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Livro de Horas – séc. XIV

    No final do século XIV, os estilos artísticos
     evoluiram para o gótico internacional, que
influenciou o conjunto das artes e artesanatos da
 Europa ocidental. A finalidade da pintura já não
era contar uma história sagrada da maneira mais
clara e impressionante possível, mas representar
 um fragmento da natureza da maneira mais fiel
                     possível.

Inicia-se o processo de voltar-se para a natureza,
  tema retomado com grande expressividade na
                  Renascença.
Página de um Livro de Horas -
             Anunciação

Miniatura




Iluminura
O livro de horas foi o best seller no
final da Idade Média, e seu uso era
limitado à leitura privada, alheia às
   cerimônias públicas e coletivas.
 Todos tinham seu Livro de Horas,
  muitas vezes o único da estante,
     mesmo os analfabetos, que
      decoravam suas orações.
As Riquíssimas Horas do Duque
           de Berry

O mais conhecido e o mais belo entre os Livros de
 Horas, foi executado, por encomenda do duque,
  pelos irmãos Limbourg. O duque e os artistas,
porém, morreram antes do término da obra, cujas
   miniaturas exibem, num colorido luminoso,
  admiráveis representações da vida cotidiana.
Os Iluminadores

Desde o século XII, começaram a instalar-se nas
  principais cidades européias vários ateliês de
iluminura, formados por profissionais que foram
arrebatando as comunidades religiosas a edição
de manuscritos, pondo fim ao secular monopólio
                  dos mosteiros.
A s Riquíssimas Horas foram
   pintadas pelos três irmãos
 Limbourg — Paul, Hermann e
    Jean, artistas flamengos
contratados pelo duque de Berry
       por volta de 1405.
O s Limbourg utilizaram uma grande variedade de
    cores obtidas através de minerais, plantas ou
produtos químicos, misturados com goma arábica
   para ligar a tinta. Entre as cores incomuns que
utilizaram estão o verde íris, obtido esmagando-se
    flores e massicote (óxido de chumbo), o azul
ultramarino, feito de lápis-lazúli orientais triturados.
    Esta cor era usada para representar os azuis
     brilhantes. Era, evidentemente, de um valor
                       inestimável!
       O s detalhes extremamente precisos são
 característicos do estilo dos Limbourg, que exigia
              lupas e pincéis finíssimos.
O s quadros seguintes fazem parte
 do Calendário das Riquíssimas
Horas. Pintado entre 1412 e 1416,
  constitui a mais bela parte do
manuscrito e, certamente, um dos
   grandes tesouros da França.
Janeiro
O mês dos presentes de Ano Novo.
Em certas famílias, não celebrava-
 se o Natal — dava-se a cada ano
 um presente, chamado étrennes.
     Esta palavra remonta a um
costume romano segundo o qual o
 patrão oferecia um subsídio anual
  a seus clientes. (do latim strena,
  em português resultou estréia.)
Fevereiro
    O inverno numa aldeia de
camponeses. Vemos os habitantes
   se aquecendo junto ao fogo,
enquanto no segundo plano a vida
  cotidiana — corte da madeira,
  conduzir os animais à feira —
         segue seu curso.
Março

 Primeiros trabalhos agrícolas do
ano, semeadura, lavra e outros. O
castelo que se avista ao fundo é o
de Lusignan, um dos preferidos do
              duque.
Abril

    A chegada da primavera, da
esperança e da vida — a relva está
  verde e o jovem casal de noivos
 troca os anéis em primeiro plano,
 acompanhados de seus familiares
e amigos. O castelo, outro domínio
    do duque, é o de Dourdan.
Maio

  A festa do bonito mês de maio,
durante a qual as pessoas deviam
vestir-se de verde, com a libré de
 maio. Os cavaleiros e amazonas
   são jovens nobres, entre eles
 avistamos príncipes e princesas.
Ao fundo, um castelo que julga-se
ser o Palais de la Cité, em Paris.
Junho

     Estação da colheita — os
camponeses ceifam os prados em
harmonia. Atrás, o Palais de la Cité
 e a Sainte-Chapelle. Esta, situada
  à direita, ainda está intacta nos
             dias de hoje.
Julho

Ainda a colheita: tosam-se ovelhas
e colhe-se o feno. O castelo que se
 avista ao fundo é o que se erguia
 outrora às margens do Clain, em
              Poitiers.
Agosto

    Mês da falcoaria; os nobres,
  levando os falcões, vão à caça,
enquanto que no segundo plano os
 camponeses acabam a colheita e
 nadam. Atrás deles, o castelo de
            Etampes.
Setembro

  Considerada a mais famosa
   iluminura dos Limbourg. Os
 camponeses fazem a vindima.
  Levam as uvas ao castelo de
Saumur, magnificamente pintados
      com inúmeros detalhes.
Outubro

Os aldeões se ocupam em lavrar e
semear a terra à sombra do Louvre
 — o palácio real de Charles V em
               Paris.
Novembro

    Trata-se da colheita da bolota do
  carvalho no outono. Um camponês
  derruba com uma vara as bolotas e
frutos da faia, com que seus porcos se
               alimentam.
  Este quadro foi concluído por Jean
  Colombe, após a morte dos irmãos
   Limbourg, que pintaram apenas o
  tímpano zodiacal na parte superior.
Dezembro

 Na floresta de Vincennes, famosa
por sua caça, um javali acossado é
 decepado pelos cães. Ao fundo, o
  castelo de Vincennes, por muito
tempo residência do rei da França.
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  • 1. Livro de Horas – séc. XIV No final do século XIV, os estilos artísticos evoluiram para o gótico internacional, que influenciou o conjunto das artes e artesanatos da Europa ocidental. A finalidade da pintura já não era contar uma história sagrada da maneira mais clara e impressionante possível, mas representar um fragmento da natureza da maneira mais fiel possível. Inicia-se o processo de voltar-se para a natureza, tema retomado com grande expressividade na Renascença.
  • 2. Página de um Livro de Horas - Anunciação Miniatura Iluminura
  • 3. O livro de horas foi o best seller no final da Idade Média, e seu uso era limitado à leitura privada, alheia às cerimônias públicas e coletivas. Todos tinham seu Livro de Horas, muitas vezes o único da estante, mesmo os analfabetos, que decoravam suas orações.
  • 4. As Riquíssimas Horas do Duque de Berry O mais conhecido e o mais belo entre os Livros de Horas, foi executado, por encomenda do duque, pelos irmãos Limbourg. O duque e os artistas, porém, morreram antes do término da obra, cujas miniaturas exibem, num colorido luminoso, admiráveis representações da vida cotidiana.
  • 5. Os Iluminadores Desde o século XII, começaram a instalar-se nas principais cidades européias vários ateliês de iluminura, formados por profissionais que foram arrebatando as comunidades religiosas a edição de manuscritos, pondo fim ao secular monopólio dos mosteiros.
  • 6. A s Riquíssimas Horas foram pintadas pelos três irmãos Limbourg — Paul, Hermann e Jean, artistas flamengos contratados pelo duque de Berry por volta de 1405.
  • 7. O s Limbourg utilizaram uma grande variedade de cores obtidas através de minerais, plantas ou produtos químicos, misturados com goma arábica para ligar a tinta. Entre as cores incomuns que utilizaram estão o verde íris, obtido esmagando-se flores e massicote (óxido de chumbo), o azul ultramarino, feito de lápis-lazúli orientais triturados. Esta cor era usada para representar os azuis brilhantes. Era, evidentemente, de um valor inestimável! O s detalhes extremamente precisos são característicos do estilo dos Limbourg, que exigia lupas e pincéis finíssimos.
  • 8. O s quadros seguintes fazem parte do Calendário das Riquíssimas Horas. Pintado entre 1412 e 1416, constitui a mais bela parte do manuscrito e, certamente, um dos grandes tesouros da França.
  • 9. Janeiro O mês dos presentes de Ano Novo. Em certas famílias, não celebrava- se o Natal — dava-se a cada ano um presente, chamado étrennes. Esta palavra remonta a um costume romano segundo o qual o patrão oferecia um subsídio anual a seus clientes. (do latim strena, em português resultou estréia.)
  • 10.
  • 11. Fevereiro O inverno numa aldeia de camponeses. Vemos os habitantes se aquecendo junto ao fogo, enquanto no segundo plano a vida cotidiana — corte da madeira, conduzir os animais à feira — segue seu curso.
  • 12.
  • 13. Março Primeiros trabalhos agrícolas do ano, semeadura, lavra e outros. O castelo que se avista ao fundo é o de Lusignan, um dos preferidos do duque.
  • 14.
  • 15. Abril A chegada da primavera, da esperança e da vida — a relva está verde e o jovem casal de noivos troca os anéis em primeiro plano, acompanhados de seus familiares e amigos. O castelo, outro domínio do duque, é o de Dourdan.
  • 16.
  • 17. Maio A festa do bonito mês de maio, durante a qual as pessoas deviam vestir-se de verde, com a libré de maio. Os cavaleiros e amazonas são jovens nobres, entre eles avistamos príncipes e princesas. Ao fundo, um castelo que julga-se ser o Palais de la Cité, em Paris.
  • 18.
  • 19. Junho Estação da colheita — os camponeses ceifam os prados em harmonia. Atrás, o Palais de la Cité e a Sainte-Chapelle. Esta, situada à direita, ainda está intacta nos dias de hoje.
  • 20.
  • 21. Julho Ainda a colheita: tosam-se ovelhas e colhe-se o feno. O castelo que se avista ao fundo é o que se erguia outrora às margens do Clain, em Poitiers.
  • 22.
  • 23. Agosto Mês da falcoaria; os nobres, levando os falcões, vão à caça, enquanto que no segundo plano os camponeses acabam a colheita e nadam. Atrás deles, o castelo de Etampes.
  • 24.
  • 25. Setembro Considerada a mais famosa iluminura dos Limbourg. Os camponeses fazem a vindima. Levam as uvas ao castelo de Saumur, magnificamente pintados com inúmeros detalhes.
  • 26.
  • 27. Outubro Os aldeões se ocupam em lavrar e semear a terra à sombra do Louvre — o palácio real de Charles V em Paris.
  • 28.
  • 29. Novembro Trata-se da colheita da bolota do carvalho no outono. Um camponês derruba com uma vara as bolotas e frutos da faia, com que seus porcos se alimentam. Este quadro foi concluído por Jean Colombe, após a morte dos irmãos Limbourg, que pintaram apenas o tímpano zodiacal na parte superior.
  • 30.
  • 31. Dezembro Na floresta de Vincennes, famosa por sua caça, um javali acossado é decepado pelos cães. Ao fundo, o castelo de Vincennes, por muito tempo residência do rei da França.