O documento discute a produção mundial e brasileira de mandioca. A produção global continua crescendo, liderada pela África. A Nigéria é o maior produtor mundial. No Brasil, a produção vem diminuindo, com foco na pesquisa de novas tecnologias para aumentar a produtividade e mecanização da colheita.
Produção mundial de mandioca cresce 157% entre 1970-2012; África lidera
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Mandiocultura - Análise da Conjuntura Agropecuária
Novembro de 2013
A população mundial já ultrapassou sete bilhões de pessoas e o seu
crescimento é desproporcional à produção de alimentos. Neste contexto estão os
produtos da cesta básica e a mandioca se insere, como uma das importantes fontes
alimentares, em especial nos países africanos, suprindo as necessidades da
população mais carente. Por este motivo, a cultura da mandioca apresenta maior
crescimento no Continente Africano que lidera o ranking mundial de produção.
Com base nos dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação – FAO- a produção mundial de mandioca continua em ritmo de
crescimento contínuo, passando de 99,1 milhões de toneladas em 1970 para 254
milhões de toneladas em 2012. Um dos motivos deste expressivo crescimento é a
facilidade de adaptação às mais diversas condições edafoclimáticas de vários
países, especialmente na África e na Ásia.
A maior contribuição do crescimento da produção mundial vem do Continente
Africano que passou de 40% da produção em 1970 para 57% em 2012. Dentre os
países africanos, destaca-se a Nigéria, consagrada líder absoluta na produção
mundial de mandioca em raiz. No ano de 2012, a produção na Nigéria foi de 54
milhões de toneladas de raiz, o que corresponde a 37% daquele continente e a 21%
dos 254 milhões produzidos no mundo.
Na África, segundo a FAO, a mandioca representa o alimento de segurança
nacional e se constitui na principal fonte alimentícia para cerca de 60% da
população. Naqueles países, a mandioca é consumida principalmente sob a forma
“in natura”, geralmente cozida, dada a precariedade de industrialização para
produção de outros produtos.
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Em função da necessidade de combate à fome, a Nigéria vem atendendo ao
desafio de produzir alimentos para suprir as necessidades das pessoas mais
carentes. Dentro desta premissa aquele país conquistou em um curto espaço de
tempo a liderança mundial na produção de mandioca. Seu crescimento foi notório,
uma vez que passou de dez milhões de toneladas em 1970 para cinqüenta e quatro
milhões de toneladas em 2012, o que corresponde a 440% de aumento.
Mesmo com esse expressivo crescimento, na Nigéria e nos demais países
africanos que cultivam a mandioca, a cadeia produtiva carece de muito investimento,
na pesquisa agrícola com vistas ao aumento da produtividade e no setor industrial
para a produção de produtos modificados e com maior valor agregado. Atualmente,
a pesquisa enfrenta um forte desafio naqueles países, uma vez que a cultura da
mandioca já atravessa sérios problemas relacionados às pragas e doenças.
Ao contrário da África, a cultura da mandioca na Ásia tem forte estímulo dos
governos: Federal, estadual e de alguns municípios. A pesquisa está bastante
avançada e conta além do apoio dos órgãos oficiais a cooperação de produtores que
se cotisam no sentido de contribuir na execução dos projetos. Com esta valorização
da atividade, a mandioca na Ásia já conquistou um elevado grau de industrialização,
destinando a maior parte de sua produção ao fabrica de fécula e de “pellets”.
Dois países continuam se destacando como maiores produtores de mandioca,
a Tailândia e a Indonésia, que representam 60% da produção asiática. A Tailândia
consagrou-se no maior produtor de fécula e de “pellets” do mundo e também o maior
exportador mundial desses produtos. Atualmente, as exportações tailandesas se
destinam em sua grande maioria aos países da União Européia e nos últimos cinco
anos também para China.
Na América Latina houve um retrocesso nos volumes de produção de
mandioca, principalmente após a década de 1970, quando a participação passou de
30% para apenas 15% sobre o total mundial. Sem dúvida, o principal responsável
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pela redução da América é o Brasil que após produzir 30 milhões de toneladas,
contabiliza apenas 25 milhões durante as últimas safras. Apesar de produzir menos,
o Brasil avançou consideravelmente nas pesquisas tanto agrícola como industrial.
Porém, alguns pontos de estrangulamento ainda precisam ser resolvidos, um deles
é a falta de mão de obra que dificulta algumas etapas, principalmente na colheita.
Portanto, é necessário aprimorar a mecanização, com avanços nas máquinas para o
plantio das manivas, mais principalmente no desenvolvimento de máquinas que
possam substituir a mão de obra na colheita.
TABELA 01 – MANDIOCA RAIZ – PRODUÇÃO MUNDIAL; PAÍSES SELECIONADOS (EM
MILHÕES DE TONELADAS)
PAÍSES 1970 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Part. %
2012
▲ 2012 (%)
África 40,5 114,0 118,0 120,0 121,4 145,0 146,0 57,5 260
Nigéria 10,2 35,4 44,6 36,8 37,5 52,4 54,0 21,3 529
Rep. Fed do Con-go
10,3 35,4 44,6 15,0 15,0 15,6 16,0 6,3 55
Gana 1,5 9,6 9,7 12,2 13,5 14,2 14,5 5,7 867
Outros 18,5 54,0 48,7 56,0 55,4 62,8 61,5 24,2 232
Ásia 23,1 73,0 78,8 81,6 74,8 76,8 77,6 30,5 236
Tailândia 3,2 22,6 27,6 30,1 22,0 21,9 22,5 8,9 603
Indonésia 10,7 20,0 21,6 22,0 23,9 24,0 23,9 9,4 123
Outros 9,2 30,4 29,6 29,5 28,9 30,9 31,2 12,2 239
América do Sul 34,5 35,4 35,5 33,0 33,3 32,1 30,4 12,0 (12)
Brasil 30,0 26,6 26,7 24,4 24,5 25,4 21,2 8,4 (29)
Outros 5,5 10,5 10,3 8,6 8,8 6,7 9,2 3,6 67
Total Mundial 99,1 224,1 233,8 234,6 229,5 253,9 254,0 100,0 156
Fonte: FAO, SEAB/DERAL.
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PANORAMA NACIONAL
O Brasil já foi o maior produtor de mandioca, perdeu a hegemonia para a
Nigéria e na sequência cedeu o 2º lugar para a Indonésia. A produção brasileira de
mandioca havia se estabilizado na faixa dos 25 milhões de toneladas, porém na
safra de 2012/13 a redução foi mais acentuada por conta da forte seca no Nordeste.
Como os estados nordestinos sofreram acentuadas quebras na atual safra, a
previsão de colheita é de apenas 21,2 milhões de toneladas, o que representa a
menor produção dos últimos 10 anos.
Com a menor oferta de mandioca, as indústrias de fécula e de farinha
encontraram dificuldade para se abastecerem. Este comportamento já acontece
durante as últimas quatro safras e o resultado imediato foi o aquecimento dos preços
em todos os segmentos da comercialização.
Algumas variáveis como a substituição de mandioca pelas rações
balanceadas na suinocultura, os hábitos alimentares com preferência aos produtos
do trigo, a competição de culturas mais rentáveis ou de menor ciclo e a crescente
falta de mão de obra no campo, certamente estão impactando para a estagnação ou
redução em alguns estados. Soma-se também a dificuldade na contratação do
trabalhador rural em função das exigências legais, o que contribui ainda mais para
que em propriedades pequenas as pessoas optem por culturas mecanizadas.
Diante desta realidade e dada a necessidade de aumentar a oferta de
produtos da cesta básica, o conjunto de órgãos ligados à pesquisa têm desafio de
encontrar soluções rápidas, em especial no tocante a colheita e o plantio da
mandioca. Paralelamente à pesquisa agrícola e industrial, é preciso também dotar
de infra estrutura o meio rural para que o êxodo, principalmente, dos jovens se
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reduza e as famílias possam dar continuidade à vida no campo.
TABELA 02 – MANDIOCA – BRASIL E PARANÁ – ÁREA E PRODUÇÃO -2005 A 2013
Brasil Paraná Produção Colocação
Anos Área
(1.000
ha)
Produção
(1.000 t)
Área
(1.000
ha)
Produção
(1.000 t)
PR/BR (%) PR/BR
2005 1.902 25.872 167 3.347 12,9 3º
2006 1.897 26.639 170 3.800 14,3 3º
2007 1.894 26.541 150 3.400 12,8 3º
2008 1.889 26.703 179 3.900 14,6 3º
2009 1.761 24.404 153 3.660 15,0 3º
2010 1.790 24.967 172 4.013 16,4 2º
2011 1.734 25.349 184 4.174 16,0 2º
2012 1.820 23.414 178 4.087 15,7 2º
2013 1.518 21.200 163 3.618 17,8 2
Fonte: IBGE, SEAB/DERAL.
PRINCIPAIS REGIÕES PRODUTORAS
O cultivo da mandioca está presente em todos os estados do Brasil. É uma
cultura de fácil adaptação, porém segundo a pesquisa a mandioca produz melhor
em região de clima mais quente. A maior concentração ocorre nos estados do
nordeste, cuja Região representa aproximadamente 25% da produção Nacional.
Assim como nos países africanos, no Nordeste e no Norte do Brasil a mandioca
também representa o principal produto da cesta básica para um enorme contingente
populacional.
No nordeste as secas aparecem com bastante frequência e o cultivo da
mandioca, comparativamente aos demais produtos, apresentou maior resistência e
mesmo em épocas mais críticas, ainda é possível salvar alguma parcela das
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lavouras. Outra particularidade da mandioca é o seu ciclo longo, o que leva
vantagem sobre o feijão ou milho por serem mais sensíveis à falta de água e pelo
fato de completarem o ciclo em apenas quatro meses.
Ambas as regiões do Norte e Nordeste guardam uma forte semelhança
quanto ao uso da mandioca, que é destinada basicamente ao consumo humano,
através de vários produtos como: farinha, biju, polvilho doce e muitos outros pratos
típicos extraídos da principal matéria prima que é a raiz ou as folhas usadas nas
mais diversas culinárias.
Tanto no Norte como no Nordeste existem algumas centenas de casas de
farinha, atafonas ou pequenas farinheiras como são localmente conhecidas. Além de
produzirem a maior quantidade de farinha do País, estas regiões também são
responsáveis pelo maior consumo percapita da farinha. Este fato pode ser
constatado na capital Belém, onde são comercializados grandes volumes de farinha
nas principais feiras livres, quitandas e nos supermercados.
Com apenas 10% de representatividade na produção de raiz, a Região
Sudeste se destaca com o estado de São Paulo, que tem um excelente potencial
agrícola, possui grandes e modernas indústrias de fécula, mas também se destaca
como produtor de farinha. A cidade de São Paulo é conhecida como o principal pólo
de comercialização de farinha do país. Além de grande consumidor, é também
importante fornecedor de farinha para o Norte e Nordeste. Destaca-se também o
Estado de Minas Gerais com suas fabricas de polvilho azedo, na Região do triângulo
Mineiro, cujo produto se destina ao fabrico de pão de queijo ou bolachas.
A Região Sul ocupa o 3º lugar no Ranking nacional de produção de mandioca,
é o principal pólo industrial e contabiliza o maior número de fecularias de médio e
grande porte. O estado do Paraná é o principal produtor, corresponde em média de
67% da produção agrícola na Região Sul e contribui com 70% da fécula brasileira.
Santa Catarina foi o estado precursor na produção de fécula, mas atualmente
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reduziu consideravelmente a sua participação.
É importante lembrar que a industrialização de fécula no Paraná se expandiu
mais precisamente na década de 80 e inicio de 90. Neste período muitos
empresários de Santa Catarina aproveitando algumas vantagens transferiram suas
plantas para nosso estado. A maior produtividade agrícola, o desejo dos produtores
plantarem a mandioca em pequenas propriedades, antes ocupadas com o café que
foi dizimado com as geadas de 1975 e as vantagens oferecidas em alguns
municípios, atraiu os empresários catarinenses. Já no caso do Rio Grande do Sul,
apesar de expressiva, produção de raiz, não possui indústrias e toda a sua produção
é destinada ao consumo humano e animal.
TABELA 03 – MANDIOCA – PRINCIPAIS PRODUTORES – ÁREA, PRODUÇÃO E
PRODUTIVIDADE 2012/2013
REGIÕES/ESTADOS ÁREA
(1000ha)
PRODUÇÃO
(1000 t)
PRODUTIVIDADE
(kg / ha)
PARTICIPAÇÃO
(%)
NORDESTE 556 4.850 8.984 23,0
Bahia 123 1.328 10.228 6,3
Maranhão 190 1.330 7.763 6,3
Ceará 80 626 7.988 3,0
Outros 163 1.566 9.957 7,4
NORTE 485 7.437 15.334 35,2
Pará 299 4.681 15.656 22,2
Amazonas 81 852 10.519 4,0
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Outros 105 1.904 18.133 9,0
SUDESTE 146 2.274 15.575 10,8
São Paulo 58 1.054 18.172 5,0
Minas Gerais 59 824 13.966 3,9
Outros 29 396 13.655 1,9
CENTRO-OESTE 69 1.258 18.231 6,0
Mato Grosso do Sul 31 692 22.323 3,3
Mato Grosso 24 347 14.458 1,7
Outros 14 219 15.643 1,0
SUL 262 5.293 20.202 25,0
Paraná 163 3.618 22.196 17,1
Rio Grande do Sul 72 1.168 16.222 5,5
Santa Catarina 27 507 18.778 2,4
BRASIL 1.518 21.100 13.900 100,0
Fonte: IBGE, SEAB/DERAL.
PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FÉCULA
A industrialização brasileira de mandioca objetivando a produção de fécula foi
impulsionada a partir dos anos 1990. A partir deste período, houve uma forte
aceleração do parque industrial tanto na ampliação das plantas já existentes como
nas implantações de novas unidades. Este crescimento ocorreu principalmente nos
estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, já no caso de Santa Catarina houve uma
desaceleração, pois muitas indústrias foram transferidas para o Paraná.
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Segundo a pesquisa realizada em 2011 pelo Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada – CEPEA/ESALQ, o parque industrial feculeiro teve um
aumento de 31,3% entre os anos de 2004 e 2011, passando de 14.063 para 18.467
toneladas/dia de mandioca em raiz. Esta pesquisa contabilizou 67 indústrias das
quais 40 estão localizadas no Estado do Paraná, representando aproximadamente
60% das fecularias brasileiras.
Paralelamente ao aumento da capacidade instalada no país, a produção de
fécula apresentou um notável crescimento, principalmente a partir do ano 2000. Na
sequência dos últimos oito anos o volume produzido se estabilizou na média de 557
mil toneladas de fécula. Evidentemente existe um alto grau de ociosidade, pois a
produção de matéria prima está enfrentando alguns desafios, entre eles a falta de
mão de obra no campo. Ressalta-se ainda a grande concorrência em 2012 e 2013
entre as fecularias e as farinheiras, pois houve a necessidade de produzir mais
farinha para atende os mercados do Nordeste.
Dos quatro principais estados produtores de fécula, destaca-se o Paraná que
mantém a liderança e representa cerca de 70% da produção brasileira. No Paraná,
os Núcleos Regionais de Paranavaí, Umuarama, Toledo e Campo Mourão detêm a
maior parte das fecularias e também de farinheiras e polvilheiras.
FIGURA 01 – PRODUÇÃO BRASILEIRA DE FÉCULA (1.000 T)
1990
1995
2000
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
700
600
500
400
300
200
100
0
Fonte: ABAM, SEAB/DERAL
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FIGURA 02 – PRODUÇÃO DE FÉCULA - MAIORES PRODUTORES em 2012
PR
MS
SP
SC
PA
BA
Fonte: CEPEA, SEAB/DERAL
72%
17%
9%
0% 1% 1%
A produção brasileira de fécula no ano de 2012 registrou um aumento de
apenas 0,2% comparativamente a 2011. Um dos motivos desta estagnação foi a
disputa pela matéria-prima entre as fecularias e as farinheiras que se iniciou já em
meados do segundo semestre de 2012. Esta acirrada concorrência entre as
indústrias se estendeu até meados do mês de agosto de 2013, período em que as
farinheiras ampliaram seus turnos de trabalho para poderem atender a demanda do
mercado nordestino, que sofreu com a falta do produto devido à prolongada seca.
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TABELA 04 – FÉCULA DE MANDIOCA – PRODUÇÃO EM ESTADOS SELECIONADOS -
2012
ESTADOS 2009 2010 2011 2012 )
Mil t % Mil t % Mil t % Mil t %
PARANÁ 413 71 404 75 366 71 374 72
MATO GROSSO
DO SUL
81 14 81 15 89 17 88 17
SÃO PAULO 76 13 51 9 55 11 48 9
SANTA
7 1 6 1 5 1 5 1
CATARINA
OUTROS 5 1 0 0 0 0 5 1
BRASIL 582 100 542 100 519 100 520 100
Fonte: CEPEA, SEAB/DERAL
DEMANDA BRASILEIRA DE FÉCULA
Praticamente toda a produção brasileira de fécula se destina ao mercado
interno e apenas cerca de 2% é exportada para outros países. Até 2012 a economia
estava com o crescimento mais acelerado e a demanda por fécula também
apresentava aumentos contínuos. Já em 2013 houve uma desaceleração e vários
setores diminuíram o uso deste produto, outros ainda substituíram em parte pelo
amido de milho, pois este apresentava vantagem competitiva em relação à fécula.
Evidentemente que a demanda brasileira se completa também com as
importações de fécula, em especial nos períodos de seca no Nordeste quando se
produz mais farinha em detrimento da fécula. Do volume total de fécula produzida
em nosso país, cerca de 30% é modificada através de química fina em produtos de
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maior valor agregado. Os modificados também são consumidos em grande maioria
no mercado interno.
Dentre os maiores consumidores de fécula destacam-se os frigoríficos, a
indústria de papel e papelão e as massas alimentícias como bolachas, biscoitos,
panificação e pão-de-queijo. Também vale ressaltar que os mercados das grandes
capitais, com destaque para São Paulo, são os maiores consumidores deste
produto.
TABELA 05 – FÉCULA DE MANDIOCA– PRINCIPAIS COMPRADORES (2006-2012)
CONSUMO (%) 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Frigoríficos 19,5 23,7 13,5 16,3 17,3 13,1 13,2
Papel/Papelão 26,3 19,7 23,5 23,8 20,0 18,2 15,8
Atacadistas 16,8 16,6 21,8 19,8 29,4 27,7 25,0
Massas/Biscoitos/Panificação 14,5 14,1 22,5 18,7 14,4 11,8 18,6
Têxtil 4,9 4,9 3,8 2,2 2,3 1,1 3,7
Indústria Química 6,6 3,4 3,8 2,6 2,9 2,3 4,7
Varejistas 4,8 3,2 3,1 2,7 3,8 11,2 7,6
Outras Fecularias 3,1 2,9 2,9 5,1 6,4 5,1 5,2
Outros 3,5 11,5 5,1 8,8 3,5 9,5 6,2
Fonte: CEPEA, SEAB/DERAL
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MERCADO INTERNACIONAL DE FÉCULA
As transações internacionais de fécula de mandioca continuaram sendo
abastecidas com o produto da Tailândia. Do volume total transacionado, cerca de
85%de fécula tem como origem a Tailândia e o destino principal é a União Européia.
Segundo a Thai Tapioca Starch Association os melhores preços na Tailândia foram
registrados durante o ano de 2010, tendo alcançado o valor Recorde de US$ 598/t,
durante o mês de Julho- Fob Bangkok. Este preço significou um aumento de 109,6%
referente ao mesmo período de 2009.
Durante os anos seguintes 2011, 2012 e até o mês de Abril de 2013 esses
preços foram reduzidos e se estabilizaram na faixa dos US$ 400 a US$ 500/t de
fécula. Durante o ano de 2013 houve recuo na demanda chinesa, visto que outros
países asiáticos como o Vietnã e a Indonésia também passaram a ofertar, o que
contribuiu para que os preços se mantivessem estáveis em patamares mais baixos.
FIGURA 03 – VALOR DAS EXPORTAÇÕES TAILANDESAS DE FÉCULA (US$ / t)
07/12
08/12
09/12
10/12
11/12
12/12
01/13
02/13
03/13
04/13
05/13
06/13
07/13
540
520
500
480
460
440
420
400
Fonte: CEPEA, SEAB/DERAL
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O Brasil praticamente não exporta e a sua participação no mercado
internacional atinge menos de 2% do total produzido que foi de 520.000 toneladas
de fécula em 2012. As maiores dificuldades em aumentar as exportações brasileiras
residem em duas variáveis: altos custos de produção se comparados aos da
Tailândia e a oferta brasileira está praticamente ajustada à demanda do país.
Portanto, é preciso investir mais em pesquisas para baixar custos e produzir maiores
volumes para gerar excedentes e conquistar parte do mercado, que atualmente é
suprido basicamente com o produto dos países asiáticos.
TABELA 06 – FÉCULA – PRINCIPAIS ESTADOS EXPORTADORES – 2010/2013
ESTADOS 2010 2011 2012 2013
t US$ t US$ t US$ t US$
PARANÁ 2.201 2.273 2.501 2.192 3.596 3.335 2.642 2.591
SÃO PAULO 1.528 1.034 1.100 691 409 547 147 230
MATO GROSSO
DO SUL
1.323 1.164 1.455 1.334 1.431 909 1.301 892
SANTA CATARINA 741 689 463 600 1.712 1.392 667 682
OUTROS 191 242 1.243 754 115 166 40 58
BRASIL 5.984 5.402 6.762 5.571 7.262 6.309 4.797 4.453
Fonte: MDIC/SECEX/ALIC E WEB ELABORAÇÃO: SEAB/DERAL.
Responsável: Economista Methodio Groxko
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PANORAMA ESTADUAL
Após vários anos em que a maior demanda de mandioca em raiz se
destinava basicamente às indústrias de fécula, a partir do segundo semestre de
2012, boa parcela passou para as fábricas de farinha. Nos últimos anos, as
farinheiras estavam trabalhando com alta ociosidade, ou seja, funcionavam apenas
para atender a demanda tradicional dos estados do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, este quadro sofreu profunda modificação a partir do segundo semestre
de 2012 quando os estados nordestinos começaram o seu abastecimento de farinha
produzida no Paraná.
A produção de mandioca em nosso Estado se concentra basicamente nas
Regiões Norte, Oeste e Nordeste e cerca de 70% se destina ao consumo industrial.
Pela ordem a maior concentração está nos Núcleos Regionais de Paranavaí,
Umuarama, Toledo e Campo Mourão. Nestas regiões as áreas são maiores que no
restante do Estado, geralmente com maior grau tecnológico, como seleção de
manivas, adubação adequada e muitos produtores recebem assistência técnica
privada ou oficial.
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TABELA 07 – MANDIOCA – ÁREA E PRODUÇÃO NOS PRINCIPAIS NÚCLEOS REGIONAIS
NÚCLEOS REGIONAIS SAFRA 2012/2013 SAFRA 2013/2014 PART.
ÁREA (1.000
ha)
PRODUÇÃO
(1.000 t)
ÁREA
(1.000 ha)
PRODUÇÃO
(1.000 t) %
UMUARAMA 45 1.073 51 1.257 30
PARANAVAÍ 45 1.062 47 1.010 24
TOLEDO 18 600 20 566 13
CAMPO MOURÃO 13 238 14 259 6
CASCAVEL 7 210 9 249 6
MARINGÁ 7 154 12 252 6
OUTROS 28 548 27 607 15
TOTAL PARANÁ 163 3.885 180 4.200 100
Fonte: SEAB/DERAL
MÃO DE OBRA
O grande desafio da pesquisa em mandioca é a mecanização, apesar do
avanço nos últimos anos, algumas etapas da cadeia produtiva ainda continuam
dependendo do uso de mão de obra. A maior dificuldade ainda está na colheita, uma
vez que as máquinas existentes ainda continuam com dificuldades para que a força
manual possa ser substituída. Em segundo lugar está a fase do plantio, cuja prática
ainda continua em muitas regiões sendo executada manualmente.
Com a erradicação do café causada pelas geadas em 1975, a migração da
cultura do algodão para o Brasil Central e a expansão das culturas mecanizadas,
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como a soja e o milho, forçaram os trabalhadores a migrarem para as grandes
cidades ou outras regiões em busca de alternativas. Com a oferta de mão de obra
no campo escassa, e as leis trabalhistas vigentes, a contratação desses
trabalhadores fica limitada e já dificulta o plantio em alguns municípios.
Além da escassez de trabalhadores no meio rural, é também necessário frisar
que a mão de obra é o componente do custo de produção de mandioca com maior
valor, variando entre 50 e 60%. Como a cultura da mandioca utiliza o coeficiente de
0,2 homens por hectare ano, estima-se que na safra de 2012/2013, a cultura
empregou cerca de 32.600 trabalhadores na área de 163.000 ha plantados.
RENTABILIDADE ECONÔMICA
A cadeia produtiva da mandioca vem atravessando um período bastante satisfatório
durante os últimos quatro anos. O comportamento dos preços, durante este período
tem permitido uma rentabilidade econômica acima dos custos de produção.
A estabilidade nos preços da mandioca em raiz se iniciou em 2007, mas a
melhor performance foi atingida a partir de 2010 e se mantém até a presente safra.
Alguns analistas atribuíram esse comportamento à estabilidade na área de plantio, o
que permite um ajuste de oferta e demanda, o aumento do número de fecularias e a
disputa pelas terras para a soja e a cana-de-açúcar.
Durante o ano de 2013 os preços recebidos pelos produtores se mantiveram
em patamares elevados, registrando-se valores acima de R$ 350, 00/t de raiz postos
na indústria. Esses preços cobriam os custos totais de produção ao longo dos
meses, o que efetivamente passou a diferenciar o resultado econômico dos demais
produtos cultivados em nosso Estado.
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Para a mandioca de dois ciclos, com uma produtividade de 33.000 kg/ha, a
rentabilidade econômica no mês de agosto de 2013 foi de 118% sobre o custo
variável e de 75% sobre o custo total de produção. Normalmente, durante o segundo
semestre a oferta de raiz diminuiu, o que deverá provocar mais altas nos preços e
resultar em rentabilidade mais expressiva aos produtores.
PREÇOS
A estabilidade de plantio de mandioca em nosso Estado, nos últimos 4 ou 5
anos, vem contribuindo de forma decisiva também no comportamento dos preços.
Efetivamente, a oferta de mandioca às indústrias, neste período de tempo, está
relativamente ajustada à demanda, o que permite produzir fécula e farinha sem
grandes excedentes e aos preços remuneradores.
Os bons resultados na comercialização também se devem ao milho, que após
a expressiva participação nas exportações internacionais e a reação positiva no
mercado interno, tem influenciado o aquecimento dos produtos da mandioca. Outro
fator positivo para o aquecimento dos preços é a ausência dos estoques do Governo
Federal há mais de três anos. Muito embora este instrumento de política agrícola
seja de fundamental importância em momentos de excesso de produção para
enxugar o mercado e permitir a acomodação dos preços.
No mês de setembro, os produtores receberam, em média, de R$ 404,00/t de
mandioca posta na indústria, o que significa um aumento de 52% se comparado ao
mesmo período do ano passado. A farinha crua passou de R$61,00/SC de 50kg para
R$92,00/SC de 50kg, ou seja, 51% de aumento. A fécula foi comercializada em
média de R$52,00/SC de 25kg e representou um acréscimo neste ano em torno de
41%.
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Considerando-se ainda a seca que assolou os estados nordestinos e a
necessidade de abastecimento com a farinha paranaense, é muito provável que
durante os últimos meses de 2013 esses preços se mantenham em alta em todos os
segmentos da comercialização.
FIGURA 04 – EVOLUÇÃO DOS PREÇOS DA MANDIOCA EM RAIZ (R$ / t)
2008
2009
2010
2011
2012
2013
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Fonte: SEAB/DERAL
PROGNÓSTICO
Normalmente, a variável preço da safra passada definia o sucesso do
aumento ou a redução da área a ser plantada para o ano seguinte. Entretanto, dado
o avanço tecnológico no campo, seja na implantação de novas culturas e também no
processo de intensificação na mecanização, provocaram o surgimento de dois novos
fatos; a disputa de terra para outras culturas e a falta de mão-de-obra. Atualmente, a
mandioca sofre concorrência com a cana-de-açúcar e principalmente com a soja que
além de excelentes preços recebidos pelos produtores, é a cultura de retorno rápido
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e a sua exploração é toda mecanizável.
No Paraná, o plantio de mandioca já atinge um elevado grau de mecanização,
porém a principal fase da cultura que é a colheita, ainda se processa basicamente
com a utilização de mão de obra. Algumas máquinas já foram testadas, mas o que
se observa apenas o uso de um afofador, mas a complementação do processo de
colheita ainda é manual. Outro complicador é a centralização do trabalhador rural
que está cada dia mais difícil devido às exigências trabalhistas e, diante desta
situação, os trabalhadores continuam migrando para as grandes cidades em busca
de emprego.
O levantamento de campo realizado pelos técnicos do Departamento de
Economia Rural – DERAL indica um aumento de 10,4% na área de mandioca a ser
plantada na safra de 2013/14. É um aumento significativo se analisado sob o ponto
de vista da falta de terra e de escassez de mão-de-obra, porém razoável pelo
resultado econômico que a cultura proporcionou aos agricultores no ano de 2013.
A estimativa de plantio para a nova safra de 2013/14 deverá ser de 180.000
hectares com uma produção de 4,2 milhões de toneladas de mandioca em raiz.
Mesmo com a estimativa de aumento para a próxima safra, acredita-se que
os preços aquecidos possam se manter pelo menos durante o primeiro semestre de
2014. Apesar da volta das chuvas no nordeste, o mercado daqueles estados deverá
se abastecer com a farinha paranaense, até a recuperação da produção local.
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