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T EC N O
Ethan ZuckErman
tradução PauLO mIGLIaccI
ilustração camILE SPrOESSEr
Pouco dePois das eleições nor-
te-americanas de 2016, um amigo
me convidou para almoçar. Parti-
dário de Donald Trump, ele sabia
quehavíamosvotadoemcandida-
tosdiferentes,eambosqueríamos
conversar sobre o futuro do país
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Mas ele me chamou especifica-
mente porque se irritara com um
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ta radical dos EUA, que inclui ul-
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eleição de 2016, apesar dos esfor-
ços do Partido Republicano para
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ciosa para a de protagonista é um
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de mídia Daniel Hallin em “The
Uncensored War: The Media and
Vietnam”(UniversityofCalifornia
Press,aguerrasemcensura:amí-
diaeoVietnã).Oautorargumenta
que podemos enquadrar reporta-
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acordogeneralizadoquantoaum
assunto ou posição (exemplos: a
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pessoaaindaassimconseguiráen-
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Meu amigo, frustrado por não
encontrardiscussãosobreimigra-
çãonamídiaconvencional,come-
çou a ler o Breitbart, onde sua ar-
gumentação, vista como inacei-
tável em outros fóruns, integra a
esferadoconsenso,eacontrovér-
sialegítimasedáemtornodosme-
canismosquedeveriamserusados
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Ele não está sozinho. Embora
menospopularhojedoquenaelei-
ção de 2016, o Breitbart continua
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EUA e está próximo em popula-
ridade da página do jornal “The
WashingtonPost”.Emnossocon-
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cano,atrásdaCNN,do“NewYork
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ículos compatíveis com determi-
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achar uma câmara de eco que re-
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de circulação e da mídia eletrôni-
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nais mantiveram suas aspirações
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sas ideias preconcebidas.
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pessoasbuscammídiaideologica-
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der de que maneira ser efetivo em
seuprópriomovimentoéprovavel-
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seGreGAÇÃoOisolacionismo
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rampossívelselecionarostópicos
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cação,enãooutra.Diferentemente
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as,veículoscomfocomaisrestrito,
comositeserevistas,sepermitem
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vável que os amigos de uma pes-
soa concordem com seu ponto de
vista quanto porque o comporta-
mentoon-lineindicaaoFacebook
oconteúdoquemaislheinteressa.
A BoLHA Do FILTro Pari-
ser define esse problema como
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usuários que selecionam mídia
segundo suas convicções políti-
cas. Pariser argumenta (não sem
controvérsia) que os algoritmos
usados pelo Facebook e outros
serviçosreforçamessatendência.
Valedizerqueoproblemadabo-
lhadofiltronãoéinerenteàsredes
sociais.OTwitterdeliberadamente
não filtra o conteúdo, o que evita
o problema da bolha, mas deixa
ao usuário a responsabilidade de
escapar às câmaras de eco.
Embora você possa decidir se-
guir um grupo diferente de pes-
soas no Twitter, uma pesquisa de
NathanMatiassugerequemesmo
pessoasaltamentemotivadasten-
dem a não mudar muito seu com-
portamento on-line a fim de com-
baterpreconceitoseparcialidades.
NossaequipenoLaboratóriode
Mídia do MIT está trabalhando no
Gobo, um novo método de sele-
cionar o conteúdo recebido pelos
usuáriosnoFacebookenoTwitter,
usando processamento de lingua-
gem natural e aprendizado auto-
máticoafimdecriarfiltrosquepos-
sam elevar ou reduzir o conteúdo
políticodeumfeeddenotícias,in-
cluirmaisoumenostextosescritos
por mulheres ou oferecer uma op-
ção consciente pela leitura de no-
tícias vindas de fora da câmara de
ecoqueousuáriocostumaocupar.
Uma das questões cruciais do
projeto é saber se as pessoas usa-
rãoessesfiltros.Umahipóteseque
esperamosnegaréadeque,embo-
ra se queixem das bolhas, muitos
apreciamoisolamentoideológico
edeliberadamenteescolherãoum
regimedeseleçãodeconteúdopa-
divisõespartidáriasmaisincisivas.
Com a ascensão dos sites de
busca, a navegação baseada em
interesses passou a nos conduzir
à segregação ideológica, seja por
causa dos tópicos que seleciona-
mos,sejapelalinguagemqueusa-
mos.Nãoesperefazeramigoscon-
servadoresemumsitedeculinária
vegetariana,damesmaformaque
buscar progressistas em um site
sobre caça pode ser frustrante.
A linguagem empregada para
descrever uma questão —mudan-
ça do clima, aquecimento global
ou fraude científica— pode isolar
a informação que obtemos, com
base em critérios ideológicos.
O que a mídia social oferece de
diferente não é a possibilidade de
escolhermosospontosdevistacom
os quais entraremos em contato,
massimofatodequemuitasvezes
não estamos cientes das escolhas.
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cebooknaexpectativadequeosite
as ajudaria a manter contato com
parenteseamigos,enãodequeele
seria a principal fonte de notícias.
Em 2016, 62% dos adultos nor-
te-americanos disseram receber
ao menos parte das notícias que
consomemviaredessociais,e18%
afirmaram receber notícias fre-
quentementepormeiodeplatafor-
mas como o Facebook. Esses nú-
meros são mais acentuados entre
osadultosjovenseprovavelmente
cresceram na eleição de 2016.
Como o algoritmo do Facebo-
ok apresenta conteúdo ao usuá-
rio com base naquilo de que ele
Como sabem os
provedores de notícias
completamente falsas,
existe um apetite
quase insaciável
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A navegação on-line
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nos conduziu à
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Cada macaco no seu galho

  • 1. ab6 ilustríssima ★ ★ ★ Domingo, 24 DE SEtEmbro DE 2017 T EC N O Ethan ZuckErman tradução PauLO mIGLIaccI ilustração camILE SPrOESSEr Pouco dePois das eleições nor- te-americanas de 2016, um amigo me convidou para almoçar. Parti- dário de Donald Trump, ele sabia quehavíamosvotadoemcandida- tosdiferentes,eambosqueríamos conversar sobre o futuro do país sob o novo governo. Mas ele me chamou especifica- mente porque se irritara com um artigo de minha autoria em que equiparava Steve Bannon, fun- dador do site noticioso Breitbart, a Richard Spencer, líder da “alt- right” [nome adotado pela direi- ta radical dos EUA, que inclui ul- tranacionalistas brancos, grupos homofóbicos e anti-imigrantes]. Meu amigo explicou que lia o Breitbart religiosamente, não por- queapoiasseasupremaciabranca, mas por ser favorável a um cres- cimento zero no número de imi- grantes que vivem no país como estratégia para elevar a renda dos americanos (brancos e não bran- cos). Ositeeraoúnico veículoque discutiaseriamentetalconjectura. “Se Bannon é inaceitável e o Breitbartéinaceitável,issosignifi- caqueminhasopiniõessobreimi- graçãosãoinaceitáveis?Equanto aos milhões de norte-americanos que concordam comigo?” Uma pesquisa conduzida por Yochai Benkler e nossa equipe no InstitutodeTecnologiadeMassa- chusetts(MIT)enoBerkmanCen- ter confirmou que o Breitbart foi muito mais assíduo na cobertura de questões de imigração no pe- ríodo que antecedeu a eleição de 2016,comtrêsvezesmaisatenção ao tema do que outros expoentes da mídia de direita, como a rede de notícias Fox News e o jornal “The Wall Street Journal”. Especulamos que foi graças à forte influência do Breitbart que a imigração se tornou a questão de políticapúblicamaisreportadana eleição de 2016, apesar dos esfor- ços do Partido Republicano para abrandarsuaposiçãosobreotema afimdeatraireleitoreshispânicos. O avanço da imigração de uma posiçãoperiféricanaagendanoti- ciosa para a de protagonista é um fenômenodequetrataoestudioso de mídia Daniel Hallin em “The Uncensored War: The Media and Vietnam”(UniversityofCalifornia Press,aguerrasemcensura:amí- diaeoVietnã).Oautorargumenta que podemos enquadrar reporta- gens em três esferas. Na esfera do consenso, existe acordogeneralizadoquantoaum assunto ou posição (exemplos: a democracia é a melhor forma de governo;ocapitalismoéumaboa maneiradepromoverocrescimen- resumo Estudo condu- zido pelo Instituto de Tec- nologia de Massachusetts (MIT) mostra como as re- des sociais reforçam a propensão humana a bus- carinformaçõesqueseali- nhemaideiaspreconcebi- das. Autor diz que a inte- ração com notícias parti- darizadas fortalece sen- sação de pertencimento a grupos identitários. Nainternet,hácadavezm masnuncahouvetãopou to econômico), e nesse caso nem vale a pena entrar em discussões. Naesferadodesvio,existeacor- do generalizado sobre a inadmis- sibilidadededeterminadaposição (exemplos:relaçõessexuaisentre adultos e crianças são normais e deveriam ser legais; a proprieda- de coletiva de todos os bens é a melhor maneira de pôr fim à desi- gualdade),enessecasotampouco valeapena entraremdiscussões. A esfera da controvérsia legíti- ma(àsvezesmuitoestreita)abarca osdebatespadronizadosdentrode umasociedade,eosjornalistasde- vemsemostrarneutrosemrelação aos tópicos sobre os quais é legí- timo debater (exemplo: cortes de impostos para os ricos resultarão em crescimento econômico). Afaste-se da esfera da contro- vérsia legítima e caia na esfera de desvio e sua posição se tornará invisível nas discussões da mídia tradicional. Jay Rosen, professor de jornalismo da Universidade de Nova York, afirma: “Quem quer que tenha opiniões enquadradas naesferadodesvio—segundode- finição dos jornalistas— sentirá a imprensa como um adversário na lutaporreconhecimento.(...)Não é que seja um debate de apenas umlado;équenãoexistedebate”. PLurALIDADe O crescimento nadiversidadedamídiapropiciado pela internet e pelas redes sociais implicaque,casoalguémtenhasu- as ideias enquadradas fora da es- fera da controvérsia legítima, essa pessoaaindaassimconseguiráen- contrar um segmento da indústria da informação em que suas opini- õesnãocairãonaesferadodesvio. Meu amigo, frustrado por não encontrardiscussãosobreimigra- çãonamídiaconvencional,come- çou a ler o Breitbart, onde sua ar- gumentação, vista como inacei- tável em outros fóruns, integra a esferadoconsenso,eacontrovér- sialegítimasedáemtornodosme- canismosquedeveriamserusados para limitar a imigração. Ele não está sozinho. Embora menospopularhojedoquenaelei- ção de 2016, o Breitbart continua a ser o 61º site mais visitado dos EUA e está próximo em popula- ridade da página do jornal “The WashingtonPost”.Emnossocon- junto de dados, que examina de que maneira sites são comparti- lhadosnoTwitterounoFacebook, o Breitbart é o quarto mais influ- enteveículodemídianorte-ameri- cano,atrásdaCNN,do“NewYork Times” e do site político The Hill. A capacidade de encontrar ve- ículos compatíveis com determi- nada posição política não é nova. Mesmo nos dias dos panfletos e dosprimeirosjornais,erapossível achar uma câmara de eco que re- fletisse posições específicas. Aascensãodosjornaisdegran- de circulação e da mídia eletrôni- ca, que precisavam evitar alienar grandes parcelas da população a fimdemantersuaviabilidadeeco- nômica, nos conduziu a uma era naqual ojornalismopartidáriose tornou menos comum. Quandooscanaisnoticiososde TV a cabo viabilizaram uma vez maisasnotíciaspartidárias,asre- des de TV aberta e os grandes jor- nais mantiveram suas aspirações ao equilíbrio e à imparcialidade, em uma tentativa de servir a um público mais amplo. No entanto, modelos econômi- cos como os usados por esses veí- culos fazem pouco sentido na era digital.Comosabemosprovedores denotíciascompletamentefalsas, existeumapetitequaseinsaciável por informação que sustente nos- sas ideias preconcebidas. É importante considerar que as pessoasbuscammídiaideologica- mentecompatívelcomelasnãosó por preguiça intelectual, mas por sensodeeficácia.Sevocêintegrao BlackLivesMatter[movimentoque contestaaviolênciacontranegros] etrabalhapormaiorcontrolecida- dãosobreapolícia,nãoaguentará severemaranhadonointerminável debate acerca da persistência ou não do racismo nos EUA. Se você trabalha com aconse- lhamento de mulheres e busca convencê-las a desistir do abor- to e optar por adoção, compreen- der de que maneira ser efetivo em seuprópriomovimentoéprovavel- menteprioridademaisaltadoque dialogarcomativistaspró-aborto. seGreGAÇÃoOisolacionismo partidárionãoéumasimplesfun- ção da homofilia. A estrutura das plataformas de mídia da internet contribui para o ensimesmamen- to ideológico. Embora Eli Pariser eoutrosatribuamessesefeitoses- truturaisaoFacebookeaoutrasre- dessociaispopulares,argumentei no site Rewire que três gerações diferentes de mídia on-line torna- rampossívelselecionarostópicos epontosdevistaemquecadausu- ário está mais interessado. A web anterior ao Google nos permitiaselecionarpontosdevista mais ou menos como uma banca dejornais:escolhemosumapubli- cação,enãooutra.Diferentemente da TV aberta, que tende a pontos de vista centristas a fim de atrair amplagamadeverbaspublicitári- as,veículoscomfocomaisrestrito, comositeserevistas,sepermitem gostou e que escolheu no passa- do,suatendênciaéreforçarideias preconcebidas, tanto por ser pro- vável que os amigos de uma pes- soa concordem com seu ponto de vista quanto porque o comporta- mentoon-lineindicaaoFacebook oconteúdoquemaislheinteressa. A BoLHA Do FILTro Pari- ser define esse problema como “a bolha do filtro” [no livro “O Filtro Invisível”, Zahar], toman- do por base trabalhos anteriores de Cass Sunstein, que reconhe- ceu a tendência de que “câmaras de eco” sejam criadas on-line por usuários que selecionam mídia segundo suas convicções políti- cas. Pariser argumenta (não sem controvérsia) que os algoritmos usados pelo Facebook e outros serviçosreforçamessatendência. Valedizerqueoproblemadabo- lhadofiltronãoéinerenteàsredes sociais.OTwitterdeliberadamente não filtra o conteúdo, o que evita o problema da bolha, mas deixa ao usuário a responsabilidade de escapar às câmaras de eco. Embora você possa decidir se- guir um grupo diferente de pes- soas no Twitter, uma pesquisa de NathanMatiassugerequemesmo pessoasaltamentemotivadasten- dem a não mudar muito seu com- portamento on-line a fim de com- baterpreconceitoseparcialidades. NossaequipenoLaboratóriode Mídia do MIT está trabalhando no Gobo, um novo método de sele- cionar o conteúdo recebido pelos usuáriosnoFacebookenoTwitter, usando processamento de lingua- gem natural e aprendizado auto- máticoafimdecriarfiltrosquepos- sam elevar ou reduzir o conteúdo políticodeumfeeddenotícias,in- cluirmaisoumenostextosescritos por mulheres ou oferecer uma op- ção consciente pela leitura de no- tícias vindas de fora da câmara de ecoqueousuáriocostumaocupar. Uma das questões cruciais do projeto é saber se as pessoas usa- rãoessesfiltros.Umahipóteseque esperamosnegaréadeque,embo- ra se queixem das bolhas, muitos apreciamoisolamentoideológico edeliberadamenteescolherãoum regimedeseleçãodeconteúdopa- divisõespartidáriasmaisincisivas. Com a ascensão dos sites de busca, a navegação baseada em interesses passou a nos conduzir à segregação ideológica, seja por causa dos tópicos que seleciona- mos,sejapelalinguagemqueusa- mos.Nãoesperefazeramigoscon- servadoresemumsitedeculinária vegetariana,damesmaformaque buscar progressistas em um site sobre caça pode ser frustrante. A linguagem empregada para descrever uma questão —mudan- ça do clima, aquecimento global ou fraude científica— pode isolar a informação que obtemos, com base em critérios ideológicos. O que a mídia social oferece de diferente não é a possibilidade de escolhermosospontosdevistacom os quais entraremos em contato, massimofatodequemuitasvezes não estamos cientes das escolhas. Muitas pessoas aderiram ao Fa- cebooknaexpectativadequeosite as ajudaria a manter contato com parenteseamigos,enãodequeele seria a principal fonte de notícias. Em 2016, 62% dos adultos nor- te-americanos disseram receber ao menos parte das notícias que consomemviaredessociais,e18% afirmaram receber notícias fre- quentementepormeiodeplatafor- mas como o Facebook. Esses nú- meros são mais acentuados entre osadultosjovenseprovavelmente cresceram na eleição de 2016. Como o algoritmo do Facebo- ok apresenta conteúdo ao usuá- rio com base naquilo de que ele Como sabem os provedores de notícias completamente falsas, existe um apetite quase insaciável por informações que sustentem nossas ideias preconcebidas A navegação on-line baseada em interesses nos conduziu à segregação ideológica, por causa dos tópicos que selecionamos e pela linguagem usada para buscá-los 4 Cadamacacon