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HISTÓRIA DA LOUCURA
Saúde Mental – PSI 0161
Prof. Bruno Eduardo Silva Ferreira
A LOUCURA
 A loucura é uma condição natural (inata) do
homem? Ou um limite socialmente construído,
que define quem se encaixa e quem não?
 Foucault apresenta a história da loucura como
uma história da razão contra a desrazão.
 A razão é colocada como base da sociedade e do
homem, a partir da ciência. À desrazão, resta o
abandono e a exclusão.
 Manicômio significa cuidar + mania; hospício
vem de hospitalidade...
2
A LOUCURA NA HISTÓRIA
 Período Clássico: pensadores gregos como
Homero (enfoque mitológico/religioso) e
Hipócrates/Galeno (disfunções somáticas) se
ocuparam do tema.
 O louco seria o único capaz de ouvir/ver os
deuses, na visão de Homero; ou, por outro lado,
poderia enlouquecer por causa deles.
 Para Hipócrates e para Galeno, a loucura seria
causada por um mau funcionamento do corpo.
3
A LOUCURA NA HISTÓRIA
 Séculos XV e XVI: ainda influenciados pela
religião (central na Idade Média), a loucura seria
fruto da possessão demoníaca.
 Essa possessão poderia se dar pela invasão do
corpo da pessoa, ou por influência dos demônios
(obsessão), alterando a percepção da pessoa.
 Acreditava-se que bruxas poderiam causar tais
possessões, razão pela qual diversas mulheres
foram queimadas neste período.
4
A LOUCURA NA HISTÓRIA
 Séculos XVII e XVIII: com o declínio da religião,
ganha destaque o enfoque médico (alienistas).
 Nesta época a loucura passa a ser a doença
mental, e a doença cabe à medicina.
 Assim, o manicômio (lugar de cuidado) passa a
ser o hospital psiquiátrico – lugar de
cura/tratamento.
 O Século XIX assiste a um crescimento sem
igual dos manicômios, que acabaram por abrigar
(novamente) toda sorte de pessoas excluídas.
5
AS FUNÇÕES DO MANICÔMIO
 Dentre as funções do manicômio, temos:
 O recolhimento e o posterior isolamento dos
loucos e de todas as minorias sociais;
 Tratamento médico, porém sem preparo científico
(muitas vezes feito por pessoas ligadas à religião);
 Recolhimento apenas dos doentes mentais,
oferecendo tratamento médico especializado.
 Infelizmente os manicômios continuaram
recebendo pessoas sem transtorno mental
prévio, exercendo assim uma função social
disciplinadora.
6
O MANICÔMIO
 Neste ponto da história, a razão é valorizada;
quem não a tem é desqualificado, precisando do
apoio do estado.
 O tratamento oferecido visava disciplinar os
comportamentos, e apenas isso.
 A violência cometida nestes espaços legitima o
saber e o poder médico, justificando fracassos.
 No Brasil não foi diferente, com o primeiro
manicômio brasileiro fundado em 1852 (Hospício
D. Pedro II).
7
A LOUCURA NO BRASIL
 Em 1912 foi promulgada a 1ª Lei Federal de
Assistência aos Alienados, que beneficiava a
psiquiatria e desqualificava o louco.
 A lógica da exclusão do louco culmina, em 1926,
na criação da Liga Brasileira de Higiene Mental.
 Em 1934 surge a 2ª Lei Federal de Assistência
aos Doentes Mentais, que instituía o manicômio
como única alternativa de tratamento (fig. 1).
 Essa forma de lidar com a loucura começa a ser
questionada nos anos 1980, mas só muda em
2001.
8
REFORMA PSIQUIÁTRICA
9
Fig.
1
REFORMA PSIQUIÁTRICA
 Após a 2ª Guerra, surgem movimentos críticos ao
tratamento da loucura na Europa e nos EUA. No
Brasil esse movimento ganha força no final dos
anos 1970.
 As reivindicações do MTSM (Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental) levam à multi-
profissionalidade nos hospitais psiquiátricos, à
criação de ambulatórios e à adoção de um modelo
preventivista.
 Sem condições de trabalho, contudo, não houve
avanços efetivos.
10
REFORMA PSIQUIÁTRICA
 Esta situação motiva, em 1987, o I Encontro
Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental.
 Lema: Por uma Sociedade sem Manicômios.
 O MS propõe o documento “Diretrizes para a Área
da Saúde Mental”, que defende:
 O tratamento extra hospitalar;
 Limitação do período de internação;
 Reintegração familiar;
 Promoção de pesquisas epidemiológicas na
área da saúde mental.
11
REFORMA PSIQUIÁTRICA
 A reforma psiquiátrica em curso busca ainda o
trabalho interdisciplinar, e não apenas
multidisciplinar, como antes foi tentado.
 Surgem assim os CAPS e os NAPS. O CAPS é
projetado para atender:
12
REFORMA PSIQUIÁTRICA
 Contudo, a problemática da reforma psiquiátrica é
maior do que as legislações podem resolver: ela
se encontra nas representações e concepções
sociais sobre a loucura.
 Isso é combatido, p. ex., com mudanças na forma
de nomear esta população: de doente mental a
pessoa com transtorno mental.
 Percebe-se assim a importância do debate sobre
a reforma psiquiátrica e a forma como lidamos e
percebemos a loucura.
13

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  • 1. HISTÓRIA DA LOUCURA Saúde Mental – PSI 0161 Prof. Bruno Eduardo Silva Ferreira
  • 2. A LOUCURA  A loucura é uma condição natural (inata) do homem? Ou um limite socialmente construído, que define quem se encaixa e quem não?  Foucault apresenta a história da loucura como uma história da razão contra a desrazão.  A razão é colocada como base da sociedade e do homem, a partir da ciência. À desrazão, resta o abandono e a exclusão.  Manicômio significa cuidar + mania; hospício vem de hospitalidade... 2
  • 3. A LOUCURA NA HISTÓRIA  Período Clássico: pensadores gregos como Homero (enfoque mitológico/religioso) e Hipócrates/Galeno (disfunções somáticas) se ocuparam do tema.  O louco seria o único capaz de ouvir/ver os deuses, na visão de Homero; ou, por outro lado, poderia enlouquecer por causa deles.  Para Hipócrates e para Galeno, a loucura seria causada por um mau funcionamento do corpo. 3
  • 4. A LOUCURA NA HISTÓRIA  Séculos XV e XVI: ainda influenciados pela religião (central na Idade Média), a loucura seria fruto da possessão demoníaca.  Essa possessão poderia se dar pela invasão do corpo da pessoa, ou por influência dos demônios (obsessão), alterando a percepção da pessoa.  Acreditava-se que bruxas poderiam causar tais possessões, razão pela qual diversas mulheres foram queimadas neste período. 4
  • 5. A LOUCURA NA HISTÓRIA  Séculos XVII e XVIII: com o declínio da religião, ganha destaque o enfoque médico (alienistas).  Nesta época a loucura passa a ser a doença mental, e a doença cabe à medicina.  Assim, o manicômio (lugar de cuidado) passa a ser o hospital psiquiátrico – lugar de cura/tratamento.  O Século XIX assiste a um crescimento sem igual dos manicômios, que acabaram por abrigar (novamente) toda sorte de pessoas excluídas. 5
  • 6. AS FUNÇÕES DO MANICÔMIO  Dentre as funções do manicômio, temos:  O recolhimento e o posterior isolamento dos loucos e de todas as minorias sociais;  Tratamento médico, porém sem preparo científico (muitas vezes feito por pessoas ligadas à religião);  Recolhimento apenas dos doentes mentais, oferecendo tratamento médico especializado.  Infelizmente os manicômios continuaram recebendo pessoas sem transtorno mental prévio, exercendo assim uma função social disciplinadora. 6
  • 7. O MANICÔMIO  Neste ponto da história, a razão é valorizada; quem não a tem é desqualificado, precisando do apoio do estado.  O tratamento oferecido visava disciplinar os comportamentos, e apenas isso.  A violência cometida nestes espaços legitima o saber e o poder médico, justificando fracassos.  No Brasil não foi diferente, com o primeiro manicômio brasileiro fundado em 1852 (Hospício D. Pedro II). 7
  • 8. A LOUCURA NO BRASIL  Em 1912 foi promulgada a 1ª Lei Federal de Assistência aos Alienados, que beneficiava a psiquiatria e desqualificava o louco.  A lógica da exclusão do louco culmina, em 1926, na criação da Liga Brasileira de Higiene Mental.  Em 1934 surge a 2ª Lei Federal de Assistência aos Doentes Mentais, que instituía o manicômio como única alternativa de tratamento (fig. 1).  Essa forma de lidar com a loucura começa a ser questionada nos anos 1980, mas só muda em 2001. 8
  • 10. REFORMA PSIQUIÁTRICA  Após a 2ª Guerra, surgem movimentos críticos ao tratamento da loucura na Europa e nos EUA. No Brasil esse movimento ganha força no final dos anos 1970.  As reivindicações do MTSM (Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental) levam à multi- profissionalidade nos hospitais psiquiátricos, à criação de ambulatórios e à adoção de um modelo preventivista.  Sem condições de trabalho, contudo, não houve avanços efetivos. 10
  • 11. REFORMA PSIQUIÁTRICA  Esta situação motiva, em 1987, o I Encontro Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental.  Lema: Por uma Sociedade sem Manicômios.  O MS propõe o documento “Diretrizes para a Área da Saúde Mental”, que defende:  O tratamento extra hospitalar;  Limitação do período de internação;  Reintegração familiar;  Promoção de pesquisas epidemiológicas na área da saúde mental. 11
  • 12. REFORMA PSIQUIÁTRICA  A reforma psiquiátrica em curso busca ainda o trabalho interdisciplinar, e não apenas multidisciplinar, como antes foi tentado.  Surgem assim os CAPS e os NAPS. O CAPS é projetado para atender: 12
  • 13. REFORMA PSIQUIÁTRICA  Contudo, a problemática da reforma psiquiátrica é maior do que as legislações podem resolver: ela se encontra nas representações e concepções sociais sobre a loucura.  Isso é combatido, p. ex., com mudanças na forma de nomear esta população: de doente mental a pessoa com transtorno mental.  Percebe-se assim a importância do debate sobre a reforma psiquiátrica e a forma como lidamos e percebemos a loucura. 13