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João de Deus, a Cartilha Maternal e o ensino da leitura
em Portugal
Este trabalho pretende situar-se como uma análise crítica da Cartilha Maternal, elaborada pelo
poeta português João de Deus em 1876. Esse compêndio de ensino da leitura teve significativa
repercussão no Brasil durante o decorrer da Primeira República. Por ser assim, julgou-se
relevante aprofundar a investigação sobre o tema, particularmente buscando responder à
seguinte questão: quais foram os elementos que contribuíram para o êxito da Cartilha
Maternal? Na verdade, existe já vasta bibliografia acerca do sucesso tanto editorial quanto
pedagógico da Cartilha de João de Deus. Pretendemos então estudar a metodologia da
alfabetização contida naquele compêndio, que se vale do modo analítico de ensinar a ler pelo
significado das palavras e não pelo som das letras. João de Deus pode ser considerado, acerca
do tema, um precursor de Decroly, já que o conteúdo de sua Cartilha Maternal aponta para o
método global.
PffiIC/CNPq
This work intend to stablish a critical analysis of the literacy children' s book (7 years old)
written by the portuguese poet João de Deus in 1876. That publication had a significant
repercussion in Brazil during the first republic stage. We considered important to deepen the
investigation about the subject and particularly try to find out the elements which contributed
to the success of the João de Deus literacy book. A vast bibliography describing the
pedagogical success of that publication is available in the literature. 80, the main goal of our
study was to analyse specifically the literacy method which could be c1assifiedas an analytical
reading method, because he emphases the meaning of the words instead of the sound. João de
Deus can be considered as a Decroly's precursor, because the contents of its literacy children's
book points for the global method.
PffiIC/CNPq
João de Deus, poeta português, nasceu no Algarve, na Vila São
Bartolomeu de Messines em 8 de março de 1830. Com dezenove anos
(1849) foi para Coimbra cursar direito, formando-se dez anos depois. Em
1862 João de Deus foi para Beja. Ali escrevia artigos para o jornal O
Bejense. Foi eleito pelo círculo algarvio de Silves em 1868, deputado às
cortes, indo para Lisboa, ficando lá até a sua morte. Ele era muito religioso
e grande conhecedor de latim.
João de Deus estreou na literatura em 1868 com compilação de
poesias intitulada Campo de Flores. Sua poesia divide-se em lírica amorosa
e em satírica - conforme os dois volumes de Campo de Flores (1893) - das
quais a primeira é a mais importante, sobretudo pelas canções, cançonetas,
odes, idílios e elegias.
No ano de 1876 publica Folhas caídas, e também nesse mesmo ano
a pedido da imprensa Rolland publicou pela primeira vez o seu método para
o ensino da leitura intitulado A Cartilha Maternal. Durante sua vida, foi
venerado como um mestre por alguns realistas, em especial, Antero de
Quental e Teófilo Braga. Este último foi responsável pela publicação de
Campo de Flores em 1893 e as Prosas em 1898.
João de Deus é considerado pelos portugueses como um grande
defensor da instrução pública popular, principalmente de adultos, pela
associação das Escolas móveis. No ano de 1877 inicia em Portugal uma
grande campanha em favor de seu método de alfabetização. Esse foi o
momento em que o poeta esteve mais entrosado nas questões de seu Tempo;
foi quando criou a sua obra educativa, A Cartilha Maternal, a qual foi
aprimorando com o tempo. Dedicou a partir daí sua vida na divulgação e
também na habilitação de professores que estivessem interessados na
adoção do método como ferramenta de trabalho.
A Cartilha Maternal foi criada em 1876, mas só foi publicada no
ano seguinte, em 1877, pelo Sr. Cândido J. A. Madureira - Abade
D'Arcozello e amigo pessoal de João de Deus.
a que propõe a Cartilha Maternal? Propõe um ensino fundado na
língua viva, apresentando somente um abecedário, que deve ser ensinado
por partes, de modo a formar palavras que se digam, que se ouçam, que se
entendam, que se expliquem, segundo o próprio autor, fazendo que, ao
invés de o principiante apurar a paciência numa repetição néscia, se
familiarize com as letras e os seus valores na leitura animada de palavras
inteligíveis. a método também não admite o uso dos silabários que, na
opinião do autor, são séries de combinações mecânicas que não penetram na
idéia, e que se constituem em exercícios longos de pura intuição visual,
levando à amputação moral contrária à natureza. Diz o poeta: seis meses,
um ano e mais vozes sem sentido, bastam para imprimir no espírito o
idiotismo. Porque razão observamos nós, a cada passo nos filhos da
indigência, meramente abandonados à escola da vida, uma irradiação
moral, uma viveza rara nos mártires do ensino primário? Às mães, que do
coração professam a religião da adorável inocência e até por instinto
sabem que em cérebros tão tenros e mimosos todo o cansaço e violência
pode deixar vestígios indeléveis, oferecemos, neste sistema produndamente
prático o meio de evitar a seus filhos o flagelo da cartilha tradicional.
(Deus 1876, p.VII - XIII).
Essas palavras exprimem o pensamento de João de Deus, no que diz
respeito ao "Método antigo", aquele usado nas escolas portuguesas até
então. Já esse novo método para o ensino da leitura proposto por ele, o que
viria para substituir o "velho", foi pensado de uma forma, como aponta o
próprio autor, para que toda criança aprenda a arte do ler e não do
gaguejar. Por isso esse sistema só admite palavras - diz João de Deus - e
não sílabas soltas, geralmente incertas e ilegíveis. O poeta, ao apresentar o
método, vale-se de um recurso inédito e original, que é a utilização de uma
diversidade de cor na apresentação da palavra a ser ensinada. Trata-se de
uma diferenciação de tonalidade (cinza e preto), para que o aprendiz
sutilmente perceba que a palavra é formada por partes.
No decorrer das lições, as letras são impressas de duas formas - ora
liso ora lavradas para que as sílabas sejam distinguidas, sem que as palavras
sejam desmembradas, como já dissemos anteriormente. A regra principal
dita por João de Deus, no início da cartilha é "Lêde-as e nunca soletreis". A
soletração para ele deprava o raciocínio com somas falsas.
A Cartilha Maternal está dividida em vinte e cinco lições, e o seu
plano é o seguinte: Primeiramente, o ensino das vogais - a, e, i, o, u. Na
sequência, seriam ensinadas as invogais certas - v, f, t, d, b, p, 1, k, q.
Posteriormente as lições da cartilha referir-se-iam às invogais incertas - c, g,
r, z, s, x, m, n. Finalmente, as invogais compostas certas th, rh, nh, lh, ph, a
invogal incerta ch e o alfabeto maiúsculo" .
Segundo, a própria cartilha se encerra com o poema Hino de Amor.
Uma vez aprendida a cartilha, segue-se como segunda parte, o primeiro
livro de leitura, Os deveres dosfilhos.
Enquanto o método ia sendo divulgado e experimentado em quase
todo o território português, nos jornais de Lisboa, do Porto e das diferentes
províncias, surgem as críticas - como afirma Ferreira Gomes - "umas
calmas serena e objetivas; outras talvez exageradamente laudatórias e outras
ainda apaixonadas e virulentas em demasia". (Gomes, J.F. 1986, p.169).
Muitos foram os que se manifestavam por intermédio da imprensa -
professores, políticos, religiosos. Dentre esses destacamos José Hipólito,
Graça Afreixo, Simões Raposo, Felizando Lima, Alfredo Peixoto, Adriano
Machado, Gomes Teixeira, Rodrigues de Freitas e Cirne Jr.; sendo que o
último foi o que conseguiu atingir profundamente João de Deus. (Deus, J.
Pedagogia - A Cartilha Maternal e a crítica . Lisboa - Antiga Casa
Bertrand - José Bastos).
Dentre as críticas mais discutidas, destacamos algumas; por
exemplo, a acusação de que a Cartilha Maternal assentava-se nos mesmos
princípios da cartilha francesa de Regimbeau divergindo apenas na
aplicação (plágio); a de que a Cartilha Maternal não servia para as escolas,
por ser muito volumosa para as crianças; pouco copiosa em exercícios e
muito cara para os pobres. Outra crítica já de ordem metodológica dizia que
as palavras escritas em dois tons para diferenciar as sílabas o liso e o
lavrado prejudicavam a visão das crianças. Enfim muitas outras questões
foram levantadas em torno do método do poeta, e essas estão reunidas em
uma obra intitulada A Cartilha Maternal e a Crítica. Os elogios e a apologia
da Cartilha Maternal estão na obra João de Deus e a Imprensa que se
constitui de artigos e análises da cartilha que foram publicados pela
imprensa portuguesa da época.
O poeta João de Deus, na apresentação do seu método para o ensino
da leitura, faz a seguinte observação logo no início da primeira lição: Ora a
verdadeira palavra do homem é a palavra escrita, porque só ela é imortal.
Mas enquanto o ensino da palavra falada é o encanto de mães e filhos, o
ensino da palavra escrita é o tormento de mestres e discípulos. Estranha
diversidade em coisas tão irmãs! Deus, na sua providência, não o podia
determinar assim . Há de haver meio facílimo, grato, universalmente
acessível, de espalhar essa arte, ou antes faculdade, sem a qual o homem
não passa dum selvagem.
Esse meio ou esse método não pode ser essencialmente diferente do
método encantador pelo qual as mães nos ensinam a falar, que é falando,
ensinando-nos palavras vivas, que entretêm o espírito, e não letras e
sílabas mortas, como fazem os mestres. Pois apressemo-nos também nós a
ensinar palavras e acharemos a mesma amenidade. (Deus, J. Cartilha
Maternal, 1878, p.2).
Verificamos que a proposta do autor é a de que se deve ensinar a ler
como se ensina a falar. Evidentemente, a situação de ensino não é a mesma,
pois quando a mãe ensina o filho a falar, o faz de uma forma natural e não
em uma situação de ensino propriamente dita, em que se têm os papéis bem
definidos: quem ensina e quem aprende. Mas, o poeta propõe que a situação
de ensino da leitura e da escrita se aproxime o máximo possível da forma
pela qual a mãe se utiliza no ensino da fala.
No nosso entender, João de Deus propõe que se apresentem para as
crianças as palavras, é claro que seguindo uma ordem que respeite as
limitações dessa criança. Porém é interessante notar que, ao expor as lições,
o autor sugere que não se apresentem para os discípulos as regras, as
variações, as pontuações, etc, mas que isto seja feito de uma forma mais
simples e acessível . Por exemplo: as regras de acentuação não são
apresentadas a priori. Todas as palavras acentuadas já são apresentadas à
criança com o seu correspondente acento e, então, a criança passa a
conhecer aquela palavra da forma como ela é na escrita. Somente quando a
criança já está habituada com as palavras, e dominando alguns aspectos da
leitura e da escrita, é que ela vai ficar ciente dos valores e das regras que
constituem esse processo.
O autor da Cartilha Maternal estabelece, no decorrer das vinte e
cinco lições, um diálogo com o leitor, no caso o professor. Sempre que
apresenta um conceito ou uma explicação do conteúdo método lógico, ele o
faz comparando as práticas aplicadas nas escolas até então. Para
exemplificarmos, recorremos a uma das lições na qual João de Deus
condena a soletração dizendo: Há duas soletrações, a antiga e a moderna. A
soletração antiga vai chamando as letras pelos seus nomes, mais a soma
dos valores dessas letras. Esta soletração é absurda, e desmoraliza o
raciocínio do principiante. Como quereis vós que uma alminha, ainda com
aquela luz tão pura que traz de Deus, entenda que cê agá á, junto, somado,
é xá?! Isto será ensinar a ler, mas é ao mesmo tempo empavecer. Ora mil
vezes antes analfabeto que idiota. Porém a soletração, que aliás reina em
Portugal é seus domínios, está condenada. (Deus, J. A Cartilha Maternal,
1878, p.29).
Em seguida, João de Deus critica também a soletração moderna e,
finalmente, afirma que: A verdadeira soletração é a leitura.
Ainda, na exposição das lições, João de Deus mostra-se bastante
preocupado com seu discurso, no sentido de convencer o leitor de que o seu
método seria a solução para o problema da instrução primária e que sua
utilização traria para a escola agilidade, ânimo e principalmente
simplicidade. Em vários momentos, fica clara essa intenção do autor. No
entanto, acreditamos que isso é muito natural e que percebemos em vários
outros compêndios para o ensino da leitura essa mesma intenção, já que
quem se propõe a apresentar o novo necessariamente se vê na obrigação de
explicar "o porquê" desse novo, quase sempre enfatizando os defeitos do
velho.
No caso da Cartilha Maternal, isso se justifica por dois motivos: em
primeiro lugar, como já afirmamos anteriormente, quem apresenta um
método novo tem que convencer que esse novo é melhor que o velho. O
segundo motivo, e talvez o mais importante, seria que João de Deus não só
cria um método novo, mas também propõe uma forma de se ensinar a
leitura totalmente diferente das já existentes na época, em Portugal. Esse
método estabelece novos procedimentos, novas atitudes, uma nova
nomenclatura, enfim, um novo ponto de partida para o ensino da leitura que
é a palavra e seu significado e não mais a letra e a silaba em seus sons.
Em um dos artigos que compõem a obra A Cartilha Maternal e a
Imprensa (1877), de João de Deus, publicado no jornal Democracia de
Coimbra (1877), escrito por Pedro Róxa, fica claro o entusiasmo do autor
no que diz respeito às inovações trazidas por esse método. Diz ele: Este
método como se vê é de uma simplicidade admirável ... (e continua mais a
frente)... A Cartilha Maternal adota para o ensino da leitura um método
essencialmente prático. Fundado na análise e na crítica dos elementos da
palavra e dos sinais que a representam. Filia-se na escola positivista, sendo
portanto revolucionário e democrático; mas habilmente revolucionário pois
que não aceitando os absurdos admitidos por convencionais tradições, a
maior parte delas sem clareza lógica, habilita todavia as crianças à leitura
do que está escrito e se vai escrevendo; e ao mesmo tempo, pela profunda
análise estudo conscencioso dos elementos fónicos e gráficos; pelas
engenhosas e aceitáveis inovações que apresenta, e que na sua maioria
vingarão, prepara e apressa a simplificação da palavra escrita, principal
desideratum de todos quantos se empenham pelo sincero derramamento da
instrução elementar. (Deus, J. A Cartilha Maternal e a Imprensa, 1877,
p.7).
Nesse artigo vemos refletida a ideía de que João de Deus realmente
apresenta uma inovação para o ensino da leitura em Portugal no século
XIX, já que a sua prática se mostra totalmente diferente das já existentes até
aquele momento.
Ao apresentarmos o método criado por João de Deus, optamos por
fazê-Io da forma pela qual acreditamos que ele era apresentado às crianças.
E que forma é essa? Trata-se de um procedimento muito simples que se
resume em apresentar para o aprendiz, segundo a ordem das lições, as
palavras como são escritas e faladas, sem a grandes complicações de
soletração, advinhação e memorização tediosa de regras.
Verificamos que, ao apresentar o método, o poeta se detém em expor
o conteúdo metodológico, no sentido de esclarecer ao professor (leitor)
quais são os procedimentos norteadores de sua prática. Porém, João de Deus
deixa claro que, a princípio, essas informações devem ser somente para o
professor e que, aos poucos, este deve apresentá-Ias aos alunos na sua
prática docente, como é o caso, por exemplo, das regras e variações.
Nesse instante de nossa exposição surgem algumas questões: como é
que podemos afirmar que esse método era apresentado para a criança dessa
ou daquela forma? Em que argumentos nos baseamos para fazer a essa
afirmação?
Para um melhor esclarecimento é preciso que analisemos
cuidadosamente todos os procedimentos adotados por João de Deus ao
expor o seu método. Nós já sabemos que a Cartilha Maternaljoi muito
criticada por não apresentar instruções para a prática do professor,
instruções essas que estão contidas na maioria dos manuais criados a partir
do século XVIII.
Na obra a Cartilha Maternal e a Crítica, de João de Deus,
encontramos a nota ao leitor, na qual Trindade Coelho (1896) apresenta as
várias críticas que seriam discutidas nessa obra; dentre tantas destacamos
uma - a de que a Cartilha Maternal não apresentava instruções para os
mestres que queriam ensinar por ela. Trindade Coelho se expressa assim: Só
por si, a cartilha não é o método. A cartilha contém o que o discípulo há de
ler, mas falta dizer ao mestre como há de ensinar. As notas da cartilha não
suprem essa lacuna, pois elas, segundo a confissão de João de Deus, são
realmente mais destinadas a justificar o plano do que a dirigir a prática, e
a este respeito são insuficientes. (Deus, J. A Cartilha Maternal e a Crítica.
Beltrand, 1989. Lisboa. p.xVI).
No nosso entender, justamente por não mostrar como se deve
proceder no ensino, é que esse método obteve tanta repercussão em todo o
Portugal e em outros países. Enquanto os grandes especialistas discutiam
"essa lacuna", na prática os professores tinham uma maior liberdade na
preparação de suas aulas. A prática dentro de uma sala de aula pertence
então somente aos envolvidos no processo, no caso, o professor e o aluno.
Quando o professor se apropria de um manual para o ensino da leitura, ele o
faz segundo suas possibilidades e limitações, isto é, aquilo que ele domina
ensina melhor e o que não domina ele omite ou ensina segundo os seus
recursos pessoais e didáticos. Dessa forma, quando João de Deus possibilita
essa liberdade de ação do professor, ele se destaca em popularidade na
comunidade docente. Pois, em nenhum momento ele direciona a prática,
prescrevendo receitas metodológicas ou mesmo regrando o cotidiano do
professor.
Contudo, diante de tantas críticas, João de Deus Ramos, o filho de
João de Deus, escreveria posteriormente, já no início do século XX, o Guia
Prático e Teórico da Cartilha Maternal ou Arte da Leitura.
Seja como for, com toda a crítica que se lhe possa fazer, João de
Deus Ramos possibilitaria a seu tempo uma verdadeira consagração da
popularidade do pai, já que conseguiu fazer a Cartilha Maternal ser
decretada pela Conússão de Instrução Pública como método oficial para o
ensino da leitura nas escolas públicas de Portugal. Nem por isso, entretanto,
deixou desviar-se dos princípios de seu pai, que tinha na liberdade de ação
do professor um dos segredos maiores do êxito de seu método.
BOTO, Carlota. Ler, escrever, contar e se comportar: a Escola Primária
como rito do século XIX Português (1820-1910), Tese de Doutorado
defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP
de São Paulo, 1997, p.592).
DEUS, João de. Cartilha Maternal ou arte da leitura. 3 ed. Lisboa:
Imprensa Nacional. 1878.
DEUS, João de. Cartilha Maternal ou arte da leitura. Segunda Parte.
Lisboa: Imprensa Nacional, 1912.
DEUS, João de. Pedagogia: a Cartilha Maternal e a crítica. Lisboa: Antiga
Casa Bertrand - José Bastos, 1897.
DEUS, João de. Prosas. Lisboa: Bertrand, 1898.
JORNAL DA INFANCIA. Mattos Moreira e Cardosos Editores, 1883.
LACERDA, José Ma d'Almeida Correa de. Relatórios do comissário dos
estudos do distrito de Lisboa pertencentes aos anos de 1854, 1855,
1856. Lisboa: Typografia Rua da Condeça n° 3, 1858.
LARANJEIRA, Manuel. A Cartilha Maternal e a physiologia. Porto: Typ.
do Porto Médico de Magalhães e Figueiredo, 1909.

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Cartilha Maternal

  • 1. João de Deus, a Cartilha Maternal e o ensino da leitura em Portugal Este trabalho pretende situar-se como uma análise crítica da Cartilha Maternal, elaborada pelo poeta português João de Deus em 1876. Esse compêndio de ensino da leitura teve significativa repercussão no Brasil durante o decorrer da Primeira República. Por ser assim, julgou-se relevante aprofundar a investigação sobre o tema, particularmente buscando responder à seguinte questão: quais foram os elementos que contribuíram para o êxito da Cartilha Maternal? Na verdade, existe já vasta bibliografia acerca do sucesso tanto editorial quanto pedagógico da Cartilha de João de Deus. Pretendemos então estudar a metodologia da alfabetização contida naquele compêndio, que se vale do modo analítico de ensinar a ler pelo significado das palavras e não pelo som das letras. João de Deus pode ser considerado, acerca do tema, um precursor de Decroly, já que o conteúdo de sua Cartilha Maternal aponta para o método global. PffiIC/CNPq This work intend to stablish a critical analysis of the literacy children' s book (7 years old) written by the portuguese poet João de Deus in 1876. That publication had a significant repercussion in Brazil during the first republic stage. We considered important to deepen the investigation about the subject and particularly try to find out the elements which contributed to the success of the João de Deus literacy book. A vast bibliography describing the pedagogical success of that publication is available in the literature. 80, the main goal of our study was to analyse specifically the literacy method which could be c1assifiedas an analytical reading method, because he emphases the meaning of the words instead of the sound. João de Deus can be considered as a Decroly's precursor, because the contents of its literacy children's book points for the global method. PffiIC/CNPq
  • 2. João de Deus, poeta português, nasceu no Algarve, na Vila São Bartolomeu de Messines em 8 de março de 1830. Com dezenove anos (1849) foi para Coimbra cursar direito, formando-se dez anos depois. Em 1862 João de Deus foi para Beja. Ali escrevia artigos para o jornal O Bejense. Foi eleito pelo círculo algarvio de Silves em 1868, deputado às cortes, indo para Lisboa, ficando lá até a sua morte. Ele era muito religioso e grande conhecedor de latim. João de Deus estreou na literatura em 1868 com compilação de poesias intitulada Campo de Flores. Sua poesia divide-se em lírica amorosa e em satírica - conforme os dois volumes de Campo de Flores (1893) - das quais a primeira é a mais importante, sobretudo pelas canções, cançonetas, odes, idílios e elegias. No ano de 1876 publica Folhas caídas, e também nesse mesmo ano a pedido da imprensa Rolland publicou pela primeira vez o seu método para o ensino da leitura intitulado A Cartilha Maternal. Durante sua vida, foi venerado como um mestre por alguns realistas, em especial, Antero de Quental e Teófilo Braga. Este último foi responsável pela publicação de Campo de Flores em 1893 e as Prosas em 1898. João de Deus é considerado pelos portugueses como um grande defensor da instrução pública popular, principalmente de adultos, pela associação das Escolas móveis. No ano de 1877 inicia em Portugal uma grande campanha em favor de seu método de alfabetização. Esse foi o momento em que o poeta esteve mais entrosado nas questões de seu Tempo; foi quando criou a sua obra educativa, A Cartilha Maternal, a qual foi aprimorando com o tempo. Dedicou a partir daí sua vida na divulgação e também na habilitação de professores que estivessem interessados na adoção do método como ferramenta de trabalho. A Cartilha Maternal foi criada em 1876, mas só foi publicada no ano seguinte, em 1877, pelo Sr. Cândido J. A. Madureira - Abade D'Arcozello e amigo pessoal de João de Deus. a que propõe a Cartilha Maternal? Propõe um ensino fundado na língua viva, apresentando somente um abecedário, que deve ser ensinado por partes, de modo a formar palavras que se digam, que se ouçam, que se entendam, que se expliquem, segundo o próprio autor, fazendo que, ao invés de o principiante apurar a paciência numa repetição néscia, se familiarize com as letras e os seus valores na leitura animada de palavras inteligíveis. a método também não admite o uso dos silabários que, na opinião do autor, são séries de combinações mecânicas que não penetram na idéia, e que se constituem em exercícios longos de pura intuição visual, levando à amputação moral contrária à natureza. Diz o poeta: seis meses, um ano e mais vozes sem sentido, bastam para imprimir no espírito o
  • 3. idiotismo. Porque razão observamos nós, a cada passo nos filhos da indigência, meramente abandonados à escola da vida, uma irradiação moral, uma viveza rara nos mártires do ensino primário? Às mães, que do coração professam a religião da adorável inocência e até por instinto sabem que em cérebros tão tenros e mimosos todo o cansaço e violência pode deixar vestígios indeléveis, oferecemos, neste sistema produndamente prático o meio de evitar a seus filhos o flagelo da cartilha tradicional. (Deus 1876, p.VII - XIII). Essas palavras exprimem o pensamento de João de Deus, no que diz respeito ao "Método antigo", aquele usado nas escolas portuguesas até então. Já esse novo método para o ensino da leitura proposto por ele, o que viria para substituir o "velho", foi pensado de uma forma, como aponta o próprio autor, para que toda criança aprenda a arte do ler e não do gaguejar. Por isso esse sistema só admite palavras - diz João de Deus - e não sílabas soltas, geralmente incertas e ilegíveis. O poeta, ao apresentar o método, vale-se de um recurso inédito e original, que é a utilização de uma diversidade de cor na apresentação da palavra a ser ensinada. Trata-se de uma diferenciação de tonalidade (cinza e preto), para que o aprendiz sutilmente perceba que a palavra é formada por partes. No decorrer das lições, as letras são impressas de duas formas - ora liso ora lavradas para que as sílabas sejam distinguidas, sem que as palavras sejam desmembradas, como já dissemos anteriormente. A regra principal dita por João de Deus, no início da cartilha é "Lêde-as e nunca soletreis". A soletração para ele deprava o raciocínio com somas falsas. A Cartilha Maternal está dividida em vinte e cinco lições, e o seu plano é o seguinte: Primeiramente, o ensino das vogais - a, e, i, o, u. Na sequência, seriam ensinadas as invogais certas - v, f, t, d, b, p, 1, k, q. Posteriormente as lições da cartilha referir-se-iam às invogais incertas - c, g, r, z, s, x, m, n. Finalmente, as invogais compostas certas th, rh, nh, lh, ph, a invogal incerta ch e o alfabeto maiúsculo" . Segundo, a própria cartilha se encerra com o poema Hino de Amor. Uma vez aprendida a cartilha, segue-se como segunda parte, o primeiro livro de leitura, Os deveres dosfilhos. Enquanto o método ia sendo divulgado e experimentado em quase todo o território português, nos jornais de Lisboa, do Porto e das diferentes províncias, surgem as críticas - como afirma Ferreira Gomes - "umas calmas serena e objetivas; outras talvez exageradamente laudatórias e outras ainda apaixonadas e virulentas em demasia". (Gomes, J.F. 1986, p.169). Muitos foram os que se manifestavam por intermédio da imprensa - professores, políticos, religiosos. Dentre esses destacamos José Hipólito,
  • 4. Graça Afreixo, Simões Raposo, Felizando Lima, Alfredo Peixoto, Adriano Machado, Gomes Teixeira, Rodrigues de Freitas e Cirne Jr.; sendo que o último foi o que conseguiu atingir profundamente João de Deus. (Deus, J. Pedagogia - A Cartilha Maternal e a crítica . Lisboa - Antiga Casa Bertrand - José Bastos). Dentre as críticas mais discutidas, destacamos algumas; por exemplo, a acusação de que a Cartilha Maternal assentava-se nos mesmos princípios da cartilha francesa de Regimbeau divergindo apenas na aplicação (plágio); a de que a Cartilha Maternal não servia para as escolas, por ser muito volumosa para as crianças; pouco copiosa em exercícios e muito cara para os pobres. Outra crítica já de ordem metodológica dizia que as palavras escritas em dois tons para diferenciar as sílabas o liso e o lavrado prejudicavam a visão das crianças. Enfim muitas outras questões foram levantadas em torno do método do poeta, e essas estão reunidas em uma obra intitulada A Cartilha Maternal e a Crítica. Os elogios e a apologia da Cartilha Maternal estão na obra João de Deus e a Imprensa que se constitui de artigos e análises da cartilha que foram publicados pela imprensa portuguesa da época. O poeta João de Deus, na apresentação do seu método para o ensino da leitura, faz a seguinte observação logo no início da primeira lição: Ora a verdadeira palavra do homem é a palavra escrita, porque só ela é imortal. Mas enquanto o ensino da palavra falada é o encanto de mães e filhos, o ensino da palavra escrita é o tormento de mestres e discípulos. Estranha diversidade em coisas tão irmãs! Deus, na sua providência, não o podia determinar assim . Há de haver meio facílimo, grato, universalmente acessível, de espalhar essa arte, ou antes faculdade, sem a qual o homem não passa dum selvagem. Esse meio ou esse método não pode ser essencialmente diferente do método encantador pelo qual as mães nos ensinam a falar, que é falando, ensinando-nos palavras vivas, que entretêm o espírito, e não letras e sílabas mortas, como fazem os mestres. Pois apressemo-nos também nós a ensinar palavras e acharemos a mesma amenidade. (Deus, J. Cartilha Maternal, 1878, p.2). Verificamos que a proposta do autor é a de que se deve ensinar a ler como se ensina a falar. Evidentemente, a situação de ensino não é a mesma, pois quando a mãe ensina o filho a falar, o faz de uma forma natural e não em uma situação de ensino propriamente dita, em que se têm os papéis bem definidos: quem ensina e quem aprende. Mas, o poeta propõe que a situação de ensino da leitura e da escrita se aproxime o máximo possível da forma pela qual a mãe se utiliza no ensino da fala.
  • 5. No nosso entender, João de Deus propõe que se apresentem para as crianças as palavras, é claro que seguindo uma ordem que respeite as limitações dessa criança. Porém é interessante notar que, ao expor as lições, o autor sugere que não se apresentem para os discípulos as regras, as variações, as pontuações, etc, mas que isto seja feito de uma forma mais simples e acessível . Por exemplo: as regras de acentuação não são apresentadas a priori. Todas as palavras acentuadas já são apresentadas à criança com o seu correspondente acento e, então, a criança passa a conhecer aquela palavra da forma como ela é na escrita. Somente quando a criança já está habituada com as palavras, e dominando alguns aspectos da leitura e da escrita, é que ela vai ficar ciente dos valores e das regras que constituem esse processo. O autor da Cartilha Maternal estabelece, no decorrer das vinte e cinco lições, um diálogo com o leitor, no caso o professor. Sempre que apresenta um conceito ou uma explicação do conteúdo método lógico, ele o faz comparando as práticas aplicadas nas escolas até então. Para exemplificarmos, recorremos a uma das lições na qual João de Deus condena a soletração dizendo: Há duas soletrações, a antiga e a moderna. A soletração antiga vai chamando as letras pelos seus nomes, mais a soma dos valores dessas letras. Esta soletração é absurda, e desmoraliza o raciocínio do principiante. Como quereis vós que uma alminha, ainda com aquela luz tão pura que traz de Deus, entenda que cê agá á, junto, somado, é xá?! Isto será ensinar a ler, mas é ao mesmo tempo empavecer. Ora mil vezes antes analfabeto que idiota. Porém a soletração, que aliás reina em Portugal é seus domínios, está condenada. (Deus, J. A Cartilha Maternal, 1878, p.29). Em seguida, João de Deus critica também a soletração moderna e, finalmente, afirma que: A verdadeira soletração é a leitura. Ainda, na exposição das lições, João de Deus mostra-se bastante preocupado com seu discurso, no sentido de convencer o leitor de que o seu método seria a solução para o problema da instrução primária e que sua utilização traria para a escola agilidade, ânimo e principalmente simplicidade. Em vários momentos, fica clara essa intenção do autor. No entanto, acreditamos que isso é muito natural e que percebemos em vários outros compêndios para o ensino da leitura essa mesma intenção, já que quem se propõe a apresentar o novo necessariamente se vê na obrigação de explicar "o porquê" desse novo, quase sempre enfatizando os defeitos do velho. No caso da Cartilha Maternal, isso se justifica por dois motivos: em primeiro lugar, como já afirmamos anteriormente, quem apresenta um método novo tem que convencer que esse novo é melhor que o velho. O
  • 6. segundo motivo, e talvez o mais importante, seria que João de Deus não só cria um método novo, mas também propõe uma forma de se ensinar a leitura totalmente diferente das já existentes na época, em Portugal. Esse método estabelece novos procedimentos, novas atitudes, uma nova nomenclatura, enfim, um novo ponto de partida para o ensino da leitura que é a palavra e seu significado e não mais a letra e a silaba em seus sons. Em um dos artigos que compõem a obra A Cartilha Maternal e a Imprensa (1877), de João de Deus, publicado no jornal Democracia de Coimbra (1877), escrito por Pedro Róxa, fica claro o entusiasmo do autor no que diz respeito às inovações trazidas por esse método. Diz ele: Este método como se vê é de uma simplicidade admirável ... (e continua mais a frente)... A Cartilha Maternal adota para o ensino da leitura um método essencialmente prático. Fundado na análise e na crítica dos elementos da palavra e dos sinais que a representam. Filia-se na escola positivista, sendo portanto revolucionário e democrático; mas habilmente revolucionário pois que não aceitando os absurdos admitidos por convencionais tradições, a maior parte delas sem clareza lógica, habilita todavia as crianças à leitura do que está escrito e se vai escrevendo; e ao mesmo tempo, pela profunda análise estudo conscencioso dos elementos fónicos e gráficos; pelas engenhosas e aceitáveis inovações que apresenta, e que na sua maioria vingarão, prepara e apressa a simplificação da palavra escrita, principal desideratum de todos quantos se empenham pelo sincero derramamento da instrução elementar. (Deus, J. A Cartilha Maternal e a Imprensa, 1877, p.7). Nesse artigo vemos refletida a ideía de que João de Deus realmente apresenta uma inovação para o ensino da leitura em Portugal no século XIX, já que a sua prática se mostra totalmente diferente das já existentes até aquele momento. Ao apresentarmos o método criado por João de Deus, optamos por fazê-Io da forma pela qual acreditamos que ele era apresentado às crianças. E que forma é essa? Trata-se de um procedimento muito simples que se resume em apresentar para o aprendiz, segundo a ordem das lições, as palavras como são escritas e faladas, sem a grandes complicações de soletração, advinhação e memorização tediosa de regras. Verificamos que, ao apresentar o método, o poeta se detém em expor o conteúdo metodológico, no sentido de esclarecer ao professor (leitor) quais são os procedimentos norteadores de sua prática. Porém, João de Deus deixa claro que, a princípio, essas informações devem ser somente para o professor e que, aos poucos, este deve apresentá-Ias aos alunos na sua prática docente, como é o caso, por exemplo, das regras e variações.
  • 7. Nesse instante de nossa exposição surgem algumas questões: como é que podemos afirmar que esse método era apresentado para a criança dessa ou daquela forma? Em que argumentos nos baseamos para fazer a essa afirmação? Para um melhor esclarecimento é preciso que analisemos cuidadosamente todos os procedimentos adotados por João de Deus ao expor o seu método. Nós já sabemos que a Cartilha Maternaljoi muito criticada por não apresentar instruções para a prática do professor, instruções essas que estão contidas na maioria dos manuais criados a partir do século XVIII. Na obra a Cartilha Maternal e a Crítica, de João de Deus, encontramos a nota ao leitor, na qual Trindade Coelho (1896) apresenta as várias críticas que seriam discutidas nessa obra; dentre tantas destacamos uma - a de que a Cartilha Maternal não apresentava instruções para os mestres que queriam ensinar por ela. Trindade Coelho se expressa assim: Só por si, a cartilha não é o método. A cartilha contém o que o discípulo há de ler, mas falta dizer ao mestre como há de ensinar. As notas da cartilha não suprem essa lacuna, pois elas, segundo a confissão de João de Deus, são realmente mais destinadas a justificar o plano do que a dirigir a prática, e a este respeito são insuficientes. (Deus, J. A Cartilha Maternal e a Crítica. Beltrand, 1989. Lisboa. p.xVI). No nosso entender, justamente por não mostrar como se deve proceder no ensino, é que esse método obteve tanta repercussão em todo o Portugal e em outros países. Enquanto os grandes especialistas discutiam "essa lacuna", na prática os professores tinham uma maior liberdade na preparação de suas aulas. A prática dentro de uma sala de aula pertence então somente aos envolvidos no processo, no caso, o professor e o aluno. Quando o professor se apropria de um manual para o ensino da leitura, ele o faz segundo suas possibilidades e limitações, isto é, aquilo que ele domina ensina melhor e o que não domina ele omite ou ensina segundo os seus recursos pessoais e didáticos. Dessa forma, quando João de Deus possibilita essa liberdade de ação do professor, ele se destaca em popularidade na comunidade docente. Pois, em nenhum momento ele direciona a prática, prescrevendo receitas metodológicas ou mesmo regrando o cotidiano do professor. Contudo, diante de tantas críticas, João de Deus Ramos, o filho de João de Deus, escreveria posteriormente, já no início do século XX, o Guia Prático e Teórico da Cartilha Maternal ou Arte da Leitura. Seja como for, com toda a crítica que se lhe possa fazer, João de Deus Ramos possibilitaria a seu tempo uma verdadeira consagração da popularidade do pai, já que conseguiu fazer a Cartilha Maternal ser
  • 8. decretada pela Conússão de Instrução Pública como método oficial para o ensino da leitura nas escolas públicas de Portugal. Nem por isso, entretanto, deixou desviar-se dos princípios de seu pai, que tinha na liberdade de ação do professor um dos segredos maiores do êxito de seu método. BOTO, Carlota. Ler, escrever, contar e se comportar: a Escola Primária como rito do século XIX Português (1820-1910), Tese de Doutorado defendida na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP de São Paulo, 1997, p.592). DEUS, João de. Cartilha Maternal ou arte da leitura. 3 ed. Lisboa: Imprensa Nacional. 1878. DEUS, João de. Cartilha Maternal ou arte da leitura. Segunda Parte. Lisboa: Imprensa Nacional, 1912. DEUS, João de. Pedagogia: a Cartilha Maternal e a crítica. Lisboa: Antiga Casa Bertrand - José Bastos, 1897. DEUS, João de. Prosas. Lisboa: Bertrand, 1898. JORNAL DA INFANCIA. Mattos Moreira e Cardosos Editores, 1883. LACERDA, José Ma d'Almeida Correa de. Relatórios do comissário dos estudos do distrito de Lisboa pertencentes aos anos de 1854, 1855, 1856. Lisboa: Typografia Rua da Condeça n° 3, 1858. LARANJEIRA, Manuel. A Cartilha Maternal e a physiologia. Porto: Typ. do Porto Médico de Magalhães e Figueiredo, 1909.