1) Agricultores e agricultoras protestam contra cortes em programas sociais e o "golpe" político no Brasil em 2016 que afastou a presidente Dilma Rousseff.
2) O documento discute como programas como o Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida e o apoio à agricultura familiar melhoraram a vida no semiárido, mas agora correm o risco de sofrer cortes ou serem encerrados.
3) Representantes de comunidades rurais denunciam os riscos dos cortes em programas como o Programa de Aqu
1. CALDEIRÃO
Agricultoras e agricultores
protestam contra o golpe
Publicação do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido (FCVSA) Setembro 2017
O povo do Semiárido tem preenchido as ruas do campo e
da cidade há muitos anos para reivindicar uma vida com
justiça e dignidade. Direitos sociais e políticas públicas
foram conquistadas à custa de muito suor e sangue de
trabalhadoras e trabalhadores que veem um imenso
risco de retrocessos sociais com o ataque que a frágil
democracia do Brasil vem sofrendo. Nos últimos 90 anos
só 5 presidentes/as brasileiros/as eleitos/as completaram
o mandato? Ou seja, o voto direto e popular não tem sido
muito respeitado no nosso país. E, se nem o voto direto
está sendo respeitado, quem garante que nossos direitos
conquistados serão?! Por isso, homens e mulheres de todas
as idades, têm se unido para denunciar o grave risco que
os nossos direitos estão correndo: de não avançar e, até
mesmo, de retroceder. E retrocesso o povo do Semiárido
não aguenta mais! Aqui é lugar de vida, de inteligência,
partilha de experiência, esperança, resistência e fartura
e, por isso, fomos às ruas em defesa da democracia, em
defesa de políticas públicas como a tecnologia social da
cisterna de placa, das escolas do campo e dos incentivos
à agricultura familiar. “O fato de homens e mulheres,
jovens e adultos do povo do Semiárido, estarem reunidos
significa que nós estamos firmes no nosso propósito. Além
da água, a cisterna capta outros processos também como
os desafios da juventude do campo, de gênero e a luta pelo
não fechamento das escolas. Ainda são muitos os caminhos
para construir”, afirmou Carlos Humberto, da coordenação
executiva da ASA.
20 mil pessoas protestaram em Petrolina contra o redução em programas sociais
20 mil pessoas protestaram em Petrolina contra o redução em programas sociais Representantes de comunidades rurais protestaram em Aracaju
Representantes de comunidades rurais protestaram em Aracaju
Em Barbalha, manifestação pública repudia golpe
Foto :Rikário Mourão
Foto :Rikário Mourão
Foto :Amanda Sampaio
Foto :Amanda Sampaio
Foto :Amanda Sampaio
2. JORNAL CALDEIRÃO Publicação do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido (FCVSA)
Em seu primeiro discurso, realizado no dia 12 de maio,
Michel Temer disse: “...Um projeto que garanta a empre-
gabilidade, exige a aplicação e a consolidação de projetos
sociais. Por sabermos todos, que o Brasil lamentavelmen-
te ainda é um País pobre. Portanto, reafirmo, e o faço em
letras garrafais: vamos manter os programas sociais. O
Bolsa Família, o Pronatec, o Fies, o Prouni, o Minha Casa
Minha Vida, entre outros, são projetos que deram certo,
e, portanto, terão sua gestão aprimorada”.
Mas, ao contrário do que dizia seu discurso, vários di-
reitos foram ameaçados. Por exemplo: houve anúncio de
cortes no Minha Casa Minha Vida, com o abandono da
meta traçada por Dilma Rousseff de contratar dois mi-
lhões de moradias até o fim de 2018. A educação também
foi atingida com o anúncio de contingenciamento dos
recursos destinados ao Pronatec, ao Fies e ao Prouni.
No que se refere ao apoio aos/as agricultores/as, o gover-
no tirou R$ 160 milhões dos recursos do Programa de
Aquisição de Alimentos (PAA), que eram repassados para
a Conab fazer a compra de produtos da agricultura fami-
liar. Segundo informações divulgadas no site alertasocial.
com.br, com o corte, mais de 40 mil agricultores/as e duas
mil cooperativas vão ser excluídas do programa.
Os alimentos geravam renda para as famílias e abasteciam
restaurantes comunitários, bancos de alimentos, escolas,
creches, equipamentos da assistência social e pessoas em
situação de insegurança alimentar.
Se você ficou interessado em acompanhar os direitos que
estamos perdendo com esse novo governo, acesse do site:
alertasocial.com.br.
Governo
Temer reduz
orçamento para
programas
sociais
Menos verba para a agricultura familiar
Após fechar Ministério do Desenvolvimento Agrário, Governo Temer corta 160 milhões de reais do Programa de
Aquisição de Alimentos e excluirá milhares de agricultores e agricultoras.
“O PAA foi um dos melhores projetos para ajudar os agricultores, porque a
gente produzia antes, mas não tinha a quem vender. Com o PAA, já é um recurso
garantido. O produtor vai produzir sabendo que vai vender. Os agricultores antes
trabalhavam mais só na agricultura de milho e feijão, basicamente, né? E com o
surgimento do PAA o agricultor começou a diversificar a produção com macaxeira,
batata, banana, verdura. E eu mesmo comecei a trabalhar com polpas por causa
do PAA, eu não sabia nem o que era polpa de frutas, não sabia nem como é
que era o processamento. Aí com o projeto do PAA a gente começou a produzir,
trabalhar com polpas. Depois que nós tivemos o nosso governo Lula, o Nordeste
mudou muito, principalmente nesses projetos de aquisição de alimentos. Porque
antigamente a gente não tinha a quem vender, produzia, mas não existia feira,
não tinha conhecimento nem incentivo pra produzir. Depois que foi criado o PAA,
incentivou a gente a permanecer no campo, a voltar a produzir outro tipo de
produção, verdura e fruta.”
Osvaldo Alves
40 anos, agricultor
da Comunidade
Olho D’água, Piquet
Carneiro
por Francisco Barbosa
Michel Temer prometeu manter programas, mas ao assumir a presidência autorizou os cortes de orçamento.
3. “As cisternas de primeira água, eu acho que nesse ano de seca tão
pesada tem sido uma coisa muito importante, sabe? Só de a gente
saber que tem uma reserva d’água garantida para o ano todinho, água
de primeira qualidade isso é uma coisa muito importante. Eu tenho
dito lá na nossa comunidade, se não fosse nossa comunidade ter uma
cisternaemcadacasa,esseanoeraumacalamidadetotal.Enquantoa
cisterna de segunda água ela tem ajudado muito também as famílias
a manter aquele espaçozinho verde, onde ela produz o cheiro-verde,
o pimentão, a tomate, tem sido uma coisa muito importante.”
“A começar pela cisterna para água de beber, é muito bom. Na época
que veio lá pra minha casa, eu só tinha um filho e eu fervia a água
porque não queria dar água de açude pra ele. Com a água da cisterna
que ficou melhor, porque a água é de qualidade da chuva né, é a água
limpinha,foimuitobompranoslánosítio.Acisternadeplacasémuito
boa, porque água de açude num presta pra beber, mesmo fervida a
gente sentia dor de barriga. Com a outra cisterna, de enxurrada, a
gente tem um quintal, tem bananeira lá e aí é bom porque a gente
num compra frutas e verduras, sabe que é de qualidade né? Que não
tem veneno, e a família inteira consome produtos de qualidade e
também vende na feira da agricultura familiar.”
JORNAL CALDEIRÃOA) Publicação do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido (FCVSA)
A política de convivência com o
Semiárido precisa avançar
Gilcivania de
Sena
38 anos, agricultora Sítio
São Domingos, Piquet
Carneiro.
Eduardo da Silva
52 anos, agricultor Sítio
Passagem do Meio,
Senador Pompeu.
por Emília Morais
O Programa Um Milhão de Cisternas, iniciado há cerca de 16 anos, perde investimentos federais no novo Governo e diversos
projetos sociais direcionados à população rural deixam de ser prioridade. O apoio à agricultura familiar abriu oportunidades e
direitos ao povo do Semiárido, o principal deles foi ter água.
O mundo inteiro denunciou o golpe
político no Brasil em 2016
A manobra política que passou por cima do voto da maioria
dos brasileiros e brasileiras foi considerado por muitos dos
países da América Latina como um golpe parlamentar. Por
isso, Uruguai, Chile, El Salvador, Cuba, Nicarágua, Bolívia,
Equador e Venezuela se posicionaram contra o afastamento
da ex-presidenta Dilma Rousseff, os três últimos países
chegaram inclusive a retirar seus embaixadores, manifestando
publicamente sua rejeição diplomática. De Montevidéu,
os partidos de esquerda da Frente Ampla de Uruguai
anunciaram reprovação ao golpe de Estado no Brasil. Na
Espanha, o grupo Unidos Podemos disse que compartilha “a
preocupação diante desta grave situação em que a presidenta
democraticamente eleita está sendo sentenciada por um
Congresso enfermo de corrupção e claramente orientado
por intenções espúrias”. Alicia Bárcena, secretária-executiva
da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe
(CEPAL), uma comissão regional da Organização das Nações
Unidas (ONU) CEPAL, escreveu carta à presidenta Dilma
Roussef e alertou para as consequências do impeachment,
reconhecendo os avanços sociais ocorridos no Brasil.“Nunca,
na história do Brasil, tantas e tantos de seus compatriotas
conseguiram evitar a fome, a pobreza e a desigualdade. Os
acontecimentos pelos quais o Brasil atravessa nesses dias
ressoam com força para além de suas fronteiras e ilustram
para o conjunto da América Latina os riscos e dificuldades
aos quais nossa democracia ainda está exposta”, declarou
Alicia.
4. JORNAL CALDEIRÃO Publicação do Fórum Cearense Pela Vida no Semiárido (FCVSA)
Mais do que nunca, precisamos
reivindicar a democratização da
comunicação
Os senadores e
senadoras destes
partidos aprovaram
o impeachment.
PDT; PSDB; PV;
PP; PSB; PTB; PR;
PPS; PMDB; DEM;
PSC; PRB; PTC e
PSD
Golpistas
Encontro Nacional em Mossoró definirá atuação civil no
Semiárido
Quando os meios de comunicação conseguem criar condições favoráveis para
fazer cair a presidenta da República, os rumos da nossa democracia estão em
sério risco. Atuando nos bastidores políticos dos grupos que articularam
o golpe, os grandes meios, através do papel estratégico de difusores
de informação, interferem de forma impactante na opinião pública.
Testemunhamos canais de TV e jornais impressos terem acesso
privilegiado e vazarem de forma seletiva informações sigilosas da Justiça.
Vimos editoriais dos maiores impressos inflarem intolerância política na
população de forma criminosa. A cobertura diária, indiscutivelmente
desequilibrada entre as manifestações pró e contra o impeachment,
expuseram juízos de valor, o que é contra a ética jornalística, contudo
uma das manipulações mais violadoras foi transmitir em TV aberta a
votação do impeachment na Câmara dos Deputados e não proceder
da mesma forma na defesa presencial de Dilma Rousseff no Senado,
retirando da população o direito de ouví-la. Foi o que fez a Rede Globo,
oferecendo ao telespectador somente as falas editadas na edição de 29
de agosto do noticiário de maior audiência do país, o Jornal Nacional.
Nuncativemosnopaísumcenáriodosistemadecomunicaçãoquefavorecesse
a conduta isenta de interesses políticos e que garantisse a pluralidade de
opiniões. As leis existem, mas os mecanismos para que elas sejam cumpridas ou
são ausentes, ou são ineficazes. O centro do problema é que quem dá as cartas para
a organização do sistema de comunicação são os políticos e os grandes empresários. E
quando o dono de mídia é também político, temos uma situação de permissividade completa
para o uso em beneficio comercial e eleitoreiro próprio. A ironia da concentração dos meios
nas mãos dos grupos que dominam política e economicamente nosso país é que o uso
excessivo dos veículos para seus próprios interesses tem se tornado o tiro no pé estratégico
para que o coro pela democratização da comunicação esteja cada vez mais se intensificando.
Por Raquel Dantas*
*Comunicadora popular
integrante do Coletivo
Brasil de Comunicação
Social - Intervozes
Importante momento de debates e decisões coletivas entre as ONGS, OSCIPS
e demais intituições engajadas na Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), o
Encontro Nacional da ASA (EnconASA) acontecerá de 21 a 25 de novembro,
na cidade de Mossoró (RN), onde agricultoras, agricultores e coordenações das
redes estaduais estarão reunidos/as para mostrar suas propostas de convivência
com o bioma da caatinga, a importância da educação contextualizada, entre
outros temas. O tema escolhido para o EnconASA 2016 “Povos e Territórios:
Resisitindo e Transformando o Semiárido” enfatiza os prejuízos socioambientais
do agronegócio na região da Chapada do Apodi, explica o coordenador da ASA
Potiguar Yure Paiva. “Nos territórios é que os povos enfrentam as consequências
do desenvolvimento. É lá que o embate e a resistência acontecem”.