SlideShare uma empresa Scribd logo
Uma leitura de
A inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho,
de Mário de Carvalho
Numa carta que Mário de Carvalho escreveu aos alunos de
uma escola secundária de Vila Nova de Gaia, que o questionaram
precisamente sobre a génese da obra, disse :
“O que me levou a escrever a Inaudita…e por que razão misturei épocas
distintas: foi a consciência de que Portugal é um país muito antigo, muito
miscigenado, percorrido por muitas culturas e civilizações, de modo que cada
um de nós é mais do que ele próprio, porque tem atrás de si uma grande
espessura de História.
Nós somos mais do que nós, nós somos uma nação muito antiga. E,
antes de sermos nação, isto tinha um caldeamento muito grande de povos e
civilizações. Por detrás de nós, há toda uma estrutura histórica. Quando eu
escrevo A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, quando os mouros
aparecem aí num engarrafamento em Lisboa, é isso que eu quero dizer:
atenção, nós somos uns e somos outros. Ou seja, temos cá uma civilização
árabe também.”
Informações fornecidas pelo título:
“A inaudita Qualificação do nome In- + audita
Guerra principal acontecimento conto (ação)
da Avenida local ocorre o acontecimento(espaço físico)
Gago Coutinho Geógrafo, marinheiro, matemático e inventor.
Almirante português, pioneiro da aviação (Lisboa 1869-1959). Geógrafo
de campo, tentou adaptar à aeronavegaçãos processos e instrumentos
da navegação marítima, tendo criado, em 1919, o famoso sextante que
ostenta o seu nome.
Gago Coutinho
Inaudita = in- + audita
In- =prefixo de negação de origem latina.
Audita = particípio passado, com função adjetival, do
verbo latino audire que significa “ouvir”.
Inaudita = palavra derivada por prefixação.
“não ouvida, nunca ouvida”
incrível
espantosa
insólito
de que não há exemplo ou memória
O Conto
1. O narrador explica e justifica a génese da história que se propõe
contar.
2. O narrador recorre à Antiguidade Clássica para certificar a
justificação que dá (Homero, Clio).
3. o grande Homero às vezes dormitava: até os grandes sábios
cometem deslizes. Esta fragilidade não é específica apenas do
mundo humano, ela é alargada ao mundo mítico/divino: os
deuses (Clio) também são dados a fraquezas. Note-se já aqui a
evidente tendência temática do cruzamento de mundos
diferentes: o humano e o divino.
4. Clio, a musa da História, é a chave para o desenrolar dos
fios da meada narrativa.
Clio é a musa da história e da criatividade, aquela que
divulga e celebra as realizações. Preside a eloquência,
sendo a fiadora das relações políticas entre homens e
nações.
Ação do conto
1. Génese da ação – Clio adormeceu e enleou os fios da
trama da História, misturando as datas de 4 de Junho de
1148 e 29 de Setembro de 1984.
2. Núcleo da narrativa – situa-se num confronto (guerra)
entre duas hostes que pertencem a dois tempos
diferentes.
3. A ação é encadeada, as sequências narrativas sucedem-
se numa relação de causa/efeito.
4. 1º Momento – Confronto de dois tempos no
mesmo espaço:
. Os automobilistas apanham um grande susto e
saem dos carros.
. Os árabes assustam-se, não percebendo o que se
estava a passar.
4. 2º Momento – Intervenção das forças
militarizadas:
. Incidente que provoca o início da guerra –
Manuel da Silva Lopes atirou uma pedra que foi
bater no broquel de Mamude Beshewer.
. Rendição – trapo branco – improviso à
portuguesa.
4. 3º Momento – Resolução do problema:
. Clio desperta e devolve todos ao seu tempo histórico,
borrifando-os, em seguida, com água do rio Letes, o rio do
esquecimento.
Assim, do mesmo modo inexplicável como haviam surgido
os árabes na Avenida Gago Coutinho na manhã de 29 de
Setembro de 1984, assim desapareceram
misteriosamente.
E não podendo Clio apagar totalmente os vestígios dos
acontecimentos decorridos, pôde, pelo menos, toldar a
memória dos homens com borrifos de água do rio Letes.
Consequências:
. Ibn-el-Muftar desistiu de atacar Lixbuna, por
considerar todas aquelas aparições de mau agoiro;
. Os polícias e militares do séc. XX viram-se obrigados
a explicar, em processo marcial o que se encontravam
a fazer naquelas zonas à frente de destacamentos
armados, ensarilhando o trânsito e gerando a
confusão e o pânico.
5. Supremacia da força árabe:
. Os árabes estão assustados, mas dignos,
procurando cumprir a sua função de atacantes, ao
contrário do corpo policial lisboeta, que bate em
retirada e se refugia na cervejaria Munique.
Esquema síntese:
1º momento
Clio adormece…
mistura os fios do tempo
enlaça 2 épocas diferentes
4/6/1148 29/9/1984
1 espaço
Lisboa: Av. Gago Coutinho
Lisboa: Av. Gago Coutinho
Ação
Encontro de 2 grupos antagónicos
Exército árabe automobilistas
de Ibn-el-Muftar Polícia de Intervenção
Tropa do Ralis e da
Escola Prática de
Administração
CONFRONTO
2 épocas 1148 – Lisboa do séc.XII
2 espaços 1984 – Lisboa do séc.XX
2º momento
Clio acorda…
o engano é desfeito
Consequências
O exército árabe volta à A Polícia de Intervenção
sua época, aproveitando fica sem objetivo de
o regresso “com grande combate; não recorda
vantagem de troféus e uma justificação aceitável
espólios”. para dar aos seus superiores
Clio é castigada:
a ambrósia é-lhe interdita
durante 400 anos!
Tempo
Mistura (amálgama) de dois tempos diferentes –
4 de Junho de 1148 e 29 de Setembro de 1984.
Tempo cronológico/Tempo histórico
Manipulação livre do tempo da história.
Espaço
Avenida Gago Coutinho, em Lisboa.
A escolha deste espaço cujo nome recorda e
perpetua um feito igualmente inaudito (a travessia aérea
do atlântico sul com adaptação à aeronavegação dos
processos e instrumentos da navegação marítima) foi
intencional.
Uma guerra inaudita só poderia acontecer num
palco cujo nome perpetua um acontecimento que na
época foi considerado, também, inaudito.
Personagens
1. coletivas/individuais: século XII /século XX.
Caracterização das personagens – direta (é feita
directamente pelo narrador ou pelas personagens) e
indireta (as características são deduzidas através de
atitudes e comportamentos).
Descrição das personagens coletivas e individuais –
descrição física e psicológica:
- personagens coletivas: dois grupos pertencentes, cada um
deles, a épocas históricas distintas. E é um facto que poucas
são as personagens que ganham algum relevo, destacando-se e
individualizando-se dos seus grupos.
- personagens individuais com algum protagonismo,
pertencentes ao séc. XX: o agente da PSP, Manuel Reis
Tobias; Manuel da Silva Lopes, condutor de camiões
distribuidores de grades de cerveja; comissário Nunes; e o
capitão Aurélio Soares.
- personagens individuais com protagonismo do
séc. XII: Ibn-el-Muftar e Ali-Ben-Yussuf, seu lugar-tenente.
Todas as outras personagens, que formam a “multidão”
que se vai apinhando na Avenida Gago Coutinho, não
passam de figurantes, cuja única função é conferir alguma
verosimilhança a uma história particularmente
inverosímil.
2. As personagens apresentadas apontam, pela
indumentária e pelos adereços de guerra, para dois
grupos de personagens distintas e espaçadas no tempo,
embora presentes no mesmo espaço.
Narrador
Presença – heterodiegético – não participa na ação
Ciência/conhecimento - omnisciente –sabe tudo,
incluindo os pensamentos das personagens “E el-Muftar,
cofiando a barbicha afilada, e dando um jeito ao turbante,
considerava, com ar perspicaz, o pandemónio em volta –
Teriam tombado todos no inferno corânico? Teriam feito
algum agravo a Alá?”
Posição – subjetivo - ridiculariza as forças policiais,
apresentando a sua incapacidade para defender a
população e defende a coragem e organização das tropas
árabes.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Primavera
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - PrimaveraO Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Primavera
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Primavera
Margarida Santos
 
Correção teste5 fev
Correção teste5 fevCorreção teste5 fev
Correção teste5 fevmanjosp
 
Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo
Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - OrtónimoAnálise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo
Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo
João Barreira
 
Modulo 8 e 9 historia A 12ºano
Modulo 8 e 9 historia A 12ºanoModulo 8 e 9 historia A 12ºano
Modulo 8 e 9 historia A 12ºano
CludiaBelluschiCosta
 
7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue
7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue
7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue
Vítor Santos
 
Os maias análise
Os maias análiseOs maias análise
Os maias análise
luiza1973
 
A questão colonial e o 25 de abril
A questão colonial e o 25 de abrilA questão colonial e o 25 de abril
A questão colonial e o 25 de abrilCarlos Vieira
 
00 3 preparação_exame_nacional_2017
00 3 preparação_exame_nacional_201700 3 preparação_exame_nacional_2017
00 3 preparação_exame_nacional_2017
Vítor Santos
 
Categorias da narrativa
Categorias da narrativaCategorias da narrativa
Categorias da narrativa
Cristina Fontes
 
Literatura Portuguesa Contemporânea: Prosa e Poesia
Literatura Portuguesa Contemporânea: Prosa e PoesiaLiteratura Portuguesa Contemporânea: Prosa e Poesia
Literatura Portuguesa Contemporânea: Prosa e Poesia
Juullio
 
Portugal Estado Novo
Portugal   Estado NovoPortugal   Estado Novo
Portugal Estado NovoCarlos Vieira
 
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida RomânticaTrabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
LuisMagina
 
O imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptx
O imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptxO imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptx
O imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptx
CecliaGomes25
 
As Cidades Cbd
As Cidades CbdAs Cidades Cbd
As Cidades Cbd
Maria Adelaide
 
Episodios maias
Episodios maiasEpisodios maias
Episodios maias
ameliapadrao
 
Geração de 70
Geração de 70Geração de 70
Geração de 70
inesabento
 
Os Maias - Análise
Os Maias - AnáliseOs Maias - Análise
Os Maias - Análise
nelsonalves70
 
Guerra colonial
Guerra colonialGuerra colonial
Guerra colonial
patriciacamejo
 

Mais procurados (20)

O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Primavera
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - PrimaveraO Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Primavera
O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá - Primavera
 
Correção teste5 fev
Correção teste5 fevCorreção teste5 fev
Correção teste5 fev
 
Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo
Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - OrtónimoAnálise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo
Análise do poema "O menino de sua mãe", de Fernando Pessoa - Ortónimo
 
Modulo 8 e 9 historia A 12ºano
Modulo 8 e 9 historia A 12ºanoModulo 8 e 9 historia A 12ºano
Modulo 8 e 9 historia A 12ºano
 
7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue
7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue
7 01 as transformações das primeiras décadas do século xx blogue
 
Os maias análise
Os maias análiseOs maias análise
Os maias análise
 
A questão colonial e o 25 de abril
A questão colonial e o 25 de abrilA questão colonial e o 25 de abril
A questão colonial e o 25 de abril
 
00 3 preparação_exame_nacional_2017
00 3 preparação_exame_nacional_201700 3 preparação_exame_nacional_2017
00 3 preparação_exame_nacional_2017
 
Categorias da narrativa
Categorias da narrativaCategorias da narrativa
Categorias da narrativa
 
Literatura Portuguesa Contemporânea: Prosa e Poesia
Literatura Portuguesa Contemporânea: Prosa e PoesiaLiteratura Portuguesa Contemporânea: Prosa e Poesia
Literatura Portuguesa Contemporânea: Prosa e Poesia
 
Portugal Estado Novo
Portugal   Estado NovoPortugal   Estado Novo
Portugal Estado Novo
 
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida RomânticaTrabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
Trabalho sobre Os Maias - Episódios da Vida Romântica
 
O imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptx
O imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptxO imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptx
O imaginário épico em _O sentimento dum Ocidental_.pptx
 
Deíticos
DeíticosDeíticos
Deíticos
 
As Cidades Cbd
As Cidades CbdAs Cidades Cbd
As Cidades Cbd
 
Marcelismo
MarcelismoMarcelismo
Marcelismo
 
Episodios maias
Episodios maiasEpisodios maias
Episodios maias
 
Geração de 70
Geração de 70Geração de 70
Geração de 70
 
Os Maias - Análise
Os Maias - AnáliseOs Maias - Análise
Os Maias - Análise
 
Guerra colonial
Guerra colonialGuerra colonial
Guerra colonial
 

Semelhante a Inaudita guerra

As naus - Lobo Antunes
As naus  - Lobo AntunesAs naus  - Lobo Antunes
As naus - Lobo AntunesMariana Klafke
 
Literaturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesaLiteraturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesa
Ana Eunice
 
IntroduçãO2
IntroduçãO2IntroduçãO2
IntroduçãO2rogerio
 
História - Das cavernas 3.a.pdf
História - Das cavernas 3.a.pdfHistória - Das cavernas 3.a.pdf
História - Das cavernas 3.a.pdf
MariaEdithMaroca
 
Historia lit
Historia litHistoria lit
Historia lit
literafro
 
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinprofessorakarin2013
 
Análise iconográfica
Análise iconográficaAnálise iconográfica
Análise iconográfica
Edenilson Morais
 
Karl marx o 18 brumário de luís bonaparte
Karl marx   o 18 brumário de luís bonaparteKarl marx   o 18 brumário de luís bonaparte
Karl marx o 18 brumário de luís bonaparteAndreRodrigues89
 
Prova vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPEProva vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPEPortal NE10
 
Prova vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro diaProva vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro diapepontocom
 
UPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro diaUPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro diaJornal do Commercio
 
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º diaCobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º diaIsaquel Silva
 
Revisional
RevisionalRevisional
Revisional
Privada
 
Sérgio luís de carvalho (2) (1)
Sérgio luís de carvalho (2) (1)Sérgio luís de carvalho (2) (1)
Sérgio luís de carvalho (2) (1)fatimarico
 
Grécia roma wilfred
Grécia roma wilfredGrécia roma wilfred
Grécia roma wilfred
Whistoriapi
 
Ficha de apoio_ queda_anjo
Ficha de apoio_ queda_anjoFicha de apoio_ queda_anjo
Ficha de apoio_ queda_anjoJoão Teixeira
 
O tempo e o vento o continent - erico verissimo
O tempo e o vento   o continent - erico verissimoO tempo e o vento   o continent - erico verissimo
O tempo e o vento o continent - erico verissimo
Patrick François Jarwoski
 

Semelhante a Inaudita guerra (20)

Ainauditagagc
AinauditagagcAinauditagagc
Ainauditagagc
 
As naus - Lobo Antunes
As naus  - Lobo AntunesAs naus  - Lobo Antunes
As naus - Lobo Antunes
 
Literaturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesaLiteraturas africanas de expressão portuguesa
Literaturas africanas de expressão portuguesa
 
IntroduçãO2
IntroduçãO2IntroduçãO2
IntroduçãO2
 
História - Das cavernas 3.a.pdf
História - Das cavernas 3.a.pdfHistória - Das cavernas 3.a.pdf
História - Das cavernas 3.a.pdf
 
Ainauditagagc
AinauditagagcAinauditagagc
Ainauditagagc
 
Historia lit
Historia litHistoria lit
Historia lit
 
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karinPré modernismo (1902- 1922) profª karin
Pré modernismo (1902- 1922) profª karin
 
Análise iconográfica
Análise iconográficaAnálise iconográfica
Análise iconográfica
 
Karl marx o 18 brumário de luís bonaparte
Karl marx   o 18 brumário de luís bonaparteKarl marx   o 18 brumário de luís bonaparte
Karl marx o 18 brumário de luís bonaparte
 
Prova vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPEProva vestibular terceiro dia da UPE
Prova vestibular terceiro dia da UPE
 
Prova vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro diaProva vestibular terceiro dia
Prova vestibular terceiro dia
 
UPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro diaUPE - Prova vestibular terceiro dia
UPE - Prova vestibular terceiro dia
 
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º diaCobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
Cobertura Total - Vestibular UPE 2013 - Provas do 3º dia
 
Revisional
RevisionalRevisional
Revisional
 
Sérgio luís de carvalho (2) (1)
Sérgio luís de carvalho (2) (1)Sérgio luís de carvalho (2) (1)
Sérgio luís de carvalho (2) (1)
 
Grécia roma wilfred
Grécia roma wilfredGrécia roma wilfred
Grécia roma wilfred
 
Ficha de apoio_ queda_anjo
Ficha de apoio_ queda_anjoFicha de apoio_ queda_anjo
Ficha de apoio_ queda_anjo
 
Humanismo aula 1
Humanismo aula 1Humanismo aula 1
Humanismo aula 1
 
O tempo e o vento o continent - erico verissimo
O tempo e o vento   o continent - erico verissimoO tempo e o vento   o continent - erico verissimo
O tempo e o vento o continent - erico verissimo
 

Último

Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdfCorreção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Edilson431302
 
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptxRoteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
pamellaaraujo10
 
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptxMÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
Martin M Flynn
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdfProjeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Bibliotecas Infante D. Henrique
 
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da AlemanhaUnificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
Acrópole - História & Educação
 
Acróstico - Reciclar é preciso
Acróstico   -  Reciclar é preciso Acróstico   -  Reciclar é preciso
Acróstico - Reciclar é preciso
Mary Alvarenga
 
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
BarbaraBeatriz15
 
Química orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptxQuímica orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptx
KeilianeOliveira3
 
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e MateusAtividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Mary Alvarenga
 
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e ZCaça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Mary Alvarenga
 
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptxSlides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
CrislaineSouzaSantos
 
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdfAPOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
RenanSilva991968
 
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfCaderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
enpfilosofiaufu
 
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdfAPOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
CarlosEduardoSola
 
LIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptx
LIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptxLIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptx
LIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptx
WelidaFreitas1
 
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptxSlides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
LuizHenriquedeAlmeid6
 
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
Escola Municipal Jesus Cristo
 
Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023
MatildeBrites
 

Último (20)

Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdfCorreção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
Correção do 1º Simulado Enem 2024 - Mês de Abril.pdf
 
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptxRoteiro para análise do Livro Didático .pptx
Roteiro para análise do Livro Didático .pptx
 
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptxMÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
MÁRTIRES DE UGANDA Convertem-se ao Cristianismo - 1885-1887.pptx
 
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptxSlides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
Slides Lição 9, Betel, Ordenança para uma vida de santificação, 2Tr24.pptx
 
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdfProjeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
Projeto aLeR+ o Ambiente - Os animais são nossos amigos.pdf
 
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da AlemanhaUnificação da Itália e a formação da Alemanha
Unificação da Itália e a formação da Alemanha
 
Acróstico - Reciclar é preciso
Acróstico   -  Reciclar é preciso Acróstico   -  Reciclar é preciso
Acróstico - Reciclar é preciso
 
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
2021-7o-ano-PPt-Oracoes-coordenadas..pptx
 
Química orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptxQuímica orgânica e as funções organicas.pptx
Química orgânica e as funções organicas.pptx
 
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e MateusAtividade - Letra da música "Tem Que Sorrir"  - Jorge e Mateus
Atividade - Letra da música "Tem Que Sorrir" - Jorge e Mateus
 
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e ZCaça-palavras - ortografia  S, SS, X, C e Z
Caça-palavras - ortografia S, SS, X, C e Z
 
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptxSlides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
Slides Lição 9, Central Gospel, As Bodas Do Cordeiro, 1Tr24.pptx
 
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
AULA-8-PARTE-2-MODELO-DE-SITE-EDITÁVEL-ENTREGA2-CURRICULARIZAÇÃO-DA-EXTENSÃO-...
 
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdfAPOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
APOSTILA DE TEXTOS CURTOS E INTERPRETAÇÃO.pdf
 
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdfCaderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
Caderno de Resumos XVIII ENPFil UFU, IX EPGFil UFU E VII EPFEM.pdf
 
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdfAPOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
APOSTILA JUIZ DE PAZ capelania cristã.pdf
 
LIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptx
LIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptxLIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptx
LIÇÃO 9 - ORDENANÇAS PARA UMA VIDA DE SANTIFICAÇÃO.pptx
 
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptxSlides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
Slides Lição 10, CPAD, Desenvolvendo uma Consciência de Santidade, 2Tr24.pptx
 
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
BULLYING NÃO É AMOR.pdf LIVRO PARA TRABALHAR COM ALUNOS ATRAVÉS DE PROJETOS...
 
Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023Memorial do convento slides- português 2023
Memorial do convento slides- português 2023
 

Inaudita guerra

  • 1. Uma leitura de A inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, de Mário de Carvalho
  • 2. Numa carta que Mário de Carvalho escreveu aos alunos de uma escola secundária de Vila Nova de Gaia, que o questionaram precisamente sobre a génese da obra, disse : “O que me levou a escrever a Inaudita…e por que razão misturei épocas distintas: foi a consciência de que Portugal é um país muito antigo, muito miscigenado, percorrido por muitas culturas e civilizações, de modo que cada um de nós é mais do que ele próprio, porque tem atrás de si uma grande espessura de História. Nós somos mais do que nós, nós somos uma nação muito antiga. E, antes de sermos nação, isto tinha um caldeamento muito grande de povos e civilizações. Por detrás de nós, há toda uma estrutura histórica. Quando eu escrevo A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, quando os mouros aparecem aí num engarrafamento em Lisboa, é isso que eu quero dizer: atenção, nós somos uns e somos outros. Ou seja, temos cá uma civilização árabe também.”
  • 3.
  • 4. Informações fornecidas pelo título: “A inaudita Qualificação do nome In- + audita Guerra principal acontecimento conto (ação) da Avenida local ocorre o acontecimento(espaço físico) Gago Coutinho Geógrafo, marinheiro, matemático e inventor. Almirante português, pioneiro da aviação (Lisboa 1869-1959). Geógrafo de campo, tentou adaptar à aeronavegaçãos processos e instrumentos da navegação marítima, tendo criado, em 1919, o famoso sextante que ostenta o seu nome.
  • 6. Inaudita = in- + audita In- =prefixo de negação de origem latina. Audita = particípio passado, com função adjetival, do verbo latino audire que significa “ouvir”. Inaudita = palavra derivada por prefixação. “não ouvida, nunca ouvida” incrível espantosa insólito de que não há exemplo ou memória
  • 7.
  • 8. O Conto 1. O narrador explica e justifica a génese da história que se propõe contar. 2. O narrador recorre à Antiguidade Clássica para certificar a justificação que dá (Homero, Clio). 3. o grande Homero às vezes dormitava: até os grandes sábios cometem deslizes. Esta fragilidade não é específica apenas do mundo humano, ela é alargada ao mundo mítico/divino: os deuses (Clio) também são dados a fraquezas. Note-se já aqui a evidente tendência temática do cruzamento de mundos diferentes: o humano e o divino. 4. Clio, a musa da História, é a chave para o desenrolar dos fios da meada narrativa.
  • 9. Clio é a musa da história e da criatividade, aquela que divulga e celebra as realizações. Preside a eloquência, sendo a fiadora das relações políticas entre homens e nações.
  • 10. Ação do conto 1. Génese da ação – Clio adormeceu e enleou os fios da trama da História, misturando as datas de 4 de Junho de 1148 e 29 de Setembro de 1984. 2. Núcleo da narrativa – situa-se num confronto (guerra) entre duas hostes que pertencem a dois tempos diferentes. 3. A ação é encadeada, as sequências narrativas sucedem- se numa relação de causa/efeito.
  • 11. 4. 1º Momento – Confronto de dois tempos no mesmo espaço: . Os automobilistas apanham um grande susto e saem dos carros. . Os árabes assustam-se, não percebendo o que se estava a passar.
  • 12. 4. 2º Momento – Intervenção das forças militarizadas: . Incidente que provoca o início da guerra – Manuel da Silva Lopes atirou uma pedra que foi bater no broquel de Mamude Beshewer. . Rendição – trapo branco – improviso à portuguesa.
  • 13. 4. 3º Momento – Resolução do problema: . Clio desperta e devolve todos ao seu tempo histórico, borrifando-os, em seguida, com água do rio Letes, o rio do esquecimento. Assim, do mesmo modo inexplicável como haviam surgido os árabes na Avenida Gago Coutinho na manhã de 29 de Setembro de 1984, assim desapareceram misteriosamente. E não podendo Clio apagar totalmente os vestígios dos acontecimentos decorridos, pôde, pelo menos, toldar a memória dos homens com borrifos de água do rio Letes.
  • 14. Consequências: . Ibn-el-Muftar desistiu de atacar Lixbuna, por considerar todas aquelas aparições de mau agoiro; . Os polícias e militares do séc. XX viram-se obrigados a explicar, em processo marcial o que se encontravam a fazer naquelas zonas à frente de destacamentos armados, ensarilhando o trânsito e gerando a confusão e o pânico.
  • 15. 5. Supremacia da força árabe: . Os árabes estão assustados, mas dignos, procurando cumprir a sua função de atacantes, ao contrário do corpo policial lisboeta, que bate em retirada e se refugia na cervejaria Munique.
  • 16. Esquema síntese: 1º momento Clio adormece… mistura os fios do tempo enlaça 2 épocas diferentes 4/6/1148 29/9/1984 1 espaço Lisboa: Av. Gago Coutinho
  • 17. Lisboa: Av. Gago Coutinho Ação Encontro de 2 grupos antagónicos Exército árabe automobilistas de Ibn-el-Muftar Polícia de Intervenção Tropa do Ralis e da Escola Prática de Administração CONFRONTO 2 épocas 1148 – Lisboa do séc.XII 2 espaços 1984 – Lisboa do séc.XX
  • 18. 2º momento Clio acorda… o engano é desfeito Consequências O exército árabe volta à A Polícia de Intervenção sua época, aproveitando fica sem objetivo de o regresso “com grande combate; não recorda vantagem de troféus e uma justificação aceitável espólios”. para dar aos seus superiores Clio é castigada: a ambrósia é-lhe interdita durante 400 anos!
  • 19. Tempo Mistura (amálgama) de dois tempos diferentes – 4 de Junho de 1148 e 29 de Setembro de 1984. Tempo cronológico/Tempo histórico Manipulação livre do tempo da história.
  • 20. Espaço Avenida Gago Coutinho, em Lisboa. A escolha deste espaço cujo nome recorda e perpetua um feito igualmente inaudito (a travessia aérea do atlântico sul com adaptação à aeronavegação dos processos e instrumentos da navegação marítima) foi intencional. Uma guerra inaudita só poderia acontecer num palco cujo nome perpetua um acontecimento que na época foi considerado, também, inaudito.
  • 21. Personagens 1. coletivas/individuais: século XII /século XX. Caracterização das personagens – direta (é feita directamente pelo narrador ou pelas personagens) e indireta (as características são deduzidas através de atitudes e comportamentos). Descrição das personagens coletivas e individuais – descrição física e psicológica: - personagens coletivas: dois grupos pertencentes, cada um deles, a épocas históricas distintas. E é um facto que poucas são as personagens que ganham algum relevo, destacando-se e individualizando-se dos seus grupos.
  • 22. - personagens individuais com algum protagonismo, pertencentes ao séc. XX: o agente da PSP, Manuel Reis Tobias; Manuel da Silva Lopes, condutor de camiões distribuidores de grades de cerveja; comissário Nunes; e o capitão Aurélio Soares. - personagens individuais com protagonismo do séc. XII: Ibn-el-Muftar e Ali-Ben-Yussuf, seu lugar-tenente. Todas as outras personagens, que formam a “multidão” que se vai apinhando na Avenida Gago Coutinho, não passam de figurantes, cuja única função é conferir alguma verosimilhança a uma história particularmente inverosímil.
  • 23. 2. As personagens apresentadas apontam, pela indumentária e pelos adereços de guerra, para dois grupos de personagens distintas e espaçadas no tempo, embora presentes no mesmo espaço.
  • 24. Narrador Presença – heterodiegético – não participa na ação Ciência/conhecimento - omnisciente –sabe tudo, incluindo os pensamentos das personagens “E el-Muftar, cofiando a barbicha afilada, e dando um jeito ao turbante, considerava, com ar perspicaz, o pandemónio em volta – Teriam tombado todos no inferno corânico? Teriam feito algum agravo a Alá?” Posição – subjetivo - ridiculariza as forças policiais, apresentando a sua incapacidade para defender a população e defende a coragem e organização das tropas árabes.