2. A LOUCURA
A loucura é uma condição natural (inata) do
homem? Ou um limite socialmente construído,
que define quem se encaixa e quem não?
Foucault apresenta a história da loucura como
uma história da razão contra a desrazão.
A razão é colocada como base da sociedade e do
homem, a partir da ciência. À desrazão, resta o
abandono e a exclusão.
Manicômio significa cuidar + mania; hospício
vem de hospitalidade...
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3. A LOUCURA NA HISTÓRIA
Período Clássico: pensadores gregos como
Homero (enfoque mitológico/religioso) e
Hipócrates/Galeno (disfunções somáticas) se
ocuparam do tema.
O louco seria o único capaz de ouvir/ver os
deuses, na visão de Homero; ou, por outro lado,
poderia enlouquecer por causa deles.
Para Hipócrates e para Galeno, a loucura seria
causada por um mau funcionamento do corpo.
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4. A LOUCURA NA HISTÓRIA
Séculos XV e XVI: ainda influenciados pela
religião (central na Idade Média), a loucura seria
fruto da possessão demoníaca.
Essa possessão poderia se dar pela invasão do
corpo da pessoa, ou por influência dos demônios
(obsessão), alterando a percepção da pessoa.
Acreditava-se que bruxas poderiam causar tais
possessões, razão pela qual diversas mulheres
foram queimadas neste período.
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5. A LOUCURA NA HISTÓRIA
Séculos XVII e XVIII: com o declínio da religião,
ganha destaque o enfoque médico (alienistas).
Nesta época a loucura passa a ser a doença
mental, e a doença cabe à medicina.
Assim, o manicômio (lugar de cuidado) passa a
ser o hospital psiquiátrico – lugar de
cura/tratamento.
O Século XIX assiste a um crescimento sem
igual dos manicômios, que acabaram por abrigar
(novamente) toda sorte de pessoas excluídas.
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6. AS FUNÇÕES DO MANICÔMIO
Dentre as funções do manicômio, temos:
O recolhimento e o posterior isolamento dos
loucos e de todas as minorias sociais;
Tratamento médico, porém sem preparo científico
(muitas vezes feito por pessoas ligadas à religião);
Recolhimento apenas dos doentes mentais,
oferecendo tratamento médico especializado.
Infelizmente os manicômios continuaram
recebendo pessoas sem transtorno mental
prévio, exercendo assim uma função social
disciplinadora.
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7. O MANICÔMIO
Neste ponto da história, a razão é valorizada;
quem não a tem é desqualificado, precisando do
apoio do estado.
O tratamento oferecido visava disciplinar os
comportamentos, e apenas isso.
A violência cometida nestes espaços legitima o
saber e o poder médico, justificando fracassos.
No Brasil não foi diferente, com o primeiro
manicômio brasileiro fundado em 1852 (Hospício
D. Pedro II).
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8. A LOUCURA NO BRASIL
Em 1912 foi promulgada a 1ª Lei Federal de
Assistência aos Alienados, que beneficiava a
psiquiatria e desqualificava o louco.
A lógica da exclusão do louco culmina, em 1926,
na criação da Liga Brasileira de Higiene Mental.
Em 1934 surge a 2ª Lei Federal de Assistência
aos Doentes Mentais, que instituía o manicômio
como única alternativa de tratamento (fig. 1).
Essa forma de lidar com a loucura começa a ser
questionada nos anos 1980, mas só muda em
2001.
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10. REFORMA PSIQUIÁTRICA
Após a 2ª Guerra, surgem movimentos críticos ao
tratamento da loucura na Europa e nos EUA. No
Brasil esse movimento ganha força no final dos
anos 1970.
As reivindicações do MTSM (Movimento dos
Trabalhadores em Saúde Mental) levam à multi-
profissionalidade nos hospitais psiquiátricos, à
criação de ambulatórios e à adoção de um modelo
preventivista.
Sem condições de trabalho, contudo, não houve
avanços efetivos.
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11. REFORMA PSIQUIÁTRICA
Esta situação motiva, em 1987, o I Encontro
Nacional de Trabalhadores da Saúde Mental.
Lema: Por uma Sociedade sem Manicômios.
O MS propõe o documento “Diretrizes para a Área
da Saúde Mental”, que defende:
O tratamento extra hospitalar;
Limitação do período de internação;
Reintegração familiar;
Promoção de pesquisas epidemiológicas na
área da saúde mental.
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12. REFORMA PSIQUIÁTRICA
A reforma psiquiátrica em curso busca ainda o
trabalho interdisciplinar, e não apenas
multidisciplinar, como antes foi tentado.
Surgem assim os CAPS e os NAPS. O CAPS é
projetado para atender:
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13. REFORMA PSIQUIÁTRICA
Contudo, a problemática da reforma psiquiátrica é
maior do que as legislações podem resolver: ela
se encontra nas representações e concepções
sociais sobre a loucura.
Isso é combatido, p. ex., com mudanças na forma
de nomear esta população: de doente mental a
pessoa com transtorno mental.
Percebe-se assim a importância do debate sobre
a reforma psiquiátrica e a forma como lidamos e
percebemos a loucura.
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