Infra-estrutura para Propagação de Plantas Frutíferas
O objetivo de todo viveirista é produzir mudas de plantas frutíferas com elevado
padrão de qualidade (morfológica, fisiológica e fitossanitária). Essa meta é essencial
para garantir a competitividade do viveiro e o retorno certo do investimento efetuado no
estabelecimento da atividade, além de assegurar ao cliente, a satisfação de suas
necessidades e, ao produtor de mudas, a idoneidade e a estabilidade do empreendimento
durante anos.
Para que esse objetivo seja alcançado, é fundamental adotar um elevado nível
tecnológico, que inclua todas as etapas da produção, desde a obtenção do material
propagativo básico até o transporte da muda ao cliente.
Avanços na tecnologia de propagação são cada vez mais visíveis e concretos. Em
culturas de nível tecnológico mais avançado, como na citricultura, na bananicultura e na
pomicultura, parte dessa tecnologia já está quase totalmente incorporada à própria
exigência legal, estabelecida pelos órgãos oficiais em nível estadual e federal. Neste
capítulo, serão abordadas as principais estruturas e meios para propagação de espécies
frutíferas, indicando algumas das condições que maximizem a qualidade das mudas
produzidas.
A necessidade em infra-estrutura do viveiro é variável, conforme as exigências
legais, o nível tecnológico e o conhecimento da cultura, a escala de produção de mudas,
o tamanho do viveiro, a disponibilidade de recursos do viveirista, o destino das mudas e
o grau de exigência do mercado consumidor.
Sementeiras e viveiros
Para a propagação de plantas frutíferas, um dos aspectos de grande importância é a
infra-estrutura da área de produção de mudas. Uma infra -estrutura adequada, racional e
tecnificada é o primeiro passo para que o viveirista tenha uma atividade eficiente e
economicamente viável.
A escolha da infra-estrutura do viveiro de produção de mudas
frutíferas depende de diversos fatores, tais como:
Quantidade de mudas produzidas.
Regularidade desejada da oferta de mudas.
Número de espécies a serem propagadas.
Método de propagação.
Custos das instalações.
• Grau de tecnificação do viveirista.
Em relação a esse último fator, vale ressaltar que a propagação de plantas é uma
atividade muito dinâmica e tem tido avanços que possibilitam a produção com
qualidade e eficiência. Daí, decorre a importância do viveirista estar em contínuo
contato com os órgãos de pesquisa, universidades e serviços de extensão, para constante
aperfeiçoamento.
Entende-se, por viveiro, a área onde são concentradas todas as atividades de
produção de mudas. Quanto à duração, os viveiros podem ser classificados em
permanentes e temporários. Viveiros temporários
Destinam-se à produção de mudas apenas durante certo período e, uma vez cumpridas
suas finalidades, são desativados. Embora menos comuns que os viveiros permanentes
na produção de mudas frutíferas, esses viveiros podem representar menor custo, já que
não é necessária uma infra-estrutura muito tecnificada.
Qua
APRESENTAÇÃO FINAL DO 1º Curso Morangueiro on line da EEITU 28-04-20 pdf.pdf
aulapropagacao de plantas frutíferas.pdf
1. Propagação de frutíferas
Universidade Federal do Vale do São Francisco
Campus de Ciências Agrárias
Curso de Engenharia Agronômica
Disciplina: Fruticultura I
Docente responsável: Prof. Dr. Ítalo Herbert Lucena Cavalcante
Italo.cavalcante@univasf.edu.br
2. Introdução
Propagação Assexuada uso de estruturas vegetativas
(vegetativa, agâmica)
- Técnica que consiste em reproduzir indivíduos sem modificações
em sua composição genotípica, a partir de partes vegetativas bem
diferenciadas, o que não acontece na propagação sexuada, devido
a recombinação gênica.
- Não há fusão de gametas reprodução fiel da planta-mãe.
- O grupo de plantas-filha fornecido é denominado de CLONE, que
se caracteriza por ser uniforme e produtivo quando as condições
de clima são favoráveis.
3. PROPAGAÇÃO VEGETATIVA
Vantagens:
- Rapidez na produção de mudas;
- Reprodução fiel da planta-mãe;
- Multiplicação de plantas que não florescem por motivos de adaptação e
de plantas cujas sementes são estéreis;
- Precocidade das plantas produzidas.
Desvantagens:
- Transmissão de doenças vasculares, bacterianas e viroses;
- Necessidade de plantas matrizes e de instalações adequadas;
- Grande volume de material a transportar e armazenar;
- Taxa de multiplicação é baixa comparada às sementes..
4. Processos de propagação vegetativa
NATURAIS
utilizam estruturas propagativas
naturalmente produzidas pelas
plantas
ARTIFICIAIS
métodos que não ocorrem
frequentemente na natureza
Divisão celular
Diferenciação em diversos
tecidos vegetais e órgãos
Regeneração
Bulbos (Cebola)
Rizomas (Bananeira)
Estolões ou estolhos (Morangueiro)
Rebentos e filhotes (Abacaxizeiro)
Tubérculos (Batata)
10. Alporque de dovialis de ramo juvenil
1. Fase juvenil (juvenilidade) – incapacidade de florescer
Presença de espinho
Geralmente maior capacidade de enraizamento
11. Alporque de dovialis de ramo adulto
2. Fase adulta – capaz de florescer sob condições
ambientais
Geralmente menor capacidade de enraizamento
36. ESTAQUIA
Pequenas porções de caule e folhas são colocadas sob
condições que favorecem o enraizamento (leito de enraizamento)
formando uma nova planta
Capacidade de diferenciação dA porção do tecido vegetal
resultado da interação entre fatores endógenos e do ambiente
Tipo de ferimento que causa a exposição
Formação de raízes adventícias divisão celular “calo”
diferenciação das células em primórdios radiculares
37. ESTAQUIA
Baseia-se no princípio de que é possível regenerar uma planta a
partir de uma porção de ramo ou folha (regeneração de raízes) ou
de uma porção de raiz (regeneração de ramos).
E A PARTIR DE UM SEGMENTO, É POSSÍVEL ORIGINAR UMA
NOVA PLANTA.
OU SEJA,
38. ESTAQUIA - aplicações
1. Multiplicação de variedades ou espécies com aptidão para
emitir raízes adventícias;
2. Produção de porta-exertos clonais;
3. Perpetuação de novas variedades oriundas de processo de
melhoramento genético.
39. ESTAQUIA – vantagens e desvantagens
Vantagens
1. Permite que se obtenham muitas plantas a partir de uma única planta-matriz, em
curto espaço de tempo;
2. É uma técnica de baixo custo e de fácil execução;
3. Não apresenta problemas de incompatibildade entre o enxerto e o porta-enxerto;
4. Plantas produzidas com porta-enxertos, originados de estacas, apresentam maior
uniformidade do que plantas enxertadas sobre mudas oriundas de sementes.
Desvantagens
1. Porém, nem sempre é viável, pois espécies ou cultivares podem apresentar baixo
potencial genético de enraizamento, resultando em pequena porcentagem de
enraizamento;
2. Mesmo que haja formação de raízes, seu desenvolvimento pode ser insuficiente e o
percentual de mudas que sobrevivem após o plantio, pode ser muito baixo. Dar
preferência para outros métodos.
41. ESTAQUIA - Classificação
Figura X. Diferentes tipos de
estacas lenhosas.
A – Estacas normais;
B – Estacas de gema;
C – Estaca de raiz.
Figura X. Estaca de goiabeira
com folhas.
42. Princípios anatômicos do enraizamento
As raízes formadas na estaca são uma resposta ao traumatismo
produzido pelo corte, no qual deve-se considerar dois aspectos:
1. Desdiferenciação processo pelo qual células de um tecido já
diferenciado retornam à atividade meristemática e originam um novo
ponto de crescimento;
2. Totipotência Capacidade de uma só célula originar um novo
indivíduo, uma vez que ela contém toda a informação genética
necessária para reconstituir todas as partes da planta e suas
funções.
43. Princípios fisiológicos do enraizamento
A emissão de raízes é função de fatores endógenos e das condições
ambientais proporcionadas ao enraizamento.
o manejo da estaquia requer conhecimento e aplicação
desses princípios.
A formação de raízes adventícias deve-se à interação de fatores
existentes nos tecidos e à translocação de substâncias localizadas nas
folhas e gemas destacam-se os fitohormônios e outros compostos.
44. AUXINAS
- São sintetizadas nas gemas apicais e folhas novas, sendo
translocada para a base da planta, por mecanismo de transporte
polar.
- Ápices radiculares também produzem auxinas (acumulação x
substâncias inativadoras de auxina.
AIA – Ácido indolácetico
- Auxina natural;
- Ocorre mínimas quantidades nos tecido vegetais;
- Degradado pelo sistema enzimático AIA-oxidase;
- Foto-instável.
45. Origem sintética:
AIB – Ácido indolbutírico
- maior atividade para enraizamento;
- mais estável e menor degradação pela AIA-oxidase;
- menor fotodegradação.
ANA – Ácido naftalenoacético
46. GIBERELINAS
- AG3 (ácido giberélico) – encontrada naturalmente;
- Estimula crecimento do caule, porém podem inibir o enraizamento;
- Inibidores da síntese de giberelinas (SADH – ácido succínico 2,2-
dimetilhidrazida) e a paclobutrazol podem apresentar efeito benéfico no
enraizamento.
CITOCININAS
- Tem efeito estimulador da divisão celular, na presença de auxinas;
- Espécies com elevados teores de citocininas difícil enraizar;
- Em estacas de raízes estimular a iniciação às gemas.
- Relação auxina/citocinina baixa estimula a formação de gemas ou primórdios
foliares; alta estimula formação de raízes.
47. CO-FATORES DO ENRAIZAMENTO
- Substâncias de ocorrência natural, que atuam sinergicamente com as auxinas
e são necessárias para que ocorra o enraizamento.
- São sintetizados em gemas e folhas jovens.
- Transportados pelo floema, a partir do local de síntese.
- Para muitas espécies a importância de se manter as folhas e gemas em
atividade vegetativa na estaquia.
48. Plantas quanto ao enraizamento
Grupo I
- Enraizamento fácil: os tecidos da estaca fornecem todas as
substâncias (principalmente auxinas) necessárias à iniciação radicular.
- Enraizamento rápido, desde que em condições ambientais favoráveis
(figueira e videira)
Grupo II
- Enraizamento moderado: presença de diversos co-fatores de
enraizamento, mas auxina é limitante;
- Forte resposta com a aplicação exógena de auxina, ocorre o
enraizamento.
- Ex.: Algumas cultivares de videira e goiabeira
49. Plantas quanto ao enraizamento
Grupo III
- Enraizamento difícil: um ou mais co-fatores de enraizamento estão
inativos ou ausentes, e a aplicação exógena de auxina não melhora o
enraizamento.
- Pode ocorrer:
– Falta de enzimas necessárias à síntese de indutores de enraizamento;
– Falta de ativadores enzimáticos;
– Presença de enzimas inibitórias;
– Falta de substrato fenólico.
- Ex.: rosáceas combinar uso de auxinas com a presença de folhas.
50. ESTAQUIA: fatores ligado às plantas
1. Características genéticas da espécie
2. Fase de desenvolvimento da planta
3. Tipo de estaca (presença ou não de folhas e de gemas)
4. Estado nutricional da planta-matriz
5. Época do ano
6. Sanidade
7. Balanço hormonal
- auxinas e etilenos X giberelinas e citocininas
- reguladores de crescimento (AIB e ANA)
69. Técnicas da estaquia
Preparo e manejo das estacas
- Comprimento e diâmetro: varia entre as espécies
- Estacas lenhosas – 20 a 30 cm comprimento x 0,6-2,5 cm
- Estacas semilenhosas – 7,5 – 15 cm
- Estacas herbáceas – ainda menores
- Presença de folhas em estacas semilenhosas e herbáceas
- Estacas lenhosas com gemas
- Nebulização taxa transpiratória
- Corte das folhas ao meio.
Estaqueamento
- Em recipientes ou em estruturas de propagação;
- Profundidade variável com o tipo de estaca (dois terços);
- Imersão das estacas em solução fungicida;
- Substratos garantir a aderência (desidratação).
70. Técnicas da estaquia
Substratos
- Grande influência (especialmente em espécies de difícil enraizamento);
- Deve proporcionar retenção de água suficiente ara prevenir a dessecação da
base da estaca e, quando saturado, manter uma quantidade adequada de
espaço poroso, para facilitar o fornecimento de O2.
- Substratos que não sejam fontes de inóculo de organismos saprófitos;
- Ex.: vermiculita, areia, casca de arroz.
71. Técnicas da estaquia
Lesão na base da estaca
- Madeira velha na base cortes favorecem a formação de calo e de raízes.
Estiolamento
- Ausência de luz resulta em brotações alongadas, com folhas pequenas e
não expandidas e baixo teor de clorofila.
- Tecidos estiolados baixos teores de lignina e altos de auxina endógenas e
outro co-fatores do enraizamento.
Anelamento
- Obstrução feita por meio de um corte na região do córtex em ramos da planta-
matriz.
- Estrangulamento com a torção de um arame em volta do ramo.
- Finalidade: bloqueia a translocação descendente de carboidratos,
fitohormônios e co-fatores do enraizamento, permitindo a acumulação desses
compostos.
72. Técnicas da estaquia
Tratamento com fitorreguladores
- Aumentar a % de estacas que formam raízes, acelerar sua iniciação, aumentar
o número e a qualidade das raízes formadas e a uniformidade no enraizamento.
- [ ] e métodos de utilização varia com as espécies e tipo de estaca.
- Na forma de pó, solução diluída e solução concentrada.
Uso de nutrientes minerais
- Favorece a condição nutricional da estaca no enraizamento.
- Compostos nitrogenados
- Boro com AIB
- Zinco (aumento no teor de triptofano)
73. Hormônio via Pó
- Para preparar 500 g da fórmula contendo AIB a 2.000 mg kg-1
- 1000 mg de AIB puro
- Acrescenta-se talco industrial até completar 500 g
- Para homogeinização acrescenta-se álcool etílico ou acetona, até
formar uma pasta
- Homogeiniza-se a mistura com um bastão de vidro e leva-se a uma
estufa à 40oC, até a completa evaporação do solvente.
1 ppm = 1 mg L-1 ou 1 mg kg-1
2.000 ppm = 2.000 mg L-1 ou 2.000 mg kg-1
74. Resultado de experimento
PRODUÇÃO DE MUDAS VIA ESTAQUIA DE Alternanthera dentata
(Moench) NAS CONDIÇÕES DE BOM JESUS, PIAUÍ
Concentrações de 0, 1000, 3000 e 5000 mg kg-1
-herbáceas apicais (EA)
(10 cm de comprimento, apresentado um
par de folhas definitivas e gema apical);
- semilenhosas (ESL)
(12 cm de comprimento, apresentado um
par de folhas definitivas);
- lenhosas (EL)
(15 cm de comprimento e não
apresentando folhas).
Época chuvosa e seca
80. Figura 1. Porcentagem de estacas com raízes [(- - -)
época chuvosa; (___) época seca] de A. dentata em
função das doses de AIB (AIB). Bom Jesus, 2009.
Figura 2. Porcentagem de estacas sobreviventes [(-
- -) época chuvosa; (___) época seca] de A. dentata
em função das doses de AIB (AIB). Bom Jesus,
2009.
Em todas as doses de AIB, os maiores
percentuais de enraizamento foram obtidos na
época chuvosa média de 98,53%
Época seca média de 78,74%.
81. Figura 3. Porcentagem de estacas com raízes [(_____)
estaca apical; (- - -) estaca semilenhosa e (......) estaca
lenhosa] de A. dentata em função das doses de AIB
(AIB). Bom Jesus, 2009.
Quanto ao tipo de estacas:
- EA e ESL melhores resultados
(Sem diferença estatística)
- ESL a partir da dose de 1000 mg kg-1
pequena superioridade à EA.
- Máxima % na dose de 3000 mg kg-1,
com 98,75%.
1. A melhor dose de AIB para promover o enraizamento de estacas de A. dentata é na
quantidade de 1000 mg kg-1;
2. As estacas herbáceas e semilenhosas são as mais indicadas para a produção de
mudas de A. dentata;
3. A época chuvosa é a mais propícia para a produção de mudas de A. dentata com
melhor qualidade.
82. Permite enraizar uma porção da planta sem destacá-la da planta-mãe.
Eficiente suprimento de reservas, água e hormônios.
MERGULHIA
SIMPLES / DE PONTA
CONTÍNUA
DE CÊPA / TOPO
AÉREA OU ALPORQUIA
163. Propagação “in vitro”
Realizada em laboratórios Especializados à partir
de fragmentos Retirados de vegetais (explantes)
Multiplicação em meio artificial