Introdução à técnica de Desenhos Roteirizados

Curso:
Como elaborar Desenhos Roteirizados
para pessoas com TEA
Aula 1:
Introdução à técnica de Desenhos Roteirizados
Material produzido pela equipe da Olhar Cidadão em março de 2016.

Como elaborar Desenhos Roteirizados para pessoas com TEA
Aula 1: Introdução à técnica de Desenhos Roteirizados 2
Autismo Projeto Integrar, mar. 2016
Este projeto foi realizado com recursos do Programa Vai Tec – 1ª edição / 2014.

Introdução
Como você deve ter observado no depoimento da vídeo-aula 1,
a técnica de Desenhos Roteirizados NÃO é um tratamento para
pessoas com transtorno do espectro autista (TEA), mas uma
ferramenta de apoio visual para o aprendizado de tarefas de
atividades da vida diária, também conhecidas pela sigla “AVDs”,
tais como cuidados de higiene pessoal, tarefas domésticas e de
autonomia social (ir ao mercado, pegar um ônibus, ir ao cinema
ou ao hospital etc.).
Em outras palavras: o uso de Desenhos Roteirizados NÃO
substitui tratamentos e intervenções clínicas, que devem ser
desenvolvidas por profissionais da área de saúde capacitados
para lidar com esse tipo de transtorno.

No vídeo, a Adriana conta que descobriu que seu filho poderia
apresentar um tipo de Transtorno do Espectro Autista a partir da
leitura de uma lista com a descrição de sinais e sintomas
frequentes. Confira algumas referências:
 AMA Blumenau (Associação dos Pais e Amigos do Autista de
Blumenau). Principais características do autismo. Vídeo com 3m57
de duração, 04 dez. 2013. Disponível em: https://goo.gl/Pzdmdz
 AUTISMO e Realidade. Sinais de alerta. Site da organização, sem data.
Disponível em: http://goo.gl/BofDPa
 CAMARGOS Jr., Walter. É possível identificar o Autismo Infantil antes
dos 2 anos de idade. Revista Autismo, 16 set. 2010. Disponível em:
http://goo.gl/ffSxVO
 TELES, Leandro (neurologista). Meu filho é autista? Saiba identificar
sintomas de autismo. Blog do autor, 08 jan. 2015. Disponível em:
http://goo.gl/TRSqSE

Definição
“O Transtorno do Espectro Autista pode ser definido como um
conjunto de condições comportamentais caracterizadas por
prejuízos no desenvolvimento de habilidades sociais, da
comunicação e da cognição da criança.”
Dr. Gustavo Teixeira
TEIXEIRA, Gustavo. Manual do Autismo. 1ª edição.
Rio de Janeiro: Ed. Best Seller, 2016.

Após essa primeira identificação, Adriana e Neimer, seu marido,
levaram cerca de __ anos para obter o diagnóstico definitivo e
mais 2 anos para acessar terapia pelo SUS. Nessa caminhada, em
nenhum momento dispensaram o apoio de profissionais
especializados.
Contudo, além desses tratamentos, como tantas outras famílias,
buscaram incessantemente referências e oportunidades que
pudessem apoiar o desenvolvimento de seu filho. Ao longo do
tempo, perceberam que os tratamentos ou intervenções com
uso de recursos visuais, como imagens e figuras, foram
estratégias que trouxeram bons resultados.
Destacaremos a seguir 3 dessas abordagens cujas estruturas de
organização visual subsidiaram o desenvolvimento da técnica de
Desenhos Roteirizadas: o TEACCH, o PECS e as Histórias Sociais.

Sobre o TEACCH (1)
TEACCH é uma sigla em inglês que significa “Tratamento e
educação para crianças com autismo e com distúrbios correlatos
da comunicação”.
Foi desenvolvida nos anos 1960, nos Estados Unidos, sendo
atualmente utilizada em diversos países do mundo.
Seu principal objetivo é o desenvolvimento da autonomia da
pessoa com TEA, por meio de estratégias educativas
denominadas de “ensino estruturado”.

Sobre o TEACCH (2)
Segundo Ana Maria Mello, dentre outros aspectos, essa
abordagem educativa
“... baseia na organização do ambiente físico através de rotinas -
organizadas em quadros, painéis ou agendas - e sistemas de
trabalho, de forma a adaptar o ambiente para tornar mais fácil
para a criança compreendê-lo, assim como compreender o que
se espera dela”.
MELLO, Ana Maria R. S de. Autismo: guia prático. São Paulo: AMA
Associação Amigos do Autista, 7ª edição, 2007, p.36. Disponível em:
http://goo.gl/gO7M6p
Exemplo de ambiente de aprendizagem
estruturado conforme a o método de intervenção
do TEACCH.

Sobre o TEACCH (3)
Segundo o manual da organização Autism Speaks, na abordagem
do TEACCH
“... o ambiente é organizado com recursos visuais, de tal modo
que a criança possa antecipar e entender as atividades diárias,
mais facilmente, dando as respostas adequadas. Além disso, os
recursos visuais ajudam na compreensão das tarefas individuais”.
Autism Speaks. Um kit com informações críticas necessárias para os
primeiros 100 dias após o diagnóstico de autismo. Autism Speaks, 2010.
Tradução: Autismo e Realidade, p.51. Disponível em: http://goo.gl/8A1c2uExemplo de recurso visual utilizado na
proposta de intervenção do TEACCH

Sobre o TEACCH (4)
Segundo o site Universo Autista, o TEACCH baseia-se no fato de
crianças autistas serem frequentemente aprendizes visuais, daí a
importância das diversas áreas do ambiente físico de atividades
estarem claramente identificadas com figuras e instruções.
“Acredita-se que um ambiente estruturado para uma criança
autista, crie uma forte base para o aprendizado. Embora o
TEACCH não foque especificamente nas habilidades sociais e
comunicativas tanto quanto outras terapias, ele pode ser usado
junto com essas terapias para torná-las mais efetivas”.
Universo Autista. Método Teacch: propósito. Site da organização, 09 ago.
2015. Disponível em: http://goo.gl/p6phlq
Exemplo de recurso visual utilizado na
proposta de intervenção do TEACCH

Sobre o PECS (1)
PECS é uma sigla inglês que significa “Sistema de comunicação
através da troca de figuras”.
Essa abordagem foi proposta nos anos 1980, especificamente
para o desenvolvimento de habilidades de comunicação de
pessoas com TEA e outros transtornos.
Tem sido bem-sucedida com indivíduos de todas as idades com
graus de comunicação, dificuldades cognitivas e físicas variadas.
Alguns alunos usando PECS chegam a desenvolver a fala.

Sobre o PECS (2)
O protocolo de ensino do PECS é baseado no livro
“Comportamento Verbal”, do psicólogo behaviorista norte-
americano Burrhus Frederic Skinner.
A ideia é trabalhar operantes verbais funcionais por meio de
dicas e estratégias de reforço, buscando desenvolver na pessoa
com TEA a capacidade de se comunicar de forma independente.
O sistema compreende uma sequência de 6 passos ou fases.
proposta de intervenção do PECS.

Sobre o PECS (3)
Segundo a PECS-Brazil, o sistema começa ensinando à pessoa a
trocar a figura de um item desejado pelo próprio item com um
"parceiro de comunicação".
A seguir, o sistema ensina a pessoa a discriminação de figuras e
como juntá-las formando sentenças.
Nas fases mais avançadas, ela aprende a responder perguntas e
a fazer comentários.
PECS-Brazil.com O que é o PECS? Site da empresa Pyramid Consultoria
Educacional, sem data. Disponível em: http://goo.gl/v47oDG
proposta de intervenção do PECS.

Sobre As Histórias Sociais (1)
A abordagem denominada “História Social” foi elaborada no
final dos anos 1990 pela psicóloga norte-americana Carol Gray.
É a principal referência para a nossa técnica de Desenhos
Roteirizados e por isso iremos estuda-la em mais profundidade
na aula seguinte.
Consiste em uma história seriada, semelhante a uma história em
quadrinhos, composta por gravuras e mensagens simples, com a
descrição de uma situação, habilidade ou conceito relacionado à
vida social da pessoa com TEA.

Sobre As Histórias Sociais (2)
Histórias sociais podem ajudar a criança com TEA a se preparar
para as mudanças na rotina ou a aprender as interações sociais
adequadas para situações com as quais se depara.
Segundo Gray, o objetivo é compartilhar informações sociais
específicas de forma “paciente, reconfortante e facilmente
compreensível”.
A intenção não é mudar o comportamento do indivíduo, mas
ajudá-lo a entender o que se espera dele nas situações
determinadas, levando a respostas de interação mais eficazes.
Eu gosto de brincar
com outras crianças.
Eu posso perguntar a
elas: “Vocês querem
brincar comigo?”
Se elas disserem
“Sim”, eu posso
brincar com elas e
me divertir.
Se elas disserem
“Não”, tudo bem.
Eu posso procurar
outras crianças ou
brincar sozinho.
Exemplo de História Social. Fonte:
http://goo.gl/rDDPVr

Sobre As Histórias
Sociais (3)
Tradução:
 Passo 1: Mamãe ou Papai colocam água na
a banheira.
 Passo 2: Tirar a roupa. Mamãe ou Papai
podem ajudar.
 Passo 3: Mamãe ou Papai me ajudam a
entrar na banheira, com segurança.
 Passo 4: Se lavar. Mamãe ou Papai podem
ajudar.
 Passo 5: Algumas vezes, brincar na banheira
é legal.
 Passo 6: Mamãe ou Papai me ajudam a sair
da banheira
Exemplo de História Social elaborada por Carol Grey.
Fonte: GRAY, Carol; WHITE, Abbie Leigh. My Social Stories Book. Kindle Edition, 2002.

Conclusão (1)
Essas foram algumas referências sobre o tema abordado na
vídeo-aula 1.
Como você pôde perceber, o desafio maior é auxiliar a pessoa
com TEA a desenvolver a autonomia, melhorando sua
adaptabilidade e qualidade de vida, bem como a qualidade de
vida de seus familiares.

Conclusão (2)
Segundo o Ministério da Saúde
“O tratamento da pessoa com TEA deve oferecer recursos e
alternativas para que se ampliem seus laços sociais, suas
possibilidades de circulação e seus modos de estar na vida. Deve
ampliar suas formas de se expressar e se comunicar, favorecendo
sua inserção em contextos diversos”.
Brasil. Ministério da Saúde. Linha de cuidado para a atenção às pessoas
com TEA e suas famílias na Rede de Atenção Psicossocial do SUS. Brasília:
Ministério da Saúde, 2015. Disponível em: http://goo.gl/MKCFwU
Para alcançar esses objetivos, as abordagens que fazem uso de
recursos visuais têm se mostrado bastante apropriadas.

Conclusão (3)
Estamos quase chegando ao final da Aula 1: Introdução à
técnica de Desenhos Roteirizados.
Para fazer o download dos desenhos “Cortando o cabelo”, e
“Vamos ao Banheiro (Menina)”, criados por Adriana Godoy e
Neimer Gianvechio, e utilizados nesta aula, clique nas imagens
da página seguinte.
O próximo passo é participar da seção “Debate” e depois
responder aos testes da seção “Quiz”.
Vamos lá?

Desenhos Roteirizados utilizados nesta aula

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