Uma turma de 7o ano escreve uma carta ao escritor Trindade Coelho para pedir desculpas e agradecer. Durante uma apresentação oral sobre um conto de Coelho, a turma referiu-se incorretamente ao autor como sendo uma mulher. A carta explica como o conto ensinou a turma sobre a importância de ouvir os conselhos dos mais velhos.
Diários de Leitura e Resenhas. Kanavillil Rajagopalan. Machado de Assis.Raira Moura
Diários de leitura e resenhas das obras: Designação: a arma secreta, porém incrivelmente poderosa, da mídia em conflitos internacionais do autor Kanavillil Rajagopalan, e do conto Missa do Galo de Machado de Assis.
1. Arnoso Santa Maria, 29 de Março de 2011
Estimado escritor Trindade Coelho,
A turma C do 7º ano quer, com esta carta, não só apresentar um pedido de desculpas, mas também agradecer-lhe
por ter escrito um conto que nos serviu de lição!
Em primeiro lugar, é conveniente dizer-lhe como, quando e onde o conhecemos.
Assim, nas aulas de Língua Portuguesa, no 2º período, a professora desafiou-nos a ler o seu conto que se
encontra no manual entre as páginas 59 e 69. Todos achámos esquisito o título Abyssus Abyssum, pois parecia
estar escrito numa língua que não conhecíamos. Depois da professora explicar, ficámos mais esclarecidos,
sabendo que era latim e poderia entender-se como “asneira puxa asneira”, devido ao enredo do conto (fazia
lembrar algo…).
Na sala de aula, deveríamos apresentar oralmente trabalhos realizados em grupo a partir da leitura efectuada.
Desta forma, iríamos avaliar conhecimentos e, principalmente, a maneira como nós falávamos em público. É no
contexto das exposições orais que surge o nosso pedido de desculpas, visto que o apresentámos à turma e à
professora como sendo uma escritora…
Aparentemente, deixámo-nos levar pela sonoridade do seu nome e alterámos a sua verdadeira identidade. Para
sermos sinceros não pesquisámos quase nada sobre a sua biografia, no entanto, de forma a compensá-lo, mais
tarde, apresentámos os seus dados pessoais na aula, resgatando-o das memórias… Nessa altura, demos vida e
emoção ao tempo que viveu e obra que escreveu. Também ficámos a saber que escreveu cartas e a sua autobiografia.
Confessamos, neste momento, que nem sempre cumprimos e dizemos a verdade sobre as nossas tarefas escolares,
talvez porque queremos mostrar que somos nós que escolhemos o nosso caminho. Com o António e o Manuel, os
dois irmãos do conto, percebemos que o caminho que tanto queremos pode levar-nos a fazer “orelhas moucas” aos
nossos educadores, pais e professores … Assim, sem nos apercebermos, podemos invocar o nosso próprio abismo,
que, no nosso caso escolar, pode ser a retenção!
O fascínio e a tentação tiveram muita força e só no final do conto é que entendemos e aceitámos a severidade das
palavras da mãe dos dois meninos desobedientes. Afinal ela só queria protegê-los do perigo, só queria o seu bem!
Concluímos este momento de escrita colectiva, demonstrando-lhe o nosso agradecimento público, uma vez que, à
sua maneira, fez-nos pensar no que andamos a fazer …
Teus admiradores,
Turma 7º C
P.S.: Prometemos, desde já, ler mais contos que estão no seu livro Os Meus Amores.