1. EFLUENTES INDUSTRIAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA – UEFS
DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
CURSO: ENGENHARIA DE ALIMENTOS
TRATAMENTO DE ÁGUAS E EFLUENTES NA INDUSTRIA DE ALIMENTOS
Adailza Oliveira Carneiro
adailza.oc@hotmail.com
2. Incorporação
ao produto
Lavagens de máquinas,
tubulações e pisos
Águas de sistemas de
resfriamento e vapor
Higiene pessoal dos
funcionários
A ÁGUA NA INDÚSTRIA
Exceto pelos volumes de águas incorporados aos produtos e pelas perdas por evaporação, as águas
tornam-se contaminadas por resíduos do processo industrial ou pelas perdas de energia térmica,
originando assim os efluentes líquidos
3.
4. DEFINIÇÃO DE EFLUENTE
Efluente industrial é todo o despejo líquido gerado nas diversas etapas de um processo
produtivo, isto é, toda a água que é utilizada em uma indústria e, posteriormente,
descartada
De acordo com a norma brasileira da ABNT – NBR 9800/1987
“Efluentes são despejos líquidos provenientes das áreas de
processamento industrial, incluindo os originados nos processos de
produção, as águas de lavagem de operação de limpeza e outras
fontes, que comprovadamente apresentem poluição por produtos
utilizados ou produzidos no estabelecimento industrial.”
5. PROBLEMÁTICA
O desenvolvimento urbano e industrial ocorreu ao longo dos rios devido à disponibilidade de
água para abastecimento e a possibilidade de utilizar o rio como corpo receptor dos dejetos.
O fato preocupante é o aumento tanto das populações quanto das atividades industriais e o
número de vezes que um mesmo rio recebe dejetos urbanos e industriais, a seguir servindo
como manancial para a próxima cidade ribeirinha.
Ao serem
despejados com os
seus poluentes
característicos
Causam a alteração
de qualidade nos
corpos receptores
Poluição e
degradação dos
corpos hídricos
6. DESASTRES AMBIENTAIS
Minamata (Japão,1956): Efluentes com Hg
o Uma Indústria lançava dejetos contendo Mercúrio na baía da Minamata desde 1930
o 2 décadas depois, começaram surgir sintomas de contaminação: peixes, moluscos e aves morriam
o Em 1956 foi registrado o primeiro caso de contaminação humana - uma criança com danos cerebrais
o No total, mais de 700 pessoas morreram com dores severas devido ao envenenamento
o Em 2001, uma pesquisa indicou que cerca de dois milhões de pessoas podem ter sido afetadas por comer peixe
contaminado
o Sintomas incluem distúrbios sensoriais nas mãos e pés, danos à visão e audição, fraqueza e, em casos
extremos, paralisia e morte.
7. DESASTRES AMBIENTAIS
Samarco (Rio Doce, 2015) – Rompimentos de barragem de rejeitos de mineração
o O rompimento da barragem em Mariana ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015 no subdistrito de Bento
Rodrigues, município brasileiro de Mariana, Minas Gerais
o Rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração denominada controlada pela Samarco Mineração S.A.
o Desastre industrial que causou o maior impacto ambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo
barragens de rejeitos, com um volume total despejado de 62 milhões de metros cúbicos
o A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios dos estados de Minas Gerais
e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua população com a água do rio
8. DESASTRES AMBIENTAIS
Brumadinho (Minas Gerais, 2019): Rejeitos de mineração
o O rompimento de barragem em Brumadinho em 25 de janeiro de 2019 foi o maior acidente de trabalho no Brasil em
perda de vidas humanas e o segundo maior desastre industrial do século
o Controlada pela Vale S.A., a barragem de rejeitos denominada barragem da Mina Córrego do Feijão, era
classificada como de "baixo risco" e "alto potencial de danos“ pela empresa
o Acumulava os rejeitos de um mina de ferro, no ribeirão Ferro-Carvão, na região de Córrego do Feijão, no município
de Brumadinho estado de Minas Gerais
o O desastre industrial, causou a morte de 259 pessoas e o desaparecimento de outras 11
o A tragédia fez com que o Brasil se tornasse o país com o maior número de mortes neste tipo de acidente
9. POLUIÇÃO HÍDRICA
Qualquer alteração física, química ou biológica da qualidade de um corpo hídrico, capaz de
ultrapassar os padrões estabelecidos para a classe, conforme o seu uso preponderante
Agentes de poluição
Físicos
• Materiais: Sólidos em
suspensão
• Formas de energia:
calorífica e radiações
Químicos
• Substâncias
dissolvidas ou com
potencial de
solubilização.
Biológicos
• Microrganismos
10. POLUIÇÃO HÍDRICA
Características dos poluentes industriais
São inerentes a composição das matérias primas, das águas de abastecimento e do
processo industrial.
Constituintes
o Orgânicos: proteínas, açúcares, óleos e gorduras, microrganismos, sais orgânicos e
componentes dos produtos saneantes.
o Inorgânicos: sais formados de ânions (cloretos, sulfatos, nitratos, fosfatos) e cátions
(sódio, cálcio, potássio, ferro e magnésio)
11. TIPOS DE POLUIÇÃO
Poluição Térmica
Ocorre devido às perdas de energia calorífica nos processos de resfriamento ou devido às
reações exotérmicas no processo industrial
A temperatura de algum ecossistema aquático (como um rio, por exemplo) é aumentada ou
diminuída, causando um impacto direto na população desse ecossistema
Parâmetro de controle é a temperatura do efluente
Efeitos: Diminuição dos níveis de oxigênio na água, perda da biodiversidade, impacto
ecológico, mudança na reprodução, aumento da taxa de metabolismo
12. TIPOS DE POLUIÇÃO
Poluição Sensorial
Características sensoriais mais importantes: sabor e odor
O odor nos efluentes industriais: exalação de substâncias orgânicas ou inorgânicas de
diferentes origens
o Reações de fermentação decorrentes da mistura com o esgoto (ácidos voláteis e gás sulfídrico)
o Aromas utilizados em indústrias farmacêuticas, essências e fragrâncias
o Solventes nas indústrias de tintas, refinarias de petróleo e polos petroquímicos
o Amônia do chorume
A cor no ambiente é a cor aparente, composta de substâncias dissolvidas (corantes naturais
ou artificiais) e coloidais (turbidez).
13. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
As características físico-químicas são definidas por parâmetros sanitários que quantificam os
sólidos, a matéria orgânica e alguns componentes orgânicos ou inorgânicos
Os compostos com pontos de ebulição superiores ao da água serão sempre caracterizados
como componentes dos sólidos
Sólidos
Substâncias dissolvidas e em suspensão, de composição orgânica ou inorgânica
o Sólidos dissolvidos: substâncias ou partículas com diâmetros inferiores a 1,2 μm
o Sólidos em suspensão: substâncias que possuírem diâmetros superiores
• Sólidos coloidais: são mantidos em suspensão devido ao pequeno diâmetro e pela ação da
camada de solvatação
• Sólidos sedimentáveis/ flutuantes: se separam da fase líquida por diferença de densidade
14. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
Sólidos
Além do aspecto relativo a
solubilidade, os sólidos são
analisados conforme a sua
composição
o Fixos: composição inorgânica
o Voláteis: composição orgânica
15. Matéria Orgânica
Está contida na fração de sólidos voláteis
Normalmente é medida de forma indireta pelas demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e
demanda química de oxigênio (DQO)
o A DBO mede a quantidade de oxigênio necessária para que os microrganismos
biodegradem a matéria orgânica.
o A DQO é a medida da quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a
matéria orgânica.
A matéria orgânica ao ser biodegradada nos corpos receptores causa um decréscimo da
concentração de oxigênio dissolvido (OD) no meio hídrico, deteriorando a qualidade ou
inviabilizando a vida aquática.
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
16. Matéria Orgânica
Outros componentes orgânicos podem ser analisados diretamente
o Detergentes: Utilizados em limpezas de equipamentos,pisos, tubulações e no uso
sanitário, podem ser catiônicos ou aniônicos, somente os últimos são controlados pela
legislação
o Fenóis podem originar-se em composições desinfetantes, em resinas fenólicas e
outras matérias primas.
o O potencial Hidrogeniônico (pH), indica o caráter ácido ou básico dos efluentes, nos
tratamentos de efluentes é um parâmetro fundamental para o controle do processo.
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
17. Matéria Inorgânica
A matéria inorgânica é toda àquela composta por átomos que não sejam de carbono (exceto no
caso do ácido carbônico e seus sais)
Os poluentes inorgânicos são os sais, óxidos, hidróxidos e os ácidos
A presença excessiva de sais pode retardar ou inviabilizar os processos biológicos por efeito
osmótico
Em casos extremos podem inviabilizar o uso das águas por salinização
Os sais não inertes como sulfatos, nitratos e sais de amônia são também analisados
separadamente
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
18. Matéria Inorgânica
O nitrogênio e o fósforo também estão presentes nos efluentes industriais e são
essenciais às diversas formas de vida
Causa problemas devido à proliferação de plantas aquáticas nos corpos receptores
Nos esgotos sanitários são provenientes dos próprios excrementos humanos, mas
atualmente têm fontes importantes nos produtos de limpeza domésticos e ou industriais
Nos efluentes industriais podem ser originados em proteínas, aminoácidos, ácidos
fosfóricos e seus derivados
Eutrofização, do grego eutrophos, que significa bem nutrido, é um processo observado em
diferentes corpos d'água e que se caracteriza pelo aumento de nutrientes, o que provoca
surgimento excessivo de organismos como algas e cianobactérias. Um ambiente eutrofizado
acaba adquirindo uma coloração turva e a quantidade de oxigênio diminui, o que causa a morte
de várias espécies.
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
19. Matéria Inorgânica
O nitrogênio e o fósforo também estão presentes nos efluentes industriais e são
essenciais às diversas formas de vida
Causa problemas devido à proliferação de plantas aquáticas nos corpos receptores
Nos esgotos sanitários são provenientes dos próprios excrementos humanos, mas
atualmente têm fontes importantes nos produtos de limpeza domésticos e ou industriais
Nos efluentes industriais podem ser originados em proteínas, aminoácidos, ácidos
fosfóricos e seus derivados
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
20. Matéria Inorgânica
Os metais são analisados de forma elementar
o Os que apresentam toxicidade: alumínio; cobre; cromo; chumbo; estanho; níquel;
mercúrio; vanádio; zinco
• A toxicidade dos metais é função também de seus números de oxidação (cromo
trivalente e hexavalente, etc)
o Outros metais tais como o sódio, cálcio, magnésio, e potássio são analisados
principalmente em casos de reuso de águas ou em casos nos quais a salinidade do
efluente influencie significativamente em processos de corrosão, incrustação e osmose.
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
21. Agentes biológicos
Podem ser patogênicos ou não
As características bacteriológicas dos esgotos domésticos referem-se à presença de
diversos microrganismos tais como bactérias inclusive do grupo coliforme, vírus e vermes
No caso das indústrias, as que operam com o abate de animais também são grandes
emissoras de microrganismos, bem como muitas produtoras de alimentos
Os microorganismos presentes contaminam o solo, inclusive os lençóis subterrâneos e as
águas superficiais, sendo responsáveis pelas doenças de veiculação hídrica
CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS
22. Tabelas de classificação dos parâmetros
1. Características físicas
Tabelas de classificação dos parâmetros
2. Características químicas orgânicas
25. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Intenção de proteger o meio ambiente e reduzir as consequências humanas sobre ele
Constituída por Leis específicas a cada situação
o Fiscalizadas por órgãos ambientais nacionais, estaduais e municipais
• Estes órgãos definem regulamentações e atos de infração em casos de descumprimento das
Leis
Cada lei ambiental que consolida a legislação ambiental brasileira tem um objetivo
o A lei de preservação hídrica busca a conservação dos corpos hídricos do país
o Como estamos estudando o tratamento dos efluentes industriais nos interessa os padrões de
lançamento dos efluentes para diversos
26. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Lei nº 9443/97: Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos
Resolução CONAMA nº 357: Classificação dos corpos d’água e condições de padrão de
lançamento
Resolução CONAMA nº430: condições e padrões de lançamento de efluentes
Lei 11.445/2007 – Política Nacional de Saneamento Básico
27. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Os parâmetros para controle da carga orgânica são aplicados de forma muito diferente,
entre alguns Estados
o No Rio de Janeiro a avaliação é feita utilizando-se os parâmetros DBO e DQO.
• Em relação a DBO a eficiência está diretamente ligada a carga orgânica em duas faixas: até
100 Kg DBO/d 70% e acima de 100 Kg DBO/d 90%
• Em relação a DQO o controle é realizado por concentração existindo uma tabela na qual a
tipologia da indústria é o indicador.
No Rio Grande do Sul as concentrações de DBO e DQO variam inversamente com a carga
orgânica
o Sendo assim quanto maiores as cargas orgânicas menores são as concentrações
permitidas para lançamento
28. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
No Estado de São Paulo o controle é realizado utilizando-se somente a DBO como parâmetro
o É exigida a redução de carga orgânica de 80% ou que a DBO apresente concentração
máxima de 60mg O2 /L
No Estado de Minas Gerais o controle é realizado de duas formas
o Por concentração tanto da DBO quanto da DQO, sendo aplicados indistintamente para
o quaisquer indústrias
o Os limites são 60 e 90 mgO2/L respectivamente
O Estado de Goiás limita a carga orgânica somente em relação a DBO, mas estabelecendo a
concentração máxima de 60 mgO2 /L ou sua redução em 80%.
Nos outros Estados o conceito é o mesmo do CONAMA sendo a carga orgânica controlada
apenas no corpo receptor.
29. REDUÇÃO DE CARGAS POLUIDORAS
Processos de limpeza de tanques, tubulações e pisos devem ser sempre focos de atenção, pois
nestes pontos originam-se importantes cargas poluidoras
Remoção de resíduos (como pós ou pastas) na forma sólida ou semi-sólida
o Evitando-se a solubilização e o arraste dos mesmos por lavagens
o Este princípio pode ser aplicado tanto à limpeza de reatores quanto à de pisos
Programas de manutenção preventiva devem ser implantados
o Paralisações do processo produtivo levam muitas vezes do descarte de produtos,
aumentando a carga poluidora
Vazamentos em bombas ou tubulações também ocasionam a geração de efluentes, devendo
ser corrigidos