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Editorial a convite
156 – Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2)
Editorial a convite
Breve histórico da psiquiatria no Brasil:
do período colonial à atualidade
Brief history of psychiatry in Brazil: from the colonial period
to the present
Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr.
Sob a designação de psiquiatria incluem-se três
tipos de conceitos diversos, apesar de correlacionados:
a assistência, o conhecimento e o ensino do
conhecimento psiquiátrico. Como não é possível
abarcar todo esse universo, trataremos aqui e agora
apenas de um aspecto do primeiro conceito: a
assistência psiquiátrica pública.
A assistência aos doentes no Brasil colonial era
extremamente precária. A maior parte dos cuidados
era prestada por curandeiros de todos os matizes,
inclusive sacerdotes católicos (especialmente os
jesuítas). Os médicos formados eram raríssimos, e
mesmo os cirurgiões e barbeiros licenciados
dificilmente eram encontrados, a não ser nos centros
maiores, e serviam principalmente as pessoas
importantes. Não havia especialistas em psiquiatria,
mas os hospitais da Irmandade da Santa Casa
abrigavam, mais que tratavam, os enfermos mais
necessitados. Sem casa e sem recursos – ou sem eira e
sem beira, como se dizia na época. Sem eira porque
não tinham propriedades rurais, nem beira, ou uma
casa, um telhado com beiral sob o qual pudessem
viver. Os mais pobres de todos não tinham onde cair
mortos, ou seja, não tinham um túmulo em uma igreja
onde pudessem ser sepultados para fugir à vala comum.
Os enterros “decentes” só começaram a ser feitos fora
das igrejas no século XIX. Os hospitais, até o século
XVIII, confundiam-se com albergues para pessoas
doentes que não tivessem quem cuidasse delas. Os
hospitais das Irmandades das Santas Casas de
Misericórdia acolhiam e albergavam esses doentes em
condições sanitárias muito más, mesmo para aquele
momento histórico-social.
Foi entre o fim do século XVIII e início do XIX,
com o avanço do conhecimento científico e da
consciência social, que a medicina começou a tomar a
forma atual. A Revolução Francesa, no plano político,
e os avanços científicos relacionados com a Revolução
Industrial, no plano econômico, foram as influências
mais significativas desse processo. Foi quando a
assistência aos doentes mentais se tornou médica.
Surgiu na França, com a reforma patrocinada por Pinel
e instituída por Esquirol, e que serviu de modelo para
as transformações na assistência psiquiátrica de todo o
mundo ocidental. Foi quando a assistência aos doentes
mentais se transformou em responsabilidade médica e
estatal. No Brasil, também foi aí que nasceu a
assistência psiquiátrica pública, já reformada segundo
os valores da época.
O Brasil sofrera grandes transformações
socioeconômicas e políticas. A corte portuguesa se
mudara apressadamente para o Rio de Janeiro, tangida
pela invasão das tropas napoleônicas; o país deixara de
ser colônia e fora transformado em reino unido com
Portugal e Algarve, o que representou uma enorme
promoção em seu status político. A abertura dos portos,
o fim da proibição de atividades econômicas e
educacionais que havia caracterizado o regime colonial
dera origem a uma nova situação econômica, cultural e
política. A Independência, a superação da monarquia
absoluta e a adesão ao liberalismo econômico
marcaram esse momento e se refletiram em todos os
aspectos da vida nacional – inclusive na assistência
psiquiátrica.
O início da urbanização, premissa e conseqüência
dessa transformação, mudou a fisionomia do Rio de
Janeiro, de Ouro Preto e Salvador (únicas cidades
brasileiras dignas de serem consideradas
“urbanizadas”) e, por outro lado, criou, ampliou e
expôs novos problemas sanitários. Um deles dizia
respeito aos enfermos psiquiátricos, que, se eram
inoperantes nas pequenas comunidades rurais,
tornavam-se visíveis e perturbadores no meio urbano.
Cuidar deles se transformou em um ônus difícil de ser
suportado até pelas famílias, tanto no plano objetivo
como no subjetivo.
O Hospício do Rio de Janeiro foi inaugurado
como parte da comemoração da Declaração da
Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2):156-158
32897_RevPsiquiatriaMiolo.pmd 21/9/2007, 17:33
156
Editorial a convite
Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2) – 157
Maioridade do Imperador Pedro II e já nasceu
moderno, pois seguiu o recém-instituído modelo
francês e serviu de paradigma para os demais que o
seguiram. Era um estabelecimento médico voltado para
a recuperação dos doentes. O Hospício do Rio hoje é
utilizado como Reitoria da UFRJ. Trata-se de um
palácio mais suntuoso que qualquer outro da época,
mais que o Palácio Real da Praça Quinze ou o de São
Cristóvão, tendo sido equiparado pelo Palácio
Guanabara, edificado para servir de morada a D. Isabel,
princesa herdeira, quando de seu casamento, muitos
anos após. Coisa semelhante se deu nas províncias. A
exemplo do caso do Rio, muitos desses hospitais eram
palácios maravilhosos para a época.
Esses são os fatos acerca das enfermidades
mentais graves que, curiosamente, deram origem a
duas interpretações opostas. Os historiadores otimistas
os explicam como sendo fruto da caridade cristã, do
desejo de minorar o sofrimento alheio, de solidarizar-
se com quem padece uma doença que todos temem. Os
pessimistas, por sua vez, atribuem-nos ao desejo de
esconder a miséria e a loucura, de aumentar o
sofrimento do sofredor. Provavelmente, ambos têm
parte da verdade.
A despeito dos prédios majestosos, a falta de
recursos eficazes para o tratamento dos doentes e a
pobreza de sua clientela determinaram sua progressiva
deterioração e declínio, ainda que o aumento da
população enferma exigisse a expansão do sistema, com
a ampliação de suas unidades. Entre os anos 20 e 30 do
século XX, deu-se o primeiro esforço de reforma:
Juliano Moreira e Ulisses Pernambucano foram os
primeiros artífices. Ulisses diferenciou os serviços de
psicóticos agudos dos crônicos, instituiu um serviço
aberto para tratamento em regime de pensão livre, criou
um sistema de educação especial e um serviço de saúde
mental. Mas não viveu o bastante para ver prosperar sua
obra nem para assistir à degradação de sua criação.
À medida que a falta de remédios específicos para
os enfermos psiquiátricos continuava, o processo de
degradação da assistência psiquiátrica pública no
Brasil, tal como no resto do mundo, prosseguia e se
aprofundava. A degradação só poderia ser detida com
a descoberta dos fármacos psicotrópicos, que
possibilitaram o efetivo enfrentamento das
enfermidades mentais. Foi a revolução
psicofarmacológica. À penicilina, que tratava
efetivamente a sífilis, acrescentaram-se os
neurolépticos e os antidepressivos, que transformavam
os portadores das grandes psicoses em pacientes
ambulatoriais. Mas tal avanço implicou outro
problema: a assistência psiquiátrica pública se dividiu
em duas: a assistência patrocinada pelo Estado e aquela
mantida pela previdência social pública, que se
multiplicou movida única ou predominantemente pela
busca de lucro. O doente mental se transformou em
uma fonte inesgotável de lucro para empresários que
viviam dessa condição.
No plano da assistência pública direta, a tônica do
enfrentamento desse problema residiu na tentativa de
ambulatorização do tratamento. O Serviço Nacional
de Doenças Mentais, desde a primeira gestão, do
Professor Jurandyr Manfredini, encetou outra tentativa
de reforma, elegendo como principal meta a
substituição da hospitalização pela assistência
ambulatorial. Nos anos 50 e 60, esses recursos se
multiplicaram, principalmente em unidades sanitárias
e como anexos de hospitais psiquiátricos públicos. A
principal crítica a esse sistema era a manutenção da
segregação do enfermo e da enfermidade psiquiátrica,
além dos cuidadores da rede de assistência. Os
Colóquios de Psiquiatria Assistencial e Preventiva que
se davam nos congressos da Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP) e da Sociedade de Neurologia,
Psiquiatria e Higiene Mental do Brasil testemunharam
esse esforço, que não foi adiante porque o Estado
Brasileiro era decididamente privatista nessa área. Por
isso, na assistência previdenciária, o processo correu
na direção oposta: a hospitalização foi priorizada
unicamente porque era mais lucrativa para quem a
promovia. Esse fato se refletiu na assistência pública
direta, uma vez que se transformou em paradigma
terapêutico na consciência social e na ideologia de
muitos terapeutas. Deu-se também o fenômeno de
transferência de pacientes desospitalizados na rede
pública para serem internados em serviços
credenciados pela previdência social pública. Essa
situação foi muito agravada pela instituição da ditadura
militar e pelo avanço ideológico neoliberalista, sobre o
qual muito já foi relatado.
A Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM),
sob o comando de Hamilton Cerqueira, secundada
pela ABP e apoiada nos organismos federais e
estaduais, lideraram uma tentativa de reforma que
colocasse o avanço técnico a serviço dos pacientes.
Carlos Gari de Faria foi o componente gaúcho dessa
tentativa, que iniciou um vigoroso processo de
transformação responsável da assistência psiquiátrica.
Com a derrocada da ditadura, criaram-se
condições para uma reação mais eficaz, não fosse pela
divisão dos esforços reformistas. A reação à má
assistência psiquiátrica se deu em três planos
freqüentemente antagônicos: o plano médico-
psiquiátrico, o plano antipsiquiátrico e o plano
tecnocrático. A reação psiquiátrica foi realizada pela
ABP, a antipsiquiátrica foi encarnada por agentes de
tendências anarquistas abrigadas no Partido dos
Trabalhadores, e a reação burocrática esteve
representada pelos dirigentes de serviços públicos e
alguns agentes do chamado Movimento Sanitarista.
32897_RevPsiquiatriaMiolo.pmd 21/9/2007, 17:33
157
Editorial a convite
158 – Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2)
Todos enfrentavam a poderosa Federação Brasileira
de Hospitais, que sustentava a manutenção do quadro
existente.
A ABP preparou um Projeto de Lei para
estabelecer o que seria um Estatuto do Enfermo
Psiquiátrico, que previa a desospitalização
progressiva, à medida que fossem instalados serviços
de cuidados primários (nas unidades sanitárias),
secundários (nas policlínicas e hospitais gerais) e
terciários (hospitais especializados e centros de
habilitação e reabilitação), todos integrados na rede
geral de assistência médica e social (integração que
se considerava essencial para prevenir a
discriminação e a exclusão).
Essa proposta foi atropelada pelo Projeto Paulo
Delgado, fortemente apoiado, já de saída, pelos partidos
de esquerda, por amplas camadas do movimento
médico, pelo movimento sanitarista e pela burocracia
sanitária federal. Os antipsiquiátricos responderam com
esse projeto, de cunho atécnico e antimédico, que obstou
a tramitação do plano da APB: passaram-se 10 anos até
que o projeto fosse aprovado, e ainda assim quase
inteiramente descaracterizado. Pode-se crer que os
burocratas apoiaram o projeto anarquista porque ele era
menos dispendioso e permitia que o poder federal
repassasse o encargo para os municípios, livrando-se
das responsabilidades que havia assumido desde 1930.
Aí acabam-se os primórdios e inicia a atualidade.
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  • 1. Editorial a convite 156 – Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2) Editorial a convite Breve histórico da psiquiatria no Brasil: do período colonial à atualidade Brief history of psychiatry in Brazil: from the colonial period to the present Luiz Salvador de Miranda-Sá Jr. Sob a designação de psiquiatria incluem-se três tipos de conceitos diversos, apesar de correlacionados: a assistência, o conhecimento e o ensino do conhecimento psiquiátrico. Como não é possível abarcar todo esse universo, trataremos aqui e agora apenas de um aspecto do primeiro conceito: a assistência psiquiátrica pública. A assistência aos doentes no Brasil colonial era extremamente precária. A maior parte dos cuidados era prestada por curandeiros de todos os matizes, inclusive sacerdotes católicos (especialmente os jesuítas). Os médicos formados eram raríssimos, e mesmo os cirurgiões e barbeiros licenciados dificilmente eram encontrados, a não ser nos centros maiores, e serviam principalmente as pessoas importantes. Não havia especialistas em psiquiatria, mas os hospitais da Irmandade da Santa Casa abrigavam, mais que tratavam, os enfermos mais necessitados. Sem casa e sem recursos – ou sem eira e sem beira, como se dizia na época. Sem eira porque não tinham propriedades rurais, nem beira, ou uma casa, um telhado com beiral sob o qual pudessem viver. Os mais pobres de todos não tinham onde cair mortos, ou seja, não tinham um túmulo em uma igreja onde pudessem ser sepultados para fugir à vala comum. Os enterros “decentes” só começaram a ser feitos fora das igrejas no século XIX. Os hospitais, até o século XVIII, confundiam-se com albergues para pessoas doentes que não tivessem quem cuidasse delas. Os hospitais das Irmandades das Santas Casas de Misericórdia acolhiam e albergavam esses doentes em condições sanitárias muito más, mesmo para aquele momento histórico-social. Foi entre o fim do século XVIII e início do XIX, com o avanço do conhecimento científico e da consciência social, que a medicina começou a tomar a forma atual. A Revolução Francesa, no plano político, e os avanços científicos relacionados com a Revolução Industrial, no plano econômico, foram as influências mais significativas desse processo. Foi quando a assistência aos doentes mentais se tornou médica. Surgiu na França, com a reforma patrocinada por Pinel e instituída por Esquirol, e que serviu de modelo para as transformações na assistência psiquiátrica de todo o mundo ocidental. Foi quando a assistência aos doentes mentais se transformou em responsabilidade médica e estatal. No Brasil, também foi aí que nasceu a assistência psiquiátrica pública, já reformada segundo os valores da época. O Brasil sofrera grandes transformações socioeconômicas e políticas. A corte portuguesa se mudara apressadamente para o Rio de Janeiro, tangida pela invasão das tropas napoleônicas; o país deixara de ser colônia e fora transformado em reino unido com Portugal e Algarve, o que representou uma enorme promoção em seu status político. A abertura dos portos, o fim da proibição de atividades econômicas e educacionais que havia caracterizado o regime colonial dera origem a uma nova situação econômica, cultural e política. A Independência, a superação da monarquia absoluta e a adesão ao liberalismo econômico marcaram esse momento e se refletiram em todos os aspectos da vida nacional – inclusive na assistência psiquiátrica. O início da urbanização, premissa e conseqüência dessa transformação, mudou a fisionomia do Rio de Janeiro, de Ouro Preto e Salvador (únicas cidades brasileiras dignas de serem consideradas “urbanizadas”) e, por outro lado, criou, ampliou e expôs novos problemas sanitários. Um deles dizia respeito aos enfermos psiquiátricos, que, se eram inoperantes nas pequenas comunidades rurais, tornavam-se visíveis e perturbadores no meio urbano. Cuidar deles se transformou em um ônus difícil de ser suportado até pelas famílias, tanto no plano objetivo como no subjetivo. O Hospício do Rio de Janeiro foi inaugurado como parte da comemoração da Declaração da Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2):156-158 32897_RevPsiquiatriaMiolo.pmd 21/9/2007, 17:33 156
  • 2. Editorial a convite Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2) – 157 Maioridade do Imperador Pedro II e já nasceu moderno, pois seguiu o recém-instituído modelo francês e serviu de paradigma para os demais que o seguiram. Era um estabelecimento médico voltado para a recuperação dos doentes. O Hospício do Rio hoje é utilizado como Reitoria da UFRJ. Trata-se de um palácio mais suntuoso que qualquer outro da época, mais que o Palácio Real da Praça Quinze ou o de São Cristóvão, tendo sido equiparado pelo Palácio Guanabara, edificado para servir de morada a D. Isabel, princesa herdeira, quando de seu casamento, muitos anos após. Coisa semelhante se deu nas províncias. A exemplo do caso do Rio, muitos desses hospitais eram palácios maravilhosos para a época. Esses são os fatos acerca das enfermidades mentais graves que, curiosamente, deram origem a duas interpretações opostas. Os historiadores otimistas os explicam como sendo fruto da caridade cristã, do desejo de minorar o sofrimento alheio, de solidarizar- se com quem padece uma doença que todos temem. Os pessimistas, por sua vez, atribuem-nos ao desejo de esconder a miséria e a loucura, de aumentar o sofrimento do sofredor. Provavelmente, ambos têm parte da verdade. A despeito dos prédios majestosos, a falta de recursos eficazes para o tratamento dos doentes e a pobreza de sua clientela determinaram sua progressiva deterioração e declínio, ainda que o aumento da população enferma exigisse a expansão do sistema, com a ampliação de suas unidades. Entre os anos 20 e 30 do século XX, deu-se o primeiro esforço de reforma: Juliano Moreira e Ulisses Pernambucano foram os primeiros artífices. Ulisses diferenciou os serviços de psicóticos agudos dos crônicos, instituiu um serviço aberto para tratamento em regime de pensão livre, criou um sistema de educação especial e um serviço de saúde mental. Mas não viveu o bastante para ver prosperar sua obra nem para assistir à degradação de sua criação. À medida que a falta de remédios específicos para os enfermos psiquiátricos continuava, o processo de degradação da assistência psiquiátrica pública no Brasil, tal como no resto do mundo, prosseguia e se aprofundava. A degradação só poderia ser detida com a descoberta dos fármacos psicotrópicos, que possibilitaram o efetivo enfrentamento das enfermidades mentais. Foi a revolução psicofarmacológica. À penicilina, que tratava efetivamente a sífilis, acrescentaram-se os neurolépticos e os antidepressivos, que transformavam os portadores das grandes psicoses em pacientes ambulatoriais. Mas tal avanço implicou outro problema: a assistência psiquiátrica pública se dividiu em duas: a assistência patrocinada pelo Estado e aquela mantida pela previdência social pública, que se multiplicou movida única ou predominantemente pela busca de lucro. O doente mental se transformou em uma fonte inesgotável de lucro para empresários que viviam dessa condição. No plano da assistência pública direta, a tônica do enfrentamento desse problema residiu na tentativa de ambulatorização do tratamento. O Serviço Nacional de Doenças Mentais, desde a primeira gestão, do Professor Jurandyr Manfredini, encetou outra tentativa de reforma, elegendo como principal meta a substituição da hospitalização pela assistência ambulatorial. Nos anos 50 e 60, esses recursos se multiplicaram, principalmente em unidades sanitárias e como anexos de hospitais psiquiátricos públicos. A principal crítica a esse sistema era a manutenção da segregação do enfermo e da enfermidade psiquiátrica, além dos cuidadores da rede de assistência. Os Colóquios de Psiquiatria Assistencial e Preventiva que se davam nos congressos da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e da Sociedade de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Brasil testemunharam esse esforço, que não foi adiante porque o Estado Brasileiro era decididamente privatista nessa área. Por isso, na assistência previdenciária, o processo correu na direção oposta: a hospitalização foi priorizada unicamente porque era mais lucrativa para quem a promovia. Esse fato se refletiu na assistência pública direta, uma vez que se transformou em paradigma terapêutico na consciência social e na ideologia de muitos terapeutas. Deu-se também o fenômeno de transferência de pacientes desospitalizados na rede pública para serem internados em serviços credenciados pela previdência social pública. Essa situação foi muito agravada pela instituição da ditadura militar e pelo avanço ideológico neoliberalista, sobre o qual muito já foi relatado. A Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM), sob o comando de Hamilton Cerqueira, secundada pela ABP e apoiada nos organismos federais e estaduais, lideraram uma tentativa de reforma que colocasse o avanço técnico a serviço dos pacientes. Carlos Gari de Faria foi o componente gaúcho dessa tentativa, que iniciou um vigoroso processo de transformação responsável da assistência psiquiátrica. Com a derrocada da ditadura, criaram-se condições para uma reação mais eficaz, não fosse pela divisão dos esforços reformistas. A reação à má assistência psiquiátrica se deu em três planos freqüentemente antagônicos: o plano médico- psiquiátrico, o plano antipsiquiátrico e o plano tecnocrático. A reação psiquiátrica foi realizada pela ABP, a antipsiquiátrica foi encarnada por agentes de tendências anarquistas abrigadas no Partido dos Trabalhadores, e a reação burocrática esteve representada pelos dirigentes de serviços públicos e alguns agentes do chamado Movimento Sanitarista. 32897_RevPsiquiatriaMiolo.pmd 21/9/2007, 17:33 157
  • 3. Editorial a convite 158 – Rev Psiquiatr RS. 2007;29(2) Todos enfrentavam a poderosa Federação Brasileira de Hospitais, que sustentava a manutenção do quadro existente. A ABP preparou um Projeto de Lei para estabelecer o que seria um Estatuto do Enfermo Psiquiátrico, que previa a desospitalização progressiva, à medida que fossem instalados serviços de cuidados primários (nas unidades sanitárias), secundários (nas policlínicas e hospitais gerais) e terciários (hospitais especializados e centros de habilitação e reabilitação), todos integrados na rede geral de assistência médica e social (integração que se considerava essencial para prevenir a discriminação e a exclusão). Essa proposta foi atropelada pelo Projeto Paulo Delgado, fortemente apoiado, já de saída, pelos partidos de esquerda, por amplas camadas do movimento médico, pelo movimento sanitarista e pela burocracia sanitária federal. Os antipsiquiátricos responderam com esse projeto, de cunho atécnico e antimédico, que obstou a tramitação do plano da APB: passaram-se 10 anos até que o projeto fosse aprovado, e ainda assim quase inteiramente descaracterizado. Pode-se crer que os burocratas apoiaram o projeto anarquista porque ele era menos dispendioso e permitia que o poder federal repassasse o encargo para os municípios, livrando-se das responsabilidades que havia assumido desde 1930. Aí acabam-se os primórdios e inicia a atualidade. 32897_RevPsiquiatriaMiolo.pmd 21/9/2007, 17:33 158