O documento apresenta os resultados de uma pesquisa sobre o estado atual do design brasileiro. A pesquisa analisou dados de empresas de diferentes setores para mapear a gestão e uso do design no Brasil e comparar com outros países. Também examinou a oferta educacional em design e a produção acadêmica na área. Por fim, discute os desafios e oportunidades para o desenvolvimento do setor de design no Brasil.
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metodologia do Design Management Europe (DME) disposto por Kootstra (2009) e utilizada neste
projeto por questão de comparabilidade com o banco de dados já existente.
TABELA 1: QUANTIDADE DE RESPOSTAS
OBTIDAS POR TAMANHO DA EMPRESA
Nº de Colaboradores Nº de Empresas
1 14
2 a 9 36
10 a 49 70
50 a 249 67
250 a 499 24
500 a 4.999 23
Mais de 5.000 4
Tamanho não declarado 28
TOTAL 266
FONTE: O autor, com base em coleta de dados/questionário, em 2013
A etapa seguinte envolveu a distribuição dos dados conforme os setores previamente especificados
para a realização do estudo. A ênfase desse exercício esteve em compilar os conjuntos de dados que
melhor representam os seus setores. A maioria dos setores está muito bem representada na pesquisa
devido à amostra alcançada, porém, alguns setores devem ser analisados com cautela, pois têm uma
amostra menor e, neste caso, generalizações na análise podem levar ao erro. Os participantes que não
se encaixaram nos setores listados da atual pesquisa (um total de 58 empresas) foram designados para
a categoria "Outros". Nas análises, essa categoria é utilizada apenas quando a amostra analisada reúne
todos os 266 participantes e é nomeada como "Brasil".
A seguir, serão mostrados os infográficos em figuras, acompanhadas de textos explicativos, como
representação da análise realizada aos dados coletados na pesquisa.
Para ilustrar a amostra coletada para cada setor, utiliza‐se o infográfico FIGURA 2 que revela
graficamente as amostras separadas por setores e dispostas de acordo com o tamanho da empresa
medido pelo seu número de funcionários. Cada círculo representa uma empresa e seu tamanho é
proporcional ao número de seus colaboradores. A seguir, dispõe‐se a descrição da amostra de cada
setor e logo após a figura.
Máquinas e equipamentos (22 empresas): De acordo com o briefing do projeto, a amostra
inclui apenas empresas que fabricam produtos e máquinas para o setor agrícola e fabricantes de
componentes e máquinas utilizados para produzir componentes plásticos. É uma gama
diversificada de empresas em que 45% são do setor agrícola e 55% do setor de plástico.
Médico‐odonto‐hospitalar (42 empresas): Reuniu um grande número de empresas de
manufatura que representam áreas‐chave do setor: instrumentos e itens descartáveis
odontológicos, equipamentos cirúrgicos, dispositivos eletromecânicos, equipamentos e itens
descartáveis de laboratório, móveis e acessórios hospitalares. A maior parte são empresas que
têm entre 10 e 250 funcionários e contam com mais de dez anos no mercado.
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3.1.3 A ESCADA DE GESTÃO DE DESIGN
Neste estudo, foi utilizado como base a Escada do Design, originalmente desenvolvida pelo Centro de
Design da Dinamarca e depois adaptada pelo programa Design Management Europe(DME) para a
avaliação da capacidade de design das empresas. A ferramenta de avaliação chama‐se Design
Management Staircase, ou Escada da Gestão do Design (KOOTSTRA, 2009), que classifica o perfil de
gestão de design de uma organização em quatro níveis:
DM1: O design é utilizado de maneira esporádica e descontinuada, com pouco conhecimento
disponível para lidar com as atividades do setor. As etapas de projeto tendem a ser imprevisíveis
e os resultados inconsistentes.
DM2: O design não é reconhecido como ferramenta para a inovação de produtos. Em vez disso,
é usado como auxiliar de marketing, que agrega valor por meio do aspecto visual do produto,
embalagem ou identidade visual. Há pouca ou nenhuma colaboração entre departamentos e
coordenação das atividades de design.
DM3: Um indivíduo ou um departamento tem a responsabilidade formal de fazer a gestão de
design. Ele atua como uma interface para designers e outros departamentos, bem como para
gestores na empresa. A fim de encurtar os ciclos de desenvolvimento, o design é aplicado de
forma proativa e é considerado uma característica permanente do desenvolvimento de novos
produtos.
DM4: As empresas deste nível têm o design como referencial e se destacam por investirem em
estratégias de diferenciação focadas em design. A alta administração e outros departamentos
estão intimamente envolvidos com o design, que faz parte da estratégia de negócios da
empresa.
O infográfico FIGURA 4 mostra a disposição das empresas participantes na Escada de Gestão de Design,
que está baseada em um modelo de maturidade de processos no qual a capacidade de uma empresa de
gerir o design deverá ser melhor de acordo com sua experiência. A escada possui níveis ou degraus que
variam de "Não há gestão de design" até o quarto e mais alto escalão, "Gestão de design como parte da
cultura da empresa", descritos anteriormente. Em relação a esses níveis, a melhor empresa, ou seja,
aquela que possui melhor habilidade para gerir o design, estará no degrau mais alto da Escada, o DM4.
Para muitas empresas, o nível DM3 é uma ótima posição, pois é o nível em que o design está integrado
com as atividades funcionais do dia a dia da empresa. Já para ocupar o último nível, o DM4, é necessária
uma mudança cultural e estratégica na empresa, o que pode não ser adequado a toda ou qualquer
empresa, principalmente àquelas em que a estratégia principal não é design e nem se pretende que
seja. De todas as maneiras, as empresas que atuam nos setores onde o design é usado intensamente,
como Mobiliário e Moda, por exemplo, ou empresas que pretendem usar o design como estratégia,
devem aspirar alcançar o degrau mais alto, o DM4.
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diferentes, porém complementares: a habilidade de desenvolver novos produtos/serviços e a
habilidade de conduzir esses novos produtos/serviços ao mercado.
TABELA 3: COMPARAÇÃO ENTRE RANKINGS
Setor
Ranking da Escada
de Gestão de Design
Ranking de atributos de sucesso para o
desenvolvimento de novos produtos
Cerâmica de revestimento 1 1
Calçados 2 4
Mobiliário 3 3
Têxtil e confecção 4 2
Audiovisual 5 5
HPPC 6 8
Embalagem para alimentos 7 6
Médico‐odonto‐hospitalar 8 9
Máquinas e equipamentos 9 7
FONTE: O autor, com base em coleta de dados/questionário, em 2013
Na TABELA 4 a seguir, o ranking dos atributos foi realizado de acordo com a capacidade de todos os
setores, ou seja, a média entre todos os setores para cada atributo. O primeiro atributo é a Liderança de
Produto/Processo para conduzir novos produtos e desenvolvimentos na empresa. Em empresas
menores, geralmente esse é o papel do dono ou diretor, que possui autoridade para tomar decisões e
controlar o andamento dos projetos. Em empresas de maior porte, a função cabe geralmente a um
funcionário dedicado exclusivamente para essa atividade ou a um gerente, ou funcionário sênior.
O atributo com pior classificação é o Envolvimento do Consumidor/Foco, pois é uma debilidade
presente em todos os setores. Esse atributo refere‐se ao envolvimento do usuário/consumidor final no
desenvolvimento de novos produtos. É um exercício valioso para qualquer processo de
desenvolvimento de produto que visa capturar a opinião do consumidor final e testar protótipos com
eles.
TABELA 4: RANKING DOS ATRIBUTOS DE SUCESSO PARA O
DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS
Atributo Ranking
LIDERANÇA DE PRODUTO / PROCESSO 1
ANÁLISE FINANCEIRA E DE NEGÓCIO 2
AVALIAÇÃO PRELIMINAR DO MERCADO 3
APOIO E ENVOLVIMENTO DA ALTA GERÊNCIA 4
EQUIPES MULTIFUNCIONAIS E COMUNICAÇÃO FLUENTE 5
AVALIAÇÃO PRELIMINAR TÉCNICA 6
ESTRATÉGIA 7
PESQUISA E COMPREENSÃO DAS NECESSIDADES DE MERCADO 8
ENVOLVIMENTO DO CONSUMIDOR / FOCO 9
FONTE: O autor, com base em coleta de dados/questionário, em 2013