1. Thiago Almeida Hurtado – Turma VII
Farmacologia Colinérgica e Adrenérgica
Farmacologia Adrenérgica
• São agentes que atuam sobre as vias mediadas pelas catecolaminas endógenas: norepinefrina, epinefrina e
dopamina.
o Modulam funções vitais como: frequência cardíaca,
resistência dos vasos sanguíneos e bronquíolos, liberação
de insulina e degradação de gordura.
o Frequentemente utilizados no tratamento da hipertensão,
depressão, choque, asma e angina
• Consiste no sistema nervoso autônomo simpático e parassipático
o Simpático → “luta ou fuga”
1) Bioquímica e fisiologia da função Adrenérgica
• As catecolaminas são sintetizadas pela oxidação de tirosina nos
neurônios.
o Epinefrina → principalmente na medula da suprarrenal
o Norepinefrina → predominantemente em neurônios
adrenérgicos
• A tirosina é transportada no neurônio por meio de um
transportador de aminoácidos aromáticos que utiliza o gradiente
de sódio por meio da membrana neuronal para concentrar a
tirosina.
1. A tirosina, primeiramente, é oxidada em DOPA pela enzima tirosina
hidroxilase
2. A DOPA é, então, convertida em dopamina por uma descarboxilase.
3. A seguir, a dopamina é hidroxilada pela dopamina beta-hidroxilase,
gerando norepinefrina.
4. Em tecidos que utilizam a epinefrina, a dopamina é metilada pela
enzima PNMT
• O transportador VMAT realiza o transporte de dopamina para vesículas
sinápticas, onde essa será convertida em norepinefrina.
o Esses transportadores utilizam o gradiente de prótons gerado por
uma H+-ATPase na membrana vesicular, de forma a concentrar a
dopamina no interior da vesícula.
o A norepinefrina se condensa com o ATP, molécula com a qual será
concomitantemente excretada para que a pressão da vesícula não
atinja níveis críticos.
• A liberação das catecolaminas é iniciada por um conjunto de neurônios do
SNC, principalmente naqueles concentrados no sistema límbico. Os axônios
pré-ganglionares liberam acetilcolina nos neurônios pós-ganglionares,
através da ativação dos receptores nicotínicos de acetilcolina. Com a
transmissão do impulso sináptico do sistema simpático, há a liberação de
catecolaminas nas terminações pós-sinápticas.
• A resposta das catecolaminas é encerrada por meio dos seguintes
mecanismos: recaptação de catecolaminas pelo neurônio pré sináptico,
metabolismo das catecolaminas a um metabólito inativo, difusão das
catecolaminas a partir de uma fenda sináptica.
o A recaptação de catecolaminas é mediada por um transportador
seletivo de catecolaminas, denominado NET, permitindo que os
Existem três transportadores vesiculares
distintos que diferem quanto à
especificidade de substrato e localização.
O VMAT1 e o VMAT2 (também conhecido
como Captação 2 transportam a
serotonina (5HT), a histamina e todas
as catecolaminas, porém diferem na sua
expressão: o VMAT1 é expresso na
periferia (glândulas supra-renais, gânglios
simpáticos), enquanto o VMAT2 é
expresso primariamente no sistema
nervoso central (SNC). O transportador de
acetilcolina vesicular (VAChT) é expresso
nos neurônios colinérgicos, incluindo os
nervos motores.
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neurônios reciclem os neurotransmissores para liberação subsequente. Essa é uma “fonte” de
catecolaminas, assim como a síntese dessas a partir da tiamina.
o O metabolismo das catecolaminas é feita pela enzima MAO, a qual é encontrada nas mitocôndrias e
apresenta duas formas: A (degrada serotonina, norepinefrina e dopamina) e B (principalmente
dopamina)
2) Tipos de receptores de catecolaminas
• Os receptores adrenérgicos são os principais receptores de catecolaminas (principalmente norepinefrina e
epinefrina)
o Dividem-se em duas classes principais: α e β
o Integram a superfamília de receptores acoplados à Proteína G.
a) Receptores α-adrenérgicos
• São divididos em α1 e α2.
• Receptores α1 são acoplados à proteína Gq (atuam através da via IP3) → antagonistas desse receptor são
utilizados para tratamento da hipertensão e hipertrofia prostática
o Músculo liso vascular
o Músculo liso do trato genitourinário
o Músculo liso intestinal
o Coração
o Fígado
• Receptores α2 são acoplados a proteína Gi (inibem a adenilciclase, hiperpolarizam a membrana e inibem
canais de cálcio neuronais) → agonistas desses receptores são utilizados para tratamento da hipertensão
o Encontrados nos neurônios pré-sinápticos e nas membranas pós-sinápticas, atuando como
mediadores de inibição da transmissão sináptica por retroalimentação.
o Expressos nas células B do pâncreas (inibem liberação de insulina)
o Expressos nas plaquetas (inibem agregação plaquetária)
b) Receptores β-adrenérgicos
• São divididos em β1, β2 eβ3
• Todas as classes de receptores beta ativam a proteína Gs, a qual atua através da ativação da adenilciclase
e elevação dos níveis de cAMP.
• Receptores B1 → antagonistas são utilizados como tratamento da hipertensão e angina, insuficiência
cardíaca, prevenção de infarto do miocárdio subsequente, taquicardia suprventricular.
o Coração (aumento da força de contração e frequência cardíaca → geram aumento de DC)
o Rins (liberação de renina)
• Receptores B2 → agonistas utilizados para tratamento da asma
o Músculo liso (relaxamento vascular e brônquico)
o Músculo esquelético (estimula glicogenólise)
o Fígado (catabolismo do glicogênio, gerando hiperglicemia)
• Receptores B3 → agonistas podem ser úteis no tratamento da obesidade e diabetes melito não-insulino-
dependente.
o Tecido adiposo (lipólise)
3) Efeitos Farmacológicos das catecolaminas endógenas
• A epinefrina e a norepinefrina atuam como agonistas nos receptores alfa e beta adrenérgicos. A dopamina
apresenta essa ação apenas em concentrações suprafisiológicas
a) Epinefrina
• Em baixas concentrações, é agonista de beta 1 e beta 2 (“fuga e luta”)
o Beta 1 → aumenta a força de contração e débito cardíaco (aumento de consumo de O2 no
miocárdio e PAS)
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o Beta 2 → gera vasodilatação, relaxamento do músculo brônquico, aumento de fluxo p/ músculo
esquelético e aumento da concentração de glicose e ácidos graxos livres no sangue.
• Em altas concentrações, predominam os efeitos agonistas de alfa 1
• Utilizada no tratamento da crise asmática aguda e anafilática
o Possui rápido início e breve duração de ação, sendo ineficaz quando administrada por VO.
o O aumento da excitabilidade cardíaca induzido pela epinefrina pode levar a arritmias cardíacas e a
acentuada elevação da PA pode levar a hemorragias cerebrais.
b) Norepinefrina
• Agonista de receptores alfa 1 e beta 1, tendo um efeito mínimo sobre os beta 2.
• Sua ação farmacológica resulta no aumento de PAS (beta 1) e FC (contrabalanceado por efeito vagal),
gerando, portanto, uma elevação no volume sistólico.
• É utilizada no tratamento de emergência do choque distributivo
c) Dopamina
• Não atravessa facilmente a barreira hematoencefálica, o que reduz o seu efeito sistêmico.
• Em baixos níveis, ativa os receptores D1 e geram vasodilatação.
• Em altos níveis, ativa receptores beta-1 e gera efeito ionotrópico cardíaco
• Em níveis elevadíssimos a dopamina atua sobre os receptores alfa-1 e geram vasoconstrição.
• É utilizada como tratamento do choque por baixo débito cardíaco.
4) Classes e agentes farmacológicos
• É possível intervir em cada uma das principais etapas de síntese, armazenamento, recaptação, metabolismo
e ativação dos receptores das catecolaminas.
a) Inibidores da síntese de catecolaminas
• Apresentam inibição inespecífica da formação de TODAS as catecolaminas
• O principal é a alfa-metiltirosina, um análogo estrutural da tirosina que inibe primeira enzima na via de
biossíntese das catecolaminas.
o Utilizada no tratamento da hipertensão associada ao feocromocitoma (tumor de células da supra-
renal que produz norepinefrina e epinefrina)
b) Inibidores do armazenamento das catecolaminas
• São armazenadas através da síntese de novas moléculas ou reciclagem do neurotransmissor.
o Um agente inibidor do armazenamento pode agir de ambas as maneiras.
• Podem ser simpaticomiméticos, aumentando a liberação efetiva das catecolaminas a curto prazo e
“imitando” a estimulação sináptica ou simpaticolítico a longo prazo, inibindo a atividade simpática devido a
depleção da reserva de catecolaminas.
• Reserpina → liga-se ao VMAT e provoca lesão irreversível desse, resultando em vesículas que perdem sua
capacidade de concentrar e armazenar a norepinefrina e a dopamina. Como a lesão é irreversível, novas
vesículas devem ser sintetizadas e transportadas até a terminação nervosa.
o Quando em baixas doses, provoca extravasamento do NT no citoplasma, onde ele será destruído
pela MAO.
o Quando em altas doses, as taxas de liberação podem ser muito altas para que a MAO degrade os NT,
apresentando um efeito simpaticomimético transitório.
o No passado erar utilizado para hipertensão, entretanto, devido a sua associação com depressão
psicótica, deixou de ser utilizado na prática clínica.
• Tiramina → amina normalmente presente na dieta que é transportada até as vesículas sinápticas pelo
VMAT, provocando deslocamento agudo da norepinefrina da vesícula e liberação não-vesicular maciça desse
NT. Presente principalmente em alimentos fermentados, como o vinho tinto e o queijo envelhecido.
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• Guanetidina → atua de forma semelhante a tiramina, “substituindo” o NT na vesícula, entretanto, sua
liberação não é capaz de atuar nos receptores pós-sinápticos, de forma a não desencadear uma resposta
fisiológica de estimulação simpática.
• Anfetamina → desloca as catecolaminas endógenas das vesículas de armazenamento, atua como inibidor
fraco da MAO e bloqueia a recaptação de catecolaminas mediada pelo NET e DAT. Apesar de se ligar nos
receptores alfa e beta adrenérgicos pós-sinápticos, não apresenta efeito fisiológico relevante nesses. Gera
aumento no estado de alerta, redução da fadiga, depressão do apetite e insônia, sendo utilizada no
tratamento de depressão e narcolepsia.
o Apresenta medicamentos estruturalmente relacionados como a pseudo-efedrina
(descongestionante) e o metilfenidato (tratamento para TDAH).
o Pode ocorrer dependência psicológica e fisiológica e tolerância desse medicamento e seus
derivados.
o É um estimulante do SNC extremamente eficaz, gerando aumento de PAD e PAS, agitação, tontura,
tremor, irritabilidade, confusão, agressividade, disfunção erétil, ansiedade, alucinações paranoides,
pânico, alucinações suicidas...
c) Inibidores da Recaptação de Catecolaminas
• Prolongam o tempo de permanência do NT na fenda sináptica, apresentando, portanto, um efeito
simpaticomimético.
• Cocaína: droga de abuso que é uma potente inibidora do NET.
• Antidepressivos tricíclicos: inibem a recaptação de norepinefrina e serotonina mediada por NET nas
terminações pré-sinápticas além de bloquear receptores serotoninérgicos, alfa-adrenérgicos,
histaminérgicos e muscarínicos em doses terapêuticas. Esse bloqueio generalizado é responsável por
diversos efeitos colaterais desse fármaco, como hipotensão postural e taquicardia sinusal.
d) Inibidores do metabolismo das catecolaminas
• IMAO: inibidores da monoamina oxidase, impedindo a desaminação secundária após recaptação das
catecolaminas nas terminações pré-sinápticas, acumulando os NT em maior quantidade para liberação
frente a estímulo sináptico.
o Inibidores não seletivos (MAO-A + MAO-B): fenelzina, iproniazida e tranilcipromina.
o Inibidores seletivos de MAO-A: clorgilina
o Inibidores seletivos de MAO-B: selegilina (pode ser utilizada para Parkinson)
o São frequentemente utilizados para tratamento da depressão
o Não devem ser utilizados em conjunto com tiramina e outras monoaminas (bloqueio de
desaminação oxidativa, gerando crise hipertensiva) ou inibidores seletivos da recaptação de
serotonina (geram síndrome da serotonina)
e) Agonistas dos receptores
• Apresentam papel na: mediação do tônus vascular, do tônus muscular liso e da contratilidade cardíaca.
• Base terapêutica para asma, hipertensão e IAM.
• Agonistas alfa-adrenérgicos
o Alfa-1 → aumentam a resistência vascular periférica e mantém ou elevam a pressão arterial.
▪ Utilizados como descongestionantes nasais (contração do músculo liso vascular)
▪ Tratamento do choque
▪ Metoxamina, fenilefrina, oximetazolina e tetraidrazolina
o Alfa-2 → prescritos para tratamento da hipertensão e abstinência de drogas
▪ Clonidina, guanabezeno e guanfacina
▪ Alfa-metildopa → é um pró-fármaco do agonista alfa 2, alfa-metilnorepinefrina. Quando
liberada na sinapse, atua como agonista alfa-2 na membrana pré-sináptica, gerando redução
da descarga simpática do SNC e consequente redução da PA em hipertensos.
• Agonistas beta-adrenérgicos
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o Beta-1 → geram aumento da FC e da força de contração, levando a um aumento no DC
▪ Dobutamina: efeitos ionotrópicos (aumento da contratilidade e do DC), utilizada para
tratamento agudo da insuficiência cardíaca.
o Beta-2 → geram relaxamento do musculo liso vascular brônquico, gerando redução da resistência
das vias aérias e gastrintestinal. Frequentemente utilizados no tratamento da asma (liberação tópica
do fármaco melhora sua eficácia).
▪ Podem apresentar como efeitos colaterais tremor de músculo esquelético e taquicardia
(estimulo de B1, pois não são 100% seletivos)
▪ Metaproteronol/Terbutalina/Salbutamol → utilizado para doenças obstrutivas e
broncoespasmo agudo
f) Antagonistas dos receptores
• Antagonistas alfa-afrenérgicos
o Geram vasodilatação, redução da PA e redução da resistência periférica.
o Pelo fato de os receptores alfa-1 estarem no sistema genitourinário, são úteis para tratamento
sintomático da hiperplasia prostática benigna, sendo os antagonistas desse receptor úteis para seu
tratamento.
o Prazosin → inibidor seletivo de alfa-1, gerando redução da RVP e dilatação dos vasos venoso,
reduzindo o RV ao coração. É utilizada como tratamento da hipertensão.
o Iombina → inibidor seletivo de alfa-2, gerando aumento da liberação de norepinefrina com
estimulação subsequente de receptores B1 cardíacose A2 da vasculatura periférica.
• Antagonistas beta-adrenérgicos
o Os antagonistas -adrenérgicos bloqueiam as ações cronotrópicas e inotrópicas positivas das
catecolaminas endógenas nos receptores 1, resultando em diminuição da freqüência cardíaca e da
contratilidade do miocárdio. Esses fármacos reduzem a pressão arterial nos pacientes hipertensos,
porém carecem de efeito nos indivíduos normotensos. O uso a longo prazo de bloqueadores dos
receptores -adrenérgicos provoca uma queda da resistência
vascular periférica, embora o mecanismo desse efeito
permaneça incerto. Tanto a diminuição da resistência vascular
periférica quanto a redução do débito cardíaco contribuem para
o efeito anti-hipertensivo desses fármacos. Os antagonistas dos
receptores -adrenérgicos não-seletivos também bloqueiam os
receptores 2 no músculo liso brônquico, podendo causar
broncoconstrição potencialmente fatal em pacientes com asma
ou com doença pulmonar obstrutiva crônica. Além disso, o
bloqueio não-seletivo dos receptores pode mascarar os
sintomas de hipoglicemia em pacientes diabéticos. Por essas
razões, foram desenvolvidos inibidores seletivos dos receptores
B1-adrenérgicos
o Dividem-se em: antagonistas B não seletivos, antagonistas B e
A1 não seletivo, agonistas parciais e antagonistas B1-seletivos. Antagonistas de B2 não apresentam
nenhuma utilidade clínica.
o Propanolol, Nadolol e Timolol → utilizados no tratamento da hipertensão e angina.
o Labetalol e carvedilol → o bloqueio de A1 eva a vasodilatação, enquanto o bloqueio de B1 impede
um aumento simpático reflexo de FC, contribuindo para uma redução na PA.
o Pindolol → bloqueia a ação da norepinefrina endógena no B1, sendo útil para tratamento da
hipertensão.
o Esmolol, metaprolol e atenolol → sua utilidade clínica se dá pela diferença entre a meia vida entre
eles. O esmolol, por apresentar uma ½ vida mais curta, é utilizado para bloqueio de emergência.
Farmacologia Colinérgica
6. Thiago Almeida Hurtado – Turma VII
• Trata das propriedades do NT acetilcolina, que atua principalmente nas junções neuromusculares, no SNA e
SNC.
• Devido a complexidade das vias, é difícil estabelecer uma terapia efetiva sem estabelecer efeitos colaterais
adversos.
o Os fármacos apresentam ação cerebral, sob a junção neuromuscular, coração, olhos, pulmões, trato
genitourinário e gastrintestinal.
1) Bioquímica e fisiologia da neurotransmissão colinérgica
• A ação da Ach depende do tipo de receptor pós-sináptico encontrado.
o Muscarínico → ligado a proteína G
o Nicotínico → canais iônicos, sinapses excitatórias.
a) Síntese de Ach
• É sintetizada por meio da colina e da acetil-CoA pela enzima colinaacetiltransferase (ChAT).
• A colina utilizada na síntese de Ach provém das seguintes fontes:
o Retorno da colina após degradação por acetilcolinesterase
o Metabolismo do lipídio fosfatidilcolina
o Metabolismo do fosfolipídio fosforilcolina (armazenamento)
• O acetil-CoA que participa dessa reação é proveniente principalmente da glicólise, por meio da enzima
piruvato desidrogenase.
• A principal limitação para síntese de
Ach é a captação de colina para o
neurônio (difusão facilitada de
fosfolipídios contendo colina e
transporte ativo por canais de sódio
nas terminações colinérgicas)
• Após sintetizado, o Ach é
transportado em vesículas sinápticas
para o seu armazenamento, devido ao
transporte ativo primário de íons H+
para o interior dela, os quais serão
posteriormente “trocados” por Ach
através de um cotransportador.
o Dentro da vesícula também há
ATP e sulfato de heparan,
moléculas que anulam a carga
+ do Ach e impedem o
colabamento da vesícula.
• A fusão da vesícula com a M.P
sináptica gera a liberação de Ach nessa, processo mediado pela despolarização e entrada de cálcio no
interior da célula.
• A degradação de ACh também é um processo essencial para a transmissão adequada do sinal do NT.
o As enzimas colinesterases são as responsáveis pela degradação de ACh.
o É uma enzima extremamente eficaz, degradando o Ach de forma extremamente rápida, por isso,
sendo um alvo farmacológico frequente, devido a sua importância na NT sináptica de ACh.
b) Receptores Colinérgicos
• Uma vez liberados na fenda sináptica, a ACh se liga a uma das duas classes de receptores: muscarínicos ou
nicotínicos.
• Receptores Muscarínicos
o Encontram-se nos gânglios do SNA, órgãos terminais do sistema parassimpático do SNA e no SNC.
o São receptores associados à proteína G.
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o A ativação das proteínas G pela ligação de agonistas aos receptores muscarínicos tem vários efeitos
sobre a célula. Esses efeitos consistem em inibição da adenilil ciclase (através de Gi) e estimulação
da fosfolipase C, ambas mediadas por uma subunidade da proteína G. A ativação muscarínica
também influencia os canais iônicos através de moléculas de segundos mensageiros. O efeito
predominante da estimulação dos mAChR consiste em aumentar a abertura de canais de potássio
específicos (canais de K+ retificadores internamente dirigidos modificados pela proteína G ou GIRKs),
com conseqüente hiperpolarização da célula. Esse efeito é mediado através da subunidade de uma
proteína G (Go), que se liga ao canal e aumenta sua probabilidade de estar aberto.
o Já foram identificados cinco tipos de receptores muscarínicos, os quais se agregam em dois grupos
funcionalmente distintos.
▪ M1, M3, M5 → acoplados à proteína Gq, responsáveis pela estimulação de fosfolipase C.
▪ M2 e M4 → acoplados à proteína Gi, responsáveis pela inibição de adenilciclase e ativação
dos canais de potássio.
• Receptores Nicotínicos
o A ligação de duas moléculas de ACh nesse receptor gera uma modificação
conformacional a qual cria um poro seletivo para cátions monovalentes
através da membrana celular. Essa mudança se dá pela mudança de
conformação nas subunidades alfa.
▪ A conformação de subunidades muda nos receptores presentes nos
gânglios autonômicos e os da junção neuromuscular.
▪ A variedade de subunidades explica a variedade de respostas
fisiológicas frente a ligação desse NT em tal receptor.
o A estimulação de muitos desses canais ao mesmo tempo pode levar a geração
de potenciais de ação e abertura dos canais de cálcio dependentes de
voltagem. Como a ACh é degradada rapidamente, essa despolarização
mediada por tais receptores é extremamente breve.
o A exposição contínua a esse NT pode dessensibilizar o canal, de forma que ele
permanece fechado, estado também caracterizado por uma mudança da baixa
afinidade tradicional a ACh para um estado de afinidade aumentada, de forma
que o receptor fica ligado a ACh por um período maior.
c) Efeitos fisiológicos da transmissão colinérgica
8. Thiago Almeida Hurtado – Turma VII
• Junção neuromuscular
o A ACh é o principal NT na JNM.
o A ligação desse NT nos receptores nicotínicos na membrana da célula muscular gera uma
despolarização da placa motora.
▪ A resposta é dada pela liberação de pacotes de vesícular (quantum) gerando potencial em
miniatura da placa motora (PMPM). Quanto maior o número de vesículas liberadas, maior a
despolarização gerada, até que se origine um potencial de ação da placa terminal, gerando
uma contração da fibra muscular.
o A ACh regula a sua própria ação nesse sítio, pois existem receptores colinérgicos pré sinápticos no
neurônio motor, os quais respondem a ligação de ACh facilitando a mobilização de vesículas do
compartimento de reserva para o de depósito, gerando um feedback positivo da liberação desse NT
sob a sinapse, garantindo, assim, que, frente a um estímulo nervoso, quantidade suficiente de ACh
seja liberada na sinapse, gerando contração da fibra muscular.
• Efeitos Autônomos
o A neurotransmissão através dos gânglios é complexa, devido a mediação de diversos receptores
distintos nos neurônios pós ganglionares.
o A resposta nos neurônios pós sinápticos são geradas por uma rápida despolarização, mediada por
receptores nicotínicos de ACh
o A despolarização de neurônios mediados por ACh obedece um complexo padrão de despolarização,
o qual apresenta padrões de propagação inibitórios, lentos ou rápidos. Portanto, existem fármacos
que são capazes de bloquear essa transmissão ou de apenas alterar sua eficácia.
o O efeito do bloqueio ganglionar depende do predomínio relativo de tônus simpático e
parassimpático nos diversos órgãos-alvo.
• Efeitos no SNC
o A ACh no SNC é moduladora do sono, estado de vigília, aprendizagem e memória, supressor da dor
no nível da medula e exerce função essencial no nível da medula.
▪ Os níveis de ACh aumentam durante o estado de vigília e o sono REM, reduzindo durante os
estados de intenção e sono de ondas lentas.
▪ Aumenta o estado de responsividade cerebral
o A importância clínica da ACh na função cognitiva é ilustrada pela importância dos medicamentos
empregados no tratamento de doenças neurodegenerativas, as quais causam disfunções
colinérgicas centrais. Além disso, apresenta um papel importante na modulação da dor.
2) Classes e agentes farmacológicos
• As ações complexas da ACh impedem a obtenção de efeitos farmacológicos seletivos.
• Os fármacos são utilizados principalmente para:
o Modulação da motilidade gastrintestinal
o Xerostomia (boca seca)
o Glaucoma
o Cinetose/antieméticos
o Doenças neuromusculares
o Bloqueio e reversão neuromuscular aguda
9. Thiago Almeida Hurtado – Turma VII
o Bloqueio ganglionar durante dissecção de aorta
o Distonias, cefaleia e síndromes dolorosas
o Reversão da bradicardia mediada pelo nervo vago
o Midríase
o Broncodilatadores de DPOC
o Espasmos vesicais e incontinência urinária
o Efeitos cosméticos sobre linhas cutâneas e rugas
o Tratamento dos sintomas da doença de Alzheimer
• A seletividade do fármaco está diretamente relacionada a estrutura molecular dele, o qual infere diferenças
na biodisponibilidade, afinidade de ligação aos receptores, localização tecidual e resistência a degradação.
a) Inibidores da Síntese, Armazenamento e liberação de ACh
• Hemicolínio-3 → bloqueia o transportador de alta afinidade da colina e, por conseguinte, impede a captação
de colina necessária para a síntese de ACh.
• Vesamicol → bloqueia o transportador de ACh-H+, utilizado para o transporte de ACh nas vesículas,
impedindo o seu armazenamento.
• Toxina botulínica → impede a fusão da vesícula sináptica com a membrana da terminação axônica, sendo
utilizada para tratamento de diversas doenças associadas ao aumento do tônus muscular.
b) Inibidores da Acetilcolinesterase
• Elevam a concentração de ACh endógena liberada na fenda sináptica, o que ativa os receptores colinérgicos
adjacentes.
• Podem ser considerados “agonistas indiretos” dos receptores de ACh.
• São utilizados para aumentar a transmissão na junção neuromuscular, aumentar o tônus parassimpático e a
atividade colinérgica central.
o Na junção neuromuscular, por vezes o defeito se dá por uma quantidade insuficiente de ACh ou por
alterações em seus receptores. É de suma importância que se descubra a origem da fraqueza antes
de se iniciar o tratamento, visto que, dependendo da patologia, os inibidores podem acabar
exarcebando a fraqueza.
o Na córnea, por potencializarem a ação parassimpática, reduzem a pressão intraocular por facilitarem
o efluxo de humor aquoso.
o No trato GI, aumentam a motilidade, devido ao aumento da atividade do plexo de Auerbach.
o Utilizados no tratamento de Alzheimer e demais doenças que gerem distúrbios cognitivos e
demência.
c) Agonistas dos receptores muscarínicos
• A ACh não apresenta utilidade clínica, devido a sua ampla atuação e hidrólise rápida pela acetilcolinesterase.
• Carbacol → apresenta ação nicotínica, utilizado como agente miótico tópico para tratamento de glaucoma.
• Betanecol → fármaco seletivo para receptores muscarínicos, sendo um ag. de escolha para promover a
motilidade GI e do trato urinário em pós-operatórios.
• Pilocarpina → agente miótico e sialogogo, utilizado no tratamento da xerostomia
• Cevimelina → agonista de M1 e M3, utilizada no tratamento da xerostomia na síndrome de Sjögren.
d) Agonistas dos receptores nicotínicos
• Succinilcolina → éster de colina com elevada afinidade para receptores nicotínicos utilizada para induzir
paralisia por bloqueio despolarizante durante cirurgias.
o O bloqueio despolarizante consiste na ligação de agentes na junção neuroefetora e ativação
contínua dos receptores nicotínicos, evitando com que os canais se abram novamente para
sustentar potenciais adicionais.
o Qualquer agonista de receptores nicotínicos pode apresentar esse efeito.
e) Antagonistas dos receptores Muscarínicos
• Bloqueiam a estimulação do receptor pela ACh endógena
10. Thiago Almeida Hurtado – Turma VII
• Produzem efeito parassimpaticolítico nos órgãos-alvo, gerando um predomínio das respostas simpáticas
• Atropina → alcaloide natural utilizado para induzir midríase em exames oftalmológicos, reverter a
bradicardia sinusal sintomática, inibir o excesso de salivação e de secreção de muco durante o processo
cirúrgico