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Conflitos agrários e
violência no Estado
de Rondônia
MP - Porto Velho.
Março 2017
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA
Capanga
armado na Linha
45 da Gleba Rio
das Garças, em
Porto Velho
“O que há de sociologicamente
mais relevante para caracterizar e
definir a fronteira no Brasil é,
justamente, a situação de conflito
social.”
(JOSÉ SOUZA MARTINS,1996)
A CPT FAZ
MAIS DE
TRINTA ANOS
QUE NO BRASIL
REGISTRA OS
CONFLITOS DO
CAMPO
https://cptnacional.org.br/
DIVERSIDADE DE CONFLITOS
Comunidades indígenas e
tradicionais (seringueiros,
quilombolas, ribeirinhos).
Grupos de posseiros não
titulados.
Grupos que demandam
reforma agrária.
QUILOMBOLAS
QUILOMBOLAS
Nove Comunidades Quilombolas
do Guaporé resgatam sua
identidade e enfrentam o Exército,
organismos ambientais estaduais
(SEDAM) e do governo federal
(ICMBIO) para ver reconhecidos
seus territórios tradicionais.
INDÍGENAS
Ocupação da Funai de G. Mirim, 2003
 Mais de 10 povos indígenas ainda
reivindicam a demarcação
 (Miquelém, Puruborá, Wuajoró, Cujubim,
Cassupá, Guarassungué)
 ou revisão de seus territórios tradicionais
(Karitiana, Kaxarari, Arara, Oro Wari).
 As Terras Indígenas Uru Eu Au Au, Lages e
Karipuna, Suruí , etc.
 sofrem invasões de garimpeiros e grileiros.
Mapa: CIMI RO
RIBEIRINHOS E ATINGIDOS POR BARRAGENS
MANIFESTAÇÃO CONTRA UHE RIBEIRÃO
14/03/2017 Foto: MAB
A MORTE DE NILCINHA, 7 JANEIRO 2016
Foto:
MAB
 Ribeirinhos do Rio Madeira resistem e
enfrentam as desastrosas
consequências socioambientais da
construção das duas grandes usinas de
Jirau e Santo Antônio.
 Em processo de novas usinas em
Tabajara (Machadinho) e Cachoeira do
Ribeirão (Nova Mamoré).
 09 PCHs de Alta Floresta do Oeste
atingem indígenas da AI Rio Branco e
RESERVAS AMBIENTAIS E EXTRATIVISTAS
RESEX
MASSARANDUBA
Foto: Estadão
RESERVAS AMBIENTAIS E EXTRATIVISTAS
 A Reserva Extrativista Estadual (Resex) de
Jaci Paraná está completamente tomado de
grandes pecuaristas e pequenos
agricultores.
 Enquanto os extrativistas de Machadinho
são assassinados (16 deles nos últimos dez
anos) e ameaçados (09 em 2016) por
saqueadores de madeira e grileiros de
terras.
 Há conflitos na Resex Rio Ouro Preto,
Pacaás Novas e Cautário. (G. Mirim e C.
Marques)
POSSEIROS E SEM TERRAS
ASSOCIAÇÃO. ÁGUA VIVA /FAZ CARAMELHO
CHUPINGUAIA
F. CPTRO
 Ainda, os conflitos existentes que tem
mais visibilidade, os que registram mais
violência, e que a CPT de Rondônia
historicamente sempre atendeu,
correspondem aos pequenos
agricultores do processo de
colonização:
posseiros em áreas não
regularizadas
e sem terras que pedem a criação
de assentamentos de reforma
 Posseiros e camponeses sem terra,
desafiam o avanço do agronegócio
expropriador das terras, em conflitos
registrados:
 em Vilhena e no Sul do Estado: Arredor de
52 conflitos. Maioria áreas de CATPs (títulos
provisórios).
 Arredor de 25 conflitos: Região central, da
Mata. BR-429. Em aumento em 2016.
 Na região de Ariquemes e Vale do Jamari,
Arredor de 45 conflitos. Com mais violência.
 21 conflitos: Região de P. Velho, Candéias,
Guajará Mirim, Sul Amazonas.
Arredor de 172 áreas de conflito no estado de
Rondônia.
EM DIVERSIDADE DE ATORES E DE
MOVIMENTOS
Acampamento Fidel Castro, Mirante da Serra
 A maior parte de posseiros são
grupos e associações
independentes (ou vinculados a
FETAGRO).
 Também são independentes a
maioria dos grupos sem terra.
 O objetivo principal é o controle e
a posse da terra, antes que a
legalização do assentamento.
 A luta se “terceiriza” pelo
incremento de vendas dos lotes
para bancar a luta (mais cara),
pela valorização da terra (mesmo
posse sem garantias de
domínio).
Ac Montecristo
Vale do Paraíso
 Parecia que acampamento na beira da
estrada não incomodava ninguém, porém
dois acampamentos do MST em
Rondônia em 2016 foram violentamente
atacado e queimados, expulsando (sem
ordem judicial) 150 famílias em dois
 O MST defende a reforma agrária
popular: Uma luta pela terra de mais
qualidade, com mais segurança, apoio
a produção agroecológica, educação e
assentamentos assistidos.
 A luta se especializa geograficamente
nas regiões mais centrais do estado.
Foto: MST/UNIR
A LIGA DOS
CAMPONESES POBRES
 A LCP apoia diversos acampamentos e
iniciativas de luta pela terra, de grupos mais
ou menos vinculados a eles.
 De ideologia marxista maoísta, declaram-se
partidários da Revolução Agrária (não
apenas da reforma agrária).
 Defendem a estratégia da ocupação e auto-
corte das terras ocupadas, apoiando aos
grupos mais combativos da causa agrária.
 Pelo menos 20 das mortes de Rondônia
entre 2015 e 2016 foram pessoas
relacionadas ao LCP, entre eles um dos seus
coordenadores, Enilson Ribeiro dos Santos.
A VIOLÊNCIA NO CAMPO DE RONDÔNIA
Acampamento Enilson Ribeiro / Fazenda Bom Futuro
Seringueiras
DADOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA DE
2016
RONDÔNIA
Violência contra a pessoa 2016
Nº de conflitos 172
Assassinatos 21
Tentativas de assassinatos 10
Ameaçados de morte 40
Agredidos fisicamente 141
Presos 88
Detidos ou ameaçados de prisão 121
 A maior parte dos conflitos não são
decorrentes de novas ocupações de terra.
 Mas agressões contra famílias de
posseiros.
2014 2015
Novas
Ocupações
/Acampamentos
4 123 5 203
Novas
ocorrências de
conflitos por
terra.
51 2.805 78 3.725
 Rondônia concentrou os piores registros de
violência e de mortes no campo em 2015 e
2016 de todo o Brasil.
 Acompanhando toda a região amazônica,
que liderou a violência no campo do Brasil
nestes anos.
 Especialmente virulenta com registro em
Rondônia de mais de 41 assassinatos de
camponeses em conflitos no campo, de total
de 101 no Brasil (40,5%).
DATA ASSASSINATOS CONFLITO
07/01/201
6
- Nilce de Souza
Magalhães, "Nicinha" -58
anos-Liderança
Porto Velho - Acamp.
Velha Mutum-Paraná/Km
871/BR-364/UHE Jirau e
Sto. Antônio-
23/01/201
6
- Enilson Ribeiro dos
Santos - 27 anos;
- Valdiro Chagas de
Moura-Lideranças
Jaru -Faz. Santo
Antônio/Gleba 06 de
Julho/Acamp. Paulo
Justino- Alto Paraíso
31/01/201
6
- Alysson Henrique
Lopes-23 anos e
- Ruan Hildebran Aguiar
- 18 anos-Sem-terra
Cujubim -Acamp. Terra
Nossa/Faz. Tucumã/Linha
C-114-
24/04/201
6
- Nivaldo Batista
Cordeiro e
- Jesser Batista
Cordeiro – Sem–terra
Buritis - Faz.
Formosa/Acamp. 10 de
Maio – Alto Paraíso
DATA ASSASSINATOS CONFLITO
09/05/201
6
- Geraldo de Campos
Bandeira - 40 anos - Sem
– terra
Buritis - Faz. Padre
Cícero/Acamp. Monte
Verde – Monte Negro
22/05/201
6
- Luís Carlos da Silva -
25 anos – Liderança;
- Cleidiane Alves
Teodoro -14 anos - Sem
– terra
Buritis - Faz.
Fluminense/Acamp. Luís
Carlos/Linha 25/Gleba Rio
Alto-Monte Negro
26/05/201
6
- Cleverson Carneiro -27
anos - Trabalhador Rural
Espigão do Oeste - Linha
Mato Grosso
06/07/201
6
- Adna Senhora Teixeira
- Liderança
Cujubim - Sítio do
Baianinho-
18/08/201
6
- Luciano Ferreira de
Andrade - 41 anos-
Liderança
Mirante da Serra - Faz.
Fluminense/Acamp. Luís
Carlos/Linha 25/Gleba Rio
DATA ASSASSINATOS CONFLITO
02/09/2016 - José Cândido Lopes Filho, "Zé
Barba" – 63 anos-Pequeno
proprietário
Buritis - Faz. Formosa/Acamp. 10
de Maio-Alto Paraíso
13/09/2016 - Isaque Dias Ferreira, "Paulo" –
34 anos;
- Edilene Mateus Porto, "Edilena"
-32 anos-Lideranças:
Alto Paraíso - Faz.
Formosa/Acamp. 10 de Maio -
25/09/2016 - Vanderlei Domingues
Rodrigues, "Nem"- 27 anos
- Sem – terra
Alto Paraíso - Faz.
Formosa/Acamp. 10 de Maio
28/09/2016 - Sebastião Pereira dos Santos -
39 anos-Sem– terra
Vale do Paraíso - Ji
Paraná / Agrop. Amaralina / Acamp.
Jhone Santos -
11/10/2016 - Antônio Bento Cardoso Júnior,
"Toizinho"-22 anos;
- Milton Rodrigues
Alto Paraíso - Faz.
Formosa/Acamp. 10 de Maio-
19/10/2016 - Avildes Alves Pereira -39 anos-
Posseiro
Machadinho d´Oeste - TD
Urupá/Galo Velho/TB 13
Conflitos em Alto
Paraíso: 10
mortes. (2 Jaru, 4
Buritis)
Conflitos em
Monte Negro: 4
mortes (1 Mirante,
3 Buritis)
Conflitos em
Cujubim: 3 mortes
Conflitos em
A MAIORIA DE ASSASSINATOS DE
CAMPONESES
POR CONFLITOS DA REGIÃO DO VALE
DO JAMARI (18)
A região do Vale do
Jamari já tem um
historial de muitos anos
de conflitos.
 ALLYSSON HENRIQUE LOPES e RUAN HILDEBRAN
AGUIAR. + 31/01/2016. Do Acampamento Terra Nova,
na Fazenda Tucumá, assassinados após caçada
implacável pela Linha 114 de Cujubim. Não foi
achado o corpo de um deles, outro corpo foi achado
carbonizado, ainda sem identificar. Um arsenal foi
preso na fazenda, junto com dois pistoleiros.
Posteriormente, dois PMs, e o dono da fazenda
foram presos acusados das mortes. Um sargento da
PM permanece foragido e o presidente da
Associação de Ji Paraná.
 Diversas testemunhas foram perseguidas e uma
IMPUNIDADE
 - Com poucas exceções (02 crimes da
Fazenda Tarumá, de Cujubim, da Nilcinha,
em Porto Velho).
 - Que saibamos, outros 37 assassinatos no
campo de Rondônia em 2015 e 2016 não
têm sido esclarecidos, nem os autores ou
mandantes identificados, presos ou punidos.
 - Muitos deles responsabilidade da
delegacia da Polícia Civil de Buritis.
Renato Nathan (assassinado
em 12 de abril de 2012);
IMPUNIDADE
 - A área 10 de Maio /Fazenda Formosa de
Caubi Moreira / Alto Paraíso concentra pelo
menos 15 mortes entre 2015/2016.
IZAQUE DIAS
FERREIRA
(35 anos) e
EDILENE
MATEUS
PORTO,
+13.9.16.
Lideranças do
LCP e do
Acampamento
10 de Maio.
UMA TERRA DISPUTADA A BALA
Um recado (deixado dentro da Bíblia da Fazenda
Urutal de Alto Paraíso, em 02/08/2017 destruída
por um grupo de ocupantes), ilustra a luta pela
terra. Romanos 3,21: “Mas agora se manifestou
sem a lei a justiça de Deus”.
UMA TERRA DISPUTADA A BALA
 Sem avanços na reforma agrária,
 com a justiça fazendo centenas de
reintegrações de posse sem sequer
perguntar ao INCRA sobre a situação legal
da área disputada,
 com polícia reprimindo camponesas e
integrando milícias armadas nas fazendas,
 não existe Lei, nem Estado de Direito.
VIOLÊNCIA ANUNCIADA
 :(15 de outubro de 2014)
 Segundo relatório do Núcleo Integrado de
Inteligência da própria Polícia Militar,
 "se as autoridades não tomarem
providências a situação poderá eclodir em
graves conflitos agrários entre os
proprietários rurais e os trabalhadores rurais
sem-terras, inclusive assassinatos de ambos
MILÍCIAS ARMADAS: PMS,
AGENTES PENITENCIÁRIOS
E PISTOLEIROS
 "Capangas", "milícias", agentes penitenciários e
policiais militares fortemente armados eram
contratados para realizar "segurança" nas
fazendas da região de Ariquemes, sob a
coordenação de um oficial da Polícia Militar
e ex-comandante do 7º Batalhão de
Ariquemes"
 A acusação foi revelada em 15 de outubro de
2014 em Ji Paraná, na 733ª Reunião da
Comissão Nacional de Combate à Violência no
Campo, acontecida na Câmara de Vereadores
da cidade.
MILÍCIAS ARMADAS: PMS,
AGENTES PENITENCIÁRIOS
E PISTOLEIROS
 1.273 famílias
despejadas em 2016,
com ou sem ordem de
reintegração.
Despejo Acampamento Jhones Santos/
Faz.Amarelinha Ji-Paraná 19/10/16
 As providências foi tratar os conflitos
agrários apenas como problema policial e
concentraram-se no sentido de reprimir a
demanda dos camponeses sem-terra, em
prisões e reintegrações de posse.
Presos 88
Detidos ou
ameaçados
de prisão
121
RELATÓRIO DO CNDH:
“O Vale do Jamari virou então o
palco de uma verdadeira guerra, o
pior foco de violência no campo de
todo o Brasil, sem a devida
apuração da participação das
forças de segurança e pistolagem
do lado dos fazendeiros.”
 http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/cndh/relatorios/relatorio-sobre-defensores-de-
direitos-humanos-ameacados-no-estado-de-rondonia-2 acessado em 07/03/2017
 A violência no campo está acompanhada da
não menos importante guerra de
propagando na mídia, sendo a maior parte
das informações originadas pelos
fazendeiros, fontes policiais e inflamadas por
uma coorte de comentaristas virtuais.
 As ações são atribuídas a qualquer grupo
sem-terra e indiscriminadamente todos os
movimentos sociais e defensores dos
direitos humanos, que acabamos sendo
estigmatizados como “criminosos” e
“terroristas”.
 “O estado deve apurar e reprimir os crimes que
estão sendo cometidos diariamente contra os
trabalhadores sem terras, populações atingidas por
barragens e povos da floresta,
 e o Judiciário deve processar e julgar com mais
agilidade essas lides, sob pena de não o fazendo,
estabelecer-se ali um conflito de proporções
espetaculares.
 A União, por sua vez, tem implicação direta nessa
conflagração, através do Incra, que tem obrigação de
agilizar os processos que envolvam a
regularização dos assentamentos já auferidos,
mas ainda não regularizados, do contrário deve ser
responsabilizada como importante fonte dos conflitos
fundiários”,
 Ricardo Barreto, juiz, vicepresidente da
Associação dos Magistrados do Brasil, no Portal
da AMB. Junho 2016.
5 - PROPOSTAS PARA O MP
 1 – Agilizar dos processos judiciais e
administrativos de retomada de terras da
União e desapropriação de terras para
reforma agrária e titulação das terras
tradicionais.
 Intervir para agilizar os julgamentos de
ações de retomada de terras públicas,
imissão de posse e outros processos
judiciais que emperram a criação de novos
assentamentos pelo INCRA.
PROPOSTAS PARA O MP
 2 – Combater a impunidade e falta de
esclarecimento dos crimes e agressões
contra camponeses.
 A imensa maioria de crimes contra os
camponeses permanece na impunidade.
Especialmente na comarca de Buritis.
 A falta de bons inquéritos, o MP pode
exercer missão investigativa também.
PROPOSTAS PARA O MP
 3 – Cobrar a consulta dos magistrados
ao INCRA e Terra Legal nos processos de
reintegração de posse sobre a natureza
fundiária das áreas em disputa: Se tiver o
pedido do MP tal vez a recomendação será
aceita pelo Tribunal de Justiça e repassada a
todos os magistrados de Rondônia.
PROPOSTAS PARA O MP
 4 – Cobrar a consulta do MP nos processos
de reintegração de posse. No antigo Código
Civil: já era obrigação em conflitos agrários e com
menores, porém costumeiramente não era
realizada. A falta de consulta do MP a decisão
pode inclusive ser anulada (caso da Serra do
Ouro de G Mirim);

 art. 82, do Código de Processo Civil.
 O Novo Código Civil reitera a atuação do MP. Art. 176
O Ministério Público atuará ... II – interesse de incapaz;
... III – nas ações que envolvam litígios coletivos pela
posse da terra rural e nas demais causas em que há
interesse público evidenciado pela natureza da lide ou
PROPOSTAS PARA O MP
 5 - O Novo Código Civil coloca o MP como “fiscal da
ordem jurídica”: artigo 554, parágrafo 1º, do atual CPC
parece impor ao MP esse papel (de representante
adequado da coletividade passiva, máxime nos casos
em que essa coletividade não apresente condições
fáticas de articulação e defesa judicial),
 “Para tanto, a par de sua intervenção como fiscal da
ordem jurídica nesses litígios, poderá ele instaurar
inquérito civil, requisitar documentos, informações,
celebrar termo de ajustamento de conduta, dentre
outras, ou ainda, se necessário, ajuizar ação civil
pública para a finalidade de dar efetividade a essas
políticas públicas.”
 OLIVEIRA, Rogério Álvarez: MP deve intervir nos litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana, 17/outubro/2017.
Acessado em http://www.conjur.com.br/2016-out-17/mp-debate-mp-intervir-litigios-coletivos-posse-terra-rural-ou-urbana
em 14/3/17
 COMISSÃO PASTORAL DA TERRA
 Josep Iborra Plans, Zezinho
 Articulação das CPTs da Amazônia
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Conflitos agrários em RO

  • 1. Conflitos agrários e violência no Estado de Rondônia MP - Porto Velho. Março 2017 COMISSÃO PASTORAL DA TERRA
  • 2. Capanga armado na Linha 45 da Gleba Rio das Garças, em Porto Velho “O que há de sociologicamente mais relevante para caracterizar e definir a fronteira no Brasil é, justamente, a situação de conflito social.” (JOSÉ SOUZA MARTINS,1996)
  • 3. A CPT FAZ MAIS DE TRINTA ANOS QUE NO BRASIL REGISTRA OS CONFLITOS DO CAMPO https://cptnacional.org.br/
  • 4.
  • 5.
  • 6.
  • 7. DIVERSIDADE DE CONFLITOS Comunidades indígenas e tradicionais (seringueiros, quilombolas, ribeirinhos). Grupos de posseiros não titulados. Grupos que demandam reforma agrária.
  • 9. QUILOMBOLAS Nove Comunidades Quilombolas do Guaporé resgatam sua identidade e enfrentam o Exército, organismos ambientais estaduais (SEDAM) e do governo federal (ICMBIO) para ver reconhecidos seus territórios tradicionais.
  • 10.
  • 11. INDÍGENAS Ocupação da Funai de G. Mirim, 2003
  • 12.  Mais de 10 povos indígenas ainda reivindicam a demarcação  (Miquelém, Puruborá, Wuajoró, Cujubim, Cassupá, Guarassungué)  ou revisão de seus territórios tradicionais (Karitiana, Kaxarari, Arara, Oro Wari).  As Terras Indígenas Uru Eu Au Au, Lages e Karipuna, Suruí , etc.  sofrem invasões de garimpeiros e grileiros.
  • 14. RIBEIRINHOS E ATINGIDOS POR BARRAGENS MANIFESTAÇÃO CONTRA UHE RIBEIRÃO 14/03/2017 Foto: MAB
  • 15. A MORTE DE NILCINHA, 7 JANEIRO 2016 Foto: MAB
  • 16.  Ribeirinhos do Rio Madeira resistem e enfrentam as desastrosas consequências socioambientais da construção das duas grandes usinas de Jirau e Santo Antônio.  Em processo de novas usinas em Tabajara (Machadinho) e Cachoeira do Ribeirão (Nova Mamoré).  09 PCHs de Alta Floresta do Oeste atingem indígenas da AI Rio Branco e
  • 17. RESERVAS AMBIENTAIS E EXTRATIVISTAS RESEX MASSARANDUBA Foto: Estadão
  • 18. RESERVAS AMBIENTAIS E EXTRATIVISTAS
  • 19.  A Reserva Extrativista Estadual (Resex) de Jaci Paraná está completamente tomado de grandes pecuaristas e pequenos agricultores.  Enquanto os extrativistas de Machadinho são assassinados (16 deles nos últimos dez anos) e ameaçados (09 em 2016) por saqueadores de madeira e grileiros de terras.  Há conflitos na Resex Rio Ouro Preto, Pacaás Novas e Cautário. (G. Mirim e C. Marques)
  • 20. POSSEIROS E SEM TERRAS ASSOCIAÇÃO. ÁGUA VIVA /FAZ CARAMELHO CHUPINGUAIA F. CPTRO
  • 21.  Ainda, os conflitos existentes que tem mais visibilidade, os que registram mais violência, e que a CPT de Rondônia historicamente sempre atendeu, correspondem aos pequenos agricultores do processo de colonização: posseiros em áreas não regularizadas e sem terras que pedem a criação de assentamentos de reforma
  • 22.  Posseiros e camponeses sem terra, desafiam o avanço do agronegócio expropriador das terras, em conflitos registrados:  em Vilhena e no Sul do Estado: Arredor de 52 conflitos. Maioria áreas de CATPs (títulos provisórios).  Arredor de 25 conflitos: Região central, da Mata. BR-429. Em aumento em 2016.  Na região de Ariquemes e Vale do Jamari, Arredor de 45 conflitos. Com mais violência.  21 conflitos: Região de P. Velho, Candéias, Guajará Mirim, Sul Amazonas.
  • 23. Arredor de 172 áreas de conflito no estado de Rondônia.
  • 24. EM DIVERSIDADE DE ATORES E DE MOVIMENTOS Acampamento Fidel Castro, Mirante da Serra
  • 25.  A maior parte de posseiros são grupos e associações independentes (ou vinculados a FETAGRO).  Também são independentes a maioria dos grupos sem terra.  O objetivo principal é o controle e a posse da terra, antes que a legalização do assentamento.  A luta se “terceiriza” pelo incremento de vendas dos lotes para bancar a luta (mais cara), pela valorização da terra (mesmo posse sem garantias de domínio). Ac Montecristo Vale do Paraíso
  • 26.  Parecia que acampamento na beira da estrada não incomodava ninguém, porém dois acampamentos do MST em Rondônia em 2016 foram violentamente atacado e queimados, expulsando (sem ordem judicial) 150 famílias em dois
  • 27.  O MST defende a reforma agrária popular: Uma luta pela terra de mais qualidade, com mais segurança, apoio a produção agroecológica, educação e assentamentos assistidos.  A luta se especializa geograficamente nas regiões mais centrais do estado. Foto: MST/UNIR
  • 28. A LIGA DOS CAMPONESES POBRES  A LCP apoia diversos acampamentos e iniciativas de luta pela terra, de grupos mais ou menos vinculados a eles.  De ideologia marxista maoísta, declaram-se partidários da Revolução Agrária (não apenas da reforma agrária).  Defendem a estratégia da ocupação e auto- corte das terras ocupadas, apoiando aos grupos mais combativos da causa agrária.
  • 29.  Pelo menos 20 das mortes de Rondônia entre 2015 e 2016 foram pessoas relacionadas ao LCP, entre eles um dos seus coordenadores, Enilson Ribeiro dos Santos.
  • 30. A VIOLÊNCIA NO CAMPO DE RONDÔNIA Acampamento Enilson Ribeiro / Fazenda Bom Futuro Seringueiras
  • 31. DADOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA DE 2016 RONDÔNIA Violência contra a pessoa 2016 Nº de conflitos 172 Assassinatos 21 Tentativas de assassinatos 10 Ameaçados de morte 40 Agredidos fisicamente 141 Presos 88 Detidos ou ameaçados de prisão 121
  • 32.  A maior parte dos conflitos não são decorrentes de novas ocupações de terra.  Mas agressões contra famílias de posseiros. 2014 2015 Novas Ocupações /Acampamentos 4 123 5 203 Novas ocorrências de conflitos por terra. 51 2.805 78 3.725
  • 33.  Rondônia concentrou os piores registros de violência e de mortes no campo em 2015 e 2016 de todo o Brasil.  Acompanhando toda a região amazônica, que liderou a violência no campo do Brasil nestes anos.  Especialmente virulenta com registro em Rondônia de mais de 41 assassinatos de camponeses em conflitos no campo, de total de 101 no Brasil (40,5%).
  • 34. DATA ASSASSINATOS CONFLITO 07/01/201 6 - Nilce de Souza Magalhães, "Nicinha" -58 anos-Liderança Porto Velho - Acamp. Velha Mutum-Paraná/Km 871/BR-364/UHE Jirau e Sto. Antônio- 23/01/201 6 - Enilson Ribeiro dos Santos - 27 anos; - Valdiro Chagas de Moura-Lideranças Jaru -Faz. Santo Antônio/Gleba 06 de Julho/Acamp. Paulo Justino- Alto Paraíso 31/01/201 6 - Alysson Henrique Lopes-23 anos e - Ruan Hildebran Aguiar - 18 anos-Sem-terra Cujubim -Acamp. Terra Nossa/Faz. Tucumã/Linha C-114- 24/04/201 6 - Nivaldo Batista Cordeiro e - Jesser Batista Cordeiro – Sem–terra Buritis - Faz. Formosa/Acamp. 10 de Maio – Alto Paraíso
  • 35. DATA ASSASSINATOS CONFLITO 09/05/201 6 - Geraldo de Campos Bandeira - 40 anos - Sem – terra Buritis - Faz. Padre Cícero/Acamp. Monte Verde – Monte Negro 22/05/201 6 - Luís Carlos da Silva - 25 anos – Liderança; - Cleidiane Alves Teodoro -14 anos - Sem – terra Buritis - Faz. Fluminense/Acamp. Luís Carlos/Linha 25/Gleba Rio Alto-Monte Negro 26/05/201 6 - Cleverson Carneiro -27 anos - Trabalhador Rural Espigão do Oeste - Linha Mato Grosso 06/07/201 6 - Adna Senhora Teixeira - Liderança Cujubim - Sítio do Baianinho- 18/08/201 6 - Luciano Ferreira de Andrade - 41 anos- Liderança Mirante da Serra - Faz. Fluminense/Acamp. Luís Carlos/Linha 25/Gleba Rio
  • 36. DATA ASSASSINATOS CONFLITO 02/09/2016 - José Cândido Lopes Filho, "Zé Barba" – 63 anos-Pequeno proprietário Buritis - Faz. Formosa/Acamp. 10 de Maio-Alto Paraíso 13/09/2016 - Isaque Dias Ferreira, "Paulo" – 34 anos; - Edilene Mateus Porto, "Edilena" -32 anos-Lideranças: Alto Paraíso - Faz. Formosa/Acamp. 10 de Maio - 25/09/2016 - Vanderlei Domingues Rodrigues, "Nem"- 27 anos - Sem – terra Alto Paraíso - Faz. Formosa/Acamp. 10 de Maio 28/09/2016 - Sebastião Pereira dos Santos - 39 anos-Sem– terra Vale do Paraíso - Ji Paraná / Agrop. Amaralina / Acamp. Jhone Santos - 11/10/2016 - Antônio Bento Cardoso Júnior, "Toizinho"-22 anos; - Milton Rodrigues Alto Paraíso - Faz. Formosa/Acamp. 10 de Maio- 19/10/2016 - Avildes Alves Pereira -39 anos- Posseiro Machadinho d´Oeste - TD Urupá/Galo Velho/TB 13
  • 37. Conflitos em Alto Paraíso: 10 mortes. (2 Jaru, 4 Buritis) Conflitos em Monte Negro: 4 mortes (1 Mirante, 3 Buritis) Conflitos em Cujubim: 3 mortes Conflitos em A MAIORIA DE ASSASSINATOS DE CAMPONESES POR CONFLITOS DA REGIÃO DO VALE DO JAMARI (18) A região do Vale do Jamari já tem um historial de muitos anos de conflitos.
  • 38.  ALLYSSON HENRIQUE LOPES e RUAN HILDEBRAN AGUIAR. + 31/01/2016. Do Acampamento Terra Nova, na Fazenda Tucumá, assassinados após caçada implacável pela Linha 114 de Cujubim. Não foi achado o corpo de um deles, outro corpo foi achado carbonizado, ainda sem identificar. Um arsenal foi preso na fazenda, junto com dois pistoleiros. Posteriormente, dois PMs, e o dono da fazenda foram presos acusados das mortes. Um sargento da PM permanece foragido e o presidente da Associação de Ji Paraná.  Diversas testemunhas foram perseguidas e uma
  • 39. IMPUNIDADE  - Com poucas exceções (02 crimes da Fazenda Tarumá, de Cujubim, da Nilcinha, em Porto Velho).  - Que saibamos, outros 37 assassinatos no campo de Rondônia em 2015 e 2016 não têm sido esclarecidos, nem os autores ou mandantes identificados, presos ou punidos.  - Muitos deles responsabilidade da delegacia da Polícia Civil de Buritis. Renato Nathan (assassinado em 12 de abril de 2012);
  • 40. IMPUNIDADE  - A área 10 de Maio /Fazenda Formosa de Caubi Moreira / Alto Paraíso concentra pelo menos 15 mortes entre 2015/2016. IZAQUE DIAS FERREIRA (35 anos) e EDILENE MATEUS PORTO, +13.9.16. Lideranças do LCP e do Acampamento 10 de Maio.
  • 41. UMA TERRA DISPUTADA A BALA Um recado (deixado dentro da Bíblia da Fazenda Urutal de Alto Paraíso, em 02/08/2017 destruída por um grupo de ocupantes), ilustra a luta pela terra. Romanos 3,21: “Mas agora se manifestou sem a lei a justiça de Deus”.
  • 42. UMA TERRA DISPUTADA A BALA  Sem avanços na reforma agrária,  com a justiça fazendo centenas de reintegrações de posse sem sequer perguntar ao INCRA sobre a situação legal da área disputada,  com polícia reprimindo camponesas e integrando milícias armadas nas fazendas,  não existe Lei, nem Estado de Direito.
  • 43. VIOLÊNCIA ANUNCIADA  :(15 de outubro de 2014)  Segundo relatório do Núcleo Integrado de Inteligência da própria Polícia Militar,  "se as autoridades não tomarem providências a situação poderá eclodir em graves conflitos agrários entre os proprietários rurais e os trabalhadores rurais sem-terras, inclusive assassinatos de ambos
  • 44. MILÍCIAS ARMADAS: PMS, AGENTES PENITENCIÁRIOS E PISTOLEIROS
  • 45.  "Capangas", "milícias", agentes penitenciários e policiais militares fortemente armados eram contratados para realizar "segurança" nas fazendas da região de Ariquemes, sob a coordenação de um oficial da Polícia Militar e ex-comandante do 7º Batalhão de Ariquemes"  A acusação foi revelada em 15 de outubro de 2014 em Ji Paraná, na 733ª Reunião da Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo, acontecida na Câmara de Vereadores da cidade. MILÍCIAS ARMADAS: PMS, AGENTES PENITENCIÁRIOS E PISTOLEIROS
  • 46.  1.273 famílias despejadas em 2016, com ou sem ordem de reintegração. Despejo Acampamento Jhones Santos/ Faz.Amarelinha Ji-Paraná 19/10/16
  • 47.  As providências foi tratar os conflitos agrários apenas como problema policial e concentraram-se no sentido de reprimir a demanda dos camponeses sem-terra, em prisões e reintegrações de posse. Presos 88 Detidos ou ameaçados de prisão 121
  • 48. RELATÓRIO DO CNDH: “O Vale do Jamari virou então o palco de uma verdadeira guerra, o pior foco de violência no campo de todo o Brasil, sem a devida apuração da participação das forças de segurança e pistolagem do lado dos fazendeiros.”  http://www.sdh.gov.br/sobre/participacao-social/cndh/relatorios/relatorio-sobre-defensores-de- direitos-humanos-ameacados-no-estado-de-rondonia-2 acessado em 07/03/2017
  • 49.  A violência no campo está acompanhada da não menos importante guerra de propagando na mídia, sendo a maior parte das informações originadas pelos fazendeiros, fontes policiais e inflamadas por uma coorte de comentaristas virtuais.
  • 50.  As ações são atribuídas a qualquer grupo sem-terra e indiscriminadamente todos os movimentos sociais e defensores dos direitos humanos, que acabamos sendo estigmatizados como “criminosos” e “terroristas”.
  • 51.  “O estado deve apurar e reprimir os crimes que estão sendo cometidos diariamente contra os trabalhadores sem terras, populações atingidas por barragens e povos da floresta,  e o Judiciário deve processar e julgar com mais agilidade essas lides, sob pena de não o fazendo, estabelecer-se ali um conflito de proporções espetaculares.  A União, por sua vez, tem implicação direta nessa conflagração, através do Incra, que tem obrigação de agilizar os processos que envolvam a regularização dos assentamentos já auferidos, mas ainda não regularizados, do contrário deve ser responsabilizada como importante fonte dos conflitos fundiários”,  Ricardo Barreto, juiz, vicepresidente da Associação dos Magistrados do Brasil, no Portal da AMB. Junho 2016.
  • 52. 5 - PROPOSTAS PARA O MP  1 – Agilizar dos processos judiciais e administrativos de retomada de terras da União e desapropriação de terras para reforma agrária e titulação das terras tradicionais.  Intervir para agilizar os julgamentos de ações de retomada de terras públicas, imissão de posse e outros processos judiciais que emperram a criação de novos assentamentos pelo INCRA.
  • 53. PROPOSTAS PARA O MP  2 – Combater a impunidade e falta de esclarecimento dos crimes e agressões contra camponeses.  A imensa maioria de crimes contra os camponeses permanece na impunidade. Especialmente na comarca de Buritis.  A falta de bons inquéritos, o MP pode exercer missão investigativa também.
  • 54. PROPOSTAS PARA O MP  3 – Cobrar a consulta dos magistrados ao INCRA e Terra Legal nos processos de reintegração de posse sobre a natureza fundiária das áreas em disputa: Se tiver o pedido do MP tal vez a recomendação será aceita pelo Tribunal de Justiça e repassada a todos os magistrados de Rondônia.
  • 55. PROPOSTAS PARA O MP  4 – Cobrar a consulta do MP nos processos de reintegração de posse. No antigo Código Civil: já era obrigação em conflitos agrários e com menores, porém costumeiramente não era realizada. A falta de consulta do MP a decisão pode inclusive ser anulada (caso da Serra do Ouro de G Mirim);   art. 82, do Código de Processo Civil.  O Novo Código Civil reitera a atuação do MP. Art. 176 O Ministério Público atuará ... II – interesse de incapaz; ... III – nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou
  • 56. PROPOSTAS PARA O MP  5 - O Novo Código Civil coloca o MP como “fiscal da ordem jurídica”: artigo 554, parágrafo 1º, do atual CPC parece impor ao MP esse papel (de representante adequado da coletividade passiva, máxime nos casos em que essa coletividade não apresente condições fáticas de articulação e defesa judicial),  “Para tanto, a par de sua intervenção como fiscal da ordem jurídica nesses litígios, poderá ele instaurar inquérito civil, requisitar documentos, informações, celebrar termo de ajustamento de conduta, dentre outras, ou ainda, se necessário, ajuizar ação civil pública para a finalidade de dar efetividade a essas políticas públicas.”  OLIVEIRA, Rogério Álvarez: MP deve intervir nos litígios coletivos pela posse de terra rural ou urbana, 17/outubro/2017. Acessado em http://www.conjur.com.br/2016-out-17/mp-debate-mp-intervir-litigios-coletivos-posse-terra-rural-ou-urbana em 14/3/17
  • 57.  COMISSÃO PASTORAL DA TERRA  Josep Iborra Plans, Zezinho  Articulação das CPTs da Amazônia  pastoraldaterra.ro@gmail.com