Este documento descreve vários tipos de doenças exantemáticas, incluindo suas causas, sintomas, diagnóstico e tratamento. As doenças exantemáticas mais comuns são causadas por vírus e incluem sarampo, rubéola, eritema infeccioso e varicela. Muitas delas apresentam exantema maculopapular e são autolimitadas. Algumas podem ter complicações graves, especialmente em recém-nascidos e imunocomprometidos.
2. Doenças Exantemáticas
• Exantema: do grego exhanto – florescer
• Doenças em que a erupção cutânea é característica dominante na evolução
• Maior causa: vírus
• Maioria autolimitada e benigna
• Processos mais graves: meningococcemia
6. Sarampo
• Causada pelo Paramyxovirus, transmissão
por aerossóis respiratórios
• Qualquer faixa etária, com não vacinados
mais suscetíveis
• Quadro clínico:
• Pródromo (3-4 dias): febre, tosse, cefaleia,
mal-estar
• Febre alta (>38,5ºC), tosse seca intensa,
coriza, conjuntivite, prostração, enantema,
manchas de Koplik (enantema
patognomônico esbranquiçado, na mucosa
bucal), exantema (retroauricular ➛ pescoço ➛
face ➛ tronco ➛ membros)
7. Sarampo
• Complicações: laringite, traqueobronquite, pneumonite
intersticial, ceratoconjuntivite, miocardite, adenite
mesentérica, diarreia, panencefalite
• Causa de óbito em <1 ano e desnutridos
• Diagnóstico laboratorial: sorologia, pesquisa de RNA
viral no sangue, swab de nasofaringe ou urina
• Prevenção:
• Vacina (tríplice viral aos 12m e tetraviral aos 15m)
• Pós-exposição: vacina até 72h após exposição em
suscetíveis; imunoglobulina humana até 6 dias
• Tratamento: sintomáticos + vitamina A (em <5 anos e
em hospitalizados)
• Doença de notificação compulsória
8. Rubéola
• Causada pelo Togavirus, transmitido por via aérea
através de perdigotos
• Qualquer faixa etária, com não vacinados mais
suscetíveis
• Quadro clínico: exantema maculopapular de progressão
céfalo-caudal, febre baixa, linfadenopatia (antecedem
exantema), sinal de Forchheimer (petéquias no palato
mole), esplenomegalia
• Crianças muitas vezes a/oligossintomáticas
• Adolescentes e adultos com período prodrômico, com
febre, cefaleia, dor generalizada, conjuntivite, coriza e tosse
9. Rubéola
• Complicações raras: púrpura trombocitopênica,
encefalite, artralgia
• Curso benigno, importância epidemiológica pela
síndrome de rubéola congênita
• Diagnóstico laboratorial: sorologia por Elisa,
isolamento RNA viral na nasofaringe
• Tratamento: sintomáticos
• Prevenção: vacina (tríplice viral aos 12m
e tetraviral aos 15m)
• Doença de notificação compulsória
10.
11. Eritema Infeccioso
• Causada pelo parvovírus humano B19
• Transmissão: via aérea, por perdigotos
• Transmissibilidade: antes do exantema
• Grupo etário: preferencialmente crianças entre 2-14
anos
• Quadro clínico:
• Não há pródromos
• Febrícula, mialgia, cefaleia
• Fácies esbofeteada: placa vermelho rubra, concentrada
nas bochechas, poupando região perioral, testa e nariz
• Exantema maculopapular com palidez central em
tronco e face extensora dos membros, aspecto
rendilhado
12. Eritema Infeccioso
• Evolução:
• Exantema pode persistir por mais de 10 dias e se
exacerbar ou reaparecer quando a criança é exposta
ao sol, após exercício ou alterações de temperatura
• Recorrência 1-2 semanas após também descrita
• Afebril podendo haver artralgia e artrite
• Síndrome das luvas e meias:
• Crianças e adultos jovens
• Lesões purpúricas simétricas e eritematosas indolores
em mãos e pés, podendo haver sintomas sistêmicos
• Diagnóstico laboratorial: sorologia, detecção de
DNA viral
• Tratamento: sintomáticos
13. Exantema súbito
• Roséola infantil, sexta moléstia
• Causada pelo herpes-vírus tipo 6 e 7
• Transmissão: secreção oral do portador sadio
• Grupo etário: entre 6 meses e 6 anos, predomínio em <2 anos
• Quadro clínico:
• Início súbito, febre alta (39-40ºC), extrema irritabilidade, sem
toxemia, linfonodomegalia. Febre cessa bruscamente
• Exantema maculopapular súbito, acomete inicialmente o tronco,
em seguida face, região cervical e raiz dos membros, de curta
duração (48-72h)
• Diagnóstico laboratorial: anticorpos, por Elisa
• Tratamento: sintomáticos. Atentar para convulsão febril
14. Mononucleose Infecciosa
• Causada pelo vírus Epstein-Barr, um herpesvírus
• Transmissão: contato com saliva de pessoas infectadas. Crianças
pequenas podem infectar-se por contato com saliva em objetos
• Grupo etário: mais crianças e adolescentes (doença do beijo)
• Quadro clínico:
• 50% infecção subclínica ou assintomática
• Febre, linfadenopatia, cefaleia, mal-estar, amigdalite membranosa,
esplenomegalia. Leucocitose com linfócitos atípicos
• Exantema associado ao uso de antibióticos (penicilinas,
cefalosporinas)
• Diagnóstico laboratorial: sorologia, RT-PCR
• Tratamento: sintomáticos
15. Covid
• Causada pelo SARS-CoV-2
• Transmissão por aerossol, perdigotos, contato
• Quadro clínico (em crianças): febre (63%); sintomas gastrointestinais (20%); dispneia (18%),
coriza (17%), exantema (16%), fadiga (16%), síndrome inflamatória aguda (13%)
• SIM-P: apresentação grave, em crianças escolares. Febre alta persistente, mucosite, hiperemia
conjuntival, edema de mãos e pés, sintomas gastrointestinais, hipotensão, miocardite e exantema
polimorfo
• Diagnóstico laboratorial: RT-PCR, sorologia
16. Escarlatina
• Causada pelo Streptococcus pyogenes
• Transmissão: contato com secreções respiratórias
• Grupo etário: mais crianças de 2-10 anos
• Quadro clínico:
• Concomitante ou após faringoamigdalite membranosa
• Febre alta, mal-estar, linfadenomegalia, enantema, com
petéquias no palato, exantema eritematoso puntiforme (pele
áspera), palidez perioral (sinal de Filatov), linhas marcadas nas
dobras de flexão (sinal de Pastia), língua em framboesa
• Descamação extensa em mãos e pés (em dedos de luva) após 1
semana.
17. Escarlatina
• Transmissibilidade: 10-21 dias em pacientes não tratados
• Complicações: abscesso periamigdaliano, glomerulonefrite
aguda, febre reumática, coreia de Sydenham, cardiopatia
reumática
• Diagnóstico laboratorial: teste rápido (aglutinação de látex)
em secreção de orofaringe
• Tratamento: penicilina benzatina + sintomáticos
• <25Kg: 600.000UI
• >25Kg: 1.200.000UI
19. Varicela
• Causada pelo vírus Varicela-Zoster (VVZ)
• Altamente contagiosa, com transmissão através de
aerossóis respiratórios, gotículas, saliva ou pelo
contato com o líquido das lesões cutâneas
• Mais comum na infância, sendo suscetíveis todas as
pessoas não vacinadas e/ou que não tiveram a
doença
• Imunidade duradoura, porém pode se manifestar
como Herpes-Zoster, pela reativação do vírus
latente em gânglios do sistema nervoso
20. Varicela
• Quadro clínico:
• Febre, cefaleia, astenia, irritabilidade
• Rash crânio-caudal, pruriginoso, eritematoso,
polimórfico. Manchas ➛ vesículas ➛ pústulas ➛ crostas
• Pode acometer mucosas, apresentar linfadenomegalia
• Costuma ser benigno, durando cerca de 10 dias, mas
pode evoluir com pneumonia, afecção no sistema
nervoso, infecções bacterianas cutâneas
• Pode ser mais grave em adultos, imunodeprimidos,
gestante ou recém-natos
21. Varicela
• Diagnóstico laboratorial: PCR no líquidos das vesículas,
sorologia
• Cuidado com contactantes: imunoglobulina humana
anti-VVZ indicada a: crianças imunocomprometidas, sem
história prévia; gestantes suscetíveis; RN cuja mãe tenha
tido varicela 5 dias antes até 48h após o
parto; prematuros <28s
• Tratamento: Soluções e cremes para o prurido,
antialérgicos orais; cuidados de higiene para prevenir
infecção 2ª; antivirais sistêmicos (aciclovir) podem ser
usados nos casos de maior risco de complicação ou se
doença mais grave
• Prevenção: vacina para varicela (tetraviral aos 15 meses
e varicela aos 4 anos)
22. Herpes Simples
• Causada pelos vírus HSV-1 (lesões orais e labiais) e HSV-2
(lesões genitais)
• Transmissão: contato direto com secreções orais
infectadas e atividade sexual
• Quadro clínico:
• Primoinfecção - gengivoestomatite herpética: quadro febril
por 2-3 dias, evoluindo com lesões orais, dolorosas
• Reativações: herpes labial
• Crianças com dermatite atópica, queimaduras ou uso
prolongado de corticoide tópico podem apresentar quadro
mais disseminado, eczema herpeticum ou erupção
variceliforme de Kaposi
23. Herpes Simples
• Tratamento: aciclovir, em imunocompetentes com
quadros extensos ou imunodeprimidos
• Diagnóstico: PCR no material de raspado das
lesões, detecção de anticorpos
• Prevenção: cuidados higiênicos
24. Enteroviroses
• Principalmente associadas aos vírus ECHO ou Coxsackie A e B
• Transmissão fecal-oral
• Grupo etário: mais frequente em crianças de baixa idade
• Quadro clínico:
• Doença febril não-específica: manifestações respiratórias (resfriado,
estomatite, herpangina, pneumonia), neurológicas (meningite
asséptica) e cutâneas (exantema)
• Síndrome mão-pé-boca: pródromo com febre baixa, irritabilidade e
anorexia, seguido por aparecimento de lesões vesiculares periorais
e nas extremidades
• Diagnóstico laboratorial: isolamento do vírus em fezes ou LCR
por RT-PCR, anticorpos
• Tratamento: sintomáticos
26. Febre de Chikungunya
• Causada pelo vírus do gênero Alphavirus, transmitido
pelo mosquito do gênero Aedes
• Grupo de risco: gestante, menores de 2 anos, adultos >65
anos e comorbidades
• Quadro clínico: na fase aguda, febre alta (>38ºC),
artralgia intensa, cefaleia e mialgia. Exantema
maculopapular 2-5 dias após a febre
• Diagnóstico laboratorial: antígenos virais, sorologia
• Tratamento: sintomáticos
• Doença de notificação compulsória
27. Febre do Zika Vírus
• Causada pelo vírus do gênero Flavivirus, transmitido pelo
mosquito do gênero Aedes
• Grupo de risco: gestante, menores de 2 anos, adultos >65
anos e comorbidades
• Quadro clínico: 80% assintomáticos. Exantema
maculopapular, febre, hiperemia conjuntival não
purulenta e sem prurido, artralgia, mialgia, edema
periarticular e cefaleia
• Diagnóstico laboratorial: antígenos virais, sorologia
• Tratamento: sintomáticos
• Doença de notificação compulsória
28.
29.
30. Referências
1. Tratado de Pediatria, 5ª Edição, 2022 – Sociedade Brasileira de Pediatria
2. Doenças Exantemáticas Febris, 2018 – Diretoria de Vigilância Epidemiológica de Santa
Catarina
3. Guia de Vigilância em Saúde, 5ª edição, 2021 – Ministério da Saúde
4. SINAN - http://portalsinan.saude.gov.br/