1. Escola Catequética
ARQUIDIOCESE CAMPINAS
Catequista Prof. Alexandre Batista Nascimento1
Identidade da Catequese A e B.
A marca essencial de alguma coisa sempre é dada de modo geral para que se saiba, em primeiro
plano, do que se está falando, por exemplo, numa conversa sobre educação existe um campo de assuntos
muito vasto. Do mesmo modo ao se discutir política, futebol, cultura, economia e religião. Daí entender
que a palavra identidade está diretamente relacionada a uma soma do conjunto e, sucintamente se pode
afirmar o que é essencial de um todo. Por isso existem idéias gerais, são bússolas no decorrer de um
caminho, que indicam quais os objetivos da área em discussão. Ao se perguntar pela identidade da
catequese, se entende o que é próprio das experiências deste campo.
O fundamental para pensar a essência da catequese é refazer o percurso histórico pelo qual se
consolidou, viveu desafios, parou em obstáculos e o atual momento. De modo catequético, é perceber os
momentos de luzes e sombras no processo histórico ao longo dos séculos e atualmente. O momento atual
remete sempre a um grande acontecimento no passado presente da Igreja. Trata-se do Concílio Vaticano
II e sua virada fundamental, desde sua eclesiologia (modo de ser Igreja) até a ação catequética pensada à
Luz da Dei Verbum. Essa constituição dogmática apresenta a pedagogia divina da Revelação aos seres
humanos.
A perspectiva de pensar o termo é relevante nesse intento de retorno e atualização histórica. O
termo katechesis, no grego, não aparece na experiência neotestamentária. Tem-se a palavra Katechein:
ressoar, que pode ser entendida como a narração de histórias a fim de convencer o ouvinte. Ainda
aparecem os Relatos, que em At 21, 21-24 e Lc 1,4 são alguns dos melhores exemplos desse modelo.
Outra nuance desse processo de fazer ressoar ou relatar acontecimento às pessoas é o aspecto de falar
sobre os Mistérios da Fé, esse pode ser verificado em At 18,25; Rm 2,18; Gl 6,6.. A Igreja Primitiva
entendia que CATEQUESE é própria Pregação Cristã, que tinha uma grande e única meta e nessa havia
dois momentos e aspectos. A pregação cristã que fundamentava a Fé para objetivar a conversão, para os
iniciantes (contexto grego do Novo Testamento) ou nova semente (latim romano) e ainda podia se
encontrar a Catequese com tom de Instrução para orientar a vida dos cristãos já maduros na fé.
A identidade da catequese foi assumindo algumas características bem próprias do contexto historio
no qual estava inserida. Nos primeiros anos do Século II a Catequese era entendida como Instrução aos
candidatos ao Batismo, pois a realidade de perseguição aos cristãos e a predominância da cultura helênica
no império romano, fez com que muitos fossem iniciados na fé e deixavam para se batizar adultos, pois a
adesão ao cristianismo era se tornar um marginalizado. A medida que a sociedade romana passa a ter
1
Membro da CABC; Atua junto as comunidades; Foi seminarista da Arquidiocese de Campinas; Formando em
Filosofia, Cursou Teologia e Cursa o 1º e 3º Período de Pedagogia na Faculdade de Educação; Todas as graduações
na PUC-Campinas.
2. cristãos influentes nos âmbitos da política, da economia do império os cristãos passam a viver e assumir
cargos importantes e assim o Cristianismo inicia o processo de cristandade, tornar toda a sociedade e sua
organização nos moldes da religião cristã. Assim a Catequese acentua sua finalidade para a Pregação
Catecumenal. Seu conteúdo valorizava demasiadamente esse momento da iniciação cristã.
Na Idade Média a presença da Igreja era predominante e, sendo assim, a cultura era Cristã
Católica, por isso a Catequese assume somente o aspecto da instrução cristã pelos Catecismos da
Cristandade. Não se tratavam de livros, mas de um método na pregação de manutenção social e religiosa.
No período da baixa-idade-média, século XV, encaminhando para o seu fim, o movimento protestante
surge com grande afinco. E com o Concílio de Trento a Catequese passa a ser entendida como o Ensino
da Doutrina para evitar o avanço das ditas doutrinas contrárias a Fé Católica. Até o período do século XVIII
a Catequese como doutrinação não apresentou novidades quanto a sua identidade ou métodos. Somente
no final do XIX para XX com o Papa Pio XI a Catequese se preocupa com seu modo de atuar e suas
finalidades. Na primeira meta do século XX a existira várias Metodologias e já no período de 1950-60 a
Catequese assume formas Querigmáticas, ou sejas, várias tentativas de muitos catequistas em remontá-la
a partir da experiência primitiva do que se pode chama de Evangelização.
A proposta do Concílio Vaticano II redireciona a Catequese para a experiência das primeiras
comunidades que buscavam viver o Reino de Deus. A idéia de Igreja instaurada a partir de desse
momento, sua eclesiologia é ser POVO DE DEUS, na COMUNHÃO e PARTICIPAÇÃO DE TODOS. Assim a
Catequese de Iniciação reassume seu status original para que o Batismo e suas exigências, vocação
profética, sacerdotal e real cooperem para que as “As alegrias e as esperanças, as tristezas e as
angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as
alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma
verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por
homens, que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do
reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos. Por este motivo, a Igreja
sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história.”(Gaudium et spes,1.1964)
Os documentos posteriores a esse período apresentam a essência da Catequese como:
• Ct 18: Educação da Fé [...] orgânico, sistemático [...] iniciar na plenitude da vida cristã.
• CR: ...processo de educação comunitária, permanente, progressiva, ordenada, orgânica e
sistemática da fé. [...] amadurecimento.
A perspectiva de conjunto do que se entende por Catequese é sugerida por Dom. Eugênio Rixen,
assessor da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, na homilia da
Missa, presidida por ele, no dia 24/04/2009 na 47ª Assembléia Geral dos Bispos. Nela apresenta os
desafios da missão catequética.
3. “Na nossa missão catequética ficamos, às vezes, frustrados. Tantas crianças fizeram a 1ª Eucaristia,
tantos jovens foram crismados, mas onde eles andam. Os sacramentos da iniciação se tornam
facilmente os sacramentos da despedida. O que fazer? Dar o pouco que temos e não desanimar. A
obra não é nossa, mas de Deus. Com Gamaliel diante do Sinédrio, queremos dizer: “Se este projeto
ou esta atividade é de origem humana, está destruída. Mas, se vem de Deus, não conseguireis
destruí-los!”. (At 5, 39). Somos semeadores da Palavra, não donos. Deus manifesta sua grandeza
através da nossa fraqueza. Uma pequena partilha pode se transformar num grande banquete. Jesus
disse: “Fazei as pessoas sentar-se... tomou os pães, deu graças e distribuiu aos que estavam
sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes”.“
O apontamento principal da Homilia de Dom Eugenio Rixen é dado por ele ao revelar e confirmar,
mais uma vez, que a idéia geral e, por isso, identidade da catequese segundo as experiências das
comunidades e documentos, frutos delas, na vida da própria Igreja.
O catequista é chamado a ser um grande apaixonado por Jesus e se alimentar de sua Palavra.
Esta Palavra será amarga no estômago, mas na boca será doce como o mel, conforme disse o
livro do Apocalipse 10, 9.
A Bíblia, carta de amor de Deus para nós, primeiro livro da catequese, continua sendo uma
mensagem profética. Anuncia o Reino de justiça e de solidariedade, onde todos possam participar
do banquete. E denuncia tudo o que é contra a fraternidade e vida para todos.
“[...] catequese prepara para viver os sacramentos da iniciação. Não para celebrar ritos sem
compromisso, mas para reviver os mistérios pascais da morte e ressurreição de Jesus. Mergulhados
com Cristo na sua morte, viveremos também para uma vida nova. Tem uma ligação profunda entre a
eucaristia e a partilha do pão. A partilha do pão leva a entender a eucaristia e esta leva à partilha do
pão. Fazer viver isto é o grande desafio da catequese. E isso só é compreensível através do
testemunho de alguém que sabe conjugar, “Fé e Vida”.”
“O grande desafio da catequese é: ”Que Jesus transmitimos?”. No mercado religioso moderno
muitos falam de Jesus. Mas de quem se trata de fato? Um Jesus milagreiro, um Jesus – resposta a
todos os meus problemas, um Jesus milagreiro, um que traz prosperidade material, um Jesus mítico,
um Jesus para mim. Mais do que nunca, os catequistas são convidados a conhecer o Jesus da
história que se faz igual a nós em tudo menos no pecado. Um Jesus que carregou nossas dores e
alegrias, sofrimentos e esperança. Um Jesus, revelação do amor do Pai. Um Jesus, que através da
sua fraqueza na cruz, revela a força de Deus. Um Jesus ressuscitado! ”
CNBB. 47ª Assembléia Geral - Homilia - dom Eugênio Rixen (At 5, 34-42; Sl 26/Jo 6, 1 – 15)24 de abril de 2009.
CATEQUESE EVANGELIZADORA. ALBERICH, Emílio. Ed. Salesiana, 2004. cap 3.
Catechesi Tradendae. Pp. João Paulo II.Exortação Apostólia pós-sinodal. 16 out. 1979.
CELAM. Manual de Catequética. Paulus, 2007. Parte II cap.02.
CNBB. Catequese Renovada. Doc. 26.1891.
CNBB. Diretório Nacional de Catequese. Doc. 84.2006