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MONOGRAFIA
ta:/UIIICAMP
Be45q
21A8FEF/684
LUCIANA BERALDI
A QUESTÃO DO RITMO NAS ATIVIDADES DE
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
1997
LUCIANA BERALDI
A QUESTÃO DO RITMO NAS ATIVIDADES DE
EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL
TCC/UNICAMP ~-
Be45q "
Monografia exigida pelo
curso de Licenciatura da
Faculdade de Educação
Física da Unicamp. sob a
orientação da Prol.' Dr.'
Vilma Lení Nista-Piccolo.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA
1997
SUMÁRIO
RESUMO..............................................................................................i
AGRADECIMENTOS..........................................................................ii
'
DEDICATORIA...................................................................................iii
-INTRODUÇAO...................................................................................1
Capítulo 1: O ritmo - origem e evolução........................................................4
Capítulo 2: A educação infantil......................................................................1O
2.1 ) Algumas considerações a respeito da história da
infância.................................................................................................................11
2.2) Algumas considerações a respeito das características das
crianças.................................................................................................................12
2.3) Breve relato sobre a história da Educação
Física.......................................................................................................................15
2.4) Alguns aspectos da Educação Física no âmbito
escolar..................................................................................................................-16
Capítulo 3: A escolha do caminhar..............................................................-19
3.1) As fases desse caminhar.................................................................2l
3.1 .1) A exploração........................................................................21
3.1.2) A decisão...............................................................................23
3.1.3) A descoberta........................................................................24
Capítulo 4: A trajetória propriamente dita...................................................25
4.1) As descricões das aulas e das entrevistas..................................26
4.2) A elaboração das categorias.......................................................52
4.3) A descoberta da la Matriz..............................................................55
4.4) A descoberta da 2" Matriz..............................................................59
Capítulo 5: Um segundo olhar nas descobertas.........................................65
CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................?6
REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS.................................................................8l
BIBLIOGRAFIA GERAL.....................................................................................83
RESUMO
Este trabalho objetivou a verificação da aplicação das atividades rítmicas
em aulas de Educação Física Infantil, buscando com isso enfatizar a
importância que o fenômeno ritmo tem no desenvolvimento da criança. A
partir de observações das aulas desta disciplina, ministradas em escolas
particulares, no educação infantil e fundamental, somadas às entrevistas
abertas com os respectivos professores, especializados ou não, foi possível
deflagrar um conteúdo ainda não contemplado nos programas
curriculares desta área. Um outro aspecto levantado no trabalho é que, em
determinados momentos, é possível observar o uso deste elemento em
posição secundária, de maneira inconsciente, ou seja, alguns professores
utilizam-se do ritmo apenas como meio de instrução pedagógica, sem
mesmo saber da necessidade de aprimorar o ritmo individual da criança,
ou ainda reconhecer a sua aplicação como um fim em si mesmo. Partindo
da ·,déia de que o ritmo expressa uma ordem temporal e espacial ao
movimento, intensificando sua estrutura com uma acentuação que vem
reforçar sua amplitude, o seu desenho no espaço, é que pensa-se em
trabalhar com a educação do ritmo nas aulas de Educação Física Infantil.
Expresso aqui meus agradecimentos
a Deus por ter iluminado e guiado, sempre o meu caminho;
à minha orientadora, Prof". Dr." Vilma Lení Nista-Piccolo, pela
atenção, disponibilidade, confiança e carinho;
ao meu noivo Augusto pela sua compreensão e
força nas horas mais difíceis;
a todos os alunos da turma 94
que conquistei durante esses quatro anos de convivência;
às escolas e seus respectivos professores que me ajudaram no
caminhar desta pesquisa;
e a outras pessoas que de alguma maneira
auxiliaram-me ao longo deste processo.
11
iii
DEDICATÓRIA
Aos meus pais,
NIVALDO EMARILENA,
pela minha existência e pelo apoio
em todas as minhas decisões....
INTRODUÇÃO
2
O homem é suscetível ao ritmo, po1s VIVe num universo rítmico,
sofrendo dele influência externa; tudo que fazemos, pensamos, falamos
tem a presença dele. Para se ler uma idéia, o ritmo é um elemento de
comunicação universal entre os homens, sendo um componente básico de
lodos os movimentos.
Esse elemento, tão presente nas nossas vidas, sempre interessou-me,
e em meus estudos de bailei clássico, pude conhecer um pouco mais sobre
a sua magia e poder, pois em todas as aulas ele se fez presente. Desse
modo, também percebi como bailarina, o quanto se torna difícil adequar
os movimentos a um ritmo externo proposto pela música.
Ao ingressar na Faculdade de Educação Física, foi possível verificar
que o ritmo também era bastante requisitado nas aulas, e perceber como
as pessoas tinham dificuldade em trabalhar com esse elemento tão
comum a todos. Considerando esses dados, fiquei a indagar-me o porquê
dessa dificuldade durante as atividades do nosso dia-a-dia.
A partir destes questionamentos, surgiu-me a oportunidade de
realizar um projeto de iniciação científica com o objetivo de reconhecer a
"A contribuição do ritmo para o desenvolvimento da criança': A pesquisa
desenvolveu-se na instituição PRODECAD/UNICAMP, no período de
agosto/95 à agosto/97.
Com os dados desta pesquisa, verificou-se que cada criança tem o
seu ritmo próprio e que deve ser respeitado. Entretanto, há necessidade de
uma estimulação coerente, para que o ritmo seja aprimorado, visando
atingir uma harmonia na sincronização ritmo-movimento. Além disso, foi
possível averiguar a importância de realizar um trabalho mais direcionado
do ritmo do movimento com as crianças. Através dos testes realizados na
pesquisa, observou-se um desenvolvimento mais integral, após vivenciarem
as aulas de Educação Física com enfoque no ritmo.
3
Com o término desta pesquisa, surgiu uma outra inquietação: como
os professores trabalham com as questões do ritmo nas atividades da
Educação Física Infantil. Isso impulsionou-me à realização desse estudo,
que compreende os seguintes capítulos:
No primeiro capítulo, o ritmo é apresentado com um enfoque
histórico, voltado à evolução do seu conceito e aos educadores que
estudaram o ritmo, dando origem a uma pedagogia para sua aplicação.
O segundo capítulo procura mostrar uma análise da criança, com as
suas características, além de apresentar como a Educação Física, a partir
de sua própria história. interage com a Educação Infantil.
O terceiro capítulo refere-se à metodologia adotada para investigar
a questão do ritmo nas atividades da Educação Física Infantil. Nele, estão
inseridas todas as fases da investigação e seus procedimentos.
O quarto capítulo é a pesquisa na sua íntegra, isto é, todos os passos
que foram dados até chegar às suas primeiras interpretações.
O quinto capítulo é o mais empolgante, porque foi nele que as
interpretações fluíram mais espontaneamente, a partir de um segundo
olhar dos aspectos levantados durante a pesquisa. Foi o que permitiu uma
imaginação variativa, e transmitiu-me muita euforia e liberdade para a sua
concretização.
As considerações finais seguem fechando esse estudo, mostrando a
construção dos resultados obtidos durante o caminhar dessa pesquisa.
E agora, convido a todos a entrarem nessa trajetória, e viajar no
mundo do ritmo do movimento.
4
CAPÍTULO 1: O RITMO- ORIGEM EEVOLUÇÃO
5
O ritmo acompanha o homem desde os primórdios da civilização,
pois ele se manifesta na natureza, nas funções orgânicas do homem e nas
suas atividades do dia-a-dia. O homem primitivo, antes mesmo de se
comunicar com a palavra articulada, explora o seu ritmo como elemento
de ligação entre a dança e a palavra, para poder transmitir as suas
mensagens através dos movimentos criados por determinados ritmos.
Se prestarmos atenção à nossa volta, podemos perceber que o ritmo
está presente em tudo que existe. Então, como pode uma palavra de
apenas cinco letras estar tão presente nas nossas vidas? Para melhor
compreensão deste fenômeno, inicio pelo significado que essa palavra
tem, e para isso começarei com HANEBUTH (1968), um dos grandes
pesquisadores a respeito do assunto.
Ele estudou o ritmo com a intenção de trazer mais informações para
maestros, técnicos, professores de Educação Física e outras pessoas
interessadas no assunto, e em suas pesquisas verificou que o "ritmo" deriva
do grego "rhein" que tem o significado de fluir. Para o próprio HANEBUTH
(apud NISTA-PICCOLO 1993; 13) "o ritmo constituía coordenação motora e
a integração funcional de todas as forças estrvturadoras. tanto corporais
como psíquicas e espítituaís".
HANEBUTH (1968) verificou que o ritmo tinha esse sentido, devido ao
conceito de ritmo dado por GERO que em citação de NISTA-PICCOLO
(1993;14) é definido como
"uma articulação harmônica de um
movimento. como uma ordem e uma
necessidade essencial do ser humano
diferente de compasso que é exato,
sempre igual, contáve/ e mensurável".
6
A partir dessa definição, percebe-se uma diferenciação entre ritmo e
compasso, mostrando que são coisas distintas, e HANEBUTH (apud NISTA-
PICCOLO 1993;15) para enfatizar essa diferença dizia que:
"titmo é o movimento das ondas do mar que se
repetem petiodicamente, de forma semelhante mas
não idêntica enquanto méttica é a repetição exata
que nas mudanças de luzde um farol de trânsito".
Outro autor que faz essa distinção é ROETHIG (1963), que também
em sua definição de ritmo o difere de compasso, mostrando que o
conceito de ritmo está vinculado à tradução de uma correnteza, e não de
uma constante mudança.
Muitas são as definições de ritmo, no entanto, NISTA-PICCOLO (1993)
em sua pesquisa mostra que o conceito evoluiu, quebrando a idéia de que
ritmo e compasso significavam a mesma coisa, e de que o ritmo era
somente gerado por algo objetivo, automatizante. Com essa ruptura o
ritmo passou a ler um sentido mais dinâmico, e começou a considerar o
lado subjetivo do indivíduo como um fator gerador do ritmo, onde a sua
vontade e a sua participação são expressas no ritmo de um movimento.
O ritmo do movimento não é somente gerado pelo ritmo imposto
pela música, mas também pela vontade da pessoa em dançar. Portanto, o
fenômeno psíquico influencia no ritmo do movimento corporal. podendo
variar de pessoa para pessoa, porque os estímulos externos, do próprio
ambiente, provocam impulsos que não produzem necessariamente
respostas iguais nas pessoas sob a influência do mesmo estímulo.
O ritmo expressa uma ordem temporal ao movimento, onde imprime
uma duração, uma simetria, pois essa ordem intertere no sentido auditivo e
cinestésico, que acaba definindo um estilo ao movimento. A segundo
7
ordem é a espacial, que através do sentido visual define uma largura,
profundidade, grandeza, entre outros para os movimentos.
Uma outra estrutura, além do tempo e do espaço que o ritmo
imprime ao movimento é a acentuação. Ela intensifica um dos "tempos
"da estrutura rítmica tornando-se um ponto de referência para o
movimento e que segundo LE BOULCH (1987;176) "a acentuação reforça a
intensidade e a amplitude do "tempo" em que ele se situa".
Segundo HANEBUTH, (apud NISTA-PICCOLO 1993;25) "o número
mínimo de elementos que compõem a formação do ntmo é três, sendo
um impulso, um acento e um escoar". Verifica-se, então, que a formação
do ritmo se apoio no "princípio básico do ritmo" de BODE (apud NISTA-
PICCOLO 1993;25), onde os movimentos ocorrem pelo alternãncia de
relaxamento-tensão-relaxamento.
Além desses três elementos, o ritmo possui uma unidade funcional
indivisível do seu movimento rítmico a partir de quatro fenômenos, força,
espaço, tempo e forma que, quando juntos, criam uma energia no
movimento, fazendo aparecer seu próprio processo rítmico.
Para HANEBUTH (apud NISTA-PICCOLO 1993;22) "é a ntmicidade que
impulsiona toda e qualquer função no desenvolvimento do ser humano·:
Assim, quem gera um equilíbrio no desenvolvimento humano é o ritmo, pois
como os movimentos corporais possuem estruturas rítmicas, eles podem ser
utilizados para se atingir uma educação global.
Na educação, o ritmo já esteve presente desde os tempos de
Aristóteles e Platão. Para eles, era considerado um instrumento de ação
pedagógica, pois os movimentos corporais ritmados eram considerados
como uma u expressão de uma formação fina" 1•
1
Palavras extraídas por NISTA-PICCOLO (1993;30) do autorSCHELEE (1955) do livro
LITERATURSP!EGEL ZUR DISKUSSION ÜBER DEN RHYTHMUS.
8
O ritmo ficou esquecido por um bom tempo no sistema educacional,
voltando somente por volta de 1900, mais especificamente em torno de
1903 a 191 O, quando surge uma proposta de trabalho rítmico denominado
"solfejo corporal musical"2, o qual foi criado por Emile Jacques Dalcroze,
um pedagogo e compositor suíço. Ele interessou-se pelo assunto ao notar
que seus alunos de música, ao escutarem um som, mexiam as cabeças,
batiam os pés, estalavam os dedos, tentando de alguma forma marcar o
tempo da música, mesmo se o movimento saísse descoordenado.
DALCROZE (s/d) doutrinava que o sentimento rítmico corporal se
desenvolve por educação do sistema muscular e nervoso na qualidade de
transmitir pela expressão a graduação da força e da elasticidade no
tempo e no espaço. Ele sentiu necessidade de criar um sistema educativo (
rítmica) capaz de coordenar o movimento corporal com o ritmo musical
Para DALCROZE (s/d) seu método tinha a seguinte definição: "a
aprendizagem da rítmica não é mais que uma preparação para os
estudos atiistícos especializados e não consiste em uma alie em simesma"
e sua metodologia procurava "desenvolver e harmonizar as funções
motoras e regrar os movimentos corporais no tempo e no espaço"
(LANGLADE. 1970. p.38)
O seu método foi de grande importância para muitos educadores
da época, pois com o trabalho rítmico nas atividades escolares, eles
conseguiram estimular a criatividade e a espontaneidade das crianças e
jovens, através da relação natural entre o movimento sonoro e corporal.
Na década de 1920, outro pedagogo e compositor influenciado
pelas teorias de DALCROZE começou a despontar nessa área. Trata-se de
Carl Ortf, descendente de uma famma de fazendeiros bávaros, que nunca
2 Visava a ~xteriorização das emoç&!s, expressas nos gestos .aspontâneos, através de vários ritmos,
segundo NISTA-PICCOLO (1993;31)
9
deixou de estudar a cultura de seu povo. Nesse período, ele vinculou a sua
vida aos assuntos educacionais, introduzindo idéias inovadoras com uma
proposta educacional assentada em três elementos: fala-música-
movimento, formando uma unidade presente na expressão inala das
crianças e dos povos primitivos.
Segundo CAMARGO (1994;52)
"ORFF fundamentou a sua obra educacional e artística
em sua própria atitude espiritual: voltar o coração e a
mente humana para o elementar; para os primeiros
impulsos que nascem da natureza do homem".
Em sua proposta, ele se utilizou das forças elementares dos ritmos e
dos sons, integrando-os à magia das palavras e dos movimentos.
Se pensarmos nessas duas propostas educacionais ciladas ac1ma,
verificamos que ambas consideram o indivíduo como um ser uno e
indivisível, sem discriminar corpo e mente no desenvolvimento geral. Elas
estruturam o trabalho com o que cada um tem dentro de si, buscando
reconhecer e aprimorar as capacidades que todo ser possui.
Todos esses estudos fizeram com que as atividades rítmicas
ganhassem um espaço dentro das escolas, ao menos durante essa época,
pois para esses educadores (DALCROZE e CARL ORFF), as atividades
rítmicas deveriam fazer parte do conteúdo programático das escolas.
lO
CAPÍTULO 2: A EDUCAÇÃO INFANTIL
11
Tentando buscar mais dados esclarecedores às minhas inquietações,
volto agora meus estudos a respeito da Educação Infantil, em um primeiro
momento, com a finalidade de entender sobre as suas características e a
sua história e, num segundo momento, como a Educação Física se
encontra nessa área da Educação.
2.1) ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA HISTÓRIA DA
INFÂNCIA
Na idade média, as crianças eram vistas como adultos em
miniatura, eles não recebiam muita atenção e por isso se afastavam dos
pais ainda muito jovens. Entre os séculos XV e XVI, a criança começa a
receber mais atenção dos pais, iniciando uma aproximação mais afetiva
entre eles.
No final do século XVII, as crianças deixaram de ser
consideradas seres inferiores pelos seus pais, pois deixaram de colocar as
crianças na posição de objeto, e passaram a conviver melhor. No século
XIK a criança sai definitivamente do anonimato e acaba polarizando a
atenção dos adultos, quando a famnia passa a se organizar em torno dos
filhos, e juntamente com o surgimento do capitalismo a pré-escola aparece
com a função de guardar as crianças e afastá-las do trabalho.
Ainda no século XIX, a pré-escola linha como base uma
educação compensatória, onde procurava suprir as carências culturais,
lingüísticas e afetivas, porém já se iniciava oferecer um ambiente mais
educativo para as crianças que ali permaneciam,
A respeito da educação compensatória, KRAMER (1987; 119)
diz que essa educação deve ser
"despojada de seu caráter pretensamente
compensatório, pois este simplesmente antecipa a
12
marginalização e a discriminação que as crianças
das classes sociais dominadas sofrem na escola".
O termo Educação Infantil, segundo SCHIAVON (1996) aparece
em 1975, quando começou a ser exigido dos educadores que atuavam
nessa área a habilitação em Educação primária a nível de 2' grau, devido
a mudança do próprio nome do departamento que passou de Educação
e Recreio para Departamento de Educação Infantil.
A idéia de infância não existiu sempre e nunca foi idêntica, e
que segundo KRAMER (1987;20) "o seu conceito é determinado
historicamente pela modificação das formas de organização da
sociedade". Analisando essas palavras verifica-se que a criança não tem
um valor único, ou seja, não existe uma criança universalmente
determinada, pois face às diferenças sociais, políticas e econômicas em
todo o mundo, as crianças também se diferenciam umas das outras.
O aspecto fundamental disso tudo é que deve-se considerar a
criança como um sujeito em seu momento específico de vida, e além
disso, há necessidade de compreendê-la, dialogar com ela e entendê-la,
para poder reconhcê-la como um sujeito na sua totalidade.
2.2) ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DAS CARACTERÍSTICAS
DAS CRIANÇAS
A criança que vai à pré-escola está na faixa de idade
compreendida entre os 2 e 6 anos. A cada ano, ela vai mudando de classe
de acordo com a sua idade biológica. Devemos levar em consideração,
que a função da pré-escola não é a de simplesmente iniciar a
alfabetização, mas acima de tudo, proporcionar às crianças atividades
interessantes e prazerosas para as suas realizações, levando-as a
13
aprenderem sobre as coisas que estão à sua volta e sobre o seu próprio
mundo.
Durante esses quatro anos em que a criança permanece nesse
ambiente, ganha bastante "amiguinhos", brinca muito, aprende a ter
responsabilidade, a respeitar os outros e a se conhecer. Portanto, essas
escolas têm uma função muito importante, pois estão ajudando as
crianças a se desenvolverem e crescerem plenamente.
Nessa fase escolar, a criança se encontra num período muito
intenso de atividades: as fantasias e os movimentos corporais ocupam
quase todo o seu tempo. Concorda LE BOULCH (1992;130) quando afirma
que:
"a escola matemo/ deve propiciar a chave a cada
criança de poder desenvolver-se antes de fazê-la entrar
no circuito da marginalização e favorecer ações
especializadas que consolidarão a experiência vivida de
sua inatítude u.
Quando a criança sai da educação infantil ela entra para o
primeiro ciclo do 1' grau, que compreende as séries de 1" à 4". Durante
esse período, a criança passa por muitas transformações, onde o seu
pensamento começa a pertencer mais ao mundo real, mas ainda se
encontra no mundo da fantasia; gosta de se expressar e de apresentar
trabalhos, porém, às vezes, vive cheia de "segredinhos" e curiosidades.
Tem grande amor e afeto pelos animais e admira por demais os adultos,
tanto que adora fazer imitações daqueles que a rodeiam.
Vários pesquisadores de todo mundo desenvolveram
trabalhos, a respeito do cérebro da criança, buscando saber como é
construído em termos biológicos e sociais, segundo a reportagem
apresentada na REVISTA VEJA em março de 1996.
14
Essas pesquisas afirmam que não basta apenas a presença do
cérebro, pois ele, por si só, não é capaz de formar as capacidades básicas.
Ele só encarrega-se das capacidades inatas, e para que outras se
desenvolvam, é preciso haver um reforço muito grande, presente nas
estimulações que a criança recebe durante o seu crescimento.
Com essa pesquisa (1996;84) eles descobriram que:
"há etapas definidas para o desenvolvimento do
cérebro das crianças, e ínfonnam que a
inteligência. a sensibilidade e a linguagem
podem e devem ser aprimoradas na escola, no
clube e, especialmente. dentro de casa".
Além disso, descobriram também que:
"musicalidade. raciocínio lógico-matemático.
inteligência espacial, capacidades relativas ao
movimento do corpo, entre outras. dependem de
circuitos que são plugados logo na I a infãncia.
época em que a criança aprende a aprender
(p.86) ".
Outras descobertas interessantes também foram descritas,
porém a que mais chamou-me a atenção, face ao relacionamento com o
objeto de estudo da minha pesquisa. foi a declaração de que (1996; 88):
11
Contar hístótias, pôr música na vitrola, agaffar e beijar,
brincar com a fala são estímulos neurais que ajudam o
aperfeiçoamento das ligações neurais das regiões sensoriais
do cérebro. 'Abrem-se os circuitos da prosódia. da
compreensão melódica e poética da linguagem'."
Com esta pesquisa tem-se algo de novo sobre o universo da
criança, atingindo-se maior compreensão do seu desenvolvimento.
15
Percebe-se o quanto é importante a estimulação durante o seu
crescimento, o que vem enfatizar a função das pré-escolas, e das escolas,
que tratam da educação básica.
Esta estimulação depende, em grande parte, das aulas de
Educação Física que a escola proporciona. É sobre isso que passo a
abordar. no próximo item, a respeito da Educação Física na fase da
Educação Infantil.
2.3) BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Pode-se dizer que a Educação Física, pela sua história, sofreu e
ainda sofre influências de três linhas de pensamento, sendo a primeiro, a
linha médica, no período do Brasil-império que através da ginástica,
aplicada por médicos, pretendia estabelecer a higienização e
eugenização do povo, porque o Brasil precisava mostrar uma raça pura
dominante, para evitar o domínio de Portugal e atender aos interesses da
classe dominante. Nessa época, o professor de ginástica era visto como
agente de saúde e o aluno como um paciente.
No século XX, o Brasil começava a se industrializar, logo, era
preciso a formação de homens para trabalhar nesse ramo, ou seja, a
indústria necessitava de homens disciplinados, dóceis e subservientes para
o trabalho fabril. Ainda nesse século, a eclosão da 2° Guerra Mundial
fortaleceu a linha militar que se utilizava da Educação Física para a
formação de indivíduos fortes, sadios e capacitados para defender a
Pátria.
A última linha é a esportiva, que influenciou a Educação Física,
devido ao avanço da tecnologia, após a 11 Guerra Mundial. E assim, o
esporte acabou sendo utilizado pelo sistema capitalista como um meio de
alienar a população. Logo. a Educação Física ficou encarregada dessa
16
função, e no desenvolvimento de suas aulas, o rendimento e a
performance física eram trabalhados exaustivamente.
Por esse breve resumo da História da Educação Física percebe-se
que ainda essas influências são bastante fortes no âmbito escolar, e para
um entendimento mais esclarecedor, é preciso que ela seja comp1 eendida
como uma ação educativa que se inclui dentro de um projeto
pedagógico global, isto é, ela deve ser considerada uma disciplina que
possui objetivos e conteúdos a serem aplicados corretamente.
2.4) ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO FfSICA NO ÃMBITO ESCOLAR
Segundo o autor OLIVEIRA (1988;42). a Educação Física deve:
"propiciar a oportunidade de envolvimento em
atividades motoras adequadas, consideradas
os necessidades e caractetistícas e interesses
de seus participantes. Tais atividades motoras
só irão caracterizar a Educação Física se
contribuírem para o desenvolvimento
harmônico e global do serhumano".
Esse objetivo, colocado por esses autores, vai ao encontro do
que NISTA-PICCOLO (1995;65) diz ao abordar a visão de Educação Física
que o professor deve ter:
"qualquer que seja a teoria do desenvolvimento da
criança, é preciso fundamentar as díretrizes do
planejamento escolar, mas antes de tudo o professor tem
que entender que os três domínios do comportamento
podem ser desenvolvidos de forma integrada parque a
cdança deve ser compreendida como um ser uno e
indivisível que é ".
17
Com esses pensamentos, citados anteriormente, é possível
analisar a importância da Educação Física para o bom desenvolvimento
das crianças desse período escolar, e como este profissional precisa estar
atento à sua função dentro da escola.
Em relação a este aspecto, é conveniente explicar qual é a
função do professor, a partir dos pensamentos de THOMAZ (1984) sobre o
assunto. O professor não deve pensar que seu conhecimento é absoluto
em relação ao seu aluno, pois este também detém conhecimento que
deve ser considerado pelo professor; portanto, a função docente é
caracterizada pelo ato de ensinar , com implicações sociais, políticas,
econômicas e culturais dentro da sociedade.
Isto quer dizer que o professor de Educação Física não pode
considerar os seus alunos "vazios", eles já sabem correr, saltar, brincar,
jogar, já possuem uma gama de movimentos muito grande, basta então,
esse profissional levar tudo isto para dentro da escola e utilizá-los como
matéria prima para as suas aulas.
Um grande problema detectado nas escolas de educação
básica nas aulas de Educação Física, é que os professores por ainda
sofrerem influências das linhas de pensamento, principalmente da
esportiva, acabam exigindo rendimento para todos os movimentos que a
criança realiza, ou seja, cobram a perfeição técnica do gesto ao invés de
propiciar um conhecimento e um crescimento a respeito do próprio
movimento.
A Educação Física é muito importante para as crianças. todos
os profissionais da área sabem disto, porém ainda não se pode dizer que
essas aulas estão sendo bem orientadas e direcionadas, falta um pouco
mais de amadurecimento e de crescimento por parte de alguns
18
professores, para que ela possa ser considerada fundamental na fase
correspondente à educação básica.
19
CAPÍTULO 3: A ESCOLHA DO CAMINHAR
20
Toda pesquisa tem a sua forma de caminhar, de traçar os caminhos
para decifrar as indagações e tentar entender o objeto de estudo da
mesma. Pesquisar, segundo o novo dicionário Aurélio da Língua
Portuguesa {1995;1320) é "informar-se a respeito de. descobrir ou
estabelecer fatos ou pn'ncípios relativos a um campo qualquer do
conhecimento".
Então o pesquisador determina sua trajetória e estratégias para
"descobrir" o que lhe é de interesse e, para isto ele decide por algum tipo
de pesquisa. Para este caminhar, utilizou-se uma abordagem qualitativa,
que segundo BOGDAN &BIKLEN (apud LÜDKE 1986; 13):
"envolve a obtenção de dados descritivos.
obtidos no contato direto do pesquisador com
a situação estudada. enfatizo mais o processo
do que o produto e se preocupa em retratar a
perspectiva dos participantes. "
A pesquisa qualitativa propicia ao pesquisador um contato direto
com o ambiente onde ele vai colher os dados, que são coletados de
maneira descritiva e posteriormente analisados através de um processo
indutivo.
Nesta pesquisa, a pesquisadora estando em contato com as aulas
de Educação Física das escolas educação infantil e do ensino
fundamental, deverá descrever tudo que for possível em relação à questão
do ritmo do movimento expressado, sem permitir ainda uma interpretação
dos dados. E por último, a pesquisadora deve destacar as unidades de
significados, das descrições feitas, sofrendo com isso reduções para que
possam emergir categorias, correspondentes ao toco da pesquisa.
A metodologia para realizar esse tipo de pesquisa compreende três
etapas conforme diz LÜDKE (1986) :
21
I. a exploração- acontece com a seleção e definição de problemas, a
escolha do local e o estabelecimento de contatos, além dos
procedimentos metodológicos e suas realizações.
2. a decisão- consiste no momento em que o pesquisador define as
unidades de significados dos dados obtidos, buscando selecionar as
mais importantes para a compreensão e interpretação do fenômeno a
ser estudado.
3. a descoberta- acontece quando o pesquisador inicia as análises,
através das categorias levantadas, buscando confrontá-las com as
teorias já existentes a respeito do assunto e aos poucos vai construindo
os seus resultados.
Para a concretização dessas etapas, as técnicas da observação e
da entrevista serão utilizadas. Para que a observação seja válida e
considerada dentro da pesquisa, é preciso que ela seja controlada e
sistematizada, além de ter claro o toco da investigação. Enquanto isso a
entrevista necessita de uma precisão, focalização e fidedignidade.
Realizar esse tipo de pesquisa é muito interessante, pois segundo
LÜDKE (1986; 18) ela "se desenvolve numa situação natural, ético em
dados desctitívos. tem um plano aberlo e flexível e focaliza a realidade
de forma complexa e contextualízada".
3.1) AS FASES DESSE CAMINHAR
3.1.1) A EXPLORAÇÃO
A l' fase dessa etapa iniciou com o levantamento das
instituições de educação infantil (pré- escola) e ensino fundamental na
cidade de Jundiaí, para a realização de visitas em aulas de Educação
Física, onde os critérios de seleção para a determinação dos sujeitos da
pesquisa foram os seguintes:
22
l. escolas que apresentam aulas de Educação Física com profissionais
especializados e;
2. escolas que apresentam aulas de Educação Física com professores de
sala.
Não serão analisadas as escolas que não oferecem aulas de
Educação Física para esta faixa escolar selecionada para a pesquisa.
Sendo assim, o levantamento das escolas que apresentam essas
características apresentou-se da seguinte forma:
• 9 escolas particulares de ensino fundamental e;
• 32 instituições particulares de educação infantil (pré- escola).
Das escolas particulares de ensino fundamental, todas apresentam
aulas de Educação Física com professores especializados, e das 32 escolas
de ensino infantil, 25 possuem a mesma característica, ficando somente 7
escolas com aulas de Educação Física desenvolvidas pelo professor de
sala.
A 2' fase dessa etapa foi a pesquisa de campo, desenvolvida nos
meses de maio e junho, constando de visitas em oito escolas, sendo quatro
nas de ensino fundamental e quatro nas de educação infantil. O critério
adotado para essa escolha foi unicamente a permissão dada pelas
escolas, onde serão observadas oito aulas de Educação Física e
entrevistados oito professores.
Nas instiutições de ensino fundamental as aulas observadas serão
com as 4a séries, para que haja uma concordância durante o processo de
interpretação que será realizado mais tarde.
Os procedimentos metodológicos se aparam nas técnicas da
observação e da entrevista aberta. Instrumentos que buscam colher dados
relacionados às atividades rítmicas presentes nas aulas de Educação Física,
nas escolas já citadas anteriormente.
23
As observações estão pautadas nos seguintes itens:
• verificar se o professor utiliza algum instrumento de percussão ou outro
material para comandar sua aula;
• reconhecer se o professor privilegia atividades rítmicas durante as suas
aulas;
• identificar se o professor utiliza o ritmo como elemento coadjuvante ou
principal durante as aulas;
• saber se o professor explora as variações de espaço, tempo, forma e
intensidade nas atividades em que aplica;
• detectar se o professor respeita o ritmo individual de cada aluno durante
a prática das atividades;
• além de outros aspectos que possam se mostrar relevantes para esta
análise.
As entrevistas abertas visam o reconhecimento sobre:
• os conteúdos trabalhados pelo professor responsável da disciplina
Educação Física;
• atividades relacionadas ao trabalho com o ritmo;
• metodologia do trabalho rítmico desenvolvida nas aulas.
A análise dos dados deverá ser feita de forma qualitativa, através da
interpretação dos aspectos levantados a respeito das aulas em que se
privilegiam, ou não, o ritmo. O foco das observações será centrado na
metodologia utilizada nas aulas onde o ritmo é contemplado, verificando
nesses métodos quando o ritmo é trabalhado como um fim em si mesmo,
ou como um meio auxiliar das atividades propostas.
3.1 .2) A DECISÃO
Essa etapa acontece em seguida às descrições das aulas
observadas, e às entrevistas. Após cada descrição, são levantadas
Unidades de Significados, que correspondem às situações que ocorreram
24
nas descrições e que chamaram à atenção da pesquisadora segundo as
suas inquietações.
A partir dessas unidades surgem as Reduções, com a finalidade
de unir as unidades, de maneira mais sintetizada, ou seja, é uma forma de
agrupar as idéias com uma linguagem mais clara e precisa. Com as
reduções prontas, a pesquisadora inicia mais um passo nesse caminhar,
que é a elaboração de categorias referentes às observações e às
entrevistas.
Essas categorias representam a união entre as reduções
encontradas nas aulas observadas e nas entrevistas de cada escola
visitada. A partir delas, o foco da pesquisa começa a ser interpretado.
3.1 .3) A DESCOBERTA
Nessa etapa ocorrem as interpretações das categorias
levantadas. Para melhor compreensão dos aspectos, surgem as Matrizes,
sendo uma correspondente às aulas observadas, e a outra às entrevistas
realizadas. Este é momento, onde a pesquisadora pode mostrar as
divergências e convergências que aparecem em cada Matriz, podendo
confrontá-las com os dados apresentados nos capítulos anteriores desse
estudo.
25
CAPÍTULO 4: A TRAJETÓRIA PROPRIAMENTEDITA
26
Esse capítulo mostrará como a trajetória foi construída, desde os seus
primeiros passos, com as observações e as entrevistas em cada escola, o
aparecimento das unidades de significados, juntamente com as reduções,
que acabaram originando as categorias para a descoberta das duas
Matrizes. Portanto, a nossa viagem se inicia aqui.
4.1) AS DESCRIÇÕES DAS AULAS OBSERVADAS E DAS
ENTREVISTAS COM OS RESPECTIVOS PROFESSORES
Escola n• 1(educação infantil) - aula de Educação Física com
professora de sala.
-+ Observação descritiva:
A professora iniciou a aula com a dança do tapete em um
espaço bem pequeno, a roda ficou bem estreita e irregular. Os alunos
ficavam em círculo cada, um na frente do seu tapete, sendo que uma
criança já começava a atividade sem o mesmo. A música utilizada para a
atividade foi a do disco da Xuxa, Enquanto a música ficava tocando, na
primeira vez, a professora pediu para as crianças andarem em volta dos
tapetes com a mão na cabeça. Ao parar a música, as crianças tinham que
sentar-se no tapete, porém uma criança não sentou-se, porque não tinha
tapete, e acabou saindo da atividade. Na segunda vez as crianças
pulavam em volta dos tapetes com um só pé e, na terceira, andavam com
um pé na frente do outro, Na quarta, pulavam com os dois pés juntos, na
quinta andavam abaixando-se e levantando-se, na sexta andavam
mexendo os braços, na sétima andavam chutando a perna para frente e,
nas últimas rodadas, a professora deixou a movimentação livre para as
crianças que sobraram na atividade.
A outro atividade foi o jogo do boliche, realizada no mesmo
espaço da 1' atividade, com bolas coloridas e uma bola de plástico
27
grande. As crianças não ficavam mais em roda, mas todas sentados em
frente às garrafas, com uma distância de 2 metros separando-as. Cada
criança tinha três chances para acertar as garrafas, e quando acertava na
I' ou na 2', não utilizava a outra chance, As garrafas eram pintadas de
cores diferentes que valiam pontos e, quando a criança derrubava-as, a
professora ajudava-a contar quantos pontos havia feito, mostrando os seus
dedos para a criança contar. Das doze crianças que participaram, sete
conseguiram somar pontos e cinco não.
Na última atividade, a professora apagou a luz, e cada criança
ficou com o seu tapete, espalhadas pelo espaço. Mandou que todas
deitassem sobre os tapetes fechando os olhos e pensassem em alguma
coisa bem gostosa, enquanto a música tocava. Logo em seguida, pediu
para que todas sentassem bem devagarinho, e com uma música bem
coma de fundo, comandou alguns exercícios de alongamento dos
membros superiores. Ela não contava o tempo de cada exercício, e
mudava-o aleatoriamente.
Unidades de significados:
I a. a dança do tapete em um espaço bem pequeno
1b. música utilizada para a atividade: disco da Xuxa
I c. ao parar a música as crianças tinham que sentar-se no tapete
1d. na 2' atividade, as crianças não ficavam mais em roda
I e. na última atividade, crianças espalhadas pelo espaço
I f. uma música bem calma ao fundo
1g. ela não contava o tempo de cada exercício de alongamento, e
mudava-o aleatoriamente
Reducão:
I A= 1I a+ I d+I e) atividades com espaços diferentes
1B= 1I b+ lf) utilização de músicas para duas atividades
28
l C= (l c) ao parar a música as crianças tinham que sentar-se no tapete
l D= (I g) ela não contava o tempo de cada exercício de alongamento e
mudava-o aleatoriamente
-+ Entrevista descritiva:
A professora declarou que faz um planejamento anual e
procura utilizá-lo nas aulas de Educação Física, como um reforço para os
conteúdos dados em sala de aula. Como exemplo, se os alunos estão
aprendendo cores, ela procura oferecer atividades que contemplem esse
aprendizado.
Dentro do planejamento, o conteúdo refere-se à coordenação
motora e à socialização, e algumas vezes à ginástica, aplicando exercícios
de polichinelos, corridas, alongamento e outros para cansá-los ou "gastar
as energias das crianças".
Ela não se utiliza muito da roda cantada e nem de atividades
rítmicas, porque a professora de música já os aplica. Nas suas aulas, a
música só tem o papel de alegrar. Émuito raro utilizar-se de um instrumento,
palmas ou a própria voz para produzir um som durante as atividades, para
ajudar na compreensão do movimento, e quanto a percepção espacial,
não trabalha muito, porque a escola não tem muito espaço para oferecer.
Unidades de significados:
la. no planejamento, o conteúdo refere-se à coordenação motora, à
socialização e à ginástica
l b. não se utiliza muito da roda cantada
l c. nem de atividades rítmicas
l d. a música só tem o papel de alegrar
l e. é raro utilizar-se de um instrumento, palmas ou a própria voz para
produzir um som, que possa ajudar na compreensão do movimento
l f. quanto à percepção espacial, não trabalha
29
Redução:
1A~ (1 a+1b) no planejamento, o conteúdo refere-se à coordenação
motora, à socialização e à ginástica, e não se utiliza da roda cantada
1B~ (1 d) a música só tem o papel de alegrar
1c~ (l e) é raro utilizar-se de um instrumento, palmas, ou a própria voz para
produzir um som, que possa ajudar na compreensão do movimento
1o~ (1 f+ 1c) não trabalha com a percepção espacial e nem atividades
rítmicas
Escola n• 2 (educação infantil)- aula de Educação Física com a
professora de sala.
-+ Observações descritivas:
A professora começou a aula com as crianças em roda,
ordenou um alongamento com exercícios para os membros superiores e
inferiores, falando a palavra "troca" a cada mudança de exercício. Depois
ela começou a correr por todo o espaço, subindo e descendo a escada,
fazendo zigue-zague em círculo, e as crianças correndo atrás em coluna.
Na outra atividade, utilizando-se de todo o espaço possível,
ela dividiu as crianças em duplas, formando duas fileiras que se
defrontavam-se a numa distânda pequena. Cada dupla tinha uma bola
de plástico, que era jogada para a outra criança da sua frente
sucessivamente sem parar. Ao apito da professora, as crianças das duas
fileiras davam um passo para trás, até que todas as crianças encostassem
na parede.
Na outra atividade, as crianças continuavam com as mesmas
duplas, fazendo troca de passes com as mãos, deslocando-se até chegar
perto da parede. Ela fez com que as duplas fossem trocando passes e
30
voltassem sem trocar, repetindo duas vezes, e depois tez com que as
duplas trocassem passes na ida e na volta.
A próxima atividade foi a do túnel bola. A professora dividiu a
sala em duas colunas, uma de meninos e outra de meninas, cada uma
com uma bola, A primeira criança de cada coluna tinha que passar a bola
para a de trás, que fazia a mesma coisa, até que a bola chegasse na última
criança, que deveria correr até à frente para iniciar o novo ciclo. Ganhava
a coluna que conseguisse primeiro voltar à formação inicial. A professora,
durante a atividade, ficava dizendo: "vai, passa, passa rápido, abre as
pernas".
A última atividade foi uma cobra-cega diferente. As crianças
ficavam em roda, e uma criança no meio com os olhos vendados. Elas
ficavam rodando em volta dessa criança, até que, num determinado
momento, a professora parava a roda dizendo a palavra "pára", e todas
deveriam bater três palmas juntas seguidas, e não podiam sair do lugar. A
criança que estava no meio, e com os olhos vendados escutando as
palmas, deveria sair procurando um amigo para tentar reconhecê-lo.
Conseguindo, invertia-se a posição até que lodos as crianças fossem uma
vez no centro da roda.
Unidades de significados:
2a. crianças em roda
2b. falando a palavra "troca" a cada mudança de exercício no
alongamento
2c. correr por todo o espaço, subindo e descendo escada, fazendo zigue-
zague, em círculo
2d. outra atividade, utilizando-se de todo espaço possível
2e. duas fileiras que se defrontavam numa distância pequena
31
2f. ao apito da professora, as crianças das duas fileiras davam um passo
para trás
2g. fazendo troca de passes com as mãos, deslocando-se
2h. a professora, durante a atividade, ficava dizendo: "vai, passa, passa
rápido e abre as pernas"
2i. num determinado momento, a professora parava a roda dizendo a
palavra "pára"
2j. todas deveriam bater três palmas juntas seguidas
21. escutando as palmas, deveria sair procurando um amigo
Redução:
2A= (2a+2c+2d+2e+2g) 1n1c1a o trabalho em roda e aos poucos va1
ampliando o espaço a ser trabalhado pelas crianças
2B= (2f) ao som de um apito as crianças das duas fileiras davam um passo
para trás
2C= (2b+2h+2i) a professora, através de palavras, acelera o ritmo de
movimento das crianças, freia o movimento da roda e muda de exercício
no alongamento
2D= (2j+21) todas deveriam bater três palmas juntas seguidas e, escutando
as palmas, deveria sair procurando um amigo
-t Entrevista descritiva:
O planejamento das aulas é feito mensalmente, e tem como
conteúdo o trabalho de uma capacidade motora diferente em cada mês,
como equilíbrio, coordenação motora, percepção auditivq visual, e
também recreação.
A professora não se utiliza muito da atividade rítmica, porque
sua intuição diz que os meninos não vão gostar, mas pode ser que um dia
venha trabalhar com essa atividade. Às vezes, ela utiliza-se de música nas
suas aulas. mas sempre como "pano de fundo" para as atividades.
32
Quando ela utiliza algum material em sua aula, primeiro mostra
às crianças o que o material pode fazer, depois deixa a criança explorá-lo.
Mostra qual o movimento que elas devem fazer, e quando sente que elas
não compreenderam, utiliza-se de algum instrumento( apito e tambor) ou
através de palmas, ou a própria voz para favorecer a percepção do
movimento. Segundo essa professora, o trabalho com a percepção
espacial acontece quando ela varia o local das aulas de Educação Física.
Unidades de significados:
2a. no planejamento, o conteúdo é o trabalho de uma capacidade
motora diferente em cada mês e recreação
2b. não se utiliza muito da atividade rítmica
2c. utiliza música como pano de fundo em suas aulas
2d. utiliza-se de algum instrumento ou palmas, ou a própria voz para
favorecer a percepção do movimento
2e. o trabalho com a percepção espacial acontece quando ela varia o
local das aulas
Redução:
2A= (2a+2b) no planejamento, o conteúdo reduz-se na capacidade
motora e recreação, e não trabalha com atividades rítmicas
2B= (2c) utiliza a música como pano de fundo
2C= (2d) utiliza algum instrumento ou palmas, ou a própria voz para
favorecer a percepção do movimento
2D= (2e) trabalho de percepção espacial acontece com a variação do
local da aula
Escola n• 3 (educação infantil)- aula de Educação Física com
professora especializada.
33
-+Observações descritivas:
A primeira atividade foi um pega-pega simples, onde quem era
pego virava pegador, e o espaço para correr era somente o limitado para
as aulas de Educação Física.
Na segunda atividade, a professora pediu para que as
crianças formassem uma coluna na frente de um colchão, onde, uma por
uma com a ajuda dela fizeram um rolamento. Com o mesmo material e a
mesma formação, ela deu a mão de uma em uma para que andassem em
cima do colchão.
Na outra atividade, ela fez as crianças escolherem uma bola
cada, e formou uma coluna, a uma certa distância de um mini-gol. Cada
criança deveria chutar para o gol com o pé direito. Depois ela fez três
marcas de pênalti para que as crianças fossem chutando com o pé direito
em cada uma delas, à medida que conseguiam acertar o chute na marca
em que estava. ( repetiu a mesma atividade com o pé esquerdo)
Na próxima atividade, a professora segurava um arco a uma
altura de 1 metro e meio perto da parede, e as crianças em posse de uma
bolinha de tênis, tinham que acertá-la dentro do arco a uma distância
marcada, lançando-a com a mão direita e depois com a mão esquerda.
Na última atividade, realizou um alongamento dos membros
superiores e inferiores; ela comandava o tempo do exercício, contando até
1Opara mudá-lo.
Unidades de significados:
3a. o espaço para correr era somente o limitado para as aulas de E.F.
3b. formou uma coluna, a uma certa distância do mini-gol
3c. tinham que acertar a bolinha dentro do arco, a uma distância marcada
3d. no alongamento, ela comandava o tempo do exercfcio, contando até
10 para mudá-lo
34
Redução:
3A= (3a+3b+3c) as atividades aconteciam com espaços limitados e
marcados
3B= (3d) no alongamento, ela comandava o tempo de exercício contando
até I Opara alterar
-+ Entrevista descritiva:
O planejamento da escola é anual, tendo como conteúdo os
movimentos naturais da criança, o andar, correr, saltar, rolar, lançar....Eia
procura nas suas atividades explorar bastante a percepção espacial.
No planejamento, a professora inclui atividades rítmicas mas
não as aplica, porque acha muito repetitivo, já que a escola oferece aulas
de balé e de música. Ela se utiliza bem pouco de música durante as suas
aulas, e não se utiliza de nenhum instrumento ou palmas, ou a própria voz
para ajudar na percepção do movimento.
Unidades de significados:
3a. o planejamento tem como conteúdo os movimentos naturais da
cnança
3b. procura nas atividades explorar bastante a percepção espacial
3c. o planejamento contém atividades rítmicas, mas não os aplica
3d. utiliza-se bem pouco de música nas suas aulas
3e. não se utiliza de nenhum instrumento ou palmas, ou a própria voz para
ajudar na percepção do movimento
Redução
3A= (3a+3c) o planejamento tem como conteúdo os movimentos naturais
e atividades rítmicas, mas esta não é aplicada
3B= (3b) nas atividades explora bastante a percepção espacial
3C= (3d) utiliza-se bem pouco de música
35
3D= (3e) não se utiliza de instrumento, palmas, ou a própria voz para ajudar
na percepção do movimento
Escola n• 4 (educação infantil)- aula de Educação Física com professor
especializado.
-+ Observações descritivas:
A aula foi realizada em uma mini-quadra de esporte. O
professor iniciou a aula com a atividade coelhinho sae da toca. Cada
criança em uma toca, na forma de um círculo marcado no chão, e uma
criança sem círculo determinado andando pelos espaços que sobram. Ao
apito do professor, as crianças deveriam trocar de círculo, e a que estava
sem deveria entrar em um. Quem ficava sem casa tinha que dançar uma
música ou imitar um bicho.
Para outra atividade o professor manteve os mesmos espaços
da 1°, entretanto aplicou um pega-pega, na primeira vez com um só
pegador, onde a criança que foi pega virava pegador e, na segunda vez,
ele fez pega-pega ajuda, onde quem fosse pego ajudava o pegador.
Na última atividade o professor ensinou a roda-cantada torce-
retorce; primeiro ele falou as frases da música para as crianças, depois
mostrou a melodia juntamente com os gestos que a acompanhavam. As
crianças faziam os gestos e não cqntavam. Ele ia ensinar outra música para
as crianças, mas não o fez, pois estavam muito agitadas naquele dia.
Unidades de significados:
4a. uma criança sem círculo determinado andando pelos espaços que
sobram
4b. ao apito as crianças deveriam trocar de círculo, e aquela que estava
sem deveria entrar em um
36
4c. na segunda atividade o professor manteve os mesmos espaços da
pnme1ra
4d. ensinou a roda cantada torce-retorce, mostrando primeiro as frases e
depois a melodia com os gestos que a acompanhavam
Redução:
4A= (4a+4c) utilização do mesmo espaço para as duas atividades
4B= 14b) ao som de um apito uma criança deveria entrar num círculo,
enquanto as outras trocavam
4C= (4d) para ensinar a roda cantada, mostrou pnme~ro as frases da
música e depois a melodia com os gestos
-+ Entrevista descritiva:
O planejamento é feito anualmente, e tem como conteúdo as
capacidades físicas e recreação. Como qualidades físicas o professor
entende realizar um trabalho de coordenação motora e esquema
corporal.
Ele procura identificar onde a criança tem mais dificuldade e
trabalhar junto, apoiando-a para que ela possa vencê-la.
Ele trabalha muita roda cantada no final da aula, para
proporcionar uma volta à calma para as crianças. Procura também
trabalhar com a percepção espaço/temporal. e para isso utiliza-se do
tambor, apito ou palmas, ou a própria voz para que as crianças percebam
o movimento a ser realizado
Unidades de significados:
4a. o planejamento tem como conteúdo trabalhar a coordenação motora.
esquema corporal e recreação
4b. trabalha muita roda cantada no final da aula
4c. procura trabalhar com percepção espaço/temporal
37
4d. utiliza-se do tambor, apito ou palmas, ou a própria voz para que as
crianças percebam o movimento a ser realizado.
Redução
4A= (4a+4b) o planejamento tem como conteúdo a coordenação motora,
esquema corporal. recreação e trabalha com rodas cantadas
4B= (4c) trabalha com percepção espaço/temporal
4C= (4d) utiliza algum instrumento ou palmas, ou a própria voz para a
percepção de movimentos
Escola n• 5 (ensino fundamental)- aula de Educação Física com
professora especializada.
-+Observações descritivas:
A aula para a 4' série aconteceu em uma mini-quadra de vôlei,
na qual só participaram as meninas porque os meninos tém aula separada.
A professora pediu para a sala se organizar em grupos de seis, enquanto
ela marcava com giz a quadra dos dois lados com os números de I a 6. Ela
marcou o espaço em que cada jogadora tinha que ficar durante o jogo:
fez isso porque nesse dia ia ensinar o rodízio nesse esporte.
Para ensinar as regras do jogo, a professora poSICionou dois
times na quadra e passou a explicá-las:
• o jogo tem início com a jogadora que está localizada no espaço no 5,
que realiza um passe ( lança a bola com as duas mãos) para alguém do
seu time
• o último passe precisa ser leito por uma jogadora que esteja no n• I, 2 ou
3
• para passar a bola para o outro lado, o time precisa realizar três passes
entre si
38
o cada vez que um time passa a bola para o outro lado da rede precisa
rodar, seguindo os números escritos no chão
o o jogo acaba quando um time conseguir fazer cinco pontos primeiro
A professora explicava que elas podiam se movimentar perto
do seu número, não precisavam ficar paradas em cima do número,
podiam dar um passo para frente, para atrás ou para os lados.
Para elas não esqueceram de rodar, a professora começou a
bater duas palmas seguidas, fazendo o som "tá/tá", e também pedia para
o time todo falar a palavra "roda", assim que realizavam o terceiro passe.
Quando alguma coisa saía errada, a professora parava o jogo
e pedia para a classe explicar o que tinha acontecido. Ela fazia isso para
que as meninas que não estavam jogando prestassem atenção. Além
disso, ela sempre instigava os times para pensarem em alguma estratégia
para fazer ponto.
No início da aula, os times estavam fazendo passes lentos e na
hora de rodar aconteciam muitas trombadas.
Antes de chegar nesse jogo, a professora disse que foi feito um
trabalho com outros materiais, como bexiga, bola de tênis, de borracha e
outras, para que as alunas pudessem vivenciar o lançar e o rebater.
Unidades de significados:
5o. marcou o espaço em que cada jogadora tinha que ficar
5b. podiam se movimentar perto do seu número
5c. podiam dar um passo para frente, para trás ou para os lados
5d. para não esquecerem de rodar, a professora começou a bater duas
palmas seguidas, fazendo o som 11
tá/tá"
Se. o time todo fala a palavra 11
rodd1
, ass1m que realizavam o terceiro
passe
51. os times estavam fazendo passes lentos
39
5g. na hora de rodar aconteciam muitas trombadas
Redução:
5A= (5a+5b+5c) cada jogadora tinha o seu espaço, no qual podia
movimentar-se para frente, para trás e para os lados
5B= (5d) para não esquecerem de rodar, a professora batia duas palmas
seguidas
5C= (5f+5g) os times faziam passes lentos e na hora de rodar aconteciam
muitas trombadas
5D= (Se) todo o time falava a palavra "roda"
-+ Entrevista descritiva:
Para a 4' série, segundo o planejamento, são dados no 1o
semestre o vôlei e o futebol, e no 2°, o basquete e o handebol. A professora
esclareceu que o objetivo da aula não é o esporte em si, mas realizar um
trabalho de fundamentação para o esporte, priorizando em um 1° plano as
capacidades motoras como agilidade, coordenação, destreza e equilíbrio.
Para isso ela utiliza-se de vários materiais nas aulas, desde os mais
tradicionais chegando aos alternativos. Como 2° plano, priorizo alguns
fundamentos esportivos das modalidades, aplicando jogos pré-
desportivos.
Ao trabalhar o equilíbrio com o banco sueco invertido e na
posição normal, ela propõe para as alunas como podem passar pelos
bancos, deixando sempre uns minutos de exploração do material, mas em
algumas aulas, por exemplo, ela coloca uma música que lenha urna batida
de um tempo forte para que as alunas possam bater o pé em cima do
banco naquele instante. Quando a aluna não consegue realizar o
movimento, ela interfere dizendo algumas palavras ou batendo palmas
para a percepção do movimento ficar mais evidente.
40
A professora afirmou que utiliza muita música nas suas aulas
para que as alunas criem coreografias, movimentos com materiais
alternativos, e sempre toma o cuidado para que a música não fique de
pano de fundo aos movimentos. Ela procura fazer com que as alunas
sintam o movimento dentro do tempo da música e afirma que é muito
gratificante e valioso realizar atividades rítmicas.
Quanto à percepção espacial, inclui em suas aulas o trabalho
com atividades que provoquem essa noção, como por exemplo o banco
sueco, cria caminhos com ele invertido e na posição normal, para que as
alunas sintam a mudança de espaço que um tem e o outro também, além
de que, quando possível. limita o espaço de uma atividade e depois o
aumenta, ou vai aumentando gradativamente os espaços de uma
atividade, como um simples pega-pega.
A professora disse que está sempre preocupada com as
questões do ritmo em suas aulas e quando pode procura utilizá-lo de
maneira específica nas atividades.
Unidades de significados:
5a. segundo o planejamento são dados o vôlei, futebol, basquete e o
handebol, priorizando em um l' plano as capacidades motoras, como
agilidade, coordenação, destreza e equilíbrio
5b. coloca uma música que tenha uma batida de um tempo forte para que
as alunas possam bater o pé cima do banco naquele instante
5c. ela interfere com alguma palavra ou batendo palmas para a
percepção do movimento ficar evidente
5d. utiliza muita música nas suas aulas
5e. é muito gratificante e valioso realizar atividades ritmicas
5f. cria caminhos com o banco sueco invertido e na posição normal, para
que as alunas sintam a mudança de espaço
41
5g. limita o espaço e depois o aumenta, ou vai aumentando
gradativamente os espaços de uma atividade
5h. sempre preocupada com as questões do ritmo em suas aulas
5i. procura utilizá-lo de maneira específica nas atividades
Redução:
5A= (5a) no planejamento os conteúdos são o vôlei, futebol, basquete e
handebol, e as capacidades motoras presentes são a agilidade,
coordenação, destreza e equilíbrio
5B= (5b+5c) para percepção do movimento, utiliza-se de uma música com
um tempo forte ou intertere com palavras ou palmas
5C= (5f+5g) para a percepção espacial cria caminhos com o banco sueco
em várias posições, limita o espaço e depois vai aumentando
gradativamente durante a atividade
5D= (5e+5h+5i) preocupa-se com as questões do ritmo e procura utilizá-lo
de maneira específica nas suas atividades, demonstrando ser gratificante e
valioso realizar atividades rítmicas
5E= (5d) utiliza muita música em sua aula
Escola n• 6 (ensino fundamental)- aula de Educação Física com
professora especializada.
-+ Observações descritivas:
A aula desenvolveu-se em duas partes, sendo que a primeira
realizou-se na quadra esportiva. Na primeira atividade com os alunos em
formação de roda, a professora iniciou o alongamento dos membros
supenores e inferiores; ela contava o tempo do exercício até oito para
mudá-lo. Depois, ela mandou que os alunos corressem em volta da quadra,
e aqueles que não pudessem correr andavam. Ela não impôs nenhum ritmo
para a corrida ou caminhada.
42
Para ens1nar o drible do basquetebol, utilizou a metade da
quadra de handebol. Dividiu a sala em duas colunas, uma de meninas e
outra de meninos, e na frente de cada uma havia quatro cones com um
espaço entre eles. Cada aluno deveria ir driblando ao seu ritmo só com a
mão direita pelos cones e voltar pelo lado de fora andando ao seu modo,
segurando a bola (repetiu 2 vezes). Fez a mesma coisa só que com a mão
esquerda (repetiu 2 vezes).
Para a outra atividade, ela utilizou o mesmo espaço descrito
acima, porém, agora as colunas ficaram mistas: um menino intercalado
com uma menina. Ela propôs uma competição entre as duas colunas,
onde cada aluno deveria ir e voltar driblando pelos cones com qualquer
uma das mãos. Os alunos ficavam gritando o nome de quem estava
fazendo e falavam para "ir mais depressa, mais rápido e vem logo". A
competição teve três partidas sendo que a 2' coluna ganhou de 2al.
A segunda parte da aula transcorreu no campo de futebol,
porque a escola possui apenas uma quadra de esporte, e a 5' série iria
lazer aula de Educação Física. No campo de futebol, a professora propôs o
jogo pie-bandeira, mas a classe não queria fazer, os alunos diziam que
estavam cansados de fazer isto1 que ((sempre era esse jogo
11
e que
11
toda
aula só era essa atividade". Então, para não criar confusão, a professora
ficou discutindo o porquê deles não quererem fazer aquele jogo, e ao
mesmo tempo ficava pedindo sugestões de quais eles desejavam.
A sugestão foi dada pela professora, que falou sobre o jogo do
sim e do não. Ela utilizou o campo de futebol inteiro, formou duas fileiras no
meio do campo, uma de costas para a outra. A do seu lado esquerdo era
a equipe do sim e do lado direito era a do não. Quando a professora
perguntava alguma coisa que tinha como resposta o sim, a equipe do sim
deveria virar e sair correndo para pegar a outra equipe que deveria sair
43
correndo até a linha da grande área, onde ficavam salvos e assim vice-
versa. As perguntas foram sobre matemática, geografia. história e
conhecimentos gerais.
Unidades de significados:
6a. alunos em formação de roda
6b. alongamento ela contava o tempo do exercício até oito para mudá-lo
6c. não impôs nenhum ritmo para a corrida ou caminhada
6d. para ensinar o drible do basquetebol, utilizou metade da quadra de
handebol
6e. ir driblando ao seu ritmo
6f. voltar pelo lado de fora andando ao seu modo
6g. para a outra atividade, ela utilizou o mesmo espaço
6h. os alunos falavam para "ir mais depressa, mais rápido e vem logo"
6i. utilizou o campo de futebol inteiro
Redução:
6A~ (6a+6d+6g+6i) repetiu o mesmo espaço em duas atividades seguidas,
com formações diferentes, só depois alterou o espaço
6B~ (6c+6e+6f) não impôs nenhum ritmo às atividades
6C~ (6b) ela comandava, no alongamento, o tempo do exercício,
contando até oito para mudá-lo
60= (6h) os alunos, em competição, participavam acelerando os
movimentos dos colegas
-+ Entrevista descritiva:
Para a 4' série o conteúdo do planejamento é o esporte, onde
são ensinados os fundamentos das modalidades esportivas basquete,
handebol e futebol. O vôlei não é ensinado porque, para a professora,
exige-se muita habilidade dos alunos para aprendê-lo.
44
Ela procura trabalhar com as capacidades motoras como
coordenação, agilidade, destreza e equilíbrio, através de grandes jogos e
com a utilização de materiais.
Em nenhuma aula utilizou-se de música ou atividades rítmicas.
Em todas as atividades, ela não impõe um ritmo externo através de palmas.
ou de som com algum instrumento, ou com a própria voz, para interferir no
movimento do aluno e para sua melhor percepção, pois, segundo a
professora, os alunos não gostam "que fique impondo ou forçando para
eles fazerem".
A professora afirmou que não trabalha com noções de espaço
em suas atividades porque a escola é um pouco restrita nessa questão.
Unidades de significados:
6a. o conteúdo do planejamento é o esporte
6b. procura trabalhar com as capacidades motoras como coordenação,
agilidade, destreza e equilíbrio
6c. em nenhuma aula utilizou-se de música
6d. nem utilizou-se de atividades rítmicas
6e. não impõe um ritmo externo através de palmas ou de som com algum
instrumento, ou com a própria voz, para interferir no movimento do aluno e
para sua melhor percepção
61. não trabalha com noções de espaço porque a escola é um pouco
restrita a esse assunto
Redução:
6A= (6a+6b) no planejamento o conteúdo é o esporte, e trabalha com as
capacidades motoras como coordenação, agilidade, destreza e equilíbrio
6B= (6d+6f) não trabalha corn atividades rítmicas e nem com noções de
espaço
45
6C= (6c+6e) não se utiliza de nenhum instrumento, ou de palmas, ou da
própria voz para interferir na percepção do movimento para ajudar o seu
aluno
Escola n• 7 ( enSino fundamental)- aula de Educação Física com
professor especializado.
-+Observações descritivas:
Na aula observada o professor trabalhou com o material
bastão com a 4" série. Os alunos ficaram conhecendo o material e, em
posse dele, tinham que atravessar o espaço de meia quadra de handebol
equilibrando-o das mais variadas formas. O professor, algumas vezes,
falava para seus alunos atravessarem mais rápido, dizendo "vai mais
rápido11
•
Na segunda atividade, o professor continuou u!Hizando o
mesmo espaço anterior e seus alunos ficavam andando de cavalinho com
o bastão, e quando o professor apitava uma vez, eles tinham que soltar o
bastão no chão e sair correndo pelo espaço. Quando o professor apitava
duas vezes seguidas, eles deveriam pegar qualquer bastão e voltar a
andarem de cavalinho. Para variar, o professor ia tirando um bastão a
cada vez que apitava. Portanto, um aluno acabava ficando sem o bastão,
mas não saia da atividade. Ele ficava esperando a oportun'1dade para
poder pegar um bastão.
Na terceira atividade, o professor colocou os alunos em uma
roda bem aberta onde ficavam segurando o bastão da maneira mais
conveniente para cada um ( de pé, sentado, ajoelhado, com o bastão na
horizontal, inclinado ou na vertical). Todos os alunos, um a um, 1am
passando pelos amigos, correndo e pulando o seu bastão. O professor
cronometrava o tempo de cada aluno ao percorrer a roda com os
46
obstáculos nas mais diferentes posições, e ganhava quem fizesse o
caminho no menor tempo possível.
Na quarta atividade, as crianças fizeram uma roda com um
diametro menor que a anterior. O bastão ficava na vertical à frente do
corpo de cada um. Quando o professor apitava uma vez eles deveriam
soltar o bastão e pegar o da sua direita. Ficou um bom tempo para esse
lado, depois para a esquerda com o som de um apito também. Para variar,
o professor mostrava com a mão um número, onde o 1 era para girar a
direita e o 2 era para a esquerda.
Na última atividade, as crianças abriram uma roda maior que
as anteriores, e colocaram o bastão no chão à frente de cada um. Um por
vez sendo que o primeiro começava sem o bastão. Então, o aluno ia
pulando os bastões, no sentido horário, quando ouvisse um apito, ele
deveria parar na frente do último bastão que pulou e passar por debaixo
das pernas do amigo. Feito isso, ele deveria pegar o bastão desse amigo e
voltar para o seu lugar pulando os bastões ,no sentido anti-horário, e voltar
pulando com um só pé para o seu lugar.
Unidades de significados:
la. atravessar o espaço de meia quadra de handebol
7b. o professor falava para seus alunos atravessarem mais rápido, dizendo
"vai mais rápido"
7c. ele apitava uma vez, eles tinham que soltar o bastão no chão e sair
correndo
7d. ele apitava duas vezes seguidas, eles deveriam pegar qualquer bastão
e voltar a andarem de cavalinho
le. alunos em uma roda bem aberta
7f. percorrer a roda com os obstáculos nas mais diferentes posições
7g. as crianças fizeram uma roda com um diâmetro menor que a anterior
47
lh. apitava uma vez, eles deveriam soltar o seu bastão e pegar 0 da sua
direita
li. para a esquerda com o som de um apito também
lj. o I era para girar à direita e o 2 era para a esquerda
li. abriram a roda maior que as anteriores
lm. ia pulando os bastões no sentido horário
ln. quando ouvisse um apito deveria parar na frente do último bastão que
pulou e passar por debaixo das pernas do amigo
lo. e voltar para o seu lugar pulando os bastões, no sentido anti-horário
Redução:
lA= (la+7e+7g+71) atravessar meia quadra de handebol e formação de
três tipos de rodas com diâmetros diferentes
7B= (7c+7d+7h+7i+7n) ao som de um apito, os alunos tinham que soltar o
bastão e sair correndo, e pegar o da sua direita, depois o da esquerda
também, parar na frente do último bastão havia pulado e passar por
debaixo das pernas do amigo. Quando apitava duas vezes seguidas eles
deveriam pegar um bastão e voltar a andarem de cavalinho
7C= (7f+7m+7o) percorrer a roda com os obstáculos nas mais diferentes
posições, pulando os bastões no sentido horário e voltar para o seu lugar
pulando os bastões no sentido anti-horário
70= (7b) o professor pede para seus alunos atravessarem mais rápido
7E= (7j) o I era para girar à direita e o 2 era para a esquerda
... Entrevista descritiva:
Para a 4" série, no planejamento, o conteúdo a ser trabalhado
é o esquema corporal, noções de espaço/tempo, recreação e iniciação
esportiva. O professor disse que começa a ser ensinado um pouco das
regras e dos fundamentos do vôlei, basquete, handebol, futebol e
atletismo.
48
A ginástica é um conteúdo trabalhado com as meninas, mas
ele afirmou que procura, quando pode, trabalhar com alguns elementos e
materiais específicos da ginástica nas suas aulas. Ele se utiliza bastante da
música em suas aulas, principalmente para criar jogos em cima dela,
buscando desenvolver as noções de espaço/tempo e esquema corporal
Segundo o professor, o ritmo é utilizado em suas aulas como
um elemento coadjuvante para a iniciação esportiva. Através dele pode
ensinar o drible, o tempo de batida da bola, como desarmar o adversário e
outras coisas.
Para a 4' série também se realiza teatro e mini torneio. Ele não
realiza muitas atividades rítmicas em suas aulas porque a escola, por ser
particular, acaba exigindo muitas atividades extras como gincanas,
campeonatos e apresentações.
Unidades de significados:
la. no planejamento o conteúdo a ser trabalhado é o esquema corporal,
noções de espaço/tempo recreação e iniciação esportiva
lb. utiliza-se bastante da música em suas aulas
lc. criar jogos em cima dela, buscando desenvolver as noções de
espaço/tempo e esquema corporal
ld. o ritmo é utilizado como um elemento coadjuvante para rnrcração
esportiva
7e, ele não realiza muitas atividades rítmicas em suas aulas
Redução:
lA~ (la+7e) no planejamento o conteúdo é o esquema corporal, noções
de espaço/tempo, recreação e iniciação esportiva, não realizando muitas
atividades rítmicas em suas aulas
lB~ (lb) utiliza-se da música em suas aulas
49
7C= desenvolve as noções de espaço/tempo e esquema corporal através
de jogos com músicas
70= (7c) o ritmo é utilizado como um elemento coadjuvante para iniciação
esportiva
Escola n• 8 (ensino fundamental)- aula de Educação Física com
professora especializada.
-+ Observações descrilivqs:
A aula foi dividida em duas partes, e na primeira delas a
professora começou com um pega-pego corrente por todo espaço da
quadro. Um aluno começava como pegador e quem ele fosse pegando ia
formando, a partir dele, uma corrente de mãos dadas para ajudar a pegar
os demais alunos.
Depois ela dividiu a classe em cinco colunas no final da
quadra de handebol. Cada coluna tinha em posse uma bola de basquete,
onde um aluno por vez, de cada coluna tinha que ir driblando com a mão
direita até a outra linha da quadra de handebol, e voltar fazendo a mesma
coisa. Foi feito também com a mão esquerda e paro alguns alunos ela dizia
"acelera, acelera a batido e não olha para o chão".
A outra atividade os alunos continuavam no mesma posição, e
tinham que ir driblando protegendo o bola com a outra mão (posição de
defeso) até o final da quadra de handebol. Ela deixou livre para os alunos
escolherem com qual mão queriam defender e driblar, e em muitos alunos
teve que corrigir o movimento: ela demonstrava o movimento novamente
para quem não estava conseguindo, e ficava dizendo "flexiono mais a
perna, coloca o braço na frente do corpo".
Na outra atividade, as cinco colunas foram reduzidas a duas,
que ficavam se defrontando. Saíam um aluno de cada coluna juntos e
50
trocavam passes de peito, se deslocando até a outra linha da quadra de
handebol. Para alguns alunos que não conseguiam acertar o passe com o
deslocamento, a professora comandava dizendo para '1
abrir e fechar as
pernas e quando abrir as pernas realizar o passe".
Na segunda parte da aula, a professora realizou um jogo de
handebol, porque há uma semana, ela havia finalizado os fundamentos
dessa modalidade, e os alunos queriam jogar mais um pouco. Ela encostou
todos na parede e começou a escolher os times, onde formou dois times
femininos e dois masculinos.
O primeiro jogo foi menina X menina, elas erravam muito as
trocas de passes, a bola ficava mais fora do que no jogo, e só as que
tinham mais coordenação pegavam na bola. No jogo dos meninos, os
passes eram trocados rapidamente , faziam jogadas e a bola dificilmente
ia para fora.
Unidades de significados:
8a. pega-pega corrente por todo espaço da quadra
8b. cinco colunas no final da quadra de handebol
Se. ir driblando até a outra linha da quadra de handebol
8d. ela dizia "acelera, acelera a batida e não olha para o chão"
8e. dizendo "flexiono mais a perna, coloca o braço na frente do corpo"
8f. as cinco colunas foram reduzidas a duas
8g. passes de peito, se deslocando até a outra linha da quadra de
handebol
8h. comandava dizendo para "abrir e fechar as pernas e quando abrir as
pernas realizar o passe"
Si. erravam muito as trocas de passes, a bola ficava mais fora do que no
jogo
51
8j. os passes eram trocados rapidamente, faziam jogadas e a bola
dificilmente ia para fora
Redução:
8A= (8a+8b+8f) atividade usando todo espaço da quadra, com formações
variadas
8B= (8c+8g) dribles e passes com deslocamentos usando a quadra de
handebol toda
8C= (8d+8e+8h) comandava os exercícios solicitando que acelerassem
realizando os passes
80= (8i+8j} um dos jogos realizados o ritmo de jogo era lento, em outro,
fizeram um jogo bem rápido
-+ Entrevista descritiva:
Para a 4' série, o planejamento tem como conteúdo a
recreação e os esportes, sendo no l' semestre o basquete e o handebol, e
no 2', o vôlei somente, porque, segundo a professora, exige-se muito tempo
para ser ensinado, e a recreação entra para intercalar os esportes, para
não ficar enjoativo e com o objetivo de socializar a criança.
Ao ensinar os fundamentos do esporte, às vezes ela se utiliza de
algum instrumento como o apito, tambor, ou através de palmas, ou da
própria voz para comandar o movimento, e para ajudar na percepção do
aluno. Citou como exemplo disso ao trabalhar com as passadas do
handebol.
Como a escola possui uma sala de ginástica com espelho,
colchões, som e alguns aparelhos específicos, ela a utiliza realizando um
trabalho com esses materiais para a recreação. E para esse tipo de aula
utiliza a música fazendo com que os alunos sintam o seu tempo em
harmonia com os movimentos que estão realizando. Também deixa eles
criarem coreografias em cima das músicas.
52
A professora não trabalha com atividades rítmicas com a 4'
série, pois nessa fase já não aceitam mais esse tipo de atividade, mas
sempre que pode utiliza o ritmo para ensinar as modalidades esportivas
durante as aulas. Quanto à percepção espacial, ela disse que a utiliza
quando está aplicando os grandes jogos com a classe.
Unidades de significados:
Sa. no planejamento o conteúdo é a recreação e os esportes
8b. para comandar o movimento e ajudar na percepção do aluno, ela se
utiliza de algum instrumento, apito ou tambor, palmas ou a própria voz
Se. utiliza a música fazendo com que os alunos sintam o seu tempo em
harmonia com os movimentos
8d. não trabalha com atividades rítmicas
Se. o ritmo é utilizado para ensinar as modalidades esportivas em suas aulas
Sf. percepção espacial ela utiliza-a quando esta aplicando os grandes
jogos
Redução:
8A= {Sa+ Sd) no planejamento, o conteúdo é a recreação e o esporte, e
não trabalha com atividades rítmicas
SB= {Sb) utiliza algum instrumento, palmas ou a própria voz para comandar
o movimento, e ajudar na percepção do aluno
BC= (Se) utiliza a música fazendo o aluno sentir o seu tempo em harmonia
com os movimentos
SD= (Sd) o ritmo é utilizado para ensinar as modalidades esportivas
SE= (81) os grandes jogos exercitam a percepção espacial
4.2) A ELABORAÇÃO DE CATEGORIAS:
• a partir de uma redução das unidades encontradas nas observações
53
As categorias foram criadas a partir das reduções das unidades de
significados de cada descrições das oitos aulas observadas pela
pesquisadora. Cada categoria será representada por um número romano,
que identitica a soma das unidades ou apenas uma unidade.
Foram levantadas as seguintes categorias:
I. {3B+6C) : utilização de uma contagem numérica para comandar o
alongamento;
11. (2C+6D+7D+8C+5D) o movimento é comandado com o auxílio de
palavras;
111. (I B+I C+2B+4B+7B) utilização de um instrumento sonoro durante a
atividade;
IV.(2D+5B): o movimento é comandado por palmas;
V. (3A+4A+5A): atividades desenvolvidas em espaços lixos e limitados;
VI.(IA+2A+6A+7A+8A): atividades desenvolvidas em espaços variados sem
restrição;
VII.(7C+ 7E+8B) atividades com mudança de direção e variação de
espaço;
VIII.(5C+8D) :presença de ritmo de jogo nas modalidades esportivas;
IX.(6B): não utilização de um ritmo externo durante as atividades;
X.(4C): decomposição de uma atividade rítmica.
• a partir de uma redução das unidades encontradas nas entrevistas
Através das descrições das entrevistas com cada professor das oito
escolas, destacamos, através das unidades de significados, as idéias que
chamaram atenção para o observador. A partir delas, houve
primeiramente uma redução para depois serem levantadas as categorias,
analisadas posteriormente. Da mesma forma, serão identificadas pelos
números romanos:
54
I. {I B+2B+3C) : a música utilizada para alegrar ou como pano de fundo
para a atividade;
11. {5E+7B+8C) : a música utilizada como um instrumento didático e como
apoio para a percepção do movimento;
111. {2C+4C+5B+8B) : para ajudar o aluno na percepção do movimento o
professor se utiliza de algum instrumento, palmas ou a própria voz;
IV. {I C+30+6C) : não interfere na percepção de movimento do aluno de
nenhuma maneira;
V.{20+3B+4B+5C+7C+8E): durante as atividades propostas procura explorar
as noções de espaço;
VI. {70+80) : o ritmo é utilizado como um elemento coadjuvante para a
iniciação esportiva;
VIl. {I A+2A+3A+5A+6A+7A+8A+): no planejamento, atividades rítmicas não
fazem parte do conteúdo e na escola em que ele está presente no
planejamento, não é aplicado;
VIII. {4A+50) : no planejamento não faz parte do conteúdo as atividades
rítmicas, mas há uma preocupação com as questões do ritmo, trabalhando
também com rodas cantadas;
IX. (I 0+6B) : o professor não trabalha com atividades rítmicas e nem com
noções de espaços.
Seguindo o nosso caminhar, partiremos agora para a elaboração
das matrizes, sendo uma para as categorias das observações e outra para
as categorias das entrevistas. A construção dessas matrizes tem a
finalidade identificar, mais claramente, as divergências e as convergências
existentes.
Nas matrizes, as oito escolas serão representadas pelas letras EI,
E2.....E8 e as categorias elencadas em cada uma delas serão descritas de
maneira sintetizada. O próximo passo será apresentar as interpretações
55
pertencentes a cada uma das Matrizes que serão exibidas logo após a
Matriz correspondente.
4.3) A DESCOBERTA DA PRIMEIRA MATRIZ
El E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8
I. comando por uma contagem numérica X X
li. comando por palavras X X X X
III. comando_por um instrumento sonoro X X X X
IV. comando por palmas X X
V. nao exploração do espaço X X X
VI. exploraçao do espaço X X X X X
VII. vartaçao do espaço e de direçao X X
VIII. identificaçao de um ritmo de jogo X X
IX. nao identificação de um ritmo externo X
X. decomposiçao de uma atividade ritmica X
As categorias, que foram surgindo a partir das reduções das
unidades de significados das aulas observadas, em cada uma das oito
escolas, são as mais significativas segundo o meu olhar nesta pesquisa. A
intenção é verificar se em uma aula de Educação Física Infantil, o ritmo se
faz presente através das minhas observações.
Nessa primeira matriz, o maior grau de convergência está
representado pelos itens li e V. No primeiro, as escolas (E2,E6,E7,E8)
demonstraram durante a aula observada um comando de movimento por
palavras; no segundo, as escolas (EI ,E2,E6,E7,E8) apresentaram, durante as
atividades, uma exploração do espaço.
O item 11 chamou-me a atenção pelo fato do professor
comandar um movimento através de palavras, significa dizer que o
professor se utilizando-se da sua própria voz para produzir um som com
intuito de ajudar o seu aluno a executar os movimentos mais ritmados
durante a atividade.
56
O que aconteceu com as escolas nesse item foi surpreendente,
porque com o auxílio de palavras um som era produzido para ajudar na
realização do movimento. Ecomo na presença de um som nenhuma parte
do nosso corpo fica sem vibrar, sem se manifestar, podemos dizer que o
ritmo mostrou-se inerente à natureza do som.
Quanto ao item V, é interessante verificar que das oito escolas
observadas, cinco propiciaram nas suas aulas, atividades que permitiam
ao aluno desenvolver uma noção espacial. Isso ficava evidente dentro de
uma mesma atividade, ou na mudança de uma para outra.
Ainda vale destacar nessa matriz, a presença de duas
divergências significativas, sendo que a primeira aconteceu no item IX (E6)
e a segunda no item X (E4). Éinteressante analisar o item IX para comentar
que enquanto em uma escola durante a observação da aula, em nenhum
momento houve utilização de um ritmo externo para auxiliar no
movimento, principalmente, na primeira parte da aula, quando a
professora desenvolveu o drible do basquete com os seus alunos e, não se
utifizou de nenhum ritmo externo para sincronizar o ritmo do movimento
nessa atividade. Agora na escola E4 houve uma decomposição de uma
atividades rítmica, onde as frases de uma roda cantada foram ensinadas
anteriormente à sua melodia e gestos, criando assim uma sincronização
entre o ritmo e o movimento.
O número de aspectos levantados nessa categoria são
bastante significantes para tentar compreender como as questões do ritmo
estão sendo trabalhadas nas aulas de Educação Física Infantil. Portanto,
pretendo analisar ainda mais essa primeira matriz, buscando correlacionar
os aspectos apresentados e mostrar como essa questão vem sendo
trabalhada.
57
Para uma melhor compreensão das interpretações seria
coerente separar as onze categorias em três tipos de percepção, que são:
I. percepção temporal- I,II,III,IV
2. percepção espacial - V,VI,Vil
3. percepção rítmica- VIII,IX,X
A primeira apresenta o tempo em relação ao movimento, ou
seja, como o tempo se foz presente no movimento, não esquecendo que o
ritmo acontece dentro de um tempo, unindo o sentido auditivo com o
cinestésico. Ao analisar a Matriz percebemos que a escola n' 2 foi a que
mais trabalhou com a percepção temporal na sua aula, isto é foi a que
mais proporcionou ao seus alunos uma noção do tempo para a execução
do movimento.
Sendo assim, essa professora utilizou-se do ritmo para que suas
crianças realizassem um movimento a partir de um som, que era
identificado por um tempo produzido através de algum objeto ou
instrumento. E portanto, isso nos mostra que o ritmo expressa uma ordem
temporal ao movimento, onde imprime uma duração, uma simetria e
acaba definindo um estilo ao movimento.
Para esclarecer ainda mais essa questão apresento as palavras
de ROETHIG, (apud NISTA-PICCOLO 1993;180) que ensina que é "o ntmo
que dá uma ordem temporal ao movimento. impondo-lhe uma certa
duração". Então, durante as atividades, é muito importante que o professor
tenha consciência da importãncia do ritmo em suas aulas, porque ao
ensinar um movimento o tempo se foz presente.
Na percepção espacial foram duas escolas que se
destacaram, onde ambas desenvolveram atividades com variações de
espaço e de direção, ou seja a noção espacial se fez presente nessas duas
aulas. Ela é algo fundamental para o trabalho rítmico, juntamente com a
58
percepção temporal, onde esse todo articulado forma o movimento a
partir dos elementos rítmicos.
Esses professores ao propiciarem uma variação de espaço,
dentro de uma mesma atividade, ou na mudança de uma para outra,
acabam realizando um excelente trabalho rítmico com suas crianças,
principalmente nessa faixa de idade que engloba a Educação Física
Infantil, onde as crianças começam a fazer relações dos movimentos do
seu corpo com o espaço que utilizam para realizá-lo.
A ordem espacial é algo complexo, pors se refere à
consciência que se tem do próprio corpo. Segundo MERLEAU PONTY, em
citação de NISTA-PICCOLO (1993;175) "nosso corpo nào está no espaço.
ele é o espaço". Logo, a criança a partir do seu espaço inicial. que é seu
próprio corpo, aprimora a noção espacial à medida que ela explora todas
as possibilidades de ação que seu corpo pode fazer à sua volta.
Éimportante frisar que em um trabalho rítmico não há divisão
entre as ordens de tempo e espaço. Nesse momento da interpretação, elas
foram separadas para melhor compreensão dos fatos ocorridos durante as
observações das aulas. Essa separação só acontece na teoria, porque na
prática a criança percebe o ritmo em um dado tempo e através dele usa o
espaço do seu corpo e da sua volta produzindo movimentos.
A terceira percepção é a rítmica. Recebeu essa denominação
porque as três últimas categorias levantadas nessa primeira Matriz, dizem
respeito a identificação de um ritmo durante as observações das aulas. É
interessante mostrar que cada item apareceu em uma escola diferente e
não houve concordância entre elas.
Depois dessas análises à respeito da Matriz das observações
das aulas é possível afirmar que essas escolas, não estão trabalhando com
o ritmo em suas atividades. de Educação Física, pois através dos onze itens
59
levantados e pela classificação das percepções adotadas posteriormente,
conclui-se que o trabalho do ritmo não acontece de forma intencional. ou
seja, não é feito um trabalho por inteiro a respeito do ritmo.
Trabalhar o ritmo de forma consciente é fazer com que as
crianças percebam o que estão fazendo e tome consciência disto, pois
segundo FRAISSE, em citação de NISTA-PICCOLO (1993;193) "o ofo de
perceber é uma reação que se dá no campo espacial e temporal". Logo.
o ritmo não é um fato comum no tempo e no espaço, mas um fenômeno
do movimento, que determina uma percepção subjetiva de sentir o tempo
e o espaço. exigindo da criança a intenção de vivenciá-lo.
4.4) A DESCOBERTA DA SEGUNDA MATRIZ
El E2 E3 E4 E5 E6 Ei ESl-
I. a música com papel secundário X X X
li. a música com Paoel orinciual X X
lll. utilizaçao de algum recurso X X X
Ip/ a oerceoção do movi/o -
~- sem interferência navercepçao do movi/o X X X
V. exvlora as noçoes espadais X X X X X
VI. trabalha o ritmo como um meio X
VII. nao trabalha com as auestoes do ritmo X X X X X X
Vill. trabalha com as auestoes do ritmo X X
LIX. não trabalha c/ as questões do ritmo X
~e nem do espaço
Após o levantamento das categorias a partir das reduções das
unidades de significados das oito entrevistas, pretendemos mostrar se no
planejamento, o ritmo se faz presente, com que objetivo ele é utilizado e
qual a metodologia adotada para tal desenvolvimento.
Nessa matriz, o maior grau de convergência aconteceu nos
itens V (explora as noções espaciais) e VIl (não trabalha com as questões
X
X
X
)(_
X
--
-
-
60
do ritmo). No primeiro, as escolas (E2,E3,E4,E5,El.E8) disseram que procuram
explorar as noções de espaço durante as atividades propostas. No
segundo, as escolas (El ,E2,E3,E5,E6,E7,E8) afirmam que atividades rítmicas
não fazem parte do planejamento.
Essa convergência é bastante intrigante pors elas se
contradizem a respeito dos pensamentos dos professores, porque se na
primeira eles afirmam trabalhar com as noções espaciais, como é possível o
ritmo não fazer parte do planejamento? Além disso, as noções espaciais
são trabalhadas paralelamente às noções temporais, pois não se pode
separar o tempo e o espaço.
Isso demonstra a falta de conhecimento a respeito do ritmo,
por parte dos professores entrevistados, ou seja, eles parecem ter
dificuldades no entendimento da definição de ritmo e acabam fazendo
confusões em como utilizá-lo.
Outras convergências que aparecem nessa Matriz encontram-
se nos itens IV e IX. O primeiro, nas escolas (El ,E3,E6) referindo-se à
nenhuma interferência por parte do professor para ajudar seu aluno na
percepção do movimento. No segundo, os professores das escolas (El ,E6)
não trabalham com atividades rítmicas e nem com noções espaciais.
Nessa convergência não ocorre contradição porque os professores dessas
escolas não trabalham com o ritmo e afirmam que não se utilizam dele, em
suas aulas, durante as atividades propostas.
Uma divergência que aparece é referente aos itens I e IJ, onde
no primeiro as escolas (El ,E2,E3) utilizam a música com um papel
secundário em suas aulas, enquanto que no segundo, as escolas (E5,E7,E8)
utilizam-na como um papel principal.
Esse aspecto é bastante relevante porque mostra que das oitos
escolas, somente três apresentam uma preocupação em utilizar os
61
elementos da música durante as suas aulas; três dizem que usam a música
somente como pano de tunda e duas não utilizam de forma nenhuma em
suas atividades.
A segunda divergência ocorre nos itens 111 (utilização de algum
recurso para a percepção do movimento) e IV (sem interferência na
percepção do movimento). No primeiro, os professores das escolas
(E2,E4,E5,E8) interferem na percepção do movimento utilizando-se de
algum instrumento, palmas ou a própria voz; e no segundo, os professores
das escolas (El ,E3,E6) não interferem na percepção do movimento do seu
aluno de nenhuma maneira.
Éinteressante analisar esses aspectos, pelo fato de que ainda
os professores de Educação Física não se deram conta de que o
movimento acontece no espaço, no tempo e sob um determinado ritmo.
Então, fazer uma interferência na percepção do mov·Imento, não significa
adestrar a criança em um certo movimento, mas ao contrário, é
proporcionar à criança uma percepção das múltiplas possibilidades que
seu corpo pode realizar.
Sem terminar as interpretações, apenas enfocando
convergências e divergências que a Matriz nos mostra, busca-se, um
melhor entendimento dos aspectos apresentados, à respeito do
planejamento dos professores de Educação Física Infantil, levantados
durante as entrevistas em cada uma das escolas.
Para que as interpretações não fiquem inadequadas e soltas,
seria viável separar os itens por três tópicos:
1, As questões do ritmo estão no planejamento;
2. Como o ritmo é utilizado;
3. Com que objetivo o ritmo se faz presente.
62
Ao pnmerro tópico os itens correspondentes são os Vil (não
trabalha com as questões do ritmo),VIII (trabalha com as questões do
ritmo) ,IX (não trabalha com as questões do ritmo e nem do espaço) da
Matriz, que se referem especificamente ao fato de que o ritmo é um
conteúdo contemplado dentro do planejamento. A intenção dessa análise
não é comprovar que o ritmo precisa fazer parte de um planejamento. mas
verificar como os professores o entendem e utilizam-no em suas atividades.
Olhando na Matriz percebemos que sete das oito escolas não
abordam as questões do ritmo no seu planejamento, onde somente uma
escola trata desta questão, porém a professora disse que não aplica
porque as crianças já possuem aulas de dança e de música.
Percebemos então, como a visão do professor de Educação
Física, a respeito do ritmo, é pobre e restrita, porque se nas suas aulas a
criança se movimenta, ela o faz partindo de seu ritmo natural, realizando
uma sincronização de ritmo-movimento.
As palavras de SAUR, em citação de NISTA-PICCOLO (1993;20)
complemento esta questão de ritmo-movimento ao dizer:
"eu vou de maneira enérgica se contradada,
de maneira rápida se afobada, de maneira
tranqüila se estiver em paz ou de maneira
relutante se estiver com medo".
Estando ou não no planejamento, as questões do ritmo se
fazem presentes nas aulas de Educação Física. pois em qualquer
movimento existe um aspecto rítmico que deve ser ressaltado durante as
atividades.
É interessante ver também, nesse tópico, que somente duas
escolas possuem uma preocupação com as questões do ritmo, ou seja, os
professores, mesmo não colocando o ritmo em seus planejamentos,
63
durante as suas aulas, nas atividades propostas eles procuram instigar a
percepção do ritmo na criança.
No segundo tópico, o item que aparece é somente o VI
(trabalha o ritmo como um meio), onde em duas escolas os professores
disseram que o ritmo só é trabalhado como um elemento coadjuvante
para a iniciação esportiva. Penso que isso não é errado, pois é também
uma forma de estar aprimorando o ritmo, nas aulas de Educação Física,
mas no entanto, penso que um trabalho rítmico mais direcionado, com um
fim em si mesmo, tem muito mais para oferecer às crianças desse período
escolar.
Esse pensamento tem como pressuposto as palavras de
HANEBUTH, (apud NISTA-PICCOLO 1993;22), o qual afirma que "é a
rifmicidade que impulsiona fada e qualquer função no desenvolvimento
do ser humano". Logo, utilizar o ritmo de forma mais direcionada é muito
mais valioso para o desenvolvimento das crianças, porque ele, segundo
NISTA-PICCOLO (1993;22) "passa a uma transposição que transcende
qualquer instrumento didáfico"sendo capaz de gerar um equilíbrio no
desenvolvimento humano.
No terceiro tópico, que aborda com que objetivo o ritmo é
trabalhado, percebemos na Matriz os itens 11 (a música com papel
principal). 111 (utilização de algum recurso para a percepção do
movimento) e V (explora as noções espaciais), afirmando que as escolas
trabalham com o ritmo através da música, instrumentos sonoros, palmas, ou
própria voz para que as crianças percebam o movimento. Através da
exploração do espaço as crianças ampliam seus conhecimentos com os
mesmos recursos materiais.
Dentro das oitos escolas, somente três professores das escolas
E5, E7 e E8, utilizam-se da música como um elemento de apoio didático
64
para a percepção do movimento. Éimportante lembrar que a música e o
movimento se unem pela presença do ritmo, pois já na antigüidade os
povos faziam movimentos de acordo com o ritmo locado pelos
instrumentos.
Além disso, CAMARGO (1994;72) afirma que:
"... é difícil encontrar uma única fração do corpo
que não sofra a influência dos tons musicais. A
razão é simples está nas raízes dos nervos auditivos.
cujas ligações. espalhadas largamente pelo corpo.
são mais longas que qualquer outros nervos. o que.
em si, pode representar um sentido interior bem
mais complexo".
A música quando integrada ao movimento nas aulas de
Educação Física Infantil tem muito a contribuir para os alunos. porque ela
afasta o clima de monotonia da aula, sugere o ritmo a ser executado e
contribui para a educação dos sistemas psicomotor e neuromuscular.
O professor de Educação Física precisa ter claro o que ele
pretende com a música durante a atividade proposta, para que ela não
fique somente com o papel de alegrar a sua aula. Também não adianta
colocar qualquer música, ela precisa estar de acordo com a proposta da
aula porque, segundo CAMARGO (1994; 72) da "qualidade da música
depende a qualidade do movimento".
65
CAPÍTULO 5: UM SEGUNDO OLHAR NAS DESCOBERTAS
66
Após as interpretações de cada Matriz surgiu uma inquietação a
respeito de como cada escola se mostrou nos itens analisados, isto é,
como as aulas de Educação Física Infantil estão sendo ministradas, tendo
como enfoque o ritmo durante as atividades. Portanto ao olhar para cada
escola, estou tentando construir mais resultados voltados para o foco da
minha pesquisa.
Pretendo analisar as escolas, interpretando os dados de cada uma
nas duas Matrizes, buscando, assim, compreender de que maneira a
escola aborda a questão do ritmo, fundamentando-me na aula que ela
oferece, e de acordo com o que o professor(a) relatou durante a entrevista
a respeito das atividades desenvolvidas em Educação Física Infantil.
A primeira trata-se de uma escola maternal onde as aulas de
Educação Física são lecionadas pela própria professora de sala, isto é não
há especialista. Foi interessante notar na aula observada que a respectiva
protessora se utiliza desse espaço apenas como um reforço dos conteúdos
desenvolvidos em sala de aula.
Com isso percebe-se que ela não leva em consideração, em nenhum
momento, as questões do ritmo nas suas propostas. As Matrizes mostram
que esta escola se faz presente nos itens 111 (comando por um instrumento
sonoro) e VI (exploração do espaço) da primeira Matriz e nos itens IV (sem
interterência na percepção do movimento ), VIl (não trabalha com as
questões do ritmo) e IX (não trabalha com as questões do ritmo e nem de
espaço). É interessante verificar uma contradição da professora, pois na
entrevista ela disse que a música nas suas aulas serve somente como "pano
de fundo" para as atividades, porém durante a aula observada, ela se
utilizou da música como meio de acompanhamento de um movimento.
Isto vem comprovar que o uso da música não é reconhecido como um
relevante instrumento de ação pedagógica.
O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil
O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil
O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil
O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil
O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil
O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil
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O ritmo nas atividades de Educação Física Infantil

  • 1. MONOGRAFIA ta:/UIIICAMP Be45q 21A8FEF/684 LUCIANA BERALDI A QUESTÃO DO RITMO NAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1997
  • 2. LUCIANA BERALDI A QUESTÃO DO RITMO NAS ATIVIDADES DE EDUCAÇÃO FÍSICA INFANTIL TCC/UNICAMP ~- Be45q " Monografia exigida pelo curso de Licenciatura da Faculdade de Educação Física da Unicamp. sob a orientação da Prol.' Dr.' Vilma Lení Nista-Piccolo. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA 1997
  • 3. SUMÁRIO RESUMO..............................................................................................i AGRADECIMENTOS..........................................................................ii ' DEDICATORIA...................................................................................iii -INTRODUÇAO...................................................................................1 Capítulo 1: O ritmo - origem e evolução........................................................4 Capítulo 2: A educação infantil......................................................................1O 2.1 ) Algumas considerações a respeito da história da infância.................................................................................................................11 2.2) Algumas considerações a respeito das características das crianças.................................................................................................................12 2.3) Breve relato sobre a história da Educação Física.......................................................................................................................15 2.4) Alguns aspectos da Educação Física no âmbito escolar..................................................................................................................-16 Capítulo 3: A escolha do caminhar..............................................................-19 3.1) As fases desse caminhar.................................................................2l 3.1 .1) A exploração........................................................................21 3.1.2) A decisão...............................................................................23 3.1.3) A descoberta........................................................................24 Capítulo 4: A trajetória propriamente dita...................................................25 4.1) As descricões das aulas e das entrevistas..................................26 4.2) A elaboração das categorias.......................................................52
  • 4. 4.3) A descoberta da la Matriz..............................................................55 4.4) A descoberta da 2" Matriz..............................................................59 Capítulo 5: Um segundo olhar nas descobertas.........................................65 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................?6 REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS.................................................................8l BIBLIOGRAFIA GERAL.....................................................................................83
  • 5. RESUMO Este trabalho objetivou a verificação da aplicação das atividades rítmicas em aulas de Educação Física Infantil, buscando com isso enfatizar a importância que o fenômeno ritmo tem no desenvolvimento da criança. A partir de observações das aulas desta disciplina, ministradas em escolas particulares, no educação infantil e fundamental, somadas às entrevistas abertas com os respectivos professores, especializados ou não, foi possível deflagrar um conteúdo ainda não contemplado nos programas curriculares desta área. Um outro aspecto levantado no trabalho é que, em determinados momentos, é possível observar o uso deste elemento em posição secundária, de maneira inconsciente, ou seja, alguns professores utilizam-se do ritmo apenas como meio de instrução pedagógica, sem mesmo saber da necessidade de aprimorar o ritmo individual da criança, ou ainda reconhecer a sua aplicação como um fim em si mesmo. Partindo da ·,déia de que o ritmo expressa uma ordem temporal e espacial ao movimento, intensificando sua estrutura com uma acentuação que vem reforçar sua amplitude, o seu desenho no espaço, é que pensa-se em trabalhar com a educação do ritmo nas aulas de Educação Física Infantil.
  • 6. Expresso aqui meus agradecimentos a Deus por ter iluminado e guiado, sempre o meu caminho; à minha orientadora, Prof". Dr." Vilma Lení Nista-Piccolo, pela atenção, disponibilidade, confiança e carinho; ao meu noivo Augusto pela sua compreensão e força nas horas mais difíceis; a todos os alunos da turma 94 que conquistei durante esses quatro anos de convivência; às escolas e seus respectivos professores que me ajudaram no caminhar desta pesquisa; e a outras pessoas que de alguma maneira auxiliaram-me ao longo deste processo. 11
  • 7. iii DEDICATÓRIA Aos meus pais, NIVALDO EMARILENA, pela minha existência e pelo apoio em todas as minhas decisões....
  • 9. 2 O homem é suscetível ao ritmo, po1s VIVe num universo rítmico, sofrendo dele influência externa; tudo que fazemos, pensamos, falamos tem a presença dele. Para se ler uma idéia, o ritmo é um elemento de comunicação universal entre os homens, sendo um componente básico de lodos os movimentos. Esse elemento, tão presente nas nossas vidas, sempre interessou-me, e em meus estudos de bailei clássico, pude conhecer um pouco mais sobre a sua magia e poder, pois em todas as aulas ele se fez presente. Desse modo, também percebi como bailarina, o quanto se torna difícil adequar os movimentos a um ritmo externo proposto pela música. Ao ingressar na Faculdade de Educação Física, foi possível verificar que o ritmo também era bastante requisitado nas aulas, e perceber como as pessoas tinham dificuldade em trabalhar com esse elemento tão comum a todos. Considerando esses dados, fiquei a indagar-me o porquê dessa dificuldade durante as atividades do nosso dia-a-dia. A partir destes questionamentos, surgiu-me a oportunidade de realizar um projeto de iniciação científica com o objetivo de reconhecer a "A contribuição do ritmo para o desenvolvimento da criança': A pesquisa desenvolveu-se na instituição PRODECAD/UNICAMP, no período de agosto/95 à agosto/97. Com os dados desta pesquisa, verificou-se que cada criança tem o seu ritmo próprio e que deve ser respeitado. Entretanto, há necessidade de uma estimulação coerente, para que o ritmo seja aprimorado, visando atingir uma harmonia na sincronização ritmo-movimento. Além disso, foi possível averiguar a importância de realizar um trabalho mais direcionado do ritmo do movimento com as crianças. Através dos testes realizados na pesquisa, observou-se um desenvolvimento mais integral, após vivenciarem as aulas de Educação Física com enfoque no ritmo.
  • 10. 3 Com o término desta pesquisa, surgiu uma outra inquietação: como os professores trabalham com as questões do ritmo nas atividades da Educação Física Infantil. Isso impulsionou-me à realização desse estudo, que compreende os seguintes capítulos: No primeiro capítulo, o ritmo é apresentado com um enfoque histórico, voltado à evolução do seu conceito e aos educadores que estudaram o ritmo, dando origem a uma pedagogia para sua aplicação. O segundo capítulo procura mostrar uma análise da criança, com as suas características, além de apresentar como a Educação Física, a partir de sua própria história. interage com a Educação Infantil. O terceiro capítulo refere-se à metodologia adotada para investigar a questão do ritmo nas atividades da Educação Física Infantil. Nele, estão inseridas todas as fases da investigação e seus procedimentos. O quarto capítulo é a pesquisa na sua íntegra, isto é, todos os passos que foram dados até chegar às suas primeiras interpretações. O quinto capítulo é o mais empolgante, porque foi nele que as interpretações fluíram mais espontaneamente, a partir de um segundo olhar dos aspectos levantados durante a pesquisa. Foi o que permitiu uma imaginação variativa, e transmitiu-me muita euforia e liberdade para a sua concretização. As considerações finais seguem fechando esse estudo, mostrando a construção dos resultados obtidos durante o caminhar dessa pesquisa. E agora, convido a todos a entrarem nessa trajetória, e viajar no mundo do ritmo do movimento.
  • 11. 4 CAPÍTULO 1: O RITMO- ORIGEM EEVOLUÇÃO
  • 12. 5 O ritmo acompanha o homem desde os primórdios da civilização, pois ele se manifesta na natureza, nas funções orgânicas do homem e nas suas atividades do dia-a-dia. O homem primitivo, antes mesmo de se comunicar com a palavra articulada, explora o seu ritmo como elemento de ligação entre a dança e a palavra, para poder transmitir as suas mensagens através dos movimentos criados por determinados ritmos. Se prestarmos atenção à nossa volta, podemos perceber que o ritmo está presente em tudo que existe. Então, como pode uma palavra de apenas cinco letras estar tão presente nas nossas vidas? Para melhor compreensão deste fenômeno, inicio pelo significado que essa palavra tem, e para isso começarei com HANEBUTH (1968), um dos grandes pesquisadores a respeito do assunto. Ele estudou o ritmo com a intenção de trazer mais informações para maestros, técnicos, professores de Educação Física e outras pessoas interessadas no assunto, e em suas pesquisas verificou que o "ritmo" deriva do grego "rhein" que tem o significado de fluir. Para o próprio HANEBUTH (apud NISTA-PICCOLO 1993; 13) "o ritmo constituía coordenação motora e a integração funcional de todas as forças estrvturadoras. tanto corporais como psíquicas e espítituaís". HANEBUTH (1968) verificou que o ritmo tinha esse sentido, devido ao conceito de ritmo dado por GERO que em citação de NISTA-PICCOLO (1993;14) é definido como "uma articulação harmônica de um movimento. como uma ordem e uma necessidade essencial do ser humano diferente de compasso que é exato, sempre igual, contáve/ e mensurável".
  • 13. 6 A partir dessa definição, percebe-se uma diferenciação entre ritmo e compasso, mostrando que são coisas distintas, e HANEBUTH (apud NISTA- PICCOLO 1993;15) para enfatizar essa diferença dizia que: "titmo é o movimento das ondas do mar que se repetem petiodicamente, de forma semelhante mas não idêntica enquanto méttica é a repetição exata que nas mudanças de luzde um farol de trânsito". Outro autor que faz essa distinção é ROETHIG (1963), que também em sua definição de ritmo o difere de compasso, mostrando que o conceito de ritmo está vinculado à tradução de uma correnteza, e não de uma constante mudança. Muitas são as definições de ritmo, no entanto, NISTA-PICCOLO (1993) em sua pesquisa mostra que o conceito evoluiu, quebrando a idéia de que ritmo e compasso significavam a mesma coisa, e de que o ritmo era somente gerado por algo objetivo, automatizante. Com essa ruptura o ritmo passou a ler um sentido mais dinâmico, e começou a considerar o lado subjetivo do indivíduo como um fator gerador do ritmo, onde a sua vontade e a sua participação são expressas no ritmo de um movimento. O ritmo do movimento não é somente gerado pelo ritmo imposto pela música, mas também pela vontade da pessoa em dançar. Portanto, o fenômeno psíquico influencia no ritmo do movimento corporal. podendo variar de pessoa para pessoa, porque os estímulos externos, do próprio ambiente, provocam impulsos que não produzem necessariamente respostas iguais nas pessoas sob a influência do mesmo estímulo. O ritmo expressa uma ordem temporal ao movimento, onde imprime uma duração, uma simetria, pois essa ordem intertere no sentido auditivo e cinestésico, que acaba definindo um estilo ao movimento. A segundo
  • 14. 7 ordem é a espacial, que através do sentido visual define uma largura, profundidade, grandeza, entre outros para os movimentos. Uma outra estrutura, além do tempo e do espaço que o ritmo imprime ao movimento é a acentuação. Ela intensifica um dos "tempos "da estrutura rítmica tornando-se um ponto de referência para o movimento e que segundo LE BOULCH (1987;176) "a acentuação reforça a intensidade e a amplitude do "tempo" em que ele se situa". Segundo HANEBUTH, (apud NISTA-PICCOLO 1993;25) "o número mínimo de elementos que compõem a formação do ntmo é três, sendo um impulso, um acento e um escoar". Verifica-se, então, que a formação do ritmo se apoio no "princípio básico do ritmo" de BODE (apud NISTA- PICCOLO 1993;25), onde os movimentos ocorrem pelo alternãncia de relaxamento-tensão-relaxamento. Além desses três elementos, o ritmo possui uma unidade funcional indivisível do seu movimento rítmico a partir de quatro fenômenos, força, espaço, tempo e forma que, quando juntos, criam uma energia no movimento, fazendo aparecer seu próprio processo rítmico. Para HANEBUTH (apud NISTA-PICCOLO 1993;22) "é a ntmicidade que impulsiona toda e qualquer função no desenvolvimento do ser humano·: Assim, quem gera um equilíbrio no desenvolvimento humano é o ritmo, pois como os movimentos corporais possuem estruturas rítmicas, eles podem ser utilizados para se atingir uma educação global. Na educação, o ritmo já esteve presente desde os tempos de Aristóteles e Platão. Para eles, era considerado um instrumento de ação pedagógica, pois os movimentos corporais ritmados eram considerados como uma u expressão de uma formação fina" 1• 1 Palavras extraídas por NISTA-PICCOLO (1993;30) do autorSCHELEE (1955) do livro LITERATURSP!EGEL ZUR DISKUSSION ÜBER DEN RHYTHMUS.
  • 15. 8 O ritmo ficou esquecido por um bom tempo no sistema educacional, voltando somente por volta de 1900, mais especificamente em torno de 1903 a 191 O, quando surge uma proposta de trabalho rítmico denominado "solfejo corporal musical"2, o qual foi criado por Emile Jacques Dalcroze, um pedagogo e compositor suíço. Ele interessou-se pelo assunto ao notar que seus alunos de música, ao escutarem um som, mexiam as cabeças, batiam os pés, estalavam os dedos, tentando de alguma forma marcar o tempo da música, mesmo se o movimento saísse descoordenado. DALCROZE (s/d) doutrinava que o sentimento rítmico corporal se desenvolve por educação do sistema muscular e nervoso na qualidade de transmitir pela expressão a graduação da força e da elasticidade no tempo e no espaço. Ele sentiu necessidade de criar um sistema educativo ( rítmica) capaz de coordenar o movimento corporal com o ritmo musical Para DALCROZE (s/d) seu método tinha a seguinte definição: "a aprendizagem da rítmica não é mais que uma preparação para os estudos atiistícos especializados e não consiste em uma alie em simesma" e sua metodologia procurava "desenvolver e harmonizar as funções motoras e regrar os movimentos corporais no tempo e no espaço" (LANGLADE. 1970. p.38) O seu método foi de grande importância para muitos educadores da época, pois com o trabalho rítmico nas atividades escolares, eles conseguiram estimular a criatividade e a espontaneidade das crianças e jovens, através da relação natural entre o movimento sonoro e corporal. Na década de 1920, outro pedagogo e compositor influenciado pelas teorias de DALCROZE começou a despontar nessa área. Trata-se de Carl Ortf, descendente de uma famma de fazendeiros bávaros, que nunca 2 Visava a ~xteriorização das emoç&!s, expressas nos gestos .aspontâneos, através de vários ritmos, segundo NISTA-PICCOLO (1993;31)
  • 16. 9 deixou de estudar a cultura de seu povo. Nesse período, ele vinculou a sua vida aos assuntos educacionais, introduzindo idéias inovadoras com uma proposta educacional assentada em três elementos: fala-música- movimento, formando uma unidade presente na expressão inala das crianças e dos povos primitivos. Segundo CAMARGO (1994;52) "ORFF fundamentou a sua obra educacional e artística em sua própria atitude espiritual: voltar o coração e a mente humana para o elementar; para os primeiros impulsos que nascem da natureza do homem". Em sua proposta, ele se utilizou das forças elementares dos ritmos e dos sons, integrando-os à magia das palavras e dos movimentos. Se pensarmos nessas duas propostas educacionais ciladas ac1ma, verificamos que ambas consideram o indivíduo como um ser uno e indivisível, sem discriminar corpo e mente no desenvolvimento geral. Elas estruturam o trabalho com o que cada um tem dentro de si, buscando reconhecer e aprimorar as capacidades que todo ser possui. Todos esses estudos fizeram com que as atividades rítmicas ganhassem um espaço dentro das escolas, ao menos durante essa época, pois para esses educadores (DALCROZE e CARL ORFF), as atividades rítmicas deveriam fazer parte do conteúdo programático das escolas.
  • 17. lO CAPÍTULO 2: A EDUCAÇÃO INFANTIL
  • 18. 11 Tentando buscar mais dados esclarecedores às minhas inquietações, volto agora meus estudos a respeito da Educação Infantil, em um primeiro momento, com a finalidade de entender sobre as suas características e a sua história e, num segundo momento, como a Educação Física se encontra nessa área da Educação. 2.1) ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DA HISTÓRIA DA INFÂNCIA Na idade média, as crianças eram vistas como adultos em miniatura, eles não recebiam muita atenção e por isso se afastavam dos pais ainda muito jovens. Entre os séculos XV e XVI, a criança começa a receber mais atenção dos pais, iniciando uma aproximação mais afetiva entre eles. No final do século XVII, as crianças deixaram de ser consideradas seres inferiores pelos seus pais, pois deixaram de colocar as crianças na posição de objeto, e passaram a conviver melhor. No século XIK a criança sai definitivamente do anonimato e acaba polarizando a atenção dos adultos, quando a famnia passa a se organizar em torno dos filhos, e juntamente com o surgimento do capitalismo a pré-escola aparece com a função de guardar as crianças e afastá-las do trabalho. Ainda no século XIX, a pré-escola linha como base uma educação compensatória, onde procurava suprir as carências culturais, lingüísticas e afetivas, porém já se iniciava oferecer um ambiente mais educativo para as crianças que ali permaneciam, A respeito da educação compensatória, KRAMER (1987; 119) diz que essa educação deve ser "despojada de seu caráter pretensamente compensatório, pois este simplesmente antecipa a
  • 19. 12 marginalização e a discriminação que as crianças das classes sociais dominadas sofrem na escola". O termo Educação Infantil, segundo SCHIAVON (1996) aparece em 1975, quando começou a ser exigido dos educadores que atuavam nessa área a habilitação em Educação primária a nível de 2' grau, devido a mudança do próprio nome do departamento que passou de Educação e Recreio para Departamento de Educação Infantil. A idéia de infância não existiu sempre e nunca foi idêntica, e que segundo KRAMER (1987;20) "o seu conceito é determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade". Analisando essas palavras verifica-se que a criança não tem um valor único, ou seja, não existe uma criança universalmente determinada, pois face às diferenças sociais, políticas e econômicas em todo o mundo, as crianças também se diferenciam umas das outras. O aspecto fundamental disso tudo é que deve-se considerar a criança como um sujeito em seu momento específico de vida, e além disso, há necessidade de compreendê-la, dialogar com ela e entendê-la, para poder reconhcê-la como um sujeito na sua totalidade. 2.2) ALGUMAS CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DAS CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS A criança que vai à pré-escola está na faixa de idade compreendida entre os 2 e 6 anos. A cada ano, ela vai mudando de classe de acordo com a sua idade biológica. Devemos levar em consideração, que a função da pré-escola não é a de simplesmente iniciar a alfabetização, mas acima de tudo, proporcionar às crianças atividades interessantes e prazerosas para as suas realizações, levando-as a
  • 20. 13 aprenderem sobre as coisas que estão à sua volta e sobre o seu próprio mundo. Durante esses quatro anos em que a criança permanece nesse ambiente, ganha bastante "amiguinhos", brinca muito, aprende a ter responsabilidade, a respeitar os outros e a se conhecer. Portanto, essas escolas têm uma função muito importante, pois estão ajudando as crianças a se desenvolverem e crescerem plenamente. Nessa fase escolar, a criança se encontra num período muito intenso de atividades: as fantasias e os movimentos corporais ocupam quase todo o seu tempo. Concorda LE BOULCH (1992;130) quando afirma que: "a escola matemo/ deve propiciar a chave a cada criança de poder desenvolver-se antes de fazê-la entrar no circuito da marginalização e favorecer ações especializadas que consolidarão a experiência vivida de sua inatítude u. Quando a criança sai da educação infantil ela entra para o primeiro ciclo do 1' grau, que compreende as séries de 1" à 4". Durante esse período, a criança passa por muitas transformações, onde o seu pensamento começa a pertencer mais ao mundo real, mas ainda se encontra no mundo da fantasia; gosta de se expressar e de apresentar trabalhos, porém, às vezes, vive cheia de "segredinhos" e curiosidades. Tem grande amor e afeto pelos animais e admira por demais os adultos, tanto que adora fazer imitações daqueles que a rodeiam. Vários pesquisadores de todo mundo desenvolveram trabalhos, a respeito do cérebro da criança, buscando saber como é construído em termos biológicos e sociais, segundo a reportagem apresentada na REVISTA VEJA em março de 1996.
  • 21. 14 Essas pesquisas afirmam que não basta apenas a presença do cérebro, pois ele, por si só, não é capaz de formar as capacidades básicas. Ele só encarrega-se das capacidades inatas, e para que outras se desenvolvam, é preciso haver um reforço muito grande, presente nas estimulações que a criança recebe durante o seu crescimento. Com essa pesquisa (1996;84) eles descobriram que: "há etapas definidas para o desenvolvimento do cérebro das crianças, e ínfonnam que a inteligência. a sensibilidade e a linguagem podem e devem ser aprimoradas na escola, no clube e, especialmente. dentro de casa". Além disso, descobriram também que: "musicalidade. raciocínio lógico-matemático. inteligência espacial, capacidades relativas ao movimento do corpo, entre outras. dependem de circuitos que são plugados logo na I a infãncia. época em que a criança aprende a aprender (p.86) ". Outras descobertas interessantes também foram descritas, porém a que mais chamou-me a atenção, face ao relacionamento com o objeto de estudo da minha pesquisa. foi a declaração de que (1996; 88): 11 Contar hístótias, pôr música na vitrola, agaffar e beijar, brincar com a fala são estímulos neurais que ajudam o aperfeiçoamento das ligações neurais das regiões sensoriais do cérebro. 'Abrem-se os circuitos da prosódia. da compreensão melódica e poética da linguagem'." Com esta pesquisa tem-se algo de novo sobre o universo da criança, atingindo-se maior compreensão do seu desenvolvimento.
  • 22. 15 Percebe-se o quanto é importante a estimulação durante o seu crescimento, o que vem enfatizar a função das pré-escolas, e das escolas, que tratam da educação básica. Esta estimulação depende, em grande parte, das aulas de Educação Física que a escola proporciona. É sobre isso que passo a abordar. no próximo item, a respeito da Educação Física na fase da Educação Infantil. 2.3) BREVE RELATO SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA Pode-se dizer que a Educação Física, pela sua história, sofreu e ainda sofre influências de três linhas de pensamento, sendo a primeiro, a linha médica, no período do Brasil-império que através da ginástica, aplicada por médicos, pretendia estabelecer a higienização e eugenização do povo, porque o Brasil precisava mostrar uma raça pura dominante, para evitar o domínio de Portugal e atender aos interesses da classe dominante. Nessa época, o professor de ginástica era visto como agente de saúde e o aluno como um paciente. No século XX, o Brasil começava a se industrializar, logo, era preciso a formação de homens para trabalhar nesse ramo, ou seja, a indústria necessitava de homens disciplinados, dóceis e subservientes para o trabalho fabril. Ainda nesse século, a eclosão da 2° Guerra Mundial fortaleceu a linha militar que se utilizava da Educação Física para a formação de indivíduos fortes, sadios e capacitados para defender a Pátria. A última linha é a esportiva, que influenciou a Educação Física, devido ao avanço da tecnologia, após a 11 Guerra Mundial. E assim, o esporte acabou sendo utilizado pelo sistema capitalista como um meio de alienar a população. Logo. a Educação Física ficou encarregada dessa
  • 23. 16 função, e no desenvolvimento de suas aulas, o rendimento e a performance física eram trabalhados exaustivamente. Por esse breve resumo da História da Educação Física percebe-se que ainda essas influências são bastante fortes no âmbito escolar, e para um entendimento mais esclarecedor, é preciso que ela seja comp1 eendida como uma ação educativa que se inclui dentro de um projeto pedagógico global, isto é, ela deve ser considerada uma disciplina que possui objetivos e conteúdos a serem aplicados corretamente. 2.4) ALGUNS ASPECTOS DA EDUCAÇÃO FfSICA NO ÃMBITO ESCOLAR Segundo o autor OLIVEIRA (1988;42). a Educação Física deve: "propiciar a oportunidade de envolvimento em atividades motoras adequadas, consideradas os necessidades e caractetistícas e interesses de seus participantes. Tais atividades motoras só irão caracterizar a Educação Física se contribuírem para o desenvolvimento harmônico e global do serhumano". Esse objetivo, colocado por esses autores, vai ao encontro do que NISTA-PICCOLO (1995;65) diz ao abordar a visão de Educação Física que o professor deve ter: "qualquer que seja a teoria do desenvolvimento da criança, é preciso fundamentar as díretrizes do planejamento escolar, mas antes de tudo o professor tem que entender que os três domínios do comportamento podem ser desenvolvidos de forma integrada parque a cdança deve ser compreendida como um ser uno e indivisível que é ".
  • 24. 17 Com esses pensamentos, citados anteriormente, é possível analisar a importância da Educação Física para o bom desenvolvimento das crianças desse período escolar, e como este profissional precisa estar atento à sua função dentro da escola. Em relação a este aspecto, é conveniente explicar qual é a função do professor, a partir dos pensamentos de THOMAZ (1984) sobre o assunto. O professor não deve pensar que seu conhecimento é absoluto em relação ao seu aluno, pois este também detém conhecimento que deve ser considerado pelo professor; portanto, a função docente é caracterizada pelo ato de ensinar , com implicações sociais, políticas, econômicas e culturais dentro da sociedade. Isto quer dizer que o professor de Educação Física não pode considerar os seus alunos "vazios", eles já sabem correr, saltar, brincar, jogar, já possuem uma gama de movimentos muito grande, basta então, esse profissional levar tudo isto para dentro da escola e utilizá-los como matéria prima para as suas aulas. Um grande problema detectado nas escolas de educação básica nas aulas de Educação Física, é que os professores por ainda sofrerem influências das linhas de pensamento, principalmente da esportiva, acabam exigindo rendimento para todos os movimentos que a criança realiza, ou seja, cobram a perfeição técnica do gesto ao invés de propiciar um conhecimento e um crescimento a respeito do próprio movimento. A Educação Física é muito importante para as crianças. todos os profissionais da área sabem disto, porém ainda não se pode dizer que essas aulas estão sendo bem orientadas e direcionadas, falta um pouco mais de amadurecimento e de crescimento por parte de alguns
  • 25. 18 professores, para que ela possa ser considerada fundamental na fase correspondente à educação básica.
  • 26. 19 CAPÍTULO 3: A ESCOLHA DO CAMINHAR
  • 27. 20 Toda pesquisa tem a sua forma de caminhar, de traçar os caminhos para decifrar as indagações e tentar entender o objeto de estudo da mesma. Pesquisar, segundo o novo dicionário Aurélio da Língua Portuguesa {1995;1320) é "informar-se a respeito de. descobrir ou estabelecer fatos ou pn'ncípios relativos a um campo qualquer do conhecimento". Então o pesquisador determina sua trajetória e estratégias para "descobrir" o que lhe é de interesse e, para isto ele decide por algum tipo de pesquisa. Para este caminhar, utilizou-se uma abordagem qualitativa, que segundo BOGDAN &BIKLEN (apud LÜDKE 1986; 13): "envolve a obtenção de dados descritivos. obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada. enfatizo mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes. " A pesquisa qualitativa propicia ao pesquisador um contato direto com o ambiente onde ele vai colher os dados, que são coletados de maneira descritiva e posteriormente analisados através de um processo indutivo. Nesta pesquisa, a pesquisadora estando em contato com as aulas de Educação Física das escolas educação infantil e do ensino fundamental, deverá descrever tudo que for possível em relação à questão do ritmo do movimento expressado, sem permitir ainda uma interpretação dos dados. E por último, a pesquisadora deve destacar as unidades de significados, das descrições feitas, sofrendo com isso reduções para que possam emergir categorias, correspondentes ao toco da pesquisa. A metodologia para realizar esse tipo de pesquisa compreende três etapas conforme diz LÜDKE (1986) :
  • 28. 21 I. a exploração- acontece com a seleção e definição de problemas, a escolha do local e o estabelecimento de contatos, além dos procedimentos metodológicos e suas realizações. 2. a decisão- consiste no momento em que o pesquisador define as unidades de significados dos dados obtidos, buscando selecionar as mais importantes para a compreensão e interpretação do fenômeno a ser estudado. 3. a descoberta- acontece quando o pesquisador inicia as análises, através das categorias levantadas, buscando confrontá-las com as teorias já existentes a respeito do assunto e aos poucos vai construindo os seus resultados. Para a concretização dessas etapas, as técnicas da observação e da entrevista serão utilizadas. Para que a observação seja válida e considerada dentro da pesquisa, é preciso que ela seja controlada e sistematizada, além de ter claro o toco da investigação. Enquanto isso a entrevista necessita de uma precisão, focalização e fidedignidade. Realizar esse tipo de pesquisa é muito interessante, pois segundo LÜDKE (1986; 18) ela "se desenvolve numa situação natural, ético em dados desctitívos. tem um plano aberlo e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e contextualízada". 3.1) AS FASES DESSE CAMINHAR 3.1.1) A EXPLORAÇÃO A l' fase dessa etapa iniciou com o levantamento das instituições de educação infantil (pré- escola) e ensino fundamental na cidade de Jundiaí, para a realização de visitas em aulas de Educação Física, onde os critérios de seleção para a determinação dos sujeitos da pesquisa foram os seguintes:
  • 29. 22 l. escolas que apresentam aulas de Educação Física com profissionais especializados e; 2. escolas que apresentam aulas de Educação Física com professores de sala. Não serão analisadas as escolas que não oferecem aulas de Educação Física para esta faixa escolar selecionada para a pesquisa. Sendo assim, o levantamento das escolas que apresentam essas características apresentou-se da seguinte forma: • 9 escolas particulares de ensino fundamental e; • 32 instituições particulares de educação infantil (pré- escola). Das escolas particulares de ensino fundamental, todas apresentam aulas de Educação Física com professores especializados, e das 32 escolas de ensino infantil, 25 possuem a mesma característica, ficando somente 7 escolas com aulas de Educação Física desenvolvidas pelo professor de sala. A 2' fase dessa etapa foi a pesquisa de campo, desenvolvida nos meses de maio e junho, constando de visitas em oito escolas, sendo quatro nas de ensino fundamental e quatro nas de educação infantil. O critério adotado para essa escolha foi unicamente a permissão dada pelas escolas, onde serão observadas oito aulas de Educação Física e entrevistados oito professores. Nas instiutições de ensino fundamental as aulas observadas serão com as 4a séries, para que haja uma concordância durante o processo de interpretação que será realizado mais tarde. Os procedimentos metodológicos se aparam nas técnicas da observação e da entrevista aberta. Instrumentos que buscam colher dados relacionados às atividades rítmicas presentes nas aulas de Educação Física, nas escolas já citadas anteriormente.
  • 30. 23 As observações estão pautadas nos seguintes itens: • verificar se o professor utiliza algum instrumento de percussão ou outro material para comandar sua aula; • reconhecer se o professor privilegia atividades rítmicas durante as suas aulas; • identificar se o professor utiliza o ritmo como elemento coadjuvante ou principal durante as aulas; • saber se o professor explora as variações de espaço, tempo, forma e intensidade nas atividades em que aplica; • detectar se o professor respeita o ritmo individual de cada aluno durante a prática das atividades; • além de outros aspectos que possam se mostrar relevantes para esta análise. As entrevistas abertas visam o reconhecimento sobre: • os conteúdos trabalhados pelo professor responsável da disciplina Educação Física; • atividades relacionadas ao trabalho com o ritmo; • metodologia do trabalho rítmico desenvolvida nas aulas. A análise dos dados deverá ser feita de forma qualitativa, através da interpretação dos aspectos levantados a respeito das aulas em que se privilegiam, ou não, o ritmo. O foco das observações será centrado na metodologia utilizada nas aulas onde o ritmo é contemplado, verificando nesses métodos quando o ritmo é trabalhado como um fim em si mesmo, ou como um meio auxiliar das atividades propostas. 3.1 .2) A DECISÃO Essa etapa acontece em seguida às descrições das aulas observadas, e às entrevistas. Após cada descrição, são levantadas Unidades de Significados, que correspondem às situações que ocorreram
  • 31. 24 nas descrições e que chamaram à atenção da pesquisadora segundo as suas inquietações. A partir dessas unidades surgem as Reduções, com a finalidade de unir as unidades, de maneira mais sintetizada, ou seja, é uma forma de agrupar as idéias com uma linguagem mais clara e precisa. Com as reduções prontas, a pesquisadora inicia mais um passo nesse caminhar, que é a elaboração de categorias referentes às observações e às entrevistas. Essas categorias representam a união entre as reduções encontradas nas aulas observadas e nas entrevistas de cada escola visitada. A partir delas, o foco da pesquisa começa a ser interpretado. 3.1 .3) A DESCOBERTA Nessa etapa ocorrem as interpretações das categorias levantadas. Para melhor compreensão dos aspectos, surgem as Matrizes, sendo uma correspondente às aulas observadas, e a outra às entrevistas realizadas. Este é momento, onde a pesquisadora pode mostrar as divergências e convergências que aparecem em cada Matriz, podendo confrontá-las com os dados apresentados nos capítulos anteriores desse estudo.
  • 32. 25 CAPÍTULO 4: A TRAJETÓRIA PROPRIAMENTEDITA
  • 33. 26 Esse capítulo mostrará como a trajetória foi construída, desde os seus primeiros passos, com as observações e as entrevistas em cada escola, o aparecimento das unidades de significados, juntamente com as reduções, que acabaram originando as categorias para a descoberta das duas Matrizes. Portanto, a nossa viagem se inicia aqui. 4.1) AS DESCRIÇÕES DAS AULAS OBSERVADAS E DAS ENTREVISTAS COM OS RESPECTIVOS PROFESSORES Escola n• 1(educação infantil) - aula de Educação Física com professora de sala. -+ Observação descritiva: A professora iniciou a aula com a dança do tapete em um espaço bem pequeno, a roda ficou bem estreita e irregular. Os alunos ficavam em círculo cada, um na frente do seu tapete, sendo que uma criança já começava a atividade sem o mesmo. A música utilizada para a atividade foi a do disco da Xuxa, Enquanto a música ficava tocando, na primeira vez, a professora pediu para as crianças andarem em volta dos tapetes com a mão na cabeça. Ao parar a música, as crianças tinham que sentar-se no tapete, porém uma criança não sentou-se, porque não tinha tapete, e acabou saindo da atividade. Na segunda vez as crianças pulavam em volta dos tapetes com um só pé e, na terceira, andavam com um pé na frente do outro, Na quarta, pulavam com os dois pés juntos, na quinta andavam abaixando-se e levantando-se, na sexta andavam mexendo os braços, na sétima andavam chutando a perna para frente e, nas últimas rodadas, a professora deixou a movimentação livre para as crianças que sobraram na atividade. A outro atividade foi o jogo do boliche, realizada no mesmo espaço da 1' atividade, com bolas coloridas e uma bola de plástico
  • 34. 27 grande. As crianças não ficavam mais em roda, mas todas sentados em frente às garrafas, com uma distância de 2 metros separando-as. Cada criança tinha três chances para acertar as garrafas, e quando acertava na I' ou na 2', não utilizava a outra chance, As garrafas eram pintadas de cores diferentes que valiam pontos e, quando a criança derrubava-as, a professora ajudava-a contar quantos pontos havia feito, mostrando os seus dedos para a criança contar. Das doze crianças que participaram, sete conseguiram somar pontos e cinco não. Na última atividade, a professora apagou a luz, e cada criança ficou com o seu tapete, espalhadas pelo espaço. Mandou que todas deitassem sobre os tapetes fechando os olhos e pensassem em alguma coisa bem gostosa, enquanto a música tocava. Logo em seguida, pediu para que todas sentassem bem devagarinho, e com uma música bem coma de fundo, comandou alguns exercícios de alongamento dos membros superiores. Ela não contava o tempo de cada exercício, e mudava-o aleatoriamente. Unidades de significados: I a. a dança do tapete em um espaço bem pequeno 1b. música utilizada para a atividade: disco da Xuxa I c. ao parar a música as crianças tinham que sentar-se no tapete 1d. na 2' atividade, as crianças não ficavam mais em roda I e. na última atividade, crianças espalhadas pelo espaço I f. uma música bem calma ao fundo 1g. ela não contava o tempo de cada exercício de alongamento, e mudava-o aleatoriamente Reducão: I A= 1I a+ I d+I e) atividades com espaços diferentes 1B= 1I b+ lf) utilização de músicas para duas atividades
  • 35. 28 l C= (l c) ao parar a música as crianças tinham que sentar-se no tapete l D= (I g) ela não contava o tempo de cada exercício de alongamento e mudava-o aleatoriamente -+ Entrevista descritiva: A professora declarou que faz um planejamento anual e procura utilizá-lo nas aulas de Educação Física, como um reforço para os conteúdos dados em sala de aula. Como exemplo, se os alunos estão aprendendo cores, ela procura oferecer atividades que contemplem esse aprendizado. Dentro do planejamento, o conteúdo refere-se à coordenação motora e à socialização, e algumas vezes à ginástica, aplicando exercícios de polichinelos, corridas, alongamento e outros para cansá-los ou "gastar as energias das crianças". Ela não se utiliza muito da roda cantada e nem de atividades rítmicas, porque a professora de música já os aplica. Nas suas aulas, a música só tem o papel de alegrar. Émuito raro utilizar-se de um instrumento, palmas ou a própria voz para produzir um som durante as atividades, para ajudar na compreensão do movimento, e quanto a percepção espacial, não trabalha muito, porque a escola não tem muito espaço para oferecer. Unidades de significados: la. no planejamento, o conteúdo refere-se à coordenação motora, à socialização e à ginástica l b. não se utiliza muito da roda cantada l c. nem de atividades rítmicas l d. a música só tem o papel de alegrar l e. é raro utilizar-se de um instrumento, palmas ou a própria voz para produzir um som, que possa ajudar na compreensão do movimento l f. quanto à percepção espacial, não trabalha
  • 36. 29 Redução: 1A~ (1 a+1b) no planejamento, o conteúdo refere-se à coordenação motora, à socialização e à ginástica, e não se utiliza da roda cantada 1B~ (1 d) a música só tem o papel de alegrar 1c~ (l e) é raro utilizar-se de um instrumento, palmas, ou a própria voz para produzir um som, que possa ajudar na compreensão do movimento 1o~ (1 f+ 1c) não trabalha com a percepção espacial e nem atividades rítmicas Escola n• 2 (educação infantil)- aula de Educação Física com a professora de sala. -+ Observações descritivas: A professora começou a aula com as crianças em roda, ordenou um alongamento com exercícios para os membros superiores e inferiores, falando a palavra "troca" a cada mudança de exercício. Depois ela começou a correr por todo o espaço, subindo e descendo a escada, fazendo zigue-zague em círculo, e as crianças correndo atrás em coluna. Na outra atividade, utilizando-se de todo o espaço possível, ela dividiu as crianças em duplas, formando duas fileiras que se defrontavam-se a numa distânda pequena. Cada dupla tinha uma bola de plástico, que era jogada para a outra criança da sua frente sucessivamente sem parar. Ao apito da professora, as crianças das duas fileiras davam um passo para trás, até que todas as crianças encostassem na parede. Na outra atividade, as crianças continuavam com as mesmas duplas, fazendo troca de passes com as mãos, deslocando-se até chegar perto da parede. Ela fez com que as duplas fossem trocando passes e
  • 37. 30 voltassem sem trocar, repetindo duas vezes, e depois tez com que as duplas trocassem passes na ida e na volta. A próxima atividade foi a do túnel bola. A professora dividiu a sala em duas colunas, uma de meninos e outra de meninas, cada uma com uma bola, A primeira criança de cada coluna tinha que passar a bola para a de trás, que fazia a mesma coisa, até que a bola chegasse na última criança, que deveria correr até à frente para iniciar o novo ciclo. Ganhava a coluna que conseguisse primeiro voltar à formação inicial. A professora, durante a atividade, ficava dizendo: "vai, passa, passa rápido, abre as pernas". A última atividade foi uma cobra-cega diferente. As crianças ficavam em roda, e uma criança no meio com os olhos vendados. Elas ficavam rodando em volta dessa criança, até que, num determinado momento, a professora parava a roda dizendo a palavra "pára", e todas deveriam bater três palmas juntas seguidas, e não podiam sair do lugar. A criança que estava no meio, e com os olhos vendados escutando as palmas, deveria sair procurando um amigo para tentar reconhecê-lo. Conseguindo, invertia-se a posição até que lodos as crianças fossem uma vez no centro da roda. Unidades de significados: 2a. crianças em roda 2b. falando a palavra "troca" a cada mudança de exercício no alongamento 2c. correr por todo o espaço, subindo e descendo escada, fazendo zigue- zague, em círculo 2d. outra atividade, utilizando-se de todo espaço possível 2e. duas fileiras que se defrontavam numa distância pequena
  • 38. 31 2f. ao apito da professora, as crianças das duas fileiras davam um passo para trás 2g. fazendo troca de passes com as mãos, deslocando-se 2h. a professora, durante a atividade, ficava dizendo: "vai, passa, passa rápido e abre as pernas" 2i. num determinado momento, a professora parava a roda dizendo a palavra "pára" 2j. todas deveriam bater três palmas juntas seguidas 21. escutando as palmas, deveria sair procurando um amigo Redução: 2A= (2a+2c+2d+2e+2g) 1n1c1a o trabalho em roda e aos poucos va1 ampliando o espaço a ser trabalhado pelas crianças 2B= (2f) ao som de um apito as crianças das duas fileiras davam um passo para trás 2C= (2b+2h+2i) a professora, através de palavras, acelera o ritmo de movimento das crianças, freia o movimento da roda e muda de exercício no alongamento 2D= (2j+21) todas deveriam bater três palmas juntas seguidas e, escutando as palmas, deveria sair procurando um amigo -t Entrevista descritiva: O planejamento das aulas é feito mensalmente, e tem como conteúdo o trabalho de uma capacidade motora diferente em cada mês, como equilíbrio, coordenação motora, percepção auditivq visual, e também recreação. A professora não se utiliza muito da atividade rítmica, porque sua intuição diz que os meninos não vão gostar, mas pode ser que um dia venha trabalhar com essa atividade. Às vezes, ela utiliza-se de música nas suas aulas. mas sempre como "pano de fundo" para as atividades.
  • 39. 32 Quando ela utiliza algum material em sua aula, primeiro mostra às crianças o que o material pode fazer, depois deixa a criança explorá-lo. Mostra qual o movimento que elas devem fazer, e quando sente que elas não compreenderam, utiliza-se de algum instrumento( apito e tambor) ou através de palmas, ou a própria voz para favorecer a percepção do movimento. Segundo essa professora, o trabalho com a percepção espacial acontece quando ela varia o local das aulas de Educação Física. Unidades de significados: 2a. no planejamento, o conteúdo é o trabalho de uma capacidade motora diferente em cada mês e recreação 2b. não se utiliza muito da atividade rítmica 2c. utiliza música como pano de fundo em suas aulas 2d. utiliza-se de algum instrumento ou palmas, ou a própria voz para favorecer a percepção do movimento 2e. o trabalho com a percepção espacial acontece quando ela varia o local das aulas Redução: 2A= (2a+2b) no planejamento, o conteúdo reduz-se na capacidade motora e recreação, e não trabalha com atividades rítmicas 2B= (2c) utiliza a música como pano de fundo 2C= (2d) utiliza algum instrumento ou palmas, ou a própria voz para favorecer a percepção do movimento 2D= (2e) trabalho de percepção espacial acontece com a variação do local da aula Escola n• 3 (educação infantil)- aula de Educação Física com professora especializada.
  • 40. 33 -+Observações descritivas: A primeira atividade foi um pega-pega simples, onde quem era pego virava pegador, e o espaço para correr era somente o limitado para as aulas de Educação Física. Na segunda atividade, a professora pediu para que as crianças formassem uma coluna na frente de um colchão, onde, uma por uma com a ajuda dela fizeram um rolamento. Com o mesmo material e a mesma formação, ela deu a mão de uma em uma para que andassem em cima do colchão. Na outra atividade, ela fez as crianças escolherem uma bola cada, e formou uma coluna, a uma certa distância de um mini-gol. Cada criança deveria chutar para o gol com o pé direito. Depois ela fez três marcas de pênalti para que as crianças fossem chutando com o pé direito em cada uma delas, à medida que conseguiam acertar o chute na marca em que estava. ( repetiu a mesma atividade com o pé esquerdo) Na próxima atividade, a professora segurava um arco a uma altura de 1 metro e meio perto da parede, e as crianças em posse de uma bolinha de tênis, tinham que acertá-la dentro do arco a uma distância marcada, lançando-a com a mão direita e depois com a mão esquerda. Na última atividade, realizou um alongamento dos membros superiores e inferiores; ela comandava o tempo do exercício, contando até 1Opara mudá-lo. Unidades de significados: 3a. o espaço para correr era somente o limitado para as aulas de E.F. 3b. formou uma coluna, a uma certa distância do mini-gol 3c. tinham que acertar a bolinha dentro do arco, a uma distância marcada 3d. no alongamento, ela comandava o tempo do exercfcio, contando até 10 para mudá-lo
  • 41. 34 Redução: 3A= (3a+3b+3c) as atividades aconteciam com espaços limitados e marcados 3B= (3d) no alongamento, ela comandava o tempo de exercício contando até I Opara alterar -+ Entrevista descritiva: O planejamento da escola é anual, tendo como conteúdo os movimentos naturais da criança, o andar, correr, saltar, rolar, lançar....Eia procura nas suas atividades explorar bastante a percepção espacial. No planejamento, a professora inclui atividades rítmicas mas não as aplica, porque acha muito repetitivo, já que a escola oferece aulas de balé e de música. Ela se utiliza bem pouco de música durante as suas aulas, e não se utiliza de nenhum instrumento ou palmas, ou a própria voz para ajudar na percepção do movimento. Unidades de significados: 3a. o planejamento tem como conteúdo os movimentos naturais da cnança 3b. procura nas atividades explorar bastante a percepção espacial 3c. o planejamento contém atividades rítmicas, mas não os aplica 3d. utiliza-se bem pouco de música nas suas aulas 3e. não se utiliza de nenhum instrumento ou palmas, ou a própria voz para ajudar na percepção do movimento Redução 3A= (3a+3c) o planejamento tem como conteúdo os movimentos naturais e atividades rítmicas, mas esta não é aplicada 3B= (3b) nas atividades explora bastante a percepção espacial 3C= (3d) utiliza-se bem pouco de música
  • 42. 35 3D= (3e) não se utiliza de instrumento, palmas, ou a própria voz para ajudar na percepção do movimento Escola n• 4 (educação infantil)- aula de Educação Física com professor especializado. -+ Observações descritivas: A aula foi realizada em uma mini-quadra de esporte. O professor iniciou a aula com a atividade coelhinho sae da toca. Cada criança em uma toca, na forma de um círculo marcado no chão, e uma criança sem círculo determinado andando pelos espaços que sobram. Ao apito do professor, as crianças deveriam trocar de círculo, e a que estava sem deveria entrar em um. Quem ficava sem casa tinha que dançar uma música ou imitar um bicho. Para outra atividade o professor manteve os mesmos espaços da 1°, entretanto aplicou um pega-pega, na primeira vez com um só pegador, onde a criança que foi pega virava pegador e, na segunda vez, ele fez pega-pega ajuda, onde quem fosse pego ajudava o pegador. Na última atividade o professor ensinou a roda-cantada torce- retorce; primeiro ele falou as frases da música para as crianças, depois mostrou a melodia juntamente com os gestos que a acompanhavam. As crianças faziam os gestos e não cqntavam. Ele ia ensinar outra música para as crianças, mas não o fez, pois estavam muito agitadas naquele dia. Unidades de significados: 4a. uma criança sem círculo determinado andando pelos espaços que sobram 4b. ao apito as crianças deveriam trocar de círculo, e aquela que estava sem deveria entrar em um
  • 43. 36 4c. na segunda atividade o professor manteve os mesmos espaços da pnme1ra 4d. ensinou a roda cantada torce-retorce, mostrando primeiro as frases e depois a melodia com os gestos que a acompanhavam Redução: 4A= (4a+4c) utilização do mesmo espaço para as duas atividades 4B= 14b) ao som de um apito uma criança deveria entrar num círculo, enquanto as outras trocavam 4C= (4d) para ensinar a roda cantada, mostrou pnme~ro as frases da música e depois a melodia com os gestos -+ Entrevista descritiva: O planejamento é feito anualmente, e tem como conteúdo as capacidades físicas e recreação. Como qualidades físicas o professor entende realizar um trabalho de coordenação motora e esquema corporal. Ele procura identificar onde a criança tem mais dificuldade e trabalhar junto, apoiando-a para que ela possa vencê-la. Ele trabalha muita roda cantada no final da aula, para proporcionar uma volta à calma para as crianças. Procura também trabalhar com a percepção espaço/temporal. e para isso utiliza-se do tambor, apito ou palmas, ou a própria voz para que as crianças percebam o movimento a ser realizado Unidades de significados: 4a. o planejamento tem como conteúdo trabalhar a coordenação motora. esquema corporal e recreação 4b. trabalha muita roda cantada no final da aula 4c. procura trabalhar com percepção espaço/temporal
  • 44. 37 4d. utiliza-se do tambor, apito ou palmas, ou a própria voz para que as crianças percebam o movimento a ser realizado. Redução 4A= (4a+4b) o planejamento tem como conteúdo a coordenação motora, esquema corporal. recreação e trabalha com rodas cantadas 4B= (4c) trabalha com percepção espaço/temporal 4C= (4d) utiliza algum instrumento ou palmas, ou a própria voz para a percepção de movimentos Escola n• 5 (ensino fundamental)- aula de Educação Física com professora especializada. -+Observações descritivas: A aula para a 4' série aconteceu em uma mini-quadra de vôlei, na qual só participaram as meninas porque os meninos tém aula separada. A professora pediu para a sala se organizar em grupos de seis, enquanto ela marcava com giz a quadra dos dois lados com os números de I a 6. Ela marcou o espaço em que cada jogadora tinha que ficar durante o jogo: fez isso porque nesse dia ia ensinar o rodízio nesse esporte. Para ensinar as regras do jogo, a professora poSICionou dois times na quadra e passou a explicá-las: • o jogo tem início com a jogadora que está localizada no espaço no 5, que realiza um passe ( lança a bola com as duas mãos) para alguém do seu time • o último passe precisa ser leito por uma jogadora que esteja no n• I, 2 ou 3 • para passar a bola para o outro lado, o time precisa realizar três passes entre si
  • 45. 38 o cada vez que um time passa a bola para o outro lado da rede precisa rodar, seguindo os números escritos no chão o o jogo acaba quando um time conseguir fazer cinco pontos primeiro A professora explicava que elas podiam se movimentar perto do seu número, não precisavam ficar paradas em cima do número, podiam dar um passo para frente, para atrás ou para os lados. Para elas não esqueceram de rodar, a professora começou a bater duas palmas seguidas, fazendo o som "tá/tá", e também pedia para o time todo falar a palavra "roda", assim que realizavam o terceiro passe. Quando alguma coisa saía errada, a professora parava o jogo e pedia para a classe explicar o que tinha acontecido. Ela fazia isso para que as meninas que não estavam jogando prestassem atenção. Além disso, ela sempre instigava os times para pensarem em alguma estratégia para fazer ponto. No início da aula, os times estavam fazendo passes lentos e na hora de rodar aconteciam muitas trombadas. Antes de chegar nesse jogo, a professora disse que foi feito um trabalho com outros materiais, como bexiga, bola de tênis, de borracha e outras, para que as alunas pudessem vivenciar o lançar e o rebater. Unidades de significados: 5o. marcou o espaço em que cada jogadora tinha que ficar 5b. podiam se movimentar perto do seu número 5c. podiam dar um passo para frente, para trás ou para os lados 5d. para não esquecerem de rodar, a professora começou a bater duas palmas seguidas, fazendo o som 11 tá/tá" Se. o time todo fala a palavra 11 rodd1 , ass1m que realizavam o terceiro passe 51. os times estavam fazendo passes lentos
  • 46. 39 5g. na hora de rodar aconteciam muitas trombadas Redução: 5A= (5a+5b+5c) cada jogadora tinha o seu espaço, no qual podia movimentar-se para frente, para trás e para os lados 5B= (5d) para não esquecerem de rodar, a professora batia duas palmas seguidas 5C= (5f+5g) os times faziam passes lentos e na hora de rodar aconteciam muitas trombadas 5D= (Se) todo o time falava a palavra "roda" -+ Entrevista descritiva: Para a 4' série, segundo o planejamento, são dados no 1o semestre o vôlei e o futebol, e no 2°, o basquete e o handebol. A professora esclareceu que o objetivo da aula não é o esporte em si, mas realizar um trabalho de fundamentação para o esporte, priorizando em um 1° plano as capacidades motoras como agilidade, coordenação, destreza e equilíbrio. Para isso ela utiliza-se de vários materiais nas aulas, desde os mais tradicionais chegando aos alternativos. Como 2° plano, priorizo alguns fundamentos esportivos das modalidades, aplicando jogos pré- desportivos. Ao trabalhar o equilíbrio com o banco sueco invertido e na posição normal, ela propõe para as alunas como podem passar pelos bancos, deixando sempre uns minutos de exploração do material, mas em algumas aulas, por exemplo, ela coloca uma música que lenha urna batida de um tempo forte para que as alunas possam bater o pé em cima do banco naquele instante. Quando a aluna não consegue realizar o movimento, ela interfere dizendo algumas palavras ou batendo palmas para a percepção do movimento ficar mais evidente.
  • 47. 40 A professora afirmou que utiliza muita música nas suas aulas para que as alunas criem coreografias, movimentos com materiais alternativos, e sempre toma o cuidado para que a música não fique de pano de fundo aos movimentos. Ela procura fazer com que as alunas sintam o movimento dentro do tempo da música e afirma que é muito gratificante e valioso realizar atividades rítmicas. Quanto à percepção espacial, inclui em suas aulas o trabalho com atividades que provoquem essa noção, como por exemplo o banco sueco, cria caminhos com ele invertido e na posição normal, para que as alunas sintam a mudança de espaço que um tem e o outro também, além de que, quando possível. limita o espaço de uma atividade e depois o aumenta, ou vai aumentando gradativamente os espaços de uma atividade, como um simples pega-pega. A professora disse que está sempre preocupada com as questões do ritmo em suas aulas e quando pode procura utilizá-lo de maneira específica nas atividades. Unidades de significados: 5a. segundo o planejamento são dados o vôlei, futebol, basquete e o handebol, priorizando em um l' plano as capacidades motoras, como agilidade, coordenação, destreza e equilíbrio 5b. coloca uma música que tenha uma batida de um tempo forte para que as alunas possam bater o pé cima do banco naquele instante 5c. ela interfere com alguma palavra ou batendo palmas para a percepção do movimento ficar evidente 5d. utiliza muita música nas suas aulas 5e. é muito gratificante e valioso realizar atividades ritmicas 5f. cria caminhos com o banco sueco invertido e na posição normal, para que as alunas sintam a mudança de espaço
  • 48. 41 5g. limita o espaço e depois o aumenta, ou vai aumentando gradativamente os espaços de uma atividade 5h. sempre preocupada com as questões do ritmo em suas aulas 5i. procura utilizá-lo de maneira específica nas atividades Redução: 5A= (5a) no planejamento os conteúdos são o vôlei, futebol, basquete e handebol, e as capacidades motoras presentes são a agilidade, coordenação, destreza e equilíbrio 5B= (5b+5c) para percepção do movimento, utiliza-se de uma música com um tempo forte ou intertere com palavras ou palmas 5C= (5f+5g) para a percepção espacial cria caminhos com o banco sueco em várias posições, limita o espaço e depois vai aumentando gradativamente durante a atividade 5D= (5e+5h+5i) preocupa-se com as questões do ritmo e procura utilizá-lo de maneira específica nas suas atividades, demonstrando ser gratificante e valioso realizar atividades rítmicas 5E= (5d) utiliza muita música em sua aula Escola n• 6 (ensino fundamental)- aula de Educação Física com professora especializada. -+ Observações descritivas: A aula desenvolveu-se em duas partes, sendo que a primeira realizou-se na quadra esportiva. Na primeira atividade com os alunos em formação de roda, a professora iniciou o alongamento dos membros supenores e inferiores; ela contava o tempo do exercício até oito para mudá-lo. Depois, ela mandou que os alunos corressem em volta da quadra, e aqueles que não pudessem correr andavam. Ela não impôs nenhum ritmo para a corrida ou caminhada.
  • 49. 42 Para ens1nar o drible do basquetebol, utilizou a metade da quadra de handebol. Dividiu a sala em duas colunas, uma de meninas e outra de meninos, e na frente de cada uma havia quatro cones com um espaço entre eles. Cada aluno deveria ir driblando ao seu ritmo só com a mão direita pelos cones e voltar pelo lado de fora andando ao seu modo, segurando a bola (repetiu 2 vezes). Fez a mesma coisa só que com a mão esquerda (repetiu 2 vezes). Para a outra atividade, ela utilizou o mesmo espaço descrito acima, porém, agora as colunas ficaram mistas: um menino intercalado com uma menina. Ela propôs uma competição entre as duas colunas, onde cada aluno deveria ir e voltar driblando pelos cones com qualquer uma das mãos. Os alunos ficavam gritando o nome de quem estava fazendo e falavam para "ir mais depressa, mais rápido e vem logo". A competição teve três partidas sendo que a 2' coluna ganhou de 2al. A segunda parte da aula transcorreu no campo de futebol, porque a escola possui apenas uma quadra de esporte, e a 5' série iria lazer aula de Educação Física. No campo de futebol, a professora propôs o jogo pie-bandeira, mas a classe não queria fazer, os alunos diziam que estavam cansados de fazer isto1 que ((sempre era esse jogo 11 e que 11 toda aula só era essa atividade". Então, para não criar confusão, a professora ficou discutindo o porquê deles não quererem fazer aquele jogo, e ao mesmo tempo ficava pedindo sugestões de quais eles desejavam. A sugestão foi dada pela professora, que falou sobre o jogo do sim e do não. Ela utilizou o campo de futebol inteiro, formou duas fileiras no meio do campo, uma de costas para a outra. A do seu lado esquerdo era a equipe do sim e do lado direito era a do não. Quando a professora perguntava alguma coisa que tinha como resposta o sim, a equipe do sim deveria virar e sair correndo para pegar a outra equipe que deveria sair
  • 50. 43 correndo até a linha da grande área, onde ficavam salvos e assim vice- versa. As perguntas foram sobre matemática, geografia. história e conhecimentos gerais. Unidades de significados: 6a. alunos em formação de roda 6b. alongamento ela contava o tempo do exercício até oito para mudá-lo 6c. não impôs nenhum ritmo para a corrida ou caminhada 6d. para ensinar o drible do basquetebol, utilizou metade da quadra de handebol 6e. ir driblando ao seu ritmo 6f. voltar pelo lado de fora andando ao seu modo 6g. para a outra atividade, ela utilizou o mesmo espaço 6h. os alunos falavam para "ir mais depressa, mais rápido e vem logo" 6i. utilizou o campo de futebol inteiro Redução: 6A~ (6a+6d+6g+6i) repetiu o mesmo espaço em duas atividades seguidas, com formações diferentes, só depois alterou o espaço 6B~ (6c+6e+6f) não impôs nenhum ritmo às atividades 6C~ (6b) ela comandava, no alongamento, o tempo do exercício, contando até oito para mudá-lo 60= (6h) os alunos, em competição, participavam acelerando os movimentos dos colegas -+ Entrevista descritiva: Para a 4' série o conteúdo do planejamento é o esporte, onde são ensinados os fundamentos das modalidades esportivas basquete, handebol e futebol. O vôlei não é ensinado porque, para a professora, exige-se muita habilidade dos alunos para aprendê-lo.
  • 51. 44 Ela procura trabalhar com as capacidades motoras como coordenação, agilidade, destreza e equilíbrio, através de grandes jogos e com a utilização de materiais. Em nenhuma aula utilizou-se de música ou atividades rítmicas. Em todas as atividades, ela não impõe um ritmo externo através de palmas. ou de som com algum instrumento, ou com a própria voz, para interferir no movimento do aluno e para sua melhor percepção, pois, segundo a professora, os alunos não gostam "que fique impondo ou forçando para eles fazerem". A professora afirmou que não trabalha com noções de espaço em suas atividades porque a escola é um pouco restrita nessa questão. Unidades de significados: 6a. o conteúdo do planejamento é o esporte 6b. procura trabalhar com as capacidades motoras como coordenação, agilidade, destreza e equilíbrio 6c. em nenhuma aula utilizou-se de música 6d. nem utilizou-se de atividades rítmicas 6e. não impõe um ritmo externo através de palmas ou de som com algum instrumento, ou com a própria voz, para interferir no movimento do aluno e para sua melhor percepção 61. não trabalha com noções de espaço porque a escola é um pouco restrita a esse assunto Redução: 6A= (6a+6b) no planejamento o conteúdo é o esporte, e trabalha com as capacidades motoras como coordenação, agilidade, destreza e equilíbrio 6B= (6d+6f) não trabalha corn atividades rítmicas e nem com noções de espaço
  • 52. 45 6C= (6c+6e) não se utiliza de nenhum instrumento, ou de palmas, ou da própria voz para interferir na percepção do movimento para ajudar o seu aluno Escola n• 7 ( enSino fundamental)- aula de Educação Física com professor especializado. -+Observações descritivas: Na aula observada o professor trabalhou com o material bastão com a 4" série. Os alunos ficaram conhecendo o material e, em posse dele, tinham que atravessar o espaço de meia quadra de handebol equilibrando-o das mais variadas formas. O professor, algumas vezes, falava para seus alunos atravessarem mais rápido, dizendo "vai mais rápido11 • Na segunda atividade, o professor continuou u!Hizando o mesmo espaço anterior e seus alunos ficavam andando de cavalinho com o bastão, e quando o professor apitava uma vez, eles tinham que soltar o bastão no chão e sair correndo pelo espaço. Quando o professor apitava duas vezes seguidas, eles deveriam pegar qualquer bastão e voltar a andarem de cavalinho. Para variar, o professor ia tirando um bastão a cada vez que apitava. Portanto, um aluno acabava ficando sem o bastão, mas não saia da atividade. Ele ficava esperando a oportun'1dade para poder pegar um bastão. Na terceira atividade, o professor colocou os alunos em uma roda bem aberta onde ficavam segurando o bastão da maneira mais conveniente para cada um ( de pé, sentado, ajoelhado, com o bastão na horizontal, inclinado ou na vertical). Todos os alunos, um a um, 1am passando pelos amigos, correndo e pulando o seu bastão. O professor cronometrava o tempo de cada aluno ao percorrer a roda com os
  • 53. 46 obstáculos nas mais diferentes posições, e ganhava quem fizesse o caminho no menor tempo possível. Na quarta atividade, as crianças fizeram uma roda com um diametro menor que a anterior. O bastão ficava na vertical à frente do corpo de cada um. Quando o professor apitava uma vez eles deveriam soltar o bastão e pegar o da sua direita. Ficou um bom tempo para esse lado, depois para a esquerda com o som de um apito também. Para variar, o professor mostrava com a mão um número, onde o 1 era para girar a direita e o 2 era para a esquerda. Na última atividade, as crianças abriram uma roda maior que as anteriores, e colocaram o bastão no chão à frente de cada um. Um por vez sendo que o primeiro começava sem o bastão. Então, o aluno ia pulando os bastões, no sentido horário, quando ouvisse um apito, ele deveria parar na frente do último bastão que pulou e passar por debaixo das pernas do amigo. Feito isso, ele deveria pegar o bastão desse amigo e voltar para o seu lugar pulando os bastões ,no sentido anti-horário, e voltar pulando com um só pé para o seu lugar. Unidades de significados: la. atravessar o espaço de meia quadra de handebol 7b. o professor falava para seus alunos atravessarem mais rápido, dizendo "vai mais rápido" 7c. ele apitava uma vez, eles tinham que soltar o bastão no chão e sair correndo 7d. ele apitava duas vezes seguidas, eles deveriam pegar qualquer bastão e voltar a andarem de cavalinho le. alunos em uma roda bem aberta 7f. percorrer a roda com os obstáculos nas mais diferentes posições 7g. as crianças fizeram uma roda com um diâmetro menor que a anterior
  • 54. 47 lh. apitava uma vez, eles deveriam soltar o seu bastão e pegar 0 da sua direita li. para a esquerda com o som de um apito também lj. o I era para girar à direita e o 2 era para a esquerda li. abriram a roda maior que as anteriores lm. ia pulando os bastões no sentido horário ln. quando ouvisse um apito deveria parar na frente do último bastão que pulou e passar por debaixo das pernas do amigo lo. e voltar para o seu lugar pulando os bastões, no sentido anti-horário Redução: lA= (la+7e+7g+71) atravessar meia quadra de handebol e formação de três tipos de rodas com diâmetros diferentes 7B= (7c+7d+7h+7i+7n) ao som de um apito, os alunos tinham que soltar o bastão e sair correndo, e pegar o da sua direita, depois o da esquerda também, parar na frente do último bastão havia pulado e passar por debaixo das pernas do amigo. Quando apitava duas vezes seguidas eles deveriam pegar um bastão e voltar a andarem de cavalinho 7C= (7f+7m+7o) percorrer a roda com os obstáculos nas mais diferentes posições, pulando os bastões no sentido horário e voltar para o seu lugar pulando os bastões no sentido anti-horário 70= (7b) o professor pede para seus alunos atravessarem mais rápido 7E= (7j) o I era para girar à direita e o 2 era para a esquerda ... Entrevista descritiva: Para a 4" série, no planejamento, o conteúdo a ser trabalhado é o esquema corporal, noções de espaço/tempo, recreação e iniciação esportiva. O professor disse que começa a ser ensinado um pouco das regras e dos fundamentos do vôlei, basquete, handebol, futebol e atletismo.
  • 55. 48 A ginástica é um conteúdo trabalhado com as meninas, mas ele afirmou que procura, quando pode, trabalhar com alguns elementos e materiais específicos da ginástica nas suas aulas. Ele se utiliza bastante da música em suas aulas, principalmente para criar jogos em cima dela, buscando desenvolver as noções de espaço/tempo e esquema corporal Segundo o professor, o ritmo é utilizado em suas aulas como um elemento coadjuvante para a iniciação esportiva. Através dele pode ensinar o drible, o tempo de batida da bola, como desarmar o adversário e outras coisas. Para a 4' série também se realiza teatro e mini torneio. Ele não realiza muitas atividades rítmicas em suas aulas porque a escola, por ser particular, acaba exigindo muitas atividades extras como gincanas, campeonatos e apresentações. Unidades de significados: la. no planejamento o conteúdo a ser trabalhado é o esquema corporal, noções de espaço/tempo recreação e iniciação esportiva lb. utiliza-se bastante da música em suas aulas lc. criar jogos em cima dela, buscando desenvolver as noções de espaço/tempo e esquema corporal ld. o ritmo é utilizado como um elemento coadjuvante para rnrcração esportiva 7e, ele não realiza muitas atividades rítmicas em suas aulas Redução: lA~ (la+7e) no planejamento o conteúdo é o esquema corporal, noções de espaço/tempo, recreação e iniciação esportiva, não realizando muitas atividades rítmicas em suas aulas lB~ (lb) utiliza-se da música em suas aulas
  • 56. 49 7C= desenvolve as noções de espaço/tempo e esquema corporal através de jogos com músicas 70= (7c) o ritmo é utilizado como um elemento coadjuvante para iniciação esportiva Escola n• 8 (ensino fundamental)- aula de Educação Física com professora especializada. -+ Observações descrilivqs: A aula foi dividida em duas partes, e na primeira delas a professora começou com um pega-pego corrente por todo espaço da quadro. Um aluno começava como pegador e quem ele fosse pegando ia formando, a partir dele, uma corrente de mãos dadas para ajudar a pegar os demais alunos. Depois ela dividiu a classe em cinco colunas no final da quadra de handebol. Cada coluna tinha em posse uma bola de basquete, onde um aluno por vez, de cada coluna tinha que ir driblando com a mão direita até a outra linha da quadra de handebol, e voltar fazendo a mesma coisa. Foi feito também com a mão esquerda e paro alguns alunos ela dizia "acelera, acelera a batido e não olha para o chão". A outra atividade os alunos continuavam no mesma posição, e tinham que ir driblando protegendo o bola com a outra mão (posição de defeso) até o final da quadra de handebol. Ela deixou livre para os alunos escolherem com qual mão queriam defender e driblar, e em muitos alunos teve que corrigir o movimento: ela demonstrava o movimento novamente para quem não estava conseguindo, e ficava dizendo "flexiono mais a perna, coloca o braço na frente do corpo". Na outra atividade, as cinco colunas foram reduzidas a duas, que ficavam se defrontando. Saíam um aluno de cada coluna juntos e
  • 57. 50 trocavam passes de peito, se deslocando até a outra linha da quadra de handebol. Para alguns alunos que não conseguiam acertar o passe com o deslocamento, a professora comandava dizendo para '1 abrir e fechar as pernas e quando abrir as pernas realizar o passe". Na segunda parte da aula, a professora realizou um jogo de handebol, porque há uma semana, ela havia finalizado os fundamentos dessa modalidade, e os alunos queriam jogar mais um pouco. Ela encostou todos na parede e começou a escolher os times, onde formou dois times femininos e dois masculinos. O primeiro jogo foi menina X menina, elas erravam muito as trocas de passes, a bola ficava mais fora do que no jogo, e só as que tinham mais coordenação pegavam na bola. No jogo dos meninos, os passes eram trocados rapidamente , faziam jogadas e a bola dificilmente ia para fora. Unidades de significados: 8a. pega-pega corrente por todo espaço da quadra 8b. cinco colunas no final da quadra de handebol Se. ir driblando até a outra linha da quadra de handebol 8d. ela dizia "acelera, acelera a batida e não olha para o chão" 8e. dizendo "flexiono mais a perna, coloca o braço na frente do corpo" 8f. as cinco colunas foram reduzidas a duas 8g. passes de peito, se deslocando até a outra linha da quadra de handebol 8h. comandava dizendo para "abrir e fechar as pernas e quando abrir as pernas realizar o passe" Si. erravam muito as trocas de passes, a bola ficava mais fora do que no jogo
  • 58. 51 8j. os passes eram trocados rapidamente, faziam jogadas e a bola dificilmente ia para fora Redução: 8A= (8a+8b+8f) atividade usando todo espaço da quadra, com formações variadas 8B= (8c+8g) dribles e passes com deslocamentos usando a quadra de handebol toda 8C= (8d+8e+8h) comandava os exercícios solicitando que acelerassem realizando os passes 80= (8i+8j} um dos jogos realizados o ritmo de jogo era lento, em outro, fizeram um jogo bem rápido -+ Entrevista descritiva: Para a 4' série, o planejamento tem como conteúdo a recreação e os esportes, sendo no l' semestre o basquete e o handebol, e no 2', o vôlei somente, porque, segundo a professora, exige-se muito tempo para ser ensinado, e a recreação entra para intercalar os esportes, para não ficar enjoativo e com o objetivo de socializar a criança. Ao ensinar os fundamentos do esporte, às vezes ela se utiliza de algum instrumento como o apito, tambor, ou através de palmas, ou da própria voz para comandar o movimento, e para ajudar na percepção do aluno. Citou como exemplo disso ao trabalhar com as passadas do handebol. Como a escola possui uma sala de ginástica com espelho, colchões, som e alguns aparelhos específicos, ela a utiliza realizando um trabalho com esses materiais para a recreação. E para esse tipo de aula utiliza a música fazendo com que os alunos sintam o seu tempo em harmonia com os movimentos que estão realizando. Também deixa eles criarem coreografias em cima das músicas.
  • 59. 52 A professora não trabalha com atividades rítmicas com a 4' série, pois nessa fase já não aceitam mais esse tipo de atividade, mas sempre que pode utiliza o ritmo para ensinar as modalidades esportivas durante as aulas. Quanto à percepção espacial, ela disse que a utiliza quando está aplicando os grandes jogos com a classe. Unidades de significados: Sa. no planejamento o conteúdo é a recreação e os esportes 8b. para comandar o movimento e ajudar na percepção do aluno, ela se utiliza de algum instrumento, apito ou tambor, palmas ou a própria voz Se. utiliza a música fazendo com que os alunos sintam o seu tempo em harmonia com os movimentos 8d. não trabalha com atividades rítmicas Se. o ritmo é utilizado para ensinar as modalidades esportivas em suas aulas Sf. percepção espacial ela utiliza-a quando esta aplicando os grandes jogos Redução: 8A= {Sa+ Sd) no planejamento, o conteúdo é a recreação e o esporte, e não trabalha com atividades rítmicas SB= {Sb) utiliza algum instrumento, palmas ou a própria voz para comandar o movimento, e ajudar na percepção do aluno BC= (Se) utiliza a música fazendo o aluno sentir o seu tempo em harmonia com os movimentos SD= (Sd) o ritmo é utilizado para ensinar as modalidades esportivas SE= (81) os grandes jogos exercitam a percepção espacial 4.2) A ELABORAÇÃO DE CATEGORIAS: • a partir de uma redução das unidades encontradas nas observações
  • 60. 53 As categorias foram criadas a partir das reduções das unidades de significados de cada descrições das oitos aulas observadas pela pesquisadora. Cada categoria será representada por um número romano, que identitica a soma das unidades ou apenas uma unidade. Foram levantadas as seguintes categorias: I. {3B+6C) : utilização de uma contagem numérica para comandar o alongamento; 11. (2C+6D+7D+8C+5D) o movimento é comandado com o auxílio de palavras; 111. (I B+I C+2B+4B+7B) utilização de um instrumento sonoro durante a atividade; IV.(2D+5B): o movimento é comandado por palmas; V. (3A+4A+5A): atividades desenvolvidas em espaços lixos e limitados; VI.(IA+2A+6A+7A+8A): atividades desenvolvidas em espaços variados sem restrição; VII.(7C+ 7E+8B) atividades com mudança de direção e variação de espaço; VIII.(5C+8D) :presença de ritmo de jogo nas modalidades esportivas; IX.(6B): não utilização de um ritmo externo durante as atividades; X.(4C): decomposição de uma atividade rítmica. • a partir de uma redução das unidades encontradas nas entrevistas Através das descrições das entrevistas com cada professor das oito escolas, destacamos, através das unidades de significados, as idéias que chamaram atenção para o observador. A partir delas, houve primeiramente uma redução para depois serem levantadas as categorias, analisadas posteriormente. Da mesma forma, serão identificadas pelos números romanos:
  • 61. 54 I. {I B+2B+3C) : a música utilizada para alegrar ou como pano de fundo para a atividade; 11. {5E+7B+8C) : a música utilizada como um instrumento didático e como apoio para a percepção do movimento; 111. {2C+4C+5B+8B) : para ajudar o aluno na percepção do movimento o professor se utiliza de algum instrumento, palmas ou a própria voz; IV. {I C+30+6C) : não interfere na percepção de movimento do aluno de nenhuma maneira; V.{20+3B+4B+5C+7C+8E): durante as atividades propostas procura explorar as noções de espaço; VI. {70+80) : o ritmo é utilizado como um elemento coadjuvante para a iniciação esportiva; VIl. {I A+2A+3A+5A+6A+7A+8A+): no planejamento, atividades rítmicas não fazem parte do conteúdo e na escola em que ele está presente no planejamento, não é aplicado; VIII. {4A+50) : no planejamento não faz parte do conteúdo as atividades rítmicas, mas há uma preocupação com as questões do ritmo, trabalhando também com rodas cantadas; IX. (I 0+6B) : o professor não trabalha com atividades rítmicas e nem com noções de espaços. Seguindo o nosso caminhar, partiremos agora para a elaboração das matrizes, sendo uma para as categorias das observações e outra para as categorias das entrevistas. A construção dessas matrizes tem a finalidade identificar, mais claramente, as divergências e as convergências existentes. Nas matrizes, as oito escolas serão representadas pelas letras EI, E2.....E8 e as categorias elencadas em cada uma delas serão descritas de maneira sintetizada. O próximo passo será apresentar as interpretações
  • 62. 55 pertencentes a cada uma das Matrizes que serão exibidas logo após a Matriz correspondente. 4.3) A DESCOBERTA DA PRIMEIRA MATRIZ El E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 I. comando por uma contagem numérica X X li. comando por palavras X X X X III. comando_por um instrumento sonoro X X X X IV. comando por palmas X X V. nao exploração do espaço X X X VI. exploraçao do espaço X X X X X VII. vartaçao do espaço e de direçao X X VIII. identificaçao de um ritmo de jogo X X IX. nao identificação de um ritmo externo X X. decomposiçao de uma atividade ritmica X As categorias, que foram surgindo a partir das reduções das unidades de significados das aulas observadas, em cada uma das oito escolas, são as mais significativas segundo o meu olhar nesta pesquisa. A intenção é verificar se em uma aula de Educação Física Infantil, o ritmo se faz presente através das minhas observações. Nessa primeira matriz, o maior grau de convergência está representado pelos itens li e V. No primeiro, as escolas (E2,E6,E7,E8) demonstraram durante a aula observada um comando de movimento por palavras; no segundo, as escolas (EI ,E2,E6,E7,E8) apresentaram, durante as atividades, uma exploração do espaço. O item 11 chamou-me a atenção pelo fato do professor comandar um movimento através de palavras, significa dizer que o professor se utilizando-se da sua própria voz para produzir um som com intuito de ajudar o seu aluno a executar os movimentos mais ritmados durante a atividade.
  • 63. 56 O que aconteceu com as escolas nesse item foi surpreendente, porque com o auxílio de palavras um som era produzido para ajudar na realização do movimento. Ecomo na presença de um som nenhuma parte do nosso corpo fica sem vibrar, sem se manifestar, podemos dizer que o ritmo mostrou-se inerente à natureza do som. Quanto ao item V, é interessante verificar que das oito escolas observadas, cinco propiciaram nas suas aulas, atividades que permitiam ao aluno desenvolver uma noção espacial. Isso ficava evidente dentro de uma mesma atividade, ou na mudança de uma para outra. Ainda vale destacar nessa matriz, a presença de duas divergências significativas, sendo que a primeira aconteceu no item IX (E6) e a segunda no item X (E4). Éinteressante analisar o item IX para comentar que enquanto em uma escola durante a observação da aula, em nenhum momento houve utilização de um ritmo externo para auxiliar no movimento, principalmente, na primeira parte da aula, quando a professora desenvolveu o drible do basquete com os seus alunos e, não se utifizou de nenhum ritmo externo para sincronizar o ritmo do movimento nessa atividade. Agora na escola E4 houve uma decomposição de uma atividades rítmica, onde as frases de uma roda cantada foram ensinadas anteriormente à sua melodia e gestos, criando assim uma sincronização entre o ritmo e o movimento. O número de aspectos levantados nessa categoria são bastante significantes para tentar compreender como as questões do ritmo estão sendo trabalhadas nas aulas de Educação Física Infantil. Portanto, pretendo analisar ainda mais essa primeira matriz, buscando correlacionar os aspectos apresentados e mostrar como essa questão vem sendo trabalhada.
  • 64. 57 Para uma melhor compreensão das interpretações seria coerente separar as onze categorias em três tipos de percepção, que são: I. percepção temporal- I,II,III,IV 2. percepção espacial - V,VI,Vil 3. percepção rítmica- VIII,IX,X A primeira apresenta o tempo em relação ao movimento, ou seja, como o tempo se foz presente no movimento, não esquecendo que o ritmo acontece dentro de um tempo, unindo o sentido auditivo com o cinestésico. Ao analisar a Matriz percebemos que a escola n' 2 foi a que mais trabalhou com a percepção temporal na sua aula, isto é foi a que mais proporcionou ao seus alunos uma noção do tempo para a execução do movimento. Sendo assim, essa professora utilizou-se do ritmo para que suas crianças realizassem um movimento a partir de um som, que era identificado por um tempo produzido através de algum objeto ou instrumento. E portanto, isso nos mostra que o ritmo expressa uma ordem temporal ao movimento, onde imprime uma duração, uma simetria e acaba definindo um estilo ao movimento. Para esclarecer ainda mais essa questão apresento as palavras de ROETHIG, (apud NISTA-PICCOLO 1993;180) que ensina que é "o ntmo que dá uma ordem temporal ao movimento. impondo-lhe uma certa duração". Então, durante as atividades, é muito importante que o professor tenha consciência da importãncia do ritmo em suas aulas, porque ao ensinar um movimento o tempo se foz presente. Na percepção espacial foram duas escolas que se destacaram, onde ambas desenvolveram atividades com variações de espaço e de direção, ou seja a noção espacial se fez presente nessas duas aulas. Ela é algo fundamental para o trabalho rítmico, juntamente com a
  • 65. 58 percepção temporal, onde esse todo articulado forma o movimento a partir dos elementos rítmicos. Esses professores ao propiciarem uma variação de espaço, dentro de uma mesma atividade, ou na mudança de uma para outra, acabam realizando um excelente trabalho rítmico com suas crianças, principalmente nessa faixa de idade que engloba a Educação Física Infantil, onde as crianças começam a fazer relações dos movimentos do seu corpo com o espaço que utilizam para realizá-lo. A ordem espacial é algo complexo, pors se refere à consciência que se tem do próprio corpo. Segundo MERLEAU PONTY, em citação de NISTA-PICCOLO (1993;175) "nosso corpo nào está no espaço. ele é o espaço". Logo, a criança a partir do seu espaço inicial. que é seu próprio corpo, aprimora a noção espacial à medida que ela explora todas as possibilidades de ação que seu corpo pode fazer à sua volta. Éimportante frisar que em um trabalho rítmico não há divisão entre as ordens de tempo e espaço. Nesse momento da interpretação, elas foram separadas para melhor compreensão dos fatos ocorridos durante as observações das aulas. Essa separação só acontece na teoria, porque na prática a criança percebe o ritmo em um dado tempo e através dele usa o espaço do seu corpo e da sua volta produzindo movimentos. A terceira percepção é a rítmica. Recebeu essa denominação porque as três últimas categorias levantadas nessa primeira Matriz, dizem respeito a identificação de um ritmo durante as observações das aulas. É interessante mostrar que cada item apareceu em uma escola diferente e não houve concordância entre elas. Depois dessas análises à respeito da Matriz das observações das aulas é possível afirmar que essas escolas, não estão trabalhando com o ritmo em suas atividades. de Educação Física, pois através dos onze itens
  • 66. 59 levantados e pela classificação das percepções adotadas posteriormente, conclui-se que o trabalho do ritmo não acontece de forma intencional. ou seja, não é feito um trabalho por inteiro a respeito do ritmo. Trabalhar o ritmo de forma consciente é fazer com que as crianças percebam o que estão fazendo e tome consciência disto, pois segundo FRAISSE, em citação de NISTA-PICCOLO (1993;193) "o ofo de perceber é uma reação que se dá no campo espacial e temporal". Logo. o ritmo não é um fato comum no tempo e no espaço, mas um fenômeno do movimento, que determina uma percepção subjetiva de sentir o tempo e o espaço. exigindo da criança a intenção de vivenciá-lo. 4.4) A DESCOBERTA DA SEGUNDA MATRIZ El E2 E3 E4 E5 E6 Ei ESl- I. a música com papel secundário X X X li. a música com Paoel orinciual X X lll. utilizaçao de algum recurso X X X Ip/ a oerceoção do movi/o - ~- sem interferência navercepçao do movi/o X X X V. exvlora as noçoes espadais X X X X X VI. trabalha o ritmo como um meio X VII. nao trabalha com as auestoes do ritmo X X X X X X Vill. trabalha com as auestoes do ritmo X X LIX. não trabalha c/ as questões do ritmo X ~e nem do espaço Após o levantamento das categorias a partir das reduções das unidades de significados das oito entrevistas, pretendemos mostrar se no planejamento, o ritmo se faz presente, com que objetivo ele é utilizado e qual a metodologia adotada para tal desenvolvimento. Nessa matriz, o maior grau de convergência aconteceu nos itens V (explora as noções espaciais) e VIl (não trabalha com as questões X X X )(_ X -- - -
  • 67. 60 do ritmo). No primeiro, as escolas (E2,E3,E4,E5,El.E8) disseram que procuram explorar as noções de espaço durante as atividades propostas. No segundo, as escolas (El ,E2,E3,E5,E6,E7,E8) afirmam que atividades rítmicas não fazem parte do planejamento. Essa convergência é bastante intrigante pors elas se contradizem a respeito dos pensamentos dos professores, porque se na primeira eles afirmam trabalhar com as noções espaciais, como é possível o ritmo não fazer parte do planejamento? Além disso, as noções espaciais são trabalhadas paralelamente às noções temporais, pois não se pode separar o tempo e o espaço. Isso demonstra a falta de conhecimento a respeito do ritmo, por parte dos professores entrevistados, ou seja, eles parecem ter dificuldades no entendimento da definição de ritmo e acabam fazendo confusões em como utilizá-lo. Outras convergências que aparecem nessa Matriz encontram- se nos itens IV e IX. O primeiro, nas escolas (El ,E3,E6) referindo-se à nenhuma interferência por parte do professor para ajudar seu aluno na percepção do movimento. No segundo, os professores das escolas (El ,E6) não trabalham com atividades rítmicas e nem com noções espaciais. Nessa convergência não ocorre contradição porque os professores dessas escolas não trabalham com o ritmo e afirmam que não se utilizam dele, em suas aulas, durante as atividades propostas. Uma divergência que aparece é referente aos itens I e IJ, onde no primeiro as escolas (El ,E2,E3) utilizam a música com um papel secundário em suas aulas, enquanto que no segundo, as escolas (E5,E7,E8) utilizam-na como um papel principal. Esse aspecto é bastante relevante porque mostra que das oitos escolas, somente três apresentam uma preocupação em utilizar os
  • 68. 61 elementos da música durante as suas aulas; três dizem que usam a música somente como pano de tunda e duas não utilizam de forma nenhuma em suas atividades. A segunda divergência ocorre nos itens 111 (utilização de algum recurso para a percepção do movimento) e IV (sem interferência na percepção do movimento). No primeiro, os professores das escolas (E2,E4,E5,E8) interferem na percepção do movimento utilizando-se de algum instrumento, palmas ou a própria voz; e no segundo, os professores das escolas (El ,E3,E6) não interferem na percepção do movimento do seu aluno de nenhuma maneira. Éinteressante analisar esses aspectos, pelo fato de que ainda os professores de Educação Física não se deram conta de que o movimento acontece no espaço, no tempo e sob um determinado ritmo. Então, fazer uma interferência na percepção do mov·Imento, não significa adestrar a criança em um certo movimento, mas ao contrário, é proporcionar à criança uma percepção das múltiplas possibilidades que seu corpo pode realizar. Sem terminar as interpretações, apenas enfocando convergências e divergências que a Matriz nos mostra, busca-se, um melhor entendimento dos aspectos apresentados, à respeito do planejamento dos professores de Educação Física Infantil, levantados durante as entrevistas em cada uma das escolas. Para que as interpretações não fiquem inadequadas e soltas, seria viável separar os itens por três tópicos: 1, As questões do ritmo estão no planejamento; 2. Como o ritmo é utilizado; 3. Com que objetivo o ritmo se faz presente.
  • 69. 62 Ao pnmerro tópico os itens correspondentes são os Vil (não trabalha com as questões do ritmo),VIII (trabalha com as questões do ritmo) ,IX (não trabalha com as questões do ritmo e nem do espaço) da Matriz, que se referem especificamente ao fato de que o ritmo é um conteúdo contemplado dentro do planejamento. A intenção dessa análise não é comprovar que o ritmo precisa fazer parte de um planejamento. mas verificar como os professores o entendem e utilizam-no em suas atividades. Olhando na Matriz percebemos que sete das oito escolas não abordam as questões do ritmo no seu planejamento, onde somente uma escola trata desta questão, porém a professora disse que não aplica porque as crianças já possuem aulas de dança e de música. Percebemos então, como a visão do professor de Educação Física, a respeito do ritmo, é pobre e restrita, porque se nas suas aulas a criança se movimenta, ela o faz partindo de seu ritmo natural, realizando uma sincronização de ritmo-movimento. As palavras de SAUR, em citação de NISTA-PICCOLO (1993;20) complemento esta questão de ritmo-movimento ao dizer: "eu vou de maneira enérgica se contradada, de maneira rápida se afobada, de maneira tranqüila se estiver em paz ou de maneira relutante se estiver com medo". Estando ou não no planejamento, as questões do ritmo se fazem presentes nas aulas de Educação Física. pois em qualquer movimento existe um aspecto rítmico que deve ser ressaltado durante as atividades. É interessante ver também, nesse tópico, que somente duas escolas possuem uma preocupação com as questões do ritmo, ou seja, os professores, mesmo não colocando o ritmo em seus planejamentos,
  • 70. 63 durante as suas aulas, nas atividades propostas eles procuram instigar a percepção do ritmo na criança. No segundo tópico, o item que aparece é somente o VI (trabalha o ritmo como um meio), onde em duas escolas os professores disseram que o ritmo só é trabalhado como um elemento coadjuvante para a iniciação esportiva. Penso que isso não é errado, pois é também uma forma de estar aprimorando o ritmo, nas aulas de Educação Física, mas no entanto, penso que um trabalho rítmico mais direcionado, com um fim em si mesmo, tem muito mais para oferecer às crianças desse período escolar. Esse pensamento tem como pressuposto as palavras de HANEBUTH, (apud NISTA-PICCOLO 1993;22), o qual afirma que "é a rifmicidade que impulsiona fada e qualquer função no desenvolvimento do ser humano". Logo, utilizar o ritmo de forma mais direcionada é muito mais valioso para o desenvolvimento das crianças, porque ele, segundo NISTA-PICCOLO (1993;22) "passa a uma transposição que transcende qualquer instrumento didáfico"sendo capaz de gerar um equilíbrio no desenvolvimento humano. No terceiro tópico, que aborda com que objetivo o ritmo é trabalhado, percebemos na Matriz os itens 11 (a música com papel principal). 111 (utilização de algum recurso para a percepção do movimento) e V (explora as noções espaciais), afirmando que as escolas trabalham com o ritmo através da música, instrumentos sonoros, palmas, ou própria voz para que as crianças percebam o movimento. Através da exploração do espaço as crianças ampliam seus conhecimentos com os mesmos recursos materiais. Dentro das oitos escolas, somente três professores das escolas E5, E7 e E8, utilizam-se da música como um elemento de apoio didático
  • 71. 64 para a percepção do movimento. Éimportante lembrar que a música e o movimento se unem pela presença do ritmo, pois já na antigüidade os povos faziam movimentos de acordo com o ritmo locado pelos instrumentos. Além disso, CAMARGO (1994;72) afirma que: "... é difícil encontrar uma única fração do corpo que não sofra a influência dos tons musicais. A razão é simples está nas raízes dos nervos auditivos. cujas ligações. espalhadas largamente pelo corpo. são mais longas que qualquer outros nervos. o que. em si, pode representar um sentido interior bem mais complexo". A música quando integrada ao movimento nas aulas de Educação Física Infantil tem muito a contribuir para os alunos. porque ela afasta o clima de monotonia da aula, sugere o ritmo a ser executado e contribui para a educação dos sistemas psicomotor e neuromuscular. O professor de Educação Física precisa ter claro o que ele pretende com a música durante a atividade proposta, para que ela não fique somente com o papel de alegrar a sua aula. Também não adianta colocar qualquer música, ela precisa estar de acordo com a proposta da aula porque, segundo CAMARGO (1994; 72) da "qualidade da música depende a qualidade do movimento".
  • 72. 65 CAPÍTULO 5: UM SEGUNDO OLHAR NAS DESCOBERTAS
  • 73. 66 Após as interpretações de cada Matriz surgiu uma inquietação a respeito de como cada escola se mostrou nos itens analisados, isto é, como as aulas de Educação Física Infantil estão sendo ministradas, tendo como enfoque o ritmo durante as atividades. Portanto ao olhar para cada escola, estou tentando construir mais resultados voltados para o foco da minha pesquisa. Pretendo analisar as escolas, interpretando os dados de cada uma nas duas Matrizes, buscando, assim, compreender de que maneira a escola aborda a questão do ritmo, fundamentando-me na aula que ela oferece, e de acordo com o que o professor(a) relatou durante a entrevista a respeito das atividades desenvolvidas em Educação Física Infantil. A primeira trata-se de uma escola maternal onde as aulas de Educação Física são lecionadas pela própria professora de sala, isto é não há especialista. Foi interessante notar na aula observada que a respectiva protessora se utiliza desse espaço apenas como um reforço dos conteúdos desenvolvidos em sala de aula. Com isso percebe-se que ela não leva em consideração, em nenhum momento, as questões do ritmo nas suas propostas. As Matrizes mostram que esta escola se faz presente nos itens 111 (comando por um instrumento sonoro) e VI (exploração do espaço) da primeira Matriz e nos itens IV (sem interterência na percepção do movimento ), VIl (não trabalha com as questões do ritmo) e IX (não trabalha com as questões do ritmo e nem de espaço). É interessante verificar uma contradição da professora, pois na entrevista ela disse que a música nas suas aulas serve somente como "pano de fundo" para as atividades, porém durante a aula observada, ela se utilizou da música como meio de acompanhamento de um movimento. Isto vem comprovar que o uso da música não é reconhecido como um relevante instrumento de ação pedagógica.