SlideShare uma empresa Scribd logo
Sérgio, António; Na Terra e no Mar; Sá da Costa Editora; Lisboa, 1ª ed; 1978
Há muito, muito, muito tempo, vivia no mar a baleia, que comia peixes.
Ainda ela, nesse tempo, podia comer peixes. Comia sardinhas e
tainhas, gorazes e roazes, bugios e safios, pescadas e douradas, bacalhaus e
carapaus.
Todos os peixes que ia encontrando deitava-lhes a boca – ão!
Por fim, só havia no mar um salmonete vermelhete, que nadava sempre atrás da
orelha esquerda da baleia, para ela lhe não fazer mal.
Um dia, a baleia pôs-se a pensar muito séria, e disse assim:
- Tenho fome!
E o salmonete vermelhete, com a sua voz muito agudita, disse à baleia:
- Nobre e generoso cetáceo: já experimentou comer homens!
- Não – respondeu a baleia – A que sabe? Como é?
- Bom, mas traquinas – respondeu o salmonete vermelhete.
- Então, vai-me buscar três dúzias deles – ordenou a baleia
- Basta um de cada vez – disse o salmonete vermelho .
- Se for à latitude 60 graus norte e longitude 40 graus oeste (isto, amigos, são umas
palavras mágicas que o salmonete lá sabia) encontrará uma jangada feita de tábuas,
e sobre a jangada um marinheiro náufrago, com calças de ganga azul, uma faca de ponta
Aguda, e suspensórios encarnados ( não se esqueça dos suspensórios!).
O marinheiro, devo dizer-lhe, é arguto, astuto e resoluto.
A baleia, então, foi aonde lhe disse o salmonete vermelhete, e encontrou a jangada e
o marinheiro.
Aproximou-se, abriu a bocarra imensa, e engoliu a jangada e o marinheiro, com as calças
De ganga azul, com a faca de ponta aguda e com os suspensórios encarnados
( nunca se esqueçam dos suspensórios!).
E assim a baleia arrecadou tudo na despensa escura, quentinha e fofazinha,
que tinha lá dentro do seu corpanzão. E como gostou, deu três estalos com a língua
e três voltas sobre a cauda, levantando muita espuma.
O marinheiro ( que era arguto, astuto e resoluto) mal se viu dentro da baleia, na
despensa escura, quentinha e fofazinha, pulou, saltou, cambaleou, espinoteou,
dançou, estrondeou tanto, tanto, tanto, que a baleia se sentiu com enjoos,
engulhos e soluços (já se esqueceram dos suspensórios?).
E disse a baleia ao salmonete vermelhete:
- O teu homem é muito traquinas, e dá-me engulhos. Que hei-de eu fazer?
- Diga-lhe que saia cá para fora – respondeu o salmonete vermelhete.
E a baleia gritou pela garganta abaixo:
-Saia cá para fora, homenzinho, e veja se tem juízo!
- Isso é que eu não saio – respondeu o homem – Leve-me primeiro para a
   minha terra, e depois veremos o que se poderá fazer.
E pôs-se outra vez a saltar, a pular, a espinotear e a rebolar.
E a baleia nadou, nadou, nadou, dando à cauda e às barbatanas, mas sempre com
soluços e muito enjoada.
Quando avistou a terra do marinheiro, nadou para a praia, pôs a boca sobre a areia,
abriu-a muito, e disse:
- Cá chegámos à sua terra!
O marinheiro, que era na verdade arguto, astuto e resoluto, tinha durante a viagem
puxado da sua faca de ponta aguda, e cortado as tábuas da jangada em fasquiazinhas
muito estreitas, que ligou muito bem com as tiras dos suspensórios ( bem lhes dizia eu
que não se esquecessem dos suspensórios!) e fez com elas uma grade que empurrou, ao
sair, contra a garganta da baleia.
E, deixando a grade bem presa na garganta da baleia, saltou para terra e foi ter com
a mãe, com a qual viveu muito contente.
A baleia foi-se embora também muito contente, assim como o salmonete
vermelhete; mas a grade é que nunca mais saiu da garganta da baleia. E por isso é
que a baleia nunca mais pôde comer homens, nem meninos, nem peixes – nem
sardinhas nem tainhas, nem gorazes nem roazes, nem bugios nem safios, nem
pescadas nem douradas -, porque os peixes não podem passar pelas grades da
garganta, mas só bichinhos pequeninos, como, por exemplo, as pulgas-do-mar.
Pouco depois, o marinheiro casou e viveu muito feliz; tinha em casa as calças de
ganga azul e a navalha de ponta aguda; mas não tinha os suspensórios, porque esses
ficaram a atar a grade, muito apertada, que só deixa passar bichinhos pequeninos –
como as pulginhas do mar – na garganta da baleia

                                                                    De um conto de Kipling
BIBLIOTECAS
                                                ESCOLARES




                                                        AGRUPAMENTO DE
                                                     ESCOLAS DE CORUCHE

            Agrupamento de Escolas de Coruche

   Biblioteca Escolar da Escola Básica de Coruche
Clube de Leitura:

Professora Bibliotecária: Teresa Montoia

Alunos:
Filipa Borges – 3º B
João Miguel Silva – 4º A
Mariana Caro – 3º C
Margarida Pinóia – 3º D
Matilde Miranda – 3º C
Matilde Macharréu – 3º C
Maria Madalena Tadeia – 3º C
Mikaela Pasqualotto – 3º C
Raissa Santos – 3º C

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Jogos motores -_pr-escolar[1]
Jogos motores -_pr-escolar[1]Jogos motores -_pr-escolar[1]
Jogos motores -_pr-escolar[1]
Ana Pacheco
 
A cidade e as serras anglo sj final 2
A cidade e as serras   anglo  sj final 2A cidade e as serras   anglo  sj final 2
A cidade e as serras anglo sj final 2
Octávio Da Matta
 
Dona Baratinha
 Dona Baratinha Dona Baratinha
Dona Baratinha
André Moraes
 
A Carochinha e o João Ratão.pptx
A Carochinha e o João Ratão.pptxA Carochinha e o João Ratão.pptx
A Carochinha e o João Ratão.pptx
Marta Aleixo
 
Ultimos reis de Portugal
Ultimos reis de PortugalUltimos reis de Portugal
Ultimos reis de Portugal
angelamoliveira
 
Os três porquinhos e a reciclagem
Os três porquinhos e a reciclagemOs três porquinhos e a reciclagem
Os três porquinhos e a reciclagem
catiasa
 
Aula projeto páscoa a história do chocolate-
Aula projeto páscoa a história do chocolate-Aula projeto páscoa a história do chocolate-
Aula projeto páscoa a história do chocolate-
José Cícero
 
Os herdeiros-da-lua-de-joana
Os herdeiros-da-lua-de-joanaOs herdeiros-da-lua-de-joana
Os herdeiros-da-lua-de-joana
anarsantos8
 
A Lenda Dos Ovos De Pascoa
A Lenda Dos Ovos De PascoaA Lenda Dos Ovos De Pascoa
A Lenda Dos Ovos De Pascoa
gabifrias
 
Aristides de Sousa Mendes
Aristides de Sousa MendesAristides de Sousa Mendes
Aristides de Sousa Mendes
Jorge Almeida
 
A lua de joana
A lua de joanaA lua de joana
A lua de joana
CarinaGarrido
 
Revoluções liberais (2) - História 8º ano
Revoluções liberais (2) - História 8º anoRevoluções liberais (2) - História 8º ano
Revoluções liberais (2) - História 8º ano
Gabriel Lima
 
2.ªsessão a minha casinha
2.ªsessão   a minha casinha2.ªsessão   a minha casinha
2.ªsessão a minha casinha
Paula Maria
 
O lobisomem, lendas de cabo frio
O lobisomem, lendas de cabo frioO lobisomem, lendas de cabo frio
O lobisomem, lendas de cabo frio
cinarandrade
 
José Jorge Letria 6
José Jorge Letria 6José Jorge Letria 6
José Jorge Letria 6
Carla Nunes
 
Fichas De Poesia
Fichas De PoesiaFichas De Poesia
Fichas De Poesia
Claudia Cravo
 
Biografia Cecilia Meireles
Biografia Cecilia MeirelesBiografia Cecilia Meireles
Biografia Cecilia Meireles
Jailson Lima
 
Casamento caipira
Casamento caipiraCasamento caipira
Casamento caipira
Pagonejo Diesel
 
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
Tatiane Pechiori
 
Livreto para grafica o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidiano
Livreto para grafica   o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidianoLivreto para grafica   o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidiano
Livreto para grafica o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidiano
PIBID - Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
 

Mais procurados (20)

Jogos motores -_pr-escolar[1]
Jogos motores -_pr-escolar[1]Jogos motores -_pr-escolar[1]
Jogos motores -_pr-escolar[1]
 
A cidade e as serras anglo sj final 2
A cidade e as serras   anglo  sj final 2A cidade e as serras   anglo  sj final 2
A cidade e as serras anglo sj final 2
 
Dona Baratinha
 Dona Baratinha Dona Baratinha
Dona Baratinha
 
A Carochinha e o João Ratão.pptx
A Carochinha e o João Ratão.pptxA Carochinha e o João Ratão.pptx
A Carochinha e o João Ratão.pptx
 
Ultimos reis de Portugal
Ultimos reis de PortugalUltimos reis de Portugal
Ultimos reis de Portugal
 
Os três porquinhos e a reciclagem
Os três porquinhos e a reciclagemOs três porquinhos e a reciclagem
Os três porquinhos e a reciclagem
 
Aula projeto páscoa a história do chocolate-
Aula projeto páscoa a história do chocolate-Aula projeto páscoa a história do chocolate-
Aula projeto páscoa a história do chocolate-
 
Os herdeiros-da-lua-de-joana
Os herdeiros-da-lua-de-joanaOs herdeiros-da-lua-de-joana
Os herdeiros-da-lua-de-joana
 
A Lenda Dos Ovos De Pascoa
A Lenda Dos Ovos De PascoaA Lenda Dos Ovos De Pascoa
A Lenda Dos Ovos De Pascoa
 
Aristides de Sousa Mendes
Aristides de Sousa MendesAristides de Sousa Mendes
Aristides de Sousa Mendes
 
A lua de joana
A lua de joanaA lua de joana
A lua de joana
 
Revoluções liberais (2) - História 8º ano
Revoluções liberais (2) - História 8º anoRevoluções liberais (2) - História 8º ano
Revoluções liberais (2) - História 8º ano
 
2.ªsessão a minha casinha
2.ªsessão   a minha casinha2.ªsessão   a minha casinha
2.ªsessão a minha casinha
 
O lobisomem, lendas de cabo frio
O lobisomem, lendas de cabo frioO lobisomem, lendas de cabo frio
O lobisomem, lendas de cabo frio
 
José Jorge Letria 6
José Jorge Letria 6José Jorge Letria 6
José Jorge Letria 6
 
Fichas De Poesia
Fichas De PoesiaFichas De Poesia
Fichas De Poesia
 
Biografia Cecilia Meireles
Biografia Cecilia MeirelesBiografia Cecilia Meireles
Biografia Cecilia Meireles
 
Casamento caipira
Casamento caipiraCasamento caipira
Casamento caipira
 
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
18012180 negrinha-resumo-dos-contos[1]
 
Livreto para grafica o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidiano
Livreto para grafica   o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidianoLivreto para grafica   o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidiano
Livreto para grafica o escravo negro no brasil colonial - trafico e cotidiano
 

Destaque

O peixinho azul
O peixinho azulO peixinho azul
O peixinho azul
roza-melo
 
Evolução das Baleias
Evolução das BaleiasEvolução das Baleias
Evolução das Baleias
Nuno Correia
 
A BORBOLETA AZUL
A BORBOLETA AZULA BORBOLETA AZUL
A BORBOLETA AZUL
prof.aldemir2010
 
A Borboleta Azul
A Borboleta AzulA Borboleta Azul
A Borboleta Azul
JNR
 
6ano portugues 2005
6ano portugues 20056ano portugues 2005
6ano portugues 2005
aspalavrasdosucesso
 
Baleias
BaleiasBaleias
O Peixinho Que Descobriu O Mar
O Peixinho Que Descobriu O MarO Peixinho Que Descobriu O Mar
O Peixinho Que Descobriu O Mar
Cristina Leão Braga da Cruz
 
Uma HistóRia De Cores
Uma HistóRia De CoresUma HistóRia De Cores
Uma HistóRia De Cores
Bé E Alice
 
Baleia franca
Baleia francaBaleia franca
Baleia franca
Sam Adam
 
Baleias 3º A
Baleias 3º ABaleias 3º A
Chapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aa
Chapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aaChapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aa
Chapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aa
SimoneHelenDrumond
 
Peixe que brilha_
Peixe que brilha_Peixe que brilha_
Abrigo Animal De Joinville
Abrigo Animal De JoinvilleAbrigo Animal De Joinville
Abrigo Animal De Joinville
Quel DoAlex
 
Carnaval ed. infantil vesp
Carnaval ed. infantil vespCarnaval ed. infantil vesp
Carnaval ed. infantil vesp
camilaegabriel
 
Grupo 5 baleia branca
Grupo 5   baleia brancaGrupo 5   baleia branca
Grupo 5 baleia branca
Daniel Pimenta
 
Animais Marinhos
Animais MarinhosAnimais Marinhos
Animais Marinhos
rebeldes
 
Critérios correcção 2010
Critérios correcção 2010Critérios correcção 2010
Critérios correcção 2010
aspalavrasdosucesso
 
Critérios correcção 2011
Critérios correcção 2011Critérios correcção 2011
Critérios correcção 2011
aspalavrasdosucesso
 
Sequência didática do e
Sequência didática do eSequência didática do e
Sequência didática do e
diretoriabraganca
 
Baleia jubarte
Baleia jubarteBaleia jubarte

Destaque (20)

O peixinho azul
O peixinho azulO peixinho azul
O peixinho azul
 
Evolução das Baleias
Evolução das BaleiasEvolução das Baleias
Evolução das Baleias
 
A BORBOLETA AZUL
A BORBOLETA AZULA BORBOLETA AZUL
A BORBOLETA AZUL
 
A Borboleta Azul
A Borboleta AzulA Borboleta Azul
A Borboleta Azul
 
6ano portugues 2005
6ano portugues 20056ano portugues 2005
6ano portugues 2005
 
Baleias
BaleiasBaleias
Baleias
 
O Peixinho Que Descobriu O Mar
O Peixinho Que Descobriu O MarO Peixinho Que Descobriu O Mar
O Peixinho Que Descobriu O Mar
 
Uma HistóRia De Cores
Uma HistóRia De CoresUma HistóRia De Cores
Uma HistóRia De Cores
 
Baleia franca
Baleia francaBaleia franca
Baleia franca
 
Baleias 3º A
Baleias 3º ABaleias 3º A
Baleias 3º A
 
Chapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aa
Chapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aaChapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aa
Chapeuzinho vermelho ensinando a cor azul, o número 1 e a vogal aa
 
Peixe que brilha_
Peixe que brilha_Peixe que brilha_
Peixe que brilha_
 
Abrigo Animal De Joinville
Abrigo Animal De JoinvilleAbrigo Animal De Joinville
Abrigo Animal De Joinville
 
Carnaval ed. infantil vesp
Carnaval ed. infantil vespCarnaval ed. infantil vesp
Carnaval ed. infantil vesp
 
Grupo 5 baleia branca
Grupo 5   baleia brancaGrupo 5   baleia branca
Grupo 5 baleia branca
 
Animais Marinhos
Animais MarinhosAnimais Marinhos
Animais Marinhos
 
Critérios correcção 2010
Critérios correcção 2010Critérios correcção 2010
Critérios correcção 2010
 
Critérios correcção 2011
Critérios correcção 2011Critérios correcção 2011
Critérios correcção 2011
 
Sequência didática do e
Sequência didática do eSequência didática do e
Sequência didática do e
 
Baleia jubarte
Baleia jubarteBaleia jubarte
Baleia jubarte
 

Semelhante a História da baleia

Uma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_net
Uma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_netUma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_net
Uma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_net
Maria Viegas
 
Algarve
AlgarveAlgarve
Teste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docx
Teste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docxTeste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docx
Teste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docx
Miranda Goreti
 
O peixinho que descobriu o mar
O peixinho que descobriu o marO peixinho que descobriu o mar
O peixinho que descobriu o mar
Ana Paz
 
050
050050
Pafericaolp2ciclo2005
Pafericaolp2ciclo2005Pafericaolp2ciclo2005
Pafericaolp2ciclo2005
Ana Pereira
 
Era uma vez uma praia atlântica
Era uma vez uma praia atlânticaEra uma vez uma praia atlântica
Era uma vez uma praia atlântica
Filipa Julião
 
A truta Mocha - 2ª Parte
A truta Mocha - 2ª ParteA truta Mocha - 2ª Parte
A truta Mocha - 2ª Parte
hcbmelo
 
Bocage 250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)
Bocage   250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)Bocage   250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)
Bocage 250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)
Biblioteca Esbocage
 
A Truta Mocha
A Truta MochaA Truta Mocha
A Truta Mocha
poletef
 
Português jfevereiro
Português jfevereiroPortuguês jfevereiro
Português jfevereiro
lveiga
 
6ª A Costa de Caparica que desconhecia
6ª A Costa de Caparica que desconhecia6ª A Costa de Caparica que desconhecia
6ª A Costa de Caparica que desconhecia
guestfab0cf
 
Património Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O Bombo
Património Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O BomboPatrimónio Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O Bombo
Património Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O Bombo
Artur Filipe dos Santos
 
Poesia Trovadoresca
Poesia TrovadorescaPoesia Trovadoresca
Poesia Trovadoresca
Maria Pereira
 
Caderno Pedagógico Cabo Frio
Caderno Pedagógico Cabo FrioCaderno Pedagógico Cabo Frio
Caderno Pedagógico Cabo Frio
jaquecgsouza
 
Apresenta20062007final
Apresenta20062007finalApresenta20062007final
Apresenta20062007final
fernandar
 
Costa de Caparica minha desconhecida
Costa de Caparica minha desconhecidaCosta de Caparica minha desconhecida
Costa de Caparica minha desconhecida
Ana Oliveira
 
Salinas de rio maior
Salinas de rio maiorSalinas de rio maior
Salinas de rio maior
Maria Ribeiro
 
Português jfevereiro
Português jfevereiroPortuguês jfevereiro
Português jfevereiro
Luis Veiga
 
História de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificado
História de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificadoHistória de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificado
História de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificado
MariajoosousaPadilha
 

Semelhante a História da baleia (20)

Uma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_net
Uma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_netUma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_net
Uma gaivota e_gato_ensinou_a_voar_obra_integral_net
 
Algarve
AlgarveAlgarve
Algarve
 
Teste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docx
Teste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docxTeste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docx
Teste 2A - 6.º Ano - novembro - 2023-2024.docx
 
O peixinho que descobriu o mar
O peixinho que descobriu o marO peixinho que descobriu o mar
O peixinho que descobriu o mar
 
050
050050
050
 
Pafericaolp2ciclo2005
Pafericaolp2ciclo2005Pafericaolp2ciclo2005
Pafericaolp2ciclo2005
 
Era uma vez uma praia atlântica
Era uma vez uma praia atlânticaEra uma vez uma praia atlântica
Era uma vez uma praia atlântica
 
A truta Mocha - 2ª Parte
A truta Mocha - 2ª ParteA truta Mocha - 2ª Parte
A truta Mocha - 2ª Parte
 
Bocage 250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)
Bocage   250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)Bocage   250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)
Bocage 250 anos, de 1765 ao séc xxi (3)
 
A Truta Mocha
A Truta MochaA Truta Mocha
A Truta Mocha
 
Português jfevereiro
Português jfevereiroPortuguês jfevereiro
Português jfevereiro
 
6ª A Costa de Caparica que desconhecia
6ª A Costa de Caparica que desconhecia6ª A Costa de Caparica que desconhecia
6ª A Costa de Caparica que desconhecia
 
Património Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O Bombo
Património Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O BomboPatrimónio Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O Bombo
Património Cultural - Instrumentos tradicionais Portugueses - O Bombo
 
Poesia Trovadoresca
Poesia TrovadorescaPoesia Trovadoresca
Poesia Trovadoresca
 
Caderno Pedagógico Cabo Frio
Caderno Pedagógico Cabo FrioCaderno Pedagógico Cabo Frio
Caderno Pedagógico Cabo Frio
 
Apresenta20062007final
Apresenta20062007finalApresenta20062007final
Apresenta20062007final
 
Costa de Caparica minha desconhecida
Costa de Caparica minha desconhecidaCosta de Caparica minha desconhecida
Costa de Caparica minha desconhecida
 
Salinas de rio maior
Salinas de rio maiorSalinas de rio maior
Salinas de rio maior
 
Português jfevereiro
Português jfevereiroPortuguês jfevereiro
Português jfevereiro
 
História de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificado
História de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificadoHistória de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificado
História de-uma-gaivota-e-do-gato-que-a-ensinou-a-voar simplificado
 

História da baleia

  • 1. Sérgio, António; Na Terra e no Mar; Sá da Costa Editora; Lisboa, 1ª ed; 1978
  • 2. Há muito, muito, muito tempo, vivia no mar a baleia, que comia peixes. Ainda ela, nesse tempo, podia comer peixes. Comia sardinhas e tainhas, gorazes e roazes, bugios e safios, pescadas e douradas, bacalhaus e carapaus. Todos os peixes que ia encontrando deitava-lhes a boca – ão!
  • 3. Por fim, só havia no mar um salmonete vermelhete, que nadava sempre atrás da orelha esquerda da baleia, para ela lhe não fazer mal.
  • 4. Um dia, a baleia pôs-se a pensar muito séria, e disse assim: - Tenho fome! E o salmonete vermelhete, com a sua voz muito agudita, disse à baleia: - Nobre e generoso cetáceo: já experimentou comer homens! - Não – respondeu a baleia – A que sabe? Como é? - Bom, mas traquinas – respondeu o salmonete vermelhete. - Então, vai-me buscar três dúzias deles – ordenou a baleia
  • 5. - Basta um de cada vez – disse o salmonete vermelho . - Se for à latitude 60 graus norte e longitude 40 graus oeste (isto, amigos, são umas palavras mágicas que o salmonete lá sabia) encontrará uma jangada feita de tábuas, e sobre a jangada um marinheiro náufrago, com calças de ganga azul, uma faca de ponta Aguda, e suspensórios encarnados ( não se esqueça dos suspensórios!). O marinheiro, devo dizer-lhe, é arguto, astuto e resoluto.
  • 6. A baleia, então, foi aonde lhe disse o salmonete vermelhete, e encontrou a jangada e o marinheiro. Aproximou-se, abriu a bocarra imensa, e engoliu a jangada e o marinheiro, com as calças De ganga azul, com a faca de ponta aguda e com os suspensórios encarnados ( nunca se esqueçam dos suspensórios!).
  • 7. E assim a baleia arrecadou tudo na despensa escura, quentinha e fofazinha, que tinha lá dentro do seu corpanzão. E como gostou, deu três estalos com a língua e três voltas sobre a cauda, levantando muita espuma.
  • 8. O marinheiro ( que era arguto, astuto e resoluto) mal se viu dentro da baleia, na despensa escura, quentinha e fofazinha, pulou, saltou, cambaleou, espinoteou, dançou, estrondeou tanto, tanto, tanto, que a baleia se sentiu com enjoos, engulhos e soluços (já se esqueceram dos suspensórios?).
  • 9. E disse a baleia ao salmonete vermelhete: - O teu homem é muito traquinas, e dá-me engulhos. Que hei-de eu fazer? - Diga-lhe que saia cá para fora – respondeu o salmonete vermelhete.
  • 10. E a baleia gritou pela garganta abaixo: -Saia cá para fora, homenzinho, e veja se tem juízo! - Isso é que eu não saio – respondeu o homem – Leve-me primeiro para a minha terra, e depois veremos o que se poderá fazer. E pôs-se outra vez a saltar, a pular, a espinotear e a rebolar.
  • 11. E a baleia nadou, nadou, nadou, dando à cauda e às barbatanas, mas sempre com soluços e muito enjoada. Quando avistou a terra do marinheiro, nadou para a praia, pôs a boca sobre a areia, abriu-a muito, e disse: - Cá chegámos à sua terra!
  • 12. O marinheiro, que era na verdade arguto, astuto e resoluto, tinha durante a viagem puxado da sua faca de ponta aguda, e cortado as tábuas da jangada em fasquiazinhas muito estreitas, que ligou muito bem com as tiras dos suspensórios ( bem lhes dizia eu que não se esquecessem dos suspensórios!) e fez com elas uma grade que empurrou, ao sair, contra a garganta da baleia.
  • 13. E, deixando a grade bem presa na garganta da baleia, saltou para terra e foi ter com a mãe, com a qual viveu muito contente.
  • 14. A baleia foi-se embora também muito contente, assim como o salmonete vermelhete; mas a grade é que nunca mais saiu da garganta da baleia. E por isso é que a baleia nunca mais pôde comer homens, nem meninos, nem peixes – nem sardinhas nem tainhas, nem gorazes nem roazes, nem bugios nem safios, nem pescadas nem douradas -, porque os peixes não podem passar pelas grades da garganta, mas só bichinhos pequeninos, como, por exemplo, as pulgas-do-mar.
  • 15. Pouco depois, o marinheiro casou e viveu muito feliz; tinha em casa as calças de ganga azul e a navalha de ponta aguda; mas não tinha os suspensórios, porque esses ficaram a atar a grade, muito apertada, que só deixa passar bichinhos pequeninos – como as pulginhas do mar – na garganta da baleia De um conto de Kipling
  • 16. BIBLIOTECAS ESCOLARES AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE CORUCHE Agrupamento de Escolas de Coruche Biblioteca Escolar da Escola Básica de Coruche Clube de Leitura: Professora Bibliotecária: Teresa Montoia Alunos: Filipa Borges – 3º B João Miguel Silva – 4º A Mariana Caro – 3º C Margarida Pinóia – 3º D Matilde Miranda – 3º C Matilde Macharréu – 3º C Maria Madalena Tadeia – 3º C Mikaela Pasqualotto – 3º C Raissa Santos – 3º C