Série: O Conflito - Palestra 08. Igreja Adventista do Sétimo Dia
Fé vitoriosa
1.
2. Para ilustrar este tema, fomos buscar no Livro Jesus no Lar, o conto “A Fé
Vitoriosa”, ditado pelo Espírito Neio Lúcio. (Momentos de Paz Maria da
Luz).
A narrativa se passa numa das reuniões de Evangelho no lar de Simão
Pedro, em que Jesus compartilha toda sua sabedoria com seus discípulos.
Conta-nos assim o autor espiritual:
Destacava André certas dificuldades na expansão dos novos princípios
redentores de que o Mestre se fazia emissário e se referia aos fariseus com
amargura violenta, concitando os companheiros à resistência organizada.
Jesus, porém, que ouvia com imperturbável tolerância a argumentação
veemente, asseverou tão logo se estabeleceu o silêncio:
3. Nenhuma escola religiosa triunfará com o Pai, ausentando-se do amor que
nos cabe cultivar uns para com os outros. E talvez porque se manifestasse
justificada expectativa em torno dos apólogos que a sua divina palavra sabia
tecer, contou, muito calmo:
- Na época da fé selvagem, três homens primitivos com as suas famílias se
localizaram em vasta floresta e, findo algum tempo de convívio fraternal,
passaram a discutir sobre a natureza do Criador. Um deles pretendia que o
Todo-Poderoso vivia no trovão, outro acreditava que o Pai residisse no
vento e o terceiro, que Ele morasse no sol. Todos se sentiam filhos d’Ele,
mas queriam à viva força a preponderância individual nos pontos de vista.
4. Depois de ásperas altercações, guerrearam abertamente. Um dos três se
munira de pesada carga de minério, outro reuniu grande acervo de pedras e
o último se ocultara por trás de compacto monte de madeira. Achas de lenha
e rudes calhaus eram as armas do grande conflito. Invocavam todos a
proteção do Supremo Senhor para os seus núcleos familiares e
empenhavam-se em luta. E tamanhas foram as perturbações que espalharam
na floresta, prejudicando as árvores e os animais que lhes sofreram a
flagelação, que o Todo-Compassivo lhes enviou um anjo amigo. O
mensageiro visitou-lhes o reduto, na forma de um homem vulgar, e, longe
de retirar-lhes os instrumentos com que destruíam a vida, afirmou que os
patrimônios de que dispunham eram todos preciosos entre si, ...
5. ... Elucidando-os tão-somente de que necessitavam imprimir nova direção às
atividades em curso. Explicou-lhes que os três estavam certos na crença que
alimentavam, porque Deus reside no Sol que sustenta as criaturas, no vento
que auxilia a Natureza e no trovão que renova a atmosfera. E, com muita
paciência, esclareceu a todos que o Criador só pode ser honrado pelos
homens, através do trabalho digno e proveitoso, ensinado o primeiro a
transformar os duros fragmentos de minério em utensílios para o trato da
terra, nas ocasiões de sementeira; ao segundo, a converter as achas de lenha
em peças valiosas ao bem-estar, e, ao terceiro, a utilizar as pedras comuns
na edificação de abrigos confortáveis, acrescentando, em tudo, a boa
doutrina do serviço pelo progresso e aperfeiçoamento geral.
6. Os contendores compreenderam, então, a grandeza da fé vitoriosa pela ação
edificante, e a discórdia terminou para sempre. O Mestre fez pequena pausa
e aduziu:
- Em matéria religiosa, cada crente possui razões respeitáveis e detém
preciosas possibilidades que devem ser aproveitadas no engrandecimento da
vida e do tempo, glorificando o Pai. Quando a criatura, porém, guarda a
bênção do Céu e nada realiza de bom, em favor dos semelhantes e a
benefício de si mesma, assemelha-se ao avarento que se precipita no inferno
da sede e da fome, no intuito de esconder, indebitamente, a riqueza que
Deus lhe emprestou.
7. Por isto mesmo, a fé que não ajuda, não instrui e nem consola, não passa de
escura vaidade do coração. Pesado silêncio desceu sobre todos e André
baixou os olhos tímidos, para melhor fixar a mensagem de luz.
REFLEXÃO:
Todas as escolas religiosas do planeta visam à felicidade do homem em
função da crença em um Deus supremo, criador de todas as coisas. O fundo
moral de todas elas, a menos daquelas que idolatram seres inferiores na
busca de favores materiais, é semelhante e ligado à necessidade que o
homem tem de se sentir feliz. Se a felicidade não puder ser adquirida em
vida, que pelo menos seja concedida nos céus ou no paraíso celeste, a partir
da atitude reta e conforme o que os preceitos religiosos determinam.
8. Em muitas crenças, em muitas seitas ou religiões são estabelecidas regras
que podem apresentar diferentes níveis de rigidez ou fanatismo, podendo
chegar até a penas de castigo material ou mesmo à morte. Cada qual se acha
portador da verdade e julga que sua crença á a única capaz de salvar os
homens do pecado e levá-lo à felicidade nos céus. Deus, entretanto, é único,
portanto o mesmo para todas as criaturas, não importando suas crenças ou
convicções. Deus é a inteligência suprema e causa primária de todas as
coisas. Assim, só Deus é o criador, todo o resto é criatura e está sujeita à Lei
de Amor, Justiça e Caridade, responsável pela harmonia universal em todos
os planos da vida.
9. Todo desvio há de ser corrigido para que o homem, atingindo a pureza de
sentimentos, consiga desprender-se de si mesmo, tornando-se um
instrumento da vontade do Criador, auxiliando-o pela ação benfazeja, a
assegurar a harmonia universal. Infelizmente, os homens, desde as mais
remotas eras vêm buscando impor suas verdades uns aos outros, mesmo que
para isto seja necessário o uso da força. Foi pensando desta maneira, que a
chamada Igreja do Cristo, que devia primar pelo seu exemplo de
compreensão e resignação, fé e caridade, fez guerra aos irmãos muçulmanos
com o propósito de libertar o túmulo sagrado, como se Jesus, nosso Mestre
maior, nosso exemplo de amor vivo, pudesse ser idolatrado em um túmulo
de pedra.
10. Foi ainda justificando a necessidade de impor a seita cristã que a igreja
fundou e manteve a chamada Santa inquisição, para combater os eventuais
desvios de comportamento dos homens frente a fé imposta. Para corrigir
esses desvios de percepção, a espiritualidade maior enviou e tem enviado à
Terra missionários de Deus, exemplos de caridade e amor, para dignificar a
mensagem de fraternidade contida na Lei de Justiça, Amor e Caridade.
Todos eram movidos pelo amor à criatura humana, buscando vivenciar
aquilo que Jesus deixou como exemplo de verdade e vida. Toda vez que os
homens, buscando interpretar os ditos textos sagrados de suas religiões,
estabelecem regras ou leis próprias, construindo dogmas que contrariam o
respeito ao livre-arbítrio, estão fadados ao conflito.
11. É preciso separar a melhor parte das religiões, e esta estaria sempre na fé
que consola e que alivia, que ampara e edifica, que compreende e perdoa,
que une os homens ao invés de dividi-los, que traz o amor ao contrário do
preconceito de qualquer espécie, que não se ofende jamais com qualquer
ato.
O Espiritismo é tido por muitos como uma Doutrina difícil de ser seguida.
Isso porque nada impõe a seus seguidores, a não ser o princípio da evolução
espiritual, a Lei de Causa e Efeito e a necessidade de se harmonizar com a
vontade do Criador, pelo cumprimento da Lei Divina ou Natural. Embora
nada seja proibido ao homem, mostra que cada um é responsável pela
atmosfera em que vive e que a colheita será sempre proporcional ...
12. À semeadura que houver feito com o uso do seu livre-arbítrio. O Espiritismo
que é a doutrina científica e filosófica da verdade, estimula a religiosidade e
o amor, convidando os homens a lutarem, não contra os irmãos da
humanidade, mas contra si mesmos, buscando romper as amarras que os
prendem aos vícios e às paixões materiais e que ainda os mantém em
atmosfera de sofrimento, desequilíbrio e dor. O Espiritismo é fé que consola
e convida o homem à retidão de comportamento, sem a imposição de
dogmas ou regras que identifiquem e qualifiquem os pecados. Assim, não
vos preocupeis com quem está a verdade. Não vos ponhais a discutir os
mistérios da fé e as crenças dos homens, plantando no coração o preconceito
e o desamor.
13. A verdade estará sempre na fé que não separa os homens, que consola,
edifica, uma e o redime de seus próprios defeitos. A salvação não está
restrita a um lugar, a um paraíso, a um céu prometido por qualquer religião
humana. A salvação está no conhecimento de si mesmo e no amor a todas as
criaturas do Universo. De forma semelhante, seu inferno não está restrito a
um lugar imposto pelo descumprimento de regras estabelecidas pelas
religiões. O inferno ou o paraíso estão na atmosfera que cada um for capaz
de construir em torno de si. Pensemos em Jesus e em sua mensagem. Qual
era sua religião? Qual era sua crença? Em quem depositava sua fé? O que
recomendava aos homens com palavras e ações?
14. Jesus personificou o amor e veio trazer aos homens a necessidade de
ampliação dos sentimentos de paternidade. A religião de Jesus era
unicamente o amor! A crença de Jesus era no Deus de amor e de
misericórdia! A fé de Jesus era exemplificada pelas ações de caridade, ai
curar os doentes, ao apaziguar os aflitos e libertar os corações. Que essa
possa ser também a nossa fé. A fé vitoriosa do ser em ação. A fé na
fraternidade e na compreensão entre os homens.
Muita paz!
Meu Blog: http://espiritual-espiritual.blogspot.com.br
Com estudos comentados de O Livro dos Espíritos, de O Livro dos
Médiuns, e de O Evangelho Segundo o Espiritismo.