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A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
1) Quem eram os gálatas?
• Primos germânicos dos gauleses,
ancestrais dos franceses;
• Eram pagãos;
• Características:
– Impulsivos;
– Atraentes;
– Apaixonados pela liberdade.
• Acolheram a mensagem de Paulo com
entusiasmo.
2) Contexto:
• Outros pregadores passam por ali e os gálatas
agregam à fé cristã práticas judaicas;
• Paulo percebe o perigo: se é preciso
acrescentar algo à fé cristã é sinal de que esta
não é suficiente para nos salvar;
• Paulo coloca uma questão: Lembrem o que
vocês se tornaram após a adesão a Jesus
Cristo! Estão sendo fieis aos compromissos do
batismo?
2) Contexto:
 Paulo prega o Evangelho em três tempos:
1) De onde vem o Evangelho?
 Ele o recebeu diretamente do Cristo na estrada de
Damasco (1,11-2,21);
2) O que contém o seu Evangelho?
 Relendo a história do povo de Deus, ele mostra que
a Lei não é mais que um pedagogo a nos conduzir
para Cristo. Agora que o atingimos, não temos mais
necessidade dela (3-4);
3) Para onde conduz o seu Evangelho?
 À liberdade! (5-6). Para um cristão, não há
mandamentos. Ele deve seguir somente a lei interior,
o Espírito Santo, que está no coração de cada crente
e que lhe diz o que ele deve fazer.
2) Contexto:
 Pouco se sabe a respeito da fundação da
comunidade da Galácia.
 Em Gl 4,13s Paulo afirma que foi afetado, na
Galácia, por grave enfermidade (talvez dos
olhos = “espinho na carne”?), quando lá esteve
pela primeira vez, por volta de 50.
 Possa que esta moléstia tenha prolongado, para
além do que esperava, a estada de Paulo ali.
 Na terceira viagem missionária (53-58), Lucas
apenas fala que Paulo “percorreu
sucessivamente o território gálata e a Frígia,
confirmando todos os discípulos” (At 18, 23).
3) Problemática:
 Da Galácia, durante a terceira viagem missionária, por
volta de 54, Paulo dirigiu-se a Éfeso, onde permaneceu
por três anos (At 19,1-10; 20,31), mantendo intercâmbio
com as comunidades da Ásia e da Grécia.
 Aparecem a Paulo irmãos com notícias da Galácia:
apareceram ali judaizantes extremados declarando que,
sem a circuncisão e a Lei de Moisés, não haveria
salvação. Seus argumentos induziam os gálatas a abraçar
as observâncias mosaicas (Gl 1,6-9; 3,1; 4,9s.21; 5,1.12).
 Os judaizantes buscavam anular a autoridade de Paulo,
dizendo que este não era apóstolo propriamente dito, pois
não seguira Cristo na terra como Pedro e Tiago (Gl 1,1).
Era, sim, discípulo dos apóstolos.
 Paulo seria um oportunista, pregando um cristianismo
mutilado (sem as observâncias da Lei) somente para
agradar seus ouvintes.
3) Problemática:
• Paulo ficou indignado com tudo isso. Impor a Lei
de Moisés aos cristãos significava esvaziar a
obra salvífica de Cristo, ou seja, equivaleria
dizer que Cristo não foi o suficiente Salvador.
• Como Paulo não pudesse abandonar naquele
instante seu ministério em Éfeso, resolve de
imediato escrever a Epístola aos Gálatas.
• Era o ano 54.
• Nela faltam os habituais elogios à comunidade,
próprios de cada Carta (1Ts 1,2-10; 2Ts 1,3-5;
1Cor 1,4-9; Fl 1,3-11; etc).
4) Estrutura:
1,1-1,9
palavras de saudação
1,10-2,21
Paulo justifica o seu ministério de apóstolo
e o seu Evangelho
3,1-5,12
não é a Lei, mas a fé que opera a salvação
5,13-6,10
o verdadeiro significado da liberdade cristã
6,10-6,18
conclusão da epístola, escrita de próprio
punho
5) Mensagem:
 Gl é uma das mais difíceis Cartas paulinas,
por conta de seu estilo fogoso, truncado e
incompleto (Gl 4,25-27), e por causa da sua
temática: a questão da vigência ou não da
Lei de Moisés depois da vinda de Cristo .
 Muitos judeus convertidos ao Cristianismo
ficariam somente cristãos, na sua
perspectiva de judaizantes.
 Paulo “desatrelou” o Cristianismo do
Judaísmo. Embora judeu identificou-se tanto
com Cristo que compreendeu a
provisoriedade da Lei de Moisés.
5) Mensagem:
• Por causa de seu conteúdo muito veemente, Gl
foi chamada por Lutero e outros reformadores “a
Magna Carta da liberdade cristã”.
• Porém, eis o seu sentido verdadeiro: Gl só
defende a liberdade em relação à Lei de
Moisés, não frente a toda lei.
• O cristão está obrigado a praticar as obras da lei
superior da caridade e da graça (5,6.13s.16).
• Quando Paulo afirma que somos salvos pela fé,
e não pelas obras da Lei, ele quer dizer que
entramos na justificação ou na amizade com
Deus não porque tenhamos praticado obras
boas e meritórias, mas unicamente porque Deus
nos chamou e demos fé a esse chamado.
5) Mensagem:
• Poucos anos depois Paulo retoma o tema de Gl
na Epístola aos Romanos:
1) Em Gl Paulo quer mostrar que a Lei de Moisés
está ab-rogada. Logo, são falsas as pretensões
dos judaizantes. A Lei de Moisés é vista como:
a) regime de maldição (3,10-12);
b) pedagogo ou escravo que domina (3,23);
c) prefigurada por Agar escrava e geradora de
escravidão (4,24s).
5) Mensagem:
2) Em Rm Paulo tem a intenção de descrever o
que é a vida cristã: é dom de Deus gratuito,
derivado dos méritos de Cristo. A Lei de Moisés,
nesse sentido, é mencionada em função da vida
cristã, ou seja, com mais objetividade. Paulo
afirma que a Lei é:
a) santa (7,12);
b) espiritual ou vivificada pelo Espírito de Deus
(7,14).
• Onde o pecado abundou, Paulo, em vez de falar
de morte, diz que a graça superabundou (Rm
5,20).
5) Mensagem:
• Gl é também importante documento autobiográfico
de Paulo, especialmente nos dois primeiros
capítulos.
• Paulo se mostra animado pela salvação dos filhos
espirituais (4,12.19s; 6,11).
• Fala de problemas existentes nessa Igreja nascente
que hoje parecem insignificantes ou nulos.
• Temos dificuldades no relacionamento de judeus e
gentios na Igreja (Gl 2,11-14).
• Apesar de seu tom polêmico, Gl também é um
documento de alta mística.
• Aí encontramos a “teologia da cruz” (1,4; 2,19s;
3,13s; 6,14) e a profissão de filiação divina (3,26-
28; 4,4-7).

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Bíblia - Cartas Paulinas: Carta aos Gálatas

  • 1. A EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
  • 2. 1) Quem eram os gálatas? • Primos germânicos dos gauleses, ancestrais dos franceses; • Eram pagãos; • Características: – Impulsivos; – Atraentes; – Apaixonados pela liberdade. • Acolheram a mensagem de Paulo com entusiasmo.
  • 3. 2) Contexto: • Outros pregadores passam por ali e os gálatas agregam à fé cristã práticas judaicas; • Paulo percebe o perigo: se é preciso acrescentar algo à fé cristã é sinal de que esta não é suficiente para nos salvar; • Paulo coloca uma questão: Lembrem o que vocês se tornaram após a adesão a Jesus Cristo! Estão sendo fieis aos compromissos do batismo?
  • 4. 2) Contexto:  Paulo prega o Evangelho em três tempos: 1) De onde vem o Evangelho?  Ele o recebeu diretamente do Cristo na estrada de Damasco (1,11-2,21); 2) O que contém o seu Evangelho?  Relendo a história do povo de Deus, ele mostra que a Lei não é mais que um pedagogo a nos conduzir para Cristo. Agora que o atingimos, não temos mais necessidade dela (3-4); 3) Para onde conduz o seu Evangelho?  À liberdade! (5-6). Para um cristão, não há mandamentos. Ele deve seguir somente a lei interior, o Espírito Santo, que está no coração de cada crente e que lhe diz o que ele deve fazer.
  • 5. 2) Contexto:  Pouco se sabe a respeito da fundação da comunidade da Galácia.  Em Gl 4,13s Paulo afirma que foi afetado, na Galácia, por grave enfermidade (talvez dos olhos = “espinho na carne”?), quando lá esteve pela primeira vez, por volta de 50.  Possa que esta moléstia tenha prolongado, para além do que esperava, a estada de Paulo ali.  Na terceira viagem missionária (53-58), Lucas apenas fala que Paulo “percorreu sucessivamente o território gálata e a Frígia, confirmando todos os discípulos” (At 18, 23).
  • 6. 3) Problemática:  Da Galácia, durante a terceira viagem missionária, por volta de 54, Paulo dirigiu-se a Éfeso, onde permaneceu por três anos (At 19,1-10; 20,31), mantendo intercâmbio com as comunidades da Ásia e da Grécia.  Aparecem a Paulo irmãos com notícias da Galácia: apareceram ali judaizantes extremados declarando que, sem a circuncisão e a Lei de Moisés, não haveria salvação. Seus argumentos induziam os gálatas a abraçar as observâncias mosaicas (Gl 1,6-9; 3,1; 4,9s.21; 5,1.12).  Os judaizantes buscavam anular a autoridade de Paulo, dizendo que este não era apóstolo propriamente dito, pois não seguira Cristo na terra como Pedro e Tiago (Gl 1,1). Era, sim, discípulo dos apóstolos.  Paulo seria um oportunista, pregando um cristianismo mutilado (sem as observâncias da Lei) somente para agradar seus ouvintes.
  • 7. 3) Problemática: • Paulo ficou indignado com tudo isso. Impor a Lei de Moisés aos cristãos significava esvaziar a obra salvífica de Cristo, ou seja, equivaleria dizer que Cristo não foi o suficiente Salvador. • Como Paulo não pudesse abandonar naquele instante seu ministério em Éfeso, resolve de imediato escrever a Epístola aos Gálatas. • Era o ano 54. • Nela faltam os habituais elogios à comunidade, próprios de cada Carta (1Ts 1,2-10; 2Ts 1,3-5; 1Cor 1,4-9; Fl 1,3-11; etc).
  • 8. 4) Estrutura: 1,1-1,9 palavras de saudação 1,10-2,21 Paulo justifica o seu ministério de apóstolo e o seu Evangelho 3,1-5,12 não é a Lei, mas a fé que opera a salvação 5,13-6,10 o verdadeiro significado da liberdade cristã 6,10-6,18 conclusão da epístola, escrita de próprio punho
  • 9. 5) Mensagem:  Gl é uma das mais difíceis Cartas paulinas, por conta de seu estilo fogoso, truncado e incompleto (Gl 4,25-27), e por causa da sua temática: a questão da vigência ou não da Lei de Moisés depois da vinda de Cristo .  Muitos judeus convertidos ao Cristianismo ficariam somente cristãos, na sua perspectiva de judaizantes.  Paulo “desatrelou” o Cristianismo do Judaísmo. Embora judeu identificou-se tanto com Cristo que compreendeu a provisoriedade da Lei de Moisés.
  • 10. 5) Mensagem: • Por causa de seu conteúdo muito veemente, Gl foi chamada por Lutero e outros reformadores “a Magna Carta da liberdade cristã”. • Porém, eis o seu sentido verdadeiro: Gl só defende a liberdade em relação à Lei de Moisés, não frente a toda lei. • O cristão está obrigado a praticar as obras da lei superior da caridade e da graça (5,6.13s.16). • Quando Paulo afirma que somos salvos pela fé, e não pelas obras da Lei, ele quer dizer que entramos na justificação ou na amizade com Deus não porque tenhamos praticado obras boas e meritórias, mas unicamente porque Deus nos chamou e demos fé a esse chamado.
  • 11. 5) Mensagem: • Poucos anos depois Paulo retoma o tema de Gl na Epístola aos Romanos: 1) Em Gl Paulo quer mostrar que a Lei de Moisés está ab-rogada. Logo, são falsas as pretensões dos judaizantes. A Lei de Moisés é vista como: a) regime de maldição (3,10-12); b) pedagogo ou escravo que domina (3,23); c) prefigurada por Agar escrava e geradora de escravidão (4,24s).
  • 12. 5) Mensagem: 2) Em Rm Paulo tem a intenção de descrever o que é a vida cristã: é dom de Deus gratuito, derivado dos méritos de Cristo. A Lei de Moisés, nesse sentido, é mencionada em função da vida cristã, ou seja, com mais objetividade. Paulo afirma que a Lei é: a) santa (7,12); b) espiritual ou vivificada pelo Espírito de Deus (7,14). • Onde o pecado abundou, Paulo, em vez de falar de morte, diz que a graça superabundou (Rm 5,20).
  • 13. 5) Mensagem: • Gl é também importante documento autobiográfico de Paulo, especialmente nos dois primeiros capítulos. • Paulo se mostra animado pela salvação dos filhos espirituais (4,12.19s; 6,11). • Fala de problemas existentes nessa Igreja nascente que hoje parecem insignificantes ou nulos. • Temos dificuldades no relacionamento de judeus e gentios na Igreja (Gl 2,11-14). • Apesar de seu tom polêmico, Gl também é um documento de alta mística. • Aí encontramos a “teologia da cruz” (1,4; 2,19s; 3,13s; 6,14) e a profissão de filiação divina (3,26- 28; 4,4-7).