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DESCRiÇÃO DO IMAGO MACHO DE CAENlS CUNIANA FROEHUCH, 
COM NOTAS BIOLÓGICAS (EPHEMEROPTERA, CAENIDAE) 
Elidiomar Ribeiro da Silva 1 
ABSTRACT. DESCRIPTION OF THE MALE IMAGO OF CAENIS 
CUNIANA FROEHLICH WITH BIOLOGICAL NOTES (EPHEMEROPTE­RA, 
CAENlDAE). The male imago ofCaenis euniana Froehlich, 1969 is for the 
first time described, based on one specimen from Maricá, Rio de Janeiro, Brazil. 
Notes on taxonomy and biology of the species are added. 
KEY WORDS. Ephemeroptera, Caenidae, Caenis euniana 
FROEHLICH (1969) descreveu Caenis cuniana (Ephemeroptera, 
Caenidae) a partir de ninfas e adultos (fêmeas) procedentes do Estado de São 
Paulo; diversas gerações de fêmeas partenogenéticas foram obtidas por aquele 
autor, em laboratório. A espécie foi enquadrada em Caenis Stephens, 1835 com 
base em caracteres da ninfa, a despeito desta apresentar garras denteadas, 
característica até então não encontrada no gênero (THEW, 1960; 
FROEHLICH, 1969). Posteriormente, MALZACHER (1986) registrou a es­pécie 
para o Pará (como "Caenis ? cuniana"). 
Durante estudos sobre a entomofauna aquática de uma área de restinga 
em Barra de Maricá, município de Maricá, Rio de Janeiro, foram colecionados 
ninfas e adultos de C. cuniana. Do total de 17 adultos coletados em campo ou 
criados em laboratório, obteve-se um único exemplar macho, aqui descrito. A 
eclosão de ovos não fecundados demonstrou que a espécie é também parte­nogenética 
em Barra de Maricá. 
Caenis cuniana Froehlich, 1969 
Figs 1-5 
Imago macho. Coloração geral castanha. Cabeça castanha, com as sutu­ras 
escurecidas. Base dos ocelos e escapo antenal castanho-escuros. Pronoto 
castanho, com as suturas escurecidas. Asas claras, com as nervuras maiores 
castanhas; três nervuras transversais presentes na metade apical do setor sub­costal; 
escassez generalizada de nervuras transversais em outros setores; quatro 
nervuras intercalares à R2. Prosterno estreitado anteriormente. Mesonoto cas­tanho- 
amarelado. Metanoto castanho. Pernas castanho-claras; fêmures com 
uma mancha mediana longitudinal e outra apical, ambas castanho-escuras; 
1) Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Caixa Postal 68044, 
21949-900 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Pós-graduação em Zoologia, Museu Nacional 
do Rio de Janeiro. 
Revta bras. Zool. 10 (3): 413-416, 1993
414 
3 
1, O mm 
o 
ss 
DA SILVA 
2 ." 
) o 
Figs ) -5. Caenis cuniana, imago macho. (I) Asa esquerda; (2) contorno do prosterno; (3) tergitos 
abdominais; (4) genitália, vista ventral; (5) fórceps genital esquerdo. 
metade distal das tíbias castanho-escuras. Tergitos abdominais pardo-ama­relados, 
com manchas estigmáticas castanho-escuras. Margens posteriores do 
82 e do 92 segmentos com pequenos espinhos laterais. Filamentos caudais es­branquiçados. 
Fórceps genital longo, esclerosado e progressivamente afilado 
até o ápice agudo; margem interna com três dentículos subapicais. Pênis único, 
em forma de clava, com lobos totalmente fusionados, sem qualquer vestígio 
externo remanescente dessa fusão. Medidas (em mm): corpo 1,9; asa 2,0; perna 
anterior 1,8 (fêmur 0,5; tíbia 0,6; tarso 0,7); perna mediana 1,0 (fêmur 0,4, tíbia
Descrição do imago macho de Caenis cuniana ... 415 
0,4; tarso 0,2); perna posterior 1,5 (l'êmur 0,6; tíbia 0,6; tarso 0,3); cerco 6,4; 
filamento mediano 8,4. 
Material estudado. Brasil, Rio de Janeiro, Maricá, Restinga de Barra de 
Maricá: um imago macho e um imago fêmea, 01-VI-1989, E.R. da Silva lego (em 
luz); um subimago fêmea, 02-VI-1989, L.F.M. Dorvillé & J.L. Nessimian leg.; 
um imago fêmea, 07-X-1989, R.M.A. Lemos & P.D. Sampaio leg.; oito sub­imagos 
fêmeas, 07-08-X-1989, R.M.A. Lemos & P.D. Sampaio lego (coletadas 
como ninfas e criadas em laboratório); três subimagos fêmeas, 07-IX-1991, E.R. 
da Silva lego (coletadas como ninfas e criadas em laboratório); dois subimagos 
fêmeas, 27-IX-1991, L.F.M. Dorvillé (coletadas como ninfas e criadas em 
laboratório); 125 ninfas de primeiro estádio, obtidas a partir de um subimago 
macho (emergência: 13-IX-1991), 215 ninfas de primeiro estádio, obtidas a 
partir de dois subimagos fêmeas (emergências: 14-IX-1991), 07-IX-1991, E.R. 
da Silva lego Os exemplares estudados encontram-se depositados na Coleção 
Entomológica do Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Univer­sidade 
Federal do Rio de Janeiro. 
BIOLOGIA 
Ninfas de C. cuniana foram coletadas no Brejo-canal de Itaipuaçu, 
situado entre os dois cordões arenosos da Restinga de Barra de Maricá (22°56'S; 
42°50'W). O brejo apresenta águas rasas e ácidas (pH em torno de 5,0), com 
teor de oxigênio dissolvido variando de 11% a 12%. As macrófitas aquáticas 
dominantes são Eleocharis sellowiana Kunth. (Cyperaceae), Sagittaria lancifolia 
L. (Alismataceae) e Nymphoides hwnboldtianum (H.B.K.) O. Kuntze (Menyan­thaceae). 
As ninfas situam-se no fundo ou por sobre a vegetação, apresentando 
hábito raspador. O conteúdo digestivo revelou a presença de desmidiáceas, 
cianofíceas, c1orofíceas, fibras vegetais e detritos orgânicos. A freqüência po­pulacional 
de C. cuniana atinge valores máximos entre a primavera e o verão 
(de outubro ajaneiro). Além do Caenidae, há outro efemeróptero ocorrente na 
região, o Baetidae Callibaetis guttatus Navás, 1915 (DA SILVA, no prelo). 
Parte do ciclo biológico de C. cuniana foi acompanhada em laboratório. 
A emergência das subimagos ocorreu entre às 18:00 e 20:00 horas. Como foi 
verificada a eclosão de ovos não fecundados, ficou caracterizada a ocorrência 
de partenogênese, estratégia reprodutiva já registrada para a espécie 
(FROEHLlCH, 1969). 
Em laboratório, as subimagos morreram logo após a emergência, não 
chegando sequer a atingir o estágio imaginaI. Segundo observado, as fêmeas não 
realizam uma oviposição tradicional, morrendo com a maioria dos ovos no seu 
interior, ao contrário dos exemplares estudados por Froehlich em São Paulo, 
que realizavam a postura logo após a ecdise imaginaI. Nos exemplares de 
Maricá, os ovos vão sendo liberados à medida que o corpo da fêmea entre em 
decomposição. Algumas eclosões foram observadas ainda na cavidade abdo­minal 
da fêmea morta. 
Posturas provenientes de três fêmeas, obtidas a partir de ninfas criadas 
Revta bras. Zool. 10 (3): 413-416, 1993
416 DA SILVA 
em laboratório, foram acompanhadas até as eclosões. Para o cálculo do tempo 
de maturação dos ovos, considerou-se a data de oviposição como sendo a mesma 
da emergência da fêmea. Os resultados estão sumarizados na tabela I. 
O número de ovos por postura variou entre 100 e 199. À temperatura 
ambiente de 22,0°C, em média, o tempo decorrido entre postura e eclosão foi 
de nove a 25 dias, e a taxa de fecundidade variou entre 62,8% e 78,0%. Esses 
valores são próximos aos registrados por FROEHLICH (1969). 
Tabela I. Tempo decorrido entre a postura dos ovos e a eclosão das ninfas de C. cuniana, em 
laboratório. 
Data da emergência Número Dias após à poslura Total de Taxa de 
do subi mago fêmea de ovos edosôes fecundidade 
9 10 II 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 (%) 
13·IX · I991 199 
14 - IX·I991 100 
14 - IX - I991 182 
o 7 56 21 13 7 7 4 4 3 2 O O O O O O 
00000000 
125 
25 31 15 2 2 O 2 O 78 
O 36 18 40 16 II 6 3 I I I 3 O O O I 137 
DISCUSSÃO 
62,8 
78,0 
75,3 
Adultos de C. cwúana podem ser diagnosticados pela combinação dos 
seguintes caracteres: (1) presença de três nervuras transversais subcostais na 
metade apical da asa (Fig. 1); (2) escassez generalizada de nervuras transversais 
(Fig. 1); (3) prosterno estreitado anteriormente (Fig. 2): (4) fórceps genital 
esclerosado, longo e afilado, com três dentículos subapicais (Figs 4-5); (5) lobos 
do pênis fusionados, em forma de clava (Fig. 4). 
As peças genitais do macho de C. cuniana seguem o padrão típico do 
gênero Caenis, caracterizado por apresentar fórceps reta e obtuso ou agudo 
(THEW, 1960). Ainda quanto à genitália, C. cuniana enquadra-se no grupo 
"mais especializado" do gênero, que, segundo THEW (1960), apresenta os lobos 
do pênis inteiramente fusionados. C. cuniana parece mais proximamente rela­cionada 
a C. fittkaui Malzacher, 1986 e C. candelata Malzacher, 1986, descritas 
para a Amazônia Brasileira, que também apresentam fórceps longo, bem es­clerosado 
e pênis em forma de clava (MALZACHER, 1986). 
REFERtNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
DA SILVA, E.R. (no prelo). Descrição da ninfa de Callibaetis guttatus Navás, 
1915, com notas biológicas e comentários sobre a imago (Ephemeroptera: 
Baetidae). An. SOCo ent. Brasil 20 (2). 
FROEHLICH, c.G. 1969. Caenis cimiana sp.n., a parthenogenetic mayfly. 
Beitr. Neotrop. Fauna 6 (2): 103-108. 
MALZACHER, P. 1986. Caenidae aus dem Amazonasgebiet (Insecta, Ephe­meroptera). 
Spixiana 9 (1): 83-103. 
THEW, T.B. 1960. Revision of the genera of the family Caenidae (Ephe­meroptera). 
Trans. Amer. eot. Soco 86: 187-205. 
Recebido em 29.XI.I99I; aceito em 25.XI.I993. 
Revta bras. Zool. 10 (3): 413-416, 1993

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DESCRiÇÃO DO IMAGO MACHO DE CAENlS CUNIANA FROEHLICH, COM NOTAS BIOLÓGICAS (EPHEMEROPTERA, CAENIDAE)

  • 1. DESCRiÇÃO DO IMAGO MACHO DE CAENlS CUNIANA FROEHUCH, COM NOTAS BIOLÓGICAS (EPHEMEROPTERA, CAENIDAE) Elidiomar Ribeiro da Silva 1 ABSTRACT. DESCRIPTION OF THE MALE IMAGO OF CAENIS CUNIANA FROEHLICH WITH BIOLOGICAL NOTES (EPHEMEROPTE­RA, CAENlDAE). The male imago ofCaenis euniana Froehlich, 1969 is for the first time described, based on one specimen from Maricá, Rio de Janeiro, Brazil. Notes on taxonomy and biology of the species are added. KEY WORDS. Ephemeroptera, Caenidae, Caenis euniana FROEHLICH (1969) descreveu Caenis cuniana (Ephemeroptera, Caenidae) a partir de ninfas e adultos (fêmeas) procedentes do Estado de São Paulo; diversas gerações de fêmeas partenogenéticas foram obtidas por aquele autor, em laboratório. A espécie foi enquadrada em Caenis Stephens, 1835 com base em caracteres da ninfa, a despeito desta apresentar garras denteadas, característica até então não encontrada no gênero (THEW, 1960; FROEHLICH, 1969). Posteriormente, MALZACHER (1986) registrou a es­pécie para o Pará (como "Caenis ? cuniana"). Durante estudos sobre a entomofauna aquática de uma área de restinga em Barra de Maricá, município de Maricá, Rio de Janeiro, foram colecionados ninfas e adultos de C. cuniana. Do total de 17 adultos coletados em campo ou criados em laboratório, obteve-se um único exemplar macho, aqui descrito. A eclosão de ovos não fecundados demonstrou que a espécie é também parte­nogenética em Barra de Maricá. Caenis cuniana Froehlich, 1969 Figs 1-5 Imago macho. Coloração geral castanha. Cabeça castanha, com as sutu­ras escurecidas. Base dos ocelos e escapo antenal castanho-escuros. Pronoto castanho, com as suturas escurecidas. Asas claras, com as nervuras maiores castanhas; três nervuras transversais presentes na metade apical do setor sub­costal; escassez generalizada de nervuras transversais em outros setores; quatro nervuras intercalares à R2. Prosterno estreitado anteriormente. Mesonoto cas­tanho- amarelado. Metanoto castanho. Pernas castanho-claras; fêmures com uma mancha mediana longitudinal e outra apical, ambas castanho-escuras; 1) Departamento de Zoologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Caixa Postal 68044, 21949-900 Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Pós-graduação em Zoologia, Museu Nacional do Rio de Janeiro. Revta bras. Zool. 10 (3): 413-416, 1993
  • 2. 414 3 1, O mm o ss DA SILVA 2 ." ) o Figs ) -5. Caenis cuniana, imago macho. (I) Asa esquerda; (2) contorno do prosterno; (3) tergitos abdominais; (4) genitália, vista ventral; (5) fórceps genital esquerdo. metade distal das tíbias castanho-escuras. Tergitos abdominais pardo-ama­relados, com manchas estigmáticas castanho-escuras. Margens posteriores do 82 e do 92 segmentos com pequenos espinhos laterais. Filamentos caudais es­branquiçados. Fórceps genital longo, esclerosado e progressivamente afilado até o ápice agudo; margem interna com três dentículos subapicais. Pênis único, em forma de clava, com lobos totalmente fusionados, sem qualquer vestígio externo remanescente dessa fusão. Medidas (em mm): corpo 1,9; asa 2,0; perna anterior 1,8 (fêmur 0,5; tíbia 0,6; tarso 0,7); perna mediana 1,0 (fêmur 0,4, tíbia
  • 3. Descrição do imago macho de Caenis cuniana ... 415 0,4; tarso 0,2); perna posterior 1,5 (l'êmur 0,6; tíbia 0,6; tarso 0,3); cerco 6,4; filamento mediano 8,4. Material estudado. Brasil, Rio de Janeiro, Maricá, Restinga de Barra de Maricá: um imago macho e um imago fêmea, 01-VI-1989, E.R. da Silva lego (em luz); um subimago fêmea, 02-VI-1989, L.F.M. Dorvillé & J.L. Nessimian leg.; um imago fêmea, 07-X-1989, R.M.A. Lemos & P.D. Sampaio leg.; oito sub­imagos fêmeas, 07-08-X-1989, R.M.A. Lemos & P.D. Sampaio lego (coletadas como ninfas e criadas em laboratório); três subimagos fêmeas, 07-IX-1991, E.R. da Silva lego (coletadas como ninfas e criadas em laboratório); dois subimagos fêmeas, 27-IX-1991, L.F.M. Dorvillé (coletadas como ninfas e criadas em laboratório); 125 ninfas de primeiro estádio, obtidas a partir de um subimago macho (emergência: 13-IX-1991), 215 ninfas de primeiro estádio, obtidas a partir de dois subimagos fêmeas (emergências: 14-IX-1991), 07-IX-1991, E.R. da Silva lego Os exemplares estudados encontram-se depositados na Coleção Entomológica do Departamento de Zoologia, Instituto de Biologia, Univer­sidade Federal do Rio de Janeiro. BIOLOGIA Ninfas de C. cuniana foram coletadas no Brejo-canal de Itaipuaçu, situado entre os dois cordões arenosos da Restinga de Barra de Maricá (22°56'S; 42°50'W). O brejo apresenta águas rasas e ácidas (pH em torno de 5,0), com teor de oxigênio dissolvido variando de 11% a 12%. As macrófitas aquáticas dominantes são Eleocharis sellowiana Kunth. (Cyperaceae), Sagittaria lancifolia L. (Alismataceae) e Nymphoides hwnboldtianum (H.B.K.) O. Kuntze (Menyan­thaceae). As ninfas situam-se no fundo ou por sobre a vegetação, apresentando hábito raspador. O conteúdo digestivo revelou a presença de desmidiáceas, cianofíceas, c1orofíceas, fibras vegetais e detritos orgânicos. A freqüência po­pulacional de C. cuniana atinge valores máximos entre a primavera e o verão (de outubro ajaneiro). Além do Caenidae, há outro efemeróptero ocorrente na região, o Baetidae Callibaetis guttatus Navás, 1915 (DA SILVA, no prelo). Parte do ciclo biológico de C. cuniana foi acompanhada em laboratório. A emergência das subimagos ocorreu entre às 18:00 e 20:00 horas. Como foi verificada a eclosão de ovos não fecundados, ficou caracterizada a ocorrência de partenogênese, estratégia reprodutiva já registrada para a espécie (FROEHLlCH, 1969). Em laboratório, as subimagos morreram logo após a emergência, não chegando sequer a atingir o estágio imaginaI. Segundo observado, as fêmeas não realizam uma oviposição tradicional, morrendo com a maioria dos ovos no seu interior, ao contrário dos exemplares estudados por Froehlich em São Paulo, que realizavam a postura logo após a ecdise imaginaI. Nos exemplares de Maricá, os ovos vão sendo liberados à medida que o corpo da fêmea entre em decomposição. Algumas eclosões foram observadas ainda na cavidade abdo­minal da fêmea morta. Posturas provenientes de três fêmeas, obtidas a partir de ninfas criadas Revta bras. Zool. 10 (3): 413-416, 1993
  • 4. 416 DA SILVA em laboratório, foram acompanhadas até as eclosões. Para o cálculo do tempo de maturação dos ovos, considerou-se a data de oviposição como sendo a mesma da emergência da fêmea. Os resultados estão sumarizados na tabela I. O número de ovos por postura variou entre 100 e 199. À temperatura ambiente de 22,0°C, em média, o tempo decorrido entre postura e eclosão foi de nove a 25 dias, e a taxa de fecundidade variou entre 62,8% e 78,0%. Esses valores são próximos aos registrados por FROEHLICH (1969). Tabela I. Tempo decorrido entre a postura dos ovos e a eclosão das ninfas de C. cuniana, em laboratório. Data da emergência Número Dias após à poslura Total de Taxa de do subi mago fêmea de ovos edosôes fecundidade 9 10 II 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 (%) 13·IX · I991 199 14 - IX·I991 100 14 - IX - I991 182 o 7 56 21 13 7 7 4 4 3 2 O O O O O O 00000000 125 25 31 15 2 2 O 2 O 78 O 36 18 40 16 II 6 3 I I I 3 O O O I 137 DISCUSSÃO 62,8 78,0 75,3 Adultos de C. cwúana podem ser diagnosticados pela combinação dos seguintes caracteres: (1) presença de três nervuras transversais subcostais na metade apical da asa (Fig. 1); (2) escassez generalizada de nervuras transversais (Fig. 1); (3) prosterno estreitado anteriormente (Fig. 2): (4) fórceps genital esclerosado, longo e afilado, com três dentículos subapicais (Figs 4-5); (5) lobos do pênis fusionados, em forma de clava (Fig. 4). As peças genitais do macho de C. cuniana seguem o padrão típico do gênero Caenis, caracterizado por apresentar fórceps reta e obtuso ou agudo (THEW, 1960). Ainda quanto à genitália, C. cuniana enquadra-se no grupo "mais especializado" do gênero, que, segundo THEW (1960), apresenta os lobos do pênis inteiramente fusionados. C. cuniana parece mais proximamente rela­cionada a C. fittkaui Malzacher, 1986 e C. candelata Malzacher, 1986, descritas para a Amazônia Brasileira, que também apresentam fórceps longo, bem es­clerosado e pênis em forma de clava (MALZACHER, 1986). REFERtNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA SILVA, E.R. (no prelo). Descrição da ninfa de Callibaetis guttatus Navás, 1915, com notas biológicas e comentários sobre a imago (Ephemeroptera: Baetidae). An. SOCo ent. Brasil 20 (2). FROEHLICH, c.G. 1969. Caenis cimiana sp.n., a parthenogenetic mayfly. Beitr. Neotrop. Fauna 6 (2): 103-108. MALZACHER, P. 1986. Caenidae aus dem Amazonasgebiet (Insecta, Ephe­meroptera). Spixiana 9 (1): 83-103. THEW, T.B. 1960. Revision of the genera of the family Caenidae (Ephe­meroptera). Trans. Amer. eot. Soco 86: 187-205. Recebido em 29.XI.I99I; aceito em 25.XI.I993. Revta bras. Zool. 10 (3): 413-416, 1993