O documento discute as danças folclóricas no Brasil. Ele explica que as danças folclóricas brasileiras foram influenciadas pelos índios nativos, pelos europeus colonizadores e pelos africanos escravizados. Também discute como as danças folclóricas variam em cada região do Brasil dependendo das influências étnicas e culturais predominantes e como elas transmitem valores físicos, sociais, culturais e recreacionais.
1. DANÇAS FOLCLÓRICAS NA
DANÇA/EDUCAÇÃO
Prof. Esp. Rosely Modesto Silva
roselyymodesto@hotmail.com
2. INTRODUÇÃO
Num passado remoto, o homem primitivo, ao ensinar suas
crianças e introduzir o jovem ao esforço humanitário,
instituiu convenções das várias formas de ordens política
e econômica na sociedade humana, sendo que estas
características originadas das percepções do esforço
traduziram-se em formas de comunicação e expressão e
dentre estas formas surgiram as danças religiosas e
nacionais (folclóricas);
A Dança Folclórica nada mais é do que o efeito das
consequências dos impulsos gerados por esforços
definidos e causados pelos aspectos funcionais do sentir,
pensar e agir de uma comunidade;
Com as mudanças culturais sofridas pelas comunidades a
dança vai também acompanhando o processo evolutivo
adaptando-se, às vezes, espontaneamente como uma
aquisição do próprio homem, outras vezes quase que
impostas por culturas dominadoras.
3. Dessa forma, a dança modifica-se muitas vezes
tornando algo totalmente importado, desvinculada
das raízes do homem que a está praticando;
A miscigenação, no Brasil, é um forte fator para a
profusão dos ritmos e danças em decorrência das
características étnicas o que geram uma diversidade
dentre os aspectos e características diversas;
Desde os primeiros contatos dos europeus com
indígenas brasileiros, o processo de aculturação e
transculturação se iniciou;
Dos valores culturais o que teve maior significação
para o colonizador foi a língua. Além disso
persistiram práticas mágicas, produtos culinários,
implementos de caça e pesca, meios de transporte,
flora medicinal e os aspectos ritualísticos onde a
dança era parte importante.
4. A dança era primordialmente funcional. O índio ama seus
rituais. Sua vida gira em torno deles. São as marcas do
tempo;
Com o passar do tempo, o europeu passa a comercializar
a mão-de-obra escrava e o africano, juntamente com o
europeu, combinará o processo transcultural que marcou
profundamente o folclore brasileiro;
Tanto os indígenas quanto os africanos perdem contínua e
irreversivelmente os seus valores originais, através da
troca e aceitação de novos padrões na vida social e na
cultural;
Quanto aos negros que para cá vieram eram de diversas
culturas diferentes, pois segundo Arthur Ramos, os três
principais grupos seguem a seguinte distribuição:
culturas sudanesas, culturas sudanesas-negro-
maometanas e culturas bantos;
Os portugueses também trouxeram suas danças, muitas
já influenciadas por outros povos europeus,
principalmente o espanhol e os árabes.
5. A modinha e lundu surgiram na metade do séc. XVIII. O
maxixe surge por volta de 1870. O que se dançava nos
salões da camada rica da sociedade do Rio de Janeiro,
Salvador e São Paulo, eram as mazurcas, polcas, valsas e
quadrilhas de origem europeia. Enquanto isso, o povo fazia
suas danças à parte, transculturando suas formas
originais;
As danças folclóricas brasileiras possuem características
regionais. Dependendo da influência étnica do lugar, ela
terá mais aspectos indígenas como nos estados como
Amazonas e Pará; africanos como na Bahia, Minas e Rio de
Janeiro; ou europeus como nos estados do Sul do país;
Além das influências étnicas nas Danças, evidenciam
também o sincretismo religioso “afro-católico” que é
aspecto decorrente do primeiro a influenciar as
manifestações folclóricas e típicas em nosso país.
Portanto, cada região brasileira possui características
étnicas e culturais diversificada que influenciam o pensar,
sentir e agir das respectivas regiões.
6. DANÇAS FOLCLÓRICAS
As Danças Folclóricas são:
expressões abertas de emoções, idéias, significado
especial;
representação de usos, costumes, acontecimentos que
constituíram o tempo estrutural e conjuntural em parte da
história de um povo;
padrões, costumes, maneiras e atividades espontâneas e
naturais da vida e experiências significativas de um povo,
perpetuadas de geração em geração, da mesma maneira
resguardando assim, sua tradicionalidade;
passos básicos, configurações espaciais, ritmos próprios,
termos e idiomas;
gestos e passos ou atividades características, conotações
peculiares de um povo como bater de palmas e pés, valsas
e sarandeios;
formas – passar de geração em geração de maneira rígida,
as tradições e costumes;
7. DANÇAS FOLCLÓRICAS
As Danças Folclóricas são:
fixas em suas características elementares, porém podem
apresentar variações de província em província e sofre
influências também na linguagem verbal;
divulgação de conhecimento (história, sociologia,
antropologia, músicas, aspectos petóricos, conotações
corporais);
Sentido lúdico utilitário, graça e atributos, diferentes
papéis da vida social.
Danças folclóricas brasileiras foram embasadas entre
brasileiros nativos e grupos étnicos radicados no Brasil
(portugueses, africanos, holandeses, franceses, colonos,
italianos, alemães, austríacos, poloneses, finlandeses,
russos, suecos, japoneses e outros) que com sua bagagem de
tradição e cultura trouxeram vasta e valorosa contribuição.
8. DANÇAS POPULARES
As Danças Folclóricas resguardam características
essencialmente fixas. São danças naturais que
resguardam tradicionalismo e determinados
costumes de um povo. Elas resguardam uma
evolução natural e espontânea do conjunto de
atividades diárias, o desenvolvimento de experiências
dos povos perpetuadas de geração a geração.
Possuem aspectos diversos e estabelecem as
diferenças e variações musicais de região para
região.
9. DANÇAS NACIONAIS
São as tradicionais de determinado país que tornaram mais
populares, mais praticadas e tem efetivamente diferenças em
suas origens, usos, costumes e idiomas. Estas danças geralmente
decorrem adaptações a condições climáticas (geográficas)
emocionais ou as tradições (incidências e permanências) e têm
em seu tempo estrutural a conjuntural seus aspectos mais
relevantes. Ex: samba, czardas, cossacos, square dance, tarantela
e valsas.
10. DANÇAS REGIONAIS
As Danças Regionais são as mais praticadas e
dançadas em uma região de um país. Ex: Forró –
Nordeste; Samba – Sudeste; Carimbó – Norte;
Chimarrita – Sul; Siriri – Centro-Oeste.
11. DANÇAS CARACTERÍSTICAS
As Danças Características (ou típicas) são as criadas
para indivíduos em especial ou grupos de indivíduos
que incluem adição de passos, música, coreografia já
existentes. São características de determinada região
ou país;
Deixam transparecer em seu sentir, pensar, agir a
riqueza polirrítmica e polifórmica do povo e suas
raízes ao estabelecer relação de identidade da dança
com a própria cultura.
12. DANÇAS FOLCLÓRICAS BRASILEIRAS
As danças folclóricas “...apresentam incomparável
valor visto que conjugam os mais diversos aspectos
da vida afetiva. Associam a música e o gesto, a cor e
o ritmo, o sentido lúdico e utilitário, a graça e os
atributos da resistência física. Contribuem para o
apuro das relações interpessoais, o desenvolvimento
do espírito comunitário, a compreensão de diferentes
papéis na vida social. Por seus efeitos criadores e
catárticos, podem e devem ser utilizados como
instrumento de socialização”. (Lourenço Filho)
Os valores que as danças folclóricas trazem aos seus
praticantes podem ser descritos em quatro
categorias: física, social, cultural e recreacional,
segundo Giffoni (1973).
13. VALORES PROPORCIONADOS PELA PRÁTICA DA
DANÇA FOLCLÓRICA
1. VALORES FÍSICOS
Contribui para a aprendizagem das habilidades motoras,
para o desenvolvimento de um forte senso de ritmo e
relações especiais e configurações espaciais;
Contribui para o aperfeiçoamento da força, agilidade,
equilíbrio e resistência;
Permite que seus integrantes se movam graciosa e
expressiva mente de maneira plenamente integrada e
coordenada;
É um exercício completo de agilidade, flexibilidade,
elasticidade, vigor e energia física, resistência física
invulgar;
Corrige atitudes, hábitos higiênicos, harmonia de formas;
Compensa o desequilíbrio de atividades profissionais
(posições forçadas ou exagerado uso de determinadas
partes do corpo);
É fator de educação do movimento.
14. 2. VALORES MORAIS
As danças folclóricas incitam e viabilizam o
aperfeiçoamento do indivíduo pelo:
domínio de si mesmo;
entusiasmo e iniciativa;
perseverança e cavalheirismo e respeito entre ambos
os sexos;
desperta o senso de ordem, disciplina, solidariedade
e cooperação.
A disciplina e obediência às técnicas, as
configurações espaciais, as convenções, aos dirigentes,
à música, as tradições serão posteriormente
transportadas para a vida social geral no futuro.
15. 3. VALORES SOCIAIS
O educando ao participar das danças folclóricas
estará também aprendendo a cooperar com outros
membros de seu grupo e aceitar responsabilidades
por desempenhar sua parte na situação do grupo.
Dançando juntos, crianças e jovens aprendem a ter
consideração uns com os outros e um código de
comportamento social;
4. VALORES CULTURAIS
A dança folclórica é um meio ideal para desenvolver
compreensão internacional e respeito pelos de outras
culturas;
Por seu aspecto interdisciplinar, dança folclórica se
torna excelente meio de animar e enriquecer estudos
de unidades de centros de interesses, projetos
escolares.
16. 5. VALORES RECREACIONAIS
Deve-se considerar o aspecto do divertimento da
dança folclórica – do prazer puro a ser ganho da
dança animada num grupo social amistoso;
A dança folclórica pode fazer muito para aliviar a
pressão mental ou tensão emocional; quer o
dançarino seja uma criança de 10 anos ou um homem
cansado ele deveria achar a experiência relaxante e
divertida de maneira fácil de fazer novos amigos;
Todas as formas de dança devem ser induzidas à
forma de recreação divertida.
6. VALOR MENTAL
As grandes funções mentais como a atenção,
sensações-percepções, a imaginação, a originalidade,
o raciocínio são exercitados e desenvolvidos através
das Danças Folclóricas.
17. 7. VALOR TERAPÊUTICO
Atenua as tensões emocionais ao proporcionar auto-
controle e confiança pela facilidade de execução dos
movimentos e principalmente pela possibilidade de
transformar seus pensamentos em expressões
plásticas pela terapia.
18. A DANÇA NO FOLCLORE BRASILEIRO
A Dança Folclórica no Brasil sofreu a influência étnica dos
índios que aqui viviam, do “descobridor europeu” – senhor
dominante das terras, do primitivo africano escravizado,
para o labor no Novo mundo;
Nos primeiros duzentos anos de colonização, os únicos
tipos de música ouvida no Brasil eram os cantos das
danças rituais dos indígenas acompanhados pelos
instrumentos de sopro. Eram manifestações de aborígenes
cujas danças giravam em torno de suas danças rituais
(nascimento, morte, guerra e paz, semeadura e colheita) e
de certos ritos de passagem (virilidade, casamento, etc.);
Mutação e transculturação das danças originais são
influenciadas diretamente pelo oficial e pelo erudito;
Não existe essência pura nos casos do homem da
sociedade e da cultura. Todas as relações entre eles estão
sempre articulando cultura popular e erudita.
19. A DANÇA NO FOLCLORE BRASILEIRO
O estudo das danças folclóricas nacionais, hoje se
faz necessário na medida que são reveladores da
cultura, de diferentes situações, uma vez que algum
dia compuseram rituais de instituições religiosas
oficiais, de situações políticas instaladas, de
academias literárias eruditas distantes, portanto do
controle popular. Hoje se faz necessário entendê-las
do ponto de vista do seu movimento, de sua dinâmica
vertical quanto aos elementos que tirados do povo,
levados à burguesia por empréstimo que ao ser
representado é devolvido ao povo já modificado;
Sendo a Dança a marca cultural de um grupo, o povo
que não cultiva suas raízes, perde parte de sua
identidade;
O Folclore como ciência antropológica pode
apresentar em suas danças várias propostas;
20. A DANÇA NO FOLCLORE BRASILEIRO
Os folcloristas agruparam as manifestações
populares por “áreas” ou “temas” em suas
classificações: Artesanato, Culinária, Literatura Oral,
Danças Folclóricas, etc., que comportam subdivisões
determinadas pelas especialidades de seus
conteúdos;
Danças Folclóricas são expressões populares
desenvolvidas em conjunto ou individualmente, que
tem na coreografia os elementos definidos;
De simples marcação rítmica, a Dança chega à arte
autônoma, liberta e em contínua criação do povo
pelo povo;
21. A DANÇA NO FOLCLORE BRASILEIRO
ALMEIDA agrupou as danças populares brasileiras
quanto à coreografia e aos seus dançarinos,
apresentando a seguinte classificação:
COREOGRAFIA:
Mímica – “Peru-de-Atalaia” (AM)
Acrobáticas – “Corta-jaca” (RJ, BA)
Figurações – “Quadrilha” (BR)
De roda – “Ciranda” (PE, PB)
DANÇARINOS:
Par solto – “Chimareta” (PE, PB)
Par unido – “Tote” (NE)
Conjunto – “Serafino” (AM)
Individual – “Trevo” (PE)
22. A DANÇA NO FOLCLORE BRASILEIRO
FRADE (1991) apresenta os seguintes aspectos como
forma de sistematização:
quanto ao sexo dos participantes;
quanto ao período de celebração;
quanto ao espaço de realização;
quanto à área geográfica;
quanto à indumentária.
QUANTO AO SEXO DOS PARTICIPANTES
Em geral, se constitui com a presença de ambos os sexos,
geralmente formando pares ou integrando conjuntos sem
determinação de duplas;
FRADE (1991) faz alusão às danças desenvolvidas por
homens que trazem conotações e rememorações de
guerra ou fazem alusões Às lutas ocorridas na Península
Ibérica na era medieval somada às influências étnicas
transculturadas para o Brasil pelos africanos.
23. QUANTO AO PERÍODO DE CELEBRAÇÃO
Por razões históricas-aculturativas as danças
folclóricas e populares no Brasil são divididas e
agrupadas por festas cíclicas, festas móveis;
As danças das festas cíclicas estão incluídas em um
calendário fixo de cunho oficialmente religioso
apresentadas apenas num determinado período. Ex:
Quadrilha (festa junina);
As danças realizadas no decorrer do calendário
popular fazem parte do quadro das devoções
populares que as secularizam como o Cururu, a
Dança do São Gonçalo;