A lição discute a guarda do sábado para Israel e do domingo para a Igreja. Explica que o sábado era um mandamento dado somente a Israel como sinal da aliança, enquanto a Igreja primitiva adorava no domingo por causa da ressurreição de Cristo. Os crentes não precisam guardar o sábado porque não estão sob a Lei, mas sob a graça de Cristo.
1. Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais
Pastor Presidente: Aílton José Alves
Av. Cruz Cabugá, 29 – Santo Amaro – CEP. 50040 – 000 Fone: 3084.1524
LIÇÃO 11 – O DIA DE ADORAÇÃO E SERVIÇO A DEUS
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos sobre o real significado da guarda do sábado (Hb. Shãbat – descanso cf. Gn 2.2)
para Israel e da guarda do domingo para Igreja. Depois de tantos séculos de ensino bíblico e teológico acerca do
cumprimento da Lei do Senhor, ainda há muitos que misturam as práticas do AT com os ensinamentos de Jesus nos
Evangelhos no que diz respeito às práticas cerimoniais da antiga aliança. Nesta ocasião, desejamos aproveitar o relato
bíblico de Neemias quanto ao seu zelo pela guarda do sábado, com o objetivo de contribuir para o esclarecimento sobre
o posicionamento do crente acerca do cumprimento dos preceitos legais do AT.
I – A GUARDA DO SÁBADO FOI ORDENADA PELO SENHOR SÓ PARA ISRAEL
“Neemias era um fiel cumpridor da lei de Deus[...] Como judeu verdadeiro, sabia o que significava desrespeitar
os mandamentos e os juízos estabelecidos por Deus. Cumprir a lei não era opcional, era questão sagrada”
(RENOVATO, 2011, p. 133). A guarda do sábado era um ritual que se repetia a cada final de semana e seu
descumprimento equivalia atrair maldição sobre toda a nação. “Deus ordenou a guarda do sábado como um sinal de sua
aliança e do seu relacionamento com Israel. Êx 31.12-17” (WYCLIFE apud RENOVATO, 2011, p.79). Deus havia
ordenado na lei de Moisés, que os israelitas guardassem o dia de sábado. O propósito era que o povo tivesse um dia de
descanso, a fim de adorar ao Senhor, e não como alguns entendem hoje como sendo um pré-requisito para salvação.
Vejamos algumas informações sobre a guarda do sábado:
• O sábado representava o selo da aliança mosaica (Êx 20.10; Êx 23.12; 31.15; Dt 5.15; Is 56.4-6);
• O sábado foi separado como santo (Êx 16.23-29; 20.10-11; 31.17);
• Era expressamente proibido trabalhar no sábado (Êx 35.3; Nm 15.32);
• Era um sinal entre Deus e seu povo “Israel” (Êx 31.13; Lv 26.14-16; Ez 20.12,20);
• Na teologia hebraica, esse dia sagrado comemorava a criação original e a redenção de Israel do Egito (Dt 5.5);
• Era associado a festas solenes, especialmente aquelas em dia de lua cheia (Am 8.5; Os 2.13; Is 1.13);
• Era um sinal de lealdade entre Israel e Yahweh (Is 56.2; Ez 20.12,21);
• Era um dia de deleites e felicidades, não um dia de obrigações infelizes (Nm 10.10; Is 58.13; Os 2.11);
• Quem profanasse o dia de sábado morreria (Êx 31.14-15; Nm15.32-36; Jr 17.19-27);
• Era para beneficiar aos pobres e escravos (Êx 23.12; 20.10; Dt 5.14-15).
II – O QUE PODEMOS APRENDER COM A GUARDA DO SÁBADO?
“Assim como o sábado recorda o fato de os israelitas terem sidos libertados do Egito, de igual forma, torna-se
um agente libertador, pondo em liberdade aqueles que na sociedade sofrem algum tipo de jugo” (HARRIS, 1998, p.
1522). “O descanso oferecia a oportunidade de engajamento em louvor, estudo e especialmente, a leitura das
Escrituras[...] O dia era comemorado, provavelmente, como um dia de louvor, adoração e oração Lv 23.1-3” (CHAMPLIN,
2004, pp. 2-3). Vejamos o que podemos aprender com o “shabbatôn”:
• Em primeiro lugar, aprendemos que precisamos de “um dia sabático”, ou seja, um dia para o descanso e
adoração ao Senhor (Êx 20.8; Is 56.4-6);
• Em segundo lugar, o sábado é uma estipulação social ou humanitária que concede um dia de descanso
àqueles que trabalham sob as ordens de alguém (Êx 23.12; 20.10; Dt 5.14-15);
• Em terceiro lugar, o sábado é um sinal da aliança e, desse modo, se projeta no futuro;
• Em quarto lugar, enquanto para Israel isso demostra sua lealdade ao Senhor e assegura sua presença salvífica
no seu meio, para o crente, essas promessas se cumprem numa pessoa, Cristo. Por meio dele entramos no
próprio descanso de Deus (Hb 4.1-11);
• Em quinto lugar, o que se deve guardar é a essência do sábado: o descanso em um dia da semana em
gratidão a Deus pela criação, pela vida, pelo trabalho, enfim, por tudo;
• Em sexto lugar, Jesus nos ensinou que, o homem não havia sido feito para o sábado, mas, sim, o sábado havia
sido feito para o homem (Mc 2.27; Mt 12. 1-4; 12.5; 12.8; Jo 5.1-18; 9.1-41; 9.40-41).
III – A IGREJA PRIMITIVA E A ADORAÇÃO NO DOMINGO
“Na questão do dia de descanso semanal, o que se deve ser observado é a sétima parte do tempo e não o dia.
Como a lei de Moisés foi “ultrapassada” “passada além”, pela lei de Cristo, a guarda dos mandamentos de modo
literal tornou-se legalismo sem amor. Converteu-se em radicalismo teológico ou em sectarismo perigoso” (RENOVATO,
2011, p.137 – Grifo nosso). Vejamos alguns motivos pelos quais a Igreja Ocidental observa o domingo:
• Cristo ressuscitou num domingo (Mt 28.1; Mc 16.9);
• Jesus apareceu 5 vezes num domingo e outra vez no domingo seguinte (Lc 24.13; 33-36; Jo 20.13-19,26);
• O Espírito Santo foi derramado no domingo, ou seja, no dia de Pentecostes (At 2.1-4);
• Cristo se revelou ao apóstolo João na ilha de Patmos num domingo (Ap 1.10);
2. • A Santa Ceia, as pregações e as ofertas eram observadas no domingo (1Co 16.1,2; At 20.7);
• Não estamos debaixo do Antigo Concerto (Hb 8.6-13). O sábado foi abolido (Os 2.11; Cl 2.14-17);
• O Didache (150 d.C), uma espécie de manual de ética e doutrina do cristianismo inicial, fala sobre o domingo
como o dia no qual os cristãos se reuniam para o louvor e a adoração. O mesmo é mostrado nos escritos dos
historiadores do segundo século, Hipólito (160 d.C) e Clemente de Alexandria (200 d.C);
• No NT (Cl. 2.16; Hb. 4.4), o sábado não é apresentado nem promovido como um dia que devesse ser celebrado,
mas como um dia típico como todos os outros que Cristo dá àqueles que Nele acreditam.
IV – POR QUE OS CRENTES NÃO GUARDAM O SÁBADO?
O sábado judaico não é obrigatório para os crentes, pois já não estamos sob o jugo da LEI (Rm 6.14; 7.14; 8.1-
5). Já não dependemos da LEI do AT para sermos salvos e aceitos diante de Deus (Gl 3.23-25; 4.4-5). fomos
transferidos da antiga aliança e unidos a Cristo para a salvação (Jo 3.16). Devemos crer em Jesus (1Jo 5.13), receber o
seu Espírito e a sua graça e, assim receber o perdão, a regeneração e capacitação para produzir fruto para Deus (Rm
6.22-23; 8.3-4; Mt 5.17; Ef 2.10; Gl 5.22-23; Cl 5.6). “O acúmulo de regras ao sábado era sufocante na época de
Jesus...” (CHAMPLIN, 2004, p.2). Donald C. Stamps comentando Mt 5.17 nos diz o seguinte:
• A Lei que o crente é obrigado a cumprir consiste nos princípios éticos e morais do AT (Mt 7.12; 22.36-40; Rm
3.31; Gl 5.14), bem como os ensinamentos dos apóstolos (Mt 28.20 1Co 7.19; Gl 6.2);
• A guarda do sábado é um concerto entre Deus e Israel, somente. (Rm 1.18-21; 2.12-16);
• A celebração do sábado é uma forma de legalismo que Paulo refutou, pois os crentes não estão sob a LEI (Rm
6.14; Gl 3.10-23);
• O simples fato de que o sábado era um sinal do Pacto Mosaico mostra que ele não pertence ao Novo Pacto;
• As leis do AT destinadas diretamente a nação de Israel, tais como as leis sacrificiais, cerimoniais, sociais ou
cívicas (Lv 1.2-3; 24.10), já não são obrigatórias (Col 2.16-17/ Hb 10.1-4);
• O crente não deve considerar a Lei como sistema de mandamentos legais através do qual se pode obter mérito
para o perdão e a salvação (Gl 2.16,19). Pelo contrário, a lei deve ser vista como um código moral para aqueles
que já estão em um relacionamento salvífico com Deus e que, por meio de sua obediência à lei, expressam a
vida de Cristo dentro de si mesmo ( Rm 6.15-22);
• A fé em Cristo é o ponto da partida para o cumprimento da lei. Mediante a fé Nele, Deus torna-se nosso Pai (Jo
1.12). Por isso, a obediência que prestamos como crentes não provém somente do nosso relacionamento com
Deus como legislador soberano, mas também do relacionamento de filhos para com o Pai (Gl 4.6);
• Os crentes, tendo sido libertos do poder do pecado, e sendo agora servos de Deus (Rm 6.18-22), seguem o
princípio da fé, pois estão “debaixo da lei de Cristo” (1Co 9.21). Ao fazermos assim, cumprimos “a lei de Cristo”
(Gl 6.2) e em nós mesmos somos fiéis à exigência da lei (Rm 7.4; 8.4; Gl 3.19; 5.16-25).
V – EXPLICANDO A QUESTÃO DO SÁBADO NO LIVRO DE NEEMIAS
Deus havia ordenado na Lei de Moisés, que os israelitas guardassem o dia de sábado. O propósito era que o
povo tivesse uma dia de descanso, a fim de adorar ao Senhor. Todavia, por diversas vezes, eles não cumpriram esta
ordenança divina (Lv 25.4-5; 26.34-35,43; Jr 25.9,11-12; 26.6-7; 29.10; Dn 9.2). No tempo de Neemias não foi diferente,
bastou o servo de Deus se ausentar por um tempo para que o povo voltasse a não observar a guarda do dia de sábado.
CONCLUSÃO
O ensinamento de Paulo era que, para o cristão, não há dias especiais (Cl 2.16). Por outro lado, um cristão tem
a liberdade de “tornar” um dia sagrado se fizer isso “para o Senhor” a fim de promover sua espiritualidade (Rm 14.1-6).
Lembrando que, este “dia sagrado” não se constitui um pré-requisito para sua salvação, visto que, sua salvação é pela
graça e não pelas obras da LEI (Ef. 2.8-9).
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia de Estudo Pentecostal. São Paulo: CPAD, 1995.
CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia, teologia e filosofia. v. 6. São Paulo: Hagnos, 2004.
LOPES, Hernandes Dias. Avivamento urgente. Vitória: Vida, 1994.
______, Hernandes Dias. Neemias o líder que restaurou uma nação. São Paulo: Hagnos, 2006.
FRESTON, Paul. Neemias: um profissional a serviço do reino. São Paulo: ABU, 2003.
PACKER, J. I. Neemias paixão pela fidelidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.
RENOVATO, Elinaldo. Neemias integridade e coragem em tempos de crise. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.