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Exame de História da Igreja Contemporânea 2018: compilação das aulas.
O ILUMINISMO, A REVOLUÇÃO FRANCESA, A RESTAURAÇÃO
1. O Iluminismo
O nosso programa inicia com a revolução francesa e para tal é necessário que
falemos de um movimento intelectual que marca o século XVIII que é o movimento das
luzes também conhecido por iluminismo. Deste modo, consideramos que o iluminismo
marca os anos setecentos, todavia as suas raízes não se encontram só neste século e daí
que tenhamos de recuar um século antes para encontrarmos as raízes desta corrente em
outras linhas de pensamento como são o racionalismo e o empirismo. E falamos destes
dois movimentos porque se, principalmente em França, o iluminismo assume uma
dimensão de critica a certos aspetos do cristianismo – quando lemos a obra de Voltaire
isso é bastante visível – o iluminismo na sua versão original não possui esta matriz muito
devido ao facto de racionalismo e empirismo serem protagonizados por homens ligados
à Igreja Católica, como é disto exemplo Descartes.
Na verdade, racionalismo e empirismo irão, conjuntamente, potenciar a ideia de
progresso que é uma ideia na corrente iluminista, que possui as suas origens em Inglaterra,
na Alemanha, mas, igualmente, na França, muito embora em cada um destes estados
assuma variantes específicas, sem que tal tenha impedido a sua expansão para a restante
europa. Com efeito, o seu grande objetivo era permitir que a felicidade chegasse a todos
e para que tal fosse possível era necessário que o ser humano fosse arrancado das trevas
em que se encontrava, trevas essas causadas pelo clima de ignorância, fanatismo,
superstição e erro e dai a representação gráfica com base na figura de um sol que nos seus
raios permite que o sorriso chegue a todos através do progresso, ideia que teria o seu fim
na I Guerra Mundial. Consideravam também os iluministas que este clima de
obscurantismo era potenciado por um contexto conectado com o que eles denominavam
instituições tradicionais: Igreja Católica e a Sociedade de ordens alimentada por um
estado absolutista.
São, portanto, estas instituições que teriam de ser colocadas em causa a partir da
materialização dos princípios do iluminismo; princípios esses que Montesquieu, Voltaire,
Rosseau vão considerar a base do movimento.
(1) A Razão é o guia para chegar à verdade e só a razão podia permitir à
humanidade se libertar das instituições como a monarquia absoluta;
2
(2) Devia imperar na sociedade a ideia de progresso (futuro) capaz de libertar
do erro;
(3) A sociedade devia organizar-se de modo a que todos, e não unicamente os
privilegiados, fossem felizes (Muitos destes homens irão estudar outras organizações
sociais para provar que outras estruturas podem possibilitar a felicidade);
(4) Incremento do clima de tolerância impondo o espirito de igualdade e
liberdade;
Para tal era necessário:
(1) Pôr termo aos privilégios ligados à classe de ordens que, na sua maioria,
resultava do seu nascimento. Segundo alguns, isso não era suficiente, pois era necessário
pôr termo a este clima de sociedade que gera desigualdade naturalmente;
(2) Terminar com o sistema da monarquia absoluta por ser um regime abusivo,
contrário aos princípios que defendiam, sendo que devia dar lugar a uma monarquia
moderada, onde os poderes estariam nas mãos de diferentes organismos, protegendo o
povo que se devia rever nos seus representantes;
(3) Pôr termo a perseguições e pressões religiosas (ex: Luís XIV) promovidas
por um Estado que via a Igreja como um dos seus departamentos;
(4) Necessidade de apostar numa nova educação;
Assim sendo, algumas destas ideias serão postas em prática por alguns monarcas
não sendo esta uma regra geral, apesar de haver intensa correspondência entre ambos os
lados da discussão1.
Ora, estas ideias circularam por toda a europa sendo desenvolvidas por vários
mecanismos: de nomear de forma especial as academias – que prosperam nesta altura – e
a maçonaria – que tem as suas origens na idade média, mas que é, à época, reestruturada
na Inglaterra, reunindo filósofos e homens da nobreza. A par destas temos, igualmente, a
enciclopédia, dirigida por Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert, organizada entre
1751 e 1762, e que permite a circulação deste movimento ao coligir artigos dos
pensadores mais renomados deste período sendo divulgada por todo o continente com
1 Muitos dos iluministas eram parte integrante da nobreza e do clero, como é disto exemplo Montesquieu,
criticando os privilégios e a existência das ordens.
Uma outra nota: O iluminismo, mesmo apesar da ideia comum que o vê como um movimento de ataque à
Igreja, é-o em França, pela mão de alguns autores, pois ele nasce, também, no seio eclesial. Todavia, esta
corrente modificará efetivamente a ligação Estado-Igreja e Igreja-Sociedade de forma indelével, mesmo
que esse não fosse o seu horizonte originário fundado por Hume, Locke, Leibniz.
3
conhecimentos dentro dos paradigmas iluministas. Por fim podemos ainda nomear,
mesmo que de forma mais informal, os cafés e os salões que, na altura, animavam o
ambiente social.
Todavia, podemos destacar, de igual modo, três grandes potenciadores deste
desenvolvimento: Jean-Jacques Rosseau – que considerava que o ser humano nascia
naturalmente bom e que a sociedade é que o corrompe, apontando, semelhantemente, que
este possui uma vontade individual que deve sufragar à vontade geral através do contrato
social – Voltaire – defende as ideias da liberdade, da igualdade e da tolerância, que
deveriam ser instauradas por reformas que visavam o estado mas também a Igreja –
Montesquieu – propõem uma monarquia moderada e de base censitária, posto que o
regime francês tinha conduzido a uma série de abusos e que por isso era necessária a
separação dos poderes e a eleição de representantes mesmo que nem todos estivessem em
condições para tal.
2. As Revoluções pré-liberais
Com efeito, é nesta base que nasce o século das revoluções – séc. XIX – que virá
à luz não só a partir destes homens, mas também devido a duas revoluções que se
desenvolvem no século XVIII: a revolução americana, desenvolvida já na segunda
metade do séc. XVIII, entre os futuros E.U.A. e a Inglaterra, e a revolução francesa,
produzindo-se mudanças a nível cultural, social e económico que deixaram lastro especial
na Igreja Católica, pois não só a Igreja protestante não estava implantada de forma intensa
na França, como os monarcas tinham sido duros para com os opositores ao catolicismo,
com o objetivo de defenderem a si próprios, mas também porque este movimento nasce
num país maioritariamente católico e porque se expande a outros mesmo nas suas
consequências mais posteriores como sejam as invasões napoleónicas (ex: Portugal).
Deste modo, ouve mudanças ao nível eclesiástico, ao nível da posição e postura papal e
episcopal face à sociedade, e de igual modo, na ligação Igreja-Estado e Estado-Sociedade.
2.1 Revolução Americana
No entanto, é comum menosprezarmos a importância da Revolução Americana
para todo o que temos vindo a falar, em particular, para a sua relação com a Igreja
Católica, o que é, na verdade, um erro. Efetivamente, havia à muito tempo um desejo
independentista na colónica americana à espera de um motivo que desencadeasse ações
concretas, algo que ocorre com o aumento dos impostos por parte da Inglaterra sob o chá,
4
o papel selado e o açúcar dando origem ao episódio do Boston Tea Party que, gerando
uma reposta militarizada por parte dos ingleses, leva à Declaração de Independência de
Filadélfia em 1776 e esta à criação de um exercício de resistência, apoiado pela França,
e comandado por George Washington que se envolverá num conflito que só terminará em
1781 no Tratado de Versalhes que abre caminho à Constituição americana, em 1787,
onde, pela primeira vez, estão plasmados os princípios iluministas como a republica, a
separação de poderes, a soberania popular, a liberdade, a tolerância religiosa e a
igualdade, mas também a impossibilidade da orientação religiosa interferir no modo de
governo do estado.
2.2 Revolução Francesa
Assim, o facto de a Constituição Americana ter permitido à Europa mostrar
que era possível ter um regime segundo os princípios iluministas vai alimentar estas ideias
e fazer com que elas tenham mais apoiantes, em especial, a partir dos anos oitenta do séc.
XVIII, ao que podemos juntar um contexto favorável a uma revolução: nesta altura o
clima – viviam os invernos podres que dificultavam a agricultura – e a economia – assente
numa sociedade de ordens tradicional, na agricultura simples com pequenas tentativas
industriais – não estavam a ajudar a frança, tudo isto a par da importação de produtos
ingleses que desagradava ao terceiro estado onde estava a burguesia que tentava alavancar
o processo industrializador. E reparemos que desde os anos setenta do séc. XVIII as ideias
iluministas atingem um elevado grau de expansão, durante a década de oitenta do mesmo
século os invernos tornam-se mais rigorosos com consequência na produção dos cereais
e, sequencialmente, no preço do pão, aumentado a fome e a pobreza. Da mesma forma, a
balança comercial francesa está cada vez mais descontrolada, dado o estado estar na frente
de batalha, por exemplo na Guerra dos 7 anos e a Guerra da independência, e a corte viver
num mundo a parte, favorecendo a entrada das ideias iluministas no terceiro estado. Nesta
altura, ninguém coloca ainda em causa o fim da monarquia absoluta, mas o pagamento
de impostos por parte dos grupos privilegiados, algo para o qual Luís XVI não avança,
mesmo perante o conselho dos seus ministros e as dificuldade trazidas pela primavera de
1788.
Contudo, quem se opõe a esta situação é Charles Alexandre Calonne que
apresenta esta proposta a um grupo de notáveis que a recusam afirmando estes que o
pagamento de impostos por parte da nobreza só é possível se aprovado em estados gerais
que são convocados por Luís XVI em 1789 e vai agendá-los para 5 de Maio. Para que tal
5
ocorresse era necessário que houvesse eleições para a escolha dos vários representantes,
algo que se dá em simultâneo com a recolha de questões a ser debatidas em estados gerais.
São, entretanto, escolhidos cerca de 1000 deputados para os estados gerias sendo a sua
maior parte pertencentes ao terceiro estado.
Ora, à partida há dois grandes problemas: 1) em primeiro lugar, o rei apenas quer
discutir as reformas financeiras para a França enquanto todos os outros grupos queriam
debater as queixas; 2) em segundo levanta-se a questão: como vamos votar as decisões?
(Rei e grupos privilegiados: por estado; terceiro estado: por cabeça). Dado o impasse, em
junho de 1789 o terceiro estado, representando 98% da população, constitui assembleia
nacional comprometendo-se a elaborar um constituição passando o baixo clero para o
terceiro estado inclusive alguma nobreza, que a 9 de julho passa a chamar-se constituinte.
Ao mesmo tempo, o povo está nas ruas a queimar documentos ligados ao feudalismo, a
atacar castelos, conventos, palácios, pilhando e roubando, tomando a Bastilha2 de 14 de
Julho de 1789, levando a um clima de anarquia até o início de séc. XIX e que inclui o
período do terror.
A assembleia nacional, neste sentido, tomando consciência do que se esta
a passar decide tomar medidas que são símbolo que uma nova era estava a nascer não só
na França, mas também na Europa: a 4 de Agosto de 1789 a assembleia declara o fim do
feudalismo em França, ou seja, o fim de taxa, de dízimos e privilégios, mas sem um forte
período de contestação. Em consequência, a 26 de Agosto do mesmo ano é aprovada a
Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão que servirá de preambulo da primeira
constituição francesa, significando que França estava com as ideias iluministas, sem
caminho de retorno rumo a uma monarquia constitucional (não se queria uma republica)3.
Neste processo, o clero não esteve contra, apoiando a ideia de uma
reforma, dado ser conhecedor dos acontecimentos americanos, da condição precária de
muitos dos seus membros e da miséria que aumentava entre o povo, mesmo que se
obrigasse a um pagamento de impostos. Na verdade, é o clero que desbloqueia a situação
política criada nos estados gerais pela passagem do baixo-clero para o terceiro estado,
mas convém notar que dentro desta assembleia estavam homens que defendiam o
jansenismo ou o galicanismo sendo muito parco o número de membros vigorosamente
adversários da Igreja, considerando-se até que esta como elemento chave pelo papel da
2 Local para onde eram enviados todos os inimigos de uma França absolutista.
3Nesta sequência, Luís XVI toma, igualmente, decisões erradas: dispensa ministros populares, recorre a
mercenários para guardar Versailles, acabando por despoletar a revolta.
6
Igreja na assistência aos mais desfavorecidos e na comunicação, ao povo, das medidas
tomadas em assembleia.
Porém, a situação altera-se em novembro de 1789, quando a assembleia
decide nacionalizar os bens a Igreja Católica pois a situação económica continuava a ser
difícil, ao mesmo tempo que se caminha para a extinção das ordens religiosas, medidas
depois tomadas por outros estados europeus. Todavia, até então o clero francês está do
lado da revolução, algo que terminará aquando do aumento do poder do estado sob a
Igreja.
2.3 De 26 de Agosto do 1789 à Nacionalização da Igreja Francesa
Como vimos, a 26 de Agosto 1789 é votada a declaração dos direitos do homem
e do cidadão que é o preâmbulo para a constituição francesa. Nessa declaração estão
patentes os ideais iluministas da igualdade, fraternidade e liberdade, que são muito
condizentes ao cristianismo que não se opõe, mesmo que, neste clima, próprio do contexto
revolucionário, não se identificam estas ideias com cristianismo, sendo relevante notar
que são muitos os membros do clero a participar na declaração dos direitos do homem.
Ora, tudo isto acontece no contexto de assembleia nacional com membros afetos
ao galicanismo, alguns homens que defendem Igreja nacional e afastada de Roma. Porém,
o clero considerava que a França precisava de uma reforma, revolução. A própria
assembleia nacional era católica, mesmo que associada a algumas ideias do galicanismo.
Na verdade, considerava-se nesta época logo após a revolução que a ação da Igreja era
necessária pela sua ação no campo da educação, aos mais pobres e doentes, considerando-
se que o clero seria veículo transmissor e explicador destes novos ideiais revolucionários.
Nesta fase há, aliás, boa relação entre a Igreja e assembleia nacional.
Contudo, a situação altera-se a partir de Outrubro/Novembro 1789 porque apesar
destas medidas tomadas pela assembleia, a crise económica em França mantém-se.
Assim, avançam com nacionalização dos bens da Igreja católica. Convém destacar que
Igreja tinha 1/6 do património de toda a França, que ficarão nas mãos dos elementos do
povo mais enriquecidos e burguesia endinheirada. Nunca mais a Igreja irá reaver na
totalidade este património que se agrava visto que todos os países com ideais da revolução
francesa vão tomar esta posição.
De facto, será o estado agora a suportar os custos da manutenção da Igreja
católica. O estado toma conta da Igreja e vai levar a cabo uma reforma e reorganização
da Igreja para poder suportá-la. Vai fazê-lo através da constituição civil do clero a 12
7
julho 1790 com abalo do rei Luís XVI a 24 de Agosto, embora não fosse a sua vontade
pessoal: existe uma constituição que o clero deve seguir; a reorganização visava
minimizar os custos e reorganizar as dioceses que deviam coincidir com os departamentos
civis (130 dioceses para 83); há paróquia que são extintas; procura-se regularizar os
honorários dos membros do clero; criam-se regras para bispos e padres; os bispos são
obrigados a residir nas suas dioceses; os padres não se podiam ausentar mais de 15 dias
da paróquia. Ao mesmo tempo, bispos são eleitos por uma espécie de comissões
compostas por ateus, anti-clericalistas, ou seja, indivíduos sem ligação à Igreja católica.
Efetivamente, com base neste conjunto de medidas os Bispos não podiam tomar decisões
sozinhos e devem estar em comunhão com o Papa, mas não tinham de estar totalmente
debaixo da sua alçada.
No entanto, é correto afirmar que vários elementos do clero concordam com a
ideia de reorganização e disciplina, mesmo que algumas delas interfiram no
funcionamento da Igreja, dado que rendimentos são abalados, muitas paróquias
desaparecem e os membros do clero são escolhidos por comissões o que choca a própria
Igreja, inclusive aqueles que num primeiro momento concordaram com nacionalização
dos bens da Igreja e extinção das ordens religiosas em França, até porque, com já
afirmamos, estas medidas foram seguidas pelos estados satélites conquistados pelos
franceses.
2.4 Do desejo ultra-montano ao período do terror
Quando este mesmo clero verifica, em 1790, o rumo das circunstâncias, a
assembleia queria mais medidas para limitar a liberdade da Igreja, respondendo esta com
a não aceitação das propostas e com um olhar mais voltado para Roma, da qual se tinham
afastado num primeiro momento, o que leva o Bispo de Laprovance a determinar que é
anti constitucional o estado francês intrometer-se na vida da Igreja sem sínodo nacional
ou autorização do Papa.
Todavia, a assembleia não aceita sínodo, nem a intervenção do Papa porque
considera que isso seria pôr em causa a constituição civil do clero e alimentar ideias
contra-revolucionárias que ainda continuavam presentes mas, como a revolução não foi
aceite por toda a população havia movimentos de resistência, alimentados pelas potências
absolutistas.
Com efeito, em 1791 é realizada uma exposição sobre os princípios da
constituição civil do clero, reforçando-se a anti-constitucionalidade do documento pois
8
mexia no funcionamento do clero Francês e passava por cima do Papa Pio VI. Esta
exposição é enviada para o Papa Pio VI para lhe mostrar que o clero francês considerava
anti-constitucional um documento que interferia no funcionamento da Igreja e que, para
sobre a qual não tinha sido consultada.
Na verdade, isto é manifestação de um ultra-montanismo, um regresso a Roma,
para lá dos montes, como desejo de reaproximação. Intervenção que não surtirá efeito,
pois a assembleia indica que constituição civil do clero era para cumprir. Em
consequência, em Avignon há uma série de revoltas contra o Papa e na maior parte das
dioceses as reformas da constituição civil não estavam a ser levadas a cabo: paróquias
vazias, os representantes não estavam a ser eleitos e verificam-se confrontos entre
católicos e protestantes.
Nesta linha, a assembleia entende que é necessário tomar uma posição mais forte
que consistirá num juramento da constituição civil do clero (Novembro 1791). A
obrigatoriedade deste juramento leva ao fim de uma unidade que tendia a existir entre o
clero e o movimento revolucionário. Entra-se uma espécie de guerra civil: um cisma em
França. Os católicos que não seguiam esta constituição passam a ser perseguidos e para
se protegerem muitos deles vão integrar movimentos contra revolucionários. Maior parte
do clero francês não jura esta constituição e o Papa Pio VI determina que quem jurar esta
constituição será excomungado e verifica-se um verdadeiro cisma, formando-se 2 Igrejas:
a Igreja que jura a constituição e integra uma Igreja do estado e todos aqueles que rejeitam
jurar a constituição que são espécie de rebeldes, dão origem a uma Igreja refratária, unida
a Roma.
Até finais de 1791 estes membros da Igreja rebelde vão conseguindo de forma
clandestina ter alguma liberdade para existir. Porém, finais de 1791 com nova assembleia
e o tom mais anti-clerical leva a posições mais fortes face ao clero rebelde que começará
a ser perseguido, agudizando-se a perseguição em 1792.
Ora, França e os movimentos revolucionários vão tendo vários inimigos e
derrotas por parte dos austríacos. Assim, França vai endurecer a posição contra aqueles
que a nível interno são contra as ideias revolucionários, visto considerar que estes
inimigos internos dão força aos inimigos externos, começando a identificar estes
membros rebeldes com os movimentos contra revolucionários, mas, na verdade, muitos
católicos sentem proteção dentro destes movimentos, algo natural e instintivo, porque
muitos membros do clero fazem parte destes grupos e neste ano de 1792 obriga-se à saída
9
de 40000 sacerdotes da França, sendo que, os que não abandonaram o pais se viram numa
situação mais difícil e insegura.
Contudo, esta insegurança aumenta em 1793. Aqui a situação é muito difícil, em
particular para a Igreja rebelde. Situação piora em Setembro deste ano quando a França
vive os chamados massacres de Setembro. Centenas de sacerdotes foram executados,
França entra numa fase de ódio e terror com Igreja a ser alvo de perseguição. Entre
Setembro de 1793 e Julho de 1794 a França vive o chamado período do terror que só
terminará com a morte de um dos protagonistas do terror: Robespierre, e que foi um
verdadeiro banho de sangue a membros do clero e, neste sentido, outros tentaram viveram
na clandestinidade, mas nem a Igreja constitucional, que tinha jurado a constituição estava
a salvo.
Neste movimento revolucionário encontra-se vários grupos: mais moderados
(girondinos), mais radicais (Jacobinos) dentro dos jacobinos ainda há mais radicais
(montanheses), que vão exercer o poder durante este período, com o objetivo de tentar
aniquilar o catolicismo fazendo-o substituir por uma espécie de Igreja nacional, uma
teofilantropia, com cultos que se queria impor com a destruição dos cultos católicos. Mas,
todavia, isto não foi alcançado, apesar de várias medidas, o que levou a que esta onda de
violência servisse para que muitos franceses clamassem por uma restauração do
absolutismo.
Assim, entre as medidas contra a Igreja verifica-se o confiscar de todos os bens
da Igreja, os honorários dos clérigos são abolidos, incentiva-se à destruição de Igrejas e
capelas, as cidades e aldeias são incentivadas a fechar as capelas e Igrejas, assiste-se à
legalização do divórcio, regista-se uma secularização do registo das etapas da vida dos
franceses (batismos, casamentos, funerais em realizado o registo por parte do estado).
2.5 O Pós periodo de terror: a ascensão de Napoleão
Porém, é melhor clarificar a ação dos montanheses: estes criaram uma espécie
de comité de salvação pública que vai, por pressão popular, levar a cabo uma série de
medidas que acabam por ser fatais para o próprio comité. Eles vão procurar tabelar os
preços dos bens essências à população, tomar conta de todos os bens de membros da
nobreza, partindo-os em parcelas que atribuem a população (tomadas à força), medidas
sociais de apoio aos desempregados e ao pobres que não agrada à alta burguesia.
Efetivamente, dentro dos próprios revolucionários existiam diferentes grupos, e algumas
dessas medidas de carater mais social provocam desagrado na alta burguesia que tinha
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sido responsável pelo movimento revolucionário, sentindo-se a necessidade de depor
estes radicais, começando um clima de mortandade visto o ambiente de desconfiança dos
radicais uns contra os outros, que terminará com a morte de Robespierre cessando o
período de terror e do comité.
Na verdade, este banho de sangue não ajudou ao movimento revolucionário.
França evidenciava necessidade de paz e estabilidade e os inimigos absolutistas da Europa
estavam contra a França de forma mais acentuada.
Deste modo, a partir de 1795 França vive um período de certa acalmia. Por
algum tempo a Igreja em França pode respirar. Neste ano a assembleia determina a
separação entre a Igreja e Estado e determina a liberdade de culto. A Igreja denominada
de refretaria e rebelde, fiel Roma pode sair da clandestinidade (Fevereiro de 1795). As
Igrejas encheram na Quaresma de 1795, porém o cisma continuava, a França continuava
com duas Igrejas. Entre 1795 e 1801 existiram vários sínodos na tentativa de uma se
sobrepor face à outra. A partir de 1797 a França volta a conhecer período de derrotas e
oposição das potências externas. Mais uma vez teme-se que estes adversários tivessem
aliados internos contra-revolucionários, pelo que estes aliados serão identificados com a
Igreja. Volta-se a uma posição mais dura contra a esta. Mesmo num o clima de liberdade
de religiosa, a partir de 1795 nota-se que a França acaba por impor a parte da Europa as
suas ideias e ações contra a Igreja católica. Apesar dos girondinos (alta burguesia
francesa) terem tomado o poder e rebatido algumas ideias dos montanheses, não
conseguem trazer a prosperidade e a paz à França.
Neste período a França passa a ser governada pelo diretório (5 dirigentes) em
que França passa a ter uma nova comissão, numa nova tentativa para alcançar a paz. No
entanto haverá uma espécie de liga internacional (estados absolutistas) que tentam conter
ideias revolucionárias e também o inimigo histórico, Inglaterra, fará frente aos franceses.
O diretório criado pelos girondinos não resulta e em termos económicos tudo
está pior: a inflação aumenta, os inimigos da França fazem pressão contínua e o povo
francês mostra-se cansado face a esta situação. Perante tudo isto, a única instituição que
parece credível em França é o exército. Em 1799 vão levar a cabo um golpe e estado, que
vai colocar no poder Napoleão. Na verdade, por detrás do golpe de Estado pelo qual
Napoleão chega ao poder está o apoio do exército e da alta burguesia.
Com efeito, Napoleão governou em dois períodos distintos: 1) A fase do
consulado que governa a França com dois cônsules; 2) Fase do império em que governa
como verdadeiro imperador e foi coroado pelo Papa Pio VII em 1801, embora esta seja
11
uma Auto coroação o que dificultará as relações entre Napoleão e a Igreja. Por outro lado,
convém não esquecer que esta ascensão de Napoleão acaba por de certo modo pôr em
causa as ideias da revolução francesa, visto que o poder fica concentrado nas mãos de
apenas um homem, apesar de ter outros instrumentos.
Ora, antes de assumir o poder, Napoleão4, com outras forças militares, foi
responsável por uma pacificação interna externa a partir de 1796. Nesta circunstância,
França leva a cabo uma política expansionista que avança sobre Itália, pedindo a Pio VI
um resgate, ao qual este tenta aceder. Todavia, mesmo pagando este resgaste os franceses
avançam sobre Itália e instituem uma República Italiana. Em consequência, o papa é
obrigado a abandonar Roma e o exército napoleónico destrói tudo o que envolve a Igreja.
Uma parte do clero italiano até aceita a república italiana, porém quando verifica a
perseguição e a guerrilha dos exércitos franceses, o próprio clero luta contra os franceses,
à semelhança de países como Portugal, Espanha, Bélgica… Nestes países conquistados
os católicos são perseguidos e identificados com ideias anti-revolucionárias.
Dá-se, entretanto, a morte de Pio VI e em Veneza, sob proteção austríaca, há a
eleição de um novo Papa com outra atitude (Pio VII). Por outro lado, Napoleão dará uma
certa estabilidade em França e que os franceses vão apreciar, levando a cabo várias
reformas: criação dos liceus, reformar as finanças, cria moeda mais forte, primeiro banco
criado, estabelece tratados de paz com os inimigos externos, restabelece relação com
Papado com a concordata de 1801, procura estabilidade interna, promulgado código civil
que materializa valores da igualdade, fraternidade e liberdade, potenciando ainda uma
política de modernização da França, obras públicas, pontes, jardins.
Este período de Napoleão, todavia, fecha com uma era anterior, pois
declaradamente, Napoleão nunca enfrenta a Igreja católica, marcando-se o fim do regime
absolutista e a materialização da época das luzes, mesmo que há quem considere que o
antigo regime só terminará em 1830, pois após a queda de Napoleão há uma restauração
da monarquia.
Ora, Napoleão consegue pôr fim ao Cisma presente na Igreja católica em França,
fim à divisão refratários e igreja constitucional. No entanto, os problemas com a Igreja
Católica não terminam, mesmo após a assinatura da concordata dado que Napoleão fará
um conjunto de exigências que colocam em causa a própria concordata, conseguindo
4 Para este a religião era um agente da lei.
12
impor a sua autoridade mas não eliminando o desejo de restauração por parte de alguns
franceses.
Neste sentido, o garante da paz social e certa segurança a nível interno é
alcançado pela religião, daí a procurar de uma aproximação com Roma. Napoleão irá
inclusive escrever uma carta ao Papa Pio VII a indica que a França está disposta a proteger
a Igreja católica, visto que também o Papa desejava a paz. Como tal, estão de acordo para
assinatura da concordata. É, neste contexto, permitida a abertura de Igrejas e capelas nas
mãos de um clero que volta a ter os seus direitos e rendimentos, dá-se o regresso da
liturgia romana a França e a permissão aos católicos de poderem demonstrar a sua fé
publicamente, determina-se que todos os cultos revolucionários montanheses
desaparecem.
Contudo, Napoleão não é de confiança, pois assina a concordara e a seguir junta-
lhe os artigos orgânicos que impõem certas determinações que colocarão em causa a
própria concordata. Esses artigos indicam que nenhum documento de Roma pode entrar
em vigor em França sem passar pelo crivo do imperador, que a abertura de seminários
eram controlada por Napoleão, que nenhum representante de Roma pode exercer
jurisdição em França sem a autorização do imperador, que nenhum sínodo ou concilio
nacional que nenhuma festa pode ser realizada no território francês sem autorização do
imperador, não sendo clara a questão do divórcio e, nesta linha, continua a prevalência
do contrato civil do matrimónio sobre o religioso e os membros do clero tanto podem
recorrer a tribunais eclesiásticos como civis. De salientar ainda que o clima politico e
religiosa, colocava em pé de igualdade o catolicismo e protestantismo.
Ora, Napoleão vai querer associar estes artigos à concordata, não obstante estes
colocarem em causa a própria concordata. Nenhuma das partes ficou satisfeita com a
própria concordata. Mas, em última análise, o vencedor é o papa porque restabelece-se a
Igreja em França, apesar dos artigos orgânicos. Na verdade, o Papa ainda tinha a
esperança de através do encontro pessoal amolecer Napoleão e mudar alguns dos artigos,
encontro esse que acontece aquando da coroação em 1804.
Contudo, Napoleão era cínico, estando patente a ideia de um certo galicanismo
nestes artigos orgânicos. A questão da liberdade de culto a Igreja não vai fazer mais nada,
mesmo na época da restauração. O papa vai com a ideia de conseguir mudar as ideias de
Napoleão, retirando alguns artigos. Porém, não consegue. Efetivamente, é calorosamente
recebido pela população, mas friamente acolhido por Napoleão que lhe pede para ficar
13
em Paris ou Avignon, tendo o Papa recusado este convite. Napoleão deixa-o partir para
depois avançar sobre Roma.
A partir de 1801 existem novos protagonistas na história francesa5. Napoleão é
coroado imperador a 2 de Dezembro 1804.
Face ao convite de Napoleão para o Papa permanecer em França após a sua
coroação, o Papa Pio VII afirma não estar disponível para permanecer em França e parte
para Roma. Napoleão deixa-o partir mas mal ele parte ameaça rasgar a concordata e exige
ao papa Pio VII que aceite os artigos orgânicos, assim como um patriarca próprio para a
França e que o colégio cardinalício tivesse 1/3 de cardeais franceses. Pio VII não vai ceder
e acabará prisioneiro de Napoleão. Isto acontece em 1804.
Em 1806 a França era senhora e dona de parte da Europa, embora existisse uma
espécie de coligação (Aústria, Prússia, Rússia, Suécia) contra a França. Napoleão tentou
invadir alguns destes estados absolutos.
Por outro lado, continua a existir um estado que foge ao controlo de Napoleão e
que este não consegue controlar: Inglaterra. Por isso, Napoleão tenta que a Europa
bloqueie a Inglaterra em termos económicos, visto não conseguir em termos de território.
Napoleão tem a Europa nas suas mãos e vai impor a Pio VII a exigência de aderir ao
bloqueio continental. Porém, Pio VII diz que a posição do papado é neutra. Em resultado
disto, Napoleão recorre ao uso da força e invade Itália. Pio VII excomunga Napoleão.
Napoleão recorre à força, invade os estados pontifícios e vai fazer de Pio VII seu
prisioneiro. Os cardeais são obrigados a partir para Paris. Napoleão tratou o Papa de forma
desumana. Estes atos de Napoleão eram do conhecimento geral, pelo que os católicos
identificam-se com o Papa e retiram o seu apoio a Napoleão. O Papa continua, apesar de
prisioneiro, a resistir e a enfrentar Napoleão. Napoleão indica uma série de bispos para
dioceses vazias e Pio VII recusa-se a aceitar. Napoleão avança para um segundo
casamento, pelo que necessita da anulação do primeiro casamento. Consegue-a, mas
grande parte dos cardeais romanos não estão presentes nessa cerimónia. Napoleão vai
mais longe convocando um concílio em Paris chamando representantes da Igreja, tendo
com objetivo controlar a Igreja católica. Porém, não consegue porque alguns participantes
desse concílio exigem a libertação de Pio VII.
Napoleão sente que a situação está a fugir do seu controlo e acaba por dissolver
o concílio, agendando um outro para tentar controlar a Igreja. Pio VII continua preso. Em
5 Nesta fase, os católicos vão poder professara sua fé publicamente desde que isso não afete a estabilidade
e o clima de paz da França, Papa volta a controlar o clero.
14
1812 Pio VII é transferido para piores condições. Nesta fase, a França vê-se numa
situação complexa em termos militares pois avança sobre a Rússia e acaba por perder,
ficando muito fragilizado. Em consequência, Napoleão regressa com vontade de ser mais
simpático com o Papa Pio VII e diz-lhe que está disposto a encontrar-se com ele, a reatar
relações, a fazer uma nova concordata e a restituir parte dos estados pontifícios ao Papa.
O Papa responde que isso não é uma questão de negociação, mas sim uma
questão de justiça. Papa não se vai vergar perante Napoleão. A justiça é que tudo seja
devolvido na totalidade, aquilo que foi tirado na evasão de 1808. Gera-se um impasse e
entramos no ano de 1814. A situação de Napoleão torna-se mais difícil, vendo-se obrigado
a libertar o Papa e a restituir os estados pontifícios, embora não na totalidade. Entretanto
perde no campo de batalha contra as forças coligadas (potências absolutistas). Napoleão
é obrigado a exilar-se na ilha de Elba. Os inimigos de Napoleão pensavam que ele estava
anulado, mas ainda ressurgirá. Napoleão acaba por cair no próprio contexto que criou.
Após isto, é restaurada a monarquia constitucional na França e assume o poder
o irmão mais novo de Luís XVI, Luís XVIII. Homem apaziguador, algo consensual. Mas
o contexto é que sobe ao poder é adverso. Adverso porque Napoleão ao longo do tempo
afastou-se daquilo que era defendido pelos iluministas, pelo que muitos deixaram a
França. A França gerou muitos emigrados que agora encontram terreno para regressar e
vêm reivindicar o que era seu. Os nobres viram os seus bens tomados e vêm reivindicá-
los. Provocam um clima de grande instabilidade e o monarca Luís XVIII não vai
conseguir fazer face.
Por outro lado, o exército Napoleónico era de grande dimensão, mesmo apesar
de enfraquecido, pelo que a opção foi desmantelar esse exército e mandar esses homens
para a reforma com rendimentos reduzidos. Com efeito, estes homens revoltaram-se e
com armas provocaram violência. Estas forças antagónicas contra Luís XVIII e a favor
de Napoleão fazem com que Napoleão regresse ao poder, ainda que por pouco tempo.
Porém, irão surgir os ingleses que vão derrotar Napoleão na batalha de Waterloo
em 1815 que é derrotado e vai exilado para a ilha de Sta. Helena. Quem vai dar a mão a
Napoleão e à sua família é o Papa Pio VII. Vai permitir que estes fiquem em Itália.
A partir da queda de Napoleão, este será vigiado pelos ingleses para que não
volte a acontecer um novo ressurgimento. A França irá viver o período de restauração da
monarquia e também da própria Igreja que agora tinha condições para existir
pacificamente.
15
2.6 De Luís XVIII a Carlos X
Quando cai Luís XVIII surge Carlos X. Carlos X podia ter governado em paz se
não tivesse tomado decisões erradas e polémicas. Desde 1789 até 1815 há uma série de
acontecimentos que marcam a França e a Europa que têm um grande impacto na Igreja
Católica. Nota-se claramente que um dos princípios imposto pelas monarquias
constitucionais (questões que permanecem/influenciadas da revolução) é a da liberdade
de culto. Outro aspecto é a crescente secularização da vida das pessoas. O Batismo, o
casamento, o óbito deixam de estar nas mãos da Igreja e ficam nas mãos da sociedade
civil. A Igreja consegue reconquistar em meados do séc. XIX a dimensão do ensino. O
Estado tem necessidade de se fazer impor na vida das pessoas. Contudo, a Igreja,
principalmente o Papa, sai reforçado desta situação porque os católicos identificam-se
com o seu sofrimento, em particular Pio VI e Pio VII.
No Congresso de Viena as potências absolutistas projetam a restauração da velha
ordem que tinha sido colocada em causa por Napoleão e pela revolução francesa.
Contudo, isto não ser possível porque o mundo era um local diferente, as ideias que
circulavam eram outras. Os exércitos napoleónicos levaram essas ideias para outros
estados e estas ideias circulavam. A Alemanha continuava dividida em vários estados,
principalmente protestantes. Em França situação parecia pacificada pela governação de
Luís XVIII no modo de monarquia constitucional, existindo uma constituição onde estão
plasmados os direitos e deveres dos cidadãos e passa a existir um parlamento com duas
câmaras. Câmara dos deputados que é eletiva e uma câmara cujos representantes são
escolhidos pelo rei. Luís XVIII não vai fazer corte com realidade social de Napoleão e
mantém a concordata de 1801. Acaba por ser substituído no poder em 1824 pelo seu irmão
Carlos X.
Carlos X não está disposto a governar como monarca constitucional, numa linha
da igualdade, liberdade, fraternidade e liberdade de imprensa. Por isso vai fazer-se coroar
rei, sagrado e ungido. Não se declara monarca absoluto, estabelece a ligação entre trono
e altar, considera o catolicismo como a religião oficial do estado, embora mantivesse ideia
da liberdade de culto, vai suprimir o divórcio e não devolve à Igreja o património que lhe
tinha sido retirado. Faz algumas cedências que lhe convêm. Todavia, verifica-se que
Carlos X dá alguns tiros nos pés. Decide taxar a imprensa independente francesa,
aumentando de tal forma os impostos de modo que fosse impossível uma imprensa livre
e independente. Porém, esquece-se que apesar de ele se considerar um monarca absoluto,
na prática tal não acontece pois na constituição havia um parlamento com duas câmaras
16
que pelo menos uma delas, ele não podia dominar. Estas taxas são rejeitadas pela câmara
dos deputados, sendo que Carlos X vai dissolver a câmara dos deputados. Não respeita a
constituição, nem a divisão de poderes. Entretanto, o catolicismo vai conhecendo tempos
áureos. Seminários são organizados e estão cheios, existe uma selecção na escolha dos
representantes da Igreja, desenvolvem-se missões a nível interno em que há espécie de
expiação dos pecados cometidos na revolução.
Não obstante, o rei continua a dar tiros nos pés, dissolve o parlamento, convoca
eleições e no processo eleitoral sai reforçada a oposição ao rei. Carlos X vai reagir muito
mal lançando 4 ordenanças. Vai colocar mordaça na imprensa francesa, passa a existir
censura. Dissolve câmara dos deputados. Vai alterar a lei eleitoral. Procede à marcação
de novas eleições.
Ao mesmo tempo que isto acontece vão proliferando as ideias liberais entre os
católicos. Surge um jornal cuja referência é Deus e a Liberdade. Será espécie de slogan
usado pelos católicos liberais. Na sua base, o liberalismo atacava alguns princípios da
doutrina cristã… os católicos liberais vão defender a separação entre Estado e a Igreja.
Na doutrina liberal o poder vem do povo, dos homens, não de Deus. Todo o poder do
homem vem do próprio povo, não de Deus. Alguns princípios liberalistas colocam em
causa o catolicismo, mas começam a ser divulgados pelos próprios católicos. Porém,
muitos dos princípios liberais podem conduzir a uma certa secularização e até ateísmo. A
religião pode ser vivida de modo íntimo, privado e particular. Ao defenderem isto estão
a colocar em causa a própria Providência Divina. Pode conduzir a uma certa secularização
da sociedade. Rei francês não adere a estas ideias. Os católicos perante a não adesão do
rei voltam-se para Roma. O papa Gregório XVI também não concorda com as ideias
liberais, produz encíclica em 1832 a condenar a separação entre estado e a Igreja, o
princípio de que as religiões são todas iguais, pois podia gerar uma certa indiferença,
indica que a liberdade tem limites e também questiona a liberdade de consciência. Faz
questionar a ligação entre o catolicismo e o liberalismo.
As ideias liberais vão proliferando pela França e Carlos X continua nos destinos
do país. Carlos X vai continuar com más posições e atitudes porque o cenário económico
é muito adverso e as ideias liberais vão sendo alimentadas por vários grupos sociais,
operários, jornalistas e estudantes. Igreja católica também terá de levar com esta oposição
e resistência. A alta burguesia francesa vai intervir para não haver outra revolução, pois
esta coloca no governo o rei Luís Filipe que é muito mais moderado.
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2.7 A Restauração (1815-1830)
Período compreendido entre a queda de Napoleão e a revolução liberal em
França. Período marcante porque é também um período de restauração eclesiástica. A
Igreja vai aproveitar para se aproximar dos crentes, para recristianizar as massas
populares, principalmente os que se afastaram da Igreja. Vai fazê-lo através de certos
mecanismos, pelo que os seminários maiores e menores foram reorganizados com
bastante sucesso, maior cuidado nas ordenações e estas subiam em flecha, as paróquias
rurais multiplicaram-se. Para isto muito contribui o papel das ordens e congregações
religiosas, nomeadamente no campo do ensino. Destacam-se os jesuítas, na qual o Papa
Pio VII se empenhou em restaurar e acompanhar. São restaurados em França em 1814.
Entretanto, convém notar que durante o período Napoleónico, foram muitos os
religiosos que se foram organizando em diversos movimentos e grupos que acabaram por
se transformar em congregações religiosas, muitas eles do sexo feminino e que se
destacaram no combate de vários problemas sociais, como o ensino em que a Igreja marca
grande presença, na assistência aos mais pobres e mais desfavorecidos. Estas
congregações focam-se nos problemas sociais.
Surgem também uma série de grupos e associações de caráter piedoso e
caritativo de inspiração católica, que se vão empenhar nos problemas sociais (Ex.
Conferências S. Vicente de Paulo – Frederic Ozonam). A Igreja tem nas congregações
um importante instrumento de restauração do catolicismo na sociedade.
Não obstante, vai recorrer a outros instrumentos como o caso das missões
internas para expiação dos pecados anteriormente cometidos. A área do ensino é muito
valorizado e readquirido pela Igreja, nomeadamente o ensino primário e superior. Este
movimento de recristianização não teve o mesmo resultado em todas as zonas franceses.
Nas zonas mais urbanizadas e industrializadas não foi tão fácil esta reentrada da Igreja.
Concretamente nesta questão da industrialização a Igreja não conseguiu se aproximar, em
particular do proletariado.
Por outro lado, as diferenças não só a nível geográfico, mas também é termos de
género porque a Igreja consegue conquistar mais as mulheres do que os homens. Em
algumas regiões optou-se por um conjunto de disposições mais rigorosas e conservadores,
a partir da abolição de festas, de bailes. Abolição de funerais de divorciados ou suicidas.
Nota-se também que, inicialmente, no séc. XIX, verifica-se uma imagem de um deus
castigador, terrível que paulatinamente vai sendo substituída por influência ultra-montana
e também devido ao romantismo (movimento intelectual, que não sendo católico vai
18
favorecer a restauração do catolicismo) que dá lugar a um Deus piedoso, a um Deus
bondoso. O culto mariano vai também crescendo exponencialmente. Estas alterações
surgem entre 1815 e 1830.
Em 1830, cai Carlos X, irmão de Luís XVIII, devido a um conjunto de erros e
desejo de impor uma monarquia absoluta e de taxar e limitar a liberdade de imprensa.
Neste cenário de instabilidade política, de medidas impopulares e de cenário económico
adverso, começa a verificar-se um clima muito próximo do verificado em 1879
(pilhagens, assaltos a palácios e conventos). Considera-se que a Igreja está ao lado de
Carlos X, o que conduzirá, inevitavelmente, a um movimento anti-clerical. Neste sentido,
a burguesia francesa que não queria uma nova revolução vai ter resolver de forma mais
pacífica esta situação colocando no poder o rei Luís Filipe. Com a ascensão de Luís Filipe,
1830 fica identificado como o ano que marca o fim da Restauração e dá-se inicio a um
período marcado pelas revoluções e ideias liberais.
Este movimento da Restauração não se limita à França, é um movimento
presente em toda a Europa e que tem haver com a vontade de regressar a um tempo
anterior em que existia uma sociedade de ordens, num regime de monarquia absoluta e
forte ligação da monarquia com a Igreja Católica. Porém, este retorno a um tempo anterior
deixa de fazer sentido a partir de 1815 porque o contexto era outro. Já não era possível
um monarca com poder absoluta, de origem divina e já não era possível ter uma sociedade
de ordens. A sociedade já se movia com base noutros ideais e outra basa de igualdade,
liberdade e fraternidade.
No entanto, a realização do Congresso de Viena em 1815 onde estavam presentes
as principais potências absolutistas deu esperança aos membros da nobreza e da Igreja
que alvejavam o regresso a um tempo anterior. Porém, tal não foi possível devido às
questões indicadas anteriormente e as próprias ideias liberais já estavam muito espalhadas
por toda a Europa. A população estava agarrada as estes princípios e nova realidade. As
potências absolutistas estavam unidas apenas por questões de natureza política e não
numa relação com a Igreja pois não tinham intenção de devolver o património que havia
sido retirado à Igreja. O movimento da restauração conheceu acima de tudo o apoio da
nobreza (que se viu afrontada pelo movimento revolucionário pois perdeu os seus
privilégios), clero e alguns populares cansados de violência. Do outro lado estava uma
burguesia pujante ao lado dos ideias industrializadores e liberalistas. Por isso, a sociedade
não estava unida em torno de uma ideia de Restauração. Os próprios governantes queriam
o regresso a uma ordem anterior porque não se sentiam seguros no poder e por isso
19
queriam o apoio da Igreja e uma velha ordem. Era necessário voltar a impor a religião e
um conjunto de crenças que se haviam perdido devido ao movimento revolucionário.
Nesta fase, a Igreja Católica é vista como meio de pacificação e agregação, regressando-
se a um registo de conservadorismo que apresenta algumas contradições. Em alguns
Estados a Igreja volta a controlar o ensino e a sociedade, mas em simultâneo existem um
conjunto de movimentos na sociedade, com base nas ideias das luzes, que a Igreja não
consegue controlar e continuam a inspirar certos autores que são anti-clericais e anti-
cristãos. Aparentemente a Igreja consegue-se impor, a sociedade parece ser muito devota,
mas ao mesmo tempo vive-se uma paz podre porque estes movimentos intelectuais
atacam a Igreja e vão atacar este retorno efectivo da Igreja. As ideias de Voltaire
continuam a fazer-se sentir e a Igreja não consegue controlar, embora seja um ataque mais
subtil porque aparentemente a sociedade esta numa fase de Restauração.
Aparentemente verifica-se esta restauração da ligação trono-altar. Regressa a
velha ordem em que a Igreja tinha de estar em todo o lado. Aqui verifica-se a diferença
face à época de Napoleão, pois, apesar de este considerar como importante o papel da
Igreja esta deveria ficar circunscrita à sacristia e não interferir em qualquer assunto de
natureza política. Dentro da Igreja surgem ecos e opiniões que apoiam este
conservadorismo, assim como a vontade do regresso a uma concepção de religião oficial
na sociedade, devendo ser o catolicismo a única religião. Todas as outras religiões tinham
de ser banidas e proibidas. Era também necessário pugnar os bens da Igreja que tinham
sido confiscados à Igreja. No entanto, na maior parte dos casos tal não foi possível,
embora tal tivesse sido benéfico para a Igreja porque muitos elementos das Congregações
religiosas vão ter de estar nas paróquias, junto da população que foi fundamental neste
período.
Dentro da Igreja começam a existir algumas posições claras. Este movimento
restauracionista está mais ao lado do movimento conservador do que das ideias liberais
jecobinas. A favor da ordem, do poder divino dos reis, da religião católica como oficial,
da nobreza em vez de uma burguesia capitalista. Apresenta-se um quadro com uma
realidade que se defende e é difícil de combater pois há muitos obstáculos para o regresso
a esta sociedade de velha ordem, visto que a burguesia tem muita força nas sociedades
urbanizadas e industrializadas, tornando-se uma grande força de bloqueio.
Por outro lado, é muito difícil combater os ideais liberais. Muito difícil combater
o funcionalismo e a burocracia da era Napoleónica. Também muito difícil combater as
ideias nacionalistas que se fazem sentir, embora em muitos estados estas ideias
20
nacionalistas sejam abraçadas pelos católicos. Deste modo, mesmo este movimento
restauracionista não é unânime dentro da Igreja, nem todos os elemtos do clero era a favor
da monarquia absoluta, da nobreza, da sociedade ordem, do proteccionismo. Alguns
membros do clero consideravam necessária uma adaptação da Igreja a um novo tempo.
Nem todos queriam regressar ao passado, indicando alguns que a Igreja tinha de se impor
neste novo contexto, e não ir buscar ideias passadas. Muitos elementos do clero vão aderir
à ideias liberais.
Não é o mesmo falar da época restauracionista e da restauração eclesiástica, visto
que esta última vai começar pelas mãos do Papa Pio VII que vai conseguir fazer renascer
das cinzas o próprio poder do Papa. Este movimento de restauração eclesiástica foi
beneficiado por 3 factores, a saber: o movimento intelectual do romantismo; uma
criatividade restauracionista, ou seja, a ideia de que a restauração não tem só haver com
retorno ao passado, mas a Igreja está voltada para presente e projeta-se para o futuro; o
papel das ordens religiosas.
O movimento do romantismo, apesar de não ser um movimento católico
favoreceu a restauração eclesiástica. Favorece a imposição do catolicismo ao considerar
que existiam certos elementos na sociedade que eram inimigos da coesão social, como o
misticismo, o ateísmo e sobretudo a indiferença religiosa que se faziam sentir na
sociedade europeia. Considerava-se como necessário trazer sentimento à sociedade e esse
sentimento não existia, sendo o principal culpado o iluminismo porque colocava a tónica
na razão e tinha arrancado o sentimento e a sensibilidade religiosa da sociedade. Por outro
lado, há uma característica transversal ao romantismo que é o fascínio pelo período
medieval, que havia sido um período mal tratado pelo iluminismo. Os autores românticos
vão redescobrir a própria Igreja ao estudar o período medieval. Descobrem que nesta
sociedade medieval existiam uma certa união e coesão, mesmo entre os diversos estados.
Esta união era potenciada pelo próprio papado, desenvolvendo uma enorme admiração
pelo próprio passado e que a união era potenciada pelo catolicismo. Este movimento
romântico olhou para a sociedade e considerou que o iluminismo só trouxe violência,
separação e ódio, pelo que era preciso voltar a um tempo em que todos viviam unidos,
sendo essa união potenciada pela experiência religiosa. Vão transformar a experiência
religiosa numa fonte primária de inspiração, a sensibilidade religiosa vai impulsionar este
movimento numa oposição a um racionalismo abstrato que tinha conduzido à quase
destruição da Europa.
21
Na verdade, nós vemos que esta ideia está muito presente na obra de
Chateaubriand, um dos principais elementos deste movimento a par do inglês Walter
Scott. Na verdade, François-René de Chateaubriand é importante pela ligação que
estabelece entre o romantismo e catolicismo ao afirmar que entre todas as religiões, o
catolicismo é a mais relevante por potenciar a liberdade, as artes, o génio e o espirito
humano, sendo a religião mais útil para a sociedade ao dotar os seus crentes de princípios
morais que promoviam a paz ao invés do iluminismo, mas também salientar o nome de
Walter Scott que, na suas obras com referencias aos cavaleiros e à virgem, se coloca nesta
mesma linha.
De notar ainda que o romantismo vai nascer por oposição ao iluminismo de
setecentos, considerando que este falhou não só por depositar toda a confiança na razão,
como também devido ao facto de não ter deixado espaço para o sentimento e para a
consciência que o catolicismo potenciava; e vai mais longe ao considerar que a história
da civilização europeia confundia-se com a história da própria igreja católica, originado
um sentimento de nostalgia do medieval, mas, igualmente, na indicação de que o
iluminismo falhou no seu projeto, pois não conhecia o ser humano integral, algo que o só
era possível à Igreja Católica.
Este movimento vai-se impor nas primeiras décadas, mas paralelamente,
continuam, em França e na Inglaterra, a surgir autores que defendem as ideias de Voltaire,
usando o restauracionismo como forma de ataque à Igreja, sendo que alguns setores da
mesa Igreja se acomodam a tal situação tornando-se mais suscetíveis a criticas em
especial na área da educação e da física. No entanto, esta corrente vai-se fazer sentir na
arte, em particular no neogótico, na defesa da origem divina do poder dos reis, na defesa
da Igreja, mas também da monarquia e da união trono-altar.
Porém, ao mesmo tempo que a Igreja se impõem na sociedade, há uma nova
ordem económica que se está a instalar: o liberalismo económico. Na verdade, a Igreja
criticou o liberalismo económico, mas não apresentou uma alternativa, começando este
por se impor na área política, acabando na área económica, iniciando a defesa da
separação de poderes até atingir a ausência destes quer na economia, quer na sociedade,
saindo o estado de cena nas suas responsabilidades. Em consequência, estando nós longe
de um estado social, aumenta a precariedade dos povos emergindo um novo tipo de
pobreza e de exploração que a Igreja não consegue controlar, mas que tenta amenizar nas
consequências através das congregações religiosas.
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Concomitantemente emerge uma determinada criatividade restauracionista
ligada a uma tomada de posição da Igreja entre 1815-1830 no campo do ensino, de forma
especial nas Universidades, como é disto exemplo a Bélgica, onde se funda a
Universidade de Mein que se transferirá, mais tarde, para Louvaina, e a Alemanha, na
qual surge a Universidade de Munique. Ora, estas universidades vão ser importantes
porque potenciam uma nova visão de cristianismo e o divulgam, algo que acontecerá,
similarmente, com os estados pontifícios que produziram uma série de obras neste
sentido; do contributo das congregações religiosas, em especial femininas nascidas entre
1815-1870, podemos destacar o seu papel na assistência social vista a falta de recursos
humanos.
Podemos ainda salientar um determinado pessimismo patente nos sermões
causado quer pelo insucesso na transmissão da mensagem cristã, quer na ignorância e
afastamento das populações, que potenciou as denominadas missões populares, havendo
em alguns outros circuitos posições mais violentas como a apresentação pública do estado
de cada um dos fiéis, sendo que as missões populares, que procuravam transmitir um
catolicismo mais vivo, tiveram diversos resultados, com maior eficácia nos estratos mais
populares. O objetivo principal era, por isso, pela exploração de temas como o pecado, a
confissão (…), chamar as populações de volta para o seio eclesial, mesmo que tal intento
tenha ficado à quem das espectativas.
Por outro lado, a Igreja foi tentando eliminar os resquícios dos movimentos
revolucionários, libertando-se da era napoleónicas, mas tal não conseguia mesmo com a
sua ação mais rigorosa, procurando assim atuar sobre as gerações do futuro, considerando
que efetivamente estava a ser difícil combater esta ignorância religiosa até porque muitas
destas pessoas tinham sido educadas numa corrente anticlerical.
É neste contexto que emerge a aposta na educação muito pelas ordens religiosas
onde se destaca, no campo universitário, a companhia de Jesus, mesmo que a Igreja
continue próxima de uma posição conservadora e fechada potenciadora de uma crítica,
sobretudo porque ela passa a dominar recursos humanos, conteúdos e pedagogia, levando
à criação de uma corrente que era favorável de um ensino laico. Todavia, se as ideias e
obras de ataque à Igreja continuam a fazer-se sentir, muito devido a uma nova posição
face desta ao ensino, esta maior ligação teve os seus resultados positivos, pois muitos
voltam para o seio eclesial.
Mas, há um outro aspeto a ter em conta: as transformações sociais visto que,
cresce a natalidade, ocorre o recuo da taxa de mortalidade e aumenta a urbanização
23
motivada por uma busca de novas condições no quotidiano, apesar dos salários não
permitirem uma vida digna nascendo, daqui, o proletariado ligado ao alcoolismo, à
prostituição, às zonas excluídas, num movimento que as paróquias não conseguem
acompanhar e assistir; aumentando, por outro lado, o crime e a violência, temas retratados
na literatura quer francesa, quer inglesa. Na verdade, tal contexto faz aumentar a
indiferença religiosa que a Igreja procura combater, mas mais grave do que isso surgem
ideologias materialistas que procuram dar resposta ao liberalismo económico e que são
agora um novo inimigo para as posições da Igreja Católica. Efetivamente, tudo isto se dá
de modo concomitante, num ataque em diversas frentes, onde as ordens religiosas tiveram
uma função determinante ao mostrar a humanidade a Igreja mas também figuras como
Chateaubriand, Lamennais ou Fédéric Ozanam (Conferências São Vicente de Paulo).
Aula 7/2/3/2018 - Grandes Homens
Grandes Homens pela relevância do período do romantismo ao chamarem à
tenção para o papel temporal da Igreja. Entre esses homens Chateaubriand intelectual
que chamou à atenção para a importância da Igreja Católica por esta permitir a
materialização do Génio Humano. Considerava que a Igreja católica era a que permitia o
exercício de liberdade, obras de arte brilhantes, o desenvolvimento das letras e sob o
ponto de vista da moral. Tudo o que dizia respeito ao génio humano era exaltado na
própria Igreja. Considerando que de todas as religiões era a mais útil para a sociedade
europeia, pois dotava os seus crentes de uma série de valores e crenças que eram úteis
para a sociedade e os mais relevantes para que a civilização europeia se voltasse a unir
como antes da revolução.
Este autor procurou exaltar o período medieval, mas não é caso único. Também
filósofos e escritores exaltaram e fizeram a apologia da Igreja Católica lutando contra
aquilo que queriam combater: a indiferença religiosa, o paganismo. Tudo o que implicava
a ausência do religioso era uma realidade a combater.
Entre esses homens também Lamennais que vai produzir um tratado contra a
indiferença religiosa, que era o mais o chocava. Uma obra onde se exalta o período
medieval, exalta-se a unidade em torno da Igreja e da figura do Papa, já que estamos agora
no período do ultramontanismo. Também J.M. Saler, que tenta levar para a Europa
protestante o catolicismo em reuniões e obras, amigo de Luís I da Baviera, levou para
Munique a Universidade tornando-se a cidade num grande centro do catolicismo.
24
Outro intelectual que chamou à atenção para a importância da Igreja na
sociedade Oitocentista – Ozanam. Professor da Sorbone, que organizou as conferencias
de São Vicente de Paulo, para chamar a atenção para os problemas do liberalismo
económico, chamando à atenção para a importância do catolicismo no campo social.
Ozanam tinha consciência de que o iberalismo económico era contraditório, podia impor-
se em todos os campos, mas não estava a ser eficaz no campo social, criando um vazio
que devia ser preenchido pela Igreja Católica. Vai desenvolver reuniões, conferências de
São Vicente de Paulo, no sentido de chamar os grupos privilegiados para reflectir sobre
estas questões, procurando nas Conferencias que os mais abastados reflictam sobre a
situação dos menos abastados. É uma reflexão, não é uma procura de solução. Ozanam
foi dono de uma obra notável pois em meados do século XIX havia na França já 202
Conferencias, envolvendo um número considerável de pessoas envolvidas neste projecto
(800/1000) e mais do que isto estava a alargar-se a outros países católicos.
Noutros Estados também verificamos esta necessidade de os Católicos se
organizarem e imporem o catolicismo à sociedade. Em alguns estados não foi fácil, mas
também na Áustria e na Alemanha intelectuais reunirem para debater a importância do
catolicismo entre 1815 – 1830. Isto num terreno muito difícil onde dominava o
protestantismo, onde também os bens da Igreja foram nacionalizados, e muitos homens
arriscaram a mostrar a importância do catolicismo.
Itália – Manzoni, Por exemplo. Chama a atenção do meio filosófico e literário.
Entre 1815-1830, Época da Restauração, vamos assistindo a alterações que se
vão processando de forma muito rápida, nesse sentido o que notamos é que grande parte
das sociedades é afectada por fenómenos como o crescimento demográfico, a
industrialização e urbanização. Tudo isto acontece de forma concomitante. E a Igreja terá
alguma dificuldade em dar resposta a alguns destes fenómenos: a população aumenta, o
processo industrializador cresce e as pessoas não tendo a possibilidade de subsistência no
campo, deslocam-se para o espaço urbano que não consegue absorver todos, crescendos
o número de pobres e de miseráveis que conseguem encontrar resposta na sociedade. Não
conseguindo o Estado dar resposta, as Paróquias urbanas também não estão preparadas.
Não há uma resposta imediata, pelo que caem na indiferença, afastando-se da Igreja. A
Igreja no entanto pelas novas e velhas congregações procura dar resposta a muitos destes
homens e mulheres. Surgem novos problemas: aumenta a violência a marginalidade e
delinquência juvenil, violência doméstica, prostituição, alcoolismo. Perante este cenário
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de indiferença, percebemos que a Igreja continua presente nos camponeses e nas classes
médias que ficam mais conservadoras pois temem que a ordem que ajudaram a criar fique
em perigo às mãos do proletariado que é indiferente à religião e ao sistema político. A
classe média tende a ligar-se mais à Igreja. Mas a Igreja também temia estes novos
tempos, de apego a novas ideologias económicas. A Igreja considera então que tem de se
unir a sistemas políticos fortes que defendessem a Igreja, mais conservadores, na maior
parte dos casos, monarquias, já que os interesses se cruzavam. A materialização de tudo
isto acontece em 1825: Carlos X é Ungido e torna-se monarca com o apoio da Igreja.
(Carlos X que tentou acabar com a Liberdade de imprensa.)
Apesar de encontrarmos muitos homens e mulheres que procuraram uma
espécie de renascimento da Igreja Católica, os resultados não foram totalmente
alcançados por estarem amarrados à realidade pré-revolução e não conseguiram tirar
partido do novo contexto. Dos aspectos positivos da Revolução Francesa. Estavam a
actuar num período como se estivessem noutro, estava a tentar colocar de lado tudo o que
fazia parte da sociedade. A restauração eclesiástica não foi mais além por causa deste
comportamento anacrónico.
Valoriza-se a paróquia e o sacerdote diocesano, com a nacionalização dos bens
da Igreja a vida religiosa concentra-se na paróquia, o sacerdote diocesana é evangelizador
fundamental, cuida de associativismo católico. Vamos também verificar uma
aproximação entre clero regular e clero secular. Sendo que Roma vai durante este período
favorecer a restauração das ordens mendicantes, numa altura em que a presença da Igreja
parece estar a decair, estão em palco as missões populares. Vemos a Igreja a procurar
afirma-se pelo aspecto social.
O ultramontanismo afirma-se.
Muitos elementos do clero a assumir o papel de destaque nas confrarias, estas
que no pós-Trento aumentaram no intuito de promover a Religiosidade Popular, favorecer
o culto mariano, mas também na assistência aos mais fracos, emprestando até dinheiro.
Entre 1815-1830 a Restauração falha do ponto de vista político. Na França falha
porque o monarca não tem visão: comporta-se em 1800 como em 1700. Assim, em 1830
voltamos a ter o mesmo cenário de 1789 (fome, misérias, aumento do preço do cereal,
desemprego aumenta, também as pilhagens) o cenário de violência afectará a monarquia
e a Igreja, já que pareciam a mesma realidade e o povo francês não fazia a diferença entre
Trono e Altar). Verifica-se um ataque contra tudo o que simbolize a riqueza. A Burguesia
afasta Carlos X e coloca no poder Luís Filipe, que irá reinar segundo uma monarquia
26
constitucional com uma nova Constituição feita à medida dos interesses na burguesia que
colocou no poder Luís Filipe. Ao mesmo tempo, algumas medidas são tomadas até 1848:
Na prática a Igreja era oficial do Estado francês, cessa o conceito de “RELIGIÃO
DO ESTADO”, impôs-se de novo a liberdade de culto e de consciência, e outro aspecto
que convêm salientar é que o ensino que tinha sido colocado nas mãos da Igreja nos anos
20 volta para as mãos do Estado. Desde 1822 a Universidade estava nas mãos do clero e
desde 1824 até o ensino privado. Em 1830 o ensino regressa ao Estado. Isto tem um
grande alcance porque não limita à França. A Europa entra numa onda de revoltas liberais.
A França ainda não tem ainda um sistema republicano, mas os ventos são mais evidentes
(acontecerá em 1848). Ao mesmo tempo que isso se verifica no território francês,
católicos e liberais unem-se em nome de certas causa e realidades contra as quais querem
lutar.
O conceito de restauração é mais complexo: não é só restaurar a realidade
anterior à Revolução Francesa, já que havia quem defendesse que a Igreja devia voltar ao
tempo anterior mas também defendiam que alguns aspectos liberais eram positivos. Em
1830, perante o fracasso da Restauração são muitos os católicos que dizem que o
liberalismo tem de ser integrado no catolicismo. Surgindo desse modo um catolicismo
liberal que se vai materializar na possibilidade de muitos católicos se libertarem do jugo
protestante que os dominava, por exemplo: na Bélgica. Em Agosto de 1830, a Bélgica
liberta-se da Holanda protestante, Bélgica alcança uma monarquia constitucional de uma
família que tinha uma grande relevância na Europa de então e que darão o 1 Rei à Bélgica:
Leopoldo I.
O mesmo sucedeu com a Polónia, mas sem sucesso. A Polónia estava submetida
à Rússia. Animados pelo espírito revolucionário, os militares polacos revoltam-se mas a
Rússia não sendo a Holanda transforma a Polónia num palco de sangue, e muitos polacos
deportados para a Sibéria por Nicolau I. foi uma tentativas de independência que
fracassou.
Em 1830 o liberalismo prece triunfar em todo o lado da Europa. Em Portugal
acontecerá posteriormente, em 1834. Falamos de liberalismo cultural, económico,
religioso. Só não existia um liberalismo social. Os liberais não se preocupam com
questões sociais e davam tiros nos pés por contribuírem para um sistema económico que
aumentava as desigualdades sociais. O que temos agora é uma elite, de grandes
capitalistas, que aumenta a sua riqueza, à custa de trabalhadores que querem um trabalho
27
mas que vivem em condições miseráveis, trabalham 14 a 16 horas/dia, sem direitos
alguns. Resvalam para a vida promíscua. O que leva á questão social. A revolução
industrial, o liberalismo económico, assente na livre concorrência e no absentismo estatal
conduzem à:
Questão social que marca o século XIX – ausência de uma politica social do
liberalismo. A ausência da procuração social permite o crescimento de ideologias como
o socialismo utópico de Proudhon, Marx e Engels.
A Igreja procura responder com as suas congregações. Mas é o sistema político
a falhar com governantes mal preparados. Entre 1830-1848 parece estar tudo à espera de
uma nova revolução.
Acontecerá em França em 1848, com a queda de Luís Filipe e a imposição da
República. A França é um referencial para a Europa. Pois as revoluções sociais e políticas
seguem-se umas atrás de outras. Temos agora movimentos sindicais a reivindicar a
intervenção do estado nas questões sociais. Mas outros fracassos encontram no
liberalismo: o fracasso das reunificações de Itália e Alemanha. Mas nesta altura 1830, em
Itália, a preocupação ainda era a limpeza de ideias revolucionárias fomentadas por
sociedades secretas como a Maçonaria e Carbonária. O sul fica tradicionalista, e o Norte
muito pujante ao nível religioso. Na Alemanha apensar de os católicos conseguirem
conviver com os protestantes, vão procurar-se unir os protestantes (luteranos e
calvinistas), conhecem o mundo liberal protestante, o movimento Despertar. Os católicos
estão mais presentes em Munique, na Universidade.
Olhando para outros mundos, como a Igreja ortodoxa, percebemos que o
Liberalismo também operou transformações. O império Otomano está em crise, os
nacionalismos fazem-se sentir. Um dos estados que está a procurar garantir a
independência é a Grécia. Nos anos 30 a Igreja grega é independente e desprendida do
regime Otomano.
O MUNDO ESTÁ A CONHECER TRANSFORAÇÕES em 1848 um cenário
favorável à Igreja Católica.
Em Itália surge um homem que se dedica aos jovens abandonados e se torna uma
referência não obstante a divisão: São João Bosco.
14/03/2018 - Relações Catolicismo - liberalismo
Quanto ao Catolicismo e política liberal sabemos que a partir de 1815, aquando
da Restauração e queda de Napoleão verificamos também uma restauração no
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catolicismo. Restauração essa que não é propriamente aceite pela burguesia liberal que
reage reeditando a obra de Voltaire que tinha começado um pensamento anticlerical e
apoia iniciativas que ridicularizaram os jesuítas. A primeira relação entre o catolicismo e
o liberalismo não é pacífica.
Mas essa relação vai agudizar-se quando sobe Carlos X, tomando medidas que
não agradam aos liberais pois fica em causa o princípio da liberdade de imprensa,
desembocando em revolução em 1830. Subindo Luís Filipe. Os ecos já se fazem sentir na
Europa.
Na Bélgica: catolicismo e liberalismo surgem unidos contra o protestantismo, a
fim de conseguirem a independência.
Morre Pio VII. Mas a eleição de Gregório XIV demora 50 dias e vemos que não
estava a par do quadro político. A fim de controlar os ecos revolucionários pede ajuda ao
reino que representa o absolutismo: a Áustria.
O liberalismo está na década de 30 na Europa. E os católicos começam a levantar
questões. Por exemplo na Polónia? Não devia a Igreja tomar parte? E não estará na altura
de reconciliar Deus e Liberdade?
Católicos Liberais surgem. Homens que conciliam os ideais liberais com a sua
fé. Mostrando que não são frentes antagónicas. Este movimento conhece um maior
número de adeptos na França, depois na Bélgica, e na Alemanha, Países Baixos.
Ao mesmo tempo que o liberalismo penetra no seio da Igreja Católica há uma
reacção contraria: aqueles que temem o avanço do liberalismo. Que leva a uma reacção
mais fundamentalista. Uma reacção conservadora a reagir: a igreja não tem de evoluir.
Consideram estes conservadores que não há meio-termo entre verdade e erro. Consideram
o liberalismo responsável pelo laicismo da sociedade e o anticlericalismo, pela defesa da
separação entre a Igreja-Estado, o individualismo, o romantismo na arte e nas letras…
tudo isto foi condenado.
Os católicos liberais não querem mostrar-se intolerantes: Lamennais é o rosto
deste movimento, terá seguidores como Lacordaire e Montalembert (todos padres)
Defensores do catolicismo liberal. Fundam um jornal: L’Ávenir que será porta-voz do
catolicismo liberal, onde se fará a defesa da liberdade de consciência, imprensa,
associação e de ensino. Alguns deles defenderão até a república e o sufrágio universal.
Estes homens consideravam que era necessária a separação entre o Estado e a Igreja. A
separação seria benéfica pois a Igreja poderia actuar de modo menos condicionado e
deixaria de ser um instrumento do Estado. Pegam assim em ideias liberais e colocam-nos
29
a favor da própria Igreja. Lamennais começou por ser um defensor entre o altar e o trono,
mas percebeu por Carlos X que a Igreja sofria represálias por ser instrumentalizada por
parte do poder político. Proponha então que o princípio da separação fosse aproveitado
favoravelmente. A Igreja devia então afastar-se de tudo o que estivesse ligado ao poder
politica porque isso condiciona a Igreja e faz com que seja menos credível. Vários
sacerdotes escrevem no jornal, mas o jornal ultrapassa a França, é um porta-voz da Igreja
Liberal com o lema “Deus e Liberdade”. Os ecos do catolicismo liberal francês chegam
a outros intelectuais: na Inglaterra, Lord Acton; em Itália Rosmini e Mazoni. E na
Alemanha com Dollinger.
Lamennais
Escreve uma obra sobre a indiferença religiosa em 1817, marcando os inícios do
século XIX. Conhece o sucesso por meio desta obra. Entra tardiamente na igreja começa
por ser um defensor da Restauração, da união entre Trono e Altar, era um ultramontano,
era defensor da importância do ensino e educação do clero. Era necessária a elevação da
formação do clero.
Em 1828 percebe que a Igreja francesa está a ser prejudicada pela ligação entre
trono e altar. Começa a defender a separação, a favor da própria Igreja. Em 1830, com a
revolução de Julho, no jornal surgem artigos que fazem referência à liberdade que deve
existir na sociedade, na Igreja, e que deve ser usada pelos povos subjugados a outros.
Defende a liberdade da Igreja, da Sociedade, mas também a liberdade dos povos que são
reféns de outros.
A sua mensagem vai cada vez mais longe, fala das questões sociais. Mas
pegando no conceito de liberdade Lamennais afirma que a Liberdade não é um privilégio
da Igreja. A linguagem é nova e não agrada aos mais conservadores, a padres e a bispos.
Os bispos franceses mostram-se descontentes, mas mais tarde também os belgas. Dizendo
que os seus responsáveis deviam retratar-se e proíbem os seus sacerdotes de assinarem o
jornal cujas ideias consideravam perniciosas. Ora o jornal ficou inviável
economicamente. Os 3 vão a Roma, ter com Gregório XVI, esperando o apoio do Papa.
Mas este não era adepto do Liberalismo. Mas o Papa acolheu-os com muita simpatia,
muito pelos primeiros tempos de Lamennais, mas demarcou-se da sua posição. No ano
seguinte publica Mirari Vos, considerando que os princípios liberais são perigosos para a
Igreja Católica. Numa linguagem muito dura, mas sem nunca dizer o nome de Lamennais.
30
Afirma-se defensor da unidade Estado / Igreja, coloca em causa o princípio da liberdade
de consciência, e mostra-se contra a liberdade de imprensa.
O jornal cai, mas Gregório XVI queria que se retratassem, condenando as ideias
que tinham defendido. Deixam cair o jornal, mas não se retratam. Lamennais abandona o
sacerdócio.
Lacordaire
Discípulo de Lamennais é um homem intelectualmente brilhante com grande
capacidade de oratória, tanto para as massas como para as elites. Era particularmente
defensor da liberdade de ensino e dedicou-se ao restauro da ordem dominicana em França,
ordem que estava associada à Inquisição. Sendo que em 1843 consegue a restauração da
ordem.
Montalembert Seguidor de Lamennais, de famílias nobres.
Liberalismo Belga
Católicos e liberais unem-se e, em 1831 elaboram uma constituição, que se torna
um exemplo para toda a Europa. Onde se reconhece a liberdade de ensino, de consciência,
de associação e de imprensa. O Papa não reage. Estamos num território dominado pelos
protestantes, pelo que a Igreja aceita para que os Católicos vivam em liberdade. Nesta
altura outros povos pugnavam pela sua liberdade, era o caso do Irlandeses: com um
catolicismo muito pragmático, com uma certa autonomia de Roma e muito voltado para
as classes populares. O catolicismo inglês é muito mais intelectual.
Em 1800 tem lugar A Acta de União (Act of Union), a Irlanda passa a fazer parte
do Reino Unido. E começa a luta dos católicos que procuram libertar-se dos protestantes,
da Igreja Anglicana. Um processo favorecido por exemplo por muitos sacerdotes
franceses terem abandonado a França indo para Inglaterra levando a sua religião. Também
o movimento romântico muito presente na Inglaterra faz com que muitos adiram ao
Catolicismo. No Reino Unido entram 5 milhões vindos da Irlanda. Quase todos católicos.
Os católicos vão começar por pedir em 1829 a emancipação e igual capacidade para
aceder a cargos públicos e deixam de pagar o dízimo ao clero anglicano. Ao mesmo tempo
a Igreja vai ganhando mais peso na Irlanda, através de ordens, através da acção social. A
ponto de se querer restaurar a hierarquia católica no Reino Unido. A simpatia rapidamente
se transforma em anti-clericalismo. O que ficará sanado pela mão do arcebispo Wiseman
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(de mãe espanhola) que conseguiu alterar esta ideia na opinião pública, ficando favorável
à Igreja Católica, conseguindo a posição da Igreja Católica na Inglaterra.
A Inglaterra é a principal potência do mundo, tinha um império que interessava
para as missões. As boas relações permitem levar a cabo missões que pareciam
reservadoras aos protestantes.
Além de Wiseman outros intelectuais se destacam no Movimento de Oxford,
movimento que está associado à Universidade de Oxford, composto por padres
anglicanos como Faber, Waard e Newman. Homens que começam a reflectir sobre o
liberalismo, e começam a defender a separação entre o Estado e a Igreja. Algo que em
Inglaterra tem muito impacto, porque a Igreja Anglicana é do Estado. Começam a discutir
estas questões sobretudo Newman e Keble que foi o primeiro líder do movimento. Fazem-
no estudando os primórdios da Igreja, indo às origens. Newman estuda os padres da
Igreja, recua ao século IV e V, estuda Niceia e cria a doutrina da Via Média entre a I.
Católica e I. Anglicana e chega à conclusão que a herdeira da Igreja Medieval é a Igreja
da Inglaterra. Desenvolve Tratados que começam a ser repudiados pela Igreja Anglicana.
Deixa por isso de publicar, e faz apenas uma reflexão interior que o leva à publicação de
onde se retrata de todas as acusações que fez à Igreja Católica. Deixa a paróquia anglicana
e abandona até o sacerdócio convertendo-se ao Catolicismo. A sua conversão não é uma
renúncia ou repúdio da Igreja a que pertencera, mas como um aperfeiçoamento, percorre
um caminho que o leva à Igreja certa. Ganhou aquilo que não tinha. A sua conversão foi
muito importante para a Igreja Católica, provocou muita reflexão.
Durante este período, o liberalismo conhece sucesso noutras regiões:
Alemanha:
O caminho é difícil, por causa do romantismo que surge como reacção ao
liberalismo. Mas encontramos homens da Igreja católica que se assumem como
defensores de liberalismo moderado: Keller por exemplo e Dollinger, sendo que este
numa fase posterior diz que o liberalismo precisa de limites. O liberalismo surge então
num plano intelectual, defende que haja uma opinião pública dentro da Igreja, mas não a
liberdade absoluta dos teólogos.
As questões mais pastorais ficaram nas mãos de Hirscher.
Surge também a questão de na Prússia se estabelecer que os filhos seguiam a
religião dos pais e as filhas a religião das mães. Os católicos viram isto como uma
provocação, esta medida foi imposta por Frederico Guilherme III da Prússia que não era
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adepto do catolicismo e leva a cabo medidas contra os católicos. O arcebispo de Colónia
faz-lhe frente e acaba preso. Há uma política anti-clerical, por parte do governo Prussiano.
Para tentar apaziguar Frederico Guilherme IV mostra-se mais simpático e tolerante. Os
bispos conseguem uma comunicação mais directa com Roma, os núncios conseguem
estabelecer-se. A Igreja consegue estabelece-se no ensino, na acção social. Cria-se o
Ministério Cultos de Berlim e o ambiente fica mais favorável. Segue-se um período de
30 anos de paz religiosa.
A Itália
Que vive momentos complicados, marcos por controvérsias entre católicos
liberais e tradicionalistas, a filosofia de Rosmini e a vontade de os estados se unirem. A
Itália vive durante este período debaixo do lema: Pátria, Liberdade e Religião. Aqui
encontramos jovens católicos que assinam L’Ávenir. A Itália quer unir-se, mas precisa
de garantir a independência dos estados pontifícios. Quer a separação do estado/igreja
mas quer a reforma da Igreja, de uma Igreja mais intensa. Gregório XVI não aceitará
muito do que caracteriza o catolicismo Liberal, que considera perigoso para a
sobrevivência do Estado Pontifício.
O catolicismo liberal é muito difícil de ser aceite. Mas alguns farão a sua defesa.
O caso de Vincenzo Gioberti que tem um percurso sinuoso, que começa por defender a
unidade, de um estado federalista encabeçado pelo Papa. Mais tarde defenderá outra
posição, sobretudo pela pouca simpatia pelos jesuítas.
Revoluções liberais
A península itálica vive nos anos 30 e durante todo o século 19 a dificuldade em
conciliar a ideia de unificação com o poder temporal do Papa. Pio IX terá uma certa
resistência em trabalhar no sentido dessa união porque considerava que os territórios que
governava não eram seus, acabando por culminar em 1848 na chamada “questão romana”
(1848-1870). Verificamos também que a Itália (os seus diferentes territórios, mesmo os
católicos) adere aos princípios do liberalismo, mas considera também que a renovação
que é propiciada pelo liberalismo deve servir para uma separação entre o estado e a igreja.
A igreja deve aproveitar essa oportunidade para refletir sobre algumas práticas para que
a fé seja vivida de uma forma mais interior. São vários os homens que vão apontar
algumas críticas e contradições dentro da igreja, aproveitando esta onda proporcionada
pelo liberalismo. Estamos a falar de homens dentro da própria igreja. Um deles é Vicenzo
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Gioberti (sacerdote que em 1943 defendia a unificação da província itálica através da
criação de uma federação tendo por chefe supremo o próprio Papa. Quatro anos depois
continua a defender a unificação mas já sem a liderança do Papa, porque a Itália começa
a ser influenciada por movimentos tradicionalistas, com a aceitação do Papa, que
prejudicam a própria Igreja, tendo à cabeça os Jesuítas – estes vistos como inimigos da
modernidade acabarão por ser expulsos de vários estados). Quem vai mais longe nas suas
críticas à Igreja da restauração é Antonio Rosmini. Filosofo, fundador de uma
congregação religiosa, com grande produção literária e grande observador da realidade
política e social. Não hesita em apontar as contradições da Igreja (fá-lo por amor e
fidelidade à própria igreja). Considera que a Igreja saída da restauração não é uma igreja
triunfante, mas uma igreja que apresentava uma série de contradições evidenciadas pelos
novos tempos (liberalismo) que ele acha que deviam ser aproveitados pela igreja para se
reformar internamente. Ele apresenta uma obra (as cinco chagas da madre igreja que
permanece no índex até aos anos 60 do século 20). Ele defende uma igreja dos pobres.
Portanto, temos a península itálica dividida entre católicos tradicionais e católicos
liberais.
A importância do ensino
Os católicos liberais davam uma grande importância ao ensino. Lamené critica
no seu jornal o nível intelectual do clero, considerando que necessitava de ser elevado.
Criticava também o monopólio do ensino por parte do estado (tendência dos estados
liberais). Portanto, verificamos em todo o séc. 19 uma luta entre o estado liberal e a
própria igreja pelo ensino. A igreja acusa o estado de usar o ensino para doutrinar os mais
jovens e por outro lado o estado argumentando o mesmo relativamente à Igreja. Formam-
se associações em diferentes estados europeus a defender a liberdade de ensino e estes
apresentando o direito ao ensino com absoluto enquanto a igreja o considera subsidiário.
Entretanto a igreja percebe a importância do ensino face a uma sociedade cada vez mais
plural, mais complexa, mais anticlerical ou de tendência secularizante. Ora, através das
ordens e congregações religiosas a igreja procura defender a importância desta na
educação, seja no ensino primário (nos anos 50 em Inglaterra existiam já cerca de 700
escolas primárias católicas), secundário e universitário (nesta caso em Inglaterra os
católicos que estudassem em Oxford ou Cambridge tinham de morar em residências
católicas com capelães católicos).
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1848
A europa, em quase todos os estados europeus, encontra-se mergulhada
novamente em revoluções. No entanto, a onda revolucionária terá consequências
completamente diferentes das revoluções de 1830 para a igreja católica. Estas revoluções
vão consolidar a presença da igreja, verificando-se um apaziguamento, nomeadamente
em Portugal. Mas a questão é tentar perceber o porquê destas revoluções. Alguns autores
apontam dois factores. Por uma lado é cada vez mais reivindicado o sufrágio universal e
por outro lado a reivindicação de uma maior presença popular nos órgãos de soberania (a
população não se sente representada nos governos saídos das primeiras revoluções
liberais). Seja como for cada estado apresenta as suas próprias particularidades que levam
a situações de revolta. Mais uma vez a França é o primeiro estado a conhecer esta onda
revolucionária. Aqui a revolução teve um caracter político e social. Na Alemanha a
revolução é motivada pelo desejo de unificação (só acontecerá com Bismark nos anos
70). Na Hungria encontramos uma revolução de caracter patriótica e em Espanha uma
revolução de tipo progressista.
Mas ao contrário das anteriores revoluções não se verifica uma animosidade das
populações em relação à igreja porque se nas anteriores encontrávamos uma união entre
a monarquia e o altar (a igreja estava conotada com um poder politico absoluto opressor)
agora (1948) a igreja não está relacionada com o poder instituído. Outras razões: a) a
igreja está conotada com o liberalismo, o modernismo por força de Montalembert
Lamennais e os seus escritos – jornal l’avenir; b) o novo Papa Pio IX aparece aos olhos
do povo como liberal, não o sendo; c) a “questão social” marcada por uma nova ordem
caracterizada pela industrialização, pela urbanização que tinha provocado um fosso maior
de desigualdades entre ricos e pobres, o crescimento da miséria em França e noutros
países. Ora a Igreja procura atuar neste novo cenário de populações pobres e carenciadas
e o “catolicismo social” é reconhecido pelas populações.
Por esta altura surge em frança um novo jornal: “Ere nouvelle” com Frederic
Ozananm, Maret, porta voz dos católicos mais liberais, mais progressistas. Verificamos
que nesta publicação, os principais redatores defendem a liberdade de consciência, de
associação e de imprensa, defendem um catolicismo mais liberal, social, e ideias mais
progressistas dentro da Igreja. Enfim associada a uma democracia fundada em bases
religiosas.
Entretanto em França para apaziguar os ânimos avança-se para um novo
processo eleitoral para escolher os representantes para a Assembleia Nacional.
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Surpreendentemente a igreja católica procura influenciar indiretamente o sentido de votos
dos católicos através de comités que atuam junto dos fiéis e dos sacerdotes.
Surpreendentemente esse voto deverá recair naqueles que defendem a república desde
que a república defenda a religião, a família e a propriedade. A república vence (15
membros do clero são eleitos, dos quais 3 bispos), mas a Assembleia não reflete a
população francesa. A assembleia é maioritariamente constituída por burgueses. O povo
não se revê nesta Assembleia e, portanto, estão criadas as condições para nova
instabilidade social. Exigiam-se medidas de natureza social onde a força do operariado e
proletariado já se fazia sentir. O povo não é ouvido e este reage manifestando-se
violentamente. Uma onda de violência afeta Paris (assaltos a palácios – palácio dos
Bourbon) e outras partes de França. A situação económica é muito difícil. Ora o poder
instituído - a república -, vai esmagar de forma violenta esta revolta.
Os católicos dividem-se por questões políticas: os apoiantes da república e os
seus opositores. O arcebispo de Paris procura apaziguar os ânimos, envolvendo-se no
conflito e acaba por morrer com uma bala perdida (desconhece-se os autores). A frança
mergulha numa onda de terror. Julgamentos sumários, milhares os deportados para a
Argélia, etc.
Perante isto pede-se um governo conservador perante a ameaça de um novo
inimigo: o socialismo. Montalemberg chama a atenção de que os católicos não podem
aderir ao socialismo. Aqueles que em 1830 eram inimigos unem-se agora contra uma
força que está a ganhar forma. A burguesia une-se agora à igreja católica. A França vai
redigir uma nova constituição que, no entanto, não tem em consideração os reais
problemas franceses. A nova constituição dá peso à religião (liberdade de ensino) mas
não reflete os problemas do povo francês (por exemplo legislação sobre o trabalho). O
liberalismo económico tinha colocado nas mãos dos privados a economia e a
industrialização. Os Estados não conseguem responder da melhor forma e acabam por dar
espaço ao socialismo (que culminará com a revolução russa de 1917). Ora, em 1852
acontece um novo processo eleitoral em que os católicos surgem novamente divididos
por questões políticas, mas a maior parte quer a estabilidade económica e está ao lado de
Napoleão III.
Em termos pastorais verifica-se um certo imobilismo. Em algumas paróquias
(arredores das grandes cidades) onde há um grande crescimento demográfico estão pouco
apetrechadas por comparação com paróquias rurais mais bem organizadas, mas com
menos população. O clero a partir dos anos 40/50 adota uma atitude mais conservadora,
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mais tradicionalista defendendo que os ricos devem ajudar os pobres porque estes são o
garante da salvação da alma dos ricos, e com isto procurando-se que as desigualdades
fossem menores.
O caso Alemão
Até aos anos 50 verifica-se alguma paz na Prússia, o que vai fazer com que os
católicos possam prosperar até aos anos 70. A Prússia de acordo com a sua política
expansionista vai anexar vários estados católicos (2/5 da população da Prússia era
católica). Frederico III da Prússia não é muito simpático para com os católicos, por
exemplo no caso dos casamentos mistos, o que leva a uma contestação por parte do clero
e de bispos (chegam a ser presos). Com Frederico Guilherme IV a situação é apaziguada.
Os prussianos para além do desejo de liberdade ambicionavam a união. A nova
constituição dá maior liberdade de culto em nome da unificação (dieta de Frankfurt de
1848). Frederico Guilherme IV é aclamado imperador e está disposto a aceitar as
associações religiosas desde que estas se submetam às leis gerais da Prússia, o que é aceite
pelos católicos (Dollinger defende ainda uma liberdade para os católicos – a criação de
uma nova igreja, mais autónoma, mas tal é recusado pelos defensores do
ultramontanismo). A Igreja prospera durante estes anos. A Prússia era um estado pujante
vivendo um forte crescimento industrial e desenvolve uma política imperialista
culminando na I guerra mundial. Era um estado fortemente militarizado, tendo ambições
territoriais fortíssimas (pretendia avançar sobre a Áustria, estado católico). Para avançar
os prussianos sabiam que tinham de criar bases para a união entre os diferentes povos. A
religião – protestantismo e luteranismo - seria o elo de ligação. Ora o catolicismo está em
risco. Bismark considera o catolicismo um inimigo da unificação.
Nos países baixos (calvinista) os católicos eram 1/3 da população (1 milhão), no
ano de 1848. Precisamente neste ano é aprovada uma constituição que prevê a liberdade
de culto. Pio IX cria mais 4 dioceses dando grande dinamismo ao catolicismo nesta
região. No entanto, este dinamismo decorre mais da acção de associações católicas que
se vão afastando da sociedade e fechando-se muito em si próprios (levando a um
imobilismo).
A Dinamarca em 1849 tem uma nova constituição onde admite a liberdade de
culto. Também nos anos 40 serão simpáticos para os católicos do Reino Unido. Em 1829
pela lei da emancipação é dada liberdade aos católicos (é proposta a criação de colégios
mistos, interconfessionais que será recusada pelos Irlandeses). Nos anos 40 o governo
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decide apoiar um projeto com a participação dos católicos para a educação de pobres,
marginais etc. (são criadas várias escolas primárias). De notar que em 1849 os Jesuítas
entram em Inglaterra bem como outras ordens religiosas. Apesar deste dinamismo (mais
de 500 igrejas) esperava-se um maior número de conversões o que não se verifica.
Em 1848 na Áustria há mudanças. Na Áustria há uma grande presença do estado
absoluto na igreja católica (a igreja estava ao serviço do regime). A igreja na Áustria
sofria do intervencionismo do poder político. Da revolução de 1848 sai uma nova
constituição que confere uma maior liberdade para a igreja austríaca. Separação do poder
político e do poder religioso. Em 1955 é celebrada uma concordata entre a Áustria e a
Santa Sé que favorece a igreja católica reforçando a sua autonomia. No entanto, essa
concordata não tem em conta a complexidade do império Austro Húngaro onde as ideias
liberais circulavam e onde se encontravam outras confissões religiosas. Nesse sentido a
concordata tornou-se inviável.
Pio IX
Pio IX não era um liberal. Ele tinha familiares liberais. Ele de facto era adepto
pelo apaziguamento entre os estados italianos. Todavia Carlos, rei de Piamente, avança
com uma política expansionista visando os territórios que integravam a Áustria. A
população de Roma estava com este rei, mas o Papa Pio IX não. A Áustria era também
um estado católico que apoiava a Santa Sé. O papa sofre uma oposição, pelo seu apoio
aos estados absolutistas, considerado um obstáculo à unificação e expansão. É exigida
uma reforma e um governo liberal, o que é aceite pelo Papa (a sua vida é ameaçada, tendo
a protecção dos embaixadores da Áustria, Espanha, França e Baviera). Em 1849 Roma
torna-se uma república e o Papa refugia-se no reino de Nápoles onde vive exilado. O
poder do Papa é anulado, os bens da igreja são confiscados e o clero é afastado do ensino.
Perante a situação do Papa são duas as posições: a) posição moderada de Rosmini que
defende que o Papa deve pedir apoio ao reino de Turim; b) solução mais radical de
Antonelli que defende o pedido de apoio militar às potências católicas (Espanha, França,
Áustria, Baviera). O Papa pede apoio às potências católicas estrangeiras. Estas
conquistam Roma. O Papa toma o poder governando de forma absoluta (como se
estivesse no séc. 18), anulando as decisões liberais (1849). O Papa afirma ter sido vitima
de um complô pelos apoiantes do socialismo. Entretanto em Roma ficam os exércitos
franceses. Isto é um sinal de fraqueza. O Papa precisa de apoio militar de uma força
estrangeira para governar!
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Historia da Igreja Contemporânea, apontamentos

  • 1. 1 Exame de História da Igreja Contemporânea 2018: compilação das aulas. O ILUMINISMO, A REVOLUÇÃO FRANCESA, A RESTAURAÇÃO 1. O Iluminismo O nosso programa inicia com a revolução francesa e para tal é necessário que falemos de um movimento intelectual que marca o século XVIII que é o movimento das luzes também conhecido por iluminismo. Deste modo, consideramos que o iluminismo marca os anos setecentos, todavia as suas raízes não se encontram só neste século e daí que tenhamos de recuar um século antes para encontrarmos as raízes desta corrente em outras linhas de pensamento como são o racionalismo e o empirismo. E falamos destes dois movimentos porque se, principalmente em França, o iluminismo assume uma dimensão de critica a certos aspetos do cristianismo – quando lemos a obra de Voltaire isso é bastante visível – o iluminismo na sua versão original não possui esta matriz muito devido ao facto de racionalismo e empirismo serem protagonizados por homens ligados à Igreja Católica, como é disto exemplo Descartes. Na verdade, racionalismo e empirismo irão, conjuntamente, potenciar a ideia de progresso que é uma ideia na corrente iluminista, que possui as suas origens em Inglaterra, na Alemanha, mas, igualmente, na França, muito embora em cada um destes estados assuma variantes específicas, sem que tal tenha impedido a sua expansão para a restante europa. Com efeito, o seu grande objetivo era permitir que a felicidade chegasse a todos e para que tal fosse possível era necessário que o ser humano fosse arrancado das trevas em que se encontrava, trevas essas causadas pelo clima de ignorância, fanatismo, superstição e erro e dai a representação gráfica com base na figura de um sol que nos seus raios permite que o sorriso chegue a todos através do progresso, ideia que teria o seu fim na I Guerra Mundial. Consideravam também os iluministas que este clima de obscurantismo era potenciado por um contexto conectado com o que eles denominavam instituições tradicionais: Igreja Católica e a Sociedade de ordens alimentada por um estado absolutista. São, portanto, estas instituições que teriam de ser colocadas em causa a partir da materialização dos princípios do iluminismo; princípios esses que Montesquieu, Voltaire, Rosseau vão considerar a base do movimento. (1) A Razão é o guia para chegar à verdade e só a razão podia permitir à humanidade se libertar das instituições como a monarquia absoluta;
  • 2. 2 (2) Devia imperar na sociedade a ideia de progresso (futuro) capaz de libertar do erro; (3) A sociedade devia organizar-se de modo a que todos, e não unicamente os privilegiados, fossem felizes (Muitos destes homens irão estudar outras organizações sociais para provar que outras estruturas podem possibilitar a felicidade); (4) Incremento do clima de tolerância impondo o espirito de igualdade e liberdade; Para tal era necessário: (1) Pôr termo aos privilégios ligados à classe de ordens que, na sua maioria, resultava do seu nascimento. Segundo alguns, isso não era suficiente, pois era necessário pôr termo a este clima de sociedade que gera desigualdade naturalmente; (2) Terminar com o sistema da monarquia absoluta por ser um regime abusivo, contrário aos princípios que defendiam, sendo que devia dar lugar a uma monarquia moderada, onde os poderes estariam nas mãos de diferentes organismos, protegendo o povo que se devia rever nos seus representantes; (3) Pôr termo a perseguições e pressões religiosas (ex: Luís XIV) promovidas por um Estado que via a Igreja como um dos seus departamentos; (4) Necessidade de apostar numa nova educação; Assim sendo, algumas destas ideias serão postas em prática por alguns monarcas não sendo esta uma regra geral, apesar de haver intensa correspondência entre ambos os lados da discussão1. Ora, estas ideias circularam por toda a europa sendo desenvolvidas por vários mecanismos: de nomear de forma especial as academias – que prosperam nesta altura – e a maçonaria – que tem as suas origens na idade média, mas que é, à época, reestruturada na Inglaterra, reunindo filósofos e homens da nobreza. A par destas temos, igualmente, a enciclopédia, dirigida por Denis Diderot e Jean le Rond d’Alembert, organizada entre 1751 e 1762, e que permite a circulação deste movimento ao coligir artigos dos pensadores mais renomados deste período sendo divulgada por todo o continente com 1 Muitos dos iluministas eram parte integrante da nobreza e do clero, como é disto exemplo Montesquieu, criticando os privilégios e a existência das ordens. Uma outra nota: O iluminismo, mesmo apesar da ideia comum que o vê como um movimento de ataque à Igreja, é-o em França, pela mão de alguns autores, pois ele nasce, também, no seio eclesial. Todavia, esta corrente modificará efetivamente a ligação Estado-Igreja e Igreja-Sociedade de forma indelével, mesmo que esse não fosse o seu horizonte originário fundado por Hume, Locke, Leibniz.
  • 3. 3 conhecimentos dentro dos paradigmas iluministas. Por fim podemos ainda nomear, mesmo que de forma mais informal, os cafés e os salões que, na altura, animavam o ambiente social. Todavia, podemos destacar, de igual modo, três grandes potenciadores deste desenvolvimento: Jean-Jacques Rosseau – que considerava que o ser humano nascia naturalmente bom e que a sociedade é que o corrompe, apontando, semelhantemente, que este possui uma vontade individual que deve sufragar à vontade geral através do contrato social – Voltaire – defende as ideias da liberdade, da igualdade e da tolerância, que deveriam ser instauradas por reformas que visavam o estado mas também a Igreja – Montesquieu – propõem uma monarquia moderada e de base censitária, posto que o regime francês tinha conduzido a uma série de abusos e que por isso era necessária a separação dos poderes e a eleição de representantes mesmo que nem todos estivessem em condições para tal. 2. As Revoluções pré-liberais Com efeito, é nesta base que nasce o século das revoluções – séc. XIX – que virá à luz não só a partir destes homens, mas também devido a duas revoluções que se desenvolvem no século XVIII: a revolução americana, desenvolvida já na segunda metade do séc. XVIII, entre os futuros E.U.A. e a Inglaterra, e a revolução francesa, produzindo-se mudanças a nível cultural, social e económico que deixaram lastro especial na Igreja Católica, pois não só a Igreja protestante não estava implantada de forma intensa na França, como os monarcas tinham sido duros para com os opositores ao catolicismo, com o objetivo de defenderem a si próprios, mas também porque este movimento nasce num país maioritariamente católico e porque se expande a outros mesmo nas suas consequências mais posteriores como sejam as invasões napoleónicas (ex: Portugal). Deste modo, ouve mudanças ao nível eclesiástico, ao nível da posição e postura papal e episcopal face à sociedade, e de igual modo, na ligação Igreja-Estado e Estado-Sociedade. 2.1 Revolução Americana No entanto, é comum menosprezarmos a importância da Revolução Americana para todo o que temos vindo a falar, em particular, para a sua relação com a Igreja Católica, o que é, na verdade, um erro. Efetivamente, havia à muito tempo um desejo independentista na colónica americana à espera de um motivo que desencadeasse ações concretas, algo que ocorre com o aumento dos impostos por parte da Inglaterra sob o chá,
  • 4. 4 o papel selado e o açúcar dando origem ao episódio do Boston Tea Party que, gerando uma reposta militarizada por parte dos ingleses, leva à Declaração de Independência de Filadélfia em 1776 e esta à criação de um exercício de resistência, apoiado pela França, e comandado por George Washington que se envolverá num conflito que só terminará em 1781 no Tratado de Versalhes que abre caminho à Constituição americana, em 1787, onde, pela primeira vez, estão plasmados os princípios iluministas como a republica, a separação de poderes, a soberania popular, a liberdade, a tolerância religiosa e a igualdade, mas também a impossibilidade da orientação religiosa interferir no modo de governo do estado. 2.2 Revolução Francesa Assim, o facto de a Constituição Americana ter permitido à Europa mostrar que era possível ter um regime segundo os princípios iluministas vai alimentar estas ideias e fazer com que elas tenham mais apoiantes, em especial, a partir dos anos oitenta do séc. XVIII, ao que podemos juntar um contexto favorável a uma revolução: nesta altura o clima – viviam os invernos podres que dificultavam a agricultura – e a economia – assente numa sociedade de ordens tradicional, na agricultura simples com pequenas tentativas industriais – não estavam a ajudar a frança, tudo isto a par da importação de produtos ingleses que desagradava ao terceiro estado onde estava a burguesia que tentava alavancar o processo industrializador. E reparemos que desde os anos setenta do séc. XVIII as ideias iluministas atingem um elevado grau de expansão, durante a década de oitenta do mesmo século os invernos tornam-se mais rigorosos com consequência na produção dos cereais e, sequencialmente, no preço do pão, aumentado a fome e a pobreza. Da mesma forma, a balança comercial francesa está cada vez mais descontrolada, dado o estado estar na frente de batalha, por exemplo na Guerra dos 7 anos e a Guerra da independência, e a corte viver num mundo a parte, favorecendo a entrada das ideias iluministas no terceiro estado. Nesta altura, ninguém coloca ainda em causa o fim da monarquia absoluta, mas o pagamento de impostos por parte dos grupos privilegiados, algo para o qual Luís XVI não avança, mesmo perante o conselho dos seus ministros e as dificuldade trazidas pela primavera de 1788. Contudo, quem se opõe a esta situação é Charles Alexandre Calonne que apresenta esta proposta a um grupo de notáveis que a recusam afirmando estes que o pagamento de impostos por parte da nobreza só é possível se aprovado em estados gerais que são convocados por Luís XVI em 1789 e vai agendá-los para 5 de Maio. Para que tal
  • 5. 5 ocorresse era necessário que houvesse eleições para a escolha dos vários representantes, algo que se dá em simultâneo com a recolha de questões a ser debatidas em estados gerais. São, entretanto, escolhidos cerca de 1000 deputados para os estados gerias sendo a sua maior parte pertencentes ao terceiro estado. Ora, à partida há dois grandes problemas: 1) em primeiro lugar, o rei apenas quer discutir as reformas financeiras para a França enquanto todos os outros grupos queriam debater as queixas; 2) em segundo levanta-se a questão: como vamos votar as decisões? (Rei e grupos privilegiados: por estado; terceiro estado: por cabeça). Dado o impasse, em junho de 1789 o terceiro estado, representando 98% da população, constitui assembleia nacional comprometendo-se a elaborar um constituição passando o baixo clero para o terceiro estado inclusive alguma nobreza, que a 9 de julho passa a chamar-se constituinte. Ao mesmo tempo, o povo está nas ruas a queimar documentos ligados ao feudalismo, a atacar castelos, conventos, palácios, pilhando e roubando, tomando a Bastilha2 de 14 de Julho de 1789, levando a um clima de anarquia até o início de séc. XIX e que inclui o período do terror. A assembleia nacional, neste sentido, tomando consciência do que se esta a passar decide tomar medidas que são símbolo que uma nova era estava a nascer não só na França, mas também na Europa: a 4 de Agosto de 1789 a assembleia declara o fim do feudalismo em França, ou seja, o fim de taxa, de dízimos e privilégios, mas sem um forte período de contestação. Em consequência, a 26 de Agosto do mesmo ano é aprovada a Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão que servirá de preambulo da primeira constituição francesa, significando que França estava com as ideias iluministas, sem caminho de retorno rumo a uma monarquia constitucional (não se queria uma republica)3. Neste processo, o clero não esteve contra, apoiando a ideia de uma reforma, dado ser conhecedor dos acontecimentos americanos, da condição precária de muitos dos seus membros e da miséria que aumentava entre o povo, mesmo que se obrigasse a um pagamento de impostos. Na verdade, é o clero que desbloqueia a situação política criada nos estados gerais pela passagem do baixo-clero para o terceiro estado, mas convém notar que dentro desta assembleia estavam homens que defendiam o jansenismo ou o galicanismo sendo muito parco o número de membros vigorosamente adversários da Igreja, considerando-se até que esta como elemento chave pelo papel da 2 Local para onde eram enviados todos os inimigos de uma França absolutista. 3Nesta sequência, Luís XVI toma, igualmente, decisões erradas: dispensa ministros populares, recorre a mercenários para guardar Versailles, acabando por despoletar a revolta.
  • 6. 6 Igreja na assistência aos mais desfavorecidos e na comunicação, ao povo, das medidas tomadas em assembleia. Porém, a situação altera-se em novembro de 1789, quando a assembleia decide nacionalizar os bens a Igreja Católica pois a situação económica continuava a ser difícil, ao mesmo tempo que se caminha para a extinção das ordens religiosas, medidas depois tomadas por outros estados europeus. Todavia, até então o clero francês está do lado da revolução, algo que terminará aquando do aumento do poder do estado sob a Igreja. 2.3 De 26 de Agosto do 1789 à Nacionalização da Igreja Francesa Como vimos, a 26 de Agosto 1789 é votada a declaração dos direitos do homem e do cidadão que é o preâmbulo para a constituição francesa. Nessa declaração estão patentes os ideais iluministas da igualdade, fraternidade e liberdade, que são muito condizentes ao cristianismo que não se opõe, mesmo que, neste clima, próprio do contexto revolucionário, não se identificam estas ideias com cristianismo, sendo relevante notar que são muitos os membros do clero a participar na declaração dos direitos do homem. Ora, tudo isto acontece no contexto de assembleia nacional com membros afetos ao galicanismo, alguns homens que defendem Igreja nacional e afastada de Roma. Porém, o clero considerava que a França precisava de uma reforma, revolução. A própria assembleia nacional era católica, mesmo que associada a algumas ideias do galicanismo. Na verdade, considerava-se nesta época logo após a revolução que a ação da Igreja era necessária pela sua ação no campo da educação, aos mais pobres e doentes, considerando- se que o clero seria veículo transmissor e explicador destes novos ideiais revolucionários. Nesta fase há, aliás, boa relação entre a Igreja e assembleia nacional. Contudo, a situação altera-se a partir de Outrubro/Novembro 1789 porque apesar destas medidas tomadas pela assembleia, a crise económica em França mantém-se. Assim, avançam com nacionalização dos bens da Igreja católica. Convém destacar que Igreja tinha 1/6 do património de toda a França, que ficarão nas mãos dos elementos do povo mais enriquecidos e burguesia endinheirada. Nunca mais a Igreja irá reaver na totalidade este património que se agrava visto que todos os países com ideais da revolução francesa vão tomar esta posição. De facto, será o estado agora a suportar os custos da manutenção da Igreja católica. O estado toma conta da Igreja e vai levar a cabo uma reforma e reorganização da Igreja para poder suportá-la. Vai fazê-lo através da constituição civil do clero a 12
  • 7. 7 julho 1790 com abalo do rei Luís XVI a 24 de Agosto, embora não fosse a sua vontade pessoal: existe uma constituição que o clero deve seguir; a reorganização visava minimizar os custos e reorganizar as dioceses que deviam coincidir com os departamentos civis (130 dioceses para 83); há paróquia que são extintas; procura-se regularizar os honorários dos membros do clero; criam-se regras para bispos e padres; os bispos são obrigados a residir nas suas dioceses; os padres não se podiam ausentar mais de 15 dias da paróquia. Ao mesmo tempo, bispos são eleitos por uma espécie de comissões compostas por ateus, anti-clericalistas, ou seja, indivíduos sem ligação à Igreja católica. Efetivamente, com base neste conjunto de medidas os Bispos não podiam tomar decisões sozinhos e devem estar em comunhão com o Papa, mas não tinham de estar totalmente debaixo da sua alçada. No entanto, é correto afirmar que vários elementos do clero concordam com a ideia de reorganização e disciplina, mesmo que algumas delas interfiram no funcionamento da Igreja, dado que rendimentos são abalados, muitas paróquias desaparecem e os membros do clero são escolhidos por comissões o que choca a própria Igreja, inclusive aqueles que num primeiro momento concordaram com nacionalização dos bens da Igreja e extinção das ordens religiosas em França, até porque, com já afirmamos, estas medidas foram seguidas pelos estados satélites conquistados pelos franceses. 2.4 Do desejo ultra-montano ao período do terror Quando este mesmo clero verifica, em 1790, o rumo das circunstâncias, a assembleia queria mais medidas para limitar a liberdade da Igreja, respondendo esta com a não aceitação das propostas e com um olhar mais voltado para Roma, da qual se tinham afastado num primeiro momento, o que leva o Bispo de Laprovance a determinar que é anti constitucional o estado francês intrometer-se na vida da Igreja sem sínodo nacional ou autorização do Papa. Todavia, a assembleia não aceita sínodo, nem a intervenção do Papa porque considera que isso seria pôr em causa a constituição civil do clero e alimentar ideias contra-revolucionárias que ainda continuavam presentes mas, como a revolução não foi aceite por toda a população havia movimentos de resistência, alimentados pelas potências absolutistas. Com efeito, em 1791 é realizada uma exposição sobre os princípios da constituição civil do clero, reforçando-se a anti-constitucionalidade do documento pois
  • 8. 8 mexia no funcionamento do clero Francês e passava por cima do Papa Pio VI. Esta exposição é enviada para o Papa Pio VI para lhe mostrar que o clero francês considerava anti-constitucional um documento que interferia no funcionamento da Igreja e que, para sobre a qual não tinha sido consultada. Na verdade, isto é manifestação de um ultra-montanismo, um regresso a Roma, para lá dos montes, como desejo de reaproximação. Intervenção que não surtirá efeito, pois a assembleia indica que constituição civil do clero era para cumprir. Em consequência, em Avignon há uma série de revoltas contra o Papa e na maior parte das dioceses as reformas da constituição civil não estavam a ser levadas a cabo: paróquias vazias, os representantes não estavam a ser eleitos e verificam-se confrontos entre católicos e protestantes. Nesta linha, a assembleia entende que é necessário tomar uma posição mais forte que consistirá num juramento da constituição civil do clero (Novembro 1791). A obrigatoriedade deste juramento leva ao fim de uma unidade que tendia a existir entre o clero e o movimento revolucionário. Entra-se uma espécie de guerra civil: um cisma em França. Os católicos que não seguiam esta constituição passam a ser perseguidos e para se protegerem muitos deles vão integrar movimentos contra revolucionários. Maior parte do clero francês não jura esta constituição e o Papa Pio VI determina que quem jurar esta constituição será excomungado e verifica-se um verdadeiro cisma, formando-se 2 Igrejas: a Igreja que jura a constituição e integra uma Igreja do estado e todos aqueles que rejeitam jurar a constituição que são espécie de rebeldes, dão origem a uma Igreja refratária, unida a Roma. Até finais de 1791 estes membros da Igreja rebelde vão conseguindo de forma clandestina ter alguma liberdade para existir. Porém, finais de 1791 com nova assembleia e o tom mais anti-clerical leva a posições mais fortes face ao clero rebelde que começará a ser perseguido, agudizando-se a perseguição em 1792. Ora, França e os movimentos revolucionários vão tendo vários inimigos e derrotas por parte dos austríacos. Assim, França vai endurecer a posição contra aqueles que a nível interno são contra as ideias revolucionários, visto considerar que estes inimigos internos dão força aos inimigos externos, começando a identificar estes membros rebeldes com os movimentos contra revolucionários, mas, na verdade, muitos católicos sentem proteção dentro destes movimentos, algo natural e instintivo, porque muitos membros do clero fazem parte destes grupos e neste ano de 1792 obriga-se à saída
  • 9. 9 de 40000 sacerdotes da França, sendo que, os que não abandonaram o pais se viram numa situação mais difícil e insegura. Contudo, esta insegurança aumenta em 1793. Aqui a situação é muito difícil, em particular para a Igreja rebelde. Situação piora em Setembro deste ano quando a França vive os chamados massacres de Setembro. Centenas de sacerdotes foram executados, França entra numa fase de ódio e terror com Igreja a ser alvo de perseguição. Entre Setembro de 1793 e Julho de 1794 a França vive o chamado período do terror que só terminará com a morte de um dos protagonistas do terror: Robespierre, e que foi um verdadeiro banho de sangue a membros do clero e, neste sentido, outros tentaram viveram na clandestinidade, mas nem a Igreja constitucional, que tinha jurado a constituição estava a salvo. Neste movimento revolucionário encontra-se vários grupos: mais moderados (girondinos), mais radicais (Jacobinos) dentro dos jacobinos ainda há mais radicais (montanheses), que vão exercer o poder durante este período, com o objetivo de tentar aniquilar o catolicismo fazendo-o substituir por uma espécie de Igreja nacional, uma teofilantropia, com cultos que se queria impor com a destruição dos cultos católicos. Mas, todavia, isto não foi alcançado, apesar de várias medidas, o que levou a que esta onda de violência servisse para que muitos franceses clamassem por uma restauração do absolutismo. Assim, entre as medidas contra a Igreja verifica-se o confiscar de todos os bens da Igreja, os honorários dos clérigos são abolidos, incentiva-se à destruição de Igrejas e capelas, as cidades e aldeias são incentivadas a fechar as capelas e Igrejas, assiste-se à legalização do divórcio, regista-se uma secularização do registo das etapas da vida dos franceses (batismos, casamentos, funerais em realizado o registo por parte do estado). 2.5 O Pós periodo de terror: a ascensão de Napoleão Porém, é melhor clarificar a ação dos montanheses: estes criaram uma espécie de comité de salvação pública que vai, por pressão popular, levar a cabo uma série de medidas que acabam por ser fatais para o próprio comité. Eles vão procurar tabelar os preços dos bens essências à população, tomar conta de todos os bens de membros da nobreza, partindo-os em parcelas que atribuem a população (tomadas à força), medidas sociais de apoio aos desempregados e ao pobres que não agrada à alta burguesia. Efetivamente, dentro dos próprios revolucionários existiam diferentes grupos, e algumas dessas medidas de carater mais social provocam desagrado na alta burguesia que tinha
  • 10. 10 sido responsável pelo movimento revolucionário, sentindo-se a necessidade de depor estes radicais, começando um clima de mortandade visto o ambiente de desconfiança dos radicais uns contra os outros, que terminará com a morte de Robespierre cessando o período de terror e do comité. Na verdade, este banho de sangue não ajudou ao movimento revolucionário. França evidenciava necessidade de paz e estabilidade e os inimigos absolutistas da Europa estavam contra a França de forma mais acentuada. Deste modo, a partir de 1795 França vive um período de certa acalmia. Por algum tempo a Igreja em França pode respirar. Neste ano a assembleia determina a separação entre a Igreja e Estado e determina a liberdade de culto. A Igreja denominada de refretaria e rebelde, fiel Roma pode sair da clandestinidade (Fevereiro de 1795). As Igrejas encheram na Quaresma de 1795, porém o cisma continuava, a França continuava com duas Igrejas. Entre 1795 e 1801 existiram vários sínodos na tentativa de uma se sobrepor face à outra. A partir de 1797 a França volta a conhecer período de derrotas e oposição das potências externas. Mais uma vez teme-se que estes adversários tivessem aliados internos contra-revolucionários, pelo que estes aliados serão identificados com a Igreja. Volta-se a uma posição mais dura contra a esta. Mesmo num o clima de liberdade de religiosa, a partir de 1795 nota-se que a França acaba por impor a parte da Europa as suas ideias e ações contra a Igreja católica. Apesar dos girondinos (alta burguesia francesa) terem tomado o poder e rebatido algumas ideias dos montanheses, não conseguem trazer a prosperidade e a paz à França. Neste período a França passa a ser governada pelo diretório (5 dirigentes) em que França passa a ter uma nova comissão, numa nova tentativa para alcançar a paz. No entanto haverá uma espécie de liga internacional (estados absolutistas) que tentam conter ideias revolucionárias e também o inimigo histórico, Inglaterra, fará frente aos franceses. O diretório criado pelos girondinos não resulta e em termos económicos tudo está pior: a inflação aumenta, os inimigos da França fazem pressão contínua e o povo francês mostra-se cansado face a esta situação. Perante tudo isto, a única instituição que parece credível em França é o exército. Em 1799 vão levar a cabo um golpe e estado, que vai colocar no poder Napoleão. Na verdade, por detrás do golpe de Estado pelo qual Napoleão chega ao poder está o apoio do exército e da alta burguesia. Com efeito, Napoleão governou em dois períodos distintos: 1) A fase do consulado que governa a França com dois cônsules; 2) Fase do império em que governa como verdadeiro imperador e foi coroado pelo Papa Pio VII em 1801, embora esta seja
  • 11. 11 uma Auto coroação o que dificultará as relações entre Napoleão e a Igreja. Por outro lado, convém não esquecer que esta ascensão de Napoleão acaba por de certo modo pôr em causa as ideias da revolução francesa, visto que o poder fica concentrado nas mãos de apenas um homem, apesar de ter outros instrumentos. Ora, antes de assumir o poder, Napoleão4, com outras forças militares, foi responsável por uma pacificação interna externa a partir de 1796. Nesta circunstância, França leva a cabo uma política expansionista que avança sobre Itália, pedindo a Pio VI um resgate, ao qual este tenta aceder. Todavia, mesmo pagando este resgaste os franceses avançam sobre Itália e instituem uma República Italiana. Em consequência, o papa é obrigado a abandonar Roma e o exército napoleónico destrói tudo o que envolve a Igreja. Uma parte do clero italiano até aceita a república italiana, porém quando verifica a perseguição e a guerrilha dos exércitos franceses, o próprio clero luta contra os franceses, à semelhança de países como Portugal, Espanha, Bélgica… Nestes países conquistados os católicos são perseguidos e identificados com ideias anti-revolucionárias. Dá-se, entretanto, a morte de Pio VI e em Veneza, sob proteção austríaca, há a eleição de um novo Papa com outra atitude (Pio VII). Por outro lado, Napoleão dará uma certa estabilidade em França e que os franceses vão apreciar, levando a cabo várias reformas: criação dos liceus, reformar as finanças, cria moeda mais forte, primeiro banco criado, estabelece tratados de paz com os inimigos externos, restabelece relação com Papado com a concordata de 1801, procura estabilidade interna, promulgado código civil que materializa valores da igualdade, fraternidade e liberdade, potenciando ainda uma política de modernização da França, obras públicas, pontes, jardins. Este período de Napoleão, todavia, fecha com uma era anterior, pois declaradamente, Napoleão nunca enfrenta a Igreja católica, marcando-se o fim do regime absolutista e a materialização da época das luzes, mesmo que há quem considere que o antigo regime só terminará em 1830, pois após a queda de Napoleão há uma restauração da monarquia. Ora, Napoleão consegue pôr fim ao Cisma presente na Igreja católica em França, fim à divisão refratários e igreja constitucional. No entanto, os problemas com a Igreja Católica não terminam, mesmo após a assinatura da concordata dado que Napoleão fará um conjunto de exigências que colocam em causa a própria concordata, conseguindo 4 Para este a religião era um agente da lei.
  • 12. 12 impor a sua autoridade mas não eliminando o desejo de restauração por parte de alguns franceses. Neste sentido, o garante da paz social e certa segurança a nível interno é alcançado pela religião, daí a procurar de uma aproximação com Roma. Napoleão irá inclusive escrever uma carta ao Papa Pio VII a indica que a França está disposta a proteger a Igreja católica, visto que também o Papa desejava a paz. Como tal, estão de acordo para assinatura da concordata. É, neste contexto, permitida a abertura de Igrejas e capelas nas mãos de um clero que volta a ter os seus direitos e rendimentos, dá-se o regresso da liturgia romana a França e a permissão aos católicos de poderem demonstrar a sua fé publicamente, determina-se que todos os cultos revolucionários montanheses desaparecem. Contudo, Napoleão não é de confiança, pois assina a concordara e a seguir junta- lhe os artigos orgânicos que impõem certas determinações que colocarão em causa a própria concordata. Esses artigos indicam que nenhum documento de Roma pode entrar em vigor em França sem passar pelo crivo do imperador, que a abertura de seminários eram controlada por Napoleão, que nenhum representante de Roma pode exercer jurisdição em França sem a autorização do imperador, que nenhum sínodo ou concilio nacional que nenhuma festa pode ser realizada no território francês sem autorização do imperador, não sendo clara a questão do divórcio e, nesta linha, continua a prevalência do contrato civil do matrimónio sobre o religioso e os membros do clero tanto podem recorrer a tribunais eclesiásticos como civis. De salientar ainda que o clima politico e religiosa, colocava em pé de igualdade o catolicismo e protestantismo. Ora, Napoleão vai querer associar estes artigos à concordata, não obstante estes colocarem em causa a própria concordata. Nenhuma das partes ficou satisfeita com a própria concordata. Mas, em última análise, o vencedor é o papa porque restabelece-se a Igreja em França, apesar dos artigos orgânicos. Na verdade, o Papa ainda tinha a esperança de através do encontro pessoal amolecer Napoleão e mudar alguns dos artigos, encontro esse que acontece aquando da coroação em 1804. Contudo, Napoleão era cínico, estando patente a ideia de um certo galicanismo nestes artigos orgânicos. A questão da liberdade de culto a Igreja não vai fazer mais nada, mesmo na época da restauração. O papa vai com a ideia de conseguir mudar as ideias de Napoleão, retirando alguns artigos. Porém, não consegue. Efetivamente, é calorosamente recebido pela população, mas friamente acolhido por Napoleão que lhe pede para ficar
  • 13. 13 em Paris ou Avignon, tendo o Papa recusado este convite. Napoleão deixa-o partir para depois avançar sobre Roma. A partir de 1801 existem novos protagonistas na história francesa5. Napoleão é coroado imperador a 2 de Dezembro 1804. Face ao convite de Napoleão para o Papa permanecer em França após a sua coroação, o Papa Pio VII afirma não estar disponível para permanecer em França e parte para Roma. Napoleão deixa-o partir mas mal ele parte ameaça rasgar a concordata e exige ao papa Pio VII que aceite os artigos orgânicos, assim como um patriarca próprio para a França e que o colégio cardinalício tivesse 1/3 de cardeais franceses. Pio VII não vai ceder e acabará prisioneiro de Napoleão. Isto acontece em 1804. Em 1806 a França era senhora e dona de parte da Europa, embora existisse uma espécie de coligação (Aústria, Prússia, Rússia, Suécia) contra a França. Napoleão tentou invadir alguns destes estados absolutos. Por outro lado, continua a existir um estado que foge ao controlo de Napoleão e que este não consegue controlar: Inglaterra. Por isso, Napoleão tenta que a Europa bloqueie a Inglaterra em termos económicos, visto não conseguir em termos de território. Napoleão tem a Europa nas suas mãos e vai impor a Pio VII a exigência de aderir ao bloqueio continental. Porém, Pio VII diz que a posição do papado é neutra. Em resultado disto, Napoleão recorre ao uso da força e invade Itália. Pio VII excomunga Napoleão. Napoleão recorre à força, invade os estados pontifícios e vai fazer de Pio VII seu prisioneiro. Os cardeais são obrigados a partir para Paris. Napoleão tratou o Papa de forma desumana. Estes atos de Napoleão eram do conhecimento geral, pelo que os católicos identificam-se com o Papa e retiram o seu apoio a Napoleão. O Papa continua, apesar de prisioneiro, a resistir e a enfrentar Napoleão. Napoleão indica uma série de bispos para dioceses vazias e Pio VII recusa-se a aceitar. Napoleão avança para um segundo casamento, pelo que necessita da anulação do primeiro casamento. Consegue-a, mas grande parte dos cardeais romanos não estão presentes nessa cerimónia. Napoleão vai mais longe convocando um concílio em Paris chamando representantes da Igreja, tendo com objetivo controlar a Igreja católica. Porém, não consegue porque alguns participantes desse concílio exigem a libertação de Pio VII. Napoleão sente que a situação está a fugir do seu controlo e acaba por dissolver o concílio, agendando um outro para tentar controlar a Igreja. Pio VII continua preso. Em 5 Nesta fase, os católicos vão poder professara sua fé publicamente desde que isso não afete a estabilidade e o clima de paz da França, Papa volta a controlar o clero.
  • 14. 14 1812 Pio VII é transferido para piores condições. Nesta fase, a França vê-se numa situação complexa em termos militares pois avança sobre a Rússia e acaba por perder, ficando muito fragilizado. Em consequência, Napoleão regressa com vontade de ser mais simpático com o Papa Pio VII e diz-lhe que está disposto a encontrar-se com ele, a reatar relações, a fazer uma nova concordata e a restituir parte dos estados pontifícios ao Papa. O Papa responde que isso não é uma questão de negociação, mas sim uma questão de justiça. Papa não se vai vergar perante Napoleão. A justiça é que tudo seja devolvido na totalidade, aquilo que foi tirado na evasão de 1808. Gera-se um impasse e entramos no ano de 1814. A situação de Napoleão torna-se mais difícil, vendo-se obrigado a libertar o Papa e a restituir os estados pontifícios, embora não na totalidade. Entretanto perde no campo de batalha contra as forças coligadas (potências absolutistas). Napoleão é obrigado a exilar-se na ilha de Elba. Os inimigos de Napoleão pensavam que ele estava anulado, mas ainda ressurgirá. Napoleão acaba por cair no próprio contexto que criou. Após isto, é restaurada a monarquia constitucional na França e assume o poder o irmão mais novo de Luís XVI, Luís XVIII. Homem apaziguador, algo consensual. Mas o contexto é que sobe ao poder é adverso. Adverso porque Napoleão ao longo do tempo afastou-se daquilo que era defendido pelos iluministas, pelo que muitos deixaram a França. A França gerou muitos emigrados que agora encontram terreno para regressar e vêm reivindicar o que era seu. Os nobres viram os seus bens tomados e vêm reivindicá- los. Provocam um clima de grande instabilidade e o monarca Luís XVIII não vai conseguir fazer face. Por outro lado, o exército Napoleónico era de grande dimensão, mesmo apesar de enfraquecido, pelo que a opção foi desmantelar esse exército e mandar esses homens para a reforma com rendimentos reduzidos. Com efeito, estes homens revoltaram-se e com armas provocaram violência. Estas forças antagónicas contra Luís XVIII e a favor de Napoleão fazem com que Napoleão regresse ao poder, ainda que por pouco tempo. Porém, irão surgir os ingleses que vão derrotar Napoleão na batalha de Waterloo em 1815 que é derrotado e vai exilado para a ilha de Sta. Helena. Quem vai dar a mão a Napoleão e à sua família é o Papa Pio VII. Vai permitir que estes fiquem em Itália. A partir da queda de Napoleão, este será vigiado pelos ingleses para que não volte a acontecer um novo ressurgimento. A França irá viver o período de restauração da monarquia e também da própria Igreja que agora tinha condições para existir pacificamente.
  • 15. 15 2.6 De Luís XVIII a Carlos X Quando cai Luís XVIII surge Carlos X. Carlos X podia ter governado em paz se não tivesse tomado decisões erradas e polémicas. Desde 1789 até 1815 há uma série de acontecimentos que marcam a França e a Europa que têm um grande impacto na Igreja Católica. Nota-se claramente que um dos princípios imposto pelas monarquias constitucionais (questões que permanecem/influenciadas da revolução) é a da liberdade de culto. Outro aspecto é a crescente secularização da vida das pessoas. O Batismo, o casamento, o óbito deixam de estar nas mãos da Igreja e ficam nas mãos da sociedade civil. A Igreja consegue reconquistar em meados do séc. XIX a dimensão do ensino. O Estado tem necessidade de se fazer impor na vida das pessoas. Contudo, a Igreja, principalmente o Papa, sai reforçado desta situação porque os católicos identificam-se com o seu sofrimento, em particular Pio VI e Pio VII. No Congresso de Viena as potências absolutistas projetam a restauração da velha ordem que tinha sido colocada em causa por Napoleão e pela revolução francesa. Contudo, isto não ser possível porque o mundo era um local diferente, as ideias que circulavam eram outras. Os exércitos napoleónicos levaram essas ideias para outros estados e estas ideias circulavam. A Alemanha continuava dividida em vários estados, principalmente protestantes. Em França situação parecia pacificada pela governação de Luís XVIII no modo de monarquia constitucional, existindo uma constituição onde estão plasmados os direitos e deveres dos cidadãos e passa a existir um parlamento com duas câmaras. Câmara dos deputados que é eletiva e uma câmara cujos representantes são escolhidos pelo rei. Luís XVIII não vai fazer corte com realidade social de Napoleão e mantém a concordata de 1801. Acaba por ser substituído no poder em 1824 pelo seu irmão Carlos X. Carlos X não está disposto a governar como monarca constitucional, numa linha da igualdade, liberdade, fraternidade e liberdade de imprensa. Por isso vai fazer-se coroar rei, sagrado e ungido. Não se declara monarca absoluto, estabelece a ligação entre trono e altar, considera o catolicismo como a religião oficial do estado, embora mantivesse ideia da liberdade de culto, vai suprimir o divórcio e não devolve à Igreja o património que lhe tinha sido retirado. Faz algumas cedências que lhe convêm. Todavia, verifica-se que Carlos X dá alguns tiros nos pés. Decide taxar a imprensa independente francesa, aumentando de tal forma os impostos de modo que fosse impossível uma imprensa livre e independente. Porém, esquece-se que apesar de ele se considerar um monarca absoluto, na prática tal não acontece pois na constituição havia um parlamento com duas câmaras
  • 16. 16 que pelo menos uma delas, ele não podia dominar. Estas taxas são rejeitadas pela câmara dos deputados, sendo que Carlos X vai dissolver a câmara dos deputados. Não respeita a constituição, nem a divisão de poderes. Entretanto, o catolicismo vai conhecendo tempos áureos. Seminários são organizados e estão cheios, existe uma selecção na escolha dos representantes da Igreja, desenvolvem-se missões a nível interno em que há espécie de expiação dos pecados cometidos na revolução. Não obstante, o rei continua a dar tiros nos pés, dissolve o parlamento, convoca eleições e no processo eleitoral sai reforçada a oposição ao rei. Carlos X vai reagir muito mal lançando 4 ordenanças. Vai colocar mordaça na imprensa francesa, passa a existir censura. Dissolve câmara dos deputados. Vai alterar a lei eleitoral. Procede à marcação de novas eleições. Ao mesmo tempo que isto acontece vão proliferando as ideias liberais entre os católicos. Surge um jornal cuja referência é Deus e a Liberdade. Será espécie de slogan usado pelos católicos liberais. Na sua base, o liberalismo atacava alguns princípios da doutrina cristã… os católicos liberais vão defender a separação entre Estado e a Igreja. Na doutrina liberal o poder vem do povo, dos homens, não de Deus. Todo o poder do homem vem do próprio povo, não de Deus. Alguns princípios liberalistas colocam em causa o catolicismo, mas começam a ser divulgados pelos próprios católicos. Porém, muitos dos princípios liberais podem conduzir a uma certa secularização e até ateísmo. A religião pode ser vivida de modo íntimo, privado e particular. Ao defenderem isto estão a colocar em causa a própria Providência Divina. Pode conduzir a uma certa secularização da sociedade. Rei francês não adere a estas ideias. Os católicos perante a não adesão do rei voltam-se para Roma. O papa Gregório XVI também não concorda com as ideias liberais, produz encíclica em 1832 a condenar a separação entre estado e a Igreja, o princípio de que as religiões são todas iguais, pois podia gerar uma certa indiferença, indica que a liberdade tem limites e também questiona a liberdade de consciência. Faz questionar a ligação entre o catolicismo e o liberalismo. As ideias liberais vão proliferando pela França e Carlos X continua nos destinos do país. Carlos X vai continuar com más posições e atitudes porque o cenário económico é muito adverso e as ideias liberais vão sendo alimentadas por vários grupos sociais, operários, jornalistas e estudantes. Igreja católica também terá de levar com esta oposição e resistência. A alta burguesia francesa vai intervir para não haver outra revolução, pois esta coloca no governo o rei Luís Filipe que é muito mais moderado.
  • 17. 17 2.7 A Restauração (1815-1830) Período compreendido entre a queda de Napoleão e a revolução liberal em França. Período marcante porque é também um período de restauração eclesiástica. A Igreja vai aproveitar para se aproximar dos crentes, para recristianizar as massas populares, principalmente os que se afastaram da Igreja. Vai fazê-lo através de certos mecanismos, pelo que os seminários maiores e menores foram reorganizados com bastante sucesso, maior cuidado nas ordenações e estas subiam em flecha, as paróquias rurais multiplicaram-se. Para isto muito contribui o papel das ordens e congregações religiosas, nomeadamente no campo do ensino. Destacam-se os jesuítas, na qual o Papa Pio VII se empenhou em restaurar e acompanhar. São restaurados em França em 1814. Entretanto, convém notar que durante o período Napoleónico, foram muitos os religiosos que se foram organizando em diversos movimentos e grupos que acabaram por se transformar em congregações religiosas, muitas eles do sexo feminino e que se destacaram no combate de vários problemas sociais, como o ensino em que a Igreja marca grande presença, na assistência aos mais pobres e mais desfavorecidos. Estas congregações focam-se nos problemas sociais. Surgem também uma série de grupos e associações de caráter piedoso e caritativo de inspiração católica, que se vão empenhar nos problemas sociais (Ex. Conferências S. Vicente de Paulo – Frederic Ozonam). A Igreja tem nas congregações um importante instrumento de restauração do catolicismo na sociedade. Não obstante, vai recorrer a outros instrumentos como o caso das missões internas para expiação dos pecados anteriormente cometidos. A área do ensino é muito valorizado e readquirido pela Igreja, nomeadamente o ensino primário e superior. Este movimento de recristianização não teve o mesmo resultado em todas as zonas franceses. Nas zonas mais urbanizadas e industrializadas não foi tão fácil esta reentrada da Igreja. Concretamente nesta questão da industrialização a Igreja não conseguiu se aproximar, em particular do proletariado. Por outro lado, as diferenças não só a nível geográfico, mas também é termos de género porque a Igreja consegue conquistar mais as mulheres do que os homens. Em algumas regiões optou-se por um conjunto de disposições mais rigorosas e conservadores, a partir da abolição de festas, de bailes. Abolição de funerais de divorciados ou suicidas. Nota-se também que, inicialmente, no séc. XIX, verifica-se uma imagem de um deus castigador, terrível que paulatinamente vai sendo substituída por influência ultra-montana e também devido ao romantismo (movimento intelectual, que não sendo católico vai
  • 18. 18 favorecer a restauração do catolicismo) que dá lugar a um Deus piedoso, a um Deus bondoso. O culto mariano vai também crescendo exponencialmente. Estas alterações surgem entre 1815 e 1830. Em 1830, cai Carlos X, irmão de Luís XVIII, devido a um conjunto de erros e desejo de impor uma monarquia absoluta e de taxar e limitar a liberdade de imprensa. Neste cenário de instabilidade política, de medidas impopulares e de cenário económico adverso, começa a verificar-se um clima muito próximo do verificado em 1879 (pilhagens, assaltos a palácios e conventos). Considera-se que a Igreja está ao lado de Carlos X, o que conduzirá, inevitavelmente, a um movimento anti-clerical. Neste sentido, a burguesia francesa que não queria uma nova revolução vai ter resolver de forma mais pacífica esta situação colocando no poder o rei Luís Filipe. Com a ascensão de Luís Filipe, 1830 fica identificado como o ano que marca o fim da Restauração e dá-se inicio a um período marcado pelas revoluções e ideias liberais. Este movimento da Restauração não se limita à França, é um movimento presente em toda a Europa e que tem haver com a vontade de regressar a um tempo anterior em que existia uma sociedade de ordens, num regime de monarquia absoluta e forte ligação da monarquia com a Igreja Católica. Porém, este retorno a um tempo anterior deixa de fazer sentido a partir de 1815 porque o contexto era outro. Já não era possível um monarca com poder absoluta, de origem divina e já não era possível ter uma sociedade de ordens. A sociedade já se movia com base noutros ideais e outra basa de igualdade, liberdade e fraternidade. No entanto, a realização do Congresso de Viena em 1815 onde estavam presentes as principais potências absolutistas deu esperança aos membros da nobreza e da Igreja que alvejavam o regresso a um tempo anterior. Porém, tal não foi possível devido às questões indicadas anteriormente e as próprias ideias liberais já estavam muito espalhadas por toda a Europa. A população estava agarrada as estes princípios e nova realidade. As potências absolutistas estavam unidas apenas por questões de natureza política e não numa relação com a Igreja pois não tinham intenção de devolver o património que havia sido retirado à Igreja. O movimento da restauração conheceu acima de tudo o apoio da nobreza (que se viu afrontada pelo movimento revolucionário pois perdeu os seus privilégios), clero e alguns populares cansados de violência. Do outro lado estava uma burguesia pujante ao lado dos ideias industrializadores e liberalistas. Por isso, a sociedade não estava unida em torno de uma ideia de Restauração. Os próprios governantes queriam o regresso a uma ordem anterior porque não se sentiam seguros no poder e por isso
  • 19. 19 queriam o apoio da Igreja e uma velha ordem. Era necessário voltar a impor a religião e um conjunto de crenças que se haviam perdido devido ao movimento revolucionário. Nesta fase, a Igreja Católica é vista como meio de pacificação e agregação, regressando- se a um registo de conservadorismo que apresenta algumas contradições. Em alguns Estados a Igreja volta a controlar o ensino e a sociedade, mas em simultâneo existem um conjunto de movimentos na sociedade, com base nas ideias das luzes, que a Igreja não consegue controlar e continuam a inspirar certos autores que são anti-clericais e anti- cristãos. Aparentemente a Igreja consegue-se impor, a sociedade parece ser muito devota, mas ao mesmo tempo vive-se uma paz podre porque estes movimentos intelectuais atacam a Igreja e vão atacar este retorno efectivo da Igreja. As ideias de Voltaire continuam a fazer-se sentir e a Igreja não consegue controlar, embora seja um ataque mais subtil porque aparentemente a sociedade esta numa fase de Restauração. Aparentemente verifica-se esta restauração da ligação trono-altar. Regressa a velha ordem em que a Igreja tinha de estar em todo o lado. Aqui verifica-se a diferença face à época de Napoleão, pois, apesar de este considerar como importante o papel da Igreja esta deveria ficar circunscrita à sacristia e não interferir em qualquer assunto de natureza política. Dentro da Igreja surgem ecos e opiniões que apoiam este conservadorismo, assim como a vontade do regresso a uma concepção de religião oficial na sociedade, devendo ser o catolicismo a única religião. Todas as outras religiões tinham de ser banidas e proibidas. Era também necessário pugnar os bens da Igreja que tinham sido confiscados à Igreja. No entanto, na maior parte dos casos tal não foi possível, embora tal tivesse sido benéfico para a Igreja porque muitos elementos das Congregações religiosas vão ter de estar nas paróquias, junto da população que foi fundamental neste período. Dentro da Igreja começam a existir algumas posições claras. Este movimento restauracionista está mais ao lado do movimento conservador do que das ideias liberais jecobinas. A favor da ordem, do poder divino dos reis, da religião católica como oficial, da nobreza em vez de uma burguesia capitalista. Apresenta-se um quadro com uma realidade que se defende e é difícil de combater pois há muitos obstáculos para o regresso a esta sociedade de velha ordem, visto que a burguesia tem muita força nas sociedades urbanizadas e industrializadas, tornando-se uma grande força de bloqueio. Por outro lado, é muito difícil combater os ideais liberais. Muito difícil combater o funcionalismo e a burocracia da era Napoleónica. Também muito difícil combater as ideias nacionalistas que se fazem sentir, embora em muitos estados estas ideias
  • 20. 20 nacionalistas sejam abraçadas pelos católicos. Deste modo, mesmo este movimento restauracionista não é unânime dentro da Igreja, nem todos os elemtos do clero era a favor da monarquia absoluta, da nobreza, da sociedade ordem, do proteccionismo. Alguns membros do clero consideravam necessária uma adaptação da Igreja a um novo tempo. Nem todos queriam regressar ao passado, indicando alguns que a Igreja tinha de se impor neste novo contexto, e não ir buscar ideias passadas. Muitos elementos do clero vão aderir à ideias liberais. Não é o mesmo falar da época restauracionista e da restauração eclesiástica, visto que esta última vai começar pelas mãos do Papa Pio VII que vai conseguir fazer renascer das cinzas o próprio poder do Papa. Este movimento de restauração eclesiástica foi beneficiado por 3 factores, a saber: o movimento intelectual do romantismo; uma criatividade restauracionista, ou seja, a ideia de que a restauração não tem só haver com retorno ao passado, mas a Igreja está voltada para presente e projeta-se para o futuro; o papel das ordens religiosas. O movimento do romantismo, apesar de não ser um movimento católico favoreceu a restauração eclesiástica. Favorece a imposição do catolicismo ao considerar que existiam certos elementos na sociedade que eram inimigos da coesão social, como o misticismo, o ateísmo e sobretudo a indiferença religiosa que se faziam sentir na sociedade europeia. Considerava-se como necessário trazer sentimento à sociedade e esse sentimento não existia, sendo o principal culpado o iluminismo porque colocava a tónica na razão e tinha arrancado o sentimento e a sensibilidade religiosa da sociedade. Por outro lado, há uma característica transversal ao romantismo que é o fascínio pelo período medieval, que havia sido um período mal tratado pelo iluminismo. Os autores românticos vão redescobrir a própria Igreja ao estudar o período medieval. Descobrem que nesta sociedade medieval existiam uma certa união e coesão, mesmo entre os diversos estados. Esta união era potenciada pelo próprio papado, desenvolvendo uma enorme admiração pelo próprio passado e que a união era potenciada pelo catolicismo. Este movimento romântico olhou para a sociedade e considerou que o iluminismo só trouxe violência, separação e ódio, pelo que era preciso voltar a um tempo em que todos viviam unidos, sendo essa união potenciada pela experiência religiosa. Vão transformar a experiência religiosa numa fonte primária de inspiração, a sensibilidade religiosa vai impulsionar este movimento numa oposição a um racionalismo abstrato que tinha conduzido à quase destruição da Europa.
  • 21. 21 Na verdade, nós vemos que esta ideia está muito presente na obra de Chateaubriand, um dos principais elementos deste movimento a par do inglês Walter Scott. Na verdade, François-René de Chateaubriand é importante pela ligação que estabelece entre o romantismo e catolicismo ao afirmar que entre todas as religiões, o catolicismo é a mais relevante por potenciar a liberdade, as artes, o génio e o espirito humano, sendo a religião mais útil para a sociedade ao dotar os seus crentes de princípios morais que promoviam a paz ao invés do iluminismo, mas também salientar o nome de Walter Scott que, na suas obras com referencias aos cavaleiros e à virgem, se coloca nesta mesma linha. De notar ainda que o romantismo vai nascer por oposição ao iluminismo de setecentos, considerando que este falhou não só por depositar toda a confiança na razão, como também devido ao facto de não ter deixado espaço para o sentimento e para a consciência que o catolicismo potenciava; e vai mais longe ao considerar que a história da civilização europeia confundia-se com a história da própria igreja católica, originado um sentimento de nostalgia do medieval, mas, igualmente, na indicação de que o iluminismo falhou no seu projeto, pois não conhecia o ser humano integral, algo que o só era possível à Igreja Católica. Este movimento vai-se impor nas primeiras décadas, mas paralelamente, continuam, em França e na Inglaterra, a surgir autores que defendem as ideias de Voltaire, usando o restauracionismo como forma de ataque à Igreja, sendo que alguns setores da mesa Igreja se acomodam a tal situação tornando-se mais suscetíveis a criticas em especial na área da educação e da física. No entanto, esta corrente vai-se fazer sentir na arte, em particular no neogótico, na defesa da origem divina do poder dos reis, na defesa da Igreja, mas também da monarquia e da união trono-altar. Porém, ao mesmo tempo que a Igreja se impõem na sociedade, há uma nova ordem económica que se está a instalar: o liberalismo económico. Na verdade, a Igreja criticou o liberalismo económico, mas não apresentou uma alternativa, começando este por se impor na área política, acabando na área económica, iniciando a defesa da separação de poderes até atingir a ausência destes quer na economia, quer na sociedade, saindo o estado de cena nas suas responsabilidades. Em consequência, estando nós longe de um estado social, aumenta a precariedade dos povos emergindo um novo tipo de pobreza e de exploração que a Igreja não consegue controlar, mas que tenta amenizar nas consequências através das congregações religiosas.
  • 22. 22 Concomitantemente emerge uma determinada criatividade restauracionista ligada a uma tomada de posição da Igreja entre 1815-1830 no campo do ensino, de forma especial nas Universidades, como é disto exemplo a Bélgica, onde se funda a Universidade de Mein que se transferirá, mais tarde, para Louvaina, e a Alemanha, na qual surge a Universidade de Munique. Ora, estas universidades vão ser importantes porque potenciam uma nova visão de cristianismo e o divulgam, algo que acontecerá, similarmente, com os estados pontifícios que produziram uma série de obras neste sentido; do contributo das congregações religiosas, em especial femininas nascidas entre 1815-1870, podemos destacar o seu papel na assistência social vista a falta de recursos humanos. Podemos ainda salientar um determinado pessimismo patente nos sermões causado quer pelo insucesso na transmissão da mensagem cristã, quer na ignorância e afastamento das populações, que potenciou as denominadas missões populares, havendo em alguns outros circuitos posições mais violentas como a apresentação pública do estado de cada um dos fiéis, sendo que as missões populares, que procuravam transmitir um catolicismo mais vivo, tiveram diversos resultados, com maior eficácia nos estratos mais populares. O objetivo principal era, por isso, pela exploração de temas como o pecado, a confissão (…), chamar as populações de volta para o seio eclesial, mesmo que tal intento tenha ficado à quem das espectativas. Por outro lado, a Igreja foi tentando eliminar os resquícios dos movimentos revolucionários, libertando-se da era napoleónicas, mas tal não conseguia mesmo com a sua ação mais rigorosa, procurando assim atuar sobre as gerações do futuro, considerando que efetivamente estava a ser difícil combater esta ignorância religiosa até porque muitas destas pessoas tinham sido educadas numa corrente anticlerical. É neste contexto que emerge a aposta na educação muito pelas ordens religiosas onde se destaca, no campo universitário, a companhia de Jesus, mesmo que a Igreja continue próxima de uma posição conservadora e fechada potenciadora de uma crítica, sobretudo porque ela passa a dominar recursos humanos, conteúdos e pedagogia, levando à criação de uma corrente que era favorável de um ensino laico. Todavia, se as ideias e obras de ataque à Igreja continuam a fazer-se sentir, muito devido a uma nova posição face desta ao ensino, esta maior ligação teve os seus resultados positivos, pois muitos voltam para o seio eclesial. Mas, há um outro aspeto a ter em conta: as transformações sociais visto que, cresce a natalidade, ocorre o recuo da taxa de mortalidade e aumenta a urbanização
  • 23. 23 motivada por uma busca de novas condições no quotidiano, apesar dos salários não permitirem uma vida digna nascendo, daqui, o proletariado ligado ao alcoolismo, à prostituição, às zonas excluídas, num movimento que as paróquias não conseguem acompanhar e assistir; aumentando, por outro lado, o crime e a violência, temas retratados na literatura quer francesa, quer inglesa. Na verdade, tal contexto faz aumentar a indiferença religiosa que a Igreja procura combater, mas mais grave do que isso surgem ideologias materialistas que procuram dar resposta ao liberalismo económico e que são agora um novo inimigo para as posições da Igreja Católica. Efetivamente, tudo isto se dá de modo concomitante, num ataque em diversas frentes, onde as ordens religiosas tiveram uma função determinante ao mostrar a humanidade a Igreja mas também figuras como Chateaubriand, Lamennais ou Fédéric Ozanam (Conferências São Vicente de Paulo). Aula 7/2/3/2018 - Grandes Homens Grandes Homens pela relevância do período do romantismo ao chamarem à tenção para o papel temporal da Igreja. Entre esses homens Chateaubriand intelectual que chamou à atenção para a importância da Igreja Católica por esta permitir a materialização do Génio Humano. Considerava que a Igreja católica era a que permitia o exercício de liberdade, obras de arte brilhantes, o desenvolvimento das letras e sob o ponto de vista da moral. Tudo o que dizia respeito ao génio humano era exaltado na própria Igreja. Considerando que de todas as religiões era a mais útil para a sociedade europeia, pois dotava os seus crentes de uma série de valores e crenças que eram úteis para a sociedade e os mais relevantes para que a civilização europeia se voltasse a unir como antes da revolução. Este autor procurou exaltar o período medieval, mas não é caso único. Também filósofos e escritores exaltaram e fizeram a apologia da Igreja Católica lutando contra aquilo que queriam combater: a indiferença religiosa, o paganismo. Tudo o que implicava a ausência do religioso era uma realidade a combater. Entre esses homens também Lamennais que vai produzir um tratado contra a indiferença religiosa, que era o mais o chocava. Uma obra onde se exalta o período medieval, exalta-se a unidade em torno da Igreja e da figura do Papa, já que estamos agora no período do ultramontanismo. Também J.M. Saler, que tenta levar para a Europa protestante o catolicismo em reuniões e obras, amigo de Luís I da Baviera, levou para Munique a Universidade tornando-se a cidade num grande centro do catolicismo.
  • 24. 24 Outro intelectual que chamou à atenção para a importância da Igreja na sociedade Oitocentista – Ozanam. Professor da Sorbone, que organizou as conferencias de São Vicente de Paulo, para chamar a atenção para os problemas do liberalismo económico, chamando à atenção para a importância do catolicismo no campo social. Ozanam tinha consciência de que o iberalismo económico era contraditório, podia impor- se em todos os campos, mas não estava a ser eficaz no campo social, criando um vazio que devia ser preenchido pela Igreja Católica. Vai desenvolver reuniões, conferências de São Vicente de Paulo, no sentido de chamar os grupos privilegiados para reflectir sobre estas questões, procurando nas Conferencias que os mais abastados reflictam sobre a situação dos menos abastados. É uma reflexão, não é uma procura de solução. Ozanam foi dono de uma obra notável pois em meados do século XIX havia na França já 202 Conferencias, envolvendo um número considerável de pessoas envolvidas neste projecto (800/1000) e mais do que isto estava a alargar-se a outros países católicos. Noutros Estados também verificamos esta necessidade de os Católicos se organizarem e imporem o catolicismo à sociedade. Em alguns estados não foi fácil, mas também na Áustria e na Alemanha intelectuais reunirem para debater a importância do catolicismo entre 1815 – 1830. Isto num terreno muito difícil onde dominava o protestantismo, onde também os bens da Igreja foram nacionalizados, e muitos homens arriscaram a mostrar a importância do catolicismo. Itália – Manzoni, Por exemplo. Chama a atenção do meio filosófico e literário. Entre 1815-1830, Época da Restauração, vamos assistindo a alterações que se vão processando de forma muito rápida, nesse sentido o que notamos é que grande parte das sociedades é afectada por fenómenos como o crescimento demográfico, a industrialização e urbanização. Tudo isto acontece de forma concomitante. E a Igreja terá alguma dificuldade em dar resposta a alguns destes fenómenos: a população aumenta, o processo industrializador cresce e as pessoas não tendo a possibilidade de subsistência no campo, deslocam-se para o espaço urbano que não consegue absorver todos, crescendos o número de pobres e de miseráveis que conseguem encontrar resposta na sociedade. Não conseguindo o Estado dar resposta, as Paróquias urbanas também não estão preparadas. Não há uma resposta imediata, pelo que caem na indiferença, afastando-se da Igreja. A Igreja no entanto pelas novas e velhas congregações procura dar resposta a muitos destes homens e mulheres. Surgem novos problemas: aumenta a violência a marginalidade e delinquência juvenil, violência doméstica, prostituição, alcoolismo. Perante este cenário
  • 25. 25 de indiferença, percebemos que a Igreja continua presente nos camponeses e nas classes médias que ficam mais conservadoras pois temem que a ordem que ajudaram a criar fique em perigo às mãos do proletariado que é indiferente à religião e ao sistema político. A classe média tende a ligar-se mais à Igreja. Mas a Igreja também temia estes novos tempos, de apego a novas ideologias económicas. A Igreja considera então que tem de se unir a sistemas políticos fortes que defendessem a Igreja, mais conservadores, na maior parte dos casos, monarquias, já que os interesses se cruzavam. A materialização de tudo isto acontece em 1825: Carlos X é Ungido e torna-se monarca com o apoio da Igreja. (Carlos X que tentou acabar com a Liberdade de imprensa.) Apesar de encontrarmos muitos homens e mulheres que procuraram uma espécie de renascimento da Igreja Católica, os resultados não foram totalmente alcançados por estarem amarrados à realidade pré-revolução e não conseguiram tirar partido do novo contexto. Dos aspectos positivos da Revolução Francesa. Estavam a actuar num período como se estivessem noutro, estava a tentar colocar de lado tudo o que fazia parte da sociedade. A restauração eclesiástica não foi mais além por causa deste comportamento anacrónico. Valoriza-se a paróquia e o sacerdote diocesano, com a nacionalização dos bens da Igreja a vida religiosa concentra-se na paróquia, o sacerdote diocesana é evangelizador fundamental, cuida de associativismo católico. Vamos também verificar uma aproximação entre clero regular e clero secular. Sendo que Roma vai durante este período favorecer a restauração das ordens mendicantes, numa altura em que a presença da Igreja parece estar a decair, estão em palco as missões populares. Vemos a Igreja a procurar afirma-se pelo aspecto social. O ultramontanismo afirma-se. Muitos elementos do clero a assumir o papel de destaque nas confrarias, estas que no pós-Trento aumentaram no intuito de promover a Religiosidade Popular, favorecer o culto mariano, mas também na assistência aos mais fracos, emprestando até dinheiro. Entre 1815-1830 a Restauração falha do ponto de vista político. Na França falha porque o monarca não tem visão: comporta-se em 1800 como em 1700. Assim, em 1830 voltamos a ter o mesmo cenário de 1789 (fome, misérias, aumento do preço do cereal, desemprego aumenta, também as pilhagens) o cenário de violência afectará a monarquia e a Igreja, já que pareciam a mesma realidade e o povo francês não fazia a diferença entre Trono e Altar). Verifica-se um ataque contra tudo o que simbolize a riqueza. A Burguesia afasta Carlos X e coloca no poder Luís Filipe, que irá reinar segundo uma monarquia
  • 26. 26 constitucional com uma nova Constituição feita à medida dos interesses na burguesia que colocou no poder Luís Filipe. Ao mesmo tempo, algumas medidas são tomadas até 1848: Na prática a Igreja era oficial do Estado francês, cessa o conceito de “RELIGIÃO DO ESTADO”, impôs-se de novo a liberdade de culto e de consciência, e outro aspecto que convêm salientar é que o ensino que tinha sido colocado nas mãos da Igreja nos anos 20 volta para as mãos do Estado. Desde 1822 a Universidade estava nas mãos do clero e desde 1824 até o ensino privado. Em 1830 o ensino regressa ao Estado. Isto tem um grande alcance porque não limita à França. A Europa entra numa onda de revoltas liberais. A França ainda não tem ainda um sistema republicano, mas os ventos são mais evidentes (acontecerá em 1848). Ao mesmo tempo que isso se verifica no território francês, católicos e liberais unem-se em nome de certas causa e realidades contra as quais querem lutar. O conceito de restauração é mais complexo: não é só restaurar a realidade anterior à Revolução Francesa, já que havia quem defendesse que a Igreja devia voltar ao tempo anterior mas também defendiam que alguns aspectos liberais eram positivos. Em 1830, perante o fracasso da Restauração são muitos os católicos que dizem que o liberalismo tem de ser integrado no catolicismo. Surgindo desse modo um catolicismo liberal que se vai materializar na possibilidade de muitos católicos se libertarem do jugo protestante que os dominava, por exemplo: na Bélgica. Em Agosto de 1830, a Bélgica liberta-se da Holanda protestante, Bélgica alcança uma monarquia constitucional de uma família que tinha uma grande relevância na Europa de então e que darão o 1 Rei à Bélgica: Leopoldo I. O mesmo sucedeu com a Polónia, mas sem sucesso. A Polónia estava submetida à Rússia. Animados pelo espírito revolucionário, os militares polacos revoltam-se mas a Rússia não sendo a Holanda transforma a Polónia num palco de sangue, e muitos polacos deportados para a Sibéria por Nicolau I. foi uma tentativas de independência que fracassou. Em 1830 o liberalismo prece triunfar em todo o lado da Europa. Em Portugal acontecerá posteriormente, em 1834. Falamos de liberalismo cultural, económico, religioso. Só não existia um liberalismo social. Os liberais não se preocupam com questões sociais e davam tiros nos pés por contribuírem para um sistema económico que aumentava as desigualdades sociais. O que temos agora é uma elite, de grandes capitalistas, que aumenta a sua riqueza, à custa de trabalhadores que querem um trabalho
  • 27. 27 mas que vivem em condições miseráveis, trabalham 14 a 16 horas/dia, sem direitos alguns. Resvalam para a vida promíscua. O que leva á questão social. A revolução industrial, o liberalismo económico, assente na livre concorrência e no absentismo estatal conduzem à: Questão social que marca o século XIX – ausência de uma politica social do liberalismo. A ausência da procuração social permite o crescimento de ideologias como o socialismo utópico de Proudhon, Marx e Engels. A Igreja procura responder com as suas congregações. Mas é o sistema político a falhar com governantes mal preparados. Entre 1830-1848 parece estar tudo à espera de uma nova revolução. Acontecerá em França em 1848, com a queda de Luís Filipe e a imposição da República. A França é um referencial para a Europa. Pois as revoluções sociais e políticas seguem-se umas atrás de outras. Temos agora movimentos sindicais a reivindicar a intervenção do estado nas questões sociais. Mas outros fracassos encontram no liberalismo: o fracasso das reunificações de Itália e Alemanha. Mas nesta altura 1830, em Itália, a preocupação ainda era a limpeza de ideias revolucionárias fomentadas por sociedades secretas como a Maçonaria e Carbonária. O sul fica tradicionalista, e o Norte muito pujante ao nível religioso. Na Alemanha apensar de os católicos conseguirem conviver com os protestantes, vão procurar-se unir os protestantes (luteranos e calvinistas), conhecem o mundo liberal protestante, o movimento Despertar. Os católicos estão mais presentes em Munique, na Universidade. Olhando para outros mundos, como a Igreja ortodoxa, percebemos que o Liberalismo também operou transformações. O império Otomano está em crise, os nacionalismos fazem-se sentir. Um dos estados que está a procurar garantir a independência é a Grécia. Nos anos 30 a Igreja grega é independente e desprendida do regime Otomano. O MUNDO ESTÁ A CONHECER TRANSFORAÇÕES em 1848 um cenário favorável à Igreja Católica. Em Itália surge um homem que se dedica aos jovens abandonados e se torna uma referência não obstante a divisão: São João Bosco. 14/03/2018 - Relações Catolicismo - liberalismo Quanto ao Catolicismo e política liberal sabemos que a partir de 1815, aquando da Restauração e queda de Napoleão verificamos também uma restauração no
  • 28. 28 catolicismo. Restauração essa que não é propriamente aceite pela burguesia liberal que reage reeditando a obra de Voltaire que tinha começado um pensamento anticlerical e apoia iniciativas que ridicularizaram os jesuítas. A primeira relação entre o catolicismo e o liberalismo não é pacífica. Mas essa relação vai agudizar-se quando sobe Carlos X, tomando medidas que não agradam aos liberais pois fica em causa o princípio da liberdade de imprensa, desembocando em revolução em 1830. Subindo Luís Filipe. Os ecos já se fazem sentir na Europa. Na Bélgica: catolicismo e liberalismo surgem unidos contra o protestantismo, a fim de conseguirem a independência. Morre Pio VII. Mas a eleição de Gregório XIV demora 50 dias e vemos que não estava a par do quadro político. A fim de controlar os ecos revolucionários pede ajuda ao reino que representa o absolutismo: a Áustria. O liberalismo está na década de 30 na Europa. E os católicos começam a levantar questões. Por exemplo na Polónia? Não devia a Igreja tomar parte? E não estará na altura de reconciliar Deus e Liberdade? Católicos Liberais surgem. Homens que conciliam os ideais liberais com a sua fé. Mostrando que não são frentes antagónicas. Este movimento conhece um maior número de adeptos na França, depois na Bélgica, e na Alemanha, Países Baixos. Ao mesmo tempo que o liberalismo penetra no seio da Igreja Católica há uma reacção contraria: aqueles que temem o avanço do liberalismo. Que leva a uma reacção mais fundamentalista. Uma reacção conservadora a reagir: a igreja não tem de evoluir. Consideram estes conservadores que não há meio-termo entre verdade e erro. Consideram o liberalismo responsável pelo laicismo da sociedade e o anticlericalismo, pela defesa da separação entre a Igreja-Estado, o individualismo, o romantismo na arte e nas letras… tudo isto foi condenado. Os católicos liberais não querem mostrar-se intolerantes: Lamennais é o rosto deste movimento, terá seguidores como Lacordaire e Montalembert (todos padres) Defensores do catolicismo liberal. Fundam um jornal: L’Ávenir que será porta-voz do catolicismo liberal, onde se fará a defesa da liberdade de consciência, imprensa, associação e de ensino. Alguns deles defenderão até a república e o sufrágio universal. Estes homens consideravam que era necessária a separação entre o Estado e a Igreja. A separação seria benéfica pois a Igreja poderia actuar de modo menos condicionado e deixaria de ser um instrumento do Estado. Pegam assim em ideias liberais e colocam-nos
  • 29. 29 a favor da própria Igreja. Lamennais começou por ser um defensor entre o altar e o trono, mas percebeu por Carlos X que a Igreja sofria represálias por ser instrumentalizada por parte do poder político. Proponha então que o princípio da separação fosse aproveitado favoravelmente. A Igreja devia então afastar-se de tudo o que estivesse ligado ao poder politica porque isso condiciona a Igreja e faz com que seja menos credível. Vários sacerdotes escrevem no jornal, mas o jornal ultrapassa a França, é um porta-voz da Igreja Liberal com o lema “Deus e Liberdade”. Os ecos do catolicismo liberal francês chegam a outros intelectuais: na Inglaterra, Lord Acton; em Itália Rosmini e Mazoni. E na Alemanha com Dollinger. Lamennais Escreve uma obra sobre a indiferença religiosa em 1817, marcando os inícios do século XIX. Conhece o sucesso por meio desta obra. Entra tardiamente na igreja começa por ser um defensor da Restauração, da união entre Trono e Altar, era um ultramontano, era defensor da importância do ensino e educação do clero. Era necessária a elevação da formação do clero. Em 1828 percebe que a Igreja francesa está a ser prejudicada pela ligação entre trono e altar. Começa a defender a separação, a favor da própria Igreja. Em 1830, com a revolução de Julho, no jornal surgem artigos que fazem referência à liberdade que deve existir na sociedade, na Igreja, e que deve ser usada pelos povos subjugados a outros. Defende a liberdade da Igreja, da Sociedade, mas também a liberdade dos povos que são reféns de outros. A sua mensagem vai cada vez mais longe, fala das questões sociais. Mas pegando no conceito de liberdade Lamennais afirma que a Liberdade não é um privilégio da Igreja. A linguagem é nova e não agrada aos mais conservadores, a padres e a bispos. Os bispos franceses mostram-se descontentes, mas mais tarde também os belgas. Dizendo que os seus responsáveis deviam retratar-se e proíbem os seus sacerdotes de assinarem o jornal cujas ideias consideravam perniciosas. Ora o jornal ficou inviável economicamente. Os 3 vão a Roma, ter com Gregório XVI, esperando o apoio do Papa. Mas este não era adepto do Liberalismo. Mas o Papa acolheu-os com muita simpatia, muito pelos primeiros tempos de Lamennais, mas demarcou-se da sua posição. No ano seguinte publica Mirari Vos, considerando que os princípios liberais são perigosos para a Igreja Católica. Numa linguagem muito dura, mas sem nunca dizer o nome de Lamennais.
  • 30. 30 Afirma-se defensor da unidade Estado / Igreja, coloca em causa o princípio da liberdade de consciência, e mostra-se contra a liberdade de imprensa. O jornal cai, mas Gregório XVI queria que se retratassem, condenando as ideias que tinham defendido. Deixam cair o jornal, mas não se retratam. Lamennais abandona o sacerdócio. Lacordaire Discípulo de Lamennais é um homem intelectualmente brilhante com grande capacidade de oratória, tanto para as massas como para as elites. Era particularmente defensor da liberdade de ensino e dedicou-se ao restauro da ordem dominicana em França, ordem que estava associada à Inquisição. Sendo que em 1843 consegue a restauração da ordem. Montalembert Seguidor de Lamennais, de famílias nobres. Liberalismo Belga Católicos e liberais unem-se e, em 1831 elaboram uma constituição, que se torna um exemplo para toda a Europa. Onde se reconhece a liberdade de ensino, de consciência, de associação e de imprensa. O Papa não reage. Estamos num território dominado pelos protestantes, pelo que a Igreja aceita para que os Católicos vivam em liberdade. Nesta altura outros povos pugnavam pela sua liberdade, era o caso do Irlandeses: com um catolicismo muito pragmático, com uma certa autonomia de Roma e muito voltado para as classes populares. O catolicismo inglês é muito mais intelectual. Em 1800 tem lugar A Acta de União (Act of Union), a Irlanda passa a fazer parte do Reino Unido. E começa a luta dos católicos que procuram libertar-se dos protestantes, da Igreja Anglicana. Um processo favorecido por exemplo por muitos sacerdotes franceses terem abandonado a França indo para Inglaterra levando a sua religião. Também o movimento romântico muito presente na Inglaterra faz com que muitos adiram ao Catolicismo. No Reino Unido entram 5 milhões vindos da Irlanda. Quase todos católicos. Os católicos vão começar por pedir em 1829 a emancipação e igual capacidade para aceder a cargos públicos e deixam de pagar o dízimo ao clero anglicano. Ao mesmo tempo a Igreja vai ganhando mais peso na Irlanda, através de ordens, através da acção social. A ponto de se querer restaurar a hierarquia católica no Reino Unido. A simpatia rapidamente se transforma em anti-clericalismo. O que ficará sanado pela mão do arcebispo Wiseman
  • 31. 31 (de mãe espanhola) que conseguiu alterar esta ideia na opinião pública, ficando favorável à Igreja Católica, conseguindo a posição da Igreja Católica na Inglaterra. A Inglaterra é a principal potência do mundo, tinha um império que interessava para as missões. As boas relações permitem levar a cabo missões que pareciam reservadoras aos protestantes. Além de Wiseman outros intelectuais se destacam no Movimento de Oxford, movimento que está associado à Universidade de Oxford, composto por padres anglicanos como Faber, Waard e Newman. Homens que começam a reflectir sobre o liberalismo, e começam a defender a separação entre o Estado e a Igreja. Algo que em Inglaterra tem muito impacto, porque a Igreja Anglicana é do Estado. Começam a discutir estas questões sobretudo Newman e Keble que foi o primeiro líder do movimento. Fazem- no estudando os primórdios da Igreja, indo às origens. Newman estuda os padres da Igreja, recua ao século IV e V, estuda Niceia e cria a doutrina da Via Média entre a I. Católica e I. Anglicana e chega à conclusão que a herdeira da Igreja Medieval é a Igreja da Inglaterra. Desenvolve Tratados que começam a ser repudiados pela Igreja Anglicana. Deixa por isso de publicar, e faz apenas uma reflexão interior que o leva à publicação de onde se retrata de todas as acusações que fez à Igreja Católica. Deixa a paróquia anglicana e abandona até o sacerdócio convertendo-se ao Catolicismo. A sua conversão não é uma renúncia ou repúdio da Igreja a que pertencera, mas como um aperfeiçoamento, percorre um caminho que o leva à Igreja certa. Ganhou aquilo que não tinha. A sua conversão foi muito importante para a Igreja Católica, provocou muita reflexão. Durante este período, o liberalismo conhece sucesso noutras regiões: Alemanha: O caminho é difícil, por causa do romantismo que surge como reacção ao liberalismo. Mas encontramos homens da Igreja católica que se assumem como defensores de liberalismo moderado: Keller por exemplo e Dollinger, sendo que este numa fase posterior diz que o liberalismo precisa de limites. O liberalismo surge então num plano intelectual, defende que haja uma opinião pública dentro da Igreja, mas não a liberdade absoluta dos teólogos. As questões mais pastorais ficaram nas mãos de Hirscher. Surge também a questão de na Prússia se estabelecer que os filhos seguiam a religião dos pais e as filhas a religião das mães. Os católicos viram isto como uma provocação, esta medida foi imposta por Frederico Guilherme III da Prússia que não era
  • 32. 32 adepto do catolicismo e leva a cabo medidas contra os católicos. O arcebispo de Colónia faz-lhe frente e acaba preso. Há uma política anti-clerical, por parte do governo Prussiano. Para tentar apaziguar Frederico Guilherme IV mostra-se mais simpático e tolerante. Os bispos conseguem uma comunicação mais directa com Roma, os núncios conseguem estabelecer-se. A Igreja consegue estabelece-se no ensino, na acção social. Cria-se o Ministério Cultos de Berlim e o ambiente fica mais favorável. Segue-se um período de 30 anos de paz religiosa. A Itália Que vive momentos complicados, marcos por controvérsias entre católicos liberais e tradicionalistas, a filosofia de Rosmini e a vontade de os estados se unirem. A Itália vive durante este período debaixo do lema: Pátria, Liberdade e Religião. Aqui encontramos jovens católicos que assinam L’Ávenir. A Itália quer unir-se, mas precisa de garantir a independência dos estados pontifícios. Quer a separação do estado/igreja mas quer a reforma da Igreja, de uma Igreja mais intensa. Gregório XVI não aceitará muito do que caracteriza o catolicismo Liberal, que considera perigoso para a sobrevivência do Estado Pontifício. O catolicismo liberal é muito difícil de ser aceite. Mas alguns farão a sua defesa. O caso de Vincenzo Gioberti que tem um percurso sinuoso, que começa por defender a unidade, de um estado federalista encabeçado pelo Papa. Mais tarde defenderá outra posição, sobretudo pela pouca simpatia pelos jesuítas. Revoluções liberais A península itálica vive nos anos 30 e durante todo o século 19 a dificuldade em conciliar a ideia de unificação com o poder temporal do Papa. Pio IX terá uma certa resistência em trabalhar no sentido dessa união porque considerava que os territórios que governava não eram seus, acabando por culminar em 1848 na chamada “questão romana” (1848-1870). Verificamos também que a Itália (os seus diferentes territórios, mesmo os católicos) adere aos princípios do liberalismo, mas considera também que a renovação que é propiciada pelo liberalismo deve servir para uma separação entre o estado e a igreja. A igreja deve aproveitar essa oportunidade para refletir sobre algumas práticas para que a fé seja vivida de uma forma mais interior. São vários os homens que vão apontar algumas críticas e contradições dentro da igreja, aproveitando esta onda proporcionada pelo liberalismo. Estamos a falar de homens dentro da própria igreja. Um deles é Vicenzo
  • 33. 33 Gioberti (sacerdote que em 1943 defendia a unificação da província itálica através da criação de uma federação tendo por chefe supremo o próprio Papa. Quatro anos depois continua a defender a unificação mas já sem a liderança do Papa, porque a Itália começa a ser influenciada por movimentos tradicionalistas, com a aceitação do Papa, que prejudicam a própria Igreja, tendo à cabeça os Jesuítas – estes vistos como inimigos da modernidade acabarão por ser expulsos de vários estados). Quem vai mais longe nas suas críticas à Igreja da restauração é Antonio Rosmini. Filosofo, fundador de uma congregação religiosa, com grande produção literária e grande observador da realidade política e social. Não hesita em apontar as contradições da Igreja (fá-lo por amor e fidelidade à própria igreja). Considera que a Igreja saída da restauração não é uma igreja triunfante, mas uma igreja que apresentava uma série de contradições evidenciadas pelos novos tempos (liberalismo) que ele acha que deviam ser aproveitados pela igreja para se reformar internamente. Ele apresenta uma obra (as cinco chagas da madre igreja que permanece no índex até aos anos 60 do século 20). Ele defende uma igreja dos pobres. Portanto, temos a península itálica dividida entre católicos tradicionais e católicos liberais. A importância do ensino Os católicos liberais davam uma grande importância ao ensino. Lamené critica no seu jornal o nível intelectual do clero, considerando que necessitava de ser elevado. Criticava também o monopólio do ensino por parte do estado (tendência dos estados liberais). Portanto, verificamos em todo o séc. 19 uma luta entre o estado liberal e a própria igreja pelo ensino. A igreja acusa o estado de usar o ensino para doutrinar os mais jovens e por outro lado o estado argumentando o mesmo relativamente à Igreja. Formam- se associações em diferentes estados europeus a defender a liberdade de ensino e estes apresentando o direito ao ensino com absoluto enquanto a igreja o considera subsidiário. Entretanto a igreja percebe a importância do ensino face a uma sociedade cada vez mais plural, mais complexa, mais anticlerical ou de tendência secularizante. Ora, através das ordens e congregações religiosas a igreja procura defender a importância desta na educação, seja no ensino primário (nos anos 50 em Inglaterra existiam já cerca de 700 escolas primárias católicas), secundário e universitário (nesta caso em Inglaterra os católicos que estudassem em Oxford ou Cambridge tinham de morar em residências católicas com capelães católicos).
  • 34. 34 1848 A europa, em quase todos os estados europeus, encontra-se mergulhada novamente em revoluções. No entanto, a onda revolucionária terá consequências completamente diferentes das revoluções de 1830 para a igreja católica. Estas revoluções vão consolidar a presença da igreja, verificando-se um apaziguamento, nomeadamente em Portugal. Mas a questão é tentar perceber o porquê destas revoluções. Alguns autores apontam dois factores. Por uma lado é cada vez mais reivindicado o sufrágio universal e por outro lado a reivindicação de uma maior presença popular nos órgãos de soberania (a população não se sente representada nos governos saídos das primeiras revoluções liberais). Seja como for cada estado apresenta as suas próprias particularidades que levam a situações de revolta. Mais uma vez a França é o primeiro estado a conhecer esta onda revolucionária. Aqui a revolução teve um caracter político e social. Na Alemanha a revolução é motivada pelo desejo de unificação (só acontecerá com Bismark nos anos 70). Na Hungria encontramos uma revolução de caracter patriótica e em Espanha uma revolução de tipo progressista. Mas ao contrário das anteriores revoluções não se verifica uma animosidade das populações em relação à igreja porque se nas anteriores encontrávamos uma união entre a monarquia e o altar (a igreja estava conotada com um poder politico absoluto opressor) agora (1948) a igreja não está relacionada com o poder instituído. Outras razões: a) a igreja está conotada com o liberalismo, o modernismo por força de Montalembert Lamennais e os seus escritos – jornal l’avenir; b) o novo Papa Pio IX aparece aos olhos do povo como liberal, não o sendo; c) a “questão social” marcada por uma nova ordem caracterizada pela industrialização, pela urbanização que tinha provocado um fosso maior de desigualdades entre ricos e pobres, o crescimento da miséria em França e noutros países. Ora a Igreja procura atuar neste novo cenário de populações pobres e carenciadas e o “catolicismo social” é reconhecido pelas populações. Por esta altura surge em frança um novo jornal: “Ere nouvelle” com Frederic Ozananm, Maret, porta voz dos católicos mais liberais, mais progressistas. Verificamos que nesta publicação, os principais redatores defendem a liberdade de consciência, de associação e de imprensa, defendem um catolicismo mais liberal, social, e ideias mais progressistas dentro da Igreja. Enfim associada a uma democracia fundada em bases religiosas. Entretanto em França para apaziguar os ânimos avança-se para um novo processo eleitoral para escolher os representantes para a Assembleia Nacional.
  • 35. 35 Surpreendentemente a igreja católica procura influenciar indiretamente o sentido de votos dos católicos através de comités que atuam junto dos fiéis e dos sacerdotes. Surpreendentemente esse voto deverá recair naqueles que defendem a república desde que a república defenda a religião, a família e a propriedade. A república vence (15 membros do clero são eleitos, dos quais 3 bispos), mas a Assembleia não reflete a população francesa. A assembleia é maioritariamente constituída por burgueses. O povo não se revê nesta Assembleia e, portanto, estão criadas as condições para nova instabilidade social. Exigiam-se medidas de natureza social onde a força do operariado e proletariado já se fazia sentir. O povo não é ouvido e este reage manifestando-se violentamente. Uma onda de violência afeta Paris (assaltos a palácios – palácio dos Bourbon) e outras partes de França. A situação económica é muito difícil. Ora o poder instituído - a república -, vai esmagar de forma violenta esta revolta. Os católicos dividem-se por questões políticas: os apoiantes da república e os seus opositores. O arcebispo de Paris procura apaziguar os ânimos, envolvendo-se no conflito e acaba por morrer com uma bala perdida (desconhece-se os autores). A frança mergulha numa onda de terror. Julgamentos sumários, milhares os deportados para a Argélia, etc. Perante isto pede-se um governo conservador perante a ameaça de um novo inimigo: o socialismo. Montalemberg chama a atenção de que os católicos não podem aderir ao socialismo. Aqueles que em 1830 eram inimigos unem-se agora contra uma força que está a ganhar forma. A burguesia une-se agora à igreja católica. A França vai redigir uma nova constituição que, no entanto, não tem em consideração os reais problemas franceses. A nova constituição dá peso à religião (liberdade de ensino) mas não reflete os problemas do povo francês (por exemplo legislação sobre o trabalho). O liberalismo económico tinha colocado nas mãos dos privados a economia e a industrialização. Os Estados não conseguem responder da melhor forma e acabam por dar espaço ao socialismo (que culminará com a revolução russa de 1917). Ora, em 1852 acontece um novo processo eleitoral em que os católicos surgem novamente divididos por questões políticas, mas a maior parte quer a estabilidade económica e está ao lado de Napoleão III. Em termos pastorais verifica-se um certo imobilismo. Em algumas paróquias (arredores das grandes cidades) onde há um grande crescimento demográfico estão pouco apetrechadas por comparação com paróquias rurais mais bem organizadas, mas com menos população. O clero a partir dos anos 40/50 adota uma atitude mais conservadora,
  • 36. 36 mais tradicionalista defendendo que os ricos devem ajudar os pobres porque estes são o garante da salvação da alma dos ricos, e com isto procurando-se que as desigualdades fossem menores. O caso Alemão Até aos anos 50 verifica-se alguma paz na Prússia, o que vai fazer com que os católicos possam prosperar até aos anos 70. A Prússia de acordo com a sua política expansionista vai anexar vários estados católicos (2/5 da população da Prússia era católica). Frederico III da Prússia não é muito simpático para com os católicos, por exemplo no caso dos casamentos mistos, o que leva a uma contestação por parte do clero e de bispos (chegam a ser presos). Com Frederico Guilherme IV a situação é apaziguada. Os prussianos para além do desejo de liberdade ambicionavam a união. A nova constituição dá maior liberdade de culto em nome da unificação (dieta de Frankfurt de 1848). Frederico Guilherme IV é aclamado imperador e está disposto a aceitar as associações religiosas desde que estas se submetam às leis gerais da Prússia, o que é aceite pelos católicos (Dollinger defende ainda uma liberdade para os católicos – a criação de uma nova igreja, mais autónoma, mas tal é recusado pelos defensores do ultramontanismo). A Igreja prospera durante estes anos. A Prússia era um estado pujante vivendo um forte crescimento industrial e desenvolve uma política imperialista culminando na I guerra mundial. Era um estado fortemente militarizado, tendo ambições territoriais fortíssimas (pretendia avançar sobre a Áustria, estado católico). Para avançar os prussianos sabiam que tinham de criar bases para a união entre os diferentes povos. A religião – protestantismo e luteranismo - seria o elo de ligação. Ora o catolicismo está em risco. Bismark considera o catolicismo um inimigo da unificação. Nos países baixos (calvinista) os católicos eram 1/3 da população (1 milhão), no ano de 1848. Precisamente neste ano é aprovada uma constituição que prevê a liberdade de culto. Pio IX cria mais 4 dioceses dando grande dinamismo ao catolicismo nesta região. No entanto, este dinamismo decorre mais da acção de associações católicas que se vão afastando da sociedade e fechando-se muito em si próprios (levando a um imobilismo). A Dinamarca em 1849 tem uma nova constituição onde admite a liberdade de culto. Também nos anos 40 serão simpáticos para os católicos do Reino Unido. Em 1829 pela lei da emancipação é dada liberdade aos católicos (é proposta a criação de colégios mistos, interconfessionais que será recusada pelos Irlandeses). Nos anos 40 o governo
  • 37. 37 decide apoiar um projeto com a participação dos católicos para a educação de pobres, marginais etc. (são criadas várias escolas primárias). De notar que em 1849 os Jesuítas entram em Inglaterra bem como outras ordens religiosas. Apesar deste dinamismo (mais de 500 igrejas) esperava-se um maior número de conversões o que não se verifica. Em 1848 na Áustria há mudanças. Na Áustria há uma grande presença do estado absoluto na igreja católica (a igreja estava ao serviço do regime). A igreja na Áustria sofria do intervencionismo do poder político. Da revolução de 1848 sai uma nova constituição que confere uma maior liberdade para a igreja austríaca. Separação do poder político e do poder religioso. Em 1955 é celebrada uma concordata entre a Áustria e a Santa Sé que favorece a igreja católica reforçando a sua autonomia. No entanto, essa concordata não tem em conta a complexidade do império Austro Húngaro onde as ideias liberais circulavam e onde se encontravam outras confissões religiosas. Nesse sentido a concordata tornou-se inviável. Pio IX Pio IX não era um liberal. Ele tinha familiares liberais. Ele de facto era adepto pelo apaziguamento entre os estados italianos. Todavia Carlos, rei de Piamente, avança com uma política expansionista visando os territórios que integravam a Áustria. A população de Roma estava com este rei, mas o Papa Pio IX não. A Áustria era também um estado católico que apoiava a Santa Sé. O papa sofre uma oposição, pelo seu apoio aos estados absolutistas, considerado um obstáculo à unificação e expansão. É exigida uma reforma e um governo liberal, o que é aceite pelo Papa (a sua vida é ameaçada, tendo a protecção dos embaixadores da Áustria, Espanha, França e Baviera). Em 1849 Roma torna-se uma república e o Papa refugia-se no reino de Nápoles onde vive exilado. O poder do Papa é anulado, os bens da igreja são confiscados e o clero é afastado do ensino. Perante a situação do Papa são duas as posições: a) posição moderada de Rosmini que defende que o Papa deve pedir apoio ao reino de Turim; b) solução mais radical de Antonelli que defende o pedido de apoio militar às potências católicas (Espanha, França, Áustria, Baviera). O Papa pede apoio às potências católicas estrangeiras. Estas conquistam Roma. O Papa toma o poder governando de forma absoluta (como se estivesse no séc. 18), anulando as decisões liberais (1849). O Papa afirma ter sido vitima de um complô pelos apoiantes do socialismo. Entretanto em Roma ficam os exércitos franceses. Isto é um sinal de fraqueza. O Papa precisa de apoio militar de uma força estrangeira para governar!