758 1.211 1.969 
% DO TOTAL 38,5% 61,5% 100% 
Na maioria das regiões os pontos vulneráveis à ESCA encontram-se na área urbana. Uma 
hipótese para isso é que esta localização facilita o acesso, a movimentação e por isso a 
interação entre as vítimas, agressores e ambientes propícios. 
44 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 44 18/11/2014 15:41:11
45 
7.c.7) Tipo de Logradouro 
Os pontos de alimentação (1115), muitos dos quais situados dentro dos postos de 
combustíveis, permanecem como destaque devendo ser alvo das ações preventivas e 
de conscientização, governamentais e não governamentais uma vez que reúnem grande 
concentração de motoristas e transeuntes das rodovias, que ali procuram os mais variados 
tipos de prestação de serviços. Percebeu-se um aumento da facilidade de se instalar um 
ponto de alimentação informal em locais onde não há grande controle fitossanitário, 
como, por exemplo, uma residência ter parte de seus cômodos transformada em 
lanchonete, a fim de incrementar a renda familiar. 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 45 18/11/2014 15:41:11
Além dos pontos de alimentação, aparecem em segundo lugar os postos de combustível 
com 963 pontos vulneráveis a exploração sexual de crianças e adolescentes. Destes, 408 
pontos são apontados como críticos ou de alto risco. 
7.c.8) Análise final: quadros Comparativos por mapeamentos realizados 
7.c.8.1) Níveis de criticidade por região 
2013/2014 
Região Crítico Alto 
risco 
46 
Médio 
risco 
Baixo 
risco 
TOTAL DE 
PONTOS 
CENTRO-OESTE 88 109 109 86 392 
NORDESTE 172 129 120 54 475 
SUDESTE 149 106 133 106 494 
NORTE 84 32 32 12 160 
SUL 73 162 161 52 448 
TOTAL POR NÍVEL 566 538 555 310 1969 
Porcentagem em relação 
ao total de pontos 28,7% 27,3% 28,2% 15,7% 100% 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 46 18/11/2014 15:41:11
2009/2010 2011/2012 
Região Crítico Alto risco Região Crítico Alto risco 
CENTRO-OESTE 111 75 70 25 281 CENTRO-OESTE 165 132 62 39 398 
NORDESTE 334 118 75 18 545 NORDESTE 195 88 65 23 371 
SUDESTE 178 105 61 27 371 SUDESTE 88 95 94 81 358 
NORTE 85 77 42 20 224 NORTE 134 70 49 80 333 
SUL 216 103 68 12 399 SUL 109 95 79 33 316 
TOTAL POR NÍVEL 924 478 316 102 1820 TOTAL POR NÍVEL 691 480 349 256 1776 
50,8% 26,3% 17,4% 5,6% 100% 38,9% 27,0% 19,7% 14,4% 100% 
47 
Médio 
risco 
Baixo 
risco 
TOTAL 
DE 
PONTOS 
Médio 
risco 
Baixo 
risco 
TOTAL 
DE 
PONTOS 
Porcentagem em 
relação ao total de 
pontos 
Porcentagem em 
relação ao total de 
pontos 
Ao comparar os números absolutos, o total nacional de pontos vulneráveis sofreu um 
aumento em relação ao ultimo mapeamento; no entanto, observa-se que houve uma 
sucessiva redução dos pontos críticos e aumento significativo dos pontos de médio risco, 
mantendo-se os de alto e baixo risco dentro da margem de erro de 1%. 
Os pontos críticos e os de médio risco sofreram maiores alterações, tendo os críticos 
reduzido seu total em 22,1% e os de médio risco aumentado em 10,1% nos últimos 6 
anos. É pertinente observar que algumas regiões apresentaram variações significativas 
nos mapeamentos comparados, como o Norte, que reduziu seus pontos críticos de 134 
para 84, enquanto a região Sudeste aumentou de 88 para 149 pontos críticos. 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 47 18/11/2014 15:41:11
7.b) Procedimento para solicitação dos resultados georeferenciados 
A divulgação detalhada dos resultados continuará sendo feita sob demanda dos órgãos 
em caráter de confidencialidade. No caso das empresas participantes do Programa Na 
Mão Certa da Childhood Brasil, o pedido pode ser encaminhado através de formulário 
de solicitação encontrado no website do Programa (www.namaocerta.org.br) que será 
analisado pela Central de Atendimento e encaminhado a Policia Rodoviária Federal que 
é responsável pelo envio do relatório à empresa solicitante. 
48 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 48 18/11/2014 15:41:11
8. ANÁLISE COMPARATIVA COM INDICADORES 
SOCIAIS 
Considerando que a exploração sexual de crianças e adolescentes tem raízes multicausais, 
percebeu-se a necessidade de realizar uma análise dos índices socioeconômicos dos 
municípios onde foram localizados pontos críticos ou de alto risco. 
Dos 1969 pontos vulneráveis levantados, 56% deles são críticos (566) ou de alto risco 
(538), somando um total de 1104 pontos espalhados em 470 municípios. Deste universo, 
59 municípios possuem entre 5 e 15 pontos críticos ou de alto risco. Analisando este 
recorte da pesquisa, pode-se perceber que os estados de Minas Gerais, Bahia e Pará 
possuem o maior número de municípios com esta característica, além de liderarem na 
quantidade absoluta de pontos críticos ou de alto risco. 
Para fazer o cruzamento do levantamento geográfico com índices socioeconômicos, 
optou-se por utilizar os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 
publicado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Dentre 
os mais de 200 índices apresentados pelo Atlas há o Índice de Desenvolvimento Humano 
49 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 49 18/11/2014 15:41:11
Municipal (IDHM), o qual é uma medida composta de indicadores de três dimensões 
do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1 
(quanto mais próximo de 1, melhor). 
Os 1104 pontos (somados os críticos e os de alto risco) estão agrupados em 470 
municípios brasileiros, com os quais foram feitas comparações com o IDHM (Educação) 
e com o IDHM (Renda). 
Chama atenção nessa análise o fato de 90,43% dos 470 municípios com pontos críticos 
ou de alto risco possuírem o IDHM (EDUCAÇÃO) entre médio e muito baixo (ou 
seja, entre 0,00 e 0,699). Ademais, nestes municípios há respectivamente 120.150 e 
527.635 crianças e adolescentes (até 14 anos) não alfabetizados e evadidos da escola. 
Considerando que temos no total desses municípios 4.220.975 crianças e adolescentes 
até 14 anos, esses valores correspondem somados a 15,34 % do total de indivíduos até 
14 anos nesses municípios. 
No tocante ao IDHM (Renda), embora os valores comparados dos 470 municípios com 
a totalidade dos municípios brasileiros esteja aproximadamente na média nacional, isso 
não significa um resultado positivo. Constatou-se que, dentre o universo de 4.220.975 
indivíduos de 0 a 14 anos nesses municípios, 1.103.107 crianças e adolescentes, ou 
seja, 26,13%, vivem em famílias pobres ou em extrema pobreza, com renda per capita 
média de R$ 57,81. Destaca-se aqui que dentre essas crianças e adolescentes (mais de 
um milhão delas) a renda per capita varia de R$5,99 indo no máximo a R$117,50. 
Ainda, somam-se a esses números a alarmante quantidade de crianças e adolescentes até 
14 anos que foram consideradas dentro da população economicamente ativa, ou seja, 
que estavam trabalhando, trabalharam no último mês anterior à pesquisa ou informaram 
50 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 50 18/11/2014 15:41:11
estar procurando emprego: 259.058. Acrescente-se aí o grupo de adolescentes entre 15 
e 17 anos considerados como economicamente ativos num total de 709.387. Chegamos 
então ao número de 968.445 crianças e adolescentes nos 470 municípios com pontos 
vulneráveis críticos e de alto risco que trabalham, trabalharam no mês anterior à pesquisa 
ou que estão buscando trabalho. 
Falando de Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes não podemos nos furtar de 
dedicar especial atenção a estes números, uma vez que crianças e adolescentes deveriam 
estar nas escolas e, além disso, não sabemos que tipo de emprego (ou sub emprego) e a 
quais condições estão sendo submetidos. 
Essa reflexão é importante por sugerir que crianças e adolescentes não alfabetizados e 
evadidos da rede escolar e a quantidade expressiva de adolescentes economicamente 
ativos podem ter uma relação com a exploração sexual nesses municípios que 
apresentaram uma quantidade expressiva de pontos críticos e de alto risco a ESCA. 
51 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 51 18/11/2014 15:41:11
9. TRANSFERÊNCIA DE METODOLOGIA 
MAPEAMENTO DAS RODOVIAS ESTADUAIS – 
EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO 
Mapeamento das Rodovias Estaduais de Pernambuco – Biênio 2012|2013 
Apresentação 
Em 2007 a Childhood Brasil estabeleceu um convênio de cooperação técnica e financeira 
com o Governo do Estado de Pernambuco através do Conselho Estadual da Criança e 
do Adolescente. O primeiro resultado desta parceria foi a construção do Plano Estadual 
de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes que posteriormente 
gerou diferentes planos de trabalho com o objetivo de proteger crianças e adolescentes 
do estado de Pernambuco da violência sexual. A Childhood Brasil implantou de maneira 
pioneira no estado um conjunto de metodologias e tecnologias sociais desenvolvidas 
organização até então. Entre elas o Programa Na Mão Certa cujo objetivo principal é o 
enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. 
Em parceria com o Projeto Mapear, desenvolvido pela Polícia Rodoviária Federal, o 
Programa Na Mão Certa, apoiou o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) na execução 
do primeiro mapeamento de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e 
adolescentes nas rodovias estaduais de Pernambuco. 
O mapeamento das rodovias estaduais é a continuidade do trabalho executado pela 
Polícia Rodoviária Federal, por meio do Projeto Mapear. buscando ampliar o mapeamento 
para os Estados com a mesma metodologia de coleta buscando não só ter uma maior 
compreensão do fenômeno como sensibilizar e formar policiais em direitos humanos. 
Diante dos resultados alcançados pelas ações desenvolvidas nas rodovias federais, 
que representaram uma maior redução percentual de registros em sua extensão, 
principalmente no Estado de Pernambuco, detectou-se a migração desses pontos para 
52 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 52 18/11/2014 15:41:11
as rodovias estaduais, promovendo assim, a interiorização dos ambientes suscetíveis à 
exploração sexual de crianças e adolescentes, o que propiciou a escolha de Pernambuco 
como o Estado pioneiro no Brasil, a executar o mapeamento das rodovias estaduais. 
Para execução desse trabalho, o BPRv passou pelas seguintes fases: Conscientização e 
sensibilização do efetivo e compartilhamento da metodologia, identificação dos pontos 
vulneráveis e análise e compilação dos resultados. O mapeamento foi concluído em 
fevereiro de 2013. 
1ª Fase: Conscientização e sensibilização do efetivo e compartilhamento da metodologia 
a ser utilizada 
Em 2013 através da Childhood do Brasil, e com apoio da Polícia Rodoviária Federal, 
o BPRv promoveu a capacitação de 60 policiais militares que atuaram como 
multiplicadores para a tropa. Essa iniciativa possibilitou a conscientização dos policiais 
sobre a necessidade de execução do trabalho, tendo em vista o grave problema no 
Estado que fere diretamente os Direitos Humanos. Foram abordados conteúdos inerentes 
a uma atuação eficiente, sendo focados inclusive, a prática de abordagens e os aspectos 
jurídicos das ações policiais. 
A sensibilização do efetivo favoreceu o sentimento de cidadania exercido pelo BPRv 
como parte integrante da sociedade, independente de sua profissão. 
53 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 53 18/11/2014 15:41:11
Além disso, foi compartilhada toda a metodologia empregada pela Polícia Rodoviária 
Federal, com a divulgação do modelo do formulário de coleta de dados que serviu de 
instrumento para o direcionamento da pesquisa, na identificação e na classificação dos 
pontos vulneráveis. O formulário de identificação dos pontos foi adaptado às necessidades 
do BPRv sendo adequados a estrutura estadual a exemplo das denominações de 
logradouros, siglas, identificação dos municípios, identificação do policial etc. 
Ainda assim, foram mantidas as mesmas perguntas do questionário que determinam os 
níveis de risco de exploração sexual como nos mapeamentos realizados pela PRF, tendo 
em vista a possibilidade de permitir a comparação analítica dos dados resultantes do 
levantamento estadual com o federal. 
2ª Fase: Identificação dos Pontos Vulneráveis 
Durante essa fase, o comando do BPRv se deparou com um dos principais problemas 
enfrentados no mapeamento: a dificuldade de estrutura logística e humana. Com as 
demandas diárias já no limite, contou-se com a motivação e voluntariedade dos policiais 
para cumprir a missão. Como recomendação para a próxima edição, deve-se levar em 
conta a necessidade de prever horas extras para incluir de forma mais adequada a jornada 
extraordinária. 
De acordo com o processo de coleta estabelecido, os policiais promoveram o 
patrulhamento na área de atuação, ao mesmo tempo em que, norteados pelo questionário, 
foram preenchendo manualmente in loco o levantamento. Para concluir a pesquisa, além 
da visita in loco, a experiência histórica do policial adquirida durante a sua atuação 
diária nas rodovias trouxe as informações relevantes para o mapeamento. 
54 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 54 18/11/2014 15:41:11
O patrulhamento foi realizado durante as 24 horas do dia, em diversos horários, por 
equipes diferentes, sendo constatadas, confirmadas e comparadas, diversas informações, 
que serviram de base para a classificação desses pontos, com relação aos níveis de 
criticidade. 
O serviço de inteligência da Polícia Militar de Pernambuco realizou o mapeamento 
em caráter reservado, com o policiamento descaracterizado e foram levantadas várias 
informações, inclusive confirmadas, através de levantamento investigativo. 
3ª Fase: Análise e compilação dos resultados 
O objetivo dessa análise é fazer o alinhamento dos resultados obtidos, a partir das 
respostas do questionário que direcionou a pesquisa. É de fundamental importância, 
pois a partir dessa análise, será possível mostrar ao Governo do Estado, à Sociedade Civil 
e aos Órgãos da Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes, a realidade do cenário 
desse crime no Estado de Pernambuco; além de nortear a implementação dos meios 
necessários para o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas 
rodovias estaduais. 
A ação do Estado, bem como, da Sociedade Civil Organizada, pode evitar que esses 
pontos vulneráveis se transformem em pontos de efetiva exploração sexual de crianças 
e adolescentes; seja com ações preventivas com o objetivo de transformar os ambientes 
vulneráveis em ambientes neutros ou, principalmente, com ações repressivas, a fim de 
debelar esses ambientes criminosos. 
55 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 55 18/11/2014 15:41:11
De posse dos dados lançados no sistema, foi promovida a análise e classificação dos pontos 
identificados como vulneráveis, e ao final, concluído o mapeamento foram levantados 
1.372 pontos vulneráveis, classificados de acordo com os níveis de criticidade, críticos, 
de alto risco, médio e baixo risco. 
56 
Resultados 
Em 2012, apesar do Estado de Pernambuco ser o nono Estado com maior quantidade de 
pontos vulneráveis nas rodovias federais, a identificação de 1.372 pontos vulneráveis à 
exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias estaduais revela uma realidade 
preocupante nesse Estado. Deste total, 421 (30,7%) são críticos, 329 (24%) são de alto 
risco, 449 (32,7%) são de médio risco e 173 (12,6%) são de baixo risco. Numa malha 
rodoviária de 7.023 quilômetros de extensão, as rodovias pernambucanas apresentam 
um resultado muito semelhante ao da a Polícia Rodoviária Federal, quando mapeou os 
65.000 quilômetros de rodovias federais em todo o Brasil. De acordo com o presente 
mapeamento nacional, que apresentou 56% dos pontos vulneráveis como críticos e de 
alto risco, verificamos uma percentagem similar em Pernambuco de 54,7% de pontos 
com esses níveis de vulnerabilidade. 
A partir do compartilhamento dos pontos vulneráveis com as unidades operacionais 
da Polícia Militar no interior do Estado, o BPRv, capacitou esses policiais, de modo a 
padronizar as ações, obtendo a mesma eficácia em todo o Estado. 
A intervenção da Polícia Militar consistiu no patrulhamento ordinário diário nas rodovias 
em torno dos pontos identificados como vulneráveis, prioritariamente, abordagens 
aos pontos críticos e de alto risco. Esses pontos estão sendo submetidos a um estudo 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 56 18/11/2014 15:41:12
investigativo minucioso através da seção de inteligência da PMPE, que precede as 
abordagens, como elemento fundamental para a execução de ações coercitivas que para 
debelar os pontos críticos e de alto risco, neutralizando esses ambientes criminosos. 
Todavia, é válido ressaltar que as ações de enfrentamento devem ser articuladas com os 
demais Órgãos da Rede de Proteção e Garantia dos Direito de Crianças e Adolescentes, 
como o Ministério Público, Conselho Tutelar, CREAS, Secretarias Municipais, etc. 
O Comando do Batalhão de Polícia Rodoviária de Pernambuco cumpriu a missão de 
mapear os pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, através do 
seu efetivo de patrulheiros rodoviários. o Estado de Pernambuco é o primeiro a contar 
com este diagnóstico com a inserção da coleta de dados no patrulhamento ordinário das 
rodovias estaduais 
O principal legado desse trabalho é a sensibilização e conscientização do efetivo do 
BPRv que promoveu esse estudo envolvido e motivado, norteado pela importância do 
papel como representante da Segurança Pública e integrante da sociedade no exercício 
de sua cidadania. 
O desafio é, a partir das atividades realizadas no primeiro mapeamento, através da 
divulgação dos resultados, promover a integração entre a Polícia Militar e a Rede de 
Proteção, no intuito de alcançar o fortalecimento das ações e compartilhamento de 
estratégias de solução para a prevenção, o enfrentamento e a responsabilização dos 
casos de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias estaduais. 
57 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 57 18/11/2014 15:41:12
10. CONQUISTAS E DESAFIOS 
Conquistas 
As ações de mapeamento para enfrentamento da exploração sexual de crianças e 
adolescentes têm abrangência nacional, percorrendo em torno de 65.000 quilômetros 
de rodovias e estradas federais, distribuídos pelos 26 estados e o Distrito Federal. 
A permanente parceria com a OIT, Childhood Brasil, SDH e MPT, somadas à capilaridade 
da PRF, que se faz presente em todas Unidades de Federação englobando mais de 3.500 
municípios, bem como, o envolvimento e comprometimento dos policiais rodoviários 
federais, sensíveis à política de enfrentamento da exploração sexual de crianças e 
adolescentes, são os pontos fortes que sustentam a realização do presente projeto. 
O presente mapeamento registrou um maior número absoluto de pontos. No entanto, 
houve uma redução expressiva dos pontos críticos. Esse resultado tem uma forte relação 
com a qualificação do policial bem como com o incremento de ações preventivas e 
repressivas. 
Podemos destacar: 
t Os pontos críticos podem ter migrado para fora das rodovias e estradas 
federais, fugindo das ações coercitivas da PRF já tradicionais em algumas 
Unidades da Federação. Esta hipótese também explicaria a variação da 
quantidade de pontos dentro das regiões geográficas; 
t As ações preventivas de conscientização da sociedade civil podem 
estar efetivamente contribuindo para a redução de características de 
criticidade, chegando inclusive a evitar a instalação de novos pontos de 
exploração sexual de crianças e adolescentes; 
58 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 58 18/11/2014 15:41:12
t As grandes obras de infraestrutura e o aumento do tráfego de veículos estão 
proporcionando a mudança ou a instalação de novos estabelecimentos 
comerciais ao longo das rodovias e estradas federais, normalmente, com 
uma estrutura precária. 
t A capacitação e sensibilização do policial qualificam e humanizam seu 
olhar para as características de vulnerabilidade ao longo das rodovias, 
ampliando sua visão e atuação, passando inclusive a incorporar outros 
crimes de violação dos direitos humanos. 
t Uma grande conquista a ser destacada é a crescente integração 
com o setor privado, em especial, através das empresas e entidades 
empresariais que aderem ao Programa Na Mão Certa, através da 
assinatura dos compromissos do Pacto Empresarial contra Exploração 
Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Brasileiras. O acesso 
estratégico aos dados dos mapeamentos permite uma atuação mais 
efetiva nos diferentes segmentos que estão relacionados ao transporte 
rodoviário de carga: 
t Embarcadores e transportadores preparam os caminheiros como agentes 
de proteção através da educação continuada associada a princípios de 
cidadania e qualidade de vida; 
t Prestadores de serviços, responsáveis pela administração de rodovias 
concessionadas, quando federais, contam com esta informação 
para apoiar o monitoramento da rodovia e, em especial, nos pontos 
vulneráveis, tem a possibilidade de dialogar diretamente com o 
estabelecimento comercial considerado vulnerável e, ao mesmo tempo, 
articular a atuação mais efetiva da rede de proteção local; 
59 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 59 18/11/2014 15:41:12
t Prestadores de serviços, relacionados à venda de combustíveis, sejam 
as empresas franqueadoras da marca, suas distribuidoras ou os próprios 
postos de abastecimento, tem, nos dados oferecidos pelo mapeamento, 
uma valiosa ferramenta de monitoramento e intervenção local nos 
quando situados em rodovias federais; 
t Prestadores de serviços, no âmbito do gerenciamento de risco e seguro, 
mapeiam e monitoram as rotas de viagem que incluem a informação 
sobre os pontos vulneráveis para despertar a atenção do caminhoneiro 
e orientam a denúncia imediata em caso de suspeita ou confirmação da 
existência da exploração sexual de crianças e adolescentes; 
t Prestados de serviços, no âmbito de cartões de abastecimento e 
similares, levam em conta as informações sobre os pontos vulneráveis 
na negociação e credenciamento de estabelecimentos ao longo 
das rodovias, em especial, naqueles em que são implantados postos 
avançados ou espaços de convivência para os caminhoneiros. 
t Para concluir, estamos certos que através da integração de dados 
socioeconômicos do Atlas de Desenvolvimento Humano surgem novos 
indicadores para nortear atuação nas rodovias federais e as regiões 
vizinhas. A expectativa é que esta novidade possa ampliar e fortalecer 
as parcerias locais criando uma rede sistêmica de parcerias integradas 
entre os três setores gerando ações preventivas que darão efetividade 
ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas 
rodovias. 
60 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 60 18/11/2014 15:41:12
Desafios 
As conquistas nos últimos 6 anos foram muitas e contínuas, no entanto, ainda temos 
muito por fazer para oferecer subsídios cada vez mais precisos para a prevenção e o 
enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias e estradas 
do Brasil. 
Encontra-se em fase de desenvolvimento um aplicativo para utilização de todos os 
policiais, que permitirá otimizar os recursos e o conhecimento do Projeto Mapear. O 
desenvolvimento do aplicativo conta com o apoio do Ministério Público do Trabalho e 
permitirá a união dos bancos de dados dos mapeamentos anteriores e os próximos. A 
partir do primeiro semestre de 2015 este aplicativo estará disponível e proporcionará aos 
gestores o acompanhamento em tempo real das ações de enfrentamento da exploração 
sexual de crianças e adolescentes, bem como o gerenciamento dos encaminhamentos 
feitos à rede proteção em cada município. 
O contínuo investimento em capacitação dos policiais e a integração com a rede 
garantidora local nas OTEDH com os chefes dos núcleos de policiamento das delegacias, 
somada à sensibilização realizada com todos os chefes de delegacias e de núcleos de 
inteligência, também terão seus frutos a colher. Quando da publicação desta edição, 
já teremos um grande aumento do número de policiais da atividade fim capacitados: a 
totalidade dos chefes de policiamento, dos chefes de delegacias e dos chefes de núcleos 
de inteligência. Estreitar o contato com este elo da cadeia preventiva e repressiva significa 
ter o olhar mais apurado no dia a dia para o enfrentamento às violações dos direitos 
humanos. Imprescindível, pois, manter continuamente esta capacitação e ampliá-la para 
a totalidade dos policiais que trabalham na atividade fim da Polícia Rodoviárias Federal. 
61 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 61 18/11/2014 15:41:12
Outro desafio, já iniciado nesta edição de forma ainda incipiente, é a qualificação 
das informações sobre as vítimas. Esse passo, quando implantado com indicadores 
estruturados, trará grandes avanços no subsídio de políticas públicas. Não só conhecer 
as características que tornam o local suscetível à ocorrência de exploração sexual de 
crianças e adolescentes, mas também as características das vítimas desse crime nos 
levam à certeza de que melhor serão enfrentadas as violações aos direitos humanos, 
prevenindo, reprimindo e promovendo o devido encaminhamento àqueles que tenham 
seus direitos violados. 
Como grande desafio final, persiste a expansão do mapeamento dos pontos vulneráveis 
para as rodovias estaduais. Essa transferência de metodologia é fundamental para 
“fechar o cerco” aos infratores que migram os pontos de exploração sexual de crianças 
e adolescentes para regiões cuja fiscalização e repressão sejam menos intensas. A 
necessidade de ampliação da transferência da metodologia do mapeamento para os 
Estados, como feita em Pernambuco, é um desafio que deve ser assumido com apoio da 
SENASP (Secretaria nacional de Segurança Pública) 
A recente integração do Ministério Público do Trabalho, através Coordenadoria Nacional 
de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes e a estruturação da 
Polícia Rodoviária Federal, com criação de uma Coordenação de Direitos Humanos a 
partir de 2015, são conquistas que denotam a vontade de superar os obstáculos e de agir 
integradamente com ações diretas e transversais, chamando à responsabilidade todos os 
envolvidos para o êxito dessa missão. 
62 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 62 18/11/2014 15:41:12
63 
ANEXO I – Infográficos Analíticos 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 63 18/11/2014 15:41:13
64 
6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 64 18/11/2014 15:41:14
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6o Mapeamento de Pontos Vulneráveis

  • 1. .BQFBNFOUP .BQFBNFOUPEPT1POUPT7VMOFSÈWFJTË YQMPSBÎÍP4FYVBMEF$SJBOÎBTFEPMFTDFOUFT OBT3PEPWJBT'FEFSBJT#SBTJMFJSBT DSD0DSHDPHQWRGH3RQWRV WHUoDIHLUDGHQRYHPEURGH
  • 2. $30/*.04 13'o1PMJDJB3PEPWJÈSJB'FEFSBM 0*5o0SHBOJ[BÎÍP*OUFSOBDJPOBMEP5SBCBMIP 4$oYQMPSBÎÍP4FYVBMEF$SJBOÎBTFEPMFTDFOUFT 1/.$o1SPHSBNB/B.ÍP$FSUB 05%)o0QFSBÎÜFT5FNÈUJDBTEFOGSFOUBNFOUPËT7JPMBÎÜFTEF%JSFJUPT)VNBOPT 4%)o4FDSFUBSJBEF%JSFJUPT)VNBOPTEB1SFTJEÐODJBEB3FQVCMJDB .15o.JOJTUÏSJP1VCMJDPEP5SBCBMIP *%).o¶OEJDFEF%FTFOWPMWJNFOUP)VNBOP.VOJDÓQJP 1/6%o1SPHSBNBEBT/BÎÜFT6OJEBTQBSBP%FTFOWPMWJNFOUP $/%)o$PNJTTÍP/BDJPOBMEPT%JSFJUPT)VNBOPT $0*/5o$PPSEFOBÎÍPEF*OUFMJHÐODJBEB1PMJDJB3PEPWJÈSJB'FEFSBM 1.1o1PMÓDJB.JMJUBSEPTUBEPEF1FSOBNCVDP #13Wo#BUBMIÍPEF1PMÓDJB3PEPWJÈSJB $%$o$FOUSPEFEFGFTBEBDSJBOÎBFEPBEPMFTDFOUF 6/0%$oTDSJUØSJPEBT/BÎÜFT6OJEBTTPCSF%SPHBTF$SJNF 10-¶$*30%07*«3*'%3- .BSJBMJDF/BTDJNFOUP4PV[Bo%JSFUPSB(FSBM (JPWBOOJ#PTDP'BSJBT%J.BNCSPo$PPSEFOBEPS(FSBMEF0QFSBÎÜFT MBCPSBÎÍP$PNJTTÍP/BDJPOBMEF%JSFJUPT)VNBOPTEB13' 4$353*%%*3*504)6./04%134*%³/$*%31Á#-*$ *EFMJ4BMWBUJo.JOJTUSB$IFGFEB4FDSFUBSJBEF%JSFJUPT)VNBOPT OHFMJDB(PVMBSUo4FDSFUÈSJB/BDJPOBMEF1SPNPÎÍPEPT%JSFJUPTEB$SJBOÎBFEPEPMFTDFOUF 4JMWJB(JVHMJBOJo$PPSEFOBEPSEP1SPHSBNB/BDJPOBMEFOGSFOUBNFOUPEB7JPMÐODJB4FYVBMDPOUSB$SJBOÎBTFEPMFTDFOUFT .*/*45²3*01Á#-*$0%053#-)0 3BGBFM%JBT.BSRVFTo$PPSEFOBEPS/BDJPOBMEF$PNCBUFËYQMPSBÎÍPEP5SBCBMIPEF$SJBOÎBTFEPMFTDFOUFT $)*-%)00%#34*- OB.BSJB%SVNNPOEo%JSFUPSBYFDVUJWB 3JDBSEPEF.BDFEP(BJBo%JSFUPS *UBNBS#BUJTUB(POÎBMWFTo(FSFOUFEF1SPHSBNBT 3FOBUB.POUFJSP1FSFJSBo(FSFOUFYFDVUJWB OOB'MPSB8FSOFDLo$PPSEFOBEPSBEF1SPHSBNBT .ÙOJDB4BOUPToOBMJTUBEF1SPHSBNBT WB$SJTUJOB%FOHMFSo$POTVMUPSBEP1SPHSBNB/B.ÍP$FSUB .BQFBNFOUPEPTQPOUPTWVMOFSÈWFJTo DSD0DSHDPHQWRGH3RQWRV WHUoDIHLUDGHQRYHPEURGH
  • 3. 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Federais Brasileiras 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 1 18/11/2014 15:41:09
  • 4. Sumário CARTA INSTITUCIONAL DA CHILDHOOD BRASIL 4 CARTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO 6 CARTA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA 8 CARTA DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO 10 2. INTRODUÇÃO 12 3. PORQUE QUALIFICAR O MAPEAMENTO DE PONTOS VULNERÁVEIS? 15 4. Histórico e evolução do mapeamento das rodovias federais brasileiras 18 5. Desdobramentos Operacionais, Coercitivos e intersetoriais 23 6. Metodologia 26 7. RESULTADOS (análise crítica dos dados e comparativa com anos anteriores) 30 8. ANÁLISE COMPARATIVA COM INDICADORES SOCIAIS 49 9. TRANSFERÊNCIA DE METODOLOGIA MAPEAMENTO DAS RODOVIAS ESTADUAIS - EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO 52 10. CONQUISTAS E DESAFIOS 59 ANEXO I – Infográficos Analíticos 64 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 2 18/11/2014 15:41:09
  • 5. 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 3 18/11/2014 15:41:09
  • 6. CARTA INSTITUCIONAL DA CHILDHOOD BRASIL A Childhood Brasil é uma organização brasileira e faz parte da World Childhood Foundation (Childhood), instituição internacional criada em 1999 por Sua Majestade Rainha Silvia da Suécia para proteger a infância e garantir que as crianças sejam crianças. Desde 1999 a Childhood Brasil luta por uma infância livre de abuso e exploração sexual. A organização apoia projetos, desenvolve programas regionais e nacionais, influencia políticas públicas e transforma a vida de muitas crianças e adolescentes. Faz isso através de programas próprios, focados em inovação, comunicação e advocacy, com importantes resultados intersetoriais, envolvendo empresas, governo e sociedade civil. Sua abordagem com o setor privado parte da premissa que toda empresa socialmente responsável não pode admitir qualquer tipo de violação dos direitos de crianças e adolescentes na sua cadeia de valor. Uma das sólidas iniciativas da organização com este público é o Programa Na Mão Certa. Lançado em 2006, o Programa tem a missão de levar o setor privado a atuar no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras, no âmbito da responsabilidade social empresarial e das diretrizes de sustentabilidade. O Programa já mobilizou mais de 1.400 empresas e entidades empresariais. O primeiro passo foi trazer as empresas para a causa. Isso foi feito através do Pacto Empresarial Contra a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Brasileiras. A partir da adesão de uma empresa, o Programa capacita multiplicadores - pessoas de dentro das empresas - que passam a sensibilizar os motoristas, sejam eles contratados ou prestadores de serviço. 4 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 4 18/11/2014 15:41:10
  • 7. O Programa Na Mão Certa é uma grande união de esforços que tem como principal estratégia a sensibilização dos motoristas de caminhão, para que atuem como agentes de proteção dos direitos de crianças e adolescentes. Por estar o tempo todo viajando, o motorista convive com o problema e vê o que acontece no dia-a-dia das estradas. Pensando nisso, o Programa Na Mão Certa preparou uma série de iniciativas para sensibilizar o motorista e fazer dele um agente de proteção. Para dar suporte ao trabalho com os caminhoneiros, diversos materiais didáticos foram especialmente preparados pelo Programa. Dentre eles está o Guia Na Mão Certa para caminhoneiros, uma coleção com oito volumes, cujo propósito é ajudar o motorista a saber como agir quando se deparar com a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias. Foi através deste Programa, que busca o diálogo e a atuação intersetorial na prevenção e no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, apoiado pelo setor privado que a Childhood Brasil participou do processo de concepção de uma nova metodologia de mapeamento em 2009 e firmou o Acordo de Cooperação Técnica com a Polícia Rodoviária Federal para contribuir com a qualificação do Mapeamento de Pontos Vulneráveis, objeto desta importante publicação. 5 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 5 18/11/2014 15:41:10
  • 8. CARTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes A exploração sexual de crianças e adolescentes é a mais perversa forma de destruição da dignidade e do futuro de um ser humano. Trata-se de uma das piores excrescências já produzidas pelo homem, que deixam seqüelas irreversíveis para os infortunados meninos e meninas que são vítimas dela. O Brasil, assim como outros países mundo latino americano, africano ou asiático, representa um relevante foco de exploração sexual de crianças e adolescentes. Com efeito, no nosso País, em que a corrupção é endêmica, as políticas públicas de educação e assistência social, em regra, são ineficientes ou inexistentes e acabam agravando a pobreza e a miséria, a situação de vulnerabilidade torna-se mais intensa, criando situações favoráveis para que meninos e meninas sejam alvo da exploração sexual. Segundo a legislação atual, a exploração sexual de crianças e adolescentes se constitui uma das piores violações dos direitos humanos universais e dos direitos peculiares das pessoas em desenvolvimento, sendo identificada por muitos órgãos nacionais e internacionais como uma forma moderna de escravidão. No nosso ordenamento pátrio, a Constituição Federal brasileira, em seu art. 227, instituiu o princípio da proteção integral, exigindo da família, da sociedade e do Estado prioridade absoluta na proteção integral dos direitos de crianças e adolescentes e no combate a toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão contra eles praticadas. 6 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 6 18/11/2014 15:41:10
  • 9. Assim, todo o Estado brasileiro, a sociedade e família, por terem essa tríplice responsabilidade solidária, devem zelar pela proteção da infância e da juventude, em todas as suas formas de violações. Nesse contexto, então, o presente Mapeamento dos Pontos Vulneráveis de Exploração Sexual Comercial de Crianças e Adolescentes, realizado pela Polícia Rodoviária Federal, configura-se como um importante instrumento de auxílio do Estado brasileiro, na tarefa de implementar políticas públicas que criem as condições materiais para proteção de crianças e adolescentes, bem ainda no mister de responsabilizar todos aqueles que lhe deram causa à violação. Portanto, sendo, também, a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes uma relação de trabalho ilícita e degradante, de acordo com o art. 3°, item “b”, da Convenção 182 da Organização Internacional do Trabalho, em vigor no território nacional, por meio do Decreto Legislativo nº 178/1999,. é dever do Ministério Público do Trabalho apoiar iniciativas como este Mapeamento, unindo forças com a Policia Rodoviária Federal, em prol de uma infância e adolescência livre de qualquer resquício de exploração sexual comercial. 7 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 7 18/11/2014 15:41:10
  • 10. CARTA DA SECRETARIA DE DIREITOS HUMANOS DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) é responsável pela articulação interministerial e intersetorial das políticas de promoção e proteção aos Direitos Humanos no Brasil e atua como Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos. Em sua estrutura dispõe da Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente com ações prioritárias de propor, incidir, monitorar e articular políticas públicas de Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes, bem como, coordenar campanhas nacionais de defesa, proteção e promoção dos Direitos de Crianças e Adolescentes. A SDH/PR mais uma vez constitui parceria com a Polícia Rodoviária Federal (PRF)/ Ministério da Justiça, como continuidade da experiência realizada 2011/2012, neste momento visando a atualização dos pontos identificados fruto do mapeamento nacional dos pontos de vulnerabilidade à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais do país. Fundamental destacar sua participação permanente, através da Comissão Nacional de Direitos Humanos/PRF, na Comissão Intersetorial do Governo Federal, instância responsável pela articulação, implementação e monitoramento do Plano Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, o que a legitima na condução com apropriação e propósito, deste mapeamento. Diante do fenômeno complexo e multifacetado da exploração sexual, com incidência e ocorrência cada vez mais escamoteada, avançar em sua identificação é tarefa primeira para não se delegar esta violação ao campo da impunidade. 8 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 8 18/11/2014 15:41:10
  • 11. A continuidade desta parceria PRF/SDH incidirá no fortalecimento das ações de enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no território brasileiro, por meio de diversas ações que estarão articuladas ao novo mapeamento dos pontos de vulnerabilidade ou efetiva ocorrência de Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, com foco nos municípios cortados por rodovias federais no país. Reconhecendo a riqueza desta experiência, salientamos que a análise deste contexto, deverá subsidiar a elaboração de um protocolo integrado, detalhando o papel da rede de proteção considerando seus diferentes campos de intervenção, fluxo de procedimentos, explicitando compromisso com o desenvolvimento de ações preventivas e repressivas por parte do próprio Departamento de Polícia Rodoviária Federal e dos demais atores envolvidos nessa temática. Este instrumento, que compõe uma das etapas do projeto que ora se inicia, potencializará ainda mais a atuação da rede local nos territórios mais vulneráveis considerando demandas de atendimento das crianças, adolescentes e suas famílias. É desta forma que o Projeto Mapear, apoiado pela SDH/PR, tem se tornado uma ferramenta estratégica que colabora com a gestão de políticas públicas e atuação de vários atores, instituições, áreas, setores, que, de forma conjunta, agregam os dados sistematizados pela PRF/Projeto MAPEAR as suas ações permanentes, potencializando desta forma, intervenções que incidam efetivamente na garantia ou restituição dos direitos das crianças e adolescentes que tenham seus direitos violados. É através de uma detalhada e profunda compreensão do contexto que envolve a violência sexual, que aprimoraremos as ações para o enfrentamento a esta gravíssima situação, defendendo a soberania dos princípios constitucionais no Estado Democrático de Direito e do integral cumprimento da Lei 8.069, de 1990 – ECA –, de forma a defender e garantir a proteção especial, assegurando a promoção e a defesa dos direitos sexuais de Crianças e Adolescentes brasileiros. 9 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 9 18/11/2014 15:41:10
  • 12. CARTA DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é uma agência especializada das Nações Unidas que tem por missão promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter acesso a um Trabalho Decente. O conceito de Trabalho Decente, formalizado pela OIT em 1999, sintetiza a sua missão histórica de promover oportunidades para que homens e mulheres possam ter um trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humanas, e promover a proteção integral às crianças e adolescentes dos perigos da inserção precoce no trabalho e da exploração nas piores formas do trabalho infantil. Ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT (o respeito aos direitos do trabalho, a promoção de mais e melhores empregos, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social), o Trabalho Decente é condição fundamental para a superação da pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia da governabilidade democrática e o desenvolvimento sustentável. Fundada em 1919 com o objetivo de promover a justiça social como condição para a paz universal, a OIT é a única das agências das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta por representantes de governos e de organizações de empregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação, promoção e o monitoramento da aplicação das Normas Internacionais do Trabalho e mantém representação no Brasil desde a década de 1950, com programas que refletem os objetivos da Organização. No que se refere ao tema da eliminação do trabalho infantil, destacam-se as Convenções nº 138 (Sobre idade mínima para admissão ao trabalho ou ao emprego) e a nº 182 (Sobre as piores formas de trabalho infantil), ambas ratificadas pelo Brasil. Dessa forma, o país reconhece o problema e se compromete a adotar as medidas necessárias para a erradicação dessa violação dos direitos das crianças e adolescentes. Uma das piores formas de trabalho infantil indicadas pela Convenção nº 182 é a exploração sexual de crianças e adolescentes, que inclui o tráfico para os mesmos fins (internacional e interno). 10 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 10 18/11/2014 15:41:10
  • 13. O mapeamento de pontos vulneráveis à exploração sexual, realizado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), tem se mostrado, ao longo dos anos, uma ferramenta crucial para o planejamento de ações de prevenção e repressão a esse crime e para a efetiva proteção integral de crianças e adolescentes vítimas desse crime ou em situação de vulnerabilidade. Qualquer trabalho de levantamento de informações em um país continental requer um eficiente e eficaz planejamento e execução. A capilaridade da PRF e o compromisso de seus homens e mulheres policiais com a proteção da infância e juventude e com a garantia dos Direitos Humanos tornam possível oferecer um mapeamento ao Governo e à sociedade, possibilitando planos de ação mais direcionados para as diferentes realidades do país. A OIT expressa seu apoio a esta iniciativa por meio de ações em prol da garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes, incluindo formação de profissionais governamentais e não governamentais, promoção da cooperação sul sul, campanhas de sensibilização e apoio à construção de políticas e planos para a eliminação do trabalho infantil, sobretudo nas suas piores formas, como a exploração sexual de crianças e adolescentes. A iniciativa da PRF demonstra os avanços na prevenção e enfrentamento desse crime e contribui, de maneira crucial, para a conscientização da população sobre a necessidade de um olhar especial à infância e juventude. Que este mapeamento e tantas outras iniciativas da PRF sirvam de insumos para uma promoção do conhecimento da legislação penal, civil, da Constituição Federal, do Estatuto da Criança e do Adolescente, das Convenções Internacionais e de outras legislações que, de forma positiva, assegurem os direitos que devem ser reconhecidos e efetivados para todos os seres humanos. Certamente a garantia de direitos é o único e melhor caminho para a eliminação das violências e para uma vida saudável e protegida para todas as crianças e adolescentes. 11 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 11 18/11/2014 15:41:10
  • 14. 2. INTRODUÇÃO Proteger nossas crianças e adolescentes e garantir que eles tenham um desenvolvimento pleno e saudável é dever de todos nós, sociedade civil, setor privado e público. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), crianças e adolescentes são todos aqueles com idade entre 0 e 18 anos, sendo adolescentes aqueles de 12 a 18 anos incompletos. Esse universo corresponde a cerca de 33% da população brasileira, segundo o Plano Plurianual (PPA) 2008/2011. A violência sexual é uma das mais graves violações de direitos e pressupõe o abuso do poder onde crianças e adolescentes são usados para gratificação sexual de adultos, sendo induzidos ou forçados a práticas sexuais. Esse tipo de violência interfere diretamente no desenvolvimento da sexualidade saudável e nas dimensões psicossociais da criança e do adolescente, causando danos muitas vezes irreversíveis. Apenas em 2013, foram registradas 124.079 denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes. Dos 13 tipos de violações registradas pelo Disque-Denúncia, a violência sexual ocupa o 4º lugar e corresponde a 26% do total das denuncias. Este número não corresponde ao número de casos de fato constatados, mas dá uma ideia do tamanho do problema. O abuso e a exploração sexual estão enquadrados dentro do conceito de violência sexual. A exploração sexual se estabelece através de uma relação de mercantilização, em que o sexo é fruto de uma troca, seja de favores ou presentes. A exploração sexual é um fenômeno multicausal, complexo, e ocorre em vários contextos e cenários, vinculado a redes de prostituição, pornografia, redes de tráfico de drogas e pessoas, turismo, grandes obras de infraestrutura, nas tecnologias de informação e comunicação e também nas rodovias brasileiras. 12 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 12 18/11/2014 15:41:10
  • 15. Uma das manifestações da exploração sexual é o tráfico para fins sexuais. O tráfico de pessoas envolve o recrutamento, transporte, transferência, abrigamento ou recepção de uma pessoa com uso da força, coerção, fraude ou outros meios com o fim de explorá-la (UNODC). O Projeto Mapear passa, a partir desta edição do mapeamento a olhar para a questão do tráfico de pessoas para fins sexuais com uma das áreas prioritárias. E o faz através da inclusão de uma questão para o policial em ronda sobre o local de origem da vítima. O tráfico de pessoas possui dois grandes aliados que precisam ser enfrentados: o desconhecimento e o preconceito. O desconhecimento é evidente pela especificidade do crime e por ele não figurar entre as maiores preocupações de segurança pública do Brasil. Este cenário esta mudando desde a implantação do I Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas. Por outro lado, o preconceito é o maior aliado das redes criminosas, pois ele se ampara na vulnerabilidade da vítima, que normalmente é percebida de forma negativa e pejorativa pelos operadores de segurança pública e gestores do sistema penal brasileiro. A subnotificação dos casos de exploração sexual, a falta de sistemas integrados que armazenem e analisem as informações e o despreparo da sociedade civil para encaminhar casos dessa natureza dificulta o enfrentamento dessa causa. Normalmente, quando ocorre a violência sexual, outros direitos também foram violados. Ou seja, a criança ou o adolescente já foram negligenciados e, possivelmente, passaram por episódios de violência física e psicológica. 13 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 13 18/11/2014 15:41:10
  • 16. A complexidade desse fenômeno requer ações de enfrentamento igualmente complexas e capazes de envolver os mais diferentes atores da sociedade. Um dos maiores desafios é ter dados e indicadores confiáveis que ofereçam um quadro confiável e real sobre a situação. Com base neles, é possível desenvolver estratégias intersetoriais efetivas de prevenção e enfrentamento. É esse o objetivo da cultura de mapeamento dos pontos vulneráveis à exploração sexual nas rodovias brasileiras. Esta nova edição do mapeamento, além de repetir os critérios qualificados dos mapeamentos anteriores, apresenta três inovações que qualificam nosso entendimento sobre esse fenômeno nas estradas e propõe integração com outros dados socioeconômicos. Esperamos que os dados sejam úteis para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e enfrentamento em rede e que, juntos, possamos continuar empreendendo esforços para mudar esse cenário. 14 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 14 18/11/2014 15:41:10
  • 17. 3. PORQUE QUALIFICAR O MAPEAMENTO DE PONTOS VULNERÁVEIS? O mapeamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias e estradas federais – Projeto Mapear – tornou-se referência no delineamento de ações para o enfrentamento dessa grave violação de direitos humanos. As ações realizadas para compor este mapeamento têm vasta abrangência, percorrendo em torno de 65.000 quilômetros de rodovias federais, distribuídos pelos 26 estados e o Distrito Federal. O Projeto Mapear coaduna-se com o que prescreve o Programa Nacional de Enfrentamento da Violência contra Crianças e Adolescentes, em sua Diretriz 8, que trata da “promoção dos direitos de crianças e adolescentes para o seu desenvolvimento integral, de forma não discriminatória, assegurando seu direito de opinião e participação”, mais especificamente, com relação ao objetivo estratégico IV que trata do “enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes”. A Polícia Rodoviária Federal, órgão da estrutura do Ministério da Justiça ligado à segurança pública, é vista como predominantemente repressiva. Entretanto, as ações desenvolvidas no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias têm como uma das premissas dotar as atividades da Polícia Rodoviária Federal de um caráter eminentemente preventivo, a partir da inserção de todos os pontos apontados como vulneráveis, nas rondas e fiscalizações de rotina da PRF. Este projeto continuado da Polícia Rodoviária Federal em parceria com Organização Internacional do Trabalho, Childhood Brasil, Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Ministério Público de Trabalho visa a ampliação e o fortalecimento das ações de enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes no território brasileiro. Através de um levantamento com atualização 15 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 15 18/11/2014 15:41:10
  • 18. bianual, são identificados e registrados os pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes ao longo das rodovias federais que os cortam os municípios do Brasil. O principal objetivo é subsidiar o desenvolvimento de ações preventivas e repressivas, bem como orientar as políticas públicas coordenadas pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. A presente publicação foca a identificação de “pontos vulneráveis” e representa uma oportunidade de geração de dados, a partir das rodovias, para mapear cenários propícios à exploração sexual de crianças e adolescentes. Ao mapear os pontos vulneráveis e apresentar os dados, criamos a possibilidade de um trabalho intersetorial e articulado de prevenção da violência sexual e proteção da infância e adolescência. Nesse sentido, esta edição do mapeamento traz algumas novidades: t a inclusão de novas questões de verificação do ponto t o cruzamento com dados socioeconômicos, t transferência da metodologia para um Estado. Essas três inovações qualificam o mapeamento e contribuem para a causa com novas informações. O mapeamento, em si, é um instrumento para identificação da situação da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias. Quando o Projeto Mapear definiu a inclusão de duas novas questões, ao solicitar que policial responda questões sobre o 16 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 16 18/11/2014 15:41:10
  • 19. gênero e sobre local de origem, estamos aproveitando uma plataforma já existente para melhorar nosso entendimento sobre as crianças e adolescentes vítimas desta violação. Quando cruzamos dados socioeconômicos dos municípios com pontos críticos e de alto risco, estamos buscando novas informações e dados para entender porque nestas localidades o problema se apresenta de forma mais grave. Essas informações são de extrema importância para que o governo local, através da rede de garantia de direitos, possa desenhar ações focalizadas para enfrentamento deste problema e prevenção da exploração sexual nas rodovias e fora dela. Por fim, o maior desafio de inovação é alcançar as rodovias estaduais. Transferir a metodologia para outros Estados é fundamental para termos a noção de como o problema se apresenta nas rodovias através de um retrato real por Unidade da Federação. Ao mapearmos um Estado, também qualificamos policiais e melhoramos o entendimento e a abordagem sobre o problema. O Estado pioneiro que recebeu a transferência de metodologia foi Pernambuco entre 2012 e 2013. Esperamos que esse Estado não só repita regularmente o mapeamento, como inspire outros a fazerem o mesmo. 17 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 17 18/11/2014 15:41:10
  • 20. 4. Histórico e evolução do mapeamento das rodovias federais brasileiras 2003 - 2008 Em 2003, o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCA) tornou-se prioridade para o Governo Federal, e a Polícia Rodoviária Federal fortaleceu o desenvolvimento das atividades tanto educativas (formação dos policiais) e preventivas (campanhas de sensibilização) quanto de inteligência e repressão (operações direcionadas à ESCA). Dentre estas iniciativas, o trabalho de mapear os pontos de vulnerabilidade à ESCA nas rodovias federais do país ganhou destaque. Esse projeto surgiu para auxiliar no planejamento das operações de repressão ao delito em questão. No entanto, logo em 2003 percebeu-se que essas informações poderiam subsidiar o planejamento de ações de diversos atores sociais e governamentais. O primeiro levantamento entregue ao Ministro da Justiça apontou 844 pontos de risco de ESCA. Já em 2005, foi realizada a atualização dos dados, e constatou-se o aumento dos pontos, que totalizaram 1.222. Tais informações foram consolidadas e enviadas, em forma de relatório, ao Ministério da Justiça e à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Em consequência da grande repercussão e utilização da informação gerada pela Polícia Rodoviária Federal, em 2007, com apoio da Organização Internacional do Trabalho e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, foi feita a primeira publicação georreferenciada para a divulgação dos 1.819 pontos vulneráveis à exploração sexual. 18 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 18 18/11/2014 15:41:10
  • 21. Esta publicação ofereceu os pontos indicados no mapa do país, com a indicação do km e do tipo de estabelecimento (bar, posto de gasolina, hotel etc.), não tendo sido realizada no estado do Amapá. 2009 - 2012 No ano de 2009, em uma reunião entre a Polícia Rodoviária Federal, Childhood Brasil, Organização Internacional do Trabalho e empresas integrantes do Programa Na Mão Certa (PNMC), iniciativa da Childhood Brasil que tem como objetivo enfrentar a ESCA nas rodovias brasileiras, constatou-se que os critérios do mapeamento de 2007 poderiam ser qualificados por indicadores que permitissem maior grau de consistência dos dados primários colhidos nas rodovias, garantindo maior eficiência nas ações de prevenção e repressão. No mesmo ano, a Polícia Rodoviária Federal estabeleceu uma parceira com a Organização Internacional do Trabalho e Childhood Brasil para o desenvolvimento de uma nova metodologia para o 4o mapeamento de pontos vulneráveis nas rodovias federais, qualificando os critérios que foram utilizados para a definição dos pontos e os fatores considerados de alta relevância para a ocorrência do crime. Na ocasião, criou-se um grupo de trabalho com empresas signatárias do Programa Na Mão Certa interessadas em discutir estratégias de contribuição com esse processo. Foram envolvidas transportadoras (Gafor/Luft/Della Volpe/Julio Simões) e a gerenciadora de risco (Pamcary). Iniciou-se assim um planejamento intersetorial de enfrentamento que discutiu a definição de novos critérios de mapeamento a partir da agregação de novos dados para diagnóstico de vulnerabilidade. 19 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 19 18/11/2014 15:41:10
  • 22. O resultado do grupo de trabalho foi o desenho de uma metodologia que permite a comparação dos dados através da repetição bianual do mapeamento e favorece sua replicação pelos Batalhões Rodoviários da Polícia Militar nas rodovias estaduais, gerando conteúdo que facilita unificação de dados e esforços. A metodologia permite também identificar tipos de estabelecimento segundo nível de criticidade, regiões de maior risco e dados de vulnerabilidade. Esses dados sustentam ações mais efetivas em conjunto com outras instituições e a rede de proteção local e são passíveis de ser monitorados a partir da repetição de cada mapeamento. O 4º mapeamento, realizado em 2009/2010, identificou um total 1.820 pontos vulneráveis à ESCA nas rodovias federais. Desse total, 924 foram considerados pontos críticos; 478, com alto risco; 316, com médio risco; e, por fim, 102 pontos foram avaliados como de baixo risco para ESCA. O 5o mapeamento, realizado em 2011/2012, identificou um total 1.776 pontos vulneráveis à ESCA nas rodovias federais. Desse total, 691 foram considerados pontos críticos; 480, com alto risco; 349, com médio risco; e, por fim, 256 pontos foram avaliados como de baixo risco para ESCA. 2013-2014 Nesta nova etapa, entendendo a importância de somar esforços para o enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, o Ministério Público do Trabalho, através da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes, passa a apoiar o Projeto. 20 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 20 18/11/2014 15:41:10
  • 23. Tal parceria soma-se às anteriormente estabelecidas e reforça o imprescindível papel que a integração de esforços tem na prevenção, repressão e erradicação desses crimes. Ainda, acreditando na necessidade de entender melhor o perfil das vítimas, inovamos no questionário do projeto buscando respostas para duas situações: a primeira para saber qual sexo/gênero das vítimas; a segunda, para identificar possíveis situações de tráfico interno de pessoas (interrogando sobre a origem e deslocamento). Essas informações podem contribuir para o estabelecimento de políticas preventivas, de atendimento e acolhimento. Uma outra inovação ao Projeto nasce da constatação de que precisamos enxergar este crime como complexo e multifatorial utilizando outros dados socioeconômicos. Dessa forma, selecionamos os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do Brasil 2013, publicado pelo PNUD, para testar alguns cruzamentos de informações com o levantamento dos pontos críticos e de alto risco. Neste 6o mapeamento, realizado entre 2013/2014, identificou-se um total 1.969 pontos vulneráveis à ESCA nas rodovias federais. Desse total, 566 foram considerados pontos críticos; 538, com alto risco; 555, com médio risco; e, por fim, 310 pontos foram avaliados como de baixo risco para ESCA. O aumento do número total de pontos mapeados nesta edição pode sugerir a falha na implementação de políticas públicas, no entanto estamos certos que refletem maior refinamento na identificação deste crime. O principal destaque da evolução dos últimos mapeamentos é a significativa redução dos pontos críticos, 40% em seis anos. A redução dos pontos críticos pode estar relacionada à soma de esforços, engajamento dos diversos setores e atuação preventiva nas rodovias federais. 21 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 21 18/11/2014 15:41:10
  • 24. Considerações gerais Em razão do caráter subjetivo do mapeamento, que conta com a capacidade de observação dos policiais durante o levantamento, a PRF uniu forças para promover treinamentos mais especializados sobre o tema. Em 2010, no encontro de Presidentes das Comissões Regionais de Direitos Humanos, houve a primeira capacitação específica sobre o Projeto Mapear. A idéia era formar multiplicadores nas unidades regionais da PRF para que houvesse melhor padronização na forma de olhar os estabelecimentos às margens das rodovias e ter uma coleta de dados de maior qualidade. Os efeitos foram positivos, mas não foram suficientes. Com apoio da Childhood Brasil e do Ministério Público do Trabalho, a Comissão Nacional de Direitos Humanos, unida à Coordenação-Geral de Operações, desenvolveu em 2013 as primeiras OTEDH (Operações Temáticas de Enfrentamento às Violações de Direitos Humanos). O objetivo das OTEDHs é o treinamento de todos os chefes de Núcleos de Policiamento das Delegacias da Polícia Rodoviária Federal por serem responsáveis por orientar, gerenciar e direcionar as atividades rotineiras dos PRFs que ficam nos postos e delegacias da polícia. Estas operações consistem no treinamento teórico seguido de atividades preventivas e repressivas acompanhadas pela equipe que participou da instrução. Embora, por dificuldades orçamentárias, não tenhamos conseguido capacitar todos os servidores operacionais, acreditamos que a acuidade dos dados coletados nesta última edição tenha sido influenciada pela qualificação olhar do policial. 22 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 22 18/11/2014 15:41:10
  • 25. 5. Desdobramentos Operacionais, Coercitivos e intersetoriais Decorridos 12 anos desde o primeiro mapeamento, é fundamental consolidar e incorporar as análises e o aprendizado obtidos nas operações e nas ações coercitivas. O principal desdobramento operacional para a PRF foi a criação da Comissão Nacional de Direitos Humanos e das Comissões Regionais de Direitos Humanos (uma em cada unidade da Federação). A partir desta Comissão a Polícia Rodoviária Federal contará, de forma inovadora em sua estrutura regimental, com uma Coordenação (nacional) de Direitos Humanos, para dedicar atenção especial e exclusiva à matéria. Tal criação é fruto de resultados institucionais significativos, reconhecidos e apoiados incondicionalmente pela Direção Geral, pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos. Com relação às ações coercitivas, nos últimos 9 anos (2005 a 2013), a PRF resgatou e encaminhou mais de 4000 crianças e adolescentes identificados em situação de risco nas rodovias federais brasileiras (Tabela 1). Boa parte deste resultado decorre de ações policiais embasadas no cruzamento dos dados do mapeamento de pontos vulneráveis (realizado pela Coordenação-Geral de Operações em parceria com a CNDH da PRF) com o mapeamento dos pontos confirmados e pontos com indícios de exploração, realizado pela Coordenação de Inteligência da PRF (COINT). 23 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 23 18/11/2014 15:41:10
  • 26. 24 Tabela 1 Ano Ano Total de crianças e adolescentes vítimas retirados de situação de risco pela PR 2005 121 2006 121 2007 469 2008 663 2009 502 2010 511 2011 590 2012 420 2013 590 2014 PARCIAL 188 TOTAL GERAL 4321 Conforme relatos de chefes de delegacias, a redução do número de crianças e adolescentes resgatados em 2014 tem relação com os grandes eventos e copa do mundo de futebol porque o efetivo policial foi deslocado para ações em outras localidades. Os locais identificados como pontos vulneráveis são novamente checados no mapeamento dos pontos confirmados e com indícios, realizado pela COINT e subsidiam as ações rotineiras e as operações policiais coercitivas posteriores. A comparação dos dados levantados nos dois últimos mapeamentos também nos fornece uma informação importantíssima, que é a evolução dos pontos vulneráveis de acordo com seu nível de criticidade. 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 24 18/11/2014 15:41:10
  • 27. É importante, no entanto, ressaltar que há uma diferença significativa entre pontos confirmados, pontos com indícios e pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes. Os pontos confirmados são aqueles nos quais um agente confirmou a presença de crianças e adolescentes em situação comprovada de exploração sexual, realizou a repressão do ilícito e encaminhou as vítimas ao Conselho Tutelar. Os pontos com indícios são aqueles nos quais o agente identificou indícios, recebeu informações, dados, denúncias ou ocorrências passadas, mas não conseguiu confirmar a situação apontada. A parceria com a Chidlhood Brasil através do Programa Na Mão Certa integra um outro desdobramento de reforço preventivo trazendo o setor privado para ação por meio das suas operações logísticas e de transporte de carga rodoviário. As empresas passam a ter acesso exclusivo e confidencial aos resultados do mapeamento para avaliação de suas rotas e pontos de parada de caminhoneiros. Apesar de algumas empresas utilizarem esta informação como um critério para não pararem nesses pontos, a recomendação da Childhood Brasil é que esta ação de inteligência seja integrada a formação continuada do caminhoneiro como agente de proteção de crianças e adolescentes mudando seu olhar e incentivando a denúncia de exploração sexual. 25 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 25 18/11/2014 15:41:10
  • 28. 6. Metodologia 6.a) Forma de Coleta A coleta dos dados é realizada em período determinado através de formulário preenchido por policiais rodoviários federais durante as rondas nas rodovias. Este formulário padronizado contém questões sobre as características encontradas nos pontos. A partir das respostas inseridas em banco de dados online, um programa calcula e subdivide os pontos por nível de criticidade. O mapeamento, com recorte por município, permite cruzamentos e analises com outras pesquisas ou índices. Por exemplo, está adequado às necessidades apontadas pela Secretaria de Direitos Humanos, permitindo a alimentação e cruzamento dos dados com a Matriz gerenciada pela SDH que abriga os dados de denúncias formuladas também pelo Disque 100. Neste mapeamento, optamos por utilizar comparativamente os dados fornecidos pelo Programa das Nações Unidas através do Atlas do desenvolvimento humano do Brasil 2013. Mais informações estarão disponíveis no capítulo 9. 6.b) Definição dos Critérios e Questionamentos O Os critérios e questionamentos são os mesmos para todas edições desde 2009/2010, quando foi revista a metodologia, para permitir a comparação analítica dos dados e constatar as modificações do cenário nas rodovias federais. As duas novas perguntas qualitativas inseridas nesta edição não interferem na metodologia estabelecida. A manutenção da metodologia do mapeamento dos pontos vulneráveis é de suma importância para o subsídio às políticas públicas bem como para campanhas e projetos a serem desenvolvidos tanto pelo governo quanto pelas entidades que compõem a rede garantidora dos direitos das crianças e adolescentes. 26 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 26 18/11/2014 15:41:10
  • 29. Para definição dos critérios foram realizadas as seguintes etapas de trabalho: t Apresentação do mapeamento de 2007 pelo Departamento de Polícia Rodoviária Federal para a Organização Internacional do Trabalho, Childhood Brasil e grupo de empresas do Programa Na Mão Certa; t Este grupo de trabalho grupo de trabalho elaborou um questionário piloto para levantamento de critérios de risco e suas possíveis características para ser aplicado com caminhoneiros; t Foi realizado um primeiro levantamento de pontos de risco por meio da aplicação do questionário com 294 caminhoneiros das empresas do grupo de trabalho. Cada entrevistado indicou dois pontos vulneráveis a partir do conhecimento de estrada e apontaram as principais características dos referidos pontos (tipo de estabelecimento, iluminação, vigilância, estacionamento isolado, circuito fechado de televisão, orelhão ou telefone de fácil acesso, existência de tráfico de drogas, prostituição de adultos, conivência dos funcionários, proximidade com casas noturnas, proximidade com vilarejos, área urbana ou rural, posto fiscal ou porto e distância de perímetro urbano); t A partir do cruzamento de dados foram identificados os dez pontos mais 27 lembrados (TOP 10); t Usando o TOP 10 como referência, a Polícia Rodoviária Federal foi investigar os locais indicados para confirmar as características dos referidos pontos, a fim de determinar critérios de mapeamento; t Para complementar essas características, a Polícia Rodoviária Federal juntamente com o grupo de trabalho definiram os indicadores de 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 27 18/11/2014 15:41:10
  • 30. vulnerabilidade e um questionário com pontuações (informação não divulgada para os policiais rodoviários federais de campo). A somatória da pontuação definiu os níveis de risco para a exploração sexual de crianças e adolescentes: crítico, alto, médio e baixo; t Os critérios que têm maior peso são: existência de prostituição de adulto, ocorrências de exploração sexual de crianças e adolescentes pela lembrança do policial em determinada localidade nos últimos dois anos, registro de ocorrência de tráfico/consumo de drogas nos últimos 24 meses e presença constante de crianças e adolescentes no local; t Em 2009 incluímos uma questão sobre a lembrança do Policial sobre a atuação do conselho tutelar na região que não interfere na pontuação. t Em 2013 incluímos duas novas questões facultativas que também estão baseadas na lembrança do Policial e não interferem na pontuação. Essas questões dizem respeito ao gênero da vitima e se eram da mesma localidade onde encontravam-se exploradas. Com a definição de critérios padronizados, tem sido possível realizar o levantamento sistemático e periódico com possibilidade concreta de comparação e permite a transferência da metodologia para outros Estados. 6.c) A importância dos Níveis de Risco A subdivisão dos níveis de risco em Crítico, Alto, Médio e Baixo, visa evitar imprecisões e leituras errôneas desta publicação. 28 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 28 18/11/2014 15:41:10
  • 31. Considerando este nivelamento atribuído aos locais apontados pelos PRFs como vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, é possível fazer a interpretação mais assertiva permitindo a definição de priorização das ações em cada local. 6.d) Inovação sem interferência na pontuação da metodologia A partir deste mapeamento inserimos duas novas perguntas facultativas, uma refere-se ao sexo/gênero (masculino, feminino ou transgenero); e a outra à localidade de origem da criança e/ou adolescente. Com essas perguntas qualificamos as informações referentes às vitimas e identificamos possíveis relações com tráfico interno de pessoas para fins de exploração sexual. Para preservar a metodologia de mensuração dos níveis de criticidade dos pontos vulneráveis, essas perguntas apenas somam-se ao projeto para fornecer novas informações, logo não interferem na programação que calcula o grau de vulnerabilidade do local. Considerando a inovação da consulta, nesta edição essas duas perguntas foram inseridas em caráter facultativo e se basearam na lembrança do policial sobre a questão naquele ponto. Logo, não foram respondidas por todos policiais. 29 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 29 18/11/2014 15:41:10
  • 32. 7. RESULTADOS (análise crítica dos dados e comparativa com anos anteriores) No biênio 2013/2014, na atualização do Mapeamento, 1969 pontos foram registrados como vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes. Tal resultado aponta para o acréscimo de 11% dos pontos. O aumento dos pontos não deve ser lido de forma absoluta. Algumas questões devem ser consideradas nesta leitura: qualificação do policial e a migração dos pontos. Qualificação do policial Em 2013, com apoio do Ministério Público do Trabalho, foi realizado treinamento específico com os chefes de policiamento de todas as delegacias da PRF do país, com vistas a sensibilizá-los e habilitá-los tanto teoricamente quanto na atividade prática. Dessa forma, esperávamos a variação em alguns registros refletindo o maior engajamento dos policiais nas ações voltadas para o combate à exploração sexual. Essa formação contemplou um policial de cada delegacia do país, porém, nos Estados que sediaram essa capacitação (Piauí, Pará, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) foram disponibilizadas cerca de dez vagas a mais para sensibilizar um maior número de policiais do referido Estado. Nesse contexto, destacamos o Piauí, uma vez que foi a primeira unidade a receber o treinamento, tendo hoje policiais mais habilitados e preparados para o registro dos pontos vulneráveis e enfrentamento às violações de Direitos Humanos. Em análise minuciosa, consideramos que muitos dos locais aqui apontados já existiam e possivelmente não eram apontados. 30 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 30 18/11/2014 15:41:10
  • 33. Destacamos a importância da qualificação dos policiais para alinhar o conhecimento sobre a exploração sexual de crianças e adolescentes, bem como o seu olhar para a realização do Mapeamento. Neste contexto, a PRF tem investido não somente na capacitação, mas também em melhorias estruturais que refletem na qualidade da coleta dos dados e do enfrentamento às violações de Direitos Humanos somando esforços com os parceiros institucionais. Migração dos pontos Importante salientar também que, conforme levantamento realizado em 2011 pela Coordenação de Inteligência, em alguns estados, a exemplo da Paraíba, onde houve a maior redução percentual de registros, foi detectada a “migração de pontos”. Isto significa dizer que, em algumas áreas, considerando a repressão realizada ou campanhas preventivas, educativas e parcerias com a sociedade civil incentivando o uso do Disque 100, houve a “interiorização” dos ambientes suscetíveis à exploração. Tendo em vista que o ambiente geográfico do presente projeto são as rodovias e estradas federais e suas margens, foi constatado que muitos estabelecimentos anteriormente reprimidos migraram para dentro das cidades, ou mesmo para a área circunvizinha à rodovia, mas fora da circunscrição da PRF, objeto deste mapeamento. Imprescindível, pois, como em Pernambuco, a união de esforços com os poderes locais, de forma a evitar a migração dos pontos de exploração sexual de crianças e adolescentes para o interior das cidades “cortadas” pelas rodovias federais. Nesse sentido, urgem providencias como as já implantadas em Pernambuco, que em 2013 concluiu o primeiro mapeamento estadual dos pontos vulneráveis. Esta ação pioneira, desenvolvida em parceria com a Childhood Brasil com apoio da Polícia Rodoviária Federal deverá estimular a transferência dessa metodologia para os demais Estados do Brasil. 31 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 31 18/11/2014 15:41:10
  • 34. Novas questões Nesta edição do mapeamento, os policiais também responderam algumas questões sobre o perfil das vítimas. Essas duas questões eram facultativas e se basearam na lembrança do policial sobre a questão naquele ponto. Dos 1969 pontos de risco de exploração sexual mapeados, houve 1121 pontos com respostas sobre essas perguntas. Sendo 448 qualificações de sexo e gênero, e 428 sobre local de origem das crianças e adolescentes. Considerando que estas perguntas apenas deveriam ser respondidas quando fosse possível a constatação in loco, ou a lembrança e a observação dos policiais, apenas 57% dos locais mapeados tiveram respostas sobre estes quesitos. Tráfico interno Sobre origem da vítima, em 428 pontos (38%) as respostas indicaram que eram originárias de outra localidade, ou seja, poderiam estar em situação de tráfico de pessoas. Com relação a este resultado, é importante ressaltar dois fatores. O primeiro diz respeito à vivência prática dos policiais que nem sempre recordam de fazer o registro da origem das vítimas ou, nos pontos onde há suspeita, não tiveram acesso ao relato sobre a origem da criança e/ou adolescente. O segundo fator revela a conexão entre os pontos vulneráveis a exploração sexual de nível critico com os pontos de possível caso de tráfico interno de crianças e adolescentes. Nesse mapeamento, 50% dos possíveis pontos de ocorrência de tráfico estavam localizados em pontos vulneráveis de nível crítico à exploração sexual de crianças e adolescentes. Ou seja, a recomendação é a priorização de atenção das ações repressivas e as políticas públicas de prevenção e atenção às vítimas nesses pontos. 32 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 32 18/11/2014 15:41:10
  • 35. Gênero Para esta questão, os agentes poderiam fazer a escolha entre ‘sexo masculino’, ‘sexo feminino’, ‘transgênero’ ou, ainda, deixar em branco a questão, caso não soubessem a resposta. Considerou-se transgênero a pessoa que possui identidade de gênero diferente daquela atribuída no nascimento, que realiza performance social, e reivindicação de reconhecimento, no sentido de expressar essa identidade. Dentre os transgêneros, para fins de pesquisa em exploração sexual, considerou-se apenas as travestis e os/as transexuais. Dentre os 448 pontos com registro, 69% se referem a meninas, 22% aos transgêneros e 9% a meninos. As principais vítimas continuam sendo crianças e adolescentes do sexo feminino. A identificação de transgêneros em 98 pontos demonstra a necessidade do poder público realizar ações diferenciadas e inclusivas com esse grupo. Em 41 pontos foi identificada a presença de meninos vitimas de exploração sexual. Apesar de parecer pequena a quantidade, acreditamos que esses dados demonstram que meninos também estão sendo vitimas de exploração sexual nas rodovias. Divulgação dos resultados No intuito de minimizar distorções, optou-se pela divulgação dos resultados agrupados por regiões. Esta forma de agrupamento permitirá interpretações estatísticas e poderá orientar a execução e aplicação de ações de interesse comum dada às especificidades das regiões. Assim, evitamos gerar um alerta aos infratores da iminente atuação estatal, um ranking discriminatório entre as Unidades da Federação e possibilitamos o direcionamento para a união de esforços da rede de proteção. 33 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 33 18/11/2014 15:41:10
  • 36. 7.c) Análise dos Resultados Conforme apresentado nesta publicação, a exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias deve ser analisada como fenômeno multifcausal e esta relacionada com o consumo de drogas (lícitas e ilícitas), a prostituição de adultos e a grande rotatividade nos pontos de parada. A conjunção destas características propicia a ocorrência de diversas práticas ilícitas, entre elas, a exploração sexual de crianças e adolescentes. As políticas públicas de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes devem priorizar as áreas ou trechos com predominância de pontos críticos e de alto risco. A integração do poder público local com os representantes da sociedade civil organizada e o setor privado para planejar ações de prevenção e enfrentamento tem neste mapeamento uma valiosa ferramenta de apoio trazendo inteligência e otimizando resultados. 7.c.1) Distribuição de pontos por região política 34 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 34 18/11/2014 15:41:10
  • 37. Considerando os dados obtidos por região politico administrativa, observamos que houve significativa redução na região Norte (de 333 pontos para 160) e leve redução na região Centro Oeste (de 398 para 392 pontos). Nas demais regiões constatamos aumento no número absoluto de pontos, entretanto ressaltamos que o aumento se deu nos pontos de característica de media criticidade. Por Unidade da Federação A tabela a seguir demonstra o total de registros por Unidade da Federação, que, com exceção de Rondônia e Acre (que juntos formam uma Superintendência Regional), corresponde às unidades da federação brasileira. UF 2013/2014 2011/2012 variação % MG 313 252 24,21% BA 216 77 180,52% PR 179 111 61,26% GO 175 168 4,17% SC 166 113 46,90% MS 124 95 30,53% RJ 112 48 133,33% PI 110 50 120,00% RS 103 92 11,96% PA 84 208 -59,62% MT 82 112 -26,79% ES 46 34 35,29% TO 42 45 -6,67% PE 33 20 65,00% AL 29 19 52,63% 35 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 35 18/11/2014 15:41:10
  • 38. UF 2013/2014 2011/2012 variação RN 27 79 -65,82% SE 26 11 136,36% SP 23 24 -4,17% MA 16 20 -20,00% CE 14 33 -57,58% RO/AC 13 30 -56,67% DF 11 23 -52,17% AM 9 20 -55,00% RR 7 25 -72,00% AP 5 5 0,00% PB 4 62 -93,55% 1969 1776 10,87% Os Estados que apresentam maiores variações estão relacionados com os fatores de qualificação do policial e migração dos pontos. Como exemplo, podemos citar na Bahia ações intensificadas pelo CEDECA e pela Policia Militar. Em Sergipe, as ações integradas com a Universidade Federal para o enfrentamento da exploração sexual no turismo. No Rio de Janeiro, o engajamento da Superintendência da PRF foi um diferencial por ressaltar a importância do trabalho no âmbito de atuação dos policias rodoviários federais. 7.c.2) Respostas qualificadas em relação aos pontos A tabela abaixo qualifica as caraterísticas identificadas nos pontos, permitindo uma análise mais detalhada sobre os níveis de criticidade. Os três primeiros questionamentos não são respondidos pela observação direta do policial; eles dizem respeito a registros preexistentes ou a situações já previamente constatadas. 36 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 36 18/11/2014 15:41:11
  • 39. Os demais itens do questionário representam a constatação in loco realizada durante o mapeamento, o que ratifica a relação entre os indicadores como determinantes para a consecução da exploração sexual. Tabela – Análise das respostas dos 1.969 pontos PERGUNTA SIM % NÃO % Neste ponto já houve casos de exploração sexual de crianças e adolescentes? 327 16.6 % 1642 83.4 % Existe registro de ocorrências de tráfico/consumo de drogas neste ponto? 477 24.2 % 1492 75.8 % Tem conhecimento da atuação do conselho tutelar no ponto em análise? 192 9.8 % 1777 90.2 % Existe prostituição de adultos neste ambiente? 1.144 58.1 % 825 41.9 % Há constante presença de crianças e/ou adolescentes no local? 619 31.4 % 1350 68.6 % Pesença de caminhoneiros no local? 1.533 77.9 % 436 22.1 % É um ponto de consumo de bebidas alcoólicas? 1.630 82.8 % 339 17.2 % Aglomeração/estacionamento de veículos em trânsito? 1.484 75.4 % 485 24.6 % Algum tipo de vigilância privada neste ambiente? 598 30.4 % 1371 69.6 % Existe Iluminação na área? 1.488 75.6 % 481 24.4 % Quando observada a totalidade dos pontos mapeados é possível verificar que determinados fatores estão presentes na maioria dos pontos elencados pelos policiais rodoviários federais. Os critérios que se destacam no levantamento in loco são: a prostituição de adultos, a presença de caminhoneiros, o consumo de bebidas alcoólicas, a aglomeração/ estacionamento de veículos, a existência de iluminação e a falta de vigilância. Estes são fatores de influência na determinação de pontos de vulnerabilidade, dados que se mostram similares aos resultados dos mapeamentos anteriores. 37 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 37 18/11/2014 15:41:11
  • 40. Quando restringimos a análise aos 566 pontos considerados críticos, apresentam-se como fatores determinantes a existência de prostituição de adultos e a presença constante de crianças e adolescentes no local. Tabela – Análise das respostas dos 566 pontos críticos PERGUNTA SIM % NÃO % Neste ponto já houve casos de exploração sexual de crianças e adolescentes? 302 53.4 % 264 46.6 % Existe registro de ocorrências de tráfico/consumo de drogas neste ponto? 394 69.6 % 172 30.4 % Tem conhecimento da atuação do conselho tutelar no ponto em análise? 114 20.1 % 452 79.9 % Existe prostituição de adultos neste ambiente? 548 96.8 % 18 3.2 % Há constante presença de crianças e/ou adolescentes no local? 371 65.5 % 195 34.5 % Pesença de caminhoneiros no local? 537 94.9 % 29 5.1 % É um ponto de consumo de bebidas alcoólicas? 534 94.3 % 32 5.7 % Aglomeração/estacionamento de veículos em trânsito? 527 93.1 % 39 6.9 % Algum tipo de vigilância privada neste ambiente? 201 35.5 % 365 64.5 % Existe Iluminação na área? 459 81.1 % 107 18.9 % Infere-se de ambas as tabelas que existe uma relação direta dos pontos de vulnerabilidade a ESCA com o consumo de drogas (lícitas e ilícitas), a prostituição e a presença de caminhoneiros. Observa-se que a existência de iluminação e vigilância reduz a vulnerabilidade do ponto, mas não elimina. É importante qualificar essa vigilância para que estejam sensíveis aos direitos das crianças e dos adolescentes. 38 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 38 18/11/2014 15:41:11
  • 41. 7.c.3) Número de pontos por níveis de risco Tabela – Análise das Regiões por níveis de risco dos pontos 2013/2014 Região Crítico Alto 39 risco Médio risco Baixo risco TOTAL DE PONTOS SUDESTE 149 106 133 106 494 NORDESTE 172 129 120 54 475 SUL 73 162 161 52 448 CENTRO-OESTE 88 109 109 86 392 NORTE 84 32 32 12 160 TOTAL POR NÍVEL 566 538 555 310 1969 Porcentagem em relação ao total de pontos 28,7% 27,3% 28,2% 15,7% 100% A tabela acima demonstra as regiões políticas agrupadas por níveis de risco (crítico, alto, médio e baixo). Nela, verifica-se que a região Sudeste é a que detêm a maior quantidade de pontos de vulnerabilidade, contudo, quando observados apenas os pontos críticos, a Região Nordeste apresenta a maioria deles, num total de 172 pontos. Nota-se também a predominância de pontos classificados como críticos e alto risco em todas as regiões do país. Juntos agora eles constituem 56% (em 2011/2012 eram 65,9%) do total dos pontos mapeados, sendo os pontos críticos e os de alto risco os merecedores de atenção especial. 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 39 18/11/2014 15:41:11
  • 42. 7.c.4) Número de pontos por região, proporcional à malha viária Essa análise é uma das mais importantes. Refere-se a quantidade de pontos dividida pela malha viária da região. Desta forma é possível interpretar os resultados de cada região por quantidade de pontos vulneráveis em cada ‘X’ km de rodovias. Este indicador leva em conta a malha viária regional. Por exemplo, apesar do Nordeste ser a 2ª região com maior número absoluto de pontos vulneráveis (475 pontos), por ter a maior malha viária federal do Brasil, resulta em 38,09 km de distância entre os pontos vulneráveis a exploração sexual. Ou seja, a região com maior distância media entre os pontos. Tabela – Regiões por quantidade de pontos TOTAL DE PONTOS VULNERÁVEIS 2013/2014 2011/2012 REGIÃO Um ponto a cada xx km CENTRO-OESTE 24,36 23,99 NORDESTE 38,09 48,77 NORTE 37,44 17,99 SUDESTE 27,78 38,33 SUL 23,61 33,47 40 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 40 18/11/2014 15:41:11
  • 43. 41 Tabela – Regiões por risco crítico CRÍTICOS 2013/2014 2011/2012 REGIÃO Um ponto a cada xx km CENTRO-OESTE 108,51 57,87 NORDESTE 105,20 92,79 NORTE 71,32 44,71 SUDESTE 92,09 155,93 SUL 144,90 97,04 Tabela – Regiões por risco alto ALTO RISCO 2013/2014 2011/2012 REGIÃO Um ponto a cada xx km CENTRO-OESTE 166,00 72,34 NORDESTE 46,44 205,62 NORTE 428,79 85,59 SUDESTE 99,79 144,44 SUL 357,61 111,34 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 41 18/11/2014 15:41:11
  • 44. Tabela – Análise das regiões por risco médio MÉDIO RISCO 2013/2014 2011/2012 REGIÃO Um ponto a cada xx km CENTRO-OESTE 87,60 154,01 NORDESTE 150,79 278,38 NORTE 187,22 122,27 SUDESTE 103,17 145,97 SUL 65,70 133,89 Tabela – Análise das regiões por risco baixo BAIXO RISCO 2013/2014 2011/2012 REGIÃO Um ponto a cada xx km CENTRO-OESTE 111,03 244,84 NORDESTE 335,08 786,72 NORTE 499,25 74,89 SUDESTE 129,45 169,4 SUL 203,41 320,53 42 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 42 18/11/2014 15:41:11
  • 45. O que podemos observar na tabela X de risco critico é que, independente do surgimento de mais estabelecimentos ao longo das rodovias, temos hoje uma maior distância entre os pontos considerados críticos. Isto quer dizer que, se anteriormente, a cada 57,87 km encontrávamos um ponto crítico ao longo das nossas BRs, com características que os tornavam suscetíveis à ESCA, hoje precisamos percorrer quase o dobro da distância, 108,51 km, para encontrar um ponto crítico. 7.c.5) Análise dos principais eixos rodoviários federais 43 Tabela – BR com pontos mapeados BR CENTRO-OESTE NORDESTE NORTE SUDESTE SUL TOTAL POR BR 116 83 98 62 243 163 128 18 25 171 101 68 44 54 166 w381 133 133 153 36 50 9 14 109 316 78 5 83 040 15 1 63 79 179 230 73 347 15 984 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 43 18/11/2014 15:41:11
  • 46. As 7 rodovias federais que compõe os principais eixos rodoviários do país abrigam 49,97% dos pontos identificados. As rodovias BR 116 e 101 fazem ligação entre as regiões Nordeste, Sudeste e Sul. As BRs 153 e 163 encontram-se no interior do país. A BR 153 percorre as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. A BR 163, ainda inacabada, interliga os estados do Mato Grosso e Pará. A BR 040 tem um traçado de grande relevância entrecortando sudeste, centro oeste e nordeste. A BR 316 concentra-se basicamente no Nordeste e Norte. Por último, apesar de estar apenas no sudeste, a BR 381 apresentou número significativo de pontos. 7.c.6) Análise de perfil dos pontos: Urbano ou Rural Tabela – urbano ou rural Área RURAL URBANA TOTAL CENTRO-OESTE 115 277 392 NORDESTE 183 292 475 NORTE 45 115 160 SUDESTE 252 242 494 SUL 163 285 448 TOTAL 758 1.211 1.969 % DO TOTAL 38,5% 61,5% 100% Na maioria das regiões os pontos vulneráveis à ESCA encontram-se na área urbana. Uma hipótese para isso é que esta localização facilita o acesso, a movimentação e por isso a interação entre as vítimas, agressores e ambientes propícios. 44 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 44 18/11/2014 15:41:11
  • 47. 45 7.c.7) Tipo de Logradouro Os pontos de alimentação (1115), muitos dos quais situados dentro dos postos de combustíveis, permanecem como destaque devendo ser alvo das ações preventivas e de conscientização, governamentais e não governamentais uma vez que reúnem grande concentração de motoristas e transeuntes das rodovias, que ali procuram os mais variados tipos de prestação de serviços. Percebeu-se um aumento da facilidade de se instalar um ponto de alimentação informal em locais onde não há grande controle fitossanitário, como, por exemplo, uma residência ter parte de seus cômodos transformada em lanchonete, a fim de incrementar a renda familiar. 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 45 18/11/2014 15:41:11
  • 48. Além dos pontos de alimentação, aparecem em segundo lugar os postos de combustível com 963 pontos vulneráveis a exploração sexual de crianças e adolescentes. Destes, 408 pontos são apontados como críticos ou de alto risco. 7.c.8) Análise final: quadros Comparativos por mapeamentos realizados 7.c.8.1) Níveis de criticidade por região 2013/2014 Região Crítico Alto risco 46 Médio risco Baixo risco TOTAL DE PONTOS CENTRO-OESTE 88 109 109 86 392 NORDESTE 172 129 120 54 475 SUDESTE 149 106 133 106 494 NORTE 84 32 32 12 160 SUL 73 162 161 52 448 TOTAL POR NÍVEL 566 538 555 310 1969 Porcentagem em relação ao total de pontos 28,7% 27,3% 28,2% 15,7% 100% 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 46 18/11/2014 15:41:11
  • 49. 2009/2010 2011/2012 Região Crítico Alto risco Região Crítico Alto risco CENTRO-OESTE 111 75 70 25 281 CENTRO-OESTE 165 132 62 39 398 NORDESTE 334 118 75 18 545 NORDESTE 195 88 65 23 371 SUDESTE 178 105 61 27 371 SUDESTE 88 95 94 81 358 NORTE 85 77 42 20 224 NORTE 134 70 49 80 333 SUL 216 103 68 12 399 SUL 109 95 79 33 316 TOTAL POR NÍVEL 924 478 316 102 1820 TOTAL POR NÍVEL 691 480 349 256 1776 50,8% 26,3% 17,4% 5,6% 100% 38,9% 27,0% 19,7% 14,4% 100% 47 Médio risco Baixo risco TOTAL DE PONTOS Médio risco Baixo risco TOTAL DE PONTOS Porcentagem em relação ao total de pontos Porcentagem em relação ao total de pontos Ao comparar os números absolutos, o total nacional de pontos vulneráveis sofreu um aumento em relação ao ultimo mapeamento; no entanto, observa-se que houve uma sucessiva redução dos pontos críticos e aumento significativo dos pontos de médio risco, mantendo-se os de alto e baixo risco dentro da margem de erro de 1%. Os pontos críticos e os de médio risco sofreram maiores alterações, tendo os críticos reduzido seu total em 22,1% e os de médio risco aumentado em 10,1% nos últimos 6 anos. É pertinente observar que algumas regiões apresentaram variações significativas nos mapeamentos comparados, como o Norte, que reduziu seus pontos críticos de 134 para 84, enquanto a região Sudeste aumentou de 88 para 149 pontos críticos. 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 47 18/11/2014 15:41:11
  • 50. 7.b) Procedimento para solicitação dos resultados georeferenciados A divulgação detalhada dos resultados continuará sendo feita sob demanda dos órgãos em caráter de confidencialidade. No caso das empresas participantes do Programa Na Mão Certa da Childhood Brasil, o pedido pode ser encaminhado através de formulário de solicitação encontrado no website do Programa (www.namaocerta.org.br) que será analisado pela Central de Atendimento e encaminhado a Policia Rodoviária Federal que é responsável pelo envio do relatório à empresa solicitante. 48 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 48 18/11/2014 15:41:11
  • 51. 8. ANÁLISE COMPARATIVA COM INDICADORES SOCIAIS Considerando que a exploração sexual de crianças e adolescentes tem raízes multicausais, percebeu-se a necessidade de realizar uma análise dos índices socioeconômicos dos municípios onde foram localizados pontos críticos ou de alto risco. Dos 1969 pontos vulneráveis levantados, 56% deles são críticos (566) ou de alto risco (538), somando um total de 1104 pontos espalhados em 470 municípios. Deste universo, 59 municípios possuem entre 5 e 15 pontos críticos ou de alto risco. Analisando este recorte da pesquisa, pode-se perceber que os estados de Minas Gerais, Bahia e Pará possuem o maior número de municípios com esta característica, além de liderarem na quantidade absoluta de pontos críticos ou de alto risco. Para fazer o cruzamento do levantamento geográfico com índices socioeconômicos, optou-se por utilizar os dados do Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2013 publicado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). Dentre os mais de 200 índices apresentados pelo Atlas há o Índice de Desenvolvimento Humano 49 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 49 18/11/2014 15:41:11
  • 52. Municipal (IDHM), o qual é uma medida composta de indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, melhor). Os 1104 pontos (somados os críticos e os de alto risco) estão agrupados em 470 municípios brasileiros, com os quais foram feitas comparações com o IDHM (Educação) e com o IDHM (Renda). Chama atenção nessa análise o fato de 90,43% dos 470 municípios com pontos críticos ou de alto risco possuírem o IDHM (EDUCAÇÃO) entre médio e muito baixo (ou seja, entre 0,00 e 0,699). Ademais, nestes municípios há respectivamente 120.150 e 527.635 crianças e adolescentes (até 14 anos) não alfabetizados e evadidos da escola. Considerando que temos no total desses municípios 4.220.975 crianças e adolescentes até 14 anos, esses valores correspondem somados a 15,34 % do total de indivíduos até 14 anos nesses municípios. No tocante ao IDHM (Renda), embora os valores comparados dos 470 municípios com a totalidade dos municípios brasileiros esteja aproximadamente na média nacional, isso não significa um resultado positivo. Constatou-se que, dentre o universo de 4.220.975 indivíduos de 0 a 14 anos nesses municípios, 1.103.107 crianças e adolescentes, ou seja, 26,13%, vivem em famílias pobres ou em extrema pobreza, com renda per capita média de R$ 57,81. Destaca-se aqui que dentre essas crianças e adolescentes (mais de um milhão delas) a renda per capita varia de R$5,99 indo no máximo a R$117,50. Ainda, somam-se a esses números a alarmante quantidade de crianças e adolescentes até 14 anos que foram consideradas dentro da população economicamente ativa, ou seja, que estavam trabalhando, trabalharam no último mês anterior à pesquisa ou informaram 50 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 50 18/11/2014 15:41:11
  • 53. estar procurando emprego: 259.058. Acrescente-se aí o grupo de adolescentes entre 15 e 17 anos considerados como economicamente ativos num total de 709.387. Chegamos então ao número de 968.445 crianças e adolescentes nos 470 municípios com pontos vulneráveis críticos e de alto risco que trabalham, trabalharam no mês anterior à pesquisa ou que estão buscando trabalho. Falando de Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes não podemos nos furtar de dedicar especial atenção a estes números, uma vez que crianças e adolescentes deveriam estar nas escolas e, além disso, não sabemos que tipo de emprego (ou sub emprego) e a quais condições estão sendo submetidos. Essa reflexão é importante por sugerir que crianças e adolescentes não alfabetizados e evadidos da rede escolar e a quantidade expressiva de adolescentes economicamente ativos podem ter uma relação com a exploração sexual nesses municípios que apresentaram uma quantidade expressiva de pontos críticos e de alto risco a ESCA. 51 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 51 18/11/2014 15:41:11
  • 54. 9. TRANSFERÊNCIA DE METODOLOGIA MAPEAMENTO DAS RODOVIAS ESTADUAIS – EXPERIÊNCIA DE PERNAMBUCO Mapeamento das Rodovias Estaduais de Pernambuco – Biênio 2012|2013 Apresentação Em 2007 a Childhood Brasil estabeleceu um convênio de cooperação técnica e financeira com o Governo do Estado de Pernambuco através do Conselho Estadual da Criança e do Adolescente. O primeiro resultado desta parceria foi a construção do Plano Estadual de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes que posteriormente gerou diferentes planos de trabalho com o objetivo de proteger crianças e adolescentes do estado de Pernambuco da violência sexual. A Childhood Brasil implantou de maneira pioneira no estado um conjunto de metodologias e tecnologias sociais desenvolvidas organização até então. Entre elas o Programa Na Mão Certa cujo objetivo principal é o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias brasileiras. Em parceria com o Projeto Mapear, desenvolvido pela Polícia Rodoviária Federal, o Programa Na Mão Certa, apoiou o Batalhão de Polícia Rodoviária (BPRv) na execução do primeiro mapeamento de pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias estaduais de Pernambuco. O mapeamento das rodovias estaduais é a continuidade do trabalho executado pela Polícia Rodoviária Federal, por meio do Projeto Mapear. buscando ampliar o mapeamento para os Estados com a mesma metodologia de coleta buscando não só ter uma maior compreensão do fenômeno como sensibilizar e formar policiais em direitos humanos. Diante dos resultados alcançados pelas ações desenvolvidas nas rodovias federais, que representaram uma maior redução percentual de registros em sua extensão, principalmente no Estado de Pernambuco, detectou-se a migração desses pontos para 52 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 52 18/11/2014 15:41:11
  • 55. as rodovias estaduais, promovendo assim, a interiorização dos ambientes suscetíveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, o que propiciou a escolha de Pernambuco como o Estado pioneiro no Brasil, a executar o mapeamento das rodovias estaduais. Para execução desse trabalho, o BPRv passou pelas seguintes fases: Conscientização e sensibilização do efetivo e compartilhamento da metodologia, identificação dos pontos vulneráveis e análise e compilação dos resultados. O mapeamento foi concluído em fevereiro de 2013. 1ª Fase: Conscientização e sensibilização do efetivo e compartilhamento da metodologia a ser utilizada Em 2013 através da Childhood do Brasil, e com apoio da Polícia Rodoviária Federal, o BPRv promoveu a capacitação de 60 policiais militares que atuaram como multiplicadores para a tropa. Essa iniciativa possibilitou a conscientização dos policiais sobre a necessidade de execução do trabalho, tendo em vista o grave problema no Estado que fere diretamente os Direitos Humanos. Foram abordados conteúdos inerentes a uma atuação eficiente, sendo focados inclusive, a prática de abordagens e os aspectos jurídicos das ações policiais. A sensibilização do efetivo favoreceu o sentimento de cidadania exercido pelo BPRv como parte integrante da sociedade, independente de sua profissão. 53 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 53 18/11/2014 15:41:11
  • 56. Além disso, foi compartilhada toda a metodologia empregada pela Polícia Rodoviária Federal, com a divulgação do modelo do formulário de coleta de dados que serviu de instrumento para o direcionamento da pesquisa, na identificação e na classificação dos pontos vulneráveis. O formulário de identificação dos pontos foi adaptado às necessidades do BPRv sendo adequados a estrutura estadual a exemplo das denominações de logradouros, siglas, identificação dos municípios, identificação do policial etc. Ainda assim, foram mantidas as mesmas perguntas do questionário que determinam os níveis de risco de exploração sexual como nos mapeamentos realizados pela PRF, tendo em vista a possibilidade de permitir a comparação analítica dos dados resultantes do levantamento estadual com o federal. 2ª Fase: Identificação dos Pontos Vulneráveis Durante essa fase, o comando do BPRv se deparou com um dos principais problemas enfrentados no mapeamento: a dificuldade de estrutura logística e humana. Com as demandas diárias já no limite, contou-se com a motivação e voluntariedade dos policiais para cumprir a missão. Como recomendação para a próxima edição, deve-se levar em conta a necessidade de prever horas extras para incluir de forma mais adequada a jornada extraordinária. De acordo com o processo de coleta estabelecido, os policiais promoveram o patrulhamento na área de atuação, ao mesmo tempo em que, norteados pelo questionário, foram preenchendo manualmente in loco o levantamento. Para concluir a pesquisa, além da visita in loco, a experiência histórica do policial adquirida durante a sua atuação diária nas rodovias trouxe as informações relevantes para o mapeamento. 54 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 54 18/11/2014 15:41:11
  • 57. O patrulhamento foi realizado durante as 24 horas do dia, em diversos horários, por equipes diferentes, sendo constatadas, confirmadas e comparadas, diversas informações, que serviram de base para a classificação desses pontos, com relação aos níveis de criticidade. O serviço de inteligência da Polícia Militar de Pernambuco realizou o mapeamento em caráter reservado, com o policiamento descaracterizado e foram levantadas várias informações, inclusive confirmadas, através de levantamento investigativo. 3ª Fase: Análise e compilação dos resultados O objetivo dessa análise é fazer o alinhamento dos resultados obtidos, a partir das respostas do questionário que direcionou a pesquisa. É de fundamental importância, pois a partir dessa análise, será possível mostrar ao Governo do Estado, à Sociedade Civil e aos Órgãos da Rede de Proteção de Crianças e Adolescentes, a realidade do cenário desse crime no Estado de Pernambuco; além de nortear a implementação dos meios necessários para o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias estaduais. A ação do Estado, bem como, da Sociedade Civil Organizada, pode evitar que esses pontos vulneráveis se transformem em pontos de efetiva exploração sexual de crianças e adolescentes; seja com ações preventivas com o objetivo de transformar os ambientes vulneráveis em ambientes neutros ou, principalmente, com ações repressivas, a fim de debelar esses ambientes criminosos. 55 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 55 18/11/2014 15:41:11
  • 58. De posse dos dados lançados no sistema, foi promovida a análise e classificação dos pontos identificados como vulneráveis, e ao final, concluído o mapeamento foram levantados 1.372 pontos vulneráveis, classificados de acordo com os níveis de criticidade, críticos, de alto risco, médio e baixo risco. 56 Resultados Em 2012, apesar do Estado de Pernambuco ser o nono Estado com maior quantidade de pontos vulneráveis nas rodovias federais, a identificação de 1.372 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias estaduais revela uma realidade preocupante nesse Estado. Deste total, 421 (30,7%) são críticos, 329 (24%) são de alto risco, 449 (32,7%) são de médio risco e 173 (12,6%) são de baixo risco. Numa malha rodoviária de 7.023 quilômetros de extensão, as rodovias pernambucanas apresentam um resultado muito semelhante ao da a Polícia Rodoviária Federal, quando mapeou os 65.000 quilômetros de rodovias federais em todo o Brasil. De acordo com o presente mapeamento nacional, que apresentou 56% dos pontos vulneráveis como críticos e de alto risco, verificamos uma percentagem similar em Pernambuco de 54,7% de pontos com esses níveis de vulnerabilidade. A partir do compartilhamento dos pontos vulneráveis com as unidades operacionais da Polícia Militar no interior do Estado, o BPRv, capacitou esses policiais, de modo a padronizar as ações, obtendo a mesma eficácia em todo o Estado. A intervenção da Polícia Militar consistiu no patrulhamento ordinário diário nas rodovias em torno dos pontos identificados como vulneráveis, prioritariamente, abordagens aos pontos críticos e de alto risco. Esses pontos estão sendo submetidos a um estudo 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 56 18/11/2014 15:41:12
  • 59. investigativo minucioso através da seção de inteligência da PMPE, que precede as abordagens, como elemento fundamental para a execução de ações coercitivas que para debelar os pontos críticos e de alto risco, neutralizando esses ambientes criminosos. Todavia, é válido ressaltar que as ações de enfrentamento devem ser articuladas com os demais Órgãos da Rede de Proteção e Garantia dos Direito de Crianças e Adolescentes, como o Ministério Público, Conselho Tutelar, CREAS, Secretarias Municipais, etc. O Comando do Batalhão de Polícia Rodoviária de Pernambuco cumpriu a missão de mapear os pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes, através do seu efetivo de patrulheiros rodoviários. o Estado de Pernambuco é o primeiro a contar com este diagnóstico com a inserção da coleta de dados no patrulhamento ordinário das rodovias estaduais O principal legado desse trabalho é a sensibilização e conscientização do efetivo do BPRv que promoveu esse estudo envolvido e motivado, norteado pela importância do papel como representante da Segurança Pública e integrante da sociedade no exercício de sua cidadania. O desafio é, a partir das atividades realizadas no primeiro mapeamento, através da divulgação dos resultados, promover a integração entre a Polícia Militar e a Rede de Proteção, no intuito de alcançar o fortalecimento das ações e compartilhamento de estratégias de solução para a prevenção, o enfrentamento e a responsabilização dos casos de exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias estaduais. 57 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 57 18/11/2014 15:41:12
  • 60. 10. CONQUISTAS E DESAFIOS Conquistas As ações de mapeamento para enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes têm abrangência nacional, percorrendo em torno de 65.000 quilômetros de rodovias e estradas federais, distribuídos pelos 26 estados e o Distrito Federal. A permanente parceria com a OIT, Childhood Brasil, SDH e MPT, somadas à capilaridade da PRF, que se faz presente em todas Unidades de Federação englobando mais de 3.500 municípios, bem como, o envolvimento e comprometimento dos policiais rodoviários federais, sensíveis à política de enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, são os pontos fortes que sustentam a realização do presente projeto. O presente mapeamento registrou um maior número absoluto de pontos. No entanto, houve uma redução expressiva dos pontos críticos. Esse resultado tem uma forte relação com a qualificação do policial bem como com o incremento de ações preventivas e repressivas. Podemos destacar: t Os pontos críticos podem ter migrado para fora das rodovias e estradas federais, fugindo das ações coercitivas da PRF já tradicionais em algumas Unidades da Federação. Esta hipótese também explicaria a variação da quantidade de pontos dentro das regiões geográficas; t As ações preventivas de conscientização da sociedade civil podem estar efetivamente contribuindo para a redução de características de criticidade, chegando inclusive a evitar a instalação de novos pontos de exploração sexual de crianças e adolescentes; 58 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 58 18/11/2014 15:41:12
  • 61. t As grandes obras de infraestrutura e o aumento do tráfego de veículos estão proporcionando a mudança ou a instalação de novos estabelecimentos comerciais ao longo das rodovias e estradas federais, normalmente, com uma estrutura precária. t A capacitação e sensibilização do policial qualificam e humanizam seu olhar para as características de vulnerabilidade ao longo das rodovias, ampliando sua visão e atuação, passando inclusive a incorporar outros crimes de violação dos direitos humanos. t Uma grande conquista a ser destacada é a crescente integração com o setor privado, em especial, através das empresas e entidades empresariais que aderem ao Programa Na Mão Certa, através da assinatura dos compromissos do Pacto Empresarial contra Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes nas Rodovias Brasileiras. O acesso estratégico aos dados dos mapeamentos permite uma atuação mais efetiva nos diferentes segmentos que estão relacionados ao transporte rodoviário de carga: t Embarcadores e transportadores preparam os caminheiros como agentes de proteção através da educação continuada associada a princípios de cidadania e qualidade de vida; t Prestadores de serviços, responsáveis pela administração de rodovias concessionadas, quando federais, contam com esta informação para apoiar o monitoramento da rodovia e, em especial, nos pontos vulneráveis, tem a possibilidade de dialogar diretamente com o estabelecimento comercial considerado vulnerável e, ao mesmo tempo, articular a atuação mais efetiva da rede de proteção local; 59 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 59 18/11/2014 15:41:12
  • 62. t Prestadores de serviços, relacionados à venda de combustíveis, sejam as empresas franqueadoras da marca, suas distribuidoras ou os próprios postos de abastecimento, tem, nos dados oferecidos pelo mapeamento, uma valiosa ferramenta de monitoramento e intervenção local nos quando situados em rodovias federais; t Prestadores de serviços, no âmbito do gerenciamento de risco e seguro, mapeiam e monitoram as rotas de viagem que incluem a informação sobre os pontos vulneráveis para despertar a atenção do caminhoneiro e orientam a denúncia imediata em caso de suspeita ou confirmação da existência da exploração sexual de crianças e adolescentes; t Prestados de serviços, no âmbito de cartões de abastecimento e similares, levam em conta as informações sobre os pontos vulneráveis na negociação e credenciamento de estabelecimentos ao longo das rodovias, em especial, naqueles em que são implantados postos avançados ou espaços de convivência para os caminhoneiros. t Para concluir, estamos certos que através da integração de dados socioeconômicos do Atlas de Desenvolvimento Humano surgem novos indicadores para nortear atuação nas rodovias federais e as regiões vizinhas. A expectativa é que esta novidade possa ampliar e fortalecer as parcerias locais criando uma rede sistêmica de parcerias integradas entre os três setores gerando ações preventivas que darão efetividade ao enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias. 60 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 60 18/11/2014 15:41:12
  • 63. Desafios As conquistas nos últimos 6 anos foram muitas e contínuas, no entanto, ainda temos muito por fazer para oferecer subsídios cada vez mais precisos para a prevenção e o enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias e estradas do Brasil. Encontra-se em fase de desenvolvimento um aplicativo para utilização de todos os policiais, que permitirá otimizar os recursos e o conhecimento do Projeto Mapear. O desenvolvimento do aplicativo conta com o apoio do Ministério Público do Trabalho e permitirá a união dos bancos de dados dos mapeamentos anteriores e os próximos. A partir do primeiro semestre de 2015 este aplicativo estará disponível e proporcionará aos gestores o acompanhamento em tempo real das ações de enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes, bem como o gerenciamento dos encaminhamentos feitos à rede proteção em cada município. O contínuo investimento em capacitação dos policiais e a integração com a rede garantidora local nas OTEDH com os chefes dos núcleos de policiamento das delegacias, somada à sensibilização realizada com todos os chefes de delegacias e de núcleos de inteligência, também terão seus frutos a colher. Quando da publicação desta edição, já teremos um grande aumento do número de policiais da atividade fim capacitados: a totalidade dos chefes de policiamento, dos chefes de delegacias e dos chefes de núcleos de inteligência. Estreitar o contato com este elo da cadeia preventiva e repressiva significa ter o olhar mais apurado no dia a dia para o enfrentamento às violações dos direitos humanos. Imprescindível, pois, manter continuamente esta capacitação e ampliá-la para a totalidade dos policiais que trabalham na atividade fim da Polícia Rodoviárias Federal. 61 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 61 18/11/2014 15:41:12
  • 64. Outro desafio, já iniciado nesta edição de forma ainda incipiente, é a qualificação das informações sobre as vítimas. Esse passo, quando implantado com indicadores estruturados, trará grandes avanços no subsídio de políticas públicas. Não só conhecer as características que tornam o local suscetível à ocorrência de exploração sexual de crianças e adolescentes, mas também as características das vítimas desse crime nos levam à certeza de que melhor serão enfrentadas as violações aos direitos humanos, prevenindo, reprimindo e promovendo o devido encaminhamento àqueles que tenham seus direitos violados. Como grande desafio final, persiste a expansão do mapeamento dos pontos vulneráveis para as rodovias estaduais. Essa transferência de metodologia é fundamental para “fechar o cerco” aos infratores que migram os pontos de exploração sexual de crianças e adolescentes para regiões cuja fiscalização e repressão sejam menos intensas. A necessidade de ampliação da transferência da metodologia do mapeamento para os Estados, como feita em Pernambuco, é um desafio que deve ser assumido com apoio da SENASP (Secretaria nacional de Segurança Pública) A recente integração do Ministério Público do Trabalho, através Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes e a estruturação da Polícia Rodoviária Federal, com criação de uma Coordenação de Direitos Humanos a partir de 2015, são conquistas que denotam a vontade de superar os obstáculos e de agir integradamente com ações diretas e transversais, chamando à responsabilidade todos os envolvidos para o êxito dessa missão. 62 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 62 18/11/2014 15:41:12
  • 65. 63 ANEXO I – Infográficos Analíticos 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 63 18/11/2014 15:41:13
  • 66. 64 6º Mapeamento de Pontos Vulneráveis.indd 64 18/11/2014 15:41:14