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por Pablo Jamilk
DIREITOS AUTORAIS .
Este guia está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre
o guia são reservados. Você não tem permissão para vender este guia nem para
copiar/reproduzir o conteúdo do guia em sites, blogs, jornais ou quaisquer
outros veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos
autorais estará sujeita a ações legais.
Sobre o Autor Pablo Jamilk
Eu me chamo Pablo Jamilk e a minha missão de vida é ajudar pessoas como
você, concurseiros, vestibulandos ou amantes da boa gramática, a usar todo o
potencial da língua portuguesa para atingir a alta performance, elevar seus
resultados e cumprir a sua missão. Ao longo da minha jornada, já ajudei mais de
25 mil pessoas sensacionais a encontrarem "o lugar ao sol" em suas vidas. Eu
vou ajudar você nesta caminhada a ter o conhecimento que merece, retomar a
sua autoconfiança. Vamos levar a transformação para outras milhares de
pessoas, concurseiros, vestibulandos ou amantes da boa gramática. Força,
guerreiros!
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Sumário
Parte 1: da preparação ......................................................... 5
1. Língua Portuguesa: de ponto fraco a arma de batalha............5
2. Como saber o meu nível de conhecimento em Língua
Portuguesa?.....................................................................................7
3. Dificuldades no estudo: o que é mito e o que é verdade? ......9
4.Quanto tempo de estudo?.....................................................13
5. Nível médio X nível superior.................................................14
6. Diferentes bancas exigem diferentes conteúdos?.................15
7. Existe um método correto?...................................................16
8. Que fazer para aprender a teoria?........................................23
Memorizar para facilitar.................................................................. 23
Torne o conteúdo relevante............................................................ 25
Tenha curiosidade........................................................................... 26
Facilite a linguagem......................................................................... 27
9. Que fazer para acertar as questões?.....................................28
10. Meu desempenho está baixando........................................32
11. Minha dificuldade é com Gramática. ..................................36
12. Minha dificuldade é com Interpretação..............................38
13. Não sei qual é a minha dificuldade. ....................................39
14. Não sei o que a banca está pedindo....................................42
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Parte 2: das bancas examinadoras......................................43
A banca CESPE.......................................................................... 43
A banca FCC.............................................................................. 63
A banca ESAF............................................................................ 64
A banca CESGRANRIO............................................................... 92
A banca FUNRIO..................................................................... 133
A banca FGV........................................................................... 159
A banca CONSUPLAN.............................................................. 178
A banca IBFC........................................................................... 199
A banca VUNESP .................................................................... 200
Conclusões Finais...............................................................226
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Parte 1: da preparação
1. Língua Portuguesa: de ponto fraco a arma de batalha.
Eu não conheço disciplina que seja maior alvo de reclamação do que
Língua Portuguesa. O sofrimento é constante, a reclamação é constante,
os erros são constantes e constante também e a frustração.
Você, se for concurseiro de longa data, já deve ter se deparado com
uma situação muito frequente: comprou uns dez cursos, viu diversos
estilos de aula, sentiu-se preparado; mas – na hora de resolver as
questões – ficou tão puto que quis jogar tudo para o alto e nunca mais
estudar. Pois é, já vi essa cena inúmeras vezes; já falei com inúmeros
alunos sobre isso: sempre o mesmo relato.
Isso nos leva à ideia de que a matéria de Língua Portuguesa tem se
tornado – ao longo dos anos – uma grande “pedra no sapato” dos
concurseiros. Trata-se de um fato com explicação para sua origem. Na
realidade, o cerne desses problemas está nos cursos de Letras em grande
parte do nosso país – afirmo isso por causa da minha formação. Uma das
frases mais comuns que se ouve nesses cursos é “Gramática é coisa do
passado, ninguém mais tem que saber esse tipo de coisa”. Com isso, os
professores que se formam lá – e que provavelmente lecionarão para
você e para seus filhos – internalizam esse tipo de conhecimento. Tempo
depois, caem na sala de aula e passam muito tempo tentando descobrir
o que ensinar; muitos apenas se dedicam a preencher o diário de classe.
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O primeiro passo para você transformar sua dificuldade em sua
maior arma é entender que alguém já conseguiu fazer isso. Veja bem:
alguém já gabaritou uma prova de Língua Portuguesa, logo não há razão
alguma no mundo que torne isso impossível para você. Pense sempre
assim: se alguém já conseguiu fazer, eu também consigo!
Parece até que estou escrevendo um daqueles livros de autoajuda,
mas não é bem isso. Estou tentando mostrar que a perspectiva é
fundamental para conhecer o trabalho que se desdobra à sua frente.
Depois de seguir os passos do curso que ora está estudando, faça uma
avaliação das provas que resolveu: resolva novamente, comente as
questões, discuta com colegas a respeito dos assuntos. Será possível
identificar qual foi o ponto inicial da sua evolução. Uma questão a mais
já é uma vitória; um comando de questão cujo assunto você conseguiu
compreender já é um sinal de evolução.
É preciso insistir nesse trabalho até que você escolha resolver a prova
de Língua Portuguesa por primeiro no seu concurso. Ela deve ser o seu
instrumento para ganhar tempo na resolução, enquanto seus
concorrentes estão arrancando os cabelos na hora da prova. Na
realidade, os concorrentes têm apenas uma coisa mais do que você: eles
têm mais é que se lascar!
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2. Como saber o meu nível de conhecimento em Língua Portuguesa?
Poucas pessoas têm verdadeiramente noção de quanto sabem a
respeito de determinado assunto. A maioria julga saber muito mais ou
muito menos do que efetivamente sabe. Eu costumo dizer que toda
consciência de aprendizado não é consciência de conhecimento, mas sim
de ignorância. Aquilo que aprendemos serve para demonstrar qual era
a dimensão da nossa falta de conhecimento. Por isso, é muito normal
sentir-se meio burro quando se está estudando algo.
Seria possível aplicar um teste de nivelamento para saber qual o seu
real conhecimento a respeito de Língua Portuguesa. Não é o que eu farei
agora. Na realidade, vamos apostar em uma estratégia um pouco mais
fácil.
Veja os itens que serão colocados posteriormente, responda aos itens
de forma sincera e objetiva. Não faça pesquisa para responder. Diga o
que sabe, de fato.
I. Você sabe a diferença entre Morfologia e Sintaxe.
II. Você sabe a diferença entre Sintaxe do Período Simples e do
Período Composto.
III. Você sabe o que é Morfossintaxe.
IV. Você sabe o que é Morfossemântica.
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V. Você saberia conjugar um verbo no pretérito mais-que-perfeito
do indicativo.
VI. Você sabe a diferença entre uma voz passiva sintética e uma voz
passiva analítica.
VII. Você sabe o que é uma oração reduzida.
VIII. Você sabe explicar o motivo de empregar uma vírgula nas
sentenças.
IX. Você sabe o que é um hipérbato.
X. Você sabe o que é ordem direta da oração.
Se você não marcou qualquer item, quer dizer que seu nível de
conhecimento em Língua Portuguesa está muito abaixo do básico para
entender de forma plena os conteúdos que são cobrados em prova. Há
uma diferença muito grande entre saber aquilo a que se está
respondendo ou simplesmente acertar uma questão intuitivamente. Não
queremos uma Gramática intuitiva nesse curso.
Se você marcou até três itens, você está em um grau de iniciação na
matéria. É preciso trabalhar para esclarecer as diferenças teóricas e
ampliar sua capacidade de processamento de conteúdos em Língua
Portuguesa.
Se você marcou até seis itens, você já iniciou seus estudos de forma
mais consistente, mas ainda é preciso melhorar. Se você marcou todos os
dez elementos, parabéns, você já tem o nível básico da matéria!
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3. Dificuldades no estudo: o que é mito e o que é verdade?
Nesta subseção vamos conversar um pouco sobre os mitos e as
verdades a respeito do estudo de Língua Portuguesa. Por que faremos
isso? Porque nem tudo é difícil nessa matéria, assim como nem tudo é
fácil.
O primeiro passo é fazer uma distinção para se ter clareza a respeito
do objeto de estudo. Digo isso, pois muita gente acha que o conteúdo é
confuso e tudo é a “mesma coisa”. Em seus materiais e em suas
anotações, tente manter uma parte em que você garanta a especificação
do assunto a respeito do qual está estudando. Se a o assunto for
pronome, garanta que tem consciência de que está estudando
Morfologia; se estiver lendo a respeito de pontuação, lembre-se de que
ela está estritamente ligada com os princípios sintáticos e, sem eles, você
não será capaz de inserir uma vírgula em uma sentença.
Vamos aos mitos relativos ao estudo de Língua Portuguesa:
a) Saber as regras é só para quem teve boa educação formal na escola.
Mentira. Os mais básicos princípios gramaticais podem ser estudados
e compreendidos a qualquer idade. Não é necessário ser um gênio para
aprender a concordância lógica ou gramatical, ou mesmo para aprender
a acentuar uma palavra. Eu tive um aluno que sabia pouco – segundo
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ele, quase nada – a respeito de Língua Portuguesa. Um dos momentos
mais felizes da minha carreira ocorreu quando ele soube identificar uma
oração subordinada substantiva completiva nominal durante uma aula para
uma turma que se preparava para o concurso do INSS. Então, por mais
que você tenha tido uma formação inicial deficitária, é possível corrigir
posteriormente. Vontade é a chave para isso.
b) Existem técnicas para estudar Gramática mais rapidamente.
Mentira. Isso é balela de quem quer vender curso para você. A pessoa
pega o seu dinheiro e só conta histórias sobre como a vida pode ser bela.
É preciso ter consciência de que a matéria de Língua Portuguesa é
extremamente extensa, além de ser uma língua viva e em constante
mutação. Isso quer dizer que para você ser um “mestre” da língua, leva
muito tempo e exige muita dedicação.
c) Ler bastante já é suficiente para saber Gramática.
Mentira. A leitura pode ajudar a reconhecer formas familiares de
escrita e de concordância, mas não garante que você saberá justificar os
fenômenos gramaticais. Nesse sentido, nada supera a teoria, ainda mais
e a sua banca costuma exigir esse tipo de análise.
d) Em determinados lugares as pessoas falam mais corretamente,
logo sabem mais Gramática.
Mentira graúda. A oralidade sempre carrega sua essência, que é o
afrouxamento das regras gramaticais, ou seja, conhecer a regra não
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depende de onde você vive ou com quem você fala; depende do tempo
que você passa lendo as informações precisas.
e) Todas as Gramáticas são válidas.
Mentira. Há diversas gramáticas por aí que – na intenção de facilitar
a vida do aluno – acabam carregando informações pela metade,
inconsistências teóricas, até mesmo erros conceituais. Eu sou partidário
do ponto de vista do Hegel a respeito de Filosofia, se for fácil, não é
Filosofia. Segue o mesmo lance para a Gramática: se for “facilitada”,
“descomplicada”, não ajudará muito.
f) O professor deve ser legal para eu entender a matéria.
Mentira. Existe uma grande diferença entre aquilo que você quer e
aquilo de que você precisa: você pode querer um professor simpático,
que conte piadas, que o faça dar risada. Vá por mim: se você passar a
maior parte do tempo rindo com um professor, vai passar a maior parte
do tempo chorando na prova! Você precisa de alguém que lhe forneça
conceitos claros e explicações consistentes, na maior quantidade
possível, para poder compreender o conteúdo em sua dimensão mais
ampla.
g) Sou melhor em exatas, logo tenho o direito de ser ruim em
humanas.
Mentira. Pare de besteira. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Afirmo isso porque Língua Portuguesa não é Literatura, que depende da
subjetividade essencialmente. A Gramática é tão rigorosa
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estruturalmente quanto a Aritmética: possui instrumentais teóricos para
analisar casos propostos. A diferença é que os números não possuem um
significado, ao passo que as palavras possuem. Quanto mais cedo você
entender que deve tratar as sentenças como estruturas, mais fácil será
separar os conteúdos e julgar os itens das questões.
Agora, algumas verdades sobre o nosso conteúdo:
a) Gramática não é para todos.
Verdade. Infelizmente, algumas pessoas não estão dispostas a pagar
o preço que o conhecimento gramatical exige. Se você não se importa
com detalhes; deixa passar algumas informações menores quando lê
algum texto; não liga muito para como as sentenças estão redigidas, a
Gramática não é para você. Se, mesmo assim, você ainda necessitar dela
para ser aprovado em um concurso, ao menos deve fazer o suficiente
para garantir o mínimo de acertos nas questões.
b) Sintaxe é um conteúdo difícil.
Sim e não. Sintaxe é um conteúdo que exige um pouco de abstração,
a fim de compreender como as relações frasais ocorrem. Apesar disso,
não confunda ser difícil com ser trabalhoso. A análise sintática é
trabalhosa, mas não é difícil. Difícil é levitar, soltar uma rajada de energia
pelas mãos, aprender física quântica sem estudar. Tenha consciência de
que terá muito trabalho.
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c) Não aprenderei tudo em apenas um curso.
Verdade. Às vezes, do desconhecimento completo até o acerto das
questões, você tem que estuar a mesma coisa três ou quatro vezes. Isso
acontece porque – a cada explicação revista – você capta novas
informações.
4.Quanto tempo de estudo?
Podemos dividir o tempo de estudo de Língua Portuguesa por
semana, para ficar mais simples cumprir os horários. Minha sugestão
sincera é que você estude – no mínimo – três vezes por semana os
assuntos relativos à Gramatica. Costumo indicar a reserva de um tempo
no domingo para realizar algumas leituras que poderão melhorar sua
capacidade de interpretação.
É interessante dividir o seu tempo de estudo da seguinte maneira:
 Teoria (leitura das regras e análise das frases) – 30% do seu tempo
de estudo para LP.
 Prática (resolução dos exercícios) – 40% do seu tempo de estudo
para LP.
 Leitura (de diversas fontes bibliográficas) – 30% do seu tempo de
estudo para LP.
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Isso fará você se acostumar com o fato de que o mais importante é
saber como responder aos questionamentos das provas. Quanto mais
questão analisada, mais conhecimento sobre a banca examinadora;
consequentemente, melhor você estará no assunto.
Se a sua dúvida é relativa ao tempo que leva para entender o assunto,
o papo é outro. Vai depender de quanto de esforço você coloca no seu
empreendimento de estudo. Na maior parte dos casos, leva uns três
meses de dedicação plena para compreender as diferenças entre os
conteúdos e para começar a memorizar todas as nomenclaturas. Em
cerca de seis meses, você consegue começar a discutir o assunto com
mais profundidade. Depois de um ano de estudo dedicado, é possível
adquirir conhecimento suficiente para gabaritar uma prova de Língua
Portuguesa.
5. Nível médio X nível superior.
Existe muita diferença entre prova de nível médio e prova de nível
superior para Língua Portuguesa? Em relação à profundidade teórica
das questões, não há muita diferença. Na realidade, o conteúdo cobrado
para conhecimentos básicos (dentre os quais, temos a Língua
Portuguesa) abarca o que estudamos em Língua Portuguesa durante o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio (porque quase não há disciplinas
de LP no Ensino Superior).
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Então, qual é a diferença entre essas provas? As bancas costumam
apostar em dois pontos principais: as fontes das quais os textos são
extraídos e as questões de interpretação. Em uma prova de nível médio,
é mais comum notar textos retirados de blogs, de editoriais mais simples,
de páginas que discutem assuntos mais próximos ao cotidiano das
pessoas. Além disso, as questões de interpretação costumam ficar mais
no nível de referenciação (descobrir que elemento é retomado por um
pronome ou por uma expressão sinonímica) e da compreensão
superficial das informações. Já, nas provas de nível superior, as bancas
costumam apostar em textos mais próximos da Filosofia e do Direito;
alguns são teses de doutorado ou trechos de obras literárias mais
complexas (com um grande deslocamento temporal).
Então, podemos concluir que a os assuntos não serão divergentes
relativamente à distinção entre o nível teórico exigido pelas bancas.
Nosso maior desafio será, com efeito, voltado para a capacidade de
leitura e interpretação das bases textuais selecionadas pelas bancas
examinadoras.
6. Diferentes bancas exigem diferentes conteúdos?
Dente toda a mitologia presente no universo dos concursos públicos,
uma das figuras mitológicas mais comuns é “a matéria para a banca X”.
Bem, não é raro você discutir com um amigo concurseiro (talvez seja
você o cara de quem estamos falando) por causa de professor X que
ensina para a banca Y. Meu querido aluno, NÃO SEJA UMA MULA!
Não existe o português para o Cespe, o português para a FCC, o
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português para a ESAF. Pior ainda: não há o português para carreira
policial, ou para carreira fiscal, ou para tribunais. Há a matéria de Língua
Portuguesa, e apenas ela.
Verdadeiramente, existe uma tendência de diferenciação de
conteúdos; mas isso é com relação à focalização. Explico: algumas bancas
possuem questões de natureza mais objetiva, ou seja, você olha e julga a
questão de acordo com a nomenclatura tradicional. Outras bancas
possuem questões com mais detalhamento técnico (o caso do Cespe) e,
por causa disso, as questões versam mais sobre uma descrição das regras
do que sobre o nome de uma função em particular.
Entende-se, com isso, que cada banca focaliza conteúdos que julga
mais importantes, apesar disso o conteúdo é o mesmo, essencialmente.
Há, aqui ou acolá, bancas cujos elaboradores cometem gafes terríveis
com relação à teoria; mas isso não altera as regras gramaticais – apenas
deixa nítido que houve erro por parte do elaborador.
7. Existe um método correto?
Para quase nada na vida, há um método correto. Existem, de fato,
caminhos conhecidos que serviram para algumas pessoas conseguirem
atingir um objetivo. É disso que eu vou falar nessa subseção.
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Quando você se organiza para estudar o conteúdo de Língua
Portuguesa, deve estar ciente de que há uma divisão lógica do conteúdo,
assim disposta:
1. Fonético / Fonológico: estuda a produção, a emissão e a articulação
dos sons da língua. Nessa parte, é comum haver questões sobre
contagem de fonemas (sons) e letras nas palavras.
2. Morfológico: é a parte responsável pela análise da estrutura e da
classificação das palavras dentro de uma sentença. Essa é a base de todo
estudo para compreender a Língua, portanto, exige-se muita atenção.
3. Sintático: é a parte da Língua responsável pela análise das funções
que cada termo desempenha dentro de uma sentença. É nessa parte que
nome como “sujeito”, “objeto” e “predicativo” surgem.
4. Semântico: para o mundo do concurso público, essa é a parte que
investiga o significado das palavras, ou seja, o seu sentido dicionarizado.
5. Pragmático: nesse nível, encontra-se a análise do sentido que as
palavras ou expressões podem assumir em um contexto específico. As
questões de interpretação estão aqui!
Pode não parecer, mas esses assuntos são praticamente uma
sequência. Isso mesmo, eu apenas não recomendo começar por Fonética
e Fonologia – principalmente porque são os assuntos menos cobrados,
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em se tratando de concurso público. Eu creio – e passo isso para todos os
meus alunos – que a sequência mais acertada em que você pode apostar
é iniciar o trabalho com morfologia, para garantir um bom conhecimento
das bases componentes do idioma, principalmente no que se refere à
classificação das palavras.
Acredite: sem morfologia, não há vida em Língua Portuguesa. Você
deve conhecer muito bem as características das seguintes classes, para
pensar em mudar de assunto:
 Advérbios;
 Conjunções;
 Preposições;
 Pronomes; e
 Verbos.
Você pode perguntar: “professor, o que eu tenho que saber de cada
um desses itens? ” Vamos à resposta.
Sobre advérbios, é preciso que você saiba identificá-los em um texto,
além de reconhecer o seu sentido expresso. É preciso saber qual a
diferença entre um advérbio e uma locução adverbial (principalmente
saber como as locuções adverbiais são formadas) e suas
correspondências de sentido. Reconhecer como um advérbio funciona
também é critério importante (isso você estuda na definição dos
advérbios, no início da conversa sobre o assunto).
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Sobre conjunções, é necessário conhecer sua classificação e o tipo de
relação que costumam indicar (se de coordenação ou de subordinação).
Organizá-las em uma tabela é de bom alvitre, caso queira memorizar
com mais facilidade. As conjunções serão importantíssimas em questões
de semântica, bem como em questões de análise sintática.
Sobre preposições, é fundamental memorizar quais são as essenciais
(que ficam agrupadas na sigla ACDEPST, comum nas minhas aulas).
Como são elementos que podem introduzir locuções adjetivas,
conjuntivas, adverbiais e prepositivas, faz-se necessário o entendimento
de que elas podem adquirir diversos sentidos distintos, o que resvala em
uma grande possibilidade de perguntas sobre mudança de sentido das
sentenças e sobre regência (verbal ou nominal). Além disso, muitas
questões relativas ao estudo do acento grave indicativo de crase partem
das noções de regências, logo do uso das preposições.
Sobre pronomes, há muito que estudar: desde seu papel em relação à
frase (se adjetivo ou substantivo) até sua função sintática e suas
possibilidades de retomada. Indiscutivelmente, o assunto mais cobrado
no que tange ao emprego dos pronomes é o que entendemos como
“referenciação”, ou seja, o fato de o pronome poder ser vir para realizar
a retomada de algo que foi escrito anteriormente. Nesses casos, o mais
importante é identificar o pronome (a ativação semântica) e seu referente
(o termo por ele retomado), que pode ser outra palavra (um substantivo,
ou mesmo outro pronome), uma sentença e, até mesmo, um parágrafo
completo. Vale destacar que os pronomes oblíquos átonos (estudados
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dentro da categoria dos pronomes pessoais) e os pronomes relativos
(estudados em sua categoria própria, mas com destaque para o pronome
“que”) são largamente explorados nas provas de concursos públicos (nos
quesitos: colocação, referenciação e função sintática).
Sobre verbos, a conversa fica um pouco mais séria. Há grandes
porções para o estudo dessa classe de palavra. Vou mencionar aqui quais
são os itens mais explorados pelas provas de concurso: classificação
verbal com relação à natureza verbal (transitivo, intransitivo, de ligação
etc.); identificação do tipo de voz do verbo e suas transposições (ativa,
passiva, reflexiva e recíproca); classificação do verbo em relação a sua
conjugação (regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante); relação
entre tempos e modos verbais; significado dos tempos e modos verbais.
Essa é a parte que vai exigir mais tempo e que há de requerer mais
atenção de você. Vale lembrar que o verbo é o coração de toda análise
sintática, por isso – caso queira boa evolução em sintaxe – terá que ter
bom conhecimento sobre verbos.
Depois de papirar muito na morfologia, chega o momento de
caminhar para a sintaxe. Aí, muitos concurseiros entregam nas mãos de
Deus e começam a rezar. Calma, eu sei que sintaxe não é um assunto dos
mais fáceis, mas também não é a coisa mais complicada do mundo.
Lembre-se: se alguém conseguiu, você também é capaz!
Tudo deve ser bem lento e progressivo, quando falamos de sintaxe.
Na divisão dos períodos, eu recomento fortemente que você focalize o
estudo do período simples. Ele é o ponto fundamental do qual todas as
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diferenciações sintáticas poderão surgir. Quero dizer que os demais
períodos (composto e misto, por exemplo) fluirão naturalmente, se você
souber precisamente a definição e a aplicação de cada função sintática
do período simples.
Como eu sei que muita gente tem pressa e quer saber o que mais se
deve estudar dentro de sintaxe, lá vai uma série do que mais se cobra em
provas de concurso público:
Dentro do Período Simples:
 Sujeito e suas classificações;
 Complementos verbais (objeto direto e objeto indireto);
 Complemento nominal;
 Adjunto adverbial; e
 Aposto.
Dentro do Período Composto:
 Orações coordenadas (classificação de sentido);
 Orações subordinadas substantivas (subjetivas e objetivas
diretas);
 Orações subordinadas adjetivas (diferença entre explicativa e
restritiva);
 Orações subordinadas adjetivas (pontuação e sentido).
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Algumas provas ainda exigem o reconhecimento de orações
reduzidas, mas esse assunto é um pouco mais complexo e exige muita
base de sintaxe do período composto para haver desenvoltura em seu
entendimento.
Depois de finalizar essa parte fundamental da matéria, eu sugiro que
você focalize os assuntos “picados”, que costumam ser cobrados nas
provas de Língua Portuguesa. Esses assuntos podem ser estudados
pontualmente, contanto que você já tenha passado por morfologia e por
sintaxe. Eu recomendo a seguinte ordem para estudar:
 Acentuação gráfica – assunto muito simples, para aliviar a cabeça
dos anteriores.
 Colocação pronominal – assunto fácil também, mas exige que
você tenha boa identificação dos elementos da morfologia.
 Concordância verbal e nominal – assunto que exige boa noção de
sintaxe, principalmente na identificação dos tipos de sujeito, para
que seja possível tratar de distribuição dos sinais de pontuação na
sentença.
 Regência verbal e nominal – assunto que funciona como um pré-
requisito para crase. Trata-se de uma parte da sintaxe (assim como
concordância e colocação pronominal), mas exige mais atenção ao
sentido e à necessidade de se empregar uma preposição em uma
sentença.
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 Crase – assunto fácil, porém não para todos. Como se trata de um
grande tabu em Língua Portuguesa, sugiro dar atenção especial ao
conteúdo de crase.
 Pontuação – assunto mais trabalhoso dentre todos com que você
irá se relacionar. Para pontuar uma sentença, é necessário ter um
conhecimento bastante rico de sintaxe, para não cometer
equívocos na separação dos termos de uma oração.
8. Que fazer para aprender a teoria?
Como você deve imaginar, em Língua Portuguesa, há muita teoria!
Sim, há muita teoria mesmo! Eu tenho aproximadamente 30 livros
dedicados apenas à gramática na minha biblioteca, e ainda acho pouco!
Evidentemente você não irá precisar de tudo isso para gabaritar uma
prova. Precisará do conhecimento relativo aos fundamentos gramaticais
que podem ser cobrados em uma questão de concurso.
Isso nos leva a crer que haja uma quantidade limitada de elementos
que o indivíduo deva saber para poder ter um bom desempenho nas
provas. De fato, isso é verdade. O maior problema é como aprender essa
teoria, que parece ser o capeta em forma de conteúdo.
Memorizar para facilitar
Sem rodeios, vamos direto ao assunto. O primeiro passo rumo à
compreensão da teoria relativa ao nosso idioma é buscar conceitos-chave
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precisos, que possam fazer a diferença na hora de realizar uma análise
sintática ou mesmo uma classificação de vocábulo.
A minha sugestão é a seguinte: use dois cadernos. Um para anotar as
dicas e o conteúdo comum que o professor passa em aula (se você estiver
em um curso preparatório), outro para fazer o resumo do conteúdo.
Desse modo, você vai seguir uma lógica simples, que consiste em revisar
os resumos que você fez a cada quinze dias – numa espécie de ciclo de
conteúdos. Faça isso até começar a memorizar os conceitos.
Pode parecer estranho falar em memorização, mas não é tanto assim.
Na verdade, só começamos a entender o conteúdo ao passo que vamos
memorizando alguns conceitos que são fundamentais para o estudo. De
nada adianta eu explicar o que é uma preposição se você não vir a lista
das preposições essenciais e memorizar algumas delas. Feliz ou
infelizmente, na vida alguma coisas são assim: você precisa criar
coragem e encarar o fato de que memorizar é preciso. Muita gente me
critica quando digo que o aluno precisa decorar algumas coisas. Falam
pelos cotovelos, citam diversos autores para justificar que não é pode
decorar, que é necessário entender. Basta apenas um pouco de
honestidade intelectual para afirmar que – o primeiro passo para
entender uma abstração teórica é memorizar seus conceitos fundantes.
Outra sugestão para você se forçar a aprender a teoria é criar alguns
cartazes com os assuntos mais difíceis de memorizar e espalhar por
onde você mora, por onde você trabalha, enfim por todos os lugares, a
fim de que você fique sempre em contato com esses assuntos. Tudo há
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de se tornar familiar com o tempo. Muita gente lida bem com fichas de
conteúdo (pequenas folhas em que você anota os conceitos que julga
mais importantes); caso seja o seu caso, invista nisso!
Torne o conteúdo relevante
Não adianta se matar de estudar no cursinho e gastar a vista nas
apostilas se, quando você sair da sala ou fechar o material, o assunto ficar
preso lá. É incrível como as pessoas se comunicam em Língua
Portuguesa e parece que não se dão conta disso. Querem buscar mil
exercícios distintos para entender o idioma, mas não se atentam para o
fato de que o exercício está na própria fala e na própria escrita do
cotidiano.
As regras que você estuda devem sair do papel e caminhar para a sua
fala, para a sua escrita, para a sua vida. Comece a pontuar o que você
escreve no aplicativo de texto, ou mesmo nos e-mails mais informais que
redige. Por que não observar o que está escrevendo nas redes sociais?
Por que não pensar sobre aquela frase que o amigo falou e que soou meio
estranha? Por que não pensar a respeito de como estão escritos os nomes
das comidas no cardápio? Tudo isso é fonte inestimável para você poder
praticar as regras da Língua Portuguesa diariamente.
Quer dizer que eu vou ter que sair corrigindo todo mundo? Não. Ao
menos, não em voz alta. Pode fazer isso mentalmente, que ninguém vai
ligar e que você não vai perder amigos. Busque identificar os erros mais
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comuns e fique ligado para um fundamento bastante importante:
quando você tem dúvidas sobre um assunto, é sinal de que está
pensando sobre ele. Isso faz sua capacidade de aprendizado acelerar
muito.
Tenha curiosidade
Jamais passe direto por uma palavra cujo significado você
desconheça. Jamais deixe para amanhã a regra que você pode conhecer
hoje. Seja um eterno curioso a respeito de como é a grafia correta daquela
palavra exótica que você ouviu ou lembra de ter visto em algum lugar.
Faça a experiência de conjugar um verbo por dia durante uns 15 ou
20 dias. Tente fazer uma análise sintática por dia (pode ser daquilo que
você fala mesmo). Tenha a mente aberta e saiba que a língua é um
fenômeno vivo e em mutação: novos sentidos podem surgir, novas
relações. Não ache que tudo está confinando em apenas um bloco de
papel.
Descubra novas bancas examinadoras, novas formas de questionar,
vários autores e professores diferentes. Certamente um deles ajudará
você a entender de forma mais própria a matéria. Eu costumo dizer que
o melhor professor é aquele que consegue fazer você gostar da matéria.
Dali para frente, o próprio aluno se encarrega.
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Facilite a linguagem
Eu costumo iniciar minhas aulas com uma linguagem bem simples e
bem acessível. Acho até que alguns exemplos são meio bobos. Apesar
disso, essa é a melhor estratégia para você começar a entender como a
Língua Portuguesa se estrutura. Há uma máxima importante na língua:
mudam as palavras, não mudam as estruturas. Veja um exemplo do que
eu estou falando:
 João é um bosta.
 A intersubjetividade é uma característica humana.
Qual das duas frases parece mais difícil de analisar? A menos que
você queira dar uma de bonzão, deve ter dito que a segunda possui
análise mais difícil. E se eu disser que as duas orações possuem os
mesmos elementos sintáticos, e que – na realidade – a primeira possui
um procedimento ainda mais complexo do que a segunda? Pois é, vamos
aos fatos:
A primeira sentença: João é um bosta – possui um sujeito (João), um
verbo relacional / de ligação (é), e um predicativo do sujeito (um bosta).
A segunda sentença: A intersubjetividade é uma característica humana –
possui um sujeito (A intersubjetividade), um verbo relacional / de ligação
(é), e um predicativo do sujeito (uma característica humana).
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Como a segunda sentença possui umas palavras mais cheias de letras,
parece que é mais difícil analisar. Agora, note que o relacionamento entre
todos os elementos da segunda sentença é bastante simples: um artigo,
um substantivo, um verbo, outro artigo, outro substantivo e um adjetivo.
Morfologicamente bem mais fácil de perceber suas classificações,
quando comparada com a primeira sentença. Veja só: a primeira
sentença apresenta uma expressão coloquial (um bosta), formada por um
tipo peculiar de variação vocabular – a modificação do gênero do artigo
para criar um sentido novo em um vocábulo. Essa transformação exige
muito do analista, em termos de teoria. Acontece que algumas pessoas
têm a mania de achar que não há palavrões em nosso idioma, daí esse
tipo de sentença passa veladamente, ou seja, a Língua Portuguesa
continua a representar algo que não é falado pelo indivíduo, e acaba
resultando em perda de interesse. Nos exemplos anteriores, eu apenas
mudei as palavras, mas as estruturas sintáticas permaneceram as
mesmas.
Se você tiver uma barreira com relação ao vocabulário, busque um
material adequado à sua realidade (leia os exemplos que o autor /
professor utiliza). Certamente isso irá mostrar um caminho pelo qual
seguir.
9. Que fazer para acertar as questões?
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Notadamente, só acerta questão quem tem noção da teoria que deve
ser empregada para tal. Há alguns direcionamentos que posso apontar,
no entanto, para facilitar a vida nesse sentido.
Há duas estratégias para estudar resolução de questões: uma delas é
a corajosa, que consiste em pegar uma boa porção de exercícios, ou
mesmo uma prova, e tentar acertar tudo que está lá. Outra estratégia é a
analítica, que consiste em separar os exercícios a serem resolvidos,
colocar o gabarito de cada questão e escrever o comentário (a justificativa
do gabarito) ao lado de cada questão.
Pela minha experiência, sei que a primeira estratégia – a corajosa –
pode ser frustrante, caso você erre mais de 50% da bateria de testes que
você selecionou. Esses erros podem ocorrer por falta de teoria ou por
falta de compreensão do comando da questão. Se esse for o seu caso,
adote a outra estratégia.
A estratégia analítica permite unir a teoria à prática, entretanto toma
muito mais tempo, por causa do comentário das questões. O fato de não
saber a teoria subjacente a uma questão fará você pular o exercício ou ter
de interromper o estudo para buscar fundamentação1. Isso leva a crer
que – de determinada maneira – também pode ser frustrante a segunda
1
Eu não sugiro que os meus alunos se apoiem nos comentários provenientes de sites de resolução
de exercícios. Duas são as razões para isso: a primeira é que – em diversos casos – os comentários são
de outros alunos, os quais podem saber o mesmo ou bem menos do que você. A segunda é uma cópia da
primeira, apenas com a diferença de quem comenta. Sim, é o que você está pensando (alguns
“professores” escorregam nos comentários).
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estratégia. Cabe a você decidir com qual frustração é capaz de lidar
melhor.
Estudar por temas?
Não sou totalmente contrário ao fato de resolver questões por divisão
de assunto, mas tenho as minhas ressalvas. Acredito que selecionar uma
bateria de questões de crase, concordância, pontuação, acentuação etc.
sirva apenas para permitir o entendimento pontual desses conceitos.
Explico: isso só serve para você encerrar uma aula em que estudou teoria
– ou seja – só serve para acomodar a matéria na sua cabeça.
Por que você diz isso, professor? Bem, é o seguinte: quando você lê o
comando de uma questão e ele fala a respeito de concordância, você já
sabe qual é o assunto. Aliás, já sabe o assunto dessa e das próximas 100
questões que você filtrou lá no seu site de resolução de questões. Quero
dizer que isso dá uma falsa sensação de conhecimento da matéria. Você
acerta mais, porque já sabe do que a questão está falando. Todos sabemos
que não é assim que aparece em nossa prova. As questões surgem em
uma mistura muito louca.
Então, entenda que essa maneira de resolver exercícios é apenas a
primeira etapa do seu trabalho. A segunda etapa deve ser a resolução de
provas completas de Língua Portuguesa. Você precisa fazer um
mapeamento detalhando do que a banca do seu concurso irá cobrar. Para
tanto, resolva as provas aplicadas durante o último ano. Monte um
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caderno e parta para os comentários! Isso trará um rendimento muito
maior na resolução de exercícios.
Há quem goste de cursos de resolução de exercícios e de livros com a
mesma focalização. Eu acredito que isso ajuda muito, contanto que você
possa confiar no autor dos comentários. Nesse sentido, eu sugiro uma
coleção chamada Revisaço – da editora Jus Podivm (eu mesmo tenho
meus livros lá) –, em razão da competência e do rigor com que a editora
trabalha. Além disso, sugiro os meus cursos de resolução de exercícios
(que podem ser encontrado na minha página mesmo). Desculpem, eu
não pude resistir ao “merchan”.
Apenas uma vez?
Pode parecer meio masoquista, mas eu recomendo que você resolva
a mesma prova mais de uma vez, em intervalos distintos. Essa estratégia
permite identificar se você tem memória para reconhecer os padrões de
questão, além de servir para verificar se você erra as mesmas coisas (não
sai do lugar na teoria).
Adote o seguinte procedimento: separe 10 provas e resolva uma por
dia. No décimo primeiro dia, resolva a primeira prova; no décimo
segundo, a segunda e assim por diante. Repita o procedimento em
bateria de 10 em 10 provas, sempre que achar que seu desempenho em
resolução de exercícios estiver começando a baixar. Anote seus
resultados, veja suas estatísticas, permita-se perceber a sua evolução!
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10. Meu desempenho está baixando.
Não é nenhuma novidade baixar o desempenho em Língua
Portuguesa depois de relativo tempo de estudo. Quando isso acontece,
devemos ficar de olho em alguns fatores que podem ser a resposta para
essa baixa.
O primeiro deles é o fator confiança excessiva. Depois de algum
tempo de estudo, você começa a acertar questões, começa a ler os textos
com mais acuidade2, adquire mais segurança (já memorizou conjunções
e algumas preposições, já sabe classificar alguns verbos). Daí, você
diminui o ritmo, resolve menos questões, lê menos textos. Quando pega
a próxima prova, o desespero vem moendo! Onde está todo aquele
conhecimento que você tinha? Onde estão as questões que eu costumava
acertar? Parece que eu esqueci tudo!
E realmente esqueceu! Nosso cérebro descarta a informação que não
for nova e que não julgar relevante. Quando você começou a estudar,
certamente havia esperanças em seu coração, estava motivado e,
indubitavelmente, memorizava os primeiros conteúdos que o professor
passava. Isso ocorria porque uma parte do cérebro – as amídalas
cerebelosas – era a responsável por auxiliar sua memorização, agregando
toques emocionais aos primeiros conteúdos novos a que assistia. Ocorre
2
Capacidade de percepção e interpretação.
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que Língua Portuguesa não é uma coisa nova para a maior parte dos
indivíduos que se prestam a estudá-la, talvez porque nativos do idioma.
Bem, todo esse palavrório foi empregado para explicar que a perda de
contato com um assunto conduz ao sequente esquecimento ou ao
apagamento das informações estudadas. Isso explica a razão de você
memorizar as letras de uma música tão rapidamente, mas não
memorizar a letra da lei com a mesma facilidade.
A saída, então, é fazer um mnemônico (estratégia de memorização)
com aquela música que eu adoro! Ledo engano. Quando gostamos de
alguma canção, o que nos faz memorizar é o sentimento da canção
original, não da paródia. Essa é a razão porque eu acho bastante ridículo
quando alguém começa a cantar um conteúdo. A iniciativa até pode ser
boa, mas o resultado é o mesmo que nada!
A sugestão é manter a regularidade de suas revisões. Além disso, não
faria mal tentar ser o monitor de algum conteúdo (pode ser de Língua
Portuguesa) no seu grupo de estudos. Desse modo, você se obriga a ficar
em contato constante com a teoria, além de ser o recurso primeiro para
tentar sanar as dúvidas dos colegas na resolução de questões. Ninguém
conseguirá rever todos os conteúdos de 15 em 15 dias, então adote a
seguinte estratégia:
 Conteúdo novo: revisão em 15 dias;
 Conteúdo não tão novo: revisão em 25 dias;
 Conteúdo já dominado: revisão a cada 35 dias.
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Lembre-se de que o importante é permanecer em movimento com os
estudos!
Pode ser que o seu caso não seja o de confiança excessiva. Bem, o mais
provável, desse modo, é que você esteja cometendo o erro por
estagnação. Calma, eu não vou repetir o que disse anteriormente.
Esse tipo de erro é cometido pelo indivíduo que insiste em não querer
evoluir. Como assim? Explico. Eventualmente, o concurseiro ouve de
seus “gurus” (muitos apenas idiotas que não sabem o que falam) que não
é possível fazer prova de outra banca, não é possível estudar o que está
fora do edital (já vimos como há muito conteúdo que está na prova, mas
não tem seu “nome” no edital), que não é possível fazer prova de analista
se você for prestar para técnico etc. O aluno fica estagnado, pois só sabe
resolver um tipo de prova, com apenas um tipo de questão e apenas um
nível de dificuldade. Quantas vezes houve mudança da banca
examinadora e o candidato se sentiu um imbecil, porque estudava
apenas para a banca anterior? Pois é, vou citar um exemplo bem simples:
houve uma campanha muito longa para o concurso do INSS que foi
realizado no ano de 2016. Todos os preparatórios, antes do edital,
direcionavam os estudos para as provas da banca FCC, a organizadora
anterior do certame. Durante muito tempo, os alunos resolveram provas
anteriores, simulados, viram cursos específicos para a banca em questão.
Isso tudo foi lindo até a saída do edital: banca CESPE. Você já pode
imaginar a quantidade de choro e ranger de dentes que houve por causa
disso. Muita gente teve que “reaprender” a resolver exercício, pois nunca
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havia feito prova com “certo e errado”. Esse é um exemplo de estagnação
no estudo. O indivíduo fica “bitolado” a pouca variedade dentro de uma
matéria e não consegue melhorar seu desempenho. Citei apenas duas
bancas, mas os exemplos são diversos dessa situação.
A minha sugestão, nesse caso, é que você busque resolver provas
mais difíceis do que aquilo que enfrentará em seu concurso. Também é
salutar conhecer como outras bancas examinadoras abordam o mesmo
assunto. Isso pode fazer você compreender de maneira mais precisa
como a lógica da matéria surge para os examinadores. No fundo, tudo é
Português, e não há razão para segmentar tanto o estudo de um
conteúdo que está disseminado em praticamente todas as provas, afina,
tudo está escrito nessa língua (a não ser a prova de língua estrangeira).
Além disso que eu citei, também pode ser que você tenha ficado um
tempo trabalhando com provas mais fáceis e, quando passou para níveis
mais complexos (o que pode ocorrer sem você perceber, basta que o
examinador considere que a prova tenha de ser mais difícil), acho que a
prova era de grego e não de português. De qualquer modo, se você
estiver estudando, não se desespere: continue fazendo o seu trabalho,
pois o resultado aparecerá.
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11. Minha dificuldade é com Gramática.
A Gramática Normativa é um obstáculo para muitas pessoas. Aliás,
chega a sê-lo para muitos professores, mesmo que trabalhem
diariamente com esse conteúdo.
Muita gente desconsidera a importância do conhecimento a respeito
da estrutura de uma língua, bem como de seu funcionamento. A
normativa é condenada em diversos cursos superiores no Brasil. Há
docentes que acusam a gramática de “elitista”, como algo que não reflete
a realidade dos falares no Brasil. Talvez, por causa desses docentes, os
egressos dos cursos de Letras acabam por não saber muito a respeito
desse assunto que é tão essencial para o entendimento dos mecanismos
de funcionamento de uma Língua.
Apesar do “momento desabafo”, é preciso entender que essa pode ser
uma das razões por você não compreender muito bem a gramática:
durante sua vida como aluno, ela nunca foi apresentada formalmente
para você a ponto de ser possível refletir a respeito das estruturas lidas
do faladas.
Caso seu problema seja esse mencionado, há providências que você
pode tomar a fim de sanar os problemas mais graves. Em primeiro lugar,
é necessário descobrir quais são os pontos fracos gramaticais. Veja bem:
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não saber gramática é uma coisa; não saber aplica-la é outra bem
diferente.
É possível saber a definição de um verbo de cor, mas sem saber
conjugar, classificar, identificar, reconhecer formas nominais, o
conhecimento é praticamente desperdiçado. Geralmente, quem tem
problema com a aplicação da gramática possui um conhecimento mais
intuitivo do assunto: é uma pessoa que faz boa leitura, mas não se liga
muito às nomenclaturas que são apresentadas ao longo do estudo de
Língua Portuguesa. A melhor maneira de resolver esse problema é
apostar em um bom livro de gramática, para fornecer a base teórica do
conteúdo. Você irá recorrer a ele sempre que não souber explicar um
fenômeno da língua. Vale adotar também um glossário (pequena lista
com conceitos úteis) relacionado à Gramática. Assim, você não se
perderá quando aquela tempestade de nomenclaturas começar a cair.
Há mais uma técnica para melhorar seus conhecimentos gramaticais.
Consiste em realizar testes de assimilação da regra. Entenda: nem
sempre a questão do concurso vai ajudar você. Eventualmente, será
necessário fazer análises de sentenças incorretas e tentar passá-las para
uma forma correta, naquilo que pareceria mais com os exercícios que
fazíamos na escola. É precisamente isso. Quanto mais você fizer
exercícios de assimilação da matéria, mais será possível internalizar
aquilo que você estudou, gramaticalmente falando. 3
3
É fato que não há muitos materiais, com esse tipo de exercício, disponíveis no mercado. Uma
recomendação que faço é a Gramática Gradativa, de Ary Coelho Abílio.
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12. Minha dificuldade é com Interpretação.
A dificuldade com Interpretação de Textos sempre é algo reportado
pelos alunos. Diagnóstico simples: falta de leitura de textos com um grau
de complexidade maior.
Você pensou que essa barreira fosse causada por pouca leitura, certo?
Daí resolveu aumentar a quantidade de leitura, mas – ainda assim –
continuou “levando fumo” nas questões de interpretação. Normal. O
problema não é a quantidade, pois hoje lemos muito mais do que em
momentos pretéritos da história da humanidade. O problema é a
qualidade da leitura.
Pense em quais são as suas bases principais de leitura: Facebook,
Instagram, blogs, comentários em vídeos do YouTube, legenda de séries,
e por aí vai. Quando foi a última vez em que você leu um poema?
Quando foi a última vez em que leu um texto sobre economia? Sobre
astrofísica? Sobre neurologia? Sobre cognição? Então, como você espera
ter capacidade ampla de interpretação, se está mais acostumado a ler
coisas divertidas, até fúteis, em vez de ler algo que vá – de fato – desafiar
o seu cérebro. Fazer o mesmo exercício, com o mesmo peso, durante 30
anos não fará seus músculos crescerem, infelizmente.
Em todas as aulas que ministro a respeito de interpretação, menciono
que é necessário estabelecer um regime rígido de leitura: separar ao
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menos um dia por semana para ler aquilo com que não se está habituado.
Quanto mais tipologias, mais próxima a interpretação ficará de você.
Evidentemente, com o tempo e com a prática, será possível identificar
quais são os aspectos mais cobrados pelas bancas examinadoras. Nesse
sentido, apenas a resolução de questões pode ajudar. Se não for possível
progredir com a resolução simples das questões, busque livros de
questões comentadas sobre interpretação de textos (eu mesmo escrevi
um pela editora Jus Podivm). Neles, o autor consegue apresentar a
perspectiva do elaborador da prova no que tange ao processamento de
informações, ou seja, a interpretação de textos.
13. Não sei qual é a minha dificuldade.
Também é algo muito comum não saber qual é a dificuldade em
Língua Portuguesa. Você simplesmente sabe que não sabe nada! Apesar
de ser uma conclusão quase filosófica, há algumas explicações para isso.
Provavelmente, você ainda não tem todos os conceitos com que
trabalhamos em Língua Portuguesa bem claros em sua mente. Talvez
você ainda confunda o que é análise morfológica com o que é análise
sintática. Talvez ainda não saiba bem o que é uma classe de palavras ou
tenha conceitos muito rasos sobre a matéria.
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Em minha opinião, o maior problema de quem está errando questões
ou não está entendendo a matéria e não sabe o motivo é o fato de que
muitos “professores” de Língua Portuguesa estão preocupados
simplesmente com passar dicas e macetes. Isso é terrível. Um macete
pode servir para facilitar a resolução de alguns exercícios, mas
certamente não o faz compreender como a língua se articula. Existem
níveis diferentes de provas e os macetes mais simplistas não darão conta
jamais de uma prova de nível intermediário para difícil.
Para você ter uma ideia do que eu estou falando, vou recorrer a um
exemplo bem simples. Muitas vezes já me peguei em situações
desconfortáveis enquanto lecionava, em razão de os alunos terem uma
lacuna conceitual por causa de outro docente que havia passado uma
informação superficial. O caso a que me reporto é o seguinte: falava para
uma turma sobre análise sintática, quando solicitei uma investigação a
respeito de um verbo que era relacional (verbo de ligação, para os mais
íntimos). No meio da minha elocução, resolvi perguntar:
 Pessoal, como vocês identificam um verbo de ligação?
 Pelo significado – respondeu um aluno.
 Muito bem! E qual o significado de um verbo de ligação?
 O verbo de ligação indica uma qualidade!
Você pode imaginar que, nesse momento, eu quase tive uma parada
cardíaca! Mesmo assim, continuei a reflexão. Vale a pena acompanhar:
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- Ah, é? Então, vamos analisar uma sentença. Pense na frase “O
professor chegou atrasado”. A palavra “atrasado” está indicando uma
característica do professor, certo?
- Certo! – a galera veio com força na resposta.
- Então, que tipo de verbo é esse?
Alguém gritou lá do fundo:
- Verbo de ligação!
Como você deve saber, o verbo “chegar” é um verbo intransitivo,
tratado por alguns gramáticos como “transitivo relativo” ou “transitivo
circunstancial”. O fato é que não se trata de um verbo de ligação. Em
uma conversa com a turma, disseram-me que haviam aprendido assim e
que, para eles, não havia outro conceito de verbo de ligação.
Esse é o tipo de problema que pode fazer uma pessoa que estuda, há
muito tempo, a matéria errar as questões mais elementares. Daí, é bem
compreensível que a pessoa ache que não está progredindo, que não sai
do lugar.
Pela experiência que adquiri ao longo desses anos lecionando pelo
Brasil, pude entender que – se você tem algum problema com Língua
Portuguesa – a origem das dificuldades está certamente nos conceitos
morfológicos que você adquiriu ao longo de sua jornada.
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Antes de encerrar essa passagem, também é importante ressaltar que
somos responsáveis pelo que falamos, não pelo que as pessoas
entendem. Talvez o cidadão tenha explicado corretamente e de maneira
conceitual o tal verbo de ligação, mas o aluno só tenha “ouvido” a parte
do macete.
Caso você não saiba qual é sua dificuldade, adote o procedimento de
resolução de questões e posterior avaliação relativa o tipo de questão que
você errou. Isso quer dizer: se você errou mais questões de interpretação,
concentre-se nessa parte (e siga os conselhos já mencionados); se errou
mais questões de gramática, vá trabalhar com a estrutura da língua.
14. Não sei o que a banca está pedindo.
Não existe sensação pior para – em uma avaliação – do que não fazer
ideia do que a questão está abordando. Em Língua Portuguesa, isso é
muito comum, porque a separação dos conteúdos pode desaparecer em
uma questão de correção gramatical, por exemplo.
Há dois focos principais de questionamento para uma banca
examinadora: um deles é o aspecto interpretativo, em que o examinador
pode exigir inferências, análise de compreensão do texto, estratégias
coesivas, coerência etc. Outro aspecto é o gramatical, em que o
examinador pode correção da sentença, observação de acentuação,
ortografia, concordância etc.
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43
Conhecer a banca examinadora, seu perfil, seu tipo de cobrança
costuma ser o caminho para resolver esse problema. Caso queria
mergulhar um pouco nesse mar de bancas, convido a continuar a leitura
desse livro.
Parte 2: das bancas examinadoras
A banca CESPE
Como muitos devem saber, o nome CESPE/UnB significa Centro de
Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília. Ocorre que
esse nome sofreu uma modificação recentemente. Então, apenas para
deixar o livro mais consistente nas informações, recortei o que a própria
banca fala sobre si e resolvi colar aqui para você entender a
nomenclatura.
O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de
Eventos (Cebraspe), denominado Cespe, foi qualificado como Organização Social
(OS) em 19 de agosto de 2013, com a assinatura do Decreto n.º 8.078 pela
Presidenta Dilma Rousseff. Em 17 de março de 2014, a Instituição começou a
funcionar como uma nova OS no País, após a assinatura do Contrato de Gestão
firmado em conjunto com as instituições intervenientes: o Ministério da
Educação, a Fundação Universidade de Brasília (FUB) e o Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
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Que isso muda na sua vida? Nada. Mas eu fiz isso para ninguém dizer
que o autor não saiu por aí fazendo pesquisa antes de publicar o livro. O
CESPE (e não a CESPE – como muita gente fala) é uma das bancas mais
respeitadas no país em virtude de promover certames para concursos
com grande número de candidatos inscritos, ou seja, está acostumada a
promover eventos nacionais. Sua reputação nem sempre foi das
melhores com relação à segurança das avaliações, pois – em meados de
2010 – houve uma operação da Polícia Federal (Operação Tormenta), em
que a banca examinadora havia figurado como uma das bancas
examinadoras cujas provas teriam sido alvo de fraude. Bem, isso é mais
“Revista Caras” do mundo dos concursos do que conteúdo de fato, mas
serve para traçar um perfil dessa banca examinadora.
É muito comum ver o CESPE como banca em provas da Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal4, Ministério Público da União,
algumas agências reguladoras etc. Bem, já deu para saber que a banca e
bem provável para diversos concurseiros, certo? Vamos falar sobre
aquilo que podemos encontrar em suas provas de Língua Portuguesa.
4
Salvo quando a FUNRIO fez o certame, mas ninguém quer lembrar isso.
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45
Quais são os conteúdos mais cobrados?
À exceção da prova do Instituto Rio Branco (que está em outra
realidade planetária), as provas do CESPE costumam seguir um padrão:
distribuição entre questões de interpretação e de gramática. Nas provas
com até 25 questões, é comum encontrar de dois a três textos não muito
longos, cujo padrão de complexidade aumenta quando se passa do nível
médio para o nível superior – o que é esperado de qualquer banca
examinadora. Muita gente prefere o estilo tradicional da banca, que é o
de julgamento dos itens como “certo” e “errado”, apesar de achar ruim
o princípio de que uma questão errada anula uma correta. Há uma
tendência de mudança desse padrão para o padrão de múltipla-escolha
(a, b, c, d, e) do ano de 2016 adiante.
Nas questões relativas ao texto, é muito comum haver a distinção
entre questões de inferência e questões de compreensão, na proporção
de uma para duas, ou seja, uma de inferência para duas de compreensão
textual. Há muitas recorrências aos referentes pronominais, quer dizer,
a banca gosta de perguntar qual é o referente do pronome empregado na
sentença.
Nas questões relativas à estrutura das sentenças, abundam os
questionamentos sobre reescrita de frases. Nesse caso, qualquer item de
correção gramatical pode ser cobrado, e o candidato deve ficar atento ao
modo como a sentença está redigida. Sem contar essas questões sobre
reescrita de sentenças (nas quais também pode figurar o sentido das
expressões), os principais conteúdos são: concordância (com predomínio
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da verbal, nas regras mais comuns), crase (com ênfase na justificativa dos
acentos), pontuação (principalmente para termos destacados e orações
adjetivas) e regência (com ênfase na regência verbal). O CESPE possui
uma tradição muito consolidada na abordagem do assunto de Redação
Oficial nas provas de Língua Portuguesa. Para garantir que você não terá
quaisquer problemas com o assunto em questão, indico o meu livro
“Revisaço de Redação Oficial e Discursiva” – publicado pela editora Jus
Podivm. Ele dá conta da matéria de maneira efetiva e simples.
A seguir, você terá duas provas de Língua Portuguesa da banca
CESPE (uma de nível médio e outra de nível superior) reproduzidas na
íntegra5 para praticar e perceber como o examinador costuma propor
suas questões.
Prova 1 – DPU (nível médio) – 2016
Texto
1 A democracia participativa pressupõe várias formas de atuação do
cidadão na condução política e administrativa do Estado. No Brasil,
destacam-se as audiências públicas 4 previstas constitucionalmente e em
diversas normas infraconstitucionais.
5
Mantive, inclusive, a numeração de linhas para que fosse mais fácil a identificação das questões.
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As audiências públicas constituem um importante 7 instrumento de
abertura participativa que proporciona legitimidade e transparência às
decisões tomadas pelas diferentes esferas de poder.
10 Tal instituto possui raízes no direito anglo-saxão e fundamenta-se
no princípio da justiça natural. Esse princípio atualmente se traduz no
dever de escutar-se o público antes 13 da edição de normas
administrativas ou legislativas de caráter geral, ou de decisões de grande
impacto para a comunidade.
As audiências públicas integram o perfil dos Estados 16 democráticos
de direito, modelados pelo constitucionalismo europeu do pós-guerra,
segundo o qual o poder político não apenas emana do povo, sendo em
nome dele exercido, 19 mas comporta a participação direta do povo.
É por meio dessas audiências que o responsável pela decisão tem
acesso às diversas opiniões sobre a matéria 22 debatida e abre a
oportunidade para as pessoas que irão sofrer os reflexos da deliberação
se manifestarem antes de seu desfecho.
Janaína de Carvalho Pena Souza. A realização de audiências públicas
como fator de legitimação da jurisdição constitucional. In: De Jure –
Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, v.10,
n.º 17, jul.-dez./2011, p. 392 (com adaptações).
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No que se refere à tipologia e aos sentidos do texto, julgue os itens
que se seguem.
1 O texto, predominantemente argumentativo, objetiva convencer o
leitor de que decisões administrativas tomadas sem o recurso das
audiências públicas carecem de legitimidade e transparência.
2 Dados os assuntos tratados nos três primeiros parágrafos do texto,
as seguintes frases são adequadas, na sequência em que aparecem, para
figurar como subtítulos desses parágrafos:
I. conceito jurídico de audiências públicas;
II. importância das audiências públicas;
III. como deve ser feita a convocação do público a ser ouvido.
3 No texto, a ideia expressa em “o poder político (...) a participação
direta do povo” (l. 17 a 19) reforça a ideia expressa em “dever de escutar-
se o público” (l.12).
4 As expressões “Tal instituto” (l.10) e “Esse princípio” (l.11)
retomam, pelo sentido, a expressão “As audiências públicas” (l.6).
5 A oração “que irão sofrer os reflexos da deliberação” (l. 22 e 23) é
indispensável ao sentido do período, pois delimita a referência de
“pessoas” (l.22).
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Em relação aos elementos linguísticos do texto, julgue os itens a
seguir.
6 Seria mantida a correção gramatical do texto, caso seu segundo
parágrafo fosse reescrito do seguinte modo: Constituindo importante
instrumento de abertura participativa, as audiências públicas tornam
legítimas e transparentes as decisões tomadas pelas diferentes esferas de
poder.
7 A forma verbal “manifestarem” (l.23) está flexionada no plural para
concordar com “as pessoas” (l.22).
8 O pronome ele, em “dele” (l.18), refere-se a “o poder político” (l.17).
9 No trecho “segundo o qual o poder político não apenas emana do
povo (...) mas comporta a participação direta do povo” (l. 17 a 19), a
locução “não apenas (...) mas” introduz no período ideia de adição.
10 Sem prejuízo do sentido original e da correção gramatical do texto,
seu primeiro parágrafo poderia ser reescrito da seguinte forma: Na
democracia participativa, existe várias formas de atuação do cidadão na
condução política e administrativa do Estado, destacando, no Brasil, as
audiências públicas na Constituição e nas demais leis.
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Texto
1 Passados os atropelos da chegada de D. João ao Brasil, era hora de
colocar mãos à obra. Os planos eram grandiosos e havia tudo por fazer.
A colônia precisava 4 de estradas, escolas, tribunais, fábricas, bancos,
moeda, comércio, imprensa, biblioteca, hospitais, comunicações
eficientes. Em especial, necessitava de um governo que 7 se
responsabilizasse por tudo isso. D. João não perdeu tempo. No dia 10 de
março de 1808, quarenta e oito horas depois de desembarcar no Rio de
Janeiro, organizou seu novo 10 gabinete.
Caberia a esse gabinete criar um país a partir do nada. Havia duas
frentes de ação. A primeira, interna, incluiu as13 inúmeras decisões
administrativas que D. João tomou, logo ao chegar, para melhorar a
comunicação entre as províncias, estimular o povoamento e o
aproveitamento das riquezas 16 da colônia. A outra frente era externa.
Visava ampliar as fronteiras do Brasil, em uma tentativa de aumentar a
influência portuguesa na América. Era também uma forma 19 de punir
os adversários europeus de Portugal, ocupando seus territórios e
ameaçando seus interesses americanos. Nesse caso, os avanços foram
precários e sem consequências duradouras.
22 No final de 1808, uma tropa de quinhentos soldados brasileiros e
portugueses, escoltada por uma pequena força naval, invadiu a Guiana
Francesa e sitiou a capital, Caiena, 25 cujo governador se rendeu sem
resistência no dia 12 de janeiro. Era uma retaliação à invasão de Portugal
pelas tropas de Napoleão. Uma segunda ofensiva seria a anexação da
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chamada 28 Banda Oriental do Rio da Prata, atual território do Uruguai,
em represália à aliança da Espanha com a França napoleônica. Foram
ambas conquistas efêmeras. A Guiana se livrou das 31 tropas de D. João
oito anos mais tarde. O Uruguai conseguiria sua independência em 1828.
Com os planos de expansão territorial fracassados, 34 restou a D. João se
concentrar na primeira — e mais ambiciosa — de suas tarefas: mudar o
Brasil para reconstruir nos trópicos o sonhado império americano de
Portugal.
Laurentino Gomes. 1808. São Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2007 (com
adaptações).
Julgue os itens subsecutivos, referentes aos sentidos do texto.
11 No segundo parágrafo do texto, a respeito da “outra frente” (l.16),
apresentam-se as seguintes informações, nesta ordem: plano externo,
resultados obtidos e objetivos pretendidos.
12 No texto, a expressão “havia tudo por fazer” (l.3) tem sentido
equivalente ao da expressão “criar um país a partir do nada” (l.11).
13 Sem prejuízo do sentido do texto, a palavra “retaliação” (l.26)
poderia ser substituída por revide, desforra.
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14 O texto trata das primeiras medidas tomadas por D. João no Brasil
para levar adiante um duplo plano: criar um governo local e aumentar
os limites do território brasileiro em prejuízo dos adversários de Portugal
na Europa.
Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue os itens
subsequentes.
15 No início do último parágrafo do texto, os travessões foram
empregados para isolar informação adicional que se intercala no
discurso.
16 Preservando-se a correção gramatical e o sentido original do texto,
seu primeiro período poderia ser reescrito da seguinte forma: Depois de
ter ultrapassado as primeiras urgências da vinda de D. João à colônia,
chegou o momento de começar a trabalhar.
17 Seriam mantidas a correção gramatical e as informações veiculadas
no texto caso o ponto final empregado logo após “tempo” (l.7) fosse
substituído por dois-pontos, da seguinte forma: D. João não perdeu
tempo: no dia 10 de março (...).
18 Sem prejuízo para a correção gramatical e o sentido do texto, o
trecho “Foram ambas conquistas efêmeras” (l.30) poderia ser assim
reescrito: Ambas conquistas foram fortuitas.
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Mem. 123/2016-DCF
Em 22 de março de 2016.
Ao Sr. Diretor de Infraestrutura
Assunto: instalação de pontos de rede
1 Solicito a Vossa Senhoria verificar a viabilidade de instalar quatro
pontos de rede na sala desta Diretoria.
2 A instalação desses pontos é necessária para dar prosseguimento às
atividades desenvolvidas neste setor.
3 Certo de contar com as providências e com a atenção especial de
Vossa Senhoria, antecipo meus agradecimentos e renovo protesto de
elevada consideração.
Atenciosamente,
[nome do signatário]
[cargo do signatário]
Tendo como referência o documento hipotético apresentado, julgue
os próximos itens com base no disposto no Manual de Redação da
Presidência da República (MRPR).
19 A identificação do destinatário, do assunto e do signatário está de
acordo com o padrão ofício estabelecido no MRPR.
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20 Para garantir a adequação da linguagem no que se refere a
aspectos como a impessoalidade, devem-se evitar as expressões
utilizadas no terceiro parágrafo do texto.
21 Conclui-se, devido ao emprego de Atenciosamente, que o
destinatário do documento ocupa cargo hierarquicamente superior ao
do signatário.
22 Para garantir a adequação do documento ao que dispõe o MRPR,
deveria ser suprimida a numeração dos parágrafos do texto.
Comentários:
Prova 2 – DPU (nível superior) – 2016
1 No Brasil, pode-se considerar marco da história da assistência
jurídica, ou justiça gratuita, a própria colonização do país, ainda no
século XVI. O surgimento de lides
4 provenientes das inúmeras formas de relação jurídica então
existentes — e o chamamento da jurisdição para resolver essas contendas
— já dava início a situações em que constantemente 7 as partes se viam
impossibilitadas de arcar com os possíveis custos judiciais das
demandas. A partir de então, a chamada assistência judiciária
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praticamente evoluiu junto com 10 o direito pátrio. Sua importância
atravessou os séculos, e ela passou a ser garantida nas cartas
constitucionais.
No século XX, o texto constitucional de 1934, no 13 capítulo II, “Dos
direitos e das garantias individuais”, em seu art. 113, fez menção a essa
proteção, ao prever que “A União e os estados concederão aos
necessitados assistência judiciária,
16 criando para esse efeito órgãos especiais e assegurando a isenção
de emolumentos, custas, taxas e selos”. Por sua vez, a Constituição de
1946 previu, no mesmo capítulo que a de 19 1934, em seu art. 141, § 35,
que “O poder público, na forma que a lei estabelecer, concederá
assistência judiciária aos necessitados”. A lei extravagante veio em 1950,
materializada 22 na Lei n.º 1.060, que especifica normas para a concessão
de assistência judiciária aos necessitados. No art. 4.º dessa lei, havia
menção ao “rendimento ou vencimento que percebe e os 25 encargos
próprios e os da família” e constava a exigência de atestado de pobreza,
expedido pela autoridade policial ou pelo prefeito municipal. Foi o art.
1.º, § 2.º, da Lei n.º 5.478/1968 28 que criou a simples afirmação (da
pobreza), ratificado pela Lei n.º 7.510/1986, que deu nova redação a
dispositivos da Lei n.º 1.060/1950.
31 Em 1988, a Carta Cidadã ampliou o escopo da assistência judiciária
ao empregar o termo assistência jurídica integral e gratuita, que é mais
abrangente e que abarca o termo 34 usado anteriormente, restrito apenas
à assistência de demanda judicial já proposta ou a ser interposta. O termo
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atual também engloba atos jurídicos extrajudiciais, aconselhamento
jurídico, 37 patrocínio da causa, além de ações coletivas e mediação.
Hoje, portanto, alguém que se vê incapaz de arcar com os custos que uma
lide judicial impõe, mas necessita da 40 imediata prestação jurisdicional,
pode, mediante simples afirmativa, postular as benesses dessa
prerrogativa, garantida pela Constituição Federal vigente.
Uma história para a gratuidade jurídica no Brasil. Internet:
<http://jus.com.br> (com adaptações).
No que se refere às ideias e informações do texto, julgue os itens a
seguir.
1 O autor do texto visa convencer o leitor acerca da necessidade de
que se tratem como iguais os desiguais, por meio da prestação
jurisdicional gratuita.
2 Sem prejuízo do sentido e da correção gramatical do texto, o
primeiro período poderia ser reescrito da seguinte forma: A própria
colonização do Brasil, ainda no século XVI, pode ser considerada marco
da história da assistência jurídica, ou justiça gratuita, no país.
3 Depreende-se do texto que, de acordo com a Constituição Federal
de 1988, é proibido à pessoa possuidora de bens requerer o direito à
assistência jurídica integral e gratuita.
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4 Conclui-se do texto que, ao prever a substituição do atestado de
pobreza pela simples afirmativa da pessoa de que ela não pode arcar com
os custos judiciais da demanda, a lei teria buscado uma forma de tornar
mais acessível ao necessitado o exercício de seu direito.
5 Infere-se do texto que a Lei n.º 1.060/1950 ainda está em vigência,
embora tenha passado por algumas alterações.
Ainda a respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto,
julgue os itens subsecutivos.
6 O vocábulo “patrocínio” (l.37) foi empregado no texto no sentido de
apoio, geralmente financeiro, concedido, como estratégia de marketing,
por uma organização a determinada atividade.
7 Seria mantida a correção gramatical do período caso a forma verbal
“dava” (l.6) fosse flexionada no plural, escrevendo-se davam.
8 Em “as partes se viam impossibilitadas de arcar com os possíveis
custos judiciais das demandas” (l. 7 e 8), a partícula “se” foi empregada
no sentido de umas às outras.
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9 O vocábulo “que”, em “incapaz de arcar com os custos que uma lide
judicial impõe” (l. 38 e 39), funciona como pronome relativo e retoma o
termo antecedente.
10 Na linha 10, o pronome “Sua” delimita o significado do
substantivo “importância”, funcionando, na oração em que ocorre, como
um termo acessório.
11 Sem prejuízo para a correção gramatical do período e para o
sentido original do texto, o vocábulo “existentes” (l.5) poderia ser
flexionado no singular, caso em que passaria a concordar com o
antecedente “relação jurídica”.
12 Os elementos “já” (l.6), “atual” (l.35) e “Hoje” (l.38) desempenham
a mesma função sintática nas orações em que ocorrem.
13 A supressão da vírgula empregada logo após “prerrogativa” (l.41)
manteria a coerência do texto, embora alterasse o seu sentido.
14 A substituição de “ratificado” (l.28) por confirmada manteria a
coerência do texto, embora seu sentido fosse alterado.
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1 No início da colonização portuguesa no Brasil, a defesa das pessoas
pobres perante os tribunais era considerada uma obra de caridade, com
fortes traços religiosos.
4 Anteriormente à primeira Constituição pátria, a de 1824, vigoraram
as Ordenações Afonsinas, as Manuelinas e as Filipinas. Destas, somente
as Ordenações Filipinas, 7 sancionadas em 1595 e que construíram a base
do direito português até o século XIX, com vigência de 1603 até o Código
Civil brasileiro de 1916, trazem, em seu texto, algo que 10 remete ao
entendimento de concessão de justiça gratuita, prevendo que, se o
agravante fosse tão pobre que jurasse não ter bens móveis, nem bens de
raiz, nem como pagar o agravo 13 e se rezasse, na audiência, uma vez, a
oração do Pai-Nosso pela alma do rei de Portugal, seria considerado
quitado o pagamento das custas de então.
16 Ainda com relação ao aspecto da gratuidade, em particular, o
colonizador português trouxe para o território brasileiro a praxe forense
de acordo com a qual os advogados 19 deveriam assistir, de maneira
gratuita e voluntária, pro bono, os pobres que a solicitassem. Essa
obrigação era admitida como um dever moral do ofício, diferenciando-
se do 22 voluntariado por ser exercida com caráter e competência
profissionais, embora fosse uma atividade não remunerada.
Essas duas formas de gratuidade no acesso à justiça 25 não se
confundem. A advocacia pro bono é definida como a prestação gratuita
de serviços jurídicos na promoção do acesso à justiça, ao passo que a
assistência jurídica pública gratuita, 28 atualmente prevista na
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Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LXXIV, e no artigo 134, é um
dever intransferível do Estado e, na maior parte das vezes, é realizada na
atuação 31 das Defensorias Públicas da União e dos estados e por meio
de convênios entre esses órgãos e a Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB).
34 Enfim, a importância dessas duas formas de assistência jurídica
gratuita reside no fato de que o maior beneficiário dessa prerrogativa é
a pessoa com insuficiência de 37 recursos que tenha de demandar em
juízo.
Internet: <www.ambito-juridico.com.br> e <www.probono.org.br>
(com adaptações).
Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto
apresentado, julgue os seguintes itens.
15 De acordo com o texto, o Estado confundia-se com a religião, o que
fica evidente no fato de que foram as Ordenações Filipinas que
compilaram, em textos legais, o benefício da justiça gratuita de cunho
religioso.
16 Conclui-se do conteúdo do segundo parágrafo que as ações de
jurar e de rezar em honra do rei funcionavam como um atestado de
pobreza, ou seja, como forma de demonstrar a situação de insuficiência
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de recursos a fim de se obter a concessão da assistência judiciária
gratuita.
17 Conclui-se do texto que a concessão da gratuidade no acesso à
justiça originou-se de um dever legal do Estado de auxiliar os pobres na
resolução de suas demandas.
18 As expressões “No início da colonização portuguesa no Brasil”
(l.1), “Anteriormente à primeira Constituição pátria” (l.4), “Ainda com
relação ao aspecto da gratuidade” (l.16) e “Enfim” (l.34) promovem o
encadeamento e a sequencialização dos argumentos desenvolvidos no
texto.
19 Presentes no texto, os vocábulos “caráter”, “intransferível” e
“órgãos” são acentuados em decorrência da regra gramatical que
classifica as palavras paroxítonas.
20 O vocábulo “sancionadas” (l.7) é, no texto, sinônimo de
promulgadas.
21 No trecho “Anteriormente à primeira Constituição pátria” (l.4), o
emprego do acento indicativo de crase é facultativo.
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22 Sem prejuízo do sentido e da correção gramatical do texto, o trecho
“se o agravante (...) custas de então” (l. 11 a 15) poderia ser reescrito da
seguinte forma: caso o agravante for muito pobre a ponto de não ter bens
móveis ou bens imóveis, e caso nem tenha como pagar as custas do
processo, se rezar um Pai-Nosso na audiência em honra do rei de
Portugal o pagamento das custas da época será considerado liquidado.
Gabarito
1 2 3 4 5 6
E C E C C E
7 8 9 10 11 12
E E C C E E
13 14 15 16 17 18
C C E C E C
19 20 21 22
C E E E
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63
A banca FCC
A Fundação Carlos Chagas é também uma das bancas mais populares
do Brasil. Conhecida por ser a examinadora que sempre está presente
nos concursos dos tribunais, é uma banca que exige muito do candidato.
Na realidade, não se trata de uma exigência relativa a um conhecimento
muito aprofundado, mas sim de uma exigência relativa à capacidade de
“fechar” uma prova, isto é, acertar todas as questões das matérias
arroladas.
Quanto aos conteúdos abordados, é de se ressaltar que a FCC é
conhecida como a banca do verbo. Há muitas questões sobre
transitividade, conjugação, complementação, vozes verbais,
correspondência de tempos e modos entre outros aspectos que o
conteúdo de verbos exige.
Além dos aspectos verbais, é muito recorrente a abordagem de
aspectos relacionados ao emprego dos pronomes (colocação,
referenciação, regência com os relativos etc.) e das conjunções
(principalmente para realizar a substituição de conjunções nas
sentenças).
Há algumas questões para o reconhecimento das funções sintáticas,
mais no sentido de comparação de funções. Como praxe de qualquer
banca, quanto à pontuação, o comum é cobrar a presença da vírgula,
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além da justificativa para o emprego dos travessões, das aspas e dos dois-
pontos.
A banca ESAF
Por alguma razão, existe um mito a respeito da banca ESAF. Muita
gente diz que se trata da banca com as questões mais difíceis, com as
provas mais complexas. Nada disso. Na verdade, as provas de língua
portuguesa dessa banca são mais cansativas do que complexas. Afirma-
se isso pela estrutura da prova: para uma prova de 25 questões, é comum
haver cerca de 20 textos. É certo que se trata de textos curtos e
relativamente mais compreensíveis. Por isso, a prova acaba se
transformando em uma maratona, que exige bastante estratégia: nem
sempre é necessário ler o texto para responder às questões.
A banca ESAF (Escola de Administração Fazendária) é conhecida por
ser a banca selecionada para os concursos da área fiscal, apesar de isso
não se tratar de uma regra. Aliás, ultimamente a banca tem se
demonstrado bastante “tímida”: com poucas provas e com uma tentativa
inusitada de impedir que as questões sejam reproduzidas (de qualquer
modo). A cada página, há uma recomendação para não copiar qualquer
questão. Por aquilo que nos é permitido ver, destacam-se as questões a
respeito texto: organização dos parágrafos de um texto (questão que
costuma dar trabalho); sentido das conjunções e sua permuta ao longo
do texto; ortografia; pontuação e um pouco de compreensão e
intepretação de textos.
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Vamos conhecer um pouco mais da banca ESAF por meio das
provas reproduzidas a seguir:
Em meio a catástrofes ambientais causadas pela ação do homem,
aumento de doenças físicas e mentais nos centros urbanos e intolerância
às diferenças sociais, religiosas e culturais, sobressai, das entranhas do
Brasil, um modelo saudável de harmonia entre homens e natureza: o
Parque Indígena do Xingu, criado há 55 anos.
Essa experiência nacional, que oferece lições de respeito e de
resiliência aos problemas enfrentados pelo dito mundo civilizado, é
prova de que a ideia dos índios como seres primitivos está superada. Eles
desenvolvem culturas riquíssimas e conhecimentos interessantíssimos
de tecnologia leve – de clima, solo, espécies, plantas.
(Adaptado de Planeta/abr.2016, p.19.)
Questão 01. As informações do texto acima permitem concluir que
a) a concepção do índio como ser primitivo é equivocada e obsoleta.
b) modelos saudáveis de harmonia entre o ser humano e a natureza
são incompatíveis com a urbanização.
c) a humanidade é a causadora da maioria das catástrofes ambientais.
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d) os centros urbanos se caracterizam pela disseminação incessante
de endemias e de doenças mentais.
e) as práticas sociais dos indígenas do Xingu fundamentam-se no
respeito à natureza e no conformismo diante de desastres naturais.
Enquanto os 26 mil km2 do Parque Indígena do Xingu permanecem
preservados, sucessivas degradações têm marcado seu entorno, que
sofreu com a derrubada de árvores por madeireiros, passando grande
parte dos campos desmatados a ser ocupados pela pecuária extensiva e
pelo garimpo.
Nos últimos 15 anos, cada vez mais plantações de soja e cidades em
crescimento cercam o parque. Em 1980, havia apenas três municípios na
região; hoje, são dez. Os índios chamam essa situação de “abraço de
morte”, porque chegam de fora os problemas ambientais enfrentados no
parque, como o assoreamento do leito dos rios, a contaminação das
águas, a invasão de porcos selvagens, as mudanças nos marcadores do
tempo.
(Adaptado de Planeta/abr.2016, p.19.)
Questão 02. Mantém o sentido e a correção do texto a substituição de
a) “Enquanto” (l.1) por “À medida que”.
b) “seu entorno” (l.3) por “seus arredores”.
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c) “a ser ocupados” (l.6) por “a ser ocupada”.
d) “havia” (l.10) por “existia”.
e) “chegam de fora” (l.12) por “vem de fora”.
A mata preservada do Parque Indígena do Xingu segue
previlegiando [1] os chamados “serviços sistêmicos”. A natureza
contribue [2] para o equilíbrio do clima e o bem-estar [3] das pessoas, seja
na forma de umidade do ar, que leva chuva pelo Brasil a fora [4], seja na
manutenção da biodiversidade, da polinização, da absorsão [5] de
carbono.
(Adaptado de Planeta/abr.2016, p.20.)
Questão 03. Assinale a opção cujo número corresponde ao segmento
corretamente grafado.
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5
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Questão 04. Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão
desordenados. Ordene-os de forma a comporem um texto coeso e
coerente. A seguir, assinale a opção correta.
( ) Com esse objetivo, uma equipe do ISA, composta de 50
integrantes, presta assessoria aos índios sobre questões burocráticas,
trabalhos de vigilância e geração de renda, defesa e segurança do
território, visando, entre outras coisas, a apoiá-los no desenvolvimento
de atividades sustentáveis.
( ) Meio século depois da criação do Parque Indígena do Xingu, os
índios provam diariamente sua autonomia. Várias aldeias e etnias se
organizaram em associações, que desenvolvem projetos e levantam
recursos para resolver questões internas e externas.
( ) O coordenador adjunto do Programa Xingu do Instituto
Socioambiental (ISA) informa que o eixo principal de atuação desse
Instituto é contribuir para a solução dessas questões e para a efetiva
apropriação do parque pelos índios, de modo a evitar que o assédio do
mundo externo os induza a práticas prejudiciais ao meio ambiente, como
venda de peixes, madeira e areia, em condições ambientais inadequadas.
( ) De 2007 até hoje, já foram vendidas 150 toneladas dessas sementes,
empregadas no reflorestamento ao longo dos rios da bacia do Xingu.
Além da atuação positiva em favor do meio ambiente, os índios agem de
modo cada vez mais eficaz na defesa e segurança do seu território.
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( ) Como resultado dessa assessoria e da atitude afirmativa dos
xinguanos, estes passaram a comercializar diferentes tipos de pimenta,
mel e sementes florestais, com resultados expressivos de geração de
renda. Isso é importante, já que, nesse processo, os índios incorporaram
bens de consumo ao seu dia a dia e querem dinheiro para comprar, entre
outras coisas, roupas, sabão em pó, panela, barco motorizado.
(Adaptado de Planeta/abr.2016, p.22-3.)
a) 3 – 1 – 2 – 5 – 4
b) 4 – 3 – 1 – 5 – 2
c) 5 – 4 – 2 – 3 – 1
d) 2 – 4 – 1 – 3 – 5
e) 3 – 5 – 4 – 2 – 1
Questão 05. Indique o conector que corretamente pode ocupar a
posição inicial do período abaixo, assinalada por [...].
[...] as principais investidas contra a identidade dos índios e a
integridade do Parque Indígena do Xingu surgem na forma de projetos
de hidrelétricas e de leis que preveem mineração nas reservas e
demarcação de terras indígenas, os xinguanos mantêm intensa
mobilização política para defender seus direitos e fazer a sociedade atual
reconhecer as contribuições que eles podem oferecer-lhe.
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70
a) Conquanto
b) Porquanto
c) Como
d) Embora
e) Por mais que
Questão 06. O texto abaixo foi transcrito com erros. Assinale o único
trecho gramaticalmente correto.
a) Nas aldeias indígenas, o aumento da violência vítima, sobretudo,
às mulheres. Quase todos relatos de agressividade vieram à tona nos
últimos anos. As penalidades para a agressão à mulher varia de acordo
com a região e, em geral, vai de carpir a terra à expulsão da aldeia.
b) Está assegurado às mulheres indígenas de aldeias urbanas a
mesma proteção das demais moradoras das cidades. No entanto,
persistem barreiras que lhes impedem de alcançar seus direitos. Elas, por
exemplo, desconhecem a Lei Maria da Penha.
c) Na tradição indígena, quando a mulher se casa, passa a morar com
a família do marido e assim, ao denunciar o agressor, pode perder a
moradia, e a família que lhe acolhe.
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71
d) Um estudo sobre tribos da África, Ásia e América Latina, realizado
pela ONU em 2013, revelou que a violência contra meninas e mulheres
indígenas é velada na maioria dos países.
e) De acordo com levantamento realizado pela ONU, o histórico de
dominação colonial, a exclusão política e a falta de serviços básicos é que
intensifica a violência. Tem sido verificado, no entanto, tendências de
empoderamento das mulheres indígenas de aldeias urbanas.
(Adaptado de Planeta/abr.2016, p.29.)
Questão 07. Assinale o trecho em que foram plenamente atendidas as
regras de emprego dos sinais de pontuação.
a) No Brasil, a função do índio romântico foi significativa e
extravasou do campo da literatura. Já inexistente nas regiões civilizadas,
o índio se tornou a imagem ideal, que permitia, a identificação do
brasileiro com o sonho de originalidade e de passado honroso; além de
contribuir para reforçar o sentimento de unidade nacional.
b) Como escreveu Roger Bastide, o índio romântico serviu de álibi
para se conceituar, de maneira confortadora, a mestiçagem, que lhe foi
atribuída estrategicamente. A mestiçagem com o negro, mais frequente,
era considerada humilhante em virtude da escravidão.
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  • 1. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 1
  • 2. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 2 por Pablo Jamilk DIREITOS AUTORAIS . Este guia está protegido por leis de direitos autorais. Todos os direitos sobre o guia são reservados. Você não tem permissão para vender este guia nem para copiar/reproduzir o conteúdo do guia em sites, blogs, jornais ou quaisquer outros veículos de distribuição e mídia. Qualquer tipo de violação dos direitos autorais estará sujeita a ações legais. Sobre o Autor Pablo Jamilk Eu me chamo Pablo Jamilk e a minha missão de vida é ajudar pessoas como você, concurseiros, vestibulandos ou amantes da boa gramática, a usar todo o potencial da língua portuguesa para atingir a alta performance, elevar seus resultados e cumprir a sua missão. Ao longo da minha jornada, já ajudei mais de 25 mil pessoas sensacionais a encontrarem "o lugar ao sol" em suas vidas. Eu vou ajudar você nesta caminhada a ter o conhecimento que merece, retomar a sua autoconfiança. Vamos levar a transformação para outras milhares de pessoas, concurseiros, vestibulandos ou amantes da boa gramática. Força, guerreiros!
  • 3. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 3 Sumário Parte 1: da preparação ......................................................... 5 1. Língua Portuguesa: de ponto fraco a arma de batalha............5 2. Como saber o meu nível de conhecimento em Língua Portuguesa?.....................................................................................7 3. Dificuldades no estudo: o que é mito e o que é verdade? ......9 4.Quanto tempo de estudo?.....................................................13 5. Nível médio X nível superior.................................................14 6. Diferentes bancas exigem diferentes conteúdos?.................15 7. Existe um método correto?...................................................16 8. Que fazer para aprender a teoria?........................................23 Memorizar para facilitar.................................................................. 23 Torne o conteúdo relevante............................................................ 25 Tenha curiosidade........................................................................... 26 Facilite a linguagem......................................................................... 27 9. Que fazer para acertar as questões?.....................................28 10. Meu desempenho está baixando........................................32 11. Minha dificuldade é com Gramática. ..................................36 12. Minha dificuldade é com Interpretação..............................38 13. Não sei qual é a minha dificuldade. ....................................39 14. Não sei o que a banca está pedindo....................................42
  • 4. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 4 Parte 2: das bancas examinadoras......................................43 A banca CESPE.......................................................................... 43 A banca FCC.............................................................................. 63 A banca ESAF............................................................................ 64 A banca CESGRANRIO............................................................... 92 A banca FUNRIO..................................................................... 133 A banca FGV........................................................................... 159 A banca CONSUPLAN.............................................................. 178 A banca IBFC........................................................................... 199 A banca VUNESP .................................................................... 200 Conclusões Finais...............................................................226
  • 5. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 5 Parte 1: da preparação 1. Língua Portuguesa: de ponto fraco a arma de batalha. Eu não conheço disciplina que seja maior alvo de reclamação do que Língua Portuguesa. O sofrimento é constante, a reclamação é constante, os erros são constantes e constante também e a frustração. Você, se for concurseiro de longa data, já deve ter se deparado com uma situação muito frequente: comprou uns dez cursos, viu diversos estilos de aula, sentiu-se preparado; mas – na hora de resolver as questões – ficou tão puto que quis jogar tudo para o alto e nunca mais estudar. Pois é, já vi essa cena inúmeras vezes; já falei com inúmeros alunos sobre isso: sempre o mesmo relato. Isso nos leva à ideia de que a matéria de Língua Portuguesa tem se tornado – ao longo dos anos – uma grande “pedra no sapato” dos concurseiros. Trata-se de um fato com explicação para sua origem. Na realidade, o cerne desses problemas está nos cursos de Letras em grande parte do nosso país – afirmo isso por causa da minha formação. Uma das frases mais comuns que se ouve nesses cursos é “Gramática é coisa do passado, ninguém mais tem que saber esse tipo de coisa”. Com isso, os professores que se formam lá – e que provavelmente lecionarão para você e para seus filhos – internalizam esse tipo de conhecimento. Tempo depois, caem na sala de aula e passam muito tempo tentando descobrir o que ensinar; muitos apenas se dedicam a preencher o diário de classe.
  • 6. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 6 O primeiro passo para você transformar sua dificuldade em sua maior arma é entender que alguém já conseguiu fazer isso. Veja bem: alguém já gabaritou uma prova de Língua Portuguesa, logo não há razão alguma no mundo que torne isso impossível para você. Pense sempre assim: se alguém já conseguiu fazer, eu também consigo! Parece até que estou escrevendo um daqueles livros de autoajuda, mas não é bem isso. Estou tentando mostrar que a perspectiva é fundamental para conhecer o trabalho que se desdobra à sua frente. Depois de seguir os passos do curso que ora está estudando, faça uma avaliação das provas que resolveu: resolva novamente, comente as questões, discuta com colegas a respeito dos assuntos. Será possível identificar qual foi o ponto inicial da sua evolução. Uma questão a mais já é uma vitória; um comando de questão cujo assunto você conseguiu compreender já é um sinal de evolução. É preciso insistir nesse trabalho até que você escolha resolver a prova de Língua Portuguesa por primeiro no seu concurso. Ela deve ser o seu instrumento para ganhar tempo na resolução, enquanto seus concorrentes estão arrancando os cabelos na hora da prova. Na realidade, os concorrentes têm apenas uma coisa mais do que você: eles têm mais é que se lascar!
  • 7. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 7 2. Como saber o meu nível de conhecimento em Língua Portuguesa? Poucas pessoas têm verdadeiramente noção de quanto sabem a respeito de determinado assunto. A maioria julga saber muito mais ou muito menos do que efetivamente sabe. Eu costumo dizer que toda consciência de aprendizado não é consciência de conhecimento, mas sim de ignorância. Aquilo que aprendemos serve para demonstrar qual era a dimensão da nossa falta de conhecimento. Por isso, é muito normal sentir-se meio burro quando se está estudando algo. Seria possível aplicar um teste de nivelamento para saber qual o seu real conhecimento a respeito de Língua Portuguesa. Não é o que eu farei agora. Na realidade, vamos apostar em uma estratégia um pouco mais fácil. Veja os itens que serão colocados posteriormente, responda aos itens de forma sincera e objetiva. Não faça pesquisa para responder. Diga o que sabe, de fato. I. Você sabe a diferença entre Morfologia e Sintaxe. II. Você sabe a diferença entre Sintaxe do Período Simples e do Período Composto. III. Você sabe o que é Morfossintaxe. IV. Você sabe o que é Morfossemântica.
  • 8. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 8 V. Você saberia conjugar um verbo no pretérito mais-que-perfeito do indicativo. VI. Você sabe a diferença entre uma voz passiva sintética e uma voz passiva analítica. VII. Você sabe o que é uma oração reduzida. VIII. Você sabe explicar o motivo de empregar uma vírgula nas sentenças. IX. Você sabe o que é um hipérbato. X. Você sabe o que é ordem direta da oração. Se você não marcou qualquer item, quer dizer que seu nível de conhecimento em Língua Portuguesa está muito abaixo do básico para entender de forma plena os conteúdos que são cobrados em prova. Há uma diferença muito grande entre saber aquilo a que se está respondendo ou simplesmente acertar uma questão intuitivamente. Não queremos uma Gramática intuitiva nesse curso. Se você marcou até três itens, você está em um grau de iniciação na matéria. É preciso trabalhar para esclarecer as diferenças teóricas e ampliar sua capacidade de processamento de conteúdos em Língua Portuguesa. Se você marcou até seis itens, você já iniciou seus estudos de forma mais consistente, mas ainda é preciso melhorar. Se você marcou todos os dez elementos, parabéns, você já tem o nível básico da matéria!
  • 9. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 9 3. Dificuldades no estudo: o que é mito e o que é verdade? Nesta subseção vamos conversar um pouco sobre os mitos e as verdades a respeito do estudo de Língua Portuguesa. Por que faremos isso? Porque nem tudo é difícil nessa matéria, assim como nem tudo é fácil. O primeiro passo é fazer uma distinção para se ter clareza a respeito do objeto de estudo. Digo isso, pois muita gente acha que o conteúdo é confuso e tudo é a “mesma coisa”. Em seus materiais e em suas anotações, tente manter uma parte em que você garanta a especificação do assunto a respeito do qual está estudando. Se a o assunto for pronome, garanta que tem consciência de que está estudando Morfologia; se estiver lendo a respeito de pontuação, lembre-se de que ela está estritamente ligada com os princípios sintáticos e, sem eles, você não será capaz de inserir uma vírgula em uma sentença. Vamos aos mitos relativos ao estudo de Língua Portuguesa: a) Saber as regras é só para quem teve boa educação formal na escola. Mentira. Os mais básicos princípios gramaticais podem ser estudados e compreendidos a qualquer idade. Não é necessário ser um gênio para aprender a concordância lógica ou gramatical, ou mesmo para aprender a acentuar uma palavra. Eu tive um aluno que sabia pouco – segundo
  • 10. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 10 ele, quase nada – a respeito de Língua Portuguesa. Um dos momentos mais felizes da minha carreira ocorreu quando ele soube identificar uma oração subordinada substantiva completiva nominal durante uma aula para uma turma que se preparava para o concurso do INSS. Então, por mais que você tenha tido uma formação inicial deficitária, é possível corrigir posteriormente. Vontade é a chave para isso. b) Existem técnicas para estudar Gramática mais rapidamente. Mentira. Isso é balela de quem quer vender curso para você. A pessoa pega o seu dinheiro e só conta histórias sobre como a vida pode ser bela. É preciso ter consciência de que a matéria de Língua Portuguesa é extremamente extensa, além de ser uma língua viva e em constante mutação. Isso quer dizer que para você ser um “mestre” da língua, leva muito tempo e exige muita dedicação. c) Ler bastante já é suficiente para saber Gramática. Mentira. A leitura pode ajudar a reconhecer formas familiares de escrita e de concordância, mas não garante que você saberá justificar os fenômenos gramaticais. Nesse sentido, nada supera a teoria, ainda mais e a sua banca costuma exigir esse tipo de análise. d) Em determinados lugares as pessoas falam mais corretamente, logo sabem mais Gramática. Mentira graúda. A oralidade sempre carrega sua essência, que é o afrouxamento das regras gramaticais, ou seja, conhecer a regra não
  • 11. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 11 depende de onde você vive ou com quem você fala; depende do tempo que você passa lendo as informações precisas. e) Todas as Gramáticas são válidas. Mentira. Há diversas gramáticas por aí que – na intenção de facilitar a vida do aluno – acabam carregando informações pela metade, inconsistências teóricas, até mesmo erros conceituais. Eu sou partidário do ponto de vista do Hegel a respeito de Filosofia, se for fácil, não é Filosofia. Segue o mesmo lance para a Gramática: se for “facilitada”, “descomplicada”, não ajudará muito. f) O professor deve ser legal para eu entender a matéria. Mentira. Existe uma grande diferença entre aquilo que você quer e aquilo de que você precisa: você pode querer um professor simpático, que conte piadas, que o faça dar risada. Vá por mim: se você passar a maior parte do tempo rindo com um professor, vai passar a maior parte do tempo chorando na prova! Você precisa de alguém que lhe forneça conceitos claros e explicações consistentes, na maior quantidade possível, para poder compreender o conteúdo em sua dimensão mais ampla. g) Sou melhor em exatas, logo tenho o direito de ser ruim em humanas. Mentira. Pare de besteira. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Afirmo isso porque Língua Portuguesa não é Literatura, que depende da subjetividade essencialmente. A Gramática é tão rigorosa
  • 12. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 12 estruturalmente quanto a Aritmética: possui instrumentais teóricos para analisar casos propostos. A diferença é que os números não possuem um significado, ao passo que as palavras possuem. Quanto mais cedo você entender que deve tratar as sentenças como estruturas, mais fácil será separar os conteúdos e julgar os itens das questões. Agora, algumas verdades sobre o nosso conteúdo: a) Gramática não é para todos. Verdade. Infelizmente, algumas pessoas não estão dispostas a pagar o preço que o conhecimento gramatical exige. Se você não se importa com detalhes; deixa passar algumas informações menores quando lê algum texto; não liga muito para como as sentenças estão redigidas, a Gramática não é para você. Se, mesmo assim, você ainda necessitar dela para ser aprovado em um concurso, ao menos deve fazer o suficiente para garantir o mínimo de acertos nas questões. b) Sintaxe é um conteúdo difícil. Sim e não. Sintaxe é um conteúdo que exige um pouco de abstração, a fim de compreender como as relações frasais ocorrem. Apesar disso, não confunda ser difícil com ser trabalhoso. A análise sintática é trabalhosa, mas não é difícil. Difícil é levitar, soltar uma rajada de energia pelas mãos, aprender física quântica sem estudar. Tenha consciência de que terá muito trabalho.
  • 13. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 13 c) Não aprenderei tudo em apenas um curso. Verdade. Às vezes, do desconhecimento completo até o acerto das questões, você tem que estuar a mesma coisa três ou quatro vezes. Isso acontece porque – a cada explicação revista – você capta novas informações. 4.Quanto tempo de estudo? Podemos dividir o tempo de estudo de Língua Portuguesa por semana, para ficar mais simples cumprir os horários. Minha sugestão sincera é que você estude – no mínimo – três vezes por semana os assuntos relativos à Gramatica. Costumo indicar a reserva de um tempo no domingo para realizar algumas leituras que poderão melhorar sua capacidade de interpretação. É interessante dividir o seu tempo de estudo da seguinte maneira:  Teoria (leitura das regras e análise das frases) – 30% do seu tempo de estudo para LP.  Prática (resolução dos exercícios) – 40% do seu tempo de estudo para LP.  Leitura (de diversas fontes bibliográficas) – 30% do seu tempo de estudo para LP.
  • 14. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 14 Isso fará você se acostumar com o fato de que o mais importante é saber como responder aos questionamentos das provas. Quanto mais questão analisada, mais conhecimento sobre a banca examinadora; consequentemente, melhor você estará no assunto. Se a sua dúvida é relativa ao tempo que leva para entender o assunto, o papo é outro. Vai depender de quanto de esforço você coloca no seu empreendimento de estudo. Na maior parte dos casos, leva uns três meses de dedicação plena para compreender as diferenças entre os conteúdos e para começar a memorizar todas as nomenclaturas. Em cerca de seis meses, você consegue começar a discutir o assunto com mais profundidade. Depois de um ano de estudo dedicado, é possível adquirir conhecimento suficiente para gabaritar uma prova de Língua Portuguesa. 5. Nível médio X nível superior. Existe muita diferença entre prova de nível médio e prova de nível superior para Língua Portuguesa? Em relação à profundidade teórica das questões, não há muita diferença. Na realidade, o conteúdo cobrado para conhecimentos básicos (dentre os quais, temos a Língua Portuguesa) abarca o que estudamos em Língua Portuguesa durante o Ensino Fundamental e o Ensino Médio (porque quase não há disciplinas de LP no Ensino Superior).
  • 15. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 15 Então, qual é a diferença entre essas provas? As bancas costumam apostar em dois pontos principais: as fontes das quais os textos são extraídos e as questões de interpretação. Em uma prova de nível médio, é mais comum notar textos retirados de blogs, de editoriais mais simples, de páginas que discutem assuntos mais próximos ao cotidiano das pessoas. Além disso, as questões de interpretação costumam ficar mais no nível de referenciação (descobrir que elemento é retomado por um pronome ou por uma expressão sinonímica) e da compreensão superficial das informações. Já, nas provas de nível superior, as bancas costumam apostar em textos mais próximos da Filosofia e do Direito; alguns são teses de doutorado ou trechos de obras literárias mais complexas (com um grande deslocamento temporal). Então, podemos concluir que a os assuntos não serão divergentes relativamente à distinção entre o nível teórico exigido pelas bancas. Nosso maior desafio será, com efeito, voltado para a capacidade de leitura e interpretação das bases textuais selecionadas pelas bancas examinadoras. 6. Diferentes bancas exigem diferentes conteúdos? Dente toda a mitologia presente no universo dos concursos públicos, uma das figuras mitológicas mais comuns é “a matéria para a banca X”. Bem, não é raro você discutir com um amigo concurseiro (talvez seja você o cara de quem estamos falando) por causa de professor X que ensina para a banca Y. Meu querido aluno, NÃO SEJA UMA MULA! Não existe o português para o Cespe, o português para a FCC, o
  • 16. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 16 português para a ESAF. Pior ainda: não há o português para carreira policial, ou para carreira fiscal, ou para tribunais. Há a matéria de Língua Portuguesa, e apenas ela. Verdadeiramente, existe uma tendência de diferenciação de conteúdos; mas isso é com relação à focalização. Explico: algumas bancas possuem questões de natureza mais objetiva, ou seja, você olha e julga a questão de acordo com a nomenclatura tradicional. Outras bancas possuem questões com mais detalhamento técnico (o caso do Cespe) e, por causa disso, as questões versam mais sobre uma descrição das regras do que sobre o nome de uma função em particular. Entende-se, com isso, que cada banca focaliza conteúdos que julga mais importantes, apesar disso o conteúdo é o mesmo, essencialmente. Há, aqui ou acolá, bancas cujos elaboradores cometem gafes terríveis com relação à teoria; mas isso não altera as regras gramaticais – apenas deixa nítido que houve erro por parte do elaborador. 7. Existe um método correto? Para quase nada na vida, há um método correto. Existem, de fato, caminhos conhecidos que serviram para algumas pessoas conseguirem atingir um objetivo. É disso que eu vou falar nessa subseção.
  • 17. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 17 Quando você se organiza para estudar o conteúdo de Língua Portuguesa, deve estar ciente de que há uma divisão lógica do conteúdo, assim disposta: 1. Fonético / Fonológico: estuda a produção, a emissão e a articulação dos sons da língua. Nessa parte, é comum haver questões sobre contagem de fonemas (sons) e letras nas palavras. 2. Morfológico: é a parte responsável pela análise da estrutura e da classificação das palavras dentro de uma sentença. Essa é a base de todo estudo para compreender a Língua, portanto, exige-se muita atenção. 3. Sintático: é a parte da Língua responsável pela análise das funções que cada termo desempenha dentro de uma sentença. É nessa parte que nome como “sujeito”, “objeto” e “predicativo” surgem. 4. Semântico: para o mundo do concurso público, essa é a parte que investiga o significado das palavras, ou seja, o seu sentido dicionarizado. 5. Pragmático: nesse nível, encontra-se a análise do sentido que as palavras ou expressões podem assumir em um contexto específico. As questões de interpretação estão aqui! Pode não parecer, mas esses assuntos são praticamente uma sequência. Isso mesmo, eu apenas não recomendo começar por Fonética e Fonologia – principalmente porque são os assuntos menos cobrados,
  • 18. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 18 em se tratando de concurso público. Eu creio – e passo isso para todos os meus alunos – que a sequência mais acertada em que você pode apostar é iniciar o trabalho com morfologia, para garantir um bom conhecimento das bases componentes do idioma, principalmente no que se refere à classificação das palavras. Acredite: sem morfologia, não há vida em Língua Portuguesa. Você deve conhecer muito bem as características das seguintes classes, para pensar em mudar de assunto:  Advérbios;  Conjunções;  Preposições;  Pronomes; e  Verbos. Você pode perguntar: “professor, o que eu tenho que saber de cada um desses itens? ” Vamos à resposta. Sobre advérbios, é preciso que você saiba identificá-los em um texto, além de reconhecer o seu sentido expresso. É preciso saber qual a diferença entre um advérbio e uma locução adverbial (principalmente saber como as locuções adverbiais são formadas) e suas correspondências de sentido. Reconhecer como um advérbio funciona também é critério importante (isso você estuda na definição dos advérbios, no início da conversa sobre o assunto).
  • 19. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 19 Sobre conjunções, é necessário conhecer sua classificação e o tipo de relação que costumam indicar (se de coordenação ou de subordinação). Organizá-las em uma tabela é de bom alvitre, caso queira memorizar com mais facilidade. As conjunções serão importantíssimas em questões de semântica, bem como em questões de análise sintática. Sobre preposições, é fundamental memorizar quais são as essenciais (que ficam agrupadas na sigla ACDEPST, comum nas minhas aulas). Como são elementos que podem introduzir locuções adjetivas, conjuntivas, adverbiais e prepositivas, faz-se necessário o entendimento de que elas podem adquirir diversos sentidos distintos, o que resvala em uma grande possibilidade de perguntas sobre mudança de sentido das sentenças e sobre regência (verbal ou nominal). Além disso, muitas questões relativas ao estudo do acento grave indicativo de crase partem das noções de regências, logo do uso das preposições. Sobre pronomes, há muito que estudar: desde seu papel em relação à frase (se adjetivo ou substantivo) até sua função sintática e suas possibilidades de retomada. Indiscutivelmente, o assunto mais cobrado no que tange ao emprego dos pronomes é o que entendemos como “referenciação”, ou seja, o fato de o pronome poder ser vir para realizar a retomada de algo que foi escrito anteriormente. Nesses casos, o mais importante é identificar o pronome (a ativação semântica) e seu referente (o termo por ele retomado), que pode ser outra palavra (um substantivo, ou mesmo outro pronome), uma sentença e, até mesmo, um parágrafo completo. Vale destacar que os pronomes oblíquos átonos (estudados
  • 20. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 20 dentro da categoria dos pronomes pessoais) e os pronomes relativos (estudados em sua categoria própria, mas com destaque para o pronome “que”) são largamente explorados nas provas de concursos públicos (nos quesitos: colocação, referenciação e função sintática). Sobre verbos, a conversa fica um pouco mais séria. Há grandes porções para o estudo dessa classe de palavra. Vou mencionar aqui quais são os itens mais explorados pelas provas de concurso: classificação verbal com relação à natureza verbal (transitivo, intransitivo, de ligação etc.); identificação do tipo de voz do verbo e suas transposições (ativa, passiva, reflexiva e recíproca); classificação do verbo em relação a sua conjugação (regular, irregular, anômalo, defectivo, abundante); relação entre tempos e modos verbais; significado dos tempos e modos verbais. Essa é a parte que vai exigir mais tempo e que há de requerer mais atenção de você. Vale lembrar que o verbo é o coração de toda análise sintática, por isso – caso queira boa evolução em sintaxe – terá que ter bom conhecimento sobre verbos. Depois de papirar muito na morfologia, chega o momento de caminhar para a sintaxe. Aí, muitos concurseiros entregam nas mãos de Deus e começam a rezar. Calma, eu sei que sintaxe não é um assunto dos mais fáceis, mas também não é a coisa mais complicada do mundo. Lembre-se: se alguém conseguiu, você também é capaz! Tudo deve ser bem lento e progressivo, quando falamos de sintaxe. Na divisão dos períodos, eu recomento fortemente que você focalize o estudo do período simples. Ele é o ponto fundamental do qual todas as
  • 21. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 21 diferenciações sintáticas poderão surgir. Quero dizer que os demais períodos (composto e misto, por exemplo) fluirão naturalmente, se você souber precisamente a definição e a aplicação de cada função sintática do período simples. Como eu sei que muita gente tem pressa e quer saber o que mais se deve estudar dentro de sintaxe, lá vai uma série do que mais se cobra em provas de concurso público: Dentro do Período Simples:  Sujeito e suas classificações;  Complementos verbais (objeto direto e objeto indireto);  Complemento nominal;  Adjunto adverbial; e  Aposto. Dentro do Período Composto:  Orações coordenadas (classificação de sentido);  Orações subordinadas substantivas (subjetivas e objetivas diretas);  Orações subordinadas adjetivas (diferença entre explicativa e restritiva);  Orações subordinadas adjetivas (pontuação e sentido).
  • 22. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 22 Algumas provas ainda exigem o reconhecimento de orações reduzidas, mas esse assunto é um pouco mais complexo e exige muita base de sintaxe do período composto para haver desenvoltura em seu entendimento. Depois de finalizar essa parte fundamental da matéria, eu sugiro que você focalize os assuntos “picados”, que costumam ser cobrados nas provas de Língua Portuguesa. Esses assuntos podem ser estudados pontualmente, contanto que você já tenha passado por morfologia e por sintaxe. Eu recomendo a seguinte ordem para estudar:  Acentuação gráfica – assunto muito simples, para aliviar a cabeça dos anteriores.  Colocação pronominal – assunto fácil também, mas exige que você tenha boa identificação dos elementos da morfologia.  Concordância verbal e nominal – assunto que exige boa noção de sintaxe, principalmente na identificação dos tipos de sujeito, para que seja possível tratar de distribuição dos sinais de pontuação na sentença.  Regência verbal e nominal – assunto que funciona como um pré- requisito para crase. Trata-se de uma parte da sintaxe (assim como concordância e colocação pronominal), mas exige mais atenção ao sentido e à necessidade de se empregar uma preposição em uma sentença.
  • 23. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 23  Crase – assunto fácil, porém não para todos. Como se trata de um grande tabu em Língua Portuguesa, sugiro dar atenção especial ao conteúdo de crase.  Pontuação – assunto mais trabalhoso dentre todos com que você irá se relacionar. Para pontuar uma sentença, é necessário ter um conhecimento bastante rico de sintaxe, para não cometer equívocos na separação dos termos de uma oração. 8. Que fazer para aprender a teoria? Como você deve imaginar, em Língua Portuguesa, há muita teoria! Sim, há muita teoria mesmo! Eu tenho aproximadamente 30 livros dedicados apenas à gramática na minha biblioteca, e ainda acho pouco! Evidentemente você não irá precisar de tudo isso para gabaritar uma prova. Precisará do conhecimento relativo aos fundamentos gramaticais que podem ser cobrados em uma questão de concurso. Isso nos leva a crer que haja uma quantidade limitada de elementos que o indivíduo deva saber para poder ter um bom desempenho nas provas. De fato, isso é verdade. O maior problema é como aprender essa teoria, que parece ser o capeta em forma de conteúdo. Memorizar para facilitar Sem rodeios, vamos direto ao assunto. O primeiro passo rumo à compreensão da teoria relativa ao nosso idioma é buscar conceitos-chave
  • 24. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 24 precisos, que possam fazer a diferença na hora de realizar uma análise sintática ou mesmo uma classificação de vocábulo. A minha sugestão é a seguinte: use dois cadernos. Um para anotar as dicas e o conteúdo comum que o professor passa em aula (se você estiver em um curso preparatório), outro para fazer o resumo do conteúdo. Desse modo, você vai seguir uma lógica simples, que consiste em revisar os resumos que você fez a cada quinze dias – numa espécie de ciclo de conteúdos. Faça isso até começar a memorizar os conceitos. Pode parecer estranho falar em memorização, mas não é tanto assim. Na verdade, só começamos a entender o conteúdo ao passo que vamos memorizando alguns conceitos que são fundamentais para o estudo. De nada adianta eu explicar o que é uma preposição se você não vir a lista das preposições essenciais e memorizar algumas delas. Feliz ou infelizmente, na vida alguma coisas são assim: você precisa criar coragem e encarar o fato de que memorizar é preciso. Muita gente me critica quando digo que o aluno precisa decorar algumas coisas. Falam pelos cotovelos, citam diversos autores para justificar que não é pode decorar, que é necessário entender. Basta apenas um pouco de honestidade intelectual para afirmar que – o primeiro passo para entender uma abstração teórica é memorizar seus conceitos fundantes. Outra sugestão para você se forçar a aprender a teoria é criar alguns cartazes com os assuntos mais difíceis de memorizar e espalhar por onde você mora, por onde você trabalha, enfim por todos os lugares, a fim de que você fique sempre em contato com esses assuntos. Tudo há
  • 25. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 25 de se tornar familiar com o tempo. Muita gente lida bem com fichas de conteúdo (pequenas folhas em que você anota os conceitos que julga mais importantes); caso seja o seu caso, invista nisso! Torne o conteúdo relevante Não adianta se matar de estudar no cursinho e gastar a vista nas apostilas se, quando você sair da sala ou fechar o material, o assunto ficar preso lá. É incrível como as pessoas se comunicam em Língua Portuguesa e parece que não se dão conta disso. Querem buscar mil exercícios distintos para entender o idioma, mas não se atentam para o fato de que o exercício está na própria fala e na própria escrita do cotidiano. As regras que você estuda devem sair do papel e caminhar para a sua fala, para a sua escrita, para a sua vida. Comece a pontuar o que você escreve no aplicativo de texto, ou mesmo nos e-mails mais informais que redige. Por que não observar o que está escrevendo nas redes sociais? Por que não pensar sobre aquela frase que o amigo falou e que soou meio estranha? Por que não pensar a respeito de como estão escritos os nomes das comidas no cardápio? Tudo isso é fonte inestimável para você poder praticar as regras da Língua Portuguesa diariamente. Quer dizer que eu vou ter que sair corrigindo todo mundo? Não. Ao menos, não em voz alta. Pode fazer isso mentalmente, que ninguém vai ligar e que você não vai perder amigos. Busque identificar os erros mais
  • 26. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 26 comuns e fique ligado para um fundamento bastante importante: quando você tem dúvidas sobre um assunto, é sinal de que está pensando sobre ele. Isso faz sua capacidade de aprendizado acelerar muito. Tenha curiosidade Jamais passe direto por uma palavra cujo significado você desconheça. Jamais deixe para amanhã a regra que você pode conhecer hoje. Seja um eterno curioso a respeito de como é a grafia correta daquela palavra exótica que você ouviu ou lembra de ter visto em algum lugar. Faça a experiência de conjugar um verbo por dia durante uns 15 ou 20 dias. Tente fazer uma análise sintática por dia (pode ser daquilo que você fala mesmo). Tenha a mente aberta e saiba que a língua é um fenômeno vivo e em mutação: novos sentidos podem surgir, novas relações. Não ache que tudo está confinando em apenas um bloco de papel. Descubra novas bancas examinadoras, novas formas de questionar, vários autores e professores diferentes. Certamente um deles ajudará você a entender de forma mais própria a matéria. Eu costumo dizer que o melhor professor é aquele que consegue fazer você gostar da matéria. Dali para frente, o próprio aluno se encarrega.
  • 27. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 27 Facilite a linguagem Eu costumo iniciar minhas aulas com uma linguagem bem simples e bem acessível. Acho até que alguns exemplos são meio bobos. Apesar disso, essa é a melhor estratégia para você começar a entender como a Língua Portuguesa se estrutura. Há uma máxima importante na língua: mudam as palavras, não mudam as estruturas. Veja um exemplo do que eu estou falando:  João é um bosta.  A intersubjetividade é uma característica humana. Qual das duas frases parece mais difícil de analisar? A menos que você queira dar uma de bonzão, deve ter dito que a segunda possui análise mais difícil. E se eu disser que as duas orações possuem os mesmos elementos sintáticos, e que – na realidade – a primeira possui um procedimento ainda mais complexo do que a segunda? Pois é, vamos aos fatos: A primeira sentença: João é um bosta – possui um sujeito (João), um verbo relacional / de ligação (é), e um predicativo do sujeito (um bosta). A segunda sentença: A intersubjetividade é uma característica humana – possui um sujeito (A intersubjetividade), um verbo relacional / de ligação (é), e um predicativo do sujeito (uma característica humana).
  • 28. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 28 Como a segunda sentença possui umas palavras mais cheias de letras, parece que é mais difícil analisar. Agora, note que o relacionamento entre todos os elementos da segunda sentença é bastante simples: um artigo, um substantivo, um verbo, outro artigo, outro substantivo e um adjetivo. Morfologicamente bem mais fácil de perceber suas classificações, quando comparada com a primeira sentença. Veja só: a primeira sentença apresenta uma expressão coloquial (um bosta), formada por um tipo peculiar de variação vocabular – a modificação do gênero do artigo para criar um sentido novo em um vocábulo. Essa transformação exige muito do analista, em termos de teoria. Acontece que algumas pessoas têm a mania de achar que não há palavrões em nosso idioma, daí esse tipo de sentença passa veladamente, ou seja, a Língua Portuguesa continua a representar algo que não é falado pelo indivíduo, e acaba resultando em perda de interesse. Nos exemplos anteriores, eu apenas mudei as palavras, mas as estruturas sintáticas permaneceram as mesmas. Se você tiver uma barreira com relação ao vocabulário, busque um material adequado à sua realidade (leia os exemplos que o autor / professor utiliza). Certamente isso irá mostrar um caminho pelo qual seguir. 9. Que fazer para acertar as questões?
  • 29. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 29 Notadamente, só acerta questão quem tem noção da teoria que deve ser empregada para tal. Há alguns direcionamentos que posso apontar, no entanto, para facilitar a vida nesse sentido. Há duas estratégias para estudar resolução de questões: uma delas é a corajosa, que consiste em pegar uma boa porção de exercícios, ou mesmo uma prova, e tentar acertar tudo que está lá. Outra estratégia é a analítica, que consiste em separar os exercícios a serem resolvidos, colocar o gabarito de cada questão e escrever o comentário (a justificativa do gabarito) ao lado de cada questão. Pela minha experiência, sei que a primeira estratégia – a corajosa – pode ser frustrante, caso você erre mais de 50% da bateria de testes que você selecionou. Esses erros podem ocorrer por falta de teoria ou por falta de compreensão do comando da questão. Se esse for o seu caso, adote a outra estratégia. A estratégia analítica permite unir a teoria à prática, entretanto toma muito mais tempo, por causa do comentário das questões. O fato de não saber a teoria subjacente a uma questão fará você pular o exercício ou ter de interromper o estudo para buscar fundamentação1. Isso leva a crer que – de determinada maneira – também pode ser frustrante a segunda 1 Eu não sugiro que os meus alunos se apoiem nos comentários provenientes de sites de resolução de exercícios. Duas são as razões para isso: a primeira é que – em diversos casos – os comentários são de outros alunos, os quais podem saber o mesmo ou bem menos do que você. A segunda é uma cópia da primeira, apenas com a diferença de quem comenta. Sim, é o que você está pensando (alguns “professores” escorregam nos comentários).
  • 30. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 30 estratégia. Cabe a você decidir com qual frustração é capaz de lidar melhor. Estudar por temas? Não sou totalmente contrário ao fato de resolver questões por divisão de assunto, mas tenho as minhas ressalvas. Acredito que selecionar uma bateria de questões de crase, concordância, pontuação, acentuação etc. sirva apenas para permitir o entendimento pontual desses conceitos. Explico: isso só serve para você encerrar uma aula em que estudou teoria – ou seja – só serve para acomodar a matéria na sua cabeça. Por que você diz isso, professor? Bem, é o seguinte: quando você lê o comando de uma questão e ele fala a respeito de concordância, você já sabe qual é o assunto. Aliás, já sabe o assunto dessa e das próximas 100 questões que você filtrou lá no seu site de resolução de questões. Quero dizer que isso dá uma falsa sensação de conhecimento da matéria. Você acerta mais, porque já sabe do que a questão está falando. Todos sabemos que não é assim que aparece em nossa prova. As questões surgem em uma mistura muito louca. Então, entenda que essa maneira de resolver exercícios é apenas a primeira etapa do seu trabalho. A segunda etapa deve ser a resolução de provas completas de Língua Portuguesa. Você precisa fazer um mapeamento detalhando do que a banca do seu concurso irá cobrar. Para tanto, resolva as provas aplicadas durante o último ano. Monte um
  • 31. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 31 caderno e parta para os comentários! Isso trará um rendimento muito maior na resolução de exercícios. Há quem goste de cursos de resolução de exercícios e de livros com a mesma focalização. Eu acredito que isso ajuda muito, contanto que você possa confiar no autor dos comentários. Nesse sentido, eu sugiro uma coleção chamada Revisaço – da editora Jus Podivm (eu mesmo tenho meus livros lá) –, em razão da competência e do rigor com que a editora trabalha. Além disso, sugiro os meus cursos de resolução de exercícios (que podem ser encontrado na minha página mesmo). Desculpem, eu não pude resistir ao “merchan”. Apenas uma vez? Pode parecer meio masoquista, mas eu recomendo que você resolva a mesma prova mais de uma vez, em intervalos distintos. Essa estratégia permite identificar se você tem memória para reconhecer os padrões de questão, além de servir para verificar se você erra as mesmas coisas (não sai do lugar na teoria). Adote o seguinte procedimento: separe 10 provas e resolva uma por dia. No décimo primeiro dia, resolva a primeira prova; no décimo segundo, a segunda e assim por diante. Repita o procedimento em bateria de 10 em 10 provas, sempre que achar que seu desempenho em resolução de exercícios estiver começando a baixar. Anote seus resultados, veja suas estatísticas, permita-se perceber a sua evolução!
  • 32. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 32 10. Meu desempenho está baixando. Não é nenhuma novidade baixar o desempenho em Língua Portuguesa depois de relativo tempo de estudo. Quando isso acontece, devemos ficar de olho em alguns fatores que podem ser a resposta para essa baixa. O primeiro deles é o fator confiança excessiva. Depois de algum tempo de estudo, você começa a acertar questões, começa a ler os textos com mais acuidade2, adquire mais segurança (já memorizou conjunções e algumas preposições, já sabe classificar alguns verbos). Daí, você diminui o ritmo, resolve menos questões, lê menos textos. Quando pega a próxima prova, o desespero vem moendo! Onde está todo aquele conhecimento que você tinha? Onde estão as questões que eu costumava acertar? Parece que eu esqueci tudo! E realmente esqueceu! Nosso cérebro descarta a informação que não for nova e que não julgar relevante. Quando você começou a estudar, certamente havia esperanças em seu coração, estava motivado e, indubitavelmente, memorizava os primeiros conteúdos que o professor passava. Isso ocorria porque uma parte do cérebro – as amídalas cerebelosas – era a responsável por auxiliar sua memorização, agregando toques emocionais aos primeiros conteúdos novos a que assistia. Ocorre 2 Capacidade de percepção e interpretação.
  • 33. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 33 que Língua Portuguesa não é uma coisa nova para a maior parte dos indivíduos que se prestam a estudá-la, talvez porque nativos do idioma. Bem, todo esse palavrório foi empregado para explicar que a perda de contato com um assunto conduz ao sequente esquecimento ou ao apagamento das informações estudadas. Isso explica a razão de você memorizar as letras de uma música tão rapidamente, mas não memorizar a letra da lei com a mesma facilidade. A saída, então, é fazer um mnemônico (estratégia de memorização) com aquela música que eu adoro! Ledo engano. Quando gostamos de alguma canção, o que nos faz memorizar é o sentimento da canção original, não da paródia. Essa é a razão porque eu acho bastante ridículo quando alguém começa a cantar um conteúdo. A iniciativa até pode ser boa, mas o resultado é o mesmo que nada! A sugestão é manter a regularidade de suas revisões. Além disso, não faria mal tentar ser o monitor de algum conteúdo (pode ser de Língua Portuguesa) no seu grupo de estudos. Desse modo, você se obriga a ficar em contato constante com a teoria, além de ser o recurso primeiro para tentar sanar as dúvidas dos colegas na resolução de questões. Ninguém conseguirá rever todos os conteúdos de 15 em 15 dias, então adote a seguinte estratégia:  Conteúdo novo: revisão em 15 dias;  Conteúdo não tão novo: revisão em 25 dias;  Conteúdo já dominado: revisão a cada 35 dias.
  • 34. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 34 Lembre-se de que o importante é permanecer em movimento com os estudos! Pode ser que o seu caso não seja o de confiança excessiva. Bem, o mais provável, desse modo, é que você esteja cometendo o erro por estagnação. Calma, eu não vou repetir o que disse anteriormente. Esse tipo de erro é cometido pelo indivíduo que insiste em não querer evoluir. Como assim? Explico. Eventualmente, o concurseiro ouve de seus “gurus” (muitos apenas idiotas que não sabem o que falam) que não é possível fazer prova de outra banca, não é possível estudar o que está fora do edital (já vimos como há muito conteúdo que está na prova, mas não tem seu “nome” no edital), que não é possível fazer prova de analista se você for prestar para técnico etc. O aluno fica estagnado, pois só sabe resolver um tipo de prova, com apenas um tipo de questão e apenas um nível de dificuldade. Quantas vezes houve mudança da banca examinadora e o candidato se sentiu um imbecil, porque estudava apenas para a banca anterior? Pois é, vou citar um exemplo bem simples: houve uma campanha muito longa para o concurso do INSS que foi realizado no ano de 2016. Todos os preparatórios, antes do edital, direcionavam os estudos para as provas da banca FCC, a organizadora anterior do certame. Durante muito tempo, os alunos resolveram provas anteriores, simulados, viram cursos específicos para a banca em questão. Isso tudo foi lindo até a saída do edital: banca CESPE. Você já pode imaginar a quantidade de choro e ranger de dentes que houve por causa disso. Muita gente teve que “reaprender” a resolver exercício, pois nunca
  • 35. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 35 havia feito prova com “certo e errado”. Esse é um exemplo de estagnação no estudo. O indivíduo fica “bitolado” a pouca variedade dentro de uma matéria e não consegue melhorar seu desempenho. Citei apenas duas bancas, mas os exemplos são diversos dessa situação. A minha sugestão, nesse caso, é que você busque resolver provas mais difíceis do que aquilo que enfrentará em seu concurso. Também é salutar conhecer como outras bancas examinadoras abordam o mesmo assunto. Isso pode fazer você compreender de maneira mais precisa como a lógica da matéria surge para os examinadores. No fundo, tudo é Português, e não há razão para segmentar tanto o estudo de um conteúdo que está disseminado em praticamente todas as provas, afina, tudo está escrito nessa língua (a não ser a prova de língua estrangeira). Além disso que eu citei, também pode ser que você tenha ficado um tempo trabalhando com provas mais fáceis e, quando passou para níveis mais complexos (o que pode ocorrer sem você perceber, basta que o examinador considere que a prova tenha de ser mais difícil), acho que a prova era de grego e não de português. De qualquer modo, se você estiver estudando, não se desespere: continue fazendo o seu trabalho, pois o resultado aparecerá.
  • 36. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 36 11. Minha dificuldade é com Gramática. A Gramática Normativa é um obstáculo para muitas pessoas. Aliás, chega a sê-lo para muitos professores, mesmo que trabalhem diariamente com esse conteúdo. Muita gente desconsidera a importância do conhecimento a respeito da estrutura de uma língua, bem como de seu funcionamento. A normativa é condenada em diversos cursos superiores no Brasil. Há docentes que acusam a gramática de “elitista”, como algo que não reflete a realidade dos falares no Brasil. Talvez, por causa desses docentes, os egressos dos cursos de Letras acabam por não saber muito a respeito desse assunto que é tão essencial para o entendimento dos mecanismos de funcionamento de uma Língua. Apesar do “momento desabafo”, é preciso entender que essa pode ser uma das razões por você não compreender muito bem a gramática: durante sua vida como aluno, ela nunca foi apresentada formalmente para você a ponto de ser possível refletir a respeito das estruturas lidas do faladas. Caso seu problema seja esse mencionado, há providências que você pode tomar a fim de sanar os problemas mais graves. Em primeiro lugar, é necessário descobrir quais são os pontos fracos gramaticais. Veja bem:
  • 37. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 37 não saber gramática é uma coisa; não saber aplica-la é outra bem diferente. É possível saber a definição de um verbo de cor, mas sem saber conjugar, classificar, identificar, reconhecer formas nominais, o conhecimento é praticamente desperdiçado. Geralmente, quem tem problema com a aplicação da gramática possui um conhecimento mais intuitivo do assunto: é uma pessoa que faz boa leitura, mas não se liga muito às nomenclaturas que são apresentadas ao longo do estudo de Língua Portuguesa. A melhor maneira de resolver esse problema é apostar em um bom livro de gramática, para fornecer a base teórica do conteúdo. Você irá recorrer a ele sempre que não souber explicar um fenômeno da língua. Vale adotar também um glossário (pequena lista com conceitos úteis) relacionado à Gramática. Assim, você não se perderá quando aquela tempestade de nomenclaturas começar a cair. Há mais uma técnica para melhorar seus conhecimentos gramaticais. Consiste em realizar testes de assimilação da regra. Entenda: nem sempre a questão do concurso vai ajudar você. Eventualmente, será necessário fazer análises de sentenças incorretas e tentar passá-las para uma forma correta, naquilo que pareceria mais com os exercícios que fazíamos na escola. É precisamente isso. Quanto mais você fizer exercícios de assimilação da matéria, mais será possível internalizar aquilo que você estudou, gramaticalmente falando. 3 3 É fato que não há muitos materiais, com esse tipo de exercício, disponíveis no mercado. Uma recomendação que faço é a Gramática Gradativa, de Ary Coelho Abílio.
  • 38. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 38 12. Minha dificuldade é com Interpretação. A dificuldade com Interpretação de Textos sempre é algo reportado pelos alunos. Diagnóstico simples: falta de leitura de textos com um grau de complexidade maior. Você pensou que essa barreira fosse causada por pouca leitura, certo? Daí resolveu aumentar a quantidade de leitura, mas – ainda assim – continuou “levando fumo” nas questões de interpretação. Normal. O problema não é a quantidade, pois hoje lemos muito mais do que em momentos pretéritos da história da humanidade. O problema é a qualidade da leitura. Pense em quais são as suas bases principais de leitura: Facebook, Instagram, blogs, comentários em vídeos do YouTube, legenda de séries, e por aí vai. Quando foi a última vez em que você leu um poema? Quando foi a última vez em que leu um texto sobre economia? Sobre astrofísica? Sobre neurologia? Sobre cognição? Então, como você espera ter capacidade ampla de interpretação, se está mais acostumado a ler coisas divertidas, até fúteis, em vez de ler algo que vá – de fato – desafiar o seu cérebro. Fazer o mesmo exercício, com o mesmo peso, durante 30 anos não fará seus músculos crescerem, infelizmente. Em todas as aulas que ministro a respeito de interpretação, menciono que é necessário estabelecer um regime rígido de leitura: separar ao
  • 39. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 39 menos um dia por semana para ler aquilo com que não se está habituado. Quanto mais tipologias, mais próxima a interpretação ficará de você. Evidentemente, com o tempo e com a prática, será possível identificar quais são os aspectos mais cobrados pelas bancas examinadoras. Nesse sentido, apenas a resolução de questões pode ajudar. Se não for possível progredir com a resolução simples das questões, busque livros de questões comentadas sobre interpretação de textos (eu mesmo escrevi um pela editora Jus Podivm). Neles, o autor consegue apresentar a perspectiva do elaborador da prova no que tange ao processamento de informações, ou seja, a interpretação de textos. 13. Não sei qual é a minha dificuldade. Também é algo muito comum não saber qual é a dificuldade em Língua Portuguesa. Você simplesmente sabe que não sabe nada! Apesar de ser uma conclusão quase filosófica, há algumas explicações para isso. Provavelmente, você ainda não tem todos os conceitos com que trabalhamos em Língua Portuguesa bem claros em sua mente. Talvez você ainda confunda o que é análise morfológica com o que é análise sintática. Talvez ainda não saiba bem o que é uma classe de palavras ou tenha conceitos muito rasos sobre a matéria.
  • 40. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 40 Em minha opinião, o maior problema de quem está errando questões ou não está entendendo a matéria e não sabe o motivo é o fato de que muitos “professores” de Língua Portuguesa estão preocupados simplesmente com passar dicas e macetes. Isso é terrível. Um macete pode servir para facilitar a resolução de alguns exercícios, mas certamente não o faz compreender como a língua se articula. Existem níveis diferentes de provas e os macetes mais simplistas não darão conta jamais de uma prova de nível intermediário para difícil. Para você ter uma ideia do que eu estou falando, vou recorrer a um exemplo bem simples. Muitas vezes já me peguei em situações desconfortáveis enquanto lecionava, em razão de os alunos terem uma lacuna conceitual por causa de outro docente que havia passado uma informação superficial. O caso a que me reporto é o seguinte: falava para uma turma sobre análise sintática, quando solicitei uma investigação a respeito de um verbo que era relacional (verbo de ligação, para os mais íntimos). No meio da minha elocução, resolvi perguntar:  Pessoal, como vocês identificam um verbo de ligação?  Pelo significado – respondeu um aluno.  Muito bem! E qual o significado de um verbo de ligação?  O verbo de ligação indica uma qualidade! Você pode imaginar que, nesse momento, eu quase tive uma parada cardíaca! Mesmo assim, continuei a reflexão. Vale a pena acompanhar:
  • 41. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 41 - Ah, é? Então, vamos analisar uma sentença. Pense na frase “O professor chegou atrasado”. A palavra “atrasado” está indicando uma característica do professor, certo? - Certo! – a galera veio com força na resposta. - Então, que tipo de verbo é esse? Alguém gritou lá do fundo: - Verbo de ligação! Como você deve saber, o verbo “chegar” é um verbo intransitivo, tratado por alguns gramáticos como “transitivo relativo” ou “transitivo circunstancial”. O fato é que não se trata de um verbo de ligação. Em uma conversa com a turma, disseram-me que haviam aprendido assim e que, para eles, não havia outro conceito de verbo de ligação. Esse é o tipo de problema que pode fazer uma pessoa que estuda, há muito tempo, a matéria errar as questões mais elementares. Daí, é bem compreensível que a pessoa ache que não está progredindo, que não sai do lugar. Pela experiência que adquiri ao longo desses anos lecionando pelo Brasil, pude entender que – se você tem algum problema com Língua Portuguesa – a origem das dificuldades está certamente nos conceitos morfológicos que você adquiriu ao longo de sua jornada.
  • 42. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 42 Antes de encerrar essa passagem, também é importante ressaltar que somos responsáveis pelo que falamos, não pelo que as pessoas entendem. Talvez o cidadão tenha explicado corretamente e de maneira conceitual o tal verbo de ligação, mas o aluno só tenha “ouvido” a parte do macete. Caso você não saiba qual é sua dificuldade, adote o procedimento de resolução de questões e posterior avaliação relativa o tipo de questão que você errou. Isso quer dizer: se você errou mais questões de interpretação, concentre-se nessa parte (e siga os conselhos já mencionados); se errou mais questões de gramática, vá trabalhar com a estrutura da língua. 14. Não sei o que a banca está pedindo. Não existe sensação pior para – em uma avaliação – do que não fazer ideia do que a questão está abordando. Em Língua Portuguesa, isso é muito comum, porque a separação dos conteúdos pode desaparecer em uma questão de correção gramatical, por exemplo. Há dois focos principais de questionamento para uma banca examinadora: um deles é o aspecto interpretativo, em que o examinador pode exigir inferências, análise de compreensão do texto, estratégias coesivas, coerência etc. Outro aspecto é o gramatical, em que o examinador pode correção da sentença, observação de acentuação, ortografia, concordância etc.
  • 43. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 43 Conhecer a banca examinadora, seu perfil, seu tipo de cobrança costuma ser o caminho para resolver esse problema. Caso queria mergulhar um pouco nesse mar de bancas, convido a continuar a leitura desse livro. Parte 2: das bancas examinadoras A banca CESPE Como muitos devem saber, o nome CESPE/UnB significa Centro de Seleção e Promoção de Eventos da Universidade de Brasília. Ocorre que esse nome sofreu uma modificação recentemente. Então, apenas para deixar o livro mais consistente nas informações, recortei o que a própria banca fala sobre si e resolvi colar aqui para você entender a nomenclatura. O Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), denominado Cespe, foi qualificado como Organização Social (OS) em 19 de agosto de 2013, com a assinatura do Decreto n.º 8.078 pela Presidenta Dilma Rousseff. Em 17 de março de 2014, a Instituição começou a funcionar como uma nova OS no País, após a assinatura do Contrato de Gestão firmado em conjunto com as instituições intervenientes: o Ministério da Educação, a Fundação Universidade de Brasília (FUB) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
  • 44. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 44 Que isso muda na sua vida? Nada. Mas eu fiz isso para ninguém dizer que o autor não saiu por aí fazendo pesquisa antes de publicar o livro. O CESPE (e não a CESPE – como muita gente fala) é uma das bancas mais respeitadas no país em virtude de promover certames para concursos com grande número de candidatos inscritos, ou seja, está acostumada a promover eventos nacionais. Sua reputação nem sempre foi das melhores com relação à segurança das avaliações, pois – em meados de 2010 – houve uma operação da Polícia Federal (Operação Tormenta), em que a banca examinadora havia figurado como uma das bancas examinadoras cujas provas teriam sido alvo de fraude. Bem, isso é mais “Revista Caras” do mundo dos concursos do que conteúdo de fato, mas serve para traçar um perfil dessa banca examinadora. É muito comum ver o CESPE como banca em provas da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal4, Ministério Público da União, algumas agências reguladoras etc. Bem, já deu para saber que a banca e bem provável para diversos concurseiros, certo? Vamos falar sobre aquilo que podemos encontrar em suas provas de Língua Portuguesa. 4 Salvo quando a FUNRIO fez o certame, mas ninguém quer lembrar isso.
  • 45. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 45 Quais são os conteúdos mais cobrados? À exceção da prova do Instituto Rio Branco (que está em outra realidade planetária), as provas do CESPE costumam seguir um padrão: distribuição entre questões de interpretação e de gramática. Nas provas com até 25 questões, é comum encontrar de dois a três textos não muito longos, cujo padrão de complexidade aumenta quando se passa do nível médio para o nível superior – o que é esperado de qualquer banca examinadora. Muita gente prefere o estilo tradicional da banca, que é o de julgamento dos itens como “certo” e “errado”, apesar de achar ruim o princípio de que uma questão errada anula uma correta. Há uma tendência de mudança desse padrão para o padrão de múltipla-escolha (a, b, c, d, e) do ano de 2016 adiante. Nas questões relativas ao texto, é muito comum haver a distinção entre questões de inferência e questões de compreensão, na proporção de uma para duas, ou seja, uma de inferência para duas de compreensão textual. Há muitas recorrências aos referentes pronominais, quer dizer, a banca gosta de perguntar qual é o referente do pronome empregado na sentença. Nas questões relativas à estrutura das sentenças, abundam os questionamentos sobre reescrita de frases. Nesse caso, qualquer item de correção gramatical pode ser cobrado, e o candidato deve ficar atento ao modo como a sentença está redigida. Sem contar essas questões sobre reescrita de sentenças (nas quais também pode figurar o sentido das expressões), os principais conteúdos são: concordância (com predomínio
  • 46. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 46 da verbal, nas regras mais comuns), crase (com ênfase na justificativa dos acentos), pontuação (principalmente para termos destacados e orações adjetivas) e regência (com ênfase na regência verbal). O CESPE possui uma tradição muito consolidada na abordagem do assunto de Redação Oficial nas provas de Língua Portuguesa. Para garantir que você não terá quaisquer problemas com o assunto em questão, indico o meu livro “Revisaço de Redação Oficial e Discursiva” – publicado pela editora Jus Podivm. Ele dá conta da matéria de maneira efetiva e simples. A seguir, você terá duas provas de Língua Portuguesa da banca CESPE (uma de nível médio e outra de nível superior) reproduzidas na íntegra5 para praticar e perceber como o examinador costuma propor suas questões. Prova 1 – DPU (nível médio) – 2016 Texto 1 A democracia participativa pressupõe várias formas de atuação do cidadão na condução política e administrativa do Estado. No Brasil, destacam-se as audiências públicas 4 previstas constitucionalmente e em diversas normas infraconstitucionais. 5 Mantive, inclusive, a numeração de linhas para que fosse mais fácil a identificação das questões.
  • 47. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 47 As audiências públicas constituem um importante 7 instrumento de abertura participativa que proporciona legitimidade e transparência às decisões tomadas pelas diferentes esferas de poder. 10 Tal instituto possui raízes no direito anglo-saxão e fundamenta-se no princípio da justiça natural. Esse princípio atualmente se traduz no dever de escutar-se o público antes 13 da edição de normas administrativas ou legislativas de caráter geral, ou de decisões de grande impacto para a comunidade. As audiências públicas integram o perfil dos Estados 16 democráticos de direito, modelados pelo constitucionalismo europeu do pós-guerra, segundo o qual o poder político não apenas emana do povo, sendo em nome dele exercido, 19 mas comporta a participação direta do povo. É por meio dessas audiências que o responsável pela decisão tem acesso às diversas opiniões sobre a matéria 22 debatida e abre a oportunidade para as pessoas que irão sofrer os reflexos da deliberação se manifestarem antes de seu desfecho. Janaína de Carvalho Pena Souza. A realização de audiências públicas como fator de legitimação da jurisdição constitucional. In: De Jure – Revista Jurídica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, v.10, n.º 17, jul.-dez./2011, p. 392 (com adaptações).
  • 48. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 48 No que se refere à tipologia e aos sentidos do texto, julgue os itens que se seguem. 1 O texto, predominantemente argumentativo, objetiva convencer o leitor de que decisões administrativas tomadas sem o recurso das audiências públicas carecem de legitimidade e transparência. 2 Dados os assuntos tratados nos três primeiros parágrafos do texto, as seguintes frases são adequadas, na sequência em que aparecem, para figurar como subtítulos desses parágrafos: I. conceito jurídico de audiências públicas; II. importância das audiências públicas; III. como deve ser feita a convocação do público a ser ouvido. 3 No texto, a ideia expressa em “o poder político (...) a participação direta do povo” (l. 17 a 19) reforça a ideia expressa em “dever de escutar- se o público” (l.12). 4 As expressões “Tal instituto” (l.10) e “Esse princípio” (l.11) retomam, pelo sentido, a expressão “As audiências públicas” (l.6). 5 A oração “que irão sofrer os reflexos da deliberação” (l. 22 e 23) é indispensável ao sentido do período, pois delimita a referência de “pessoas” (l.22).
  • 49. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 49 Em relação aos elementos linguísticos do texto, julgue os itens a seguir. 6 Seria mantida a correção gramatical do texto, caso seu segundo parágrafo fosse reescrito do seguinte modo: Constituindo importante instrumento de abertura participativa, as audiências públicas tornam legítimas e transparentes as decisões tomadas pelas diferentes esferas de poder. 7 A forma verbal “manifestarem” (l.23) está flexionada no plural para concordar com “as pessoas” (l.22). 8 O pronome ele, em “dele” (l.18), refere-se a “o poder político” (l.17). 9 No trecho “segundo o qual o poder político não apenas emana do povo (...) mas comporta a participação direta do povo” (l. 17 a 19), a locução “não apenas (...) mas” introduz no período ideia de adição. 10 Sem prejuízo do sentido original e da correção gramatical do texto, seu primeiro parágrafo poderia ser reescrito da seguinte forma: Na democracia participativa, existe várias formas de atuação do cidadão na condução política e administrativa do Estado, destacando, no Brasil, as audiências públicas na Constituição e nas demais leis.
  • 50. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 50 Texto 1 Passados os atropelos da chegada de D. João ao Brasil, era hora de colocar mãos à obra. Os planos eram grandiosos e havia tudo por fazer. A colônia precisava 4 de estradas, escolas, tribunais, fábricas, bancos, moeda, comércio, imprensa, biblioteca, hospitais, comunicações eficientes. Em especial, necessitava de um governo que 7 se responsabilizasse por tudo isso. D. João não perdeu tempo. No dia 10 de março de 1808, quarenta e oito horas depois de desembarcar no Rio de Janeiro, organizou seu novo 10 gabinete. Caberia a esse gabinete criar um país a partir do nada. Havia duas frentes de ação. A primeira, interna, incluiu as13 inúmeras decisões administrativas que D. João tomou, logo ao chegar, para melhorar a comunicação entre as províncias, estimular o povoamento e o aproveitamento das riquezas 16 da colônia. A outra frente era externa. Visava ampliar as fronteiras do Brasil, em uma tentativa de aumentar a influência portuguesa na América. Era também uma forma 19 de punir os adversários europeus de Portugal, ocupando seus territórios e ameaçando seus interesses americanos. Nesse caso, os avanços foram precários e sem consequências duradouras. 22 No final de 1808, uma tropa de quinhentos soldados brasileiros e portugueses, escoltada por uma pequena força naval, invadiu a Guiana Francesa e sitiou a capital, Caiena, 25 cujo governador se rendeu sem resistência no dia 12 de janeiro. Era uma retaliação à invasão de Portugal pelas tropas de Napoleão. Uma segunda ofensiva seria a anexação da
  • 51. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 51 chamada 28 Banda Oriental do Rio da Prata, atual território do Uruguai, em represália à aliança da Espanha com a França napoleônica. Foram ambas conquistas efêmeras. A Guiana se livrou das 31 tropas de D. João oito anos mais tarde. O Uruguai conseguiria sua independência em 1828. Com os planos de expansão territorial fracassados, 34 restou a D. João se concentrar na primeira — e mais ambiciosa — de suas tarefas: mudar o Brasil para reconstruir nos trópicos o sonhado império americano de Portugal. Laurentino Gomes. 1808. São Paulo: Ed. Planeta do Brasil, 2007 (com adaptações). Julgue os itens subsecutivos, referentes aos sentidos do texto. 11 No segundo parágrafo do texto, a respeito da “outra frente” (l.16), apresentam-se as seguintes informações, nesta ordem: plano externo, resultados obtidos e objetivos pretendidos. 12 No texto, a expressão “havia tudo por fazer” (l.3) tem sentido equivalente ao da expressão “criar um país a partir do nada” (l.11). 13 Sem prejuízo do sentido do texto, a palavra “retaliação” (l.26) poderia ser substituída por revide, desforra.
  • 52. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 52 14 O texto trata das primeiras medidas tomadas por D. João no Brasil para levar adiante um duplo plano: criar um governo local e aumentar os limites do território brasileiro em prejuízo dos adversários de Portugal na Europa. Com relação a aspectos linguísticos do texto, julgue os itens subsequentes. 15 No início do último parágrafo do texto, os travessões foram empregados para isolar informação adicional que se intercala no discurso. 16 Preservando-se a correção gramatical e o sentido original do texto, seu primeiro período poderia ser reescrito da seguinte forma: Depois de ter ultrapassado as primeiras urgências da vinda de D. João à colônia, chegou o momento de começar a trabalhar. 17 Seriam mantidas a correção gramatical e as informações veiculadas no texto caso o ponto final empregado logo após “tempo” (l.7) fosse substituído por dois-pontos, da seguinte forma: D. João não perdeu tempo: no dia 10 de março (...). 18 Sem prejuízo para a correção gramatical e o sentido do texto, o trecho “Foram ambas conquistas efêmeras” (l.30) poderia ser assim reescrito: Ambas conquistas foram fortuitas.
  • 53. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 53 Mem. 123/2016-DCF Em 22 de março de 2016. Ao Sr. Diretor de Infraestrutura Assunto: instalação de pontos de rede 1 Solicito a Vossa Senhoria verificar a viabilidade de instalar quatro pontos de rede na sala desta Diretoria. 2 A instalação desses pontos é necessária para dar prosseguimento às atividades desenvolvidas neste setor. 3 Certo de contar com as providências e com a atenção especial de Vossa Senhoria, antecipo meus agradecimentos e renovo protesto de elevada consideração. Atenciosamente, [nome do signatário] [cargo do signatário] Tendo como referência o documento hipotético apresentado, julgue os próximos itens com base no disposto no Manual de Redação da Presidência da República (MRPR). 19 A identificação do destinatário, do assunto e do signatário está de acordo com o padrão ofício estabelecido no MRPR.
  • 54. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 54 20 Para garantir a adequação da linguagem no que se refere a aspectos como a impessoalidade, devem-se evitar as expressões utilizadas no terceiro parágrafo do texto. 21 Conclui-se, devido ao emprego de Atenciosamente, que o destinatário do documento ocupa cargo hierarquicamente superior ao do signatário. 22 Para garantir a adequação do documento ao que dispõe o MRPR, deveria ser suprimida a numeração dos parágrafos do texto. Comentários: Prova 2 – DPU (nível superior) – 2016 1 No Brasil, pode-se considerar marco da história da assistência jurídica, ou justiça gratuita, a própria colonização do país, ainda no século XVI. O surgimento de lides 4 provenientes das inúmeras formas de relação jurídica então existentes — e o chamamento da jurisdição para resolver essas contendas — já dava início a situações em que constantemente 7 as partes se viam impossibilitadas de arcar com os possíveis custos judiciais das demandas. A partir de então, a chamada assistência judiciária
  • 55. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 55 praticamente evoluiu junto com 10 o direito pátrio. Sua importância atravessou os séculos, e ela passou a ser garantida nas cartas constitucionais. No século XX, o texto constitucional de 1934, no 13 capítulo II, “Dos direitos e das garantias individuais”, em seu art. 113, fez menção a essa proteção, ao prever que “A União e os estados concederão aos necessitados assistência judiciária, 16 criando para esse efeito órgãos especiais e assegurando a isenção de emolumentos, custas, taxas e selos”. Por sua vez, a Constituição de 1946 previu, no mesmo capítulo que a de 19 1934, em seu art. 141, § 35, que “O poder público, na forma que a lei estabelecer, concederá assistência judiciária aos necessitados”. A lei extravagante veio em 1950, materializada 22 na Lei n.º 1.060, que especifica normas para a concessão de assistência judiciária aos necessitados. No art. 4.º dessa lei, havia menção ao “rendimento ou vencimento que percebe e os 25 encargos próprios e os da família” e constava a exigência de atestado de pobreza, expedido pela autoridade policial ou pelo prefeito municipal. Foi o art. 1.º, § 2.º, da Lei n.º 5.478/1968 28 que criou a simples afirmação (da pobreza), ratificado pela Lei n.º 7.510/1986, que deu nova redação a dispositivos da Lei n.º 1.060/1950. 31 Em 1988, a Carta Cidadã ampliou o escopo da assistência judiciária ao empregar o termo assistência jurídica integral e gratuita, que é mais abrangente e que abarca o termo 34 usado anteriormente, restrito apenas à assistência de demanda judicial já proposta ou a ser interposta. O termo
  • 56. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 56 atual também engloba atos jurídicos extrajudiciais, aconselhamento jurídico, 37 patrocínio da causa, além de ações coletivas e mediação. Hoje, portanto, alguém que se vê incapaz de arcar com os custos que uma lide judicial impõe, mas necessita da 40 imediata prestação jurisdicional, pode, mediante simples afirmativa, postular as benesses dessa prerrogativa, garantida pela Constituição Federal vigente. Uma história para a gratuidade jurídica no Brasil. Internet: <http://jus.com.br> (com adaptações). No que se refere às ideias e informações do texto, julgue os itens a seguir. 1 O autor do texto visa convencer o leitor acerca da necessidade de que se tratem como iguais os desiguais, por meio da prestação jurisdicional gratuita. 2 Sem prejuízo do sentido e da correção gramatical do texto, o primeiro período poderia ser reescrito da seguinte forma: A própria colonização do Brasil, ainda no século XVI, pode ser considerada marco da história da assistência jurídica, ou justiça gratuita, no país. 3 Depreende-se do texto que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, é proibido à pessoa possuidora de bens requerer o direito à assistência jurídica integral e gratuita.
  • 57. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 57 4 Conclui-se do texto que, ao prever a substituição do atestado de pobreza pela simples afirmativa da pessoa de que ela não pode arcar com os custos judiciais da demanda, a lei teria buscado uma forma de tornar mais acessível ao necessitado o exercício de seu direito. 5 Infere-se do texto que a Lei n.º 1.060/1950 ainda está em vigência, embora tenha passado por algumas alterações. Ainda a respeito das ideias e dos aspectos linguísticos do texto, julgue os itens subsecutivos. 6 O vocábulo “patrocínio” (l.37) foi empregado no texto no sentido de apoio, geralmente financeiro, concedido, como estratégia de marketing, por uma organização a determinada atividade. 7 Seria mantida a correção gramatical do período caso a forma verbal “dava” (l.6) fosse flexionada no plural, escrevendo-se davam. 8 Em “as partes se viam impossibilitadas de arcar com os possíveis custos judiciais das demandas” (l. 7 e 8), a partícula “se” foi empregada no sentido de umas às outras.
  • 58. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 58 9 O vocábulo “que”, em “incapaz de arcar com os custos que uma lide judicial impõe” (l. 38 e 39), funciona como pronome relativo e retoma o termo antecedente. 10 Na linha 10, o pronome “Sua” delimita o significado do substantivo “importância”, funcionando, na oração em que ocorre, como um termo acessório. 11 Sem prejuízo para a correção gramatical do período e para o sentido original do texto, o vocábulo “existentes” (l.5) poderia ser flexionado no singular, caso em que passaria a concordar com o antecedente “relação jurídica”. 12 Os elementos “já” (l.6), “atual” (l.35) e “Hoje” (l.38) desempenham a mesma função sintática nas orações em que ocorrem. 13 A supressão da vírgula empregada logo após “prerrogativa” (l.41) manteria a coerência do texto, embora alterasse o seu sentido. 14 A substituição de “ratificado” (l.28) por confirmada manteria a coerência do texto, embora seu sentido fosse alterado.
  • 59. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 59 1 No início da colonização portuguesa no Brasil, a defesa das pessoas pobres perante os tribunais era considerada uma obra de caridade, com fortes traços religiosos. 4 Anteriormente à primeira Constituição pátria, a de 1824, vigoraram as Ordenações Afonsinas, as Manuelinas e as Filipinas. Destas, somente as Ordenações Filipinas, 7 sancionadas em 1595 e que construíram a base do direito português até o século XIX, com vigência de 1603 até o Código Civil brasileiro de 1916, trazem, em seu texto, algo que 10 remete ao entendimento de concessão de justiça gratuita, prevendo que, se o agravante fosse tão pobre que jurasse não ter bens móveis, nem bens de raiz, nem como pagar o agravo 13 e se rezasse, na audiência, uma vez, a oração do Pai-Nosso pela alma do rei de Portugal, seria considerado quitado o pagamento das custas de então. 16 Ainda com relação ao aspecto da gratuidade, em particular, o colonizador português trouxe para o território brasileiro a praxe forense de acordo com a qual os advogados 19 deveriam assistir, de maneira gratuita e voluntária, pro bono, os pobres que a solicitassem. Essa obrigação era admitida como um dever moral do ofício, diferenciando- se do 22 voluntariado por ser exercida com caráter e competência profissionais, embora fosse uma atividade não remunerada. Essas duas formas de gratuidade no acesso à justiça 25 não se confundem. A advocacia pro bono é definida como a prestação gratuita de serviços jurídicos na promoção do acesso à justiça, ao passo que a assistência jurídica pública gratuita, 28 atualmente prevista na
  • 60. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 60 Constituição Federal, no artigo 5.º, inciso LXXIV, e no artigo 134, é um dever intransferível do Estado e, na maior parte das vezes, é realizada na atuação 31 das Defensorias Públicas da União e dos estados e por meio de convênios entre esses órgãos e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). 34 Enfim, a importância dessas duas formas de assistência jurídica gratuita reside no fato de que o maior beneficiário dessa prerrogativa é a pessoa com insuficiência de 37 recursos que tenha de demandar em juízo. Internet: <www.ambito-juridico.com.br> e <www.probono.org.br> (com adaptações). Com referência às ideias e aos aspectos linguísticos do texto apresentado, julgue os seguintes itens. 15 De acordo com o texto, o Estado confundia-se com a religião, o que fica evidente no fato de que foram as Ordenações Filipinas que compilaram, em textos legais, o benefício da justiça gratuita de cunho religioso. 16 Conclui-se do conteúdo do segundo parágrafo que as ações de jurar e de rezar em honra do rei funcionavam como um atestado de pobreza, ou seja, como forma de demonstrar a situação de insuficiência
  • 61. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 61 de recursos a fim de se obter a concessão da assistência judiciária gratuita. 17 Conclui-se do texto que a concessão da gratuidade no acesso à justiça originou-se de um dever legal do Estado de auxiliar os pobres na resolução de suas demandas. 18 As expressões “No início da colonização portuguesa no Brasil” (l.1), “Anteriormente à primeira Constituição pátria” (l.4), “Ainda com relação ao aspecto da gratuidade” (l.16) e “Enfim” (l.34) promovem o encadeamento e a sequencialização dos argumentos desenvolvidos no texto. 19 Presentes no texto, os vocábulos “caráter”, “intransferível” e “órgãos” são acentuados em decorrência da regra gramatical que classifica as palavras paroxítonas. 20 O vocábulo “sancionadas” (l.7) é, no texto, sinônimo de promulgadas. 21 No trecho “Anteriormente à primeira Constituição pátria” (l.4), o emprego do acento indicativo de crase é facultativo.
  • 62. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 62 22 Sem prejuízo do sentido e da correção gramatical do texto, o trecho “se o agravante (...) custas de então” (l. 11 a 15) poderia ser reescrito da seguinte forma: caso o agravante for muito pobre a ponto de não ter bens móveis ou bens imóveis, e caso nem tenha como pagar as custas do processo, se rezar um Pai-Nosso na audiência em honra do rei de Portugal o pagamento das custas da época será considerado liquidado. Gabarito 1 2 3 4 5 6 E C E C C E 7 8 9 10 11 12 E E C C E E 13 14 15 16 17 18 C C E C E C 19 20 21 22 C E E E
  • 63. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 63 A banca FCC A Fundação Carlos Chagas é também uma das bancas mais populares do Brasil. Conhecida por ser a examinadora que sempre está presente nos concursos dos tribunais, é uma banca que exige muito do candidato. Na realidade, não se trata de uma exigência relativa a um conhecimento muito aprofundado, mas sim de uma exigência relativa à capacidade de “fechar” uma prova, isto é, acertar todas as questões das matérias arroladas. Quanto aos conteúdos abordados, é de se ressaltar que a FCC é conhecida como a banca do verbo. Há muitas questões sobre transitividade, conjugação, complementação, vozes verbais, correspondência de tempos e modos entre outros aspectos que o conteúdo de verbos exige. Além dos aspectos verbais, é muito recorrente a abordagem de aspectos relacionados ao emprego dos pronomes (colocação, referenciação, regência com os relativos etc.) e das conjunções (principalmente para realizar a substituição de conjunções nas sentenças). Há algumas questões para o reconhecimento das funções sintáticas, mais no sentido de comparação de funções. Como praxe de qualquer banca, quanto à pontuação, o comum é cobrar a presença da vírgula,
  • 64. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 64 além da justificativa para o emprego dos travessões, das aspas e dos dois- pontos. A banca ESAF Por alguma razão, existe um mito a respeito da banca ESAF. Muita gente diz que se trata da banca com as questões mais difíceis, com as provas mais complexas. Nada disso. Na verdade, as provas de língua portuguesa dessa banca são mais cansativas do que complexas. Afirma- se isso pela estrutura da prova: para uma prova de 25 questões, é comum haver cerca de 20 textos. É certo que se trata de textos curtos e relativamente mais compreensíveis. Por isso, a prova acaba se transformando em uma maratona, que exige bastante estratégia: nem sempre é necessário ler o texto para responder às questões. A banca ESAF (Escola de Administração Fazendária) é conhecida por ser a banca selecionada para os concursos da área fiscal, apesar de isso não se tratar de uma regra. Aliás, ultimamente a banca tem se demonstrado bastante “tímida”: com poucas provas e com uma tentativa inusitada de impedir que as questões sejam reproduzidas (de qualquer modo). A cada página, há uma recomendação para não copiar qualquer questão. Por aquilo que nos é permitido ver, destacam-se as questões a respeito texto: organização dos parágrafos de um texto (questão que costuma dar trabalho); sentido das conjunções e sua permuta ao longo do texto; ortografia; pontuação e um pouco de compreensão e intepretação de textos.
  • 65. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 65 Vamos conhecer um pouco mais da banca ESAF por meio das provas reproduzidas a seguir: Em meio a catástrofes ambientais causadas pela ação do homem, aumento de doenças físicas e mentais nos centros urbanos e intolerância às diferenças sociais, religiosas e culturais, sobressai, das entranhas do Brasil, um modelo saudável de harmonia entre homens e natureza: o Parque Indígena do Xingu, criado há 55 anos. Essa experiência nacional, que oferece lições de respeito e de resiliência aos problemas enfrentados pelo dito mundo civilizado, é prova de que a ideia dos índios como seres primitivos está superada. Eles desenvolvem culturas riquíssimas e conhecimentos interessantíssimos de tecnologia leve – de clima, solo, espécies, plantas. (Adaptado de Planeta/abr.2016, p.19.) Questão 01. As informações do texto acima permitem concluir que a) a concepção do índio como ser primitivo é equivocada e obsoleta. b) modelos saudáveis de harmonia entre o ser humano e a natureza são incompatíveis com a urbanização. c) a humanidade é a causadora da maioria das catástrofes ambientais.
  • 66. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 66 d) os centros urbanos se caracterizam pela disseminação incessante de endemias e de doenças mentais. e) as práticas sociais dos indígenas do Xingu fundamentam-se no respeito à natureza e no conformismo diante de desastres naturais. Enquanto os 26 mil km2 do Parque Indígena do Xingu permanecem preservados, sucessivas degradações têm marcado seu entorno, que sofreu com a derrubada de árvores por madeireiros, passando grande parte dos campos desmatados a ser ocupados pela pecuária extensiva e pelo garimpo. Nos últimos 15 anos, cada vez mais plantações de soja e cidades em crescimento cercam o parque. Em 1980, havia apenas três municípios na região; hoje, são dez. Os índios chamam essa situação de “abraço de morte”, porque chegam de fora os problemas ambientais enfrentados no parque, como o assoreamento do leito dos rios, a contaminação das águas, a invasão de porcos selvagens, as mudanças nos marcadores do tempo. (Adaptado de Planeta/abr.2016, p.19.) Questão 02. Mantém o sentido e a correção do texto a substituição de a) “Enquanto” (l.1) por “À medida que”. b) “seu entorno” (l.3) por “seus arredores”.
  • 67. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 67 c) “a ser ocupados” (l.6) por “a ser ocupada”. d) “havia” (l.10) por “existia”. e) “chegam de fora” (l.12) por “vem de fora”. A mata preservada do Parque Indígena do Xingu segue previlegiando [1] os chamados “serviços sistêmicos”. A natureza contribue [2] para o equilíbrio do clima e o bem-estar [3] das pessoas, seja na forma de umidade do ar, que leva chuva pelo Brasil a fora [4], seja na manutenção da biodiversidade, da polinização, da absorsão [5] de carbono. (Adaptado de Planeta/abr.2016, p.20.) Questão 03. Assinale a opção cujo número corresponde ao segmento corretamente grafado. a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5
  • 68. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 68 Questão 04. Os trechos abaixo constituem um texto, mas estão desordenados. Ordene-os de forma a comporem um texto coeso e coerente. A seguir, assinale a opção correta. ( ) Com esse objetivo, uma equipe do ISA, composta de 50 integrantes, presta assessoria aos índios sobre questões burocráticas, trabalhos de vigilância e geração de renda, defesa e segurança do território, visando, entre outras coisas, a apoiá-los no desenvolvimento de atividades sustentáveis. ( ) Meio século depois da criação do Parque Indígena do Xingu, os índios provam diariamente sua autonomia. Várias aldeias e etnias se organizaram em associações, que desenvolvem projetos e levantam recursos para resolver questões internas e externas. ( ) O coordenador adjunto do Programa Xingu do Instituto Socioambiental (ISA) informa que o eixo principal de atuação desse Instituto é contribuir para a solução dessas questões e para a efetiva apropriação do parque pelos índios, de modo a evitar que o assédio do mundo externo os induza a práticas prejudiciais ao meio ambiente, como venda de peixes, madeira e areia, em condições ambientais inadequadas. ( ) De 2007 até hoje, já foram vendidas 150 toneladas dessas sementes, empregadas no reflorestamento ao longo dos rios da bacia do Xingu. Além da atuação positiva em favor do meio ambiente, os índios agem de modo cada vez mais eficaz na defesa e segurança do seu território.
  • 69. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 69 ( ) Como resultado dessa assessoria e da atitude afirmativa dos xinguanos, estes passaram a comercializar diferentes tipos de pimenta, mel e sementes florestais, com resultados expressivos de geração de renda. Isso é importante, já que, nesse processo, os índios incorporaram bens de consumo ao seu dia a dia e querem dinheiro para comprar, entre outras coisas, roupas, sabão em pó, panela, barco motorizado. (Adaptado de Planeta/abr.2016, p.22-3.) a) 3 – 1 – 2 – 5 – 4 b) 4 – 3 – 1 – 5 – 2 c) 5 – 4 – 2 – 3 – 1 d) 2 – 4 – 1 – 3 – 5 e) 3 – 5 – 4 – 2 – 1 Questão 05. Indique o conector que corretamente pode ocupar a posição inicial do período abaixo, assinalada por [...]. [...] as principais investidas contra a identidade dos índios e a integridade do Parque Indígena do Xingu surgem na forma de projetos de hidrelétricas e de leis que preveem mineração nas reservas e demarcação de terras indígenas, os xinguanos mantêm intensa mobilização política para defender seus direitos e fazer a sociedade atual reconhecer as contribuições que eles podem oferecer-lhe.
  • 70. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 70 a) Conquanto b) Porquanto c) Como d) Embora e) Por mais que Questão 06. O texto abaixo foi transcrito com erros. Assinale o único trecho gramaticalmente correto. a) Nas aldeias indígenas, o aumento da violência vítima, sobretudo, às mulheres. Quase todos relatos de agressividade vieram à tona nos últimos anos. As penalidades para a agressão à mulher varia de acordo com a região e, em geral, vai de carpir a terra à expulsão da aldeia. b) Está assegurado às mulheres indígenas de aldeias urbanas a mesma proteção das demais moradoras das cidades. No entanto, persistem barreiras que lhes impedem de alcançar seus direitos. Elas, por exemplo, desconhecem a Lei Maria da Penha. c) Na tradição indígena, quando a mulher se casa, passa a morar com a família do marido e assim, ao denunciar o agressor, pode perder a moradia, e a família que lhe acolhe.
  • 71. Como Aprender Português – O guia definitivo Como Aprender Português – O guia definitivo ©2018 Todos os direitos reservados. 71 d) Um estudo sobre tribos da África, Ásia e América Latina, realizado pela ONU em 2013, revelou que a violência contra meninas e mulheres indígenas é velada na maioria dos países. e) De acordo com levantamento realizado pela ONU, o histórico de dominação colonial, a exclusão política e a falta de serviços básicos é que intensifica a violência. Tem sido verificado, no entanto, tendências de empoderamento das mulheres indígenas de aldeias urbanas. (Adaptado de Planeta/abr.2016, p.29.) Questão 07. Assinale o trecho em que foram plenamente atendidas as regras de emprego dos sinais de pontuação. a) No Brasil, a função do índio romântico foi significativa e extravasou do campo da literatura. Já inexistente nas regiões civilizadas, o índio se tornou a imagem ideal, que permitia, a identificação do brasileiro com o sonho de originalidade e de passado honroso; além de contribuir para reforçar o sentimento de unidade nacional. b) Como escreveu Roger Bastide, o índio romântico serviu de álibi para se conceituar, de maneira confortadora, a mestiçagem, que lhe foi atribuída estrategicamente. A mestiçagem com o negro, mais frequente, era considerada humilhante em virtude da escravidão.