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Contos e Crônicas
Professora Fernanda Braga
O conto
• É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão
quanto no tempo em que se passa.
• A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas
figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade
de sentidos.
• Todas as ações se encaminham diretamente para o
desfecho.
• Envolve poucas personagens, e as que existem se
movimentam em torno de uma única ação.
• As ações se passam em um só espaço, constituem um só
eixo temático e um só conflito.
• A habilidade com as palavras é muito importante,
principalmente para se utilizar de alusões ou sugestões,
frequentemente presentes nesse tipo de texto.
Tipos de contos
• Contos de amor (Clarice Lispector, Carlos
Drummond de Andrade);
• Contos de terror/suspense (Stephen King);
• Contos de fadas (Irmãos Grimm);
• Contos fantásticos (Murilo Rubião,
Guimarães Rosa).
• Contos comuns/situações cotidianas
(Machado de Assis, Guimarães Rosa).
A Crônica
• Está ligada à vida cotidiana. Contém um depoimento
pessoal, com estilo e pontos de vista individuais.
Narrativa informal, familiar, com sentimentos íntimos
mais profundos.
• Procura reproduzir na escrita a linguagem do cotidiano,
ou seja, coloquial, às vezes, carregada de sentimentos,
ou de emoção, ou ainda, de ironia, de crítica.
• Tem sensibilidade em relação à realidade. Procura a
síntese, a brevidade, a leveza de sentido e uma dose de
lirismo.
• Faz uso do fato como meio ou pretexto para o artista
exercer seu estilo e criatividade.
• Diz coisas sérias por meio de uma aparente “conversa
fiada”.
Tipos de Crônicas
• Crônica Lírica/poética (Fernando Sabino,
João do Rio, Rubem Alves);
• Crônica de Humor (Luís Fernando Veríssimo,
Machado de Assis);
• Crônica Ensaio (Arnaldo Jabor);
• Crônica Argumentativa (Moacyr Scliar,
Gilberto Dimenstein, Carlos Heitor Cony).
A CRÔNICA E O CONTO
Onde termina a "crônica" e começa o "conto"? Esse é o
questionamento que, não raro, tenho visto. Com efeito,
muitas vezes a crônica confunde-se com o conto. Mas, que
fique bem entendido, não é qualquer crônica que se
assemelha ao conto. Quando a crônica recebe um
tratamento literário em relação ao texto jornalístico,
como o uso de várias figuras de linguagem, quando um
pequeno enredo é desenvolvido, principalmente com
diálogo; é que ela traça fronteiras muito próximas do
conto. Tão próxima, que muitas vezes, é difícil estabelecer
uma linha divisória. No entanto, podemos enumerar
algumas características da crônica que podem ser
confrontadas com as do conto.
Personagens
Enquanto o contista mergulha de ponta-cabeça na
construção da personagem, o cronista age de maneira
mais solta. As personagens não têm descrição
psicológica profunda; são levemente caracterizadas (uma
ou duas características), suficientes para compor seus
traços genéricos, com os quais, qualquer pessoa pode se
identificar: Fulano é distraído, Beltrano é mau-caráter e
nacionalista xenófobo (que tem aversão a
estrangeiros). Em geral, as personagens não têm nomes: é
a moça, o menino, a velha, o senador, a mulher, a dona
de casa. Ou, se têm, são nomes comuns, como: dona
Nena, seu Chiquinho, seu Bonifácio, para só citar esses
nomes. Às vezes, o cronista cria personagens, mas sempre
a partir de uma matriz real, isto é, pessoas reais que se
tornam personagens.
Narrador
Enquanto no conto o narrador (protagonista ou observador) é
um personagem. Na crônica, o cronista sequer tem a
preocupação de colocar-se na pele de um narrador-personagem
ou observador.  Assim, quem narra uma crônica é o seu autor
mesmo; pois, o cronista parte de experiências próprias, de fatos
que testemunhou (com certo envolvimento) ou dos quais
participou: “Diz que era um menino de uma precocidade
extraordinária e vai daí a gente percebe logo que o menino era
um chato, pois não existe nada mais chato que menino precoce
e velho assanhado. Mas deixemos de filosofias e narremos;
diz que o menino era tão precoce que nasceu
falando.“(...). (PORTO, Sérgio; O Menino Precoce; in: Garoto
Linha Dura)
 Por isso, a crônica tem, quase sempre, um caráter
confessional, autobiográfico. Em alguns casos a narrativa é
feita na terceira pessoa através de pessoas reais que se tornam
O Assunto
O assunto de uma crônica é sempre resultado daquilo
que o cronista colhe em suas conversas; das frases que
ouve; das pessoas que observa; das situações que
registra; dos flagrantes de esquina; dos fatos do
noticiário; dos incidentes domésticos e coisas que
acontecem nas ruas. Portanto, o assunto da crônica,
geralmente, está centrado em uma experiência pessoal.
Ao passo que o conto, não raro, é produto da imaginação,
da ficção.
O cronista pode numa mesma crônica abordar diversos
assuntos, desde que estes estejam ligados entre si por
uma mesma linha de raciocínio.
O Desfecho
No conto há um conflito e, geralmente, um desfecho para ele.
Como a finalidade da crônica é analisar as circunstâncias de
um fato e não concluí-lo, o desfecho é, praticamente,
inexistente. "Vamos supor que você surpreenda um garoto
pobre tremendo de frio e olhado fixamente para um pulôver
novinho na vitrina duma loja. Ora, isso dá uma excelente
crônica. Você relataria o flash, a cena em si, mas não o
desfecho: o menino comprou ou não o pulôver? Nada disso.
Acabando de "pintar" o quadro, terminaria o texto, deixando
ao leitor a tarefa de refletir sobre a miséria, a fome, a má
distribuição de renda, a injustiça social etc. É essa, muita
vezes, a finalidade da crônica e a intenção do cronista. Seu
texto não tem resolução, não tem moral como na fábula, é
aberto para que cada leitor crie o final que melhor desejar. O
cronista, no fundo, deseja que seu leitor seja
um coautor.” (ASESBP, Associação dos Escritores de Bragança
A Linguagem
O cronista procura trazer para suas crônicas a oralidade
das ruas, isto é, ser oral no escrito. Daí ser predominante
nas crônicas a linguagem coloquial e até popular, para
introduzir um linguajar de bate-papo (do botequim, da
esquina), de conversa-fiada; todos carregados de gírias.
"[...], pois o artista que deseje cumprir sua função
primordial de antena do seu povo, captando tudo aquilo
que nós outros não estamos aparelhados para
depreender, terá que explorar as potencialidades da
língua; buscando uma construção frasal que provoque
significações várias (mas não gratuitas ou ocasionais),
descortinando para o público uma paisagem até então
obscurecida ou ignorada por completo." (SÁ, Jorge de. A
crônica. São Paulo: Ática, 1985. Série Princípios)
O Diálogo
É a presença do diálogo na crônica, que faz com que ela
se aproxime do conto. Mas, na crônica, o diálogo é forma
de interação, que cria uma importante cumplicidade com o
leitor, principalmente, através de perguntas lançadas ao
ar; ou então, para manter um formato que se aproxime do
bate-papo, sua característica marcante:
[...] parado às seis e meia da tarde na esquina das
Avenidas Montagne com Champs Elysées, na certeza de
que não encontraria um táxi, disse para o operador de
rádio de uma emissora carioca que estava comigo: "O jeito
é a gente ir de metrô".
E ele: "Comigo não, velhinho. Trem em cima da terra já dá
bronca, não sou eu que entro num trem que corre num
buraco". (PORTO, Sérgio; Cartão-postal; in: Rosamundo e
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Crônicas e contos

  • 2. O conto • É uma narrativa linear e curta, tanto em extensão quanto no tempo em que se passa. • A linguagem é simples e direta, não se utiliza de muitas figuras de linguagem ou de expressões com pluralidade de sentidos. • Todas as ações se encaminham diretamente para o desfecho. • Envolve poucas personagens, e as que existem se movimentam em torno de uma única ação. • As ações se passam em um só espaço, constituem um só eixo temático e um só conflito. • A habilidade com as palavras é muito importante, principalmente para se utilizar de alusões ou sugestões, frequentemente presentes nesse tipo de texto.
  • 3. Tipos de contos • Contos de amor (Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade); • Contos de terror/suspense (Stephen King); • Contos de fadas (Irmãos Grimm); • Contos fantásticos (Murilo Rubião, Guimarães Rosa). • Contos comuns/situações cotidianas (Machado de Assis, Guimarães Rosa).
  • 4. A Crônica • Está ligada à vida cotidiana. Contém um depoimento pessoal, com estilo e pontos de vista individuais. Narrativa informal, familiar, com sentimentos íntimos mais profundos. • Procura reproduzir na escrita a linguagem do cotidiano, ou seja, coloquial, às vezes, carregada de sentimentos, ou de emoção, ou ainda, de ironia, de crítica. • Tem sensibilidade em relação à realidade. Procura a síntese, a brevidade, a leveza de sentido e uma dose de lirismo. • Faz uso do fato como meio ou pretexto para o artista exercer seu estilo e criatividade. • Diz coisas sérias por meio de uma aparente “conversa fiada”.
  • 5. Tipos de Crônicas • Crônica Lírica/poética (Fernando Sabino, João do Rio, Rubem Alves); • Crônica de Humor (Luís Fernando Veríssimo, Machado de Assis); • Crônica Ensaio (Arnaldo Jabor); • Crônica Argumentativa (Moacyr Scliar, Gilberto Dimenstein, Carlos Heitor Cony).
  • 6. A CRÔNICA E O CONTO Onde termina a "crônica" e começa o "conto"? Esse é o questionamento que, não raro, tenho visto. Com efeito, muitas vezes a crônica confunde-se com o conto. Mas, que fique bem entendido, não é qualquer crônica que se assemelha ao conto. Quando a crônica recebe um tratamento literário em relação ao texto jornalístico, como o uso de várias figuras de linguagem, quando um pequeno enredo é desenvolvido, principalmente com diálogo; é que ela traça fronteiras muito próximas do conto. Tão próxima, que muitas vezes, é difícil estabelecer uma linha divisória. No entanto, podemos enumerar algumas características da crônica que podem ser confrontadas com as do conto.
  • 7. Personagens Enquanto o contista mergulha de ponta-cabeça na construção da personagem, o cronista age de maneira mais solta. As personagens não têm descrição psicológica profunda; são levemente caracterizadas (uma ou duas características), suficientes para compor seus traços genéricos, com os quais, qualquer pessoa pode se identificar: Fulano é distraído, Beltrano é mau-caráter e nacionalista xenófobo (que tem aversão a estrangeiros). Em geral, as personagens não têm nomes: é a moça, o menino, a velha, o senador, a mulher, a dona de casa. Ou, se têm, são nomes comuns, como: dona Nena, seu Chiquinho, seu Bonifácio, para só citar esses nomes. Às vezes, o cronista cria personagens, mas sempre a partir de uma matriz real, isto é, pessoas reais que se tornam personagens.
  • 8. Narrador Enquanto no conto o narrador (protagonista ou observador) é um personagem. Na crônica, o cronista sequer tem a preocupação de colocar-se na pele de um narrador-personagem ou observador.  Assim, quem narra uma crônica é o seu autor mesmo; pois, o cronista parte de experiências próprias, de fatos que testemunhou (com certo envolvimento) ou dos quais participou: “Diz que era um menino de uma precocidade extraordinária e vai daí a gente percebe logo que o menino era um chato, pois não existe nada mais chato que menino precoce e velho assanhado. Mas deixemos de filosofias e narremos; diz que o menino era tão precoce que nasceu falando.“(...). (PORTO, Sérgio; O Menino Precoce; in: Garoto Linha Dura)  Por isso, a crônica tem, quase sempre, um caráter confessional, autobiográfico. Em alguns casos a narrativa é feita na terceira pessoa através de pessoas reais que se tornam
  • 9. O Assunto O assunto de uma crônica é sempre resultado daquilo que o cronista colhe em suas conversas; das frases que ouve; das pessoas que observa; das situações que registra; dos flagrantes de esquina; dos fatos do noticiário; dos incidentes domésticos e coisas que acontecem nas ruas. Portanto, o assunto da crônica, geralmente, está centrado em uma experiência pessoal. Ao passo que o conto, não raro, é produto da imaginação, da ficção. O cronista pode numa mesma crônica abordar diversos assuntos, desde que estes estejam ligados entre si por uma mesma linha de raciocínio.
  • 10. O Desfecho No conto há um conflito e, geralmente, um desfecho para ele. Como a finalidade da crônica é analisar as circunstâncias de um fato e não concluí-lo, o desfecho é, praticamente, inexistente. "Vamos supor que você surpreenda um garoto pobre tremendo de frio e olhado fixamente para um pulôver novinho na vitrina duma loja. Ora, isso dá uma excelente crônica. Você relataria o flash, a cena em si, mas não o desfecho: o menino comprou ou não o pulôver? Nada disso. Acabando de "pintar" o quadro, terminaria o texto, deixando ao leitor a tarefa de refletir sobre a miséria, a fome, a má distribuição de renda, a injustiça social etc. É essa, muita vezes, a finalidade da crônica e a intenção do cronista. Seu texto não tem resolução, não tem moral como na fábula, é aberto para que cada leitor crie o final que melhor desejar. O cronista, no fundo, deseja que seu leitor seja um coautor.” (ASESBP, Associação dos Escritores de Bragança
  • 11. A Linguagem O cronista procura trazer para suas crônicas a oralidade das ruas, isto é, ser oral no escrito. Daí ser predominante nas crônicas a linguagem coloquial e até popular, para introduzir um linguajar de bate-papo (do botequim, da esquina), de conversa-fiada; todos carregados de gírias. "[...], pois o artista que deseje cumprir sua função primordial de antena do seu povo, captando tudo aquilo que nós outros não estamos aparelhados para depreender, terá que explorar as potencialidades da língua; buscando uma construção frasal que provoque significações várias (mas não gratuitas ou ocasionais), descortinando para o público uma paisagem até então obscurecida ou ignorada por completo." (SÁ, Jorge de. A crônica. São Paulo: Ática, 1985. Série Princípios)
  • 12. O Diálogo É a presença do diálogo na crônica, que faz com que ela se aproxime do conto. Mas, na crônica, o diálogo é forma de interação, que cria uma importante cumplicidade com o leitor, principalmente, através de perguntas lançadas ao ar; ou então, para manter um formato que se aproxime do bate-papo, sua característica marcante: [...] parado às seis e meia da tarde na esquina das Avenidas Montagne com Champs Elysées, na certeza de que não encontraria um táxi, disse para o operador de rádio de uma emissora carioca que estava comigo: "O jeito é a gente ir de metrô". E ele: "Comigo não, velhinho. Trem em cima da terra já dá bronca, não sou eu que entro num trem que corre num buraco". (PORTO, Sérgio; Cartão-postal; in: Rosamundo e os outros)