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Revista Canavieiros - Junho de 2016
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Revista Canavieiros - Junho de 2016
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Revista Canavieiros - Junho de 2016
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Editorial
A
s condições climáticas apresentadas no início da safra atual passaram a ser um sinal ama-
relo para produtores de cana-de-açúcar. Os períodos secos ou com excesso de chuvas en-
frentados até o momento podem impactar a produtividade dos canaviais, culminando em
uma moagem menor do que a projetada no início da temporada. A colheita e o ritmo de moagem
já foram afetados pelo clima, e a intensidade do fenômeno La Niña também poderá influenciar o
desenvolvimento dos canaviais, a partir do segundo semestre. É este o tema da nossa matéria de
capa da edição de junho.
A revista de junho mostra como foi a 10ª ISO DATAGRO New York Sugar & Ethanol Con-
ference evento realizado em Nova York, e o lançamento oficial da Fenasucro & Agrocana 2016,
como também, os detalhes da Semana da Indústria e da parceria da RIDESA e Biosev para im-
pulsionar o melhoramento genético da cana no Nordeste. O leitor ainda encontra informações
sobre Caminhos da Cana, Copersucar, STAB, além de matérias sobre irrigação.
Desta vez, temos entrevista com Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e Sicoob
Cocred; com José Luiz Tejon Megido, conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para
Agricultura Sustentável); Pedro Jacob Christoffoleti, presidente da SBCPC (Sociedade Brasi-
leira da Ciência das Plantas Daninhas) e com Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO. Já no
Ponto de Vista, opinam Guilherme Melo, Coriolano Xavier, Arnaldo Luiz Correa e Lauro José
Oliveira de Andrade. Há os artigos técnicos de Alessandra Durigan e Antonio Carlos Cussiol
Júnior, de Tercio Marques Dalla Vecchia e de Zilmar José de Souza e de Marcelo Nicolai. Além
da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves.
As notícias do Sistema mostram que o presidente da Canaoeste e diretor da Copercana Manoel
Ortolan, participou de seminário em Portugal sobre o cooperativismo, que as reuniões técnicas
continuam e que as etapas da reestruturação da associação avançam. Assuntos legais, classifica-
dos e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos na revista de junho.
Safra canavieira: à mercê do clima
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Expediente:
Conselho Editorial:
Antonio Eduardo Tonielo
Augusto César Strini Paixão
Clóvis Aparecido Vanzella
Manoel Carlos de Azevedo Ortolan
Manoel Sérgio Sicchieri
Oscar Bisson
Editora:
Carla Rossini - MTb 39.788
Projeto gráfico e Diagramação:
Rafael H. Mermejo
Equipe de redação e fotos:
Andréia Vital, Fernanda Clariano e
Rafael H. Mermejo
Comercial e Publicidade:
Marília F. Palaveri
(16) 3946-3300 - Ramal: 2208
atendimento@revistacanavieiros.com.br
Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Viviane Alves
Tiragem DESTA EDIçÃO:
23.500 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
As matérias assinadas e informes publicitários
são de responsabilidade de seus autores. A
reprodução parcial desta revista é autorizada,
desde que citada a fonte.
Endereço da Redação:
A/C Revista Canavieiros
Rua Augusto Zanini, 1591
Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550
Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008)
redacao@revistacanavieiros.com.br
www.revistacanavieiros.com.br
www.twitter.com/canavieiros
www.facebook.com/RevistaCanavieiros
Boa leitura!
Conselho Editorial
RC
Errata:
O nome correto do gerente de Marketing e Produto Cana-de-Açúcar AGCO, foi publicado com erro de digitação, na última edição da
Canavieiros. O correto é Marco Antônio Gobesso.
Revista Canavieiros - Junho de 2016
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Antonio Eduardo Tonielo
12º Agronegócios Copercana
A Copercana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) realiza entre os dias
21 e 24 de junho, o 12º Agronegócios Copercana, feira de máquinas, equipamentos e agroquímicos direcio-
nada aos cooperados do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
Pelo terceiro ano consecutivo o evento acontece no Centro de Eventos Copercana. Nesta edição, a feira
vai receber cerca de 80 expositores, que irão apresentar seus produtos e tecnologias para a produção de
cana-de-açúcar, como também para as culturas de soja, amendoim e milho, levando novidades e grandes
oportunidades aos mais de cinco mil visitantes esperados.
Para falar sobre as expectativas e novidades da feira e também para fazer um balanço da atual situação
política e econômica pela qual atravessa o país, a Revista Canavieiros conversou com o presidente da Coper-
cana e do Conselho Administrativo da Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo. Confira!
Fernanda Clariano
Revista Canavieiros: Como o se-
nhor avalia o Governo Dilma e o que
espera deste novo Governo?
Antonio Tonielo: Não dá para ava-
liar o Governo da Dilma. Foi péssimo.
Agora, com a mudança de Governo, a
expectativa é outra. Tenho a esperança
de que, pelo menos, acabe a corrupção,
melhore o posicionamento do Governo
no que tange a gastos e desperdícios e
que tudo isso somado possa contribuir
para o crescimento do país.
Revista Canavieiros: O senhor
acredita que o presidente em exercício,
Michel Temer, conduzirá as reformas
necessárias para mudar a situação
deste país?
Antonio Tonielo: A oportunidade que
o presidente Michel Temer tem de tentar
fazer algo é agora, mas, para isso, ele pre-
cisa reduzir ministérios e gastos públicos.
Eu creio que ele fará de tudo para que essa
situação melhore e o país volte a crescer,
produzindo mais e melhor.
Revista Canavieiros: A escolha
de Henrique Meirelles para o Minis-
tério da Fazenda agradou? O senhor
está otimista?
Antonio Tonielo: É claro que sim,
eu acho que agradou a todos porque o
ministro Henrique Meirelles é um ho-
mem experiente, de muita visão e é hoje
uma esperança do empresariado brasi-
Entrevista com o Presidente
Além de oferecer excelentes oportunidades de compras e condições especiais de pagamento, a feira vai
apresentar produtos e tecnologias que irão contribuir com o dia-a-dia do produtor rural
leiro, de modo geral, para que se possa
reestabelecer uma segurança financeira
para o país. Eu tenho certeza de que,
com o Meirelles no Ministério da Fa-
zenda, nós vamos poder melhorar a pro-
dução e trabalhar com mais segurança.
Revista Canavieiros: Qual a expecta-
tiva do senhor em relação a Blairo Maggi
à frente do Ministério da Agricultura?
Antonio Tonielo: Ele é um grande
produtor, um homem do agronegócio
muito respeitado e o Brasil precisa
disso, de pessoas de confiança. O mi-
nistro Blairo conhece a fundo o setor e
isso vai ser muito importante. Agora a
expectativa é a de que ele seja ouvido
pelos outros ministros e, se isso acon-
tecer, provavelmente irá trazer muito
mais confiança para o produtor, o que
não estava acontecendo.
Revista Canavieiros: A mudança
de Governo deverá promover a reto-
mada da confiança e atrair investido-
res para o Brasil?
Revista Canavieiros - Junho de 2016
5
Realização
Apoio
Venha nos
visitar!
Antonio Tonielo: Eu acredito que
sim. Essa mudança no Governo será
muito importante para que os estran-
geiros e as indústrias brasileiras voltem
a acreditar no Brasil e voltem a gerar
empregos, tributos e recursos, contri-
buindo para o crescimento e desenvol-
vimento deste país.
Revista Canavieiros: Mesmo com
as mudanças políticas e econômicas,
a Copercana nunca parou e sempre
esteve ao lado dos seus cooperados.
Agora no mês de junho, a cooperati-
va realiza a 12ª edição do Agronegó-
cios Copercana. Qual a expectativa e
quais as novidades que o cooperado
irá encontrar?
Antonio Tonielo: O Agronegócios
Copercana é realizado no final do pri-
meiro semestre, em junho, período pro-
pício para que os cooperados invistam
em suas plantações, e, dentro desse
contexto, nós procuramos oferecer os
melhores preços e condições de paga-
mento. Sabemos que este será um ano
difícil. Vamos ter custos financeiros
mais caros e teremos que administrar
isso. A expectativa é que consigamos
recursos para financiar todos os nossos
produtores e temos bastante confiança
porque tanto a Copercana quanto os
seus cooperados têm condições para
cumprir seus compromissos.
Revista Canavieiros: Qual o dife-
rencial da FeiraAgronegócio esse ano?
Antonio Tonielo: Sempre traba-
lhamos para que um ano seja melhor
do que o outro e, a cada edição, pro-
curamos aprimorar o atendimento
aos nossos cooperados, oferecer bons
negócios e trazer o que há de melhor
no mercado, em termos de produtos
e máquinas. Além disso, o relaciona-
mento que mantemos com os nossos
fornecedores é um grande diferencial e
essa boa relação reflete em benefícios
aos cooperados. Este ano estamos com
um número maior de expositores apre-
sentando uma gama de produtos e no-
vidades, ou seja, trazemos para a feira
aquilo que realmente interessa ao pro-
dutor, porque sabemos que eles espe-
ram por este momento para fechar ne-
gócios e acredito que este ano vamos
ter uma feira muito interessante.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
6
www.agronegocioscopercana.com.br
PROIBIDA A ENTRADA DE MENORES DE 14 ANOS
Sobre a Feira
A feira será realizada de 21 a 24 de junho de 2016 e é voltada principalmente para
cooperados do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred.
Na última edição, a feira contou com a presença de três mil visitantes de diver-
sas regiões, que conferiram as novidades apresentadas pelos 76 expositores, como
serviços, equipamentos, máquinas e tecnologias voltadas à produção de cana-de-
-açúcar e outras culturas.
No ano passado a feira teve um crescimento de 6% comparado com 2014, che-
gando a R$160 milhões.
A feira é uma verdadeira vitrine de produtos e serviços para uso nas lavouras de
cana-de-açúcar e grãos.
Os expositores também levam para o Agronegócios Copercana novidades tecno-
lógicas em máquinas e equipamentos para os pequenos e médios produtores.
Revista Canavieiros - Junho de 2016
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RETIRE SUA CREDENCIAL NA
SECRETARIA DO EVENTO
Novidade 2016:
A feira contará este ano com um
auditório para 100 pessoas.
Confira as palestras já confirmadas:
21 de junho
15h às 16h - Cerimônia de inauguração Diretoria -
Bayer e Copercana
22 de junho
14h às 15h - Nutrigesso – Correção da Acidez, Adu-
bação e Fertilidade do Solo
15h às 16h - Basf – Importância da Qualidade da Muda
na Lucratividade do Canavial
16h às 17h - Bayer – Manejo de Cigarrinha das Raízes
17h às 17h15 - Perspectiva de Resultado Econômico
para Safra 2016/2017 – Almir Torcato – Gestor Corpo-
rativo da Canaoeste
23 de junho
15h às 16h - Mosaic – Manejo de Solo para Altas Pro-
dutividades.
Data: 21 a 24 de Junho
Horário: 13h às 19h
Local: Centro de Eventos Copercana - Sertãozinho - SP
Estrada Herminio Bizio, n°28
Bairro: Recreio Planalto, ao lado do Cred Clube Copercana
16h às 16h15 - Perspectiva de Resultado Econômico
para Safra 2016/2017 – Almir Torcato – Gestor Corpo-
rativo da Canaoeste
16h30 às 17h30 - Bayer – Manejo de Florescimento e
Isoporização
	
24 de junho
14h às 15h - Yara – Apresentação de Dados Experi-
mentais e Proposta de Valor.
16h às 17h - Bayer – Manejo de Plantas Daninhas –
Tendências Climáticas para 2016
17h às 17h15 - Perspectiva de Resultado Econômico
para Safra 2016/2017 – Almir Torcato – Gestor Corpo-
rativo da Canaoeste
Revista Canavieiros - Junho de 2016
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www.agronegocioscopercana.com.br
PROIBIDA A ENTRADA DE MENORES DE 14 ANOS
Revista Canavieiros - Junho de 2016
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Revista Canavieiros - Junho de 2016
10
11 - Entrevista
José Luiz Tejon Megido
conselheiro fiscal do CCAS
“O papel do agronegócio brasileiro no futuro será do
tamanho do Brasil no mundo: gigantesco”
Ano X - Edição 120 - Junho de 2016 - Circulação: Mensal
Índice:
E mais:
Capa - 36
Safra canavieira:
à mercê do clima
Intensidade do fenômeno La Niña
poderá influenciar o desenvolvimen-
to dos canaviais que já sofreram dé-
ficit hídrico e, agora, são castigados
por chuvas intensas
26 - Notícias Canaoeste
30 - Notícias Sicoob Cocred
- Associados de Descalvado participam de ciclo de palestras técnicas
- Cooperativismo foi tema de seminário realizado na Embaixada brasileira em Lisboa
- Com gestão mais participativa, Canaoeste prossegue em sua reestruturação
- Balancete Mensal
Capa:RafaelMermejo
- Laboratório de solos Copercana é certificado pelo INMETRO
24 - Notícias Copercana
Entrevista:
Pedro Jacob Christoffoleti
.....................página 14
Guilherme Nastari
.....................página 16
Pontos de Vista:
Guilherme Melo
.....................página 18
Coriolano Xavier
.....................página 19
Arnaldo Luiz Correa
.....................página 20
Coluna Caipirinha
.....................página 22
Assuntos Legais
.....................página 32
Destaques:
Maior intercâmbio entre universidades
e usinas é defendido pelo GIFC
.....................página 42
Déficit mundial de açúcar deve ser de
6,09 milhões de toneladas em 16/17
.....................página 44
Fenasucro & Agrocana 2016 é lançada
oficialmente na capital paulista
.....................página 46
CEISE Br comemora a semana da in-
dústria
.....................página 50
Caminhos da Cana segue para tercei-
ra etapa
.....................página 54
RIDESA e Biosev formam parceria para
impulsionar melhoramento genético
.....................página 56
Dia de campo mostra os benefícios da
irrigação por gotejamento
.....................página 58
10º Congresso Nacional da STAB
.....................página 62
Copersucar bate recorde de movimen-
tação no Terminal de Santos
.....................página 76
Artigos Técnicos:
Bioeletricidade: necessidade de uma
visão estratégica em 360º
.....................página 68
Manejo de plantas daninhas de folhas
largas em cana-de-açúcar
.....................página 72
Classificados
.....................página 80
Cultura
....................página 86
64 - Artigo Técnico
- CAPIM BRANCO (Chloris polydactyla)
Aumento crescente da infestação preocupa os produtores
- Aspectos relevantes da qualidade da cana no
seu processamento
Por: Tercio Marques Dalla Vecchia
18 - Ponto de Vista
Guilherme Melo
analista sênior na Diretoria de Produtores Rurais do Itaú BBA
Ventos favoráveis e oportunidade de colocar a casa em ordem
Revista Canavieiros - Junho de 2016
11
José Luiz Tejon Megido
“O papel do agronegócio brasileiro no futuro será
do tamanho do Brasil no mundo: gigantesco”
A afirmação acima é do conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável) e
dirigente do Núcleo de Agronegócio da ESPM, José Luiz Tejon Megido, em entrevista para a Revista Ca-
navieiros. Tejon fez uma avaliação sobre a atual situação e o futuro do agronegócio e, na oportunidade,
falou sobre a homenagem recebida pela AEASP – Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de
São Paulo –, em que foi premiado como Destaque na Área de Comunicação Rural, durante a Agrishow,
em Ribeirão Preto-SP. Confira!
Fernanda Clariano
Revista Canavieiros: Mesmo em
meio à crise e à confusão de gover-
nança nacional, o agronegócio segue
crescendo. De onde vem essa força?
Tejon: Essa força vem dos funda-
mentos eternos que nunca mudam:
trabalho, pesquisa, educação e conhe-
cimento aplicado em produtos que
beneficiam a todos, como é o caso do
agronegócio.
Revista Canavieiros: As entidades
representativas do agronegócio têm
voz junto ao Governo?
Tejon: Eu diria que têm, porém
está na hora de unificarmos mais essa
voz. São muitas vozes e, quando te-
mos muitas, ainda que fortes, seria
como numa orquestra onde as trom-
pas, os pratos, os bumbos e todos os
violinos tocassem de forma não har-
mônica, ao mesmo tempo. Falta or-
questração na voz do setor – muito
além do Governo –, falta diálogo com
toda a sociedade urbana. Está na hora
de o setor pensar estrategicamente,
acordar a mesma música, eleger um
maestro, reunir um orçamento para a
mídia e usar o poder da comunicação
de forma reunida e inteligente.
Revista Canavieiros: Quais são os
desafios do agronegócio brasileiro e
qual o seu papel no futuro?
Tejon: Precisamos dar um salto de
marketing no agronegócio brasileiro.
É necessário comunicar para o mun-
do que o Brasil não significa somente
ter volume, quantidade... Que o Brasil
preza, zela e busca qualidade. Isso sig-
nifica responsabilidade com alimentos
e energia saudável. Temos rea-
lidades muito superiores às que
somos percebidos. Entramos
agora numa autêntica estratégia
genial de produção, com a inte-
gração lavoura pecuária e flores-
ta, o que denota produzir, além
de alimentos, também água,
meio ambiente e qualidade de
vida para quem produz e para
quem consome. Precisamos
aprender a vender as coisas boas
brasileiras, inclusive para o pró-
prio brasileiro. Isso novamen-
te merece uma articulação das
principais lideranças para um
projeto comunicacional e educa-
dor de longo prazo. O setor ca-
navieiro representa coisas espe-
taculares: além da generosidade
do açúcar, que precisa ser repo-
sicionado na mente da popula-
ção, a espirituosa cachaça, o tão
imprescindível etanol, a geração
de energia elétrica e a rotação de
culturas. Há inteligência aplica-
da em toda a logística do setor.
E mais, o ar é extraordinaria-
mente melhor para respirarmos.
Nas cidades brasileiras, o setor
sofreu pela má intenção do Go-
verno em comprar votos para as elei-
ções, mantendo os preços da gasolina
artificialmente subsidiados. Com isso,
destruiu a Petrobras e penalizou o se-
tor canavieiro. Mas o Brasil continua
sendo maior do que o buraco, e nos
recuperamos. O setor canavieiro, com
todo o seu benefício, pode e deve fa-
zer parte da promessa nacional de não
apenas alimentar e garantir segurança
planetária em comida, fibras, madeira
sustentável, mas também em agroe-
nergia oriunda do cinturão tropical
do planeta, o Tropical Belt. O Brasil
poderia e deveria ser o empreendedor
da agroenergia em toda a faixa tropical
planetária. Sabe por quê? Nós sabemos
fazer, e o mundo precisa de quem sabe
fazer e faz. O papel do agronegócio
brasileiro no futuro será do tamanho
do Brasil no mundo: gigantesco.
Entrevista I
Revista Canavieiros - Junho de 2016
12
Revista Canavieiros: A pesquisa,
a sustentabilidade e a infraestrutu-
ra são os pilares do agronegócio?
Tejon: A inteligência, o conhe-
cimento, o saber como fazer, sem
dúvida, são outro desafio e, nesse
sentido, precisamos acionar meios
inovadores na difusão do conheci-
mento e das boas práticas tecnológi-
cas. Precisamos ter ações educativas
pela mídia e pelos meios interativos
urgentemente. A ciência avança em
altíssima velocidade e é preciso fazer
com que ela seja aplicada no campo
pela grande maioria, pois será um
motivo de felicidade para o país. É
fundamental a viabilidade do empre-
endedorismo de pequenos, micros e
médios produtores e o surgimento de
novas carreiras para os jovens.
A infraestrutura significa seguran-
ça, ou seja, mesmo nas gangorras das
baixas dos preços das commodities,
conseguiremos continuar viáveis
para atingir todos os mercados vin-
culados à burocracia e à inteligência
da gestão dos canais de escoamento.
Isso não pode ficar no leilão dos in-
teresses de partidos políticos. Vejo o
esforço notável que gestores do Por-
to de Santos têm feito, por exemplo,
para o caos logístico conseguir se
manter em funcionamento. O Porto
e a recepção aos caminhões mere-
cem um olhar de atenção. E claro:
agregação de valor, marcas, brands,
produtos agroindustrializados, ser-
viços etc. E fica aqui meu exemplo
para estímulo, o ex-aluno e amigo
Alexandre Costa, criador da Cacau
Show, que já pode ir dominar o mun-
do por aí... Esse empreendimento se
transformou na maior franquia de
chocolates do planeta. Agora só falta
tomar os outros mercados. Precisa-
mos de empreendedorismo brasileiro
além da porteira das fazendas.
E na ciência? Muita atenção. Por
mais que as corporações sejam glo-
balizadas e seus investimentos em
ciência e tecnologia voltados a todos
os mercados, não podemos, como
o país que se propõe a ser o maior
agronegócio do mundo, não ter senão
dominado o estado da arte em toda
tecnologia necessária para realizar
a produção. Precisamos e devemos
ter, por segurança e soberania es-
tratégica, acesso a genética, robóti-
ca, máquinas... Todos os insumos e
equipamentos com técnicos, empre-
endedores e pesquisadores brasilei-
ros atuando no diálogo global que
isso hoje permite e exige.
Revista Canavieiros: A ques-
tão da logística é um agravante no
agronegócio devido ao custo?
Tejon: Sim, temos o custo pós-
-porteira das fazendas mais caro do
mundo. E isso exige priorizar in-
fraestrutura, o que não costuma dar
espetáculos eleitoreiros, portanto
o setor precisa se comunicar com a
sociedade para aumentar o seu efeti-
vo poder de lobby e de conquista de
foco na gestão dessa causa sagrada.
Revista Canavieiros: Podemos
comparar o agronegócio a uma
Olimpíada, onde é preciso superar
as barreiras para vencer?
Tejon: O agronegócio pode, sim,
ser chamado de agroolimpíada, pois
é uma verdadeira olimpíada todos
os dias, meses e anos, e ainda com
regras severas de sustentabilidade,
rastreabilidade e agora caminhando
para a inexorável smart farming.
Revista Canavieiros: A impor-
tância do agronegócio para o Bra-
sil é indiscutível. O país depende
muito da riqueza que vem do cam-
po, mas uma boa parte da popula-
ção urbana não conhece essa po-
tência agrícola mundial. Como o
senhor vê essa questão?
Tejon: Como já abordei acima,
está na hora de as lideranças das dez
ou doze principais instituições re-
presentativas do agronegócio se en-
contrarem, se desvestirem de egos e
assinarem embaixo de uma voz forte,
inteligente, de longo prazo e dizer
isso para o país e para o mundo. Isso
exige verba, orçamento e reunir in-
teligências humanas comprometidas
com a causa mais elevada da nação e
do Brasil. Um projeto comunicacio-
nal de longo prazo de todo o setor.
Revista Canavieiros: Recente-
mente, o senhor foi homenageado
pela AEASP – Associação de En-
genheiros Agrônomos do Estado
de São Paulo –, onde foi premiado
como Destaque na Área de Comu-
nicação Rural. Como recebeu essa
homenagem?
Tejon: Extremamente feliz. Dedi-
quei essa homenagem a exatamente
três engenheiros agrônomos que me
ensinaram tanto ou mais que muitos
mestres íntegros e éticos do marke-
ting (eles existem). Aprendi com o
agrônomo José Maria Jorge Sebas-
tião, que era diretor da Máquinas
Agrícolas Jacto, o poder da difusão
da tecnologia, do valor das coo-
perativas e do gosto que tinha pela
bela, boa e estimulante propaganda.
Com muita sorte, aprendi com outro
agrônomo, o Sr. Antônio Secundino
de São José, fundador da Agroceres
Sementes. Era considerado o pai do
milho híbrido comercial no Brasil. A
transferência do conhecimento para
o campo e o valor da mídia eram
feitos através do velho almanaque
Agroceres, o jornal Agroceres, além
do fantástico concurso de produtivi-
dade de milho Agroceres. Secundino
amava comunicação. Um dia, quan-
do mostrei para ele a ideia de con-
vidar o Pelé, o rei do futebol, para
apresentar pela televisão os grandes
campeões de produtividade de mi-
lho, ele adorou e autorizou na hora,
"Com a bola no pé eu sou Pelé, com
Agroceres na plantação você é o
campeão!". E minha sorte continuou.
Trabalhei ao lado de Ney Bittencourt
de Araújo, que presidia a Agroceres,
e foi simplesmente a pessoa que nos
introduziu ao agronegócio no país.
Fizemos cerca de quinze anos de
campanhas geniais com a TV Globo
e demais mídias, reproduzindo não
apenas para a zona rural, mas para
todo o país.
Dessa forma, o prêmio AEASP, da
querida Associação dos Engenheiros
Agrônomos de São Paulo, retorna, de
certa forma, à sua categoria esses três
agrônomos (in memorian), que eram
espetaculares comunicadores, e com
eles aprendi e eles me permitiram exer-
citar e realizar. Muito obrigado a todos
os agrônomos do Brasil; são necessaria-
mente comunicadores na essência. RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
13
ATENÇÃO: Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente
as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita
a utilização do produto por menores de idade. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO.
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amploespectroControle das principais plantas
daninhas de folhas estreitas e largas
Revista Canavieiros - Junho de 2016
14
Pedro Jacob Christoffoleti
“O melhor herbicida é a cultura”
A afirmação acima é do engenheiro agrônomo, graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz – ESALQ/USP –, professor associado, livre-docente da ESALQ/USP – Departamento de Produção
Vegetal, pesquisador e presidente da SBCPC (Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas), Pedro
Jacob Christoffoleti.
Recentemente, ele participou de um importante seminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana,
na cidade de Ribeirão Preto-SP, onde falou sobre os aspectos técnicos e práticos para manejar herbicidas
no plantio e na soqueira e, na ocasião, concedeu entrevista à Revista Canavieiros. Confira!
Fernanda Clariano
Revista Canavieiros: O manejo
das plantas daninhas é vital para ga-
rantir a produtividade dos canaviais?
Christoffoleti: Com certeza. Não
existe produção de cana-de-açúcar sem
manejo de plantas daninhas. Dos 9 a
10 milhões de hectares que existem no
Brasil, eu acredito que em 100% das
áreas o produtor precisa fazer o ma-
nejo das plantas daninhas, o que nor-
malmente é feito com herbicida. Esse
controle é feito não para incrementar a
produtividade, mas para proteger a pro-
dutividade. Quando você tem um po-
tencial produtivo de cana, aplicar o her-
bicida não incrementa esse potencial;
o herbicida, na verdade, protege a cana
das plantas daninhas, então nós chama-
mos de “proteção da produtividade”.
Revista Canavieiros: Quais são os
principais herbicidas usados hoje em
cana-de-açúcar?
Christoffoleti: Há uma infinidade
de herbicidas. Acredito que hoje exis-
tem mais de 30 herbicidas e eu nem
saberia mencioná-los. O que eu posso
dizer é que existem categorias dife-
rentes de herbicidas. Uma categoria
de herbicidas é utilizada para o con-
trole de gramíneas, que são plantas
daninhas da família Poaceae, popular-
mente conhecidas como capins. Posso
citar alguns nomes técnicos como, por
exemplo, Clomazone, Isoxaflutole, S-
-metolachlor, Fumioxazin, e existem
outros inúmeros produtos disponibili-
zados pelas empresas. A outra categoria
é de produtos utilizados para o controle
de folhas largas, que são as plantas da-
ninhas dicotiledôneas, como Amicar-
bazone, Sulfentrazone, Fumioxazin, e
assim por diante. Também existe uma
terceira classe de produtos que se usa
para controle de plantas perenes, que
são plantas que apresentam meios de
propagação vegetativa, como a tiririca,
a grama seda, então nós mencionamos
o Glifosato, o Imazapic, o Imazapyr e o
próprio Sulfentrazone.
Revista Canavieiros: Existe o her-
bicida perfeito, considerando-se as-
pectos ambientais, econômicos e de es-
pectro de controle de plantas daninhas
e de época de aplicação?
Christoffoleti: Não existe o herbi-
cida perfeito; para cada situação exis-
te uma indicação. Todo herbicida bem
aplicado, dentro das recomendações,
é uma excelente alternativa, e, para
executar uma ótima recomendação do
herbicida, deve se pautar em aspectos
como tipo de infestação que ocorre na
área, intensidade de infestação, condi-
ção climática, tipo de solo, presença ou
ausência de palha, condição da cana –
se pré ou pós-emergência, modalidade
de cultivo, se soqueira ou cana planta.
Tudo isso e muito mais coisas influen-
ciam na recomendação. Portanto, não
existe melhor ou pior produto, existe o
produto bem recomendado.
Entrevista I
Revista Canavieiros - Junho de 2016
15
Revista Canavieiros: As plantas da-
ninhas são responsáveis por perdas con-
sideráveis nas lavouras brasileiras. Po-
demos mensurar a perda que o produtor
pode ter sem um manejo adequado?
Christoffoleti: Se as plantas dani-
nhas não forem controladas absoluta-
mente, as perdas são da ordem de 40 a
60%. Às vezes, em uma tecnologia mal
utilizada, pode haver entre 10 a 15 tone-
ladas de perdas de produtividade. Outro
fato é que algumas plantas daninhas,
quando não controladas, dificultam a
colheita. A corda-de-viola e os cipós,
por exemplo, podem interferir no pro-
cesso de colheita e retardar a velocida-
de e a operação de colheita, que é muito
onerosa dentro da usina.
Revista Canavieiros: É importante
que se faça o manejo integrado?
Christoffoleti: Com certeza. O her-
bicida é uma ferramenta – embora seja
a principal, somente o herbicida não é
suficiente para manejar as plantas dani-
nhas. Eu costumo dizer aos meus alu-
nos, e também nas palestras técnicas a
produtores, que o melhor herbicida é a
cultura. Se a cultura não estiver bem es-
tabelecida, o herbicida não funciona. Se
não houver um bom estande, um bom
trato cultural, se o espaçamento não for
correto, a época de plantio não for ade-
quada e as condições de umidade não
favorecerem o crescimento da cana, ela
demora a se estabelecer e a fechar. O
herbicida só vai funcionar se houver
uma integração de todas as boas práti-
cas agrícolas dentro da cultura.
Revista Canavieiros: O manejo de
plantas daninhas exige uma gestão
consciente?
Christoffoleti: Sim. Tanto é verda-
de que toda unidade de produção tem
um gestor trabalhando com o manejo de
plantas daninhas. A maioria das usinas e
os grandes produtores têm um agrônomo
responsável por essa operação – a opera-
ção de tratos culturais –, dada a sua im-
portância. Só para se ter uma ideia, hoje,
para controlar 1 hectare de cana com
herbicidas, gastam-se pelo menos R$300
(valor médio). Se pensarmos numa uni-
dade de produção com 10 mil hectares,
R$300 por hectare significa R$ 3 milhões
de reais de investimentos apenas no her-
bicida, fora o custo de aplicação, o custo
da gestão, o custo da mão de obra.
Revista Canavieiros: Qual a me-
lhor solução para o controle de ervas
e sementes grandes em usinas onde se
restringe o orçamento? Que alternati-
va seria ideal?
Christoffoleti: A solução ideal não
existe, mas hoje em dia há uma série
de herbicidas que eu já mencionei que
controlam folhas largas e que podem
ser utilizados como alternativas. Po-
rém, o mais importante é que o pro-
dutor faça um monitoramento da área,
deixando áreas testemunhas para que
seja observado o nível de infestação,
e faça frequentemente a visita. Nessas
visitas, a cada momento que detectar
escapes dessas plantas, realizar a devi-
da reaplicação ou a chamada “aplicação
sequencial”. Quer seja Amicarbazone,
quer seja Sulfentrazone ou qualquer
outro tipo de produto que utilize den-
tro da cultura, tem que estabelecer um
bom monitoramento e fazer o manejo
de acordo com as necessidades.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
16
Guilherme Nastari
“Os jovens são a alavanca transformadora da
agricultura do amanhã”
A declaração é de Guilherme
Nastari, executivo de 30 anos, que
se destaca no agronegócio como
uma das principais lideranças
jovens da atualidade. Mestre em
Agroenergia pela Fundação Ge-
tulio Vargas (SP) e bacharel em
economia pelo Ibmec (SP), Nas-
tari participa de congressos no
mundo todo, falando com desen-
voltura do setor sucroenergético,
mesmo quando o debate é entre
feras do segmento. Não poderia
ser diferente, já que leva no DNA,
a bagagem e o conhecimento ad-
quirido ao longo da vida, acom-
panhando, desde pequeno, o pai,
Plínio Nastari, presidente da con-
sultoria DATAGRO e referência
mundial em se tratando de cana.
A cumplicidade e o trabalho no
sentido de disseminar as externali-
dades do setor canavieiro aos qua-
tro cantos do mundo são comprovados a cada evento do qual participam os Nastari. Com a frase “Não é,
pai?” proferida após uma análise perfeita, que deixa admirada a plateia, o primogênito dos três filhos recebe
um olhar confiante e um balanço de cabeça confirmando, encantando ainda mais os participantes.
A simplicidade, a qualidade e o espírito familiar acompanham Guilherme, fato que agrega ainda
mais valor ao seu perfil executivo. Como diretor da DATAGRO, desde 2005, e também da AEXA (As-
sociação de Exportadores de Açúcar e Álcool), desde 2009, o jovem já participou como consultor de
diversos projetos de consultoria dos mercados de açúcar e etanol pela DATAGRO, sendo que seus
principais clientes são produtores de açúcar, etanol, biodiesel, trading companies, bancos, distribuido-
res de combustível, governos e ONGs.
Nesta entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, o executivo fala sobre o GAF 2016 (GlobalAgribu-
siness Forum), um dos principais eventos do agronegócio no planeta, que será realizado pela DATAGRO,
juntamente com a SRB (Sociedade Rural Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de
Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), nos dias 4 e 5 de julho, em São Paulo.
Com o tema “AGROPECUÁRIA DO AMANHÃ: fazer mais com menos - Disseminando as bases do de-
senvolvimento sustentável”, o fórum internacional reunirá expoentes do agronegócio mundial para debater
o futuro da agropecuária e buscar alternativas aos desafios para o desenvolvimento sustentável.
Confira!
Andréia Vital
Entrevista I
Revista Canavieiros - Junho de 2016
17
Revista Canavieiros: A DATAGRO
vai realizar este ano o GAF e o evento
conta com parceiros em vários braços
do setor. Qual é a sua expectativa so-
bre este fórum? E qual a importância
do GAF para o agro?
Guilherme Nastari: O GAF é um
grande evento realizado em parceria
pela DATAGRO, SRB (Sociedade Ru-
ral Brasileira), Abramilho (Associação
Brasileira de Produtores de Milho) e
ABCZ (Associação Brasileira dos Cria-
dores de Zebu) e tem o apoio oficial de
instituições de governo de vários países
importantes: USDA nos EUA, Comis-
são Europeia, França, Canadá, Austrá-
lia, Singapura, Turquia e Cuba, para ci-
tar alguns. O GAF tem o apoio de todas
as organizações de commodities, e de
mais de 120 associações de produtores
de todo o mundo.
Por sua dimensão e conteúdo, o GAF
é um evento de abrangência mundial, e
se tornou o Davos do Agronegócio.
Em 2016, o tema principal do GAF
será “Agricultura do amanhã: fazer
mais com menos - Disseminando o
desenvolvimento sustentável”. Como
elemento de apoio, será dada ênfase ao
papel da educação para o atingimen-
to desta meta: educação do produtor e
do consumidor. O produtor precisa ser
educado para aumentar a produção uti-
lizando a tecnologia mais adequada e
atender à demanda do consumidor em
quantidade e qualidade. O consumidor
precisa ser educado para saber valorizar
corretamente o que está recebendo.
Revista Canavieiros: A sustenta-
bilidade é um tema cada vez mais es-
tratégico na pauta das empresas e será
discutida durante o GAF 2016. Na sua
visão, como as empresas poderão su-
perar os desafios para ter uma produ-
ção sustentável?
Guilherme Nastari: Este desafio
deve ser atendido com investimentos
em novas tecnologias e ter sua dissemi-
nação, aplicação prática, certificação,
rastreabilidade e principalmente valori-
zação da produção realizada dentro des-
tes padrões, para que haja estímulo de
mercado para que sejam perseguidos.
Revista Canavieiros: Durante o
lançamento oficial do GAF 2016, em
novembro passado, você disse que os
moradores do perímetro urbano não
têm noção das pesquisas, da tecnologia
e dos investimentos feitos na agricul-
tura brasileira, essa que posicionou o
país na vanguarda do setor, muito me-
nos das externalidades do setor sucroe-
nergético. Como é possível mudar isso?
Guilherme Nastari: A mudança de
percepção pode ser atingida com in-
formação de valor, colocada de forma
acessível. Muitas vezes a informação
não é disponibilizada, e são perdidas
oportunidades importantes para a cria-
ção de valor.
No caso do etanol e do açúcar, há um
trabalho enorme a ser desenvolvido. O
etanol de cana é uma das fontes de ener-
gia mais limpas que existe, e o açúcar
é a base de nossa cadeia alimentar. É
inadmissível que não sejam mais valo-
rizados do que já o são.
Revista Canavieiros: Para você, a
agricultura energética será um dos prin-
cipais fatores para impulsionar o desen-
volvimento do setor sucroenergético?
Guilherme Nastari: A agricultura
energética complementa a agricultura
alimentar e aumenta a segurança do
abastecimento de alimentos no mundo,
ao permitir uma maior capitalização
do campo. A produção de cana para
fins energéticos, que ocupa uma área
cultivada relativamente pequena, é um
exemplo desta integração.
Revista Canavieiros: A seguran-
ça alimentar será um dos assun-
tos debatidos no GAF 2016. De um
modo geral, você acha que os gover-
nantes compreendem a importância
da segurança alimentar?
Guilherme Nastari: Alguns países
têm esta preocupação no cerne de suas
políticas públicas. É o caso da China e
da Índia, que têm populações volumo-
sas e com demanda crescente por ali-
mentos, com uma mudança no padrão
de consumo.
Revista Canavieiros: Cada vez
mais, jovens se destacam na agroin-
dústria. Essa é uma tendência que be-
neficia o agronegócio?
Guilherme Nastari: Sem dúvida.
Jovens têm encontrado na agricultura
e no agronegócio motivação para suas
carreiras, trazendo sangue novo, com
muitas ideias, mudança de conceitos,
vigor e visão inovadora. Os jovens são
a alavanca transformadora da agricultu-
ra do amanhã.
Revista Canavieiros: Para manter
a rentabilidade, o setor será obrigado a
agregar mais valor à produção, dizem
especialistas. No caso do Brasil, isso é
possível? Afinal, exportar somente pro-
dutos primários é tão prejudicial assim?
Guilherme Nastari: O ideal é sem-
pre agregar mais valor à produção pri-
mária. O Brasil e muitos outros países
estão caminhando nesta direção. É
melhor exportar frango do que milho,
já que o frango é um bushel de milho
ambulante. Melhor ainda é aumentar o
valor agregado do frango com cortes
diferenciados e atendimento de exigên-
cias e idiossincrasias (peculiaridades)
locais. Isso vale para qualquer produto.
A transformação de alimentos em pro-
dutos de alto valor é a nova fronteira a
ser desvendada. Obviamente, isso vale
também para o açúcar e o etanol.
A sacarose é a molécula básica para
uma serie de rotas de transformação in-
dustrial que geram muito valor. O etanol
também. É preciso pensar fora da caixa,
para que, no final das contas, o produtor
seja cada vez mais valorizado.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
18
Ventos favoráveis e oportunidade de colocar a
casa em ordem
Guilherme Melo*
Guilherme Melo
O
setor sucroenergético se viu,
nos últimos anos, em meio a
uma das piores crises de sua
história, com consequências traumáticas
para toda a cadeia, levando uma parcela
considerável de usinas e fornecedores a
condições financeiras bastante preocu-
pantes. Estimativas da UNICA (União
da Indústria de Cana-de-açúcar) indicam
que, desde 2007, aproximadamente 70
usinas fecharam as portas na região Cen-
tro-Sul, e a situação para os fornecedores
não parece ser muito diferente.
Essa crise foi desencadeada por vá-
rios fatores, dentre os quais, do lado da
receita, destacam-se as quedas signifi-
cativas dos preços do açúcar na esteira
dos consecutivos excessos de produção
no mercado global e também o congela-
mento dos preços de combustíveis alia-
do à redução da CIDE (Contribuições de
Intervenção no Domínio Econômico).
No tocante aos custos, o impacto veio
das quedas de rendimentos agrícolas
causados pelas adversidades climáticas
e pelo desafiador avanço do processo de
mecanização de plantio e colheita. No
entanto, a boa notícia é que os ventos já
começam a soprar favoravelmente para
o setor nos próximos anos.
Quanto ao açúcar, após cinco anos
consecutivos de excesso de oferta do
produto no mercado o que levou os es-
toques globais a acumularem cerca de
38 milhões de toneladas, o cenário já
aponta para um déficit na relação en-
tre produção e consumo no ano safra
corrente, mesmo diante do aumento
da produção no Brasil. As estimativas
variam de consultoria para consultoria,
mas a média das projeções acena para
algo ao redor de 6 milhões de toneladas.
Isso deve ocorrer como resultado dos
problemas climáticos na Índia e na Tai-
lândia – dois dos principais produtores
globais de açúcar – diante dos efeitos
do El Niño, e da redução na produção
europeia e chinesa, dois dos principais
importadores globais. O consumo glo-
bal, por sua vez, tende a seguir cres-
cendo ao redor de 2% ao ano e também
contribuirá para o déficit.
Para o ano safra global 2016/17 (set/
out), o panorama é de mais um ano de
déficit, o que deve levar as relações
estoque/consumo para níveis simila-
res aos da safra 2009/10 e 2010/11. De
fato, apesar de no mercado existirem
expectativas de que um possível au-
mento da produção de açúcar no Bra-
sil e na União Europeia compensará
outro ano de provável queda de oferta
da Índia e da Tailândia, o crescimento
do consumo deve levar o mercado para
mais um ano de excesso de demanda
frente à produção. Vale ressaltar que as
condições climáticas e as taxas de re-
novação do canavial terão papel crucial
na definição do potencial aumento de
produção de açúcar no Brasil.
Diante disso, a combinação entre pre-
ços futuros na bolsa de Nova York e taxa
de câmbio indica valores a serem obtidos
pela venda do açúcar em níveis bastante
superiores aos das safras anteriores. Na
semana do dia 23/05, por exemplo, os
preços do açúcar negociados na ICE,
convertidos em reais, para os contratos
de julho e outubro de 2016 oscilavam ao
redor de R$1.400/tonelada. Para os me-
ses referentes à safra 17/18, o valor mé-
dio ficou ao redor de R$ 1.500/tonelada.
Em relação ao etanol, o mercado
já começou a se mostrar ligeiramente
mais favorável no ano passado, benefi-
ciado pelo aumento da mistura do ani-
dro na gasolina de 25% para 27%, pela
volta parcial da CIDE sobre a gasolina
e pelo aumento do diferencial de ICMS
entre o combustível fóssil e etanol em
importantes estados consumidores. Em
2015, o consumo total de etanol foi
20% superior ao do ano anterior, sendo
que a demanda pelo hidratado cresceu
37% no mesmo período.
Para 2016, a perspectiva para o con-
sumo de combustíveis não é das mais
Ponto de Vista I
Revista Canavieiros - Junho de 2016
19
Ponto de Vista II
RC
RC
promissoras, tendo em vista a fragilida-
de da economia brasileira. No acumula-
do do ano até abril, a demanda por com-
bustíveis de Ciclo Otto caiu 2% sobre
2015, e, no caso do hidratado, a redução
foi de 13%, muito influenciada pelos
elevados preços na entressafra (piora
da paridade com a gasolina). Ainda que
esperemos que o consumo por hidrata-
do já tenha voltado a crescer no mês de
maio sobre as médias do início do ano,
diante da desvalorização das cotações
do produto, o consumo total do ano
deve oscilar ao redor ou até um pouco
abaixo do que foi observado em 2015.
Mesmo assim, a melhor remuneração
do ATR para o açúcar sugere um preço
sombra maior pelo etanol, possibilitan-
do uma precificação média melhor por
esse combustível em 2016. Não se pode
descartar também a possibilidade de um
novo aumento da CIDE, o que abriria a
possibilidade para uma provável eleva-
ção do etanol, e o que poderia compen-
sar perdas de competitividade com o fim
do crédito presumido de PIS/Cofins.
É nesse contexto que a situação do se-
tor sucroenergético tende a voltar a me-
lhorar e, consequentemente, a dos forne-
cedores de cana. De acordo com nossas
estimativas, preços do ATR no acumula-
do da safra acima de R$0,60/kg de ATR
já voltam a propiciar margens bem su-
periores às observadas nos últimos anos.
Além disso, o risco de crédito, ou seja,
de pagamento pelo volume de ATR en-
tregue à usina, também deverá cair.
Essa expectativa de melhora de mar-
gens e o alívio que isso trará ao bolso
do produtor devem abrir uma boa opor-
tunidade de “colocar a casa em ordem”.
Isso significa voltar a investir na reno-
vação de canaviais e a adotar práticas
agronômicas e tecnologias de ponta,
visando sempre a elevar os níveis de
produtividade e, portanto, a eficiência
da operação. O reflexo disso será a me-
lhora da competitividade do fornecedor,
tornando-o mais forte para enfrentar
períodos de “vacas magras” que podem
assolar o setor no futuro.
*analista sênior na Diretoria de
Produtores Rurais do Itaú BBA
Agora vamos para o século XXI
Coriolano Xavier*
Coriolano Xavier
D
ê no que der a questão do im-
peachment daqui a 166 dias,
toda a fervura política para a
organização de uma nova governan-
ça brasileira já provocou um resultado
positivo: a discussão da estratégia co-
mercial brasileira no exterior, que, nos
últimos 10 a 15 anos, priorizou as “re-
lações Sul-Sul”, dando peso maior aos
países emergentes (além do Mercosul).
Muitos acham que foi um equívoco,
pois teria impedido o país de avançar
em acordos multilaterais com os polos
mais dinâmicos da economia mundial –
uma tendência que marcou o comércio
global na última década, com o impasse
das negociações no âmbito da OMC –
Organização Mundial do Comércio.
Tanto é que, nesse período, flores-
ceram vários pactos multilaterais de
comércio em todos os continentes, até
o recente e gigante Tratado Transpací-
fico, entre EUA, Japão e mais dez paí-
ses (2015), envolvendo economias que
representam cerca de 40% da produção
mundial. Foram cerca de 80 Acordos
Internacionais Preferenciais de Comér-
cio desde 2005 e, de um modo geral, o
Brasil esteve fora desse jogo, apesar de
ser uma das grandes potencias do mun-
do. Pior: os países com os quais temos
acordos representam somente cerca de
10% do comércio mundial.
Agora, parece que esse tema voltou à
pauta e já se falam em estratégias para
se fortalecerem exportações, por meio
de acordos comerciais com os principais
mercados do mundo. Uma boa notícia
é que o agronegócio engaja-se nesse
debate com fé e atitude. Apesar do pro-
tagonismo atual do Brasil no comércio
internacional de produtos agropecuários,
o setor ainda pode construir muito em
termos de oportunidades em novos mer-
cados e integração nas cadeias globais
de produção alimentar e de fibras.
Não vamos ter ilusões: em todo o
mundo, o Brasil é visto como potência
do agronegócio. Portanto, o país não
terá vida fácil em negociações globais
como a OMC. De outro lado, o Brasil
é, ao mesmo tempo, um parceiro rele-
vante e pode buscar oportunidades e
alianças estratégicas em todo o globo.
E não se pode pensar pequeno em uma
hora dessas. Claro que é fundamental
crescer e rentabilizar o comércio bra-
sileiro de commodities agropecuárias,
pois temos uma expertise única nisso,
mas também é preciso “descomoditi-
zar” e comercializar produtos e serviços
de valor agregado, como mostram casos
bem-sucedidos como o da rede Giraffas
(fast food e casual food) nos Estados
Unidos. Ou o exemplo da Agropecu-
ária AH, que produz café com certi-
ficação internacional, conferindo um
diferencial de origem ao seu produto,
que hoje está abastecendo diretamente
clientes europeus. Sem falar das opor-
tunidades em inteligência agropecuária
tropical, como uma EMBRAPA ou um
pequeno CEA-IAC, cuja expertise em
avaliação de equipamentos para prote-
ção de cultivos já cruzou o Atlântico.
Esses são apenas alguns exemplos.
O agronegócio tem muitos outros e
pode ampliar o seu papel de protagonis-
ta também sob esse novo olhar para o
nosso comércio internacional. Afinal, o
país é o segundo maior player do co-
mércio agrícola mundial (atrás apenas
dos EUA) e tem muito a dar (e a ga-
nhar) em uma real estratégia multila-
teral de comércio exterior. Em política
comercial, o Brasil precisa entrar defi-
nitivamente no século XXI.
*Vice-Presidente de Comunicação do
CCAS (Conselho Científico para Agricul-
tura Sustentável), professor do Núcleo de
Estudos do Agronegócio da ESPM.
Revista Canavieiros - Junho de 2016
20
RC
Fundamentos dão o tom
Arnaldo Luiz Correa*
Arnaldo Luiz Correa
O mercado de açúcar reagiu forte-
mente às notícias de seca na Tailân-
dia, com redução na produção de açú-
car daquele país, bem como a menor
produção também na Índia, que con-
serva sua vocação de swing trader, ou
seja, o papel daquele participante que
ora é um exportador do produto, ora
é importador, como parece ser o caso
neste ano.
Globalmente, os fundamentos do
açúcar há muito são construtivos. Com
grande intensidade, eles se refletem
nos preços negociados da commodity
na bolsa de Nova York, ajudados pelos
fundos não-indexados que possuem
uma posição comprada equivalente,
em toneladas, a um volume bem maior
do que as exportações brasileiras no
período de seis meses.
E o que são esses fundos não-
-indexados? São aqueles fundos que
não são atrelados a nenhum índice
(como o CRB, por exemplo, que é
uma espécie de Índice Bovespa das
Commodities) e que objetivam uma
rentabilidade atrativa aos seus co-
tistas, que podem ser outros bancos
com produtos em suas carteiras, a
viúva de Ioha, o publicitário de São
Francisco, o dentista de Minneapo-
lis, o advogado de Nova York. Pelos
valores do início do mês de junho, os
cálculos da Archer Consulting mos-
travam que os fundos apresentavam
um lucro não-realizado surpreenden-
te de US$ 1 bilhão.
Voltando aos fundamentos, o cres-
cimento mundial do consumo de açú-
car está em torno de 1.9%, enquanto
a produção avança anualmente cer-
ca de 1.6%. Ou seja, a cada ano que
passa, existe um descompasso entre
a produção e o consumo de cerca de
500.000 toneladas. Além disso, fenô-
menos meteorológicos (El Niño, La
Niña), retração da economia, mudan-
ça de políticas, para citar alguns, são
fatores que fazem essa discrepância
aumentar ou diminuir.
Este ano, por exemplo, o mundo deve
assistir a um déficit de açúcar (diferença
entre a produção e o consumo) em tor-
no de 4.7 milhões de toneladas. Alguns
analistas colocam esse déficit acima de
7.5 milhões de toneladas. E a situação
vai continuar no próximo ano também.
Aqui no Brasil, a produção de cana
está estagnada. Nos últimos anos, te-
mos ficado em torno de 600-620 mi-
lhões de toneladas no Centro-Sul, com
o canavial envelhecendo. Mas é im-
portante observar que vamos precisar
de muita cana nos próximos anos.
Por exemplo, mesmo com a queda
brusca na venda de veículos leves em
mais de 25%, o consumo de combus-
tível em gasolina equivalente nos úl-
timos doze meses (maio de 2015 até
abril de 2016) foi de apenas 1.11%,
talvez embalado pelo fato de os bra-
sileiros terem optado mais por viagens
domésticas e terrestres durante o pe-
ríodo de férias de verão. No entanto,
se projetarmos essa mesma estagnação
para os próximos cinco anos (sim, há
um exagero em achar que vamos ficar
na lama por um período tão grande),
o crescimento inercial de consumo de
combustíveis, se admitido que o per-
centual de veículos leves que hoje uti-
lizam o etanol irá se manter, o Brasil
vai precisar crescer sua produção atual
em 50 milhões de toneladas de cana.
Isso apenas para o etanol.
E o açúcar? Se admitirmos que o
consumo interno se mantenha inalte-
rado e que o Brasil continuará tam-
bém mantendo sua atual participação
no mercado internacional, teremos a
necessidade de outras 70 milhões de
toneladas de cana. Ou seja, em cinco
anos, vamos precisar crescer 120 mi-
lhões de toneladas de cana apenas para
atender ao quadro que está aí. Esse vo-
lume não contempla um eventual au-
mento de market share, não vislumbra
recuperação na venda de veículos le-
ves, nem na recuperação da economia
até a longínqua safra de 2020/2021.
Cento e vinte milhões de toneladas
de cana equivalem a vinte e quatro no-
vas usinas produzindo/moendo cinco
milhões de toneladas de cana, cada
uma, com investimentos que podem
variar entre 25-35 bilhões de reais.
Quem se atreveria, hoje, a investir
num setor em que 55% da matéria-pri-
ma se destina a um produto cuja for-
mação de preço inexiste? Há a necessi-
dade imperiosa de que o governo torne
transparente a formação de preço da
gasolina, que deve refletir os preços
negociados no mercado internacional,
possibilitando, assim, a criação de
instrumentos derivativos que permi-
tam aos produtores – via a paridade
de 70% que o etanol tem em relação
à gasolina – fixar preços, limitar per-
das, travar rentabilidade. Sem trans-
parência, dificilmente teremos novos
investimentos. E sem investimentos,
a equação de oferta e demanda mun-
dial de açúcar fica comprometida. Por
isso, também, é que os preços interna-
cionais reagem fortemente.
*Sócio-Diretor da Archer
Consulting
Ponto de Vista III
Revista Canavieiros - Junho de 2016
21
Revista Canavieiros - Junho de 2016
22
O que acontece com nosso agro?
Pois é...Algo que, de certa forma,
acertei aqui no nosso espaço era uma
possível reação dos preços das commo-
dities. Uma ligeira tosse na oferta fez
com que tivéssemos altas expressivas
no açúcar, na soja, no milho, no suco de
laranja. O café e o algodão subiram um
pouco menos. Apenas trigo e cacau não
estão recuperando. Índice de preços da
FAO em junho atinge o maior nível des-
de outubro de 2015 e cresceu 2,2% em
relação a maio. Recuperação de preços!
Soja e milho têm pela frente um
semestre interessante, pois os preços
computam safras gigantes nos EUA(em
andamento) e com quaisquer problemas
climáticos podemos ter altas expressi-
vas, a se acompanhar. Será nervoso.
Outra notícia boa que vem dos
EUA é em relação à política para o
etanol. A nova meta proposta pela EPA
(Environmental Protection Agency)
eleva em 700 milhões de galões o con-
sumo para 2017 (sempre comparando
com 2016). Destes, 300 milhões são
para o milho (chegando já em 99% do
autorizado máximo de 15 bilhões de
galões) e 400 milhões para a categoria
onde se enquadra o etanol de cana. Tam-
bém há crescimentos para o biodiesel e
para o etanol celulósico, bem menores.
Ou seja, estímulo para a agricultura ge-
rar mais produção de biocombustível.
O que acontece com nossa cana?
Termino esta coluna (08/06) de-
baixo de chuva em Ribeirão Preto. Não
me lembro de ter um junho com este
volume de água concentrado em tão
pouco tempo. Está atrapalhando a co-
lheita e os embarques no porto e fez os
preços do açúcar tocarem os 20 cents/
libra peso em alguns momentos. Quem
diria...
Ainda bem que a safra vinha com
grande rendimento. Na primeira quin-
zena de maio, processou-se 38% a mais
que no mesmo período do ano anterior.
Desde o início da safra até a primeira
quinzena de maio, haviam sido proces-
sados 108,5 milhões de toneladas, um
crescimento de 57,7% em relação a
2015. Foram produzidos 5,3 milhões de
toneladas de açúcar, 98,5% a mais que
2015, e 4,4 bilhões de litros de etanol,
quase 50% a mais. Cerca de 57,2% da
cana foi para etanol.
Esta vantagem no processamen-
to em relação à safra 2015/16 foi for-
temente corroída na segunda quinzena
de maio e primeira de junho, devido
à incrível intensidade de chuvas. E as
previsões davam inverno seco...
São Martinho encerra a safra
2015/16 com receita 20% maior, de R$
2,8 bilhões, e lucro líquido de R$ 194,3
milhões. Boa operação, boa gestão co-
mercial e boa agrícola trazem resultados.
O que acontece com nosso açúcar?
Conseguimos 170% a mais de ex-
portações nos dois primeiros meses da
safra 2016/2017. A exportação no final
de maio voltou a remunerar mais que o
mercado interno, o que é um bom sinal
para escoamento de produtos e de cana.
Datagro prevê aumentarmos em
12,5% nossas exportações nesta safra,
chegando a 27 milhões de toneladas.
Devido ao El Niño, produção
da Tailândia deve cair 14% na safra
2015/16 (ficará em 9,5 milhões de to-
neladas). Produção na Índia deve cair
também 10%.
Mercado interno permanece com
preços médios de R$ 76/saca.
União Europeia tem chances de
abrir o mercado para importação de
mais 300 mil toneladas de açúcar, para
evitar escassez e possível alta de preços
devido aos problemas de clima na Ásia.
O Brasil tem autorização para exportar
600 mil toneladas/ ano (OMC).
Há receio de queda dos preços
após 2017, devido a um provável estímu-
lo à produção trazido por preços maiores
em 2016, os subsídios dados na Tailân-
dia e Índia para aumento da produção e
o aumento da produção europeia.
O consumo mundial é de 180 mi-
lhões de toneladas; destas, cerca de 50
milhões são importadas por parte destes
consumidores. Este é o volume transa-
cionado mundialmente.
As chuvas de maio e junho estão
atrasando os embarques. Existia um
milhão de toneladas de atraso em San-
Coluna Caipirinha
Marcos Fava Neves*
Caipirinha
São as águas de junho fechando o verão e trazendo o
açúcar para perto do vintão
Revista Canavieiros - Junho de 2016
23
tos na primeira quinzena de junho. Isso
também aumenta os custos portuários e
dos navios (multas diárias podem che-
gar a US$ 20 mil).
A trading OLAM (em entrevis-
ta do chefe de operações de açúcar)
estima o déficit de 2016/17 (outubro a
setembro) em 7 milhões de toneladas.
Acreditam-se em preços acima dos 20
cents/libra peso. Credita-se parte im-
portante do déficit à questão climáti-
ca da Índia, que perdeu quase 10% da
produção. Há expectativa em relação às
próximas monções; se forem fracas, a
produção pode cair para 20 milhões de
toneladas. Para a OLAM, a Tailândia
deve produzir 10 milhões de toneladas,
e a União Europeia cerca de 15,5 mi-
lhões de toneladas, colocando 2,5 mi-
lhões no mercado internacional.
A Archer Consulting estima que
80% do açúcar que será exportado no
ciclo 2016/17 pelas usinas brasileiras já
foi fixado a um preço de R$ 1.219/tone-
lada. O preço médio foi de 14,11 cents,
sensivelmente abaixo dos praticados
em 08/06 (19 cents/libra peso), mas o
câmbio, por outro lado, foi de R$ 3,76,
também melhor que o de quando termi-
nei esta coluna, em 08/06 (R$ 3,45).
O que acontece com nosso etanol?
Preçosdohidratadovêmsubindonas
Usinas, já se aproximando de R$ 1,50/l. É o
reflexo da chuva e do grande aumento no
preço do açúcar. Deve se firmar.
Mesmo um consumo de hidrata-
do mais baixo que o verificado no ano
anterior tem sustentado os preços, devi-
do a um problema da oferta menor.
Segundo estudo feito por Alfred
Szwarc, consultor da UNICA, cerca de
352 milhões de toneladas de CO2 dei-
xaram de ser lançadas no ar, graças ao
uso do etanol, desde 2003. Este volume
é maior que as emissões feitas em 2014
por Argentina (190 milhões t), Peru
(53,1 milhões t), Equador (35,7 milhões
t), Uruguai (7,8 milhões t) e Paraguai
(5,3 milhões t).
Outra boa notícia para o etanol é
a presença de Pedro Parente na Presi-
dência da Petrobrás, por ser uma pessoa
com grande conhecimento do setor su-
croenergético.
Volto a comentar com o leitor
da nossa Caipirinha... produção de
cana estagnada em 620 milhões de to-
neladas, usinas operando no limite das
suas capacidades, safra mais açucarei-
ra neste e no próximo ano, estrutura de
importação de petróleo e gasolina no
limite, investimentos da Petrobrás cain-
do, preço do petróleo voltando a US$
50 o barril, com viés de alta, e mais 2
milhões de novos carros flex no merca-
do... Levanto a lebre do grave problema
de abastecimento de combustíveis no
Brasil ainda neste ano (se bem que ali-
viado pela crise), mas, com certeza, nos
próximos anos, se retomarmos o cres-
cimento econômico. Este problema de
abastecimento terá que ser regulado via
preços mais altos, quando poderia ser
regulado com choque de oferta de mais
40 a 50 novas usinas, tendo sido feitas
desde 2008. Perdemos todos!
Quem é o homenageado do mês?
Todos os meses, nossa coluna traz
uma singela homenagem a alguém que
sempre contribui com o agronegócio e
com a cana. Neste mês, o homenageado
é o Prof. Dr. Hugo Ghelfi Filho, do Dep-
to. de Engenharia da ESALQ, que fale-
ceu em maio. Uma grande pessoa com
uma vida completa dedicada à educação
e à formação de milhares de Engenhei-
RC
ros Agrônomos, muitos labutando na
cana-de-açúcar. Siga em paz, Professor
Hugo, cumprindo missão vitoriosa.
Haja Limão
O Governo Michel Temer co-
meça muito bem na economia, com um
time de craques – e isso importa mui-
to –, e também nas estatais, colocando
gente que terá que fazer uma verdadeira
assepsia, como é o caso de Pedro Paren-
te na Petrobras. Recebi esta mensagem,
que replico na íntegra: “A gigante Saudi
Aramco, da Arábia Saudita, a maior pe-
trolífera do mundo, produz um de cada
oito barris de petróleo do planeta, está
avaliada em R$ 6,5 trilhões e tem 65
mil funcionários. A Petrobras, que nem
chega perto da Aramco em produção de
petróleo, está avaliada no mercado em
cerca de R$ 60 bilhões, se tanto, e paga
salários a 249 mil pessoas, das quais 84
mil são concursadas e 165 mil terceiriza-
das.Ainformação é do colunista Cláudio
Humberto, do Diário do Poder. A Shell,
a Exxon e a British Petroleum, outras
gigantes do petróleo, empregam juntas
262.000 pessoas, 13 mil a menos que a
Petrobras. Pedro Parente terá um baita
desafio: a Petrobras opera 7 mil postos
no mundo; a Shell tem 44 mil, mas lucra
trinta vezes mais. Mesmo depois de cor-
tar 30 mil funcionários e colocar mais 12
mil na fila da demissão voluntária, a Pe-
trobras ainda tem 84 mil concursados”.
Para terminar, com desemprego
oficial passando de 11,2%, a pior taxa
da série histórica, vem uma coisa inte-
ressante: quem diria... Coube justamen-
te ao PT, o Partido dos Trabalhadores
(que, na minha visão, deveria ser cha-
mado de Partido dos Sindicalistas dos
Trabalhadores), promover a maior des-
truição de trabalho já vista na história
deste país. O PT destrói o T. E aquele
senador do Rio de Janeiro, ex-presiden-
te da UNE, acredita que isso já é fruto
do Governo Temer... Haja limão.
Marcos Fava Neves é Professor Titular
da FEA/USP, Câmpus de Ribeirão Preto.
Em 2013, foi Professor Visitante
Internacional da Purdue University
(EUA) e desde 2006 é Professor Visi-
tante Internacional da Universidade de
Buenos Aires e Membro do Conselho
da Orplana.
Arquivopessoal
Revista Canavieiros - Junho de 2016
24
O
Laboratório de Solos Coperca-
na passou a pertencer à Rede
Brasileira de Laboratórios
de Ensaios, já que foi recentemente
acreditado pela Coordenação Geral de
Acreditação do INMETRO – Instituto
Nacional de Metrologia, Qualidade e
Tecnologia –, autarquia federal vincula-
da ao Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior.Aacredi-
tação é um credenciamento concedido
pela Coordenação Geral de Acreditação
do INMETRO e significa que o Labo-
ratório possui competência, com base
nos requisitos da Norma Internacional
ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 – Re-
quisitos gerais para a competência de
laboratórios de ensaio e calibração,
que, daqui para a frente, chamaremos
simplesmente de ISO 17025.
A acreditação do Laboratório de
Solos Copercana aplica-se aos ensaios
básicos de fertilidade de solo. Esses en-
saios consistem em três grandes etapas
importantes:
● a amostragem, atividade de coleta
das amostras de solo realizada no campo;
● a preparação das amostras, realiza-
da no laboratório;
● a análise química, realizada no la-
boratório.
Como os profissionais do setor sa-
bem, o resultado desses ensaios são
propriedades do solo, na maioria dos
casos concentrações de macro e micro-
nutrientes. O processo de ensaio é bas-
tante complexo, consistindo de muitas
etapas e envolvendo equipamentos de
alta tecnologia, técnicos especializados,
reagentes analíticos, padrões certifica-
dos e metodologia de ensaio. Por isso,
apresenta muitas oportunidades para
erros, desde a amostragem até a conclu-
são da análise química. É muito difícil,
portanto, obter confiabilidade dos re-
sultados, o que só é possível através de
um Sistema de Gestão do Laboratório
que cumpra todos os requisitos da ISO
Lauro José Oliveira de Andrade - Consultor*
Laboratório de solos Copercana é
certificado pelo INMETRO
Notícias Copercana
17025. A acreditação somente é conce-
dida quando um laboratório atende a
todos esses requisitos e significa que o
laboratório tem competência e alta con-
fiabilidade nos resultados apresentados.
Além disso, os requisitos da ISO 17025
não se limitam à simples confiabilidade
dos resultados, mas abrangem também
satisfação dos clientes, atendimento
de suas reclamações, cumprimento de
prazo de entrega de resultados e outros
aspectos sobre as necessidades e expec-
tativas dos clientes.
Aacreditação é, portanto, um diferen-
cial importantíssimo do Laboratório de
Solos Copercana. Seus clientes podem
obter os resultados no prazo acordado e
confiar nos valores apresentados.
Para alcançar o objetivo da acredita-
ção, o Laboratório de Solos Copercana
percorreu um longo caminho, através do
Projeto de Desenvolvimento e Imple-
mentação de um Sistema de Gestão de
acordo com os requisitos da ISO 17025.
Esse projeto teve início no segundo se-
mestre de 2013 e contou com o suporte
da empresa de consultoria SOLUGEST.
As principais etapas foram as seguintes:
● Treinamento da gerência e do pes-
soal do laboratório em Sistema de Gestão
de Laboratórios conforme a ISO 17025.
● Desenvolvimento do Sistema de
Gestão do Laboratório – elaboração do
Manual da Qualidade e dos Procedi-
mentos Documentados.
● Treinamento do pessoal técnico
em Determinação de Incerteza de Me-
dição e Validação de Métodos.
● Desenvolvimento do Sistema de
Gestão do Laboratório – implementa-
ção prática dos procedimentos.
● Treinamento dosAuditores Internos.
● Realização da primeira auditoria
interna do Sistema de Gestão.
● Solicitação da acreditação ao
INMETRO.
● Avaliação inicial de acreditação
pela Equipe Avaliadora da CGCRE
(Coordenação Geral de Acreditação)
do INMETRO.
Para manter a acreditação ao longo
do tempo, o Sistema de Gestão ISO
17025 do Laboratório de Solos Coper-
cana passará por reavaliações periódi-
cas de acreditação pela Equipe Avalia-
dora da CGCRE do INMETRO.
Para manter o Sistema de Gestão
ISO 17025, as atividades do laborató-
rio deverão ter continuidade sempre.
Dentre essas atividades, destacam-se
as seguintes:
● manutenção do procedimento de
controle dos procedimentos e docu-
mentos do Sistema de Gestão;
● manutenção do procedimento de
análise crítica dos pedidos de ensaio
dos clientes, antes de sua aceitação,
para assegurar que temos condições de
executá-los;
● manutenção do procedimento de
Lauro José Olivei-
ra de Andrade
Revista Canavieiros - Junho de 2016
25
aquisição de suprimentos e serviços
que afetam a qualidade dos ensaios e
que podem afetar a validade dos resul-
tados, incluindo qualificação e avalia-
ção dos fornecedores e verificação dos
itens adquiridos;
● avaliação periódica do nível de sa-
tisfação dos clientes;
● atendimento às reclamações de
clientes;
● manutenção do procedimento de
ação corretiva e ação preventiva, para
prevenir a repetição ou a ocorrência de
não-conformidades, problemas ou situ-
ações indesejadas;
● manutenção do procedimento de
controle dos registros da qualidade e
dos registros técnicos;
● realização de auditorias internas
periódicas do Sistema de Gestão;
● realização de análises críticas pe-
riódicas do Sistema de Gestão pela ge-
rência do Laboratório, para assegurar a
sua contínua adequação e eficácia;
● manutenção do procedimento para
assegurar as competências necessárias
dos colaboradores cujas atividades te-
nham influência sobre a qualidade dos
serviços executados;
● controle das condições ambientais
do laboratório e controle de acesso de
pessoas externas;
● manutenção dos procedimentos de
operação de equipamentos e dos pro-
cedimentos contendo a metodologia de
ensaio, incluindo amostragem, prepara-
ção de amostras e análise química;
● manutenção e calibração periódica
de equipamentos;
● manuseio, armazenamento e iden-
tificação adequados das amostras;
● controle da qualidade interno dos
ensaios, por exemplo, através da inclu-
são de um material de referência de va-
lor conhecido em cada lote de amostras;
● controle da qualidade externo dos
ensaios, por exemplo, através da par-
ticipação em ensaios de proficiência
(programas interlaboratoriais),
● verificação da consistência dos
dados e emissão do Boletim de Análise
Química de Solo.
Por tudo isso, os clientes podem ficar
tranquilos ao adquirirem os serviços do
Laboratório de Solos Copercana, pois
terão a certeza de receberem resultados
confiáveis dentro do prazo acordado.
Vale lembrar, ainda, que a acredi-
tação é obrigatória para os resultados
a serem entregues à CETESB junto
do Plano de Aplicação de Vinhaça e a
acreditação do Laboratório de Solos
Copercana contempla todo o processo
de ensaio, inclusive a amostragem.
A acreditação do Laboratório de
Solos Copercana, no catálogo on-line
da Rede Brasileira de Laboratórios de
Ensaios, pode ser consultada através do
seguinte link:
http://www.inmetro.gov.br/laborato-
rios/rble/detalhe_laboratorio.asp?nom_
apelido=COPERCANA.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
26
C
om a proposta de disseminar
informações importantes para
o dia-a-dia dos produtores e
também de fortalecer a Associação, a
Canaoeste vem realizando um ciclo
de reuniões técnicas em que gestores
da entidade, palestrantes renomados e
empresas parceiras se unem para levar
conhecimentos aos associados.
As atividades tiveram início no dia 14
de abril, na cidade de Pontal-SP, reunin-
do mais de 60 fornecedores. Já em 4 de
maio, cerca de 110 produtores marcaram
presença na reunião em Viradouro-SP e,
seguindo a programação, no dia 18 de
maio, a cidade de Descalvado, no inte-
rior de São Paulo, foi sede do encontro.
O evento foi promovido em parceria
com a empresa Yara Fertilizantes e con-
tou com a presença de aproximadamente
80 fornecedores da região.
Na abertura, o gestor corporativo da
associação, Almir Torcato, explanou
sobre as novas diretrizes da entidade,
que vem passando por um processo de
reestruturação desde o final de 2015,
bem como as projeções de safra, preços
e mercado futuro. Torcato também co-
mentou sobre o feedback positivo que
a Canaoeste vem recebendo dos asso-
ciados por meio das pesquisas de satis-
fação, respondidas durante as reuniões.
“Não tenho dúvidas de que as reuniões
Fernanda Clariano
Trilhando uma nova filosofia, com encontros mais dinâmicos, a Canaoeste (Associação dos Plantadores
de Cana do Estado de São Paulo) espera estar mais próxima do produtor e atender suas demandas
Associados de Descalvado participam de
ciclo de palestras técnicas
Notícias Canaoeste
técnicas estão se desenhando de ma-
neira muito satisfatória, tendo em vista
os resultados positivos que estamos re-
cebendo por meio das pesquisas. Essa
participação do público é o resultado
de uma equipe ativa, engajada e é mui-
to bom saber que estamos atendendo
às expectativas dos nossos associados.
É ouvindo-os que iremos melhorar e
trazer os assuntos demandados e é por
meio desse modelo de aproximação e
gestão que colheremos bons frutos”.
PARCERIA
A empresa Yara Fertilizantes, por
meio da engenheira agrônoma Lívia
Tiraboschi, falou sobre as novas tec-
nologias para a área de nutrição de
plantas e as vantagens agronômicas de
se utilizarem fertilizantes. Na oportu-
nidade, ela apresentou os passos para
se obter uma boa fertilidade do solo e
também explanou sobre as caracterís-
ticas agronômicas das linhas YaraMila
(NPK no mesmo grânulo) e YaraVita
(micronutrientes para tratamento de to-
letes e aplicação foliar). A profissional
ainda comentou sobre a parceria com
a associação no evento. “Para a Yara,
a parceria com a Canaoeste representa
um canal de comunicação que nos apro-
xima dos produtores, pois nossa missão
é a mesma: levar mais conhecimento e
tecnologia aos produtores rurais”.
12ª FEIRAAGRONE-
GÓCIOS COPERCANA
Outro ponto interessante
no encontro foi a apresen-
tação do engenheiro agrô-
nomo da Copercana, Murilo
Falco de Souza, que, na oca-
sião, divulgou e convidou os
presentes a prestigiarem a
12ª Feira Agronegócios Co-
percana – feira de máquinas,
equipamentos e agroquími-
cos, direcionada aos cooperados do Sis-
tema Copercana, Canaoeste e Sicoob
Cocred –, que acontece em Sertãozi-
nho-SP entre os dias 21 e 24 de junho.
O agrônomo aproveitou para falar sobre
a importância do evento e da necessi-
dade da participação dos associados e
cooperados, por se tratar de uma boa
oportunidade de negociação.
Outra preocupação da Canaoeste é
auxiliar o produtor em seus processos
produtivos, na implementação de novas
culturas agrícolas e no aperfeiçoamento
de suas técnicas de produção. Para isso,
oferece eficiente orientação técnica,
por meio de sua equipe de engenheiros
agrônomos e técnicos, que dão supor-
te ao associado nas suas necessidades.
Dentre os seus profissionais, está o en-
genheiro agrônomo Breno Souza, res-
ponsável pela filial de Descalvado há
três anos, onde sua principal atividade
é auxiliar os associados nas recomen-
dações de herbicidas, variedades, siste-
matização de áreas, preparo de solo, co-
lheita, levantamento de pragas e perdas,
mapas, enfim, todo o suporte desde o
planejamento até a colheita. “Conside-
ro essas reuniões técnicas de fundamen-
tal importância aos nossos associados,
pois, com esses encontros, eles conse-
guem estar mais juntos à Associação e
também se manter atualizados no setor
canavieiro”, afirmou o agrônomo.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
27
Membros dos conselhos da OCESP
(Organização das Cooperativas do Es-
tado de São Paulo) e SESCOOP (Ser-
viço Nacional de Aprendizagem do Co-
operativismo do Estado de São Paulo),
entre eles Manoel Carlos de Azevedo
Ortolan, diretor superintendente da Co-
percana e presidente da Canaoeste, par-
ticiparam do SEMINTER COOP2016
- Seminário Internacional do Coopera-
tivismo -, realizado no dia 23 de maio,
no auditório da Embaixada do Brasil,
em Lisboa, Portugal.
Com explanação de representantes
de cooperativas da Alemanha, de Por-
tugal e da Itália, o evento é considerado
uma ferramenta de intercâmbio cultural
e de conhecimento do mercado interna-
cional e visa a proporcionar aos partici-
pantes a experiência de outros cenários,
outras realidades e de outros modelos
de cooperativismo, como também ofe-
recer aos dirigentes brasileiros conteú-
do sobre o funcionamento da instituição
relacionado ao setor, os métodos, a ges-
tão e os avanços entre outros temas.
A programação do seminário contou
com palestra de Stefan Daferner, di-
retor de Projetos da ADG - Academia
Andréia Vital
Evento debateu o papel da cooperativa em países como Alemanha, Itália e Portugal
Cooperativismo foi tema de seminário
realizado na Embaixada brasileira em Lisboa
Notícias Canaoeste
Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, participou do encontro
das Cooperativas Alemãs -, que deu um
panorama sobre as cooperativas da Ale-
manha, sua história, estrutura e legis-
lação. Silvia Frezza, diretora da Fede-
razione Sanitá Confcooperative, falou
sobre a criação da aliança cooperativa
italiana e o funcionamento desta enti-
dade ficou a cargo de Máximo Stronati,
presidente da Federlavoro, que debateu
ainda sobre energias renováveis.
Já o tema “Confagri e o cooperativis-
mo em Portugal” foi assunto da palestra
do comendador Manuel dos Santos Go-
mes, presidente do Confagri, Federação
Nacional das Cooperativas Agrícolas
e do Crédito Agrícola de Portugal. E
Charles Gould, CEO da ICA - Interna-
tional Co-operative Alliance - abordou
as propostas da Aliança Cooperativa In-
ternacional para melhorar o movimento
cooperativista mundial.
Para Ortolan, a participação no SE-
MINTER aprofunda os debates sobre
como avançar nas questões de coopera-
tivismo e mostra sua força e atuação ao
redor do mundo. “Eventos como este nos
proporcionam a troca de experiências so-
bre a realidade de cada entidade e como
elas enfrentam o seu dia-a-dia. Conhecer
novos trabalhos e ações é sempre impor-
tante para melhorias dentro da nossa as-
sociação”, concluiu o executivo. RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
28
S
er reconhecida pela qualidade de
serviços prestados e forte atua-
ção na defesa dos interesses de
seus associados, sendo o elo integrador
do setor sucroenergético, por meio dos
bons relacionamentos e da criação do
senso da união entre seus associados.
Com essa missão em pauta, seis me-
ses após iniciar a sua reestruturação, a
Canaoeste traça a sua trajetória para os
próximos anos, atenta aos desafios da
adequação às mudanças que o mundo
globalizado propõe, com reflexões so-
bre os caminhos percorridos até então,
projetando, assim, a sua continuidade.
A nova fase da Canaoeste, que com-
pletou sete décadas de atividades no dia
22 de julho do ano passado, se deu por
meio do projeto “Caminhos da Cana”,
a exemplo do que foi feito na Orpla-
na, que promove um trabalho de rees-
truturação conduzido pela Markestrat
(Centro de Pesquisas e Projetos em
Marketing e Estratégia da USP). Cida-
des como Ituverava, Sertãozinho, Cra-
vinhos, Bebedouro, Severínia, Descal-
vado e Uberaba receberam a iniciativa
ao longo de 2015, quando foram feitas
reuniões com lideranças, empresários e
associados, além de terem sido colhidas
informações para a elaboração de um
documento norteador para a implanta-
ção de novas diretrizes.
“O projeto definiu um plano de ações
para a entidade, descrevendo suas dire-
ções estratégicas, evitando os eventos
negativos e utilizando os positivos de
forma a se modernizar, crescer e prospe-
rar”, explicouAlmir Torcato, gestor Cor-
porativo da Canaoeste, contando que os
pontos positivos destacados pelos forne-
cedores durante as reuniões do “Cami-
nhos da Cana” indicam a direção certa a
seguir. “A Canaoeste já é respeitada pela
sua atuação e por seus serviços presta-
Andréia Vital
Seis meses após iniciar processo de mudanças, associação avança nas ações buscando ter mais
representação, oferecendo serviços de excelência ao associado
Com gestão mais participativa, Canaoeste
prossegue em sua reestruturação
Notícias Canaoeste
dos; agora iremos trabalhar as diretrizes
organizacionais apontadas pelo projeto,
que são: trabalho em equipe, relaciona-
mento, comunicação, flexibilidade, res-
ponsabilidade compartilhada e foco em
solução”, explicou o gestor.
Os principais pontos identificados
pela consultoria foram divididos em
premissas que nortearam a elaboração
de projetos que serão implantados ao
longo dos próximos anos, para manter
a associação forte, dinâmica, estru-
turada para atender às demandas dos
novos tempos. As diretrizes determi-
nadas indicaram 12 ações que devem
ser realizadas a curto, médio e longo
prazo. São elas: revisão e acompanha-
mento do orçamento atual; revisão da
área técnico-agronômica; comunica-
ção com o associado; reaproximação
e revisão da diretoria; banco de dados
Canaoeste; retomada das contribuições
Canaoeste; rede de serviços Canaoes-
te; plataforma de educação Canaoeste;
estruturação de comitês técnicos de
produtores; atualização na área de pes-
soas e governança e nova geração em
ação e associações integradas.
Segundo Torcato, já foi possível a
redução significativa das despesas com
um severo acompanhamento orçamen-
tário; foram reorganizadas as filiais que
precisavam de mudanças, iniciando-se
pela de Barretos. A composição da di-
retoria foi 60% renovada, com produ-
tores que estão à frente do negócio e de
maneira regionalizada, podendo, assim,
contemplar as diferentes realidades da
área de abrangência da associação.
Já na comunicação, foi ajustado o
modelo de reunião técnica, mais pró-
ximo, mais dinâmico, com a inclusão
de ferramentas de comunicação que até
então eram subutilizadas, como What-
sApp e redes sociais. “Criamos um
mailing para o envio de informações re-
levantes aos fornecedores de cana, via
WhatsApp, que é um dos aplicativos
mais utilizados no mundo, com mais de
600 milhões de usuários mensais ativos
atualmente. Essa ferramenta possibili-
ta um contato direto e dinâmico com o
nosso associado e temos tido um retor-
no surpreendente”, contou o executivo.
A renovação das reuniões técni-
cas também foi destacada pelo gestor.
“Além de todos os serviços oferecidos
pela associação, mostramos as ações de
representatividade nas esferas munici-
pais, estaduais e federais, que contem-
plam defender os interesses da classe.
Mais do que informar, é uma prestação
de contas ao nosso associado, que pre-
cisa conhecer as ações realizadas pela
Canaoeste. É conhecendo o trabalho re-
alizado pela nossa equipe de diretores,
gestores e funcionários e a representa-
tividade que conseguiremos agregar va-
lor à nossa entidade”, argumentou.
Outra estratégia da Canaoeste é no
sentido de angariar novos associados
para fortalecer e ter uma representa-
ção maior junto aos órgãos governa-
Almir Torcato, gestor Corporativo da Canaoeste
Revista Canavieiros - Junho de 2016
29
mentais. Atualmente a associação tem
próximo a dois mil e quatrocentos
associados, em sua maioria pequenos
produtores, com até 5 mil hectares
plantados, que fornecem para 31 usi-
nas. Na última safra, foram entregues
9 milhões de toneladas de cana-de-
Manoel Ortolan, presidente da associação
-açúcar - volume que deve aumentar
cerca de 5% na safra 16/17.
“A oportunidade de participar da
construção da nova Canaoeste me dei-
xou muito feliz. Fiquei honrado pelo
convite, tendo em vista toda a admira-
ção, a representatividade e todo o histó-
rico do sr. Manoel Ortolan com o setor.
É uma construção constante de todos
que trabalham para o bem da nossa as-
sociação e dos fornecedores de cana”,
elucidou o gestor, que assumiu o cargo
em janeiro deste ano.
Para o presidente da associação, Ma-
noel Ortolan, com a reestruturação em
curso, a nova Canaoeste se prepara para
enfrentar os desafios dos novos tempos
do setor sucroenergético. “O principal
passo foi a contratação do gestor e a rees-
truturação está caminhando bem, com os
projetos indicados já sendo colocados em
prática. Estamos melhorando a comuni-
cação com os produtores, como também,
internamente, entre os diretores e funcio-
nários. Demos início às reuniões técnicas,
agora com uma programação diferencia-
da, abordando a questão institucional e o
mercado, oferecendo informações sobre
a economia, o setor canavieiro e o anda-
mento da safra. São assuntos de interesse
dos associados, e sentimos, pelo bom pú-
blico participante, que está dando certo”,
comentou, ressaltando que a evolução da
mudança está sendo acompanhada pelo
professor Marcos Fava Neves, criador só-
cio da Markestrat.
Ortolan ainda citou a contratação do
agrônomo Giovanni Mossin para a filial
de Barretos, completando o quadro do de-
partamento técnico da entidade, entre ou-
tras iniciativas já realizadas desde janeiro,
quando começou o processo de mudan-
ças. “A próxima etapa deve ser formar as
nossas regionais, mas tudo a seu tempo,
pois precisamos dar os passos na hora e
direção certas, para não errarmos”, con-
cluiu o presidente da Canaoeste.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
30
Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
-Abril/2016 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 30 de Abril de 2016.
Revista Canavieiros - Junho de 2016
31
Revista Canavieiros - Junho de 2016
32
Código Florestal
dificuldades em sua aplicação
Prezados leitores, o novo Códi-
go Florestal, representado pela Lei nº
12.651/2012, está em plena vigência há
mais de 4 (quatro) anos e ouso afirmar
que criou o maior mosaico espacial am-
biental de propriedades rurais privadas
de todo o planeta, através do instrumen-
to chamado CAR - Cadastro Ambiental
Rural - cadastro eletrônico governa-
mental em que todos os proprietários
rurais são obrigados a identificar espa-
cialmente os limites de seu imóvel, bem
como as áreas ambientais (áreas de pre-
servação permanente, reserva florestal
legal, rios, lagos, etc.).
O Código Florestal está sendo obser-
vado e aplicado na íntegra em todos os
estados da Federação. Os proprietários
rurais, em um esforço sem precedentes,
vêm cumprindo com seus deveres le-
galmente instituídos, cadastrando seus
imóveis e aguardando manifestação do
órgão ambiental para eventual adequa-
ção através do Programa de Regulariza-
ção Ambiental.
Contudo, nem tudo são flores
Mesmo tendo o Novo Código Flo-
restal sido aprovado por ampla maioria
nas duas casas legislativas (Senado e
Câmara) e sancionado pelo Poder Exe-
cutivo, parcela significativa do Ministé-
rio Público (promotores e procuradores
de justiça) insiste em não respeitá-lo,
querendo, inclusive, a declaração de
sua inconstitucionalidade, através de
ações ajuizadas perante o Supremo
Tribunal Federal. Argumentam que (i)
há retrocesso ambiental, (ii) não houve
participação da comunidade científica,
(iii) foi fruto de “lobby”, (iv) dentre ou-
tros inúmeros argumentos, que reputo
inconsistentes, haja vista que o Con-
gresso Nacional debateu o assunto por
mais de 12 (doze) anos, inclusive com
mais de 250 (duzentos e cinquenta) au-
diências públicas em todo o País.
A situação se agrava quando alguns
promotores de justiça ajuízam ações in-
dividuais contra esparsos proprietários
rurais, fazendo pedidos que não guar-
dam relação com a nova lei, e, parcela
considerável do Judiciário, por razões
diversas, acaba acatando tais pedidos,
tornando ineficazes vários dispositivos
legais e impossibilitando, inclusive, que
os proprietários rurais façam uso de be-
nefícios previstos no Código Florestal,
principalmente em áreas com explora-
ção consolidadas ao longo do tempo.
Não é raro, também, vermos deci-
sões judiciais diametralmente opostas
proferidas em casos muito semelhantes.
Isso, na prática, causa um sentimento
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
de injustiça sem igual ao atingido pela
decisão que lhe fora desfavorável, pois
o força a cumprir obrigações que não
estavam previstas no Código Flores-
tal, ao passo que seu “vizinho”, com o
mesmo problema, teve contra si decisão
que o possibilitou cumprir as normas
ambientais descritas na novel lei.
Infelizmente, o Poder Judiciário, que
deveria garantir o cumprimento integral
da nova norma, ainda derrapa em suas
interpretações variadas e contraditórias
sobre o assunto, causando insegurança
jurídica aos administrados, que, desne-
cessariamente, são cruelmente levados
ao Judiciário para impedir a aplicação
da nova norma legal.
¹ “é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação
das Áreas de Preservação Permanente - APP -, das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Res-
trito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país” (www.car.gov.br)”.
RC
Assuntos Legais
Revista Canavieiros - Junho de 2016
33
Revista Canavieiros - Junho de 2016
34
“Regeneração Natural NÃO é Abandono
de Área”
C
aros leitores, trago-lhes este
assunto para informá-los que
o órgão ambiental está notifi-
cando os produtores rurais que estão
inscritos junto ao CAR - Cadastro
Ambiental Rural - solicitando algumas
adequações, dentre as quais fazer lau-
do técnico de revegetação das Áreas
de Preservação Permanente e das áreas
propostas para Reserva Legal.
Como já sabemos, o CAR é obri-
gatório para todos os imóveis rurais
e tem como principal finalidade inte-
grar as informações ambientais das
propriedades e posses rurais, servindo
de base de dados para controle moni-
toramento, fiscalização, planejamento
e combate ao desmatamento, quem
realiza esse controle é o órgão am-
biental competente.
Portanto, com o CAR o órgão am-
biental consegue visualizar o perímetro
exato da propriedade, córregos, nascen-
tes, área de preservação permanente,
reserva legal etc assim, é possível que o
órgão realize a fiscalização das proprie-
dades rurais.
Após realizar a fiscalização das
propriedades rurais, o órgão ambien-
tal emite um parecer, que é enviado ao
sistema do CAR virtualmente. Neste
parecer, o órgão está solicitando que
sejam apresentadas e realizadas al-
gumas adequações nas propriedades,
como citado acima.
Conforme art. 15º, item I, II e III, da
Lei 12.651/2012, será admitido o côm-
puto das APPs (Áreas de Preservação
Permanente) no cálculo do percentu-
al da Reserva Legal do imóvel, desde
que: I-) o benefício previsto não impli-
que a conversão de novas áreas para o
uso alternativo do solo; II-) a área a ser
computada esteja conservada ou em
processo de recuperação, conforme
comprovação do proprietário ou órgão
estadual competente, III-) o proprietá-
rio ou possuidor tenha requerido a in-
clusão do imóvel no CAR.
Veja, então, que a Área de Preser-
vação Permanente a ser computada na
Reserva Legal deve estar CONSER-
VADA ou em PROCESSO DE RE-
CUPERAÇÃO.
O QUE ISSO SIGNIFICA?
ÁREA CONSERVADA: Área ocu-
pada com vegetação nativa em:
- estágio primário: grande diversidade
biológica, sendo os efeitos de ações an-
trópicas mínimos, a ponto de não afetar
significativamente suas características
originais de estrutura e de espécies, ou
- estágio secundário: vegetação resul-
tante de processos naturais de sucessão,
após supressão total ou parcial da vege-
tação primária por ações antrópicas ou
causas naturais, podendo ocorrer árvores
remanescentes de vegetação primária.
Caso a área conservada não este-
ja classificada em estágio primário e/
ou secundário, deverá, então, estar em
processo de recuperação.
ÁREA EM PROCESSO DE RE-
CUPERAÇÃO: de acordo com o Art.
11º, itens I, II, III e IV, da Resolução
SMA 32/2014, são considerados méto-
dos de restauração ecológica: I-) Con-
dução de regeneração natural de espé-
cies nativas; II-) Plantio de espécies
nativas; III-) Plantio de espécies nativas
conjugado com a condução de regene-
ração natural de espécies, IV-) Plantio
intercalado de espécies lenhosas, pe-
renes ou de ciclo longo: exóticas com
nativas de ocorrência regional.
I-) Condução de Regeneração Na-
tural de Espécies Nativas
Técnicas que auxiliarem a coloniza-
ção e o desenvolvimento dos indivíduos
vegetais nativos presentes na área, inclu-
sive por meio de coroamento de indiví-
duos regenerantes, controle de gramíne-
as e essências arbóreas exóticas, rudeais
e invasoras, técnicas de nucleação, con-
trole de formigas, adubação, irrigação,
entre outros. Esta forma de recuperação
será “assistida”, ou seja, deve-se apre-
sentar ao órgão ambiental um parecer
Assuntos Legais
Fábio de Camargo Soldera
técnico comprobatório de que está ha-
vendo a regeneração natural na área e,
posteriormente, a área será fiscalizada
pelos técnicos do órgão ambiental.
II-) Plantio de Espécies Nativas
Técnicas que introduzam delibe-
radamente novos indivíduos vegetais
nativos na área, por meio de plantio
de mudas, ramos, sementes, raízes ou
quaisquer tipos de propágulos.
III-) Plantio De Espécies Nativas
Conjugado com a Condução de Re-
generação Natural de Espécies
Técnica que engloba a regeneração
natural com espécies nativas e o plan-
tio de espécies nativas, ou seja, no lo-
cal onde a incidência de regenerantes
natural é maior, pode-se optar por não
realizar o plantio. Vamos supor que, em
outro local, a regeneração natural não
“vingue” (não seja satisfatória). Deve-
-se, então, adotar o plantio de espécies
nativas, assim englobando os dois mé-
todos citados acima.
IV-) Plantio intercalado de espécies
lenhosas, perenes ou de ciclo longo exó-
ticas com nativas de ocorrência regional
Técnica que permite o plantio de
espécies lenhosas, perenes ou de ciclo
longo exóticas com nativas de ocor-
rência regional, desde que tenha baixo
impacto ambiental e seja aprovado pelo
órgão ambiental competente.
Fábio de Camargo Soldera
engenheiro agrônomo da Canaoeste
Revista Canavieiros - Junho de 2016
35
Não foi citado o Abandono de Área como
Processo de Recuperação. Insto porque:
Abandono de Área x Regeneração Natural
Área Abandonada:
pode-se observar a presença de espécies invasoras
Área em Regeneração Natural: pode-se observar a presença
de indivíduos arbóreos nativos regenerantes
Na maioria dos casos, quando se
fala em Regeneração Natural, o pro-
dutor rural tende a pensar que somente
precisa abandonar a área, o que acaba
sendo ineficaz e irregular às vistas do
órgão ambiental, pois, caso a área a ser
recuperada tenha sido antropizada (área
cuja características originais, como
solo, vegetação, relevo e regime hídri-
co, foram alteradas por consequência
da atividade humana) e posteriormente
abandonada, ela dificilmente se regene-
rará naturalmente, apenas nascerá ali
capim-colonião e capim-napier.
Para que haja uma regeneração na-
tural satisfatória, devemos realizar to-
das a técnicas necessárias (coroamento
de indivíduos regenerantes, controle
de gramíneas e essências arbóreas exó-
ticas, rudeais e invasoras, técnicas de
nucleação, controle de formigas, adu-
bação, irrigação, entre outros), para
que haja uma boa/ótima capacidade de
regeneração. Por outro lado, sei que
haverá custos ao se empregarem as
técnicas elencadas acima, mas, certa-
mente, o custo será menor que o plan-
tio de espécies nativas.
Concluo que, com a área regenerada,
independentemente do método utiliza-
do (Condução de Regeneração Natural
de espécies nativas, Plantio de Espécies
Nativas; Plantio de espécies nativas
conjugado com a condução de regene-
ração natural de espécies; Plantio inter-
calado de espécies lenhosas, perenes ou
de ciclo longo exóticas com nativas de
ocorrência regional), certamente o ór-
gão ambiental homologará sua Área de
Preservação Permanente e/ou Reserva
Legal, possibilitando o cômputo daque-
la para o cumprimento desta.RC
Revista Canavieiros - Junho de 2016
36
Intensidade do fenômeno La Niña poderá influenciar o desenvolvimento dos canaviais que
já sofreram déficit hídrico e, agora, são castigados por chuvas intensas
Safra canavieira:
à mercê do clima
Safra canavieira:
à mercê do clima
A
s condições climáticas apresen-
tadas no início da safra atual
passaram a ser um sinal ama-
relo para produtores de cana-de-açúcar.
Os períodos secos ou com excesso de
chuvas enfrentados até o momento, po-
dem impactar a produtividade dos ca-
naviais, culminando em uma moagem
menor do que a projetada no início da
temporada.
“No ano de 2015, tivemos boas
condições climáticas para o desenvol-
vimento do canavial; entretanto, em
janeiro de 2016, em algumas regiões
foram registradas altas precipitações e
baixa insolação. Se não bastasse, em
abril, ocorreu uma alta demanda hí-
drica, devido a altas temperaturas e
baixas precipitações, e agora, no final
de maio e início de junho, ocorreram
Andréia Vital
baixas temperaturas e o registro acima
da média em termos de precipitação”,
explica o professor doutor Maximiliano
Salles Scarpari, pesquisador do Centro
de Cana – APTA/IAC, que é também o
coordenador do PREVCLIMACANA,
um projeto do IAC (Instituto Agronô-
mico), que desde 2006, faz o monito-
ramento da estimativa de produtividade
em função dos fatores climáticos.
“Com esse cenário novamente atípi-
co e não previsto, vemos uma cana que
foi impactada pela seca e pela alta de-
manda hídrica de abril de 2016 e agora,
com o excesso hídrico de final de maio
e início de junho, veremos também a
queda do ATR (Açúcar Total Recu-
perável), afirma ele, pontuando que o
produtor deve se preocupar com o fato,
visto que os cenários climáticos cons-
36
Maximiliano Salles Scarpari,
pesquisador do Centro de Cana – APTA/IAC
truídos para a simulação da produtivi-
dade dos próximos meses estão sendo
desconstruídos pelo clima realizado.
Safra canavieira: à mercê do clima
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Safra canavieira: à mercê do clima

  • 1. Revista Canavieiros - Junho de 2016 1
  • 2. Revista Canavieiros - Junho de 2016 2
  • 3. Revista Canavieiros - Junho de 2016 3 Editorial A s condições climáticas apresentadas no início da safra atual passaram a ser um sinal ama- relo para produtores de cana-de-açúcar. Os períodos secos ou com excesso de chuvas en- frentados até o momento podem impactar a produtividade dos canaviais, culminando em uma moagem menor do que a projetada no início da temporada. A colheita e o ritmo de moagem já foram afetados pelo clima, e a intensidade do fenômeno La Niña também poderá influenciar o desenvolvimento dos canaviais, a partir do segundo semestre. É este o tema da nossa matéria de capa da edição de junho. A revista de junho mostra como foi a 10ª ISO DATAGRO New York Sugar & Ethanol Con- ference evento realizado em Nova York, e o lançamento oficial da Fenasucro & Agrocana 2016, como também, os detalhes da Semana da Indústria e da parceria da RIDESA e Biosev para im- pulsionar o melhoramento genético da cana no Nordeste. O leitor ainda encontra informações sobre Caminhos da Cana, Copersucar, STAB, além de matérias sobre irrigação. Desta vez, temos entrevista com Antonio Eduardo Tonielo, presidente da Copercana e Sicoob Cocred; com José Luiz Tejon Megido, conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável); Pedro Jacob Christoffoleti, presidente da SBCPC (Sociedade Brasi- leira da Ciência das Plantas Daninhas) e com Guilherme Nastari, diretor da DATAGRO. Já no Ponto de Vista, opinam Guilherme Melo, Coriolano Xavier, Arnaldo Luiz Correa e Lauro José Oliveira de Andrade. Há os artigos técnicos de Alessandra Durigan e Antonio Carlos Cussiol Júnior, de Tercio Marques Dalla Vecchia e de Zilmar José de Souza e de Marcelo Nicolai. Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo professor Marcos Fava Neves. As notícias do Sistema mostram que o presidente da Canaoeste e diretor da Copercana Manoel Ortolan, participou de seminário em Portugal sobre o cooperativismo, que as reuniões técnicas continuam e que as etapas da reestruturação da associação avançam. Assuntos legais, classifica- dos e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos na revista de junho. Safra canavieira: à mercê do clima Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Fernanda Clariano e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 atendimento@revistacanavieiros.com.br Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Viviane Alves Tiragem DESTA EDIçÃO: 23.500 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) redacao@revistacanavieiros.com.br www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Boa leitura! Conselho Editorial RC Errata: O nome correto do gerente de Marketing e Produto Cana-de-Açúcar AGCO, foi publicado com erro de digitação, na última edição da Canavieiros. O correto é Marco Antônio Gobesso.
  • 4. Revista Canavieiros - Junho de 2016 4 Antonio Eduardo Tonielo 12º Agronegócios Copercana A Copercana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo) realiza entre os dias 21 e 24 de junho, o 12º Agronegócios Copercana, feira de máquinas, equipamentos e agroquímicos direcio- nada aos cooperados do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Pelo terceiro ano consecutivo o evento acontece no Centro de Eventos Copercana. Nesta edição, a feira vai receber cerca de 80 expositores, que irão apresentar seus produtos e tecnologias para a produção de cana-de-açúcar, como também para as culturas de soja, amendoim e milho, levando novidades e grandes oportunidades aos mais de cinco mil visitantes esperados. Para falar sobre as expectativas e novidades da feira e também para fazer um balanço da atual situação política e econômica pela qual atravessa o país, a Revista Canavieiros conversou com o presidente da Coper- cana e do Conselho Administrativo da Sicoob Cocred, Antonio Eduardo Tonielo. Confira! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Como o se- nhor avalia o Governo Dilma e o que espera deste novo Governo? Antonio Tonielo: Não dá para ava- liar o Governo da Dilma. Foi péssimo. Agora, com a mudança de Governo, a expectativa é outra. Tenho a esperança de que, pelo menos, acabe a corrupção, melhore o posicionamento do Governo no que tange a gastos e desperdícios e que tudo isso somado possa contribuir para o crescimento do país. Revista Canavieiros: O senhor acredita que o presidente em exercício, Michel Temer, conduzirá as reformas necessárias para mudar a situação deste país? Antonio Tonielo: A oportunidade que o presidente Michel Temer tem de tentar fazer algo é agora, mas, para isso, ele pre- cisa reduzir ministérios e gastos públicos. Eu creio que ele fará de tudo para que essa situação melhore e o país volte a crescer, produzindo mais e melhor. Revista Canavieiros: A escolha de Henrique Meirelles para o Minis- tério da Fazenda agradou? O senhor está otimista? Antonio Tonielo: É claro que sim, eu acho que agradou a todos porque o ministro Henrique Meirelles é um ho- mem experiente, de muita visão e é hoje uma esperança do empresariado brasi- Entrevista com o Presidente Além de oferecer excelentes oportunidades de compras e condições especiais de pagamento, a feira vai apresentar produtos e tecnologias que irão contribuir com o dia-a-dia do produtor rural leiro, de modo geral, para que se possa reestabelecer uma segurança financeira para o país. Eu tenho certeza de que, com o Meirelles no Ministério da Fa- zenda, nós vamos poder melhorar a pro- dução e trabalhar com mais segurança. Revista Canavieiros: Qual a expecta- tiva do senhor em relação a Blairo Maggi à frente do Ministério da Agricultura? Antonio Tonielo: Ele é um grande produtor, um homem do agronegócio muito respeitado e o Brasil precisa disso, de pessoas de confiança. O mi- nistro Blairo conhece a fundo o setor e isso vai ser muito importante. Agora a expectativa é a de que ele seja ouvido pelos outros ministros e, se isso acon- tecer, provavelmente irá trazer muito mais confiança para o produtor, o que não estava acontecendo. Revista Canavieiros: A mudança de Governo deverá promover a reto- mada da confiança e atrair investido- res para o Brasil?
  • 5. Revista Canavieiros - Junho de 2016 5 Realização Apoio Venha nos visitar! Antonio Tonielo: Eu acredito que sim. Essa mudança no Governo será muito importante para que os estran- geiros e as indústrias brasileiras voltem a acreditar no Brasil e voltem a gerar empregos, tributos e recursos, contri- buindo para o crescimento e desenvol- vimento deste país. Revista Canavieiros: Mesmo com as mudanças políticas e econômicas, a Copercana nunca parou e sempre esteve ao lado dos seus cooperados. Agora no mês de junho, a cooperati- va realiza a 12ª edição do Agronegó- cios Copercana. Qual a expectativa e quais as novidades que o cooperado irá encontrar? Antonio Tonielo: O Agronegócios Copercana é realizado no final do pri- meiro semestre, em junho, período pro- pício para que os cooperados invistam em suas plantações, e, dentro desse contexto, nós procuramos oferecer os melhores preços e condições de paga- mento. Sabemos que este será um ano difícil. Vamos ter custos financeiros mais caros e teremos que administrar isso. A expectativa é que consigamos recursos para financiar todos os nossos produtores e temos bastante confiança porque tanto a Copercana quanto os seus cooperados têm condições para cumprir seus compromissos. Revista Canavieiros: Qual o dife- rencial da FeiraAgronegócio esse ano? Antonio Tonielo: Sempre traba- lhamos para que um ano seja melhor do que o outro e, a cada edição, pro- curamos aprimorar o atendimento aos nossos cooperados, oferecer bons negócios e trazer o que há de melhor no mercado, em termos de produtos e máquinas. Além disso, o relaciona- mento que mantemos com os nossos fornecedores é um grande diferencial e essa boa relação reflete em benefícios aos cooperados. Este ano estamos com um número maior de expositores apre- sentando uma gama de produtos e no- vidades, ou seja, trazemos para a feira aquilo que realmente interessa ao pro- dutor, porque sabemos que eles espe- ram por este momento para fechar ne- gócios e acredito que este ano vamos ter uma feira muito interessante.RC
  • 6. Revista Canavieiros - Junho de 2016 6 www.agronegocioscopercana.com.br PROIBIDA A ENTRADA DE MENORES DE 14 ANOS Sobre a Feira A feira será realizada de 21 a 24 de junho de 2016 e é voltada principalmente para cooperados do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. Na última edição, a feira contou com a presença de três mil visitantes de diver- sas regiões, que conferiram as novidades apresentadas pelos 76 expositores, como serviços, equipamentos, máquinas e tecnologias voltadas à produção de cana-de- -açúcar e outras culturas. No ano passado a feira teve um crescimento de 6% comparado com 2014, che- gando a R$160 milhões. A feira é uma verdadeira vitrine de produtos e serviços para uso nas lavouras de cana-de-açúcar e grãos. Os expositores também levam para o Agronegócios Copercana novidades tecno- lógicas em máquinas e equipamentos para os pequenos e médios produtores.
  • 7. Revista Canavieiros - Junho de 2016 7 RETIRE SUA CREDENCIAL NA SECRETARIA DO EVENTO Novidade 2016: A feira contará este ano com um auditório para 100 pessoas. Confira as palestras já confirmadas: 21 de junho 15h às 16h - Cerimônia de inauguração Diretoria - Bayer e Copercana 22 de junho 14h às 15h - Nutrigesso – Correção da Acidez, Adu- bação e Fertilidade do Solo 15h às 16h - Basf – Importância da Qualidade da Muda na Lucratividade do Canavial 16h às 17h - Bayer – Manejo de Cigarrinha das Raízes 17h às 17h15 - Perspectiva de Resultado Econômico para Safra 2016/2017 – Almir Torcato – Gestor Corpo- rativo da Canaoeste 23 de junho 15h às 16h - Mosaic – Manejo de Solo para Altas Pro- dutividades. Data: 21 a 24 de Junho Horário: 13h às 19h Local: Centro de Eventos Copercana - Sertãozinho - SP Estrada Herminio Bizio, n°28 Bairro: Recreio Planalto, ao lado do Cred Clube Copercana 16h às 16h15 - Perspectiva de Resultado Econômico para Safra 2016/2017 – Almir Torcato – Gestor Corpo- rativo da Canaoeste 16h30 às 17h30 - Bayer – Manejo de Florescimento e Isoporização 24 de junho 14h às 15h - Yara – Apresentação de Dados Experi- mentais e Proposta de Valor. 16h às 17h - Bayer – Manejo de Plantas Daninhas – Tendências Climáticas para 2016 17h às 17h15 - Perspectiva de Resultado Econômico para Safra 2016/2017 – Almir Torcato – Gestor Corpo- rativo da Canaoeste
  • 8. Revista Canavieiros - Junho de 2016 8 www.agronegocioscopercana.com.br PROIBIDA A ENTRADA DE MENORES DE 14 ANOS
  • 9. Revista Canavieiros - Junho de 2016 9
  • 10. Revista Canavieiros - Junho de 2016 10 11 - Entrevista José Luiz Tejon Megido conselheiro fiscal do CCAS “O papel do agronegócio brasileiro no futuro será do tamanho do Brasil no mundo: gigantesco” Ano X - Edição 120 - Junho de 2016 - Circulação: Mensal Índice: E mais: Capa - 36 Safra canavieira: à mercê do clima Intensidade do fenômeno La Niña poderá influenciar o desenvolvimen- to dos canaviais que já sofreram dé- ficit hídrico e, agora, são castigados por chuvas intensas 26 - Notícias Canaoeste 30 - Notícias Sicoob Cocred - Associados de Descalvado participam de ciclo de palestras técnicas - Cooperativismo foi tema de seminário realizado na Embaixada brasileira em Lisboa - Com gestão mais participativa, Canaoeste prossegue em sua reestruturação - Balancete Mensal Capa:RafaelMermejo - Laboratório de solos Copercana é certificado pelo INMETRO 24 - Notícias Copercana Entrevista: Pedro Jacob Christoffoleti .....................página 14 Guilherme Nastari .....................página 16 Pontos de Vista: Guilherme Melo .....................página 18 Coriolano Xavier .....................página 19 Arnaldo Luiz Correa .....................página 20 Coluna Caipirinha .....................página 22 Assuntos Legais .....................página 32 Destaques: Maior intercâmbio entre universidades e usinas é defendido pelo GIFC .....................página 42 Déficit mundial de açúcar deve ser de 6,09 milhões de toneladas em 16/17 .....................página 44 Fenasucro & Agrocana 2016 é lançada oficialmente na capital paulista .....................página 46 CEISE Br comemora a semana da in- dústria .....................página 50 Caminhos da Cana segue para tercei- ra etapa .....................página 54 RIDESA e Biosev formam parceria para impulsionar melhoramento genético .....................página 56 Dia de campo mostra os benefícios da irrigação por gotejamento .....................página 58 10º Congresso Nacional da STAB .....................página 62 Copersucar bate recorde de movimen- tação no Terminal de Santos .....................página 76 Artigos Técnicos: Bioeletricidade: necessidade de uma visão estratégica em 360º .....................página 68 Manejo de plantas daninhas de folhas largas em cana-de-açúcar .....................página 72 Classificados .....................página 80 Cultura ....................página 86 64 - Artigo Técnico - CAPIM BRANCO (Chloris polydactyla) Aumento crescente da infestação preocupa os produtores - Aspectos relevantes da qualidade da cana no seu processamento Por: Tercio Marques Dalla Vecchia 18 - Ponto de Vista Guilherme Melo analista sênior na Diretoria de Produtores Rurais do Itaú BBA Ventos favoráveis e oportunidade de colocar a casa em ordem
  • 11. Revista Canavieiros - Junho de 2016 11 José Luiz Tejon Megido “O papel do agronegócio brasileiro no futuro será do tamanho do Brasil no mundo: gigantesco” A afirmação acima é do conselheiro fiscal do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável) e dirigente do Núcleo de Agronegócio da ESPM, José Luiz Tejon Megido, em entrevista para a Revista Ca- navieiros. Tejon fez uma avaliação sobre a atual situação e o futuro do agronegócio e, na oportunidade, falou sobre a homenagem recebida pela AEASP – Associação de Engenheiros Agrônomos do Estado de São Paulo –, em que foi premiado como Destaque na Área de Comunicação Rural, durante a Agrishow, em Ribeirão Preto-SP. Confira! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: Mesmo em meio à crise e à confusão de gover- nança nacional, o agronegócio segue crescendo. De onde vem essa força? Tejon: Essa força vem dos funda- mentos eternos que nunca mudam: trabalho, pesquisa, educação e conhe- cimento aplicado em produtos que beneficiam a todos, como é o caso do agronegócio. Revista Canavieiros: As entidades representativas do agronegócio têm voz junto ao Governo? Tejon: Eu diria que têm, porém está na hora de unificarmos mais essa voz. São muitas vozes e, quando te- mos muitas, ainda que fortes, seria como numa orquestra onde as trom- pas, os pratos, os bumbos e todos os violinos tocassem de forma não har- mônica, ao mesmo tempo. Falta or- questração na voz do setor – muito além do Governo –, falta diálogo com toda a sociedade urbana. Está na hora de o setor pensar estrategicamente, acordar a mesma música, eleger um maestro, reunir um orçamento para a mídia e usar o poder da comunicação de forma reunida e inteligente. Revista Canavieiros: Quais são os desafios do agronegócio brasileiro e qual o seu papel no futuro? Tejon: Precisamos dar um salto de marketing no agronegócio brasileiro. É necessário comunicar para o mun- do que o Brasil não significa somente ter volume, quantidade... Que o Brasil preza, zela e busca qualidade. Isso sig- nifica responsabilidade com alimentos e energia saudável. Temos rea- lidades muito superiores às que somos percebidos. Entramos agora numa autêntica estratégia genial de produção, com a inte- gração lavoura pecuária e flores- ta, o que denota produzir, além de alimentos, também água, meio ambiente e qualidade de vida para quem produz e para quem consome. Precisamos aprender a vender as coisas boas brasileiras, inclusive para o pró- prio brasileiro. Isso novamen- te merece uma articulação das principais lideranças para um projeto comunicacional e educa- dor de longo prazo. O setor ca- navieiro representa coisas espe- taculares: além da generosidade do açúcar, que precisa ser repo- sicionado na mente da popula- ção, a espirituosa cachaça, o tão imprescindível etanol, a geração de energia elétrica e a rotação de culturas. Há inteligência aplica- da em toda a logística do setor. E mais, o ar é extraordinaria- mente melhor para respirarmos. Nas cidades brasileiras, o setor sofreu pela má intenção do Go- verno em comprar votos para as elei- ções, mantendo os preços da gasolina artificialmente subsidiados. Com isso, destruiu a Petrobras e penalizou o se- tor canavieiro. Mas o Brasil continua sendo maior do que o buraco, e nos recuperamos. O setor canavieiro, com todo o seu benefício, pode e deve fa- zer parte da promessa nacional de não apenas alimentar e garantir segurança planetária em comida, fibras, madeira sustentável, mas também em agroe- nergia oriunda do cinturão tropical do planeta, o Tropical Belt. O Brasil poderia e deveria ser o empreendedor da agroenergia em toda a faixa tropical planetária. Sabe por quê? Nós sabemos fazer, e o mundo precisa de quem sabe fazer e faz. O papel do agronegócio brasileiro no futuro será do tamanho do Brasil no mundo: gigantesco. Entrevista I
  • 12. Revista Canavieiros - Junho de 2016 12 Revista Canavieiros: A pesquisa, a sustentabilidade e a infraestrutu- ra são os pilares do agronegócio? Tejon: A inteligência, o conhe- cimento, o saber como fazer, sem dúvida, são outro desafio e, nesse sentido, precisamos acionar meios inovadores na difusão do conheci- mento e das boas práticas tecnológi- cas. Precisamos ter ações educativas pela mídia e pelos meios interativos urgentemente. A ciência avança em altíssima velocidade e é preciso fazer com que ela seja aplicada no campo pela grande maioria, pois será um motivo de felicidade para o país. É fundamental a viabilidade do empre- endedorismo de pequenos, micros e médios produtores e o surgimento de novas carreiras para os jovens. A infraestrutura significa seguran- ça, ou seja, mesmo nas gangorras das baixas dos preços das commodities, conseguiremos continuar viáveis para atingir todos os mercados vin- culados à burocracia e à inteligência da gestão dos canais de escoamento. Isso não pode ficar no leilão dos in- teresses de partidos políticos. Vejo o esforço notável que gestores do Por- to de Santos têm feito, por exemplo, para o caos logístico conseguir se manter em funcionamento. O Porto e a recepção aos caminhões mere- cem um olhar de atenção. E claro: agregação de valor, marcas, brands, produtos agroindustrializados, ser- viços etc. E fica aqui meu exemplo para estímulo, o ex-aluno e amigo Alexandre Costa, criador da Cacau Show, que já pode ir dominar o mun- do por aí... Esse empreendimento se transformou na maior franquia de chocolates do planeta. Agora só falta tomar os outros mercados. Precisa- mos de empreendedorismo brasileiro além da porteira das fazendas. E na ciência? Muita atenção. Por mais que as corporações sejam glo- balizadas e seus investimentos em ciência e tecnologia voltados a todos os mercados, não podemos, como o país que se propõe a ser o maior agronegócio do mundo, não ter senão dominado o estado da arte em toda tecnologia necessária para realizar a produção. Precisamos e devemos ter, por segurança e soberania es- tratégica, acesso a genética, robóti- ca, máquinas... Todos os insumos e equipamentos com técnicos, empre- endedores e pesquisadores brasilei- ros atuando no diálogo global que isso hoje permite e exige. Revista Canavieiros: A ques- tão da logística é um agravante no agronegócio devido ao custo? Tejon: Sim, temos o custo pós- -porteira das fazendas mais caro do mundo. E isso exige priorizar in- fraestrutura, o que não costuma dar espetáculos eleitoreiros, portanto o setor precisa se comunicar com a sociedade para aumentar o seu efeti- vo poder de lobby e de conquista de foco na gestão dessa causa sagrada. Revista Canavieiros: Podemos comparar o agronegócio a uma Olimpíada, onde é preciso superar as barreiras para vencer? Tejon: O agronegócio pode, sim, ser chamado de agroolimpíada, pois é uma verdadeira olimpíada todos os dias, meses e anos, e ainda com regras severas de sustentabilidade, rastreabilidade e agora caminhando para a inexorável smart farming. Revista Canavieiros: A impor- tância do agronegócio para o Bra- sil é indiscutível. O país depende muito da riqueza que vem do cam- po, mas uma boa parte da popula- ção urbana não conhece essa po- tência agrícola mundial. Como o senhor vê essa questão? Tejon: Como já abordei acima, está na hora de as lideranças das dez ou doze principais instituições re- presentativas do agronegócio se en- contrarem, se desvestirem de egos e assinarem embaixo de uma voz forte, inteligente, de longo prazo e dizer isso para o país e para o mundo. Isso exige verba, orçamento e reunir in- teligências humanas comprometidas com a causa mais elevada da nação e do Brasil. Um projeto comunicacio- nal de longo prazo de todo o setor. Revista Canavieiros: Recente- mente, o senhor foi homenageado pela AEASP – Associação de En- genheiros Agrônomos do Estado de São Paulo –, onde foi premiado como Destaque na Área de Comu- nicação Rural. Como recebeu essa homenagem? Tejon: Extremamente feliz. Dedi- quei essa homenagem a exatamente três engenheiros agrônomos que me ensinaram tanto ou mais que muitos mestres íntegros e éticos do marke- ting (eles existem). Aprendi com o agrônomo José Maria Jorge Sebas- tião, que era diretor da Máquinas Agrícolas Jacto, o poder da difusão da tecnologia, do valor das coo- perativas e do gosto que tinha pela bela, boa e estimulante propaganda. Com muita sorte, aprendi com outro agrônomo, o Sr. Antônio Secundino de São José, fundador da Agroceres Sementes. Era considerado o pai do milho híbrido comercial no Brasil. A transferência do conhecimento para o campo e o valor da mídia eram feitos através do velho almanaque Agroceres, o jornal Agroceres, além do fantástico concurso de produtivi- dade de milho Agroceres. Secundino amava comunicação. Um dia, quan- do mostrei para ele a ideia de con- vidar o Pelé, o rei do futebol, para apresentar pela televisão os grandes campeões de produtividade de mi- lho, ele adorou e autorizou na hora, "Com a bola no pé eu sou Pelé, com Agroceres na plantação você é o campeão!". E minha sorte continuou. Trabalhei ao lado de Ney Bittencourt de Araújo, que presidia a Agroceres, e foi simplesmente a pessoa que nos introduziu ao agronegócio no país. Fizemos cerca de quinze anos de campanhas geniais com a TV Globo e demais mídias, reproduzindo não apenas para a zona rural, mas para todo o país. Dessa forma, o prêmio AEASP, da querida Associação dos Engenheiros Agrônomos de São Paulo, retorna, de certa forma, à sua categoria esses três agrônomos (in memorian), que eram espetaculares comunicadores, e com eles aprendi e eles me permitiram exer- citar e realizar. Muito obrigado a todos os agrônomos do Brasil; são necessaria- mente comunicadores na essência. RC
  • 13. Revista Canavieiros - Junho de 2016 13 ATENÇÃO: Este produto é perigoso à saúde humana, animal e ao meio ambiente. Leia atentamente e siga rigorosamente as instruções contidas no rótulo, na bula e na receita. Utilize sempre os equipamentos de proteção individual. Nunca permita a utilização do produto por menores de idade. CONSULTE SEMPRE UM ENGENHEIRO AGRÔNOMO. VENDA SOB RECEITUÁRIO AGRONÔMICO. Produto de uso agrícola. Faça o Manejo Integrado de Pragas. Descarte corretamente as embalagens e restos do produto. Saiba mais: www.dupontagricola.com.br Amplo eSpectro de proteção pArA Seu cAnAviAl. Front® é único em benefícios integrados na mesma solução. Com um único produto, seu canavial fica livre das principais plantas daninhas por mais tempo, fazendo surgir o máximo potencial produtivo da plantação. É a DuPont aliando tecnologia e inovação com a sua dedicação por um canavial mais produtivo. Porque, juntos, podemos produzir ainda mais, hoje e no futuro. Um produto, ampla proteção. Com Front® a gente pode mais. Copyright© 2015DuPont.Todososdireitosreservados.DuPontovallogo,DuPont™etodososprodutosmencionados com®ou™sãomarcasoumarcasregistradasdaE.I.duPontdeNemoursandCompanyoudesuasafiliadas. 150diasde residual até umproduto, amplaproteçãoFacilidade no gerenciamento do controle de plantas daninhas amploespectroControle das principais plantas daninhas de folhas estreitas e largas
  • 14. Revista Canavieiros - Junho de 2016 14 Pedro Jacob Christoffoleti “O melhor herbicida é a cultura” A afirmação acima é do engenheiro agrônomo, graduado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – ESALQ/USP –, professor associado, livre-docente da ESALQ/USP – Departamento de Produção Vegetal, pesquisador e presidente da SBCPC (Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas), Pedro Jacob Christoffoleti. Recentemente, ele participou de um importante seminário sobre Controle de Plantas Daninhas na Cana, na cidade de Ribeirão Preto-SP, onde falou sobre os aspectos técnicos e práticos para manejar herbicidas no plantio e na soqueira e, na ocasião, concedeu entrevista à Revista Canavieiros. Confira! Fernanda Clariano Revista Canavieiros: O manejo das plantas daninhas é vital para ga- rantir a produtividade dos canaviais? Christoffoleti: Com certeza. Não existe produção de cana-de-açúcar sem manejo de plantas daninhas. Dos 9 a 10 milhões de hectares que existem no Brasil, eu acredito que em 100% das áreas o produtor precisa fazer o ma- nejo das plantas daninhas, o que nor- malmente é feito com herbicida. Esse controle é feito não para incrementar a produtividade, mas para proteger a pro- dutividade. Quando você tem um po- tencial produtivo de cana, aplicar o her- bicida não incrementa esse potencial; o herbicida, na verdade, protege a cana das plantas daninhas, então nós chama- mos de “proteção da produtividade”. Revista Canavieiros: Quais são os principais herbicidas usados hoje em cana-de-açúcar? Christoffoleti: Há uma infinidade de herbicidas. Acredito que hoje exis- tem mais de 30 herbicidas e eu nem saberia mencioná-los. O que eu posso dizer é que existem categorias dife- rentes de herbicidas. Uma categoria de herbicidas é utilizada para o con- trole de gramíneas, que são plantas daninhas da família Poaceae, popular- mente conhecidas como capins. Posso citar alguns nomes técnicos como, por exemplo, Clomazone, Isoxaflutole, S- -metolachlor, Fumioxazin, e existem outros inúmeros produtos disponibili- zados pelas empresas. A outra categoria é de produtos utilizados para o controle de folhas largas, que são as plantas da- ninhas dicotiledôneas, como Amicar- bazone, Sulfentrazone, Fumioxazin, e assim por diante. Também existe uma terceira classe de produtos que se usa para controle de plantas perenes, que são plantas que apresentam meios de propagação vegetativa, como a tiririca, a grama seda, então nós mencionamos o Glifosato, o Imazapic, o Imazapyr e o próprio Sulfentrazone. Revista Canavieiros: Existe o her- bicida perfeito, considerando-se as- pectos ambientais, econômicos e de es- pectro de controle de plantas daninhas e de época de aplicação? Christoffoleti: Não existe o herbi- cida perfeito; para cada situação exis- te uma indicação. Todo herbicida bem aplicado, dentro das recomendações, é uma excelente alternativa, e, para executar uma ótima recomendação do herbicida, deve se pautar em aspectos como tipo de infestação que ocorre na área, intensidade de infestação, condi- ção climática, tipo de solo, presença ou ausência de palha, condição da cana – se pré ou pós-emergência, modalidade de cultivo, se soqueira ou cana planta. Tudo isso e muito mais coisas influen- ciam na recomendação. Portanto, não existe melhor ou pior produto, existe o produto bem recomendado. Entrevista I
  • 15. Revista Canavieiros - Junho de 2016 15 Revista Canavieiros: As plantas da- ninhas são responsáveis por perdas con- sideráveis nas lavouras brasileiras. Po- demos mensurar a perda que o produtor pode ter sem um manejo adequado? Christoffoleti: Se as plantas dani- nhas não forem controladas absoluta- mente, as perdas são da ordem de 40 a 60%. Às vezes, em uma tecnologia mal utilizada, pode haver entre 10 a 15 tone- ladas de perdas de produtividade. Outro fato é que algumas plantas daninhas, quando não controladas, dificultam a colheita. A corda-de-viola e os cipós, por exemplo, podem interferir no pro- cesso de colheita e retardar a velocida- de e a operação de colheita, que é muito onerosa dentro da usina. Revista Canavieiros: É importante que se faça o manejo integrado? Christoffoleti: Com certeza. O her- bicida é uma ferramenta – embora seja a principal, somente o herbicida não é suficiente para manejar as plantas dani- nhas. Eu costumo dizer aos meus alu- nos, e também nas palestras técnicas a produtores, que o melhor herbicida é a cultura. Se a cultura não estiver bem es- tabelecida, o herbicida não funciona. Se não houver um bom estande, um bom trato cultural, se o espaçamento não for correto, a época de plantio não for ade- quada e as condições de umidade não favorecerem o crescimento da cana, ela demora a se estabelecer e a fechar. O herbicida só vai funcionar se houver uma integração de todas as boas práti- cas agrícolas dentro da cultura. Revista Canavieiros: O manejo de plantas daninhas exige uma gestão consciente? Christoffoleti: Sim. Tanto é verda- de que toda unidade de produção tem um gestor trabalhando com o manejo de plantas daninhas. A maioria das usinas e os grandes produtores têm um agrônomo responsável por essa operação – a opera- ção de tratos culturais –, dada a sua im- portância. Só para se ter uma ideia, hoje, para controlar 1 hectare de cana com herbicidas, gastam-se pelo menos R$300 (valor médio). Se pensarmos numa uni- dade de produção com 10 mil hectares, R$300 por hectare significa R$ 3 milhões de reais de investimentos apenas no her- bicida, fora o custo de aplicação, o custo da gestão, o custo da mão de obra. Revista Canavieiros: Qual a me- lhor solução para o controle de ervas e sementes grandes em usinas onde se restringe o orçamento? Que alternati- va seria ideal? Christoffoleti: A solução ideal não existe, mas hoje em dia há uma série de herbicidas que eu já mencionei que controlam folhas largas e que podem ser utilizados como alternativas. Po- rém, o mais importante é que o pro- dutor faça um monitoramento da área, deixando áreas testemunhas para que seja observado o nível de infestação, e faça frequentemente a visita. Nessas visitas, a cada momento que detectar escapes dessas plantas, realizar a devi- da reaplicação ou a chamada “aplicação sequencial”. Quer seja Amicarbazone, quer seja Sulfentrazone ou qualquer outro tipo de produto que utilize den- tro da cultura, tem que estabelecer um bom monitoramento e fazer o manejo de acordo com as necessidades.RC
  • 16. Revista Canavieiros - Junho de 2016 16 Guilherme Nastari “Os jovens são a alavanca transformadora da agricultura do amanhã” A declaração é de Guilherme Nastari, executivo de 30 anos, que se destaca no agronegócio como uma das principais lideranças jovens da atualidade. Mestre em Agroenergia pela Fundação Ge- tulio Vargas (SP) e bacharel em economia pelo Ibmec (SP), Nas- tari participa de congressos no mundo todo, falando com desen- voltura do setor sucroenergético, mesmo quando o debate é entre feras do segmento. Não poderia ser diferente, já que leva no DNA, a bagagem e o conhecimento ad- quirido ao longo da vida, acom- panhando, desde pequeno, o pai, Plínio Nastari, presidente da con- sultoria DATAGRO e referência mundial em se tratando de cana. A cumplicidade e o trabalho no sentido de disseminar as externali- dades do setor canavieiro aos qua- tro cantos do mundo são comprovados a cada evento do qual participam os Nastari. Com a frase “Não é, pai?” proferida após uma análise perfeita, que deixa admirada a plateia, o primogênito dos três filhos recebe um olhar confiante e um balanço de cabeça confirmando, encantando ainda mais os participantes. A simplicidade, a qualidade e o espírito familiar acompanham Guilherme, fato que agrega ainda mais valor ao seu perfil executivo. Como diretor da DATAGRO, desde 2005, e também da AEXA (As- sociação de Exportadores de Açúcar e Álcool), desde 2009, o jovem já participou como consultor de diversos projetos de consultoria dos mercados de açúcar e etanol pela DATAGRO, sendo que seus principais clientes são produtores de açúcar, etanol, biodiesel, trading companies, bancos, distribuido- res de combustível, governos e ONGs. Nesta entrevista exclusiva para a Revista Canavieiros, o executivo fala sobre o GAF 2016 (GlobalAgribu- siness Forum), um dos principais eventos do agronegócio no planeta, que será realizado pela DATAGRO, juntamente com a SRB (Sociedade Rural Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu), nos dias 4 e 5 de julho, em São Paulo. Com o tema “AGROPECUÁRIA DO AMANHÃ: fazer mais com menos - Disseminando as bases do de- senvolvimento sustentável”, o fórum internacional reunirá expoentes do agronegócio mundial para debater o futuro da agropecuária e buscar alternativas aos desafios para o desenvolvimento sustentável. Confira! Andréia Vital Entrevista I
  • 17. Revista Canavieiros - Junho de 2016 17 Revista Canavieiros: A DATAGRO vai realizar este ano o GAF e o evento conta com parceiros em vários braços do setor. Qual é a sua expectativa so- bre este fórum? E qual a importância do GAF para o agro? Guilherme Nastari: O GAF é um grande evento realizado em parceria pela DATAGRO, SRB (Sociedade Ru- ral Brasileira), Abramilho (Associação Brasileira de Produtores de Milho) e ABCZ (Associação Brasileira dos Cria- dores de Zebu) e tem o apoio oficial de instituições de governo de vários países importantes: USDA nos EUA, Comis- são Europeia, França, Canadá, Austrá- lia, Singapura, Turquia e Cuba, para ci- tar alguns. O GAF tem o apoio de todas as organizações de commodities, e de mais de 120 associações de produtores de todo o mundo. Por sua dimensão e conteúdo, o GAF é um evento de abrangência mundial, e se tornou o Davos do Agronegócio. Em 2016, o tema principal do GAF será “Agricultura do amanhã: fazer mais com menos - Disseminando o desenvolvimento sustentável”. Como elemento de apoio, será dada ênfase ao papel da educação para o atingimen- to desta meta: educação do produtor e do consumidor. O produtor precisa ser educado para aumentar a produção uti- lizando a tecnologia mais adequada e atender à demanda do consumidor em quantidade e qualidade. O consumidor precisa ser educado para saber valorizar corretamente o que está recebendo. Revista Canavieiros: A sustenta- bilidade é um tema cada vez mais es- tratégico na pauta das empresas e será discutida durante o GAF 2016. Na sua visão, como as empresas poderão su- perar os desafios para ter uma produ- ção sustentável? Guilherme Nastari: Este desafio deve ser atendido com investimentos em novas tecnologias e ter sua dissemi- nação, aplicação prática, certificação, rastreabilidade e principalmente valori- zação da produção realizada dentro des- tes padrões, para que haja estímulo de mercado para que sejam perseguidos. Revista Canavieiros: Durante o lançamento oficial do GAF 2016, em novembro passado, você disse que os moradores do perímetro urbano não têm noção das pesquisas, da tecnologia e dos investimentos feitos na agricul- tura brasileira, essa que posicionou o país na vanguarda do setor, muito me- nos das externalidades do setor sucroe- nergético. Como é possível mudar isso? Guilherme Nastari: A mudança de percepção pode ser atingida com in- formação de valor, colocada de forma acessível. Muitas vezes a informação não é disponibilizada, e são perdidas oportunidades importantes para a cria- ção de valor. No caso do etanol e do açúcar, há um trabalho enorme a ser desenvolvido. O etanol de cana é uma das fontes de ener- gia mais limpas que existe, e o açúcar é a base de nossa cadeia alimentar. É inadmissível que não sejam mais valo- rizados do que já o são. Revista Canavieiros: Para você, a agricultura energética será um dos prin- cipais fatores para impulsionar o desen- volvimento do setor sucroenergético? Guilherme Nastari: A agricultura energética complementa a agricultura alimentar e aumenta a segurança do abastecimento de alimentos no mundo, ao permitir uma maior capitalização do campo. A produção de cana para fins energéticos, que ocupa uma área cultivada relativamente pequena, é um exemplo desta integração. Revista Canavieiros: A seguran- ça alimentar será um dos assun- tos debatidos no GAF 2016. De um modo geral, você acha que os gover- nantes compreendem a importância da segurança alimentar? Guilherme Nastari: Alguns países têm esta preocupação no cerne de suas políticas públicas. É o caso da China e da Índia, que têm populações volumo- sas e com demanda crescente por ali- mentos, com uma mudança no padrão de consumo. Revista Canavieiros: Cada vez mais, jovens se destacam na agroin- dústria. Essa é uma tendência que be- neficia o agronegócio? Guilherme Nastari: Sem dúvida. Jovens têm encontrado na agricultura e no agronegócio motivação para suas carreiras, trazendo sangue novo, com muitas ideias, mudança de conceitos, vigor e visão inovadora. Os jovens são a alavanca transformadora da agricultu- ra do amanhã. Revista Canavieiros: Para manter a rentabilidade, o setor será obrigado a agregar mais valor à produção, dizem especialistas. No caso do Brasil, isso é possível? Afinal, exportar somente pro- dutos primários é tão prejudicial assim? Guilherme Nastari: O ideal é sem- pre agregar mais valor à produção pri- mária. O Brasil e muitos outros países estão caminhando nesta direção. É melhor exportar frango do que milho, já que o frango é um bushel de milho ambulante. Melhor ainda é aumentar o valor agregado do frango com cortes diferenciados e atendimento de exigên- cias e idiossincrasias (peculiaridades) locais. Isso vale para qualquer produto. A transformação de alimentos em pro- dutos de alto valor é a nova fronteira a ser desvendada. Obviamente, isso vale também para o açúcar e o etanol. A sacarose é a molécula básica para uma serie de rotas de transformação in- dustrial que geram muito valor. O etanol também. É preciso pensar fora da caixa, para que, no final das contas, o produtor seja cada vez mais valorizado.RC
  • 18. Revista Canavieiros - Junho de 2016 18 Ventos favoráveis e oportunidade de colocar a casa em ordem Guilherme Melo* Guilherme Melo O setor sucroenergético se viu, nos últimos anos, em meio a uma das piores crises de sua história, com consequências traumáticas para toda a cadeia, levando uma parcela considerável de usinas e fornecedores a condições financeiras bastante preocu- pantes. Estimativas da UNICA (União da Indústria de Cana-de-açúcar) indicam que, desde 2007, aproximadamente 70 usinas fecharam as portas na região Cen- tro-Sul, e a situação para os fornecedores não parece ser muito diferente. Essa crise foi desencadeada por vá- rios fatores, dentre os quais, do lado da receita, destacam-se as quedas signifi- cativas dos preços do açúcar na esteira dos consecutivos excessos de produção no mercado global e também o congela- mento dos preços de combustíveis alia- do à redução da CIDE (Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico). No tocante aos custos, o impacto veio das quedas de rendimentos agrícolas causados pelas adversidades climáticas e pelo desafiador avanço do processo de mecanização de plantio e colheita. No entanto, a boa notícia é que os ventos já começam a soprar favoravelmente para o setor nos próximos anos. Quanto ao açúcar, após cinco anos consecutivos de excesso de oferta do produto no mercado o que levou os es- toques globais a acumularem cerca de 38 milhões de toneladas, o cenário já aponta para um déficit na relação en- tre produção e consumo no ano safra corrente, mesmo diante do aumento da produção no Brasil. As estimativas variam de consultoria para consultoria, mas a média das projeções acena para algo ao redor de 6 milhões de toneladas. Isso deve ocorrer como resultado dos problemas climáticos na Índia e na Tai- lândia – dois dos principais produtores globais de açúcar – diante dos efeitos do El Niño, e da redução na produção europeia e chinesa, dois dos principais importadores globais. O consumo glo- bal, por sua vez, tende a seguir cres- cendo ao redor de 2% ao ano e também contribuirá para o déficit. Para o ano safra global 2016/17 (set/ out), o panorama é de mais um ano de déficit, o que deve levar as relações estoque/consumo para níveis simila- res aos da safra 2009/10 e 2010/11. De fato, apesar de no mercado existirem expectativas de que um possível au- mento da produção de açúcar no Bra- sil e na União Europeia compensará outro ano de provável queda de oferta da Índia e da Tailândia, o crescimento do consumo deve levar o mercado para mais um ano de excesso de demanda frente à produção. Vale ressaltar que as condições climáticas e as taxas de re- novação do canavial terão papel crucial na definição do potencial aumento de produção de açúcar no Brasil. Diante disso, a combinação entre pre- ços futuros na bolsa de Nova York e taxa de câmbio indica valores a serem obtidos pela venda do açúcar em níveis bastante superiores aos das safras anteriores. Na semana do dia 23/05, por exemplo, os preços do açúcar negociados na ICE, convertidos em reais, para os contratos de julho e outubro de 2016 oscilavam ao redor de R$1.400/tonelada. Para os me- ses referentes à safra 17/18, o valor mé- dio ficou ao redor de R$ 1.500/tonelada. Em relação ao etanol, o mercado já começou a se mostrar ligeiramente mais favorável no ano passado, benefi- ciado pelo aumento da mistura do ani- dro na gasolina de 25% para 27%, pela volta parcial da CIDE sobre a gasolina e pelo aumento do diferencial de ICMS entre o combustível fóssil e etanol em importantes estados consumidores. Em 2015, o consumo total de etanol foi 20% superior ao do ano anterior, sendo que a demanda pelo hidratado cresceu 37% no mesmo período. Para 2016, a perspectiva para o con- sumo de combustíveis não é das mais Ponto de Vista I
  • 19. Revista Canavieiros - Junho de 2016 19 Ponto de Vista II RC RC promissoras, tendo em vista a fragilida- de da economia brasileira. No acumula- do do ano até abril, a demanda por com- bustíveis de Ciclo Otto caiu 2% sobre 2015, e, no caso do hidratado, a redução foi de 13%, muito influenciada pelos elevados preços na entressafra (piora da paridade com a gasolina). Ainda que esperemos que o consumo por hidrata- do já tenha voltado a crescer no mês de maio sobre as médias do início do ano, diante da desvalorização das cotações do produto, o consumo total do ano deve oscilar ao redor ou até um pouco abaixo do que foi observado em 2015. Mesmo assim, a melhor remuneração do ATR para o açúcar sugere um preço sombra maior pelo etanol, possibilitan- do uma precificação média melhor por esse combustível em 2016. Não se pode descartar também a possibilidade de um novo aumento da CIDE, o que abriria a possibilidade para uma provável eleva- ção do etanol, e o que poderia compen- sar perdas de competitividade com o fim do crédito presumido de PIS/Cofins. É nesse contexto que a situação do se- tor sucroenergético tende a voltar a me- lhorar e, consequentemente, a dos forne- cedores de cana. De acordo com nossas estimativas, preços do ATR no acumula- do da safra acima de R$0,60/kg de ATR já voltam a propiciar margens bem su- periores às observadas nos últimos anos. Além disso, o risco de crédito, ou seja, de pagamento pelo volume de ATR en- tregue à usina, também deverá cair. Essa expectativa de melhora de mar- gens e o alívio que isso trará ao bolso do produtor devem abrir uma boa opor- tunidade de “colocar a casa em ordem”. Isso significa voltar a investir na reno- vação de canaviais e a adotar práticas agronômicas e tecnologias de ponta, visando sempre a elevar os níveis de produtividade e, portanto, a eficiência da operação. O reflexo disso será a me- lhora da competitividade do fornecedor, tornando-o mais forte para enfrentar períodos de “vacas magras” que podem assolar o setor no futuro. *analista sênior na Diretoria de Produtores Rurais do Itaú BBA Agora vamos para o século XXI Coriolano Xavier* Coriolano Xavier D ê no que der a questão do im- peachment daqui a 166 dias, toda a fervura política para a organização de uma nova governan- ça brasileira já provocou um resultado positivo: a discussão da estratégia co- mercial brasileira no exterior, que, nos últimos 10 a 15 anos, priorizou as “re- lações Sul-Sul”, dando peso maior aos países emergentes (além do Mercosul). Muitos acham que foi um equívoco, pois teria impedido o país de avançar em acordos multilaterais com os polos mais dinâmicos da economia mundial – uma tendência que marcou o comércio global na última década, com o impasse das negociações no âmbito da OMC – Organização Mundial do Comércio. Tanto é que, nesse período, flores- ceram vários pactos multilaterais de comércio em todos os continentes, até o recente e gigante Tratado Transpací- fico, entre EUA, Japão e mais dez paí- ses (2015), envolvendo economias que representam cerca de 40% da produção mundial. Foram cerca de 80 Acordos Internacionais Preferenciais de Comér- cio desde 2005 e, de um modo geral, o Brasil esteve fora desse jogo, apesar de ser uma das grandes potencias do mun- do. Pior: os países com os quais temos acordos representam somente cerca de 10% do comércio mundial. Agora, parece que esse tema voltou à pauta e já se falam em estratégias para se fortalecerem exportações, por meio de acordos comerciais com os principais mercados do mundo. Uma boa notícia é que o agronegócio engaja-se nesse debate com fé e atitude. Apesar do pro- tagonismo atual do Brasil no comércio internacional de produtos agropecuários, o setor ainda pode construir muito em termos de oportunidades em novos mer- cados e integração nas cadeias globais de produção alimentar e de fibras. Não vamos ter ilusões: em todo o mundo, o Brasil é visto como potência do agronegócio. Portanto, o país não terá vida fácil em negociações globais como a OMC. De outro lado, o Brasil é, ao mesmo tempo, um parceiro rele- vante e pode buscar oportunidades e alianças estratégicas em todo o globo. E não se pode pensar pequeno em uma hora dessas. Claro que é fundamental crescer e rentabilizar o comércio bra- sileiro de commodities agropecuárias, pois temos uma expertise única nisso, mas também é preciso “descomoditi- zar” e comercializar produtos e serviços de valor agregado, como mostram casos bem-sucedidos como o da rede Giraffas (fast food e casual food) nos Estados Unidos. Ou o exemplo da Agropecu- ária AH, que produz café com certi- ficação internacional, conferindo um diferencial de origem ao seu produto, que hoje está abastecendo diretamente clientes europeus. Sem falar das opor- tunidades em inteligência agropecuária tropical, como uma EMBRAPA ou um pequeno CEA-IAC, cuja expertise em avaliação de equipamentos para prote- ção de cultivos já cruzou o Atlântico. Esses são apenas alguns exemplos. O agronegócio tem muitos outros e pode ampliar o seu papel de protagonis- ta também sob esse novo olhar para o nosso comércio internacional. Afinal, o país é o segundo maior player do co- mércio agrícola mundial (atrás apenas dos EUA) e tem muito a dar (e a ga- nhar) em uma real estratégia multila- teral de comércio exterior. Em política comercial, o Brasil precisa entrar defi- nitivamente no século XXI. *Vice-Presidente de Comunicação do CCAS (Conselho Científico para Agricul- tura Sustentável), professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM.
  • 20. Revista Canavieiros - Junho de 2016 20 RC Fundamentos dão o tom Arnaldo Luiz Correa* Arnaldo Luiz Correa O mercado de açúcar reagiu forte- mente às notícias de seca na Tailân- dia, com redução na produção de açú- car daquele país, bem como a menor produção também na Índia, que con- serva sua vocação de swing trader, ou seja, o papel daquele participante que ora é um exportador do produto, ora é importador, como parece ser o caso neste ano. Globalmente, os fundamentos do açúcar há muito são construtivos. Com grande intensidade, eles se refletem nos preços negociados da commodity na bolsa de Nova York, ajudados pelos fundos não-indexados que possuem uma posição comprada equivalente, em toneladas, a um volume bem maior do que as exportações brasileiras no período de seis meses. E o que são esses fundos não- -indexados? São aqueles fundos que não são atrelados a nenhum índice (como o CRB, por exemplo, que é uma espécie de Índice Bovespa das Commodities) e que objetivam uma rentabilidade atrativa aos seus co- tistas, que podem ser outros bancos com produtos em suas carteiras, a viúva de Ioha, o publicitário de São Francisco, o dentista de Minneapo- lis, o advogado de Nova York. Pelos valores do início do mês de junho, os cálculos da Archer Consulting mos- travam que os fundos apresentavam um lucro não-realizado surpreenden- te de US$ 1 bilhão. Voltando aos fundamentos, o cres- cimento mundial do consumo de açú- car está em torno de 1.9%, enquanto a produção avança anualmente cer- ca de 1.6%. Ou seja, a cada ano que passa, existe um descompasso entre a produção e o consumo de cerca de 500.000 toneladas. Além disso, fenô- menos meteorológicos (El Niño, La Niña), retração da economia, mudan- ça de políticas, para citar alguns, são fatores que fazem essa discrepância aumentar ou diminuir. Este ano, por exemplo, o mundo deve assistir a um déficit de açúcar (diferença entre a produção e o consumo) em tor- no de 4.7 milhões de toneladas. Alguns analistas colocam esse déficit acima de 7.5 milhões de toneladas. E a situação vai continuar no próximo ano também. Aqui no Brasil, a produção de cana está estagnada. Nos últimos anos, te- mos ficado em torno de 600-620 mi- lhões de toneladas no Centro-Sul, com o canavial envelhecendo. Mas é im- portante observar que vamos precisar de muita cana nos próximos anos. Por exemplo, mesmo com a queda brusca na venda de veículos leves em mais de 25%, o consumo de combus- tível em gasolina equivalente nos úl- timos doze meses (maio de 2015 até abril de 2016) foi de apenas 1.11%, talvez embalado pelo fato de os bra- sileiros terem optado mais por viagens domésticas e terrestres durante o pe- ríodo de férias de verão. No entanto, se projetarmos essa mesma estagnação para os próximos cinco anos (sim, há um exagero em achar que vamos ficar na lama por um período tão grande), o crescimento inercial de consumo de combustíveis, se admitido que o per- centual de veículos leves que hoje uti- lizam o etanol irá se manter, o Brasil vai precisar crescer sua produção atual em 50 milhões de toneladas de cana. Isso apenas para o etanol. E o açúcar? Se admitirmos que o consumo interno se mantenha inalte- rado e que o Brasil continuará tam- bém mantendo sua atual participação no mercado internacional, teremos a necessidade de outras 70 milhões de toneladas de cana. Ou seja, em cinco anos, vamos precisar crescer 120 mi- lhões de toneladas de cana apenas para atender ao quadro que está aí. Esse vo- lume não contempla um eventual au- mento de market share, não vislumbra recuperação na venda de veículos le- ves, nem na recuperação da economia até a longínqua safra de 2020/2021. Cento e vinte milhões de toneladas de cana equivalem a vinte e quatro no- vas usinas produzindo/moendo cinco milhões de toneladas de cana, cada uma, com investimentos que podem variar entre 25-35 bilhões de reais. Quem se atreveria, hoje, a investir num setor em que 55% da matéria-pri- ma se destina a um produto cuja for- mação de preço inexiste? Há a necessi- dade imperiosa de que o governo torne transparente a formação de preço da gasolina, que deve refletir os preços negociados no mercado internacional, possibilitando, assim, a criação de instrumentos derivativos que permi- tam aos produtores – via a paridade de 70% que o etanol tem em relação à gasolina – fixar preços, limitar per- das, travar rentabilidade. Sem trans- parência, dificilmente teremos novos investimentos. E sem investimentos, a equação de oferta e demanda mun- dial de açúcar fica comprometida. Por isso, também, é que os preços interna- cionais reagem fortemente. *Sócio-Diretor da Archer Consulting Ponto de Vista III
  • 21. Revista Canavieiros - Junho de 2016 21
  • 22. Revista Canavieiros - Junho de 2016 22 O que acontece com nosso agro? Pois é...Algo que, de certa forma, acertei aqui no nosso espaço era uma possível reação dos preços das commo- dities. Uma ligeira tosse na oferta fez com que tivéssemos altas expressivas no açúcar, na soja, no milho, no suco de laranja. O café e o algodão subiram um pouco menos. Apenas trigo e cacau não estão recuperando. Índice de preços da FAO em junho atinge o maior nível des- de outubro de 2015 e cresceu 2,2% em relação a maio. Recuperação de preços! Soja e milho têm pela frente um semestre interessante, pois os preços computam safras gigantes nos EUA(em andamento) e com quaisquer problemas climáticos podemos ter altas expressi- vas, a se acompanhar. Será nervoso. Outra notícia boa que vem dos EUA é em relação à política para o etanol. A nova meta proposta pela EPA (Environmental Protection Agency) eleva em 700 milhões de galões o con- sumo para 2017 (sempre comparando com 2016). Destes, 300 milhões são para o milho (chegando já em 99% do autorizado máximo de 15 bilhões de galões) e 400 milhões para a categoria onde se enquadra o etanol de cana. Tam- bém há crescimentos para o biodiesel e para o etanol celulósico, bem menores. Ou seja, estímulo para a agricultura ge- rar mais produção de biocombustível. O que acontece com nossa cana? Termino esta coluna (08/06) de- baixo de chuva em Ribeirão Preto. Não me lembro de ter um junho com este volume de água concentrado em tão pouco tempo. Está atrapalhando a co- lheita e os embarques no porto e fez os preços do açúcar tocarem os 20 cents/ libra peso em alguns momentos. Quem diria... Ainda bem que a safra vinha com grande rendimento. Na primeira quin- zena de maio, processou-se 38% a mais que no mesmo período do ano anterior. Desde o início da safra até a primeira quinzena de maio, haviam sido proces- sados 108,5 milhões de toneladas, um crescimento de 57,7% em relação a 2015. Foram produzidos 5,3 milhões de toneladas de açúcar, 98,5% a mais que 2015, e 4,4 bilhões de litros de etanol, quase 50% a mais. Cerca de 57,2% da cana foi para etanol. Esta vantagem no processamen- to em relação à safra 2015/16 foi for- temente corroída na segunda quinzena de maio e primeira de junho, devido à incrível intensidade de chuvas. E as previsões davam inverno seco... São Martinho encerra a safra 2015/16 com receita 20% maior, de R$ 2,8 bilhões, e lucro líquido de R$ 194,3 milhões. Boa operação, boa gestão co- mercial e boa agrícola trazem resultados. O que acontece com nosso açúcar? Conseguimos 170% a mais de ex- portações nos dois primeiros meses da safra 2016/2017. A exportação no final de maio voltou a remunerar mais que o mercado interno, o que é um bom sinal para escoamento de produtos e de cana. Datagro prevê aumentarmos em 12,5% nossas exportações nesta safra, chegando a 27 milhões de toneladas. Devido ao El Niño, produção da Tailândia deve cair 14% na safra 2015/16 (ficará em 9,5 milhões de to- neladas). Produção na Índia deve cair também 10%. Mercado interno permanece com preços médios de R$ 76/saca. União Europeia tem chances de abrir o mercado para importação de mais 300 mil toneladas de açúcar, para evitar escassez e possível alta de preços devido aos problemas de clima na Ásia. O Brasil tem autorização para exportar 600 mil toneladas/ ano (OMC). Há receio de queda dos preços após 2017, devido a um provável estímu- lo à produção trazido por preços maiores em 2016, os subsídios dados na Tailân- dia e Índia para aumento da produção e o aumento da produção europeia. O consumo mundial é de 180 mi- lhões de toneladas; destas, cerca de 50 milhões são importadas por parte destes consumidores. Este é o volume transa- cionado mundialmente. As chuvas de maio e junho estão atrasando os embarques. Existia um milhão de toneladas de atraso em San- Coluna Caipirinha Marcos Fava Neves* Caipirinha São as águas de junho fechando o verão e trazendo o açúcar para perto do vintão
  • 23. Revista Canavieiros - Junho de 2016 23 tos na primeira quinzena de junho. Isso também aumenta os custos portuários e dos navios (multas diárias podem che- gar a US$ 20 mil). A trading OLAM (em entrevis- ta do chefe de operações de açúcar) estima o déficit de 2016/17 (outubro a setembro) em 7 milhões de toneladas. Acreditam-se em preços acima dos 20 cents/libra peso. Credita-se parte im- portante do déficit à questão climáti- ca da Índia, que perdeu quase 10% da produção. Há expectativa em relação às próximas monções; se forem fracas, a produção pode cair para 20 milhões de toneladas. Para a OLAM, a Tailândia deve produzir 10 milhões de toneladas, e a União Europeia cerca de 15,5 mi- lhões de toneladas, colocando 2,5 mi- lhões no mercado internacional. A Archer Consulting estima que 80% do açúcar que será exportado no ciclo 2016/17 pelas usinas brasileiras já foi fixado a um preço de R$ 1.219/tone- lada. O preço médio foi de 14,11 cents, sensivelmente abaixo dos praticados em 08/06 (19 cents/libra peso), mas o câmbio, por outro lado, foi de R$ 3,76, também melhor que o de quando termi- nei esta coluna, em 08/06 (R$ 3,45). O que acontece com nosso etanol? Preçosdohidratadovêmsubindonas Usinas, já se aproximando de R$ 1,50/l. É o reflexo da chuva e do grande aumento no preço do açúcar. Deve se firmar. Mesmo um consumo de hidrata- do mais baixo que o verificado no ano anterior tem sustentado os preços, devi- do a um problema da oferta menor. Segundo estudo feito por Alfred Szwarc, consultor da UNICA, cerca de 352 milhões de toneladas de CO2 dei- xaram de ser lançadas no ar, graças ao uso do etanol, desde 2003. Este volume é maior que as emissões feitas em 2014 por Argentina (190 milhões t), Peru (53,1 milhões t), Equador (35,7 milhões t), Uruguai (7,8 milhões t) e Paraguai (5,3 milhões t). Outra boa notícia para o etanol é a presença de Pedro Parente na Presi- dência da Petrobrás, por ser uma pessoa com grande conhecimento do setor su- croenergético. Volto a comentar com o leitor da nossa Caipirinha... produção de cana estagnada em 620 milhões de to- neladas, usinas operando no limite das suas capacidades, safra mais açucarei- ra neste e no próximo ano, estrutura de importação de petróleo e gasolina no limite, investimentos da Petrobrás cain- do, preço do petróleo voltando a US$ 50 o barril, com viés de alta, e mais 2 milhões de novos carros flex no merca- do... Levanto a lebre do grave problema de abastecimento de combustíveis no Brasil ainda neste ano (se bem que ali- viado pela crise), mas, com certeza, nos próximos anos, se retomarmos o cres- cimento econômico. Este problema de abastecimento terá que ser regulado via preços mais altos, quando poderia ser regulado com choque de oferta de mais 40 a 50 novas usinas, tendo sido feitas desde 2008. Perdemos todos! Quem é o homenageado do mês? Todos os meses, nossa coluna traz uma singela homenagem a alguém que sempre contribui com o agronegócio e com a cana. Neste mês, o homenageado é o Prof. Dr. Hugo Ghelfi Filho, do Dep- to. de Engenharia da ESALQ, que fale- ceu em maio. Uma grande pessoa com uma vida completa dedicada à educação e à formação de milhares de Engenhei- RC ros Agrônomos, muitos labutando na cana-de-açúcar. Siga em paz, Professor Hugo, cumprindo missão vitoriosa. Haja Limão O Governo Michel Temer co- meça muito bem na economia, com um time de craques – e isso importa mui- to –, e também nas estatais, colocando gente que terá que fazer uma verdadeira assepsia, como é o caso de Pedro Paren- te na Petrobras. Recebi esta mensagem, que replico na íntegra: “A gigante Saudi Aramco, da Arábia Saudita, a maior pe- trolífera do mundo, produz um de cada oito barris de petróleo do planeta, está avaliada em R$ 6,5 trilhões e tem 65 mil funcionários. A Petrobras, que nem chega perto da Aramco em produção de petróleo, está avaliada no mercado em cerca de R$ 60 bilhões, se tanto, e paga salários a 249 mil pessoas, das quais 84 mil são concursadas e 165 mil terceiriza- das.Ainformação é do colunista Cláudio Humberto, do Diário do Poder. A Shell, a Exxon e a British Petroleum, outras gigantes do petróleo, empregam juntas 262.000 pessoas, 13 mil a menos que a Petrobras. Pedro Parente terá um baita desafio: a Petrobras opera 7 mil postos no mundo; a Shell tem 44 mil, mas lucra trinta vezes mais. Mesmo depois de cor- tar 30 mil funcionários e colocar mais 12 mil na fila da demissão voluntária, a Pe- trobras ainda tem 84 mil concursados”. Para terminar, com desemprego oficial passando de 11,2%, a pior taxa da série histórica, vem uma coisa inte- ressante: quem diria... Coube justamen- te ao PT, o Partido dos Trabalhadores (que, na minha visão, deveria ser cha- mado de Partido dos Sindicalistas dos Trabalhadores), promover a maior des- truição de trabalho já vista na história deste país. O PT destrói o T. E aquele senador do Rio de Janeiro, ex-presiden- te da UNE, acredita que isso já é fruto do Governo Temer... Haja limão. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Câmpus de Ribeirão Preto. Em 2013, foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) e desde 2006 é Professor Visi- tante Internacional da Universidade de Buenos Aires e Membro do Conselho da Orplana. Arquivopessoal
  • 24. Revista Canavieiros - Junho de 2016 24 O Laboratório de Solos Coperca- na passou a pertencer à Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios, já que foi recentemente acreditado pela Coordenação Geral de Acreditação do INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia –, autarquia federal vincula- da ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.Aacredi- tação é um credenciamento concedido pela Coordenação Geral de Acreditação do INMETRO e significa que o Labo- ratório possui competência, com base nos requisitos da Norma Internacional ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 – Re- quisitos gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração, que, daqui para a frente, chamaremos simplesmente de ISO 17025. A acreditação do Laboratório de Solos Copercana aplica-se aos ensaios básicos de fertilidade de solo. Esses en- saios consistem em três grandes etapas importantes: ● a amostragem, atividade de coleta das amostras de solo realizada no campo; ● a preparação das amostras, realiza- da no laboratório; ● a análise química, realizada no la- boratório. Como os profissionais do setor sa- bem, o resultado desses ensaios são propriedades do solo, na maioria dos casos concentrações de macro e micro- nutrientes. O processo de ensaio é bas- tante complexo, consistindo de muitas etapas e envolvendo equipamentos de alta tecnologia, técnicos especializados, reagentes analíticos, padrões certifica- dos e metodologia de ensaio. Por isso, apresenta muitas oportunidades para erros, desde a amostragem até a conclu- são da análise química. É muito difícil, portanto, obter confiabilidade dos re- sultados, o que só é possível através de um Sistema de Gestão do Laboratório que cumpra todos os requisitos da ISO Lauro José Oliveira de Andrade - Consultor* Laboratório de solos Copercana é certificado pelo INMETRO Notícias Copercana 17025. A acreditação somente é conce- dida quando um laboratório atende a todos esses requisitos e significa que o laboratório tem competência e alta con- fiabilidade nos resultados apresentados. Além disso, os requisitos da ISO 17025 não se limitam à simples confiabilidade dos resultados, mas abrangem também satisfação dos clientes, atendimento de suas reclamações, cumprimento de prazo de entrega de resultados e outros aspectos sobre as necessidades e expec- tativas dos clientes. Aacreditação é, portanto, um diferen- cial importantíssimo do Laboratório de Solos Copercana. Seus clientes podem obter os resultados no prazo acordado e confiar nos valores apresentados. Para alcançar o objetivo da acredita- ção, o Laboratório de Solos Copercana percorreu um longo caminho, através do Projeto de Desenvolvimento e Imple- mentação de um Sistema de Gestão de acordo com os requisitos da ISO 17025. Esse projeto teve início no segundo se- mestre de 2013 e contou com o suporte da empresa de consultoria SOLUGEST. As principais etapas foram as seguintes: ● Treinamento da gerência e do pes- soal do laboratório em Sistema de Gestão de Laboratórios conforme a ISO 17025. ● Desenvolvimento do Sistema de Gestão do Laboratório – elaboração do Manual da Qualidade e dos Procedi- mentos Documentados. ● Treinamento do pessoal técnico em Determinação de Incerteza de Me- dição e Validação de Métodos. ● Desenvolvimento do Sistema de Gestão do Laboratório – implementa- ção prática dos procedimentos. ● Treinamento dosAuditores Internos. ● Realização da primeira auditoria interna do Sistema de Gestão. ● Solicitação da acreditação ao INMETRO. ● Avaliação inicial de acreditação pela Equipe Avaliadora da CGCRE (Coordenação Geral de Acreditação) do INMETRO. Para manter a acreditação ao longo do tempo, o Sistema de Gestão ISO 17025 do Laboratório de Solos Coper- cana passará por reavaliações periódi- cas de acreditação pela Equipe Avalia- dora da CGCRE do INMETRO. Para manter o Sistema de Gestão ISO 17025, as atividades do laborató- rio deverão ter continuidade sempre. Dentre essas atividades, destacam-se as seguintes: ● manutenção do procedimento de controle dos procedimentos e docu- mentos do Sistema de Gestão; ● manutenção do procedimento de análise crítica dos pedidos de ensaio dos clientes, antes de sua aceitação, para assegurar que temos condições de executá-los; ● manutenção do procedimento de Lauro José Olivei- ra de Andrade
  • 25. Revista Canavieiros - Junho de 2016 25 aquisição de suprimentos e serviços que afetam a qualidade dos ensaios e que podem afetar a validade dos resul- tados, incluindo qualificação e avalia- ção dos fornecedores e verificação dos itens adquiridos; ● avaliação periódica do nível de sa- tisfação dos clientes; ● atendimento às reclamações de clientes; ● manutenção do procedimento de ação corretiva e ação preventiva, para prevenir a repetição ou a ocorrência de não-conformidades, problemas ou situ- ações indesejadas; ● manutenção do procedimento de controle dos registros da qualidade e dos registros técnicos; ● realização de auditorias internas periódicas do Sistema de Gestão; ● realização de análises críticas pe- riódicas do Sistema de Gestão pela ge- rência do Laboratório, para assegurar a sua contínua adequação e eficácia; ● manutenção do procedimento para assegurar as competências necessárias dos colaboradores cujas atividades te- nham influência sobre a qualidade dos serviços executados; ● controle das condições ambientais do laboratório e controle de acesso de pessoas externas; ● manutenção dos procedimentos de operação de equipamentos e dos pro- cedimentos contendo a metodologia de ensaio, incluindo amostragem, prepara- ção de amostras e análise química; ● manutenção e calibração periódica de equipamentos; ● manuseio, armazenamento e iden- tificação adequados das amostras; ● controle da qualidade interno dos ensaios, por exemplo, através da inclu- são de um material de referência de va- lor conhecido em cada lote de amostras; ● controle da qualidade externo dos ensaios, por exemplo, através da par- ticipação em ensaios de proficiência (programas interlaboratoriais), ● verificação da consistência dos dados e emissão do Boletim de Análise Química de Solo. Por tudo isso, os clientes podem ficar tranquilos ao adquirirem os serviços do Laboratório de Solos Copercana, pois terão a certeza de receberem resultados confiáveis dentro do prazo acordado. Vale lembrar, ainda, que a acredi- tação é obrigatória para os resultados a serem entregues à CETESB junto do Plano de Aplicação de Vinhaça e a acreditação do Laboratório de Solos Copercana contempla todo o processo de ensaio, inclusive a amostragem. A acreditação do Laboratório de Solos Copercana, no catálogo on-line da Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios, pode ser consultada através do seguinte link: http://www.inmetro.gov.br/laborato- rios/rble/detalhe_laboratorio.asp?nom_ apelido=COPERCANA.RC
  • 26. Revista Canavieiros - Junho de 2016 26 C om a proposta de disseminar informações importantes para o dia-a-dia dos produtores e também de fortalecer a Associação, a Canaoeste vem realizando um ciclo de reuniões técnicas em que gestores da entidade, palestrantes renomados e empresas parceiras se unem para levar conhecimentos aos associados. As atividades tiveram início no dia 14 de abril, na cidade de Pontal-SP, reunin- do mais de 60 fornecedores. Já em 4 de maio, cerca de 110 produtores marcaram presença na reunião em Viradouro-SP e, seguindo a programação, no dia 18 de maio, a cidade de Descalvado, no inte- rior de São Paulo, foi sede do encontro. O evento foi promovido em parceria com a empresa Yara Fertilizantes e con- tou com a presença de aproximadamente 80 fornecedores da região. Na abertura, o gestor corporativo da associação, Almir Torcato, explanou sobre as novas diretrizes da entidade, que vem passando por um processo de reestruturação desde o final de 2015, bem como as projeções de safra, preços e mercado futuro. Torcato também co- mentou sobre o feedback positivo que a Canaoeste vem recebendo dos asso- ciados por meio das pesquisas de satis- fação, respondidas durante as reuniões. “Não tenho dúvidas de que as reuniões Fernanda Clariano Trilhando uma nova filosofia, com encontros mais dinâmicos, a Canaoeste (Associação dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo) espera estar mais próxima do produtor e atender suas demandas Associados de Descalvado participam de ciclo de palestras técnicas Notícias Canaoeste técnicas estão se desenhando de ma- neira muito satisfatória, tendo em vista os resultados positivos que estamos re- cebendo por meio das pesquisas. Essa participação do público é o resultado de uma equipe ativa, engajada e é mui- to bom saber que estamos atendendo às expectativas dos nossos associados. É ouvindo-os que iremos melhorar e trazer os assuntos demandados e é por meio desse modelo de aproximação e gestão que colheremos bons frutos”. PARCERIA A empresa Yara Fertilizantes, por meio da engenheira agrônoma Lívia Tiraboschi, falou sobre as novas tec- nologias para a área de nutrição de plantas e as vantagens agronômicas de se utilizarem fertilizantes. Na oportu- nidade, ela apresentou os passos para se obter uma boa fertilidade do solo e também explanou sobre as caracterís- ticas agronômicas das linhas YaraMila (NPK no mesmo grânulo) e YaraVita (micronutrientes para tratamento de to- letes e aplicação foliar). A profissional ainda comentou sobre a parceria com a associação no evento. “Para a Yara, a parceria com a Canaoeste representa um canal de comunicação que nos apro- xima dos produtores, pois nossa missão é a mesma: levar mais conhecimento e tecnologia aos produtores rurais”. 12ª FEIRAAGRONE- GÓCIOS COPERCANA Outro ponto interessante no encontro foi a apresen- tação do engenheiro agrô- nomo da Copercana, Murilo Falco de Souza, que, na oca- sião, divulgou e convidou os presentes a prestigiarem a 12ª Feira Agronegócios Co- percana – feira de máquinas, equipamentos e agroquími- cos, direcionada aos cooperados do Sis- tema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred –, que acontece em Sertãozi- nho-SP entre os dias 21 e 24 de junho. O agrônomo aproveitou para falar sobre a importância do evento e da necessi- dade da participação dos associados e cooperados, por se tratar de uma boa oportunidade de negociação. Outra preocupação da Canaoeste é auxiliar o produtor em seus processos produtivos, na implementação de novas culturas agrícolas e no aperfeiçoamento de suas técnicas de produção. Para isso, oferece eficiente orientação técnica, por meio de sua equipe de engenheiros agrônomos e técnicos, que dão supor- te ao associado nas suas necessidades. Dentre os seus profissionais, está o en- genheiro agrônomo Breno Souza, res- ponsável pela filial de Descalvado há três anos, onde sua principal atividade é auxiliar os associados nas recomen- dações de herbicidas, variedades, siste- matização de áreas, preparo de solo, co- lheita, levantamento de pragas e perdas, mapas, enfim, todo o suporte desde o planejamento até a colheita. “Conside- ro essas reuniões técnicas de fundamen- tal importância aos nossos associados, pois, com esses encontros, eles conse- guem estar mais juntos à Associação e também se manter atualizados no setor canavieiro”, afirmou o agrônomo.RC
  • 27. Revista Canavieiros - Junho de 2016 27 Membros dos conselhos da OCESP (Organização das Cooperativas do Es- tado de São Paulo) e SESCOOP (Ser- viço Nacional de Aprendizagem do Co- operativismo do Estado de São Paulo), entre eles Manoel Carlos de Azevedo Ortolan, diretor superintendente da Co- percana e presidente da Canaoeste, par- ticiparam do SEMINTER COOP2016 - Seminário Internacional do Coopera- tivismo -, realizado no dia 23 de maio, no auditório da Embaixada do Brasil, em Lisboa, Portugal. Com explanação de representantes de cooperativas da Alemanha, de Por- tugal e da Itália, o evento é considerado uma ferramenta de intercâmbio cultural e de conhecimento do mercado interna- cional e visa a proporcionar aos partici- pantes a experiência de outros cenários, outras realidades e de outros modelos de cooperativismo, como também ofe- recer aos dirigentes brasileiros conteú- do sobre o funcionamento da instituição relacionado ao setor, os métodos, a ges- tão e os avanços entre outros temas. A programação do seminário contou com palestra de Stefan Daferner, di- retor de Projetos da ADG - Academia Andréia Vital Evento debateu o papel da cooperativa em países como Alemanha, Itália e Portugal Cooperativismo foi tema de seminário realizado na Embaixada brasileira em Lisboa Notícias Canaoeste Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste, participou do encontro das Cooperativas Alemãs -, que deu um panorama sobre as cooperativas da Ale- manha, sua história, estrutura e legis- lação. Silvia Frezza, diretora da Fede- razione Sanitá Confcooperative, falou sobre a criação da aliança cooperativa italiana e o funcionamento desta enti- dade ficou a cargo de Máximo Stronati, presidente da Federlavoro, que debateu ainda sobre energias renováveis. Já o tema “Confagri e o cooperativis- mo em Portugal” foi assunto da palestra do comendador Manuel dos Santos Go- mes, presidente do Confagri, Federação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal. E Charles Gould, CEO da ICA - Interna- tional Co-operative Alliance - abordou as propostas da Aliança Cooperativa In- ternacional para melhorar o movimento cooperativista mundial. Para Ortolan, a participação no SE- MINTER aprofunda os debates sobre como avançar nas questões de coopera- tivismo e mostra sua força e atuação ao redor do mundo. “Eventos como este nos proporcionam a troca de experiências so- bre a realidade de cada entidade e como elas enfrentam o seu dia-a-dia. Conhecer novos trabalhos e ações é sempre impor- tante para melhorias dentro da nossa as- sociação”, concluiu o executivo. RC
  • 28. Revista Canavieiros - Junho de 2016 28 S er reconhecida pela qualidade de serviços prestados e forte atua- ção na defesa dos interesses de seus associados, sendo o elo integrador do setor sucroenergético, por meio dos bons relacionamentos e da criação do senso da união entre seus associados. Com essa missão em pauta, seis me- ses após iniciar a sua reestruturação, a Canaoeste traça a sua trajetória para os próximos anos, atenta aos desafios da adequação às mudanças que o mundo globalizado propõe, com reflexões so- bre os caminhos percorridos até então, projetando, assim, a sua continuidade. A nova fase da Canaoeste, que com- pletou sete décadas de atividades no dia 22 de julho do ano passado, se deu por meio do projeto “Caminhos da Cana”, a exemplo do que foi feito na Orpla- na, que promove um trabalho de rees- truturação conduzido pela Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia da USP). Cida- des como Ituverava, Sertãozinho, Cra- vinhos, Bebedouro, Severínia, Descal- vado e Uberaba receberam a iniciativa ao longo de 2015, quando foram feitas reuniões com lideranças, empresários e associados, além de terem sido colhidas informações para a elaboração de um documento norteador para a implanta- ção de novas diretrizes. “O projeto definiu um plano de ações para a entidade, descrevendo suas dire- ções estratégicas, evitando os eventos negativos e utilizando os positivos de forma a se modernizar, crescer e prospe- rar”, explicouAlmir Torcato, gestor Cor- porativo da Canaoeste, contando que os pontos positivos destacados pelos forne- cedores durante as reuniões do “Cami- nhos da Cana” indicam a direção certa a seguir. “A Canaoeste já é respeitada pela sua atuação e por seus serviços presta- Andréia Vital Seis meses após iniciar processo de mudanças, associação avança nas ações buscando ter mais representação, oferecendo serviços de excelência ao associado Com gestão mais participativa, Canaoeste prossegue em sua reestruturação Notícias Canaoeste dos; agora iremos trabalhar as diretrizes organizacionais apontadas pelo projeto, que são: trabalho em equipe, relaciona- mento, comunicação, flexibilidade, res- ponsabilidade compartilhada e foco em solução”, explicou o gestor. Os principais pontos identificados pela consultoria foram divididos em premissas que nortearam a elaboração de projetos que serão implantados ao longo dos próximos anos, para manter a associação forte, dinâmica, estru- turada para atender às demandas dos novos tempos. As diretrizes determi- nadas indicaram 12 ações que devem ser realizadas a curto, médio e longo prazo. São elas: revisão e acompanha- mento do orçamento atual; revisão da área técnico-agronômica; comunica- ção com o associado; reaproximação e revisão da diretoria; banco de dados Canaoeste; retomada das contribuições Canaoeste; rede de serviços Canaoes- te; plataforma de educação Canaoeste; estruturação de comitês técnicos de produtores; atualização na área de pes- soas e governança e nova geração em ação e associações integradas. Segundo Torcato, já foi possível a redução significativa das despesas com um severo acompanhamento orçamen- tário; foram reorganizadas as filiais que precisavam de mudanças, iniciando-se pela de Barretos. A composição da di- retoria foi 60% renovada, com produ- tores que estão à frente do negócio e de maneira regionalizada, podendo, assim, contemplar as diferentes realidades da área de abrangência da associação. Já na comunicação, foi ajustado o modelo de reunião técnica, mais pró- ximo, mais dinâmico, com a inclusão de ferramentas de comunicação que até então eram subutilizadas, como What- sApp e redes sociais. “Criamos um mailing para o envio de informações re- levantes aos fornecedores de cana, via WhatsApp, que é um dos aplicativos mais utilizados no mundo, com mais de 600 milhões de usuários mensais ativos atualmente. Essa ferramenta possibili- ta um contato direto e dinâmico com o nosso associado e temos tido um retor- no surpreendente”, contou o executivo. A renovação das reuniões técni- cas também foi destacada pelo gestor. “Além de todos os serviços oferecidos pela associação, mostramos as ações de representatividade nas esferas munici- pais, estaduais e federais, que contem- plam defender os interesses da classe. Mais do que informar, é uma prestação de contas ao nosso associado, que pre- cisa conhecer as ações realizadas pela Canaoeste. É conhecendo o trabalho re- alizado pela nossa equipe de diretores, gestores e funcionários e a representa- tividade que conseguiremos agregar va- lor à nossa entidade”, argumentou. Outra estratégia da Canaoeste é no sentido de angariar novos associados para fortalecer e ter uma representa- ção maior junto aos órgãos governa- Almir Torcato, gestor Corporativo da Canaoeste
  • 29. Revista Canavieiros - Junho de 2016 29 mentais. Atualmente a associação tem próximo a dois mil e quatrocentos associados, em sua maioria pequenos produtores, com até 5 mil hectares plantados, que fornecem para 31 usi- nas. Na última safra, foram entregues 9 milhões de toneladas de cana-de- Manoel Ortolan, presidente da associação -açúcar - volume que deve aumentar cerca de 5% na safra 16/17. “A oportunidade de participar da construção da nova Canaoeste me dei- xou muito feliz. Fiquei honrado pelo convite, tendo em vista toda a admira- ção, a representatividade e todo o histó- rico do sr. Manoel Ortolan com o setor. É uma construção constante de todos que trabalham para o bem da nossa as- sociação e dos fornecedores de cana”, elucidou o gestor, que assumiu o cargo em janeiro deste ano. Para o presidente da associação, Ma- noel Ortolan, com a reestruturação em curso, a nova Canaoeste se prepara para enfrentar os desafios dos novos tempos do setor sucroenergético. “O principal passo foi a contratação do gestor e a rees- truturação está caminhando bem, com os projetos indicados já sendo colocados em prática. Estamos melhorando a comuni- cação com os produtores, como também, internamente, entre os diretores e funcio- nários. Demos início às reuniões técnicas, agora com uma programação diferencia- da, abordando a questão institucional e o mercado, oferecendo informações sobre a economia, o setor canavieiro e o anda- mento da safra. São assuntos de interesse dos associados, e sentimos, pelo bom pú- blico participante, que está dando certo”, comentou, ressaltando que a evolução da mudança está sendo acompanhada pelo professor Marcos Fava Neves, criador só- cio da Markestrat. Ortolan ainda citou a contratação do agrônomo Giovanni Mossin para a filial de Barretos, completando o quadro do de- partamento técnico da entidade, entre ou- tras iniciativas já realizadas desde janeiro, quando começou o processo de mudan- ças. “A próxima etapa deve ser formar as nossas regionais, mas tudo a seu tempo, pois precisamos dar os passos na hora e direção certas, para não errarmos”, con- cluiu o presidente da Canaoeste.RC
  • 30. Revista Canavieiros - Junho de 2016 30 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) -Abril/2016 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 30 de Abril de 2016.
  • 31. Revista Canavieiros - Junho de 2016 31
  • 32. Revista Canavieiros - Junho de 2016 32 Código Florestal dificuldades em sua aplicação Prezados leitores, o novo Códi- go Florestal, representado pela Lei nº 12.651/2012, está em plena vigência há mais de 4 (quatro) anos e ouso afirmar que criou o maior mosaico espacial am- biental de propriedades rurais privadas de todo o planeta, através do instrumen- to chamado CAR - Cadastro Ambiental Rural - cadastro eletrônico governa- mental em que todos os proprietários rurais são obrigados a identificar espa- cialmente os limites de seu imóvel, bem como as áreas ambientais (áreas de pre- servação permanente, reserva florestal legal, rios, lagos, etc.). O Código Florestal está sendo obser- vado e aplicado na íntegra em todos os estados da Federação. Os proprietários rurais, em um esforço sem precedentes, vêm cumprindo com seus deveres le- galmente instituídos, cadastrando seus imóveis e aguardando manifestação do órgão ambiental para eventual adequa- ção através do Programa de Regulariza- ção Ambiental. Contudo, nem tudo são flores Mesmo tendo o Novo Código Flo- restal sido aprovado por ampla maioria nas duas casas legislativas (Senado e Câmara) e sancionado pelo Poder Exe- cutivo, parcela significativa do Ministé- rio Público (promotores e procuradores de justiça) insiste em não respeitá-lo, querendo, inclusive, a declaração de sua inconstitucionalidade, através de ações ajuizadas perante o Supremo Tribunal Federal. Argumentam que (i) há retrocesso ambiental, (ii) não houve participação da comunidade científica, (iii) foi fruto de “lobby”, (iv) dentre ou- tros inúmeros argumentos, que reputo inconsistentes, haja vista que o Con- gresso Nacional debateu o assunto por mais de 12 (doze) anos, inclusive com mais de 250 (duzentos e cinquenta) au- diências públicas em todo o País. A situação se agrava quando alguns promotores de justiça ajuízam ações in- dividuais contra esparsos proprietários rurais, fazendo pedidos que não guar- dam relação com a nova lei, e, parcela considerável do Judiciário, por razões diversas, acaba acatando tais pedidos, tornando ineficazes vários dispositivos legais e impossibilitando, inclusive, que os proprietários rurais façam uso de be- nefícios previstos no Código Florestal, principalmente em áreas com explora- ção consolidadas ao longo do tempo. Não é raro, também, vermos deci- sões judiciais diametralmente opostas proferidas em casos muito semelhantes. Isso, na prática, causa um sentimento Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste de injustiça sem igual ao atingido pela decisão que lhe fora desfavorável, pois o força a cumprir obrigações que não estavam previstas no Código Flores- tal, ao passo que seu “vizinho”, com o mesmo problema, teve contra si decisão que o possibilitou cumprir as normas ambientais descritas na novel lei. Infelizmente, o Poder Judiciário, que deveria garantir o cumprimento integral da nova norma, ainda derrapa em suas interpretações variadas e contraditórias sobre o assunto, causando insegurança jurídica aos administrados, que, desne- cessariamente, são cruelmente levados ao Judiciário para impedir a aplicação da nova norma legal. ¹ “é um registro eletrônico, obrigatório para todos os imóveis rurais, que tem por finalidade integrar as informações ambientais referentes à situação das Áreas de Preservação Permanente - APP -, das áreas de Reserva Legal, das florestas e dos remanescentes de vegetação nativa, das Áreas de Uso Res- trito e das áreas consolidadas das propriedades e posses rurais do país” (www.car.gov.br)”. RC Assuntos Legais
  • 33. Revista Canavieiros - Junho de 2016 33
  • 34. Revista Canavieiros - Junho de 2016 34 “Regeneração Natural NÃO é Abandono de Área” C aros leitores, trago-lhes este assunto para informá-los que o órgão ambiental está notifi- cando os produtores rurais que estão inscritos junto ao CAR - Cadastro Ambiental Rural - solicitando algumas adequações, dentre as quais fazer lau- do técnico de revegetação das Áreas de Preservação Permanente e das áreas propostas para Reserva Legal. Como já sabemos, o CAR é obri- gatório para todos os imóveis rurais e tem como principal finalidade inte- grar as informações ambientais das propriedades e posses rurais, servindo de base de dados para controle moni- toramento, fiscalização, planejamento e combate ao desmatamento, quem realiza esse controle é o órgão am- biental competente. Portanto, com o CAR o órgão am- biental consegue visualizar o perímetro exato da propriedade, córregos, nascen- tes, área de preservação permanente, reserva legal etc assim, é possível que o órgão realize a fiscalização das proprie- dades rurais. Após realizar a fiscalização das propriedades rurais, o órgão ambien- tal emite um parecer, que é enviado ao sistema do CAR virtualmente. Neste parecer, o órgão está solicitando que sejam apresentadas e realizadas al- gumas adequações nas propriedades, como citado acima. Conforme art. 15º, item I, II e III, da Lei 12.651/2012, será admitido o côm- puto das APPs (Áreas de Preservação Permanente) no cálculo do percentu- al da Reserva Legal do imóvel, desde que: I-) o benefício previsto não impli- que a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; II-) a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ou órgão estadual competente, III-) o proprietá- rio ou possuidor tenha requerido a in- clusão do imóvel no CAR. Veja, então, que a Área de Preser- vação Permanente a ser computada na Reserva Legal deve estar CONSER- VADA ou em PROCESSO DE RE- CUPERAÇÃO. O QUE ISSO SIGNIFICA? ÁREA CONSERVADA: Área ocu- pada com vegetação nativa em: - estágio primário: grande diversidade biológica, sendo os efeitos de ações an- trópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies, ou - estágio secundário: vegetação resul- tante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vege- tação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes de vegetação primária. Caso a área conservada não este- ja classificada em estágio primário e/ ou secundário, deverá, então, estar em processo de recuperação. ÁREA EM PROCESSO DE RE- CUPERAÇÃO: de acordo com o Art. 11º, itens I, II, III e IV, da Resolução SMA 32/2014, são considerados méto- dos de restauração ecológica: I-) Con- dução de regeneração natural de espé- cies nativas; II-) Plantio de espécies nativas; III-) Plantio de espécies nativas conjugado com a condução de regene- ração natural de espécies, IV-) Plantio intercalado de espécies lenhosas, pe- renes ou de ciclo longo: exóticas com nativas de ocorrência regional. I-) Condução de Regeneração Na- tural de Espécies Nativas Técnicas que auxiliarem a coloniza- ção e o desenvolvimento dos indivíduos vegetais nativos presentes na área, inclu- sive por meio de coroamento de indiví- duos regenerantes, controle de gramíne- as e essências arbóreas exóticas, rudeais e invasoras, técnicas de nucleação, con- trole de formigas, adubação, irrigação, entre outros. Esta forma de recuperação será “assistida”, ou seja, deve-se apre- sentar ao órgão ambiental um parecer Assuntos Legais Fábio de Camargo Soldera técnico comprobatório de que está ha- vendo a regeneração natural na área e, posteriormente, a área será fiscalizada pelos técnicos do órgão ambiental. II-) Plantio de Espécies Nativas Técnicas que introduzam delibe- radamente novos indivíduos vegetais nativos na área, por meio de plantio de mudas, ramos, sementes, raízes ou quaisquer tipos de propágulos. III-) Plantio De Espécies Nativas Conjugado com a Condução de Re- generação Natural de Espécies Técnica que engloba a regeneração natural com espécies nativas e o plan- tio de espécies nativas, ou seja, no lo- cal onde a incidência de regenerantes natural é maior, pode-se optar por não realizar o plantio. Vamos supor que, em outro local, a regeneração natural não “vingue” (não seja satisfatória). Deve- -se, então, adotar o plantio de espécies nativas, assim englobando os dois mé- todos citados acima. IV-) Plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo exó- ticas com nativas de ocorrência regional Técnica que permite o plantio de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo exóticas com nativas de ocor- rência regional, desde que tenha baixo impacto ambiental e seja aprovado pelo órgão ambiental competente. Fábio de Camargo Soldera engenheiro agrônomo da Canaoeste
  • 35. Revista Canavieiros - Junho de 2016 35 Não foi citado o Abandono de Área como Processo de Recuperação. Insto porque: Abandono de Área x Regeneração Natural Área Abandonada: pode-se observar a presença de espécies invasoras Área em Regeneração Natural: pode-se observar a presença de indivíduos arbóreos nativos regenerantes Na maioria dos casos, quando se fala em Regeneração Natural, o pro- dutor rural tende a pensar que somente precisa abandonar a área, o que acaba sendo ineficaz e irregular às vistas do órgão ambiental, pois, caso a área a ser recuperada tenha sido antropizada (área cuja características originais, como solo, vegetação, relevo e regime hídri- co, foram alteradas por consequência da atividade humana) e posteriormente abandonada, ela dificilmente se regene- rará naturalmente, apenas nascerá ali capim-colonião e capim-napier. Para que haja uma regeneração na- tural satisfatória, devemos realizar to- das a técnicas necessárias (coroamento de indivíduos regenerantes, controle de gramíneas e essências arbóreas exó- ticas, rudeais e invasoras, técnicas de nucleação, controle de formigas, adu- bação, irrigação, entre outros), para que haja uma boa/ótima capacidade de regeneração. Por outro lado, sei que haverá custos ao se empregarem as técnicas elencadas acima, mas, certa- mente, o custo será menor que o plan- tio de espécies nativas. Concluo que, com a área regenerada, independentemente do método utiliza- do (Condução de Regeneração Natural de espécies nativas, Plantio de Espécies Nativas; Plantio de espécies nativas conjugado com a condução de regene- ração natural de espécies; Plantio inter- calado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo exóticas com nativas de ocorrência regional), certamente o ór- gão ambiental homologará sua Área de Preservação Permanente e/ou Reserva Legal, possibilitando o cômputo daque- la para o cumprimento desta.RC
  • 36. Revista Canavieiros - Junho de 2016 36 Intensidade do fenômeno La Niña poderá influenciar o desenvolvimento dos canaviais que já sofreram déficit hídrico e, agora, são castigados por chuvas intensas Safra canavieira: à mercê do clima Safra canavieira: à mercê do clima A s condições climáticas apresen- tadas no início da safra atual passaram a ser um sinal ama- relo para produtores de cana-de-açúcar. Os períodos secos ou com excesso de chuvas enfrentados até o momento, po- dem impactar a produtividade dos ca- naviais, culminando em uma moagem menor do que a projetada no início da temporada. “No ano de 2015, tivemos boas condições climáticas para o desenvol- vimento do canavial; entretanto, em janeiro de 2016, em algumas regiões foram registradas altas precipitações e baixa insolação. Se não bastasse, em abril, ocorreu uma alta demanda hí- drica, devido a altas temperaturas e baixas precipitações, e agora, no final de maio e início de junho, ocorreram Andréia Vital baixas temperaturas e o registro acima da média em termos de precipitação”, explica o professor doutor Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do Centro de Cana – APTA/IAC, que é também o coordenador do PREVCLIMACANA, um projeto do IAC (Instituto Agronô- mico), que desde 2006, faz o monito- ramento da estimativa de produtividade em função dos fatores climáticos. “Com esse cenário novamente atípi- co e não previsto, vemos uma cana que foi impactada pela seca e pela alta de- manda hídrica de abril de 2016 e agora, com o excesso hídrico de final de maio e início de junho, veremos também a queda do ATR (Açúcar Total Recu- perável), afirma ele, pontuando que o produtor deve se preocupar com o fato, visto que os cenários climáticos cons- 36 Maximiliano Salles Scarpari, pesquisador do Centro de Cana – APTA/IAC truídos para a simulação da produtivi- dade dos próximos meses estão sendo desconstruídos pelo clima realizado.