Este documento descreve um estudo de caso que utilizou um Sistema de Informação Geográfica para mapear zonas de risco de incêndio na cidade de Palmas, Tocantins, Brasil. Variáveis como declividade, altitude, uso do solo, hidrografia e estradas foram consideradas para classificar áreas em cinco classes de risco. O zoneamento resultante mostrou que 4% da área apresenta risco extremo, coincidindo com 40,39% das áreas de focos de calor dos últimos 3 anos, demonstrando a aplicabilidade do modelo.
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Artigo bioterra v14_n2_10
1. REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228
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Volume 14 - Número 2 - 2º Semestre 2014
ZONEAMENTO DE ÁREAS RISCOS DE INCÊNDIOS UTILIZANDO SISTEMA DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA (SIG): ESTUDO DE CASO PARA O MUNICÍPIO DE
PALMAS (TOCANTINS) DURANTE O PERÍODO DE ESTIAGEM
Oscar Eduardo Paez Manchola1; Eduardo Quirino Pereira2; José Gerley Díaz Castro3;
José Luiz Cabral da Silva Júnior4
RESUMO
Este projeto objetivou elaborar um zoneamento de risco de incêndio para determinar e localizar as
áreas que possuem maior probabilidade de ignição e assim oferecer um instrumento que amenize o
problema. Para elaborar o zoneamento consideraram-se as variáveis de: Declividade, Altimetria, Uso
e Ocupação do Solo, Declividade, Orientação das Encostas, Hidrografia e Rodovias. Obteve-se 5
classes de risco classificadas em Extremo, Muito Alto, Alto, Moderado e Baixo, das quais 4% das
áreas do município correspondem ao risco Extremo; 16% Muito Alto; 32% Alto; 34% Moderado e
14% Baixo. Para constatar os resultados utilizou-se a serie de focos de calor dos 3 últimos anos e
estimou-se uma área circundante de 100 m para avaliar as possíveis áreas de risco, verificou-se que
40,39% das áreas classificadas como risco Extremo foram correspondentes as áreas dos focos de calor
dos últimos 3 anos, o que demonstra a aplicabilidade do modelo no município de Palmas, podendo
chegar a servir como ferramenta ao combate e prevenção das queimadas.
Palavras-chave: Incêndio, risco, zoneamento, geoprocessamento.
ZONING AREAS OF FIRE USING GEOGRAPHIC INFORMATION SYSTEM (GIS): A
CASE STUDY FOR THE CITY OF PALMS (TOCANTINS) DURING THE DROUGHT
ABSTRACT
This project aim prepared a zoning fire risk to determine and locate those areas that have a higher
probability of ignition and so provide an instrument which eases the problem. To prepare the zoning
were considered variables: Slope, Altimetry, Use and Land Use, Slope, Aspect of the Slopes,
Hydrography and Highways. Obtained five risk classes classified Extreme, Very High, High,
Moderate and Low, of which 4% of the city areas correspond to the Far risk; 16% Very High, High
32%, 34% 14% Moderate and Low. To see the results we used the series of hotspots for the past 3
years and estimated a surrounding area of 100m to identify possible areas of risk, it was found that
40.39% of the areas were classified as extreme risk corresponding areas of the hotspots of the last 3
years, which demonstrates the applicability of the model in the city of Palmas, reaching serve as a
tool to combat and prevent fires.
Keywords: Fire, risk, zoning, Geoprocessing.
2. 69
INTRODUÇÃO
Um Sistema de informação Geográfica
(SIG) é um banco de dados geocodificado que
armazena, processa, gerencia e recupera
informações digitais georreferenciadas,
provenientes de imagens, mapas, dados
estatístico. O ambiente computacional permite
analisar dados de forma integrada, com o
objetivo de obter soluções rápidas e precisas,
para problemas relacionados como
comportamento espacial de dados (BAHR &
VOGHTLE, 1991; GTZ, 1994; CALIL et al.,
2012).
O descontrole das chamas em uma
queimada pode trazer grandes consequências na
saúde das populações (SOUZA et al., 2012)
ambientais e econômicas, como danos no sistema
de energia, patrimônios públicos e particulares,
diminuição da diversidade da fauna e flora,
empobrecimento do solo e até perdas humanas.
Para isso o uso do SIG em construção de
Zoneamento de risco de incêndio tem sido
pesquisado, contribuindo com resultados
expressivos ao combate do mesmo, no estado do
Paraná por BATISTA, OLIVEIRA E SOARES
(2002), no Acre por ALBUQUERQUE et al.
(2005), em Portugal por CAETANO, CARRÃO
E FREIRE (2002) entre outros, no estudo de
incêndios florestais utilizando o Sistema de
Informação Geográfica.
O Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE) vem detectando na maior parte
do Brasil um grande número de focos durante a
época de estiagem. Na cidade de Palmas/TO, os
meses de maio a outubro são marcados por
inúmeros focos principalmente na área urbana,
fator para propagação de incêndios até de
grandes proporções em áreas urbanas.
O risco de início de uma queimada e/ou
incêndio aumenta pelas condições climáticas
como umidade do ar, alta temperatura e vento,
pelo relevo e pelo uso do solo e a presença
humana. Este trabalho objetivou propor um
zoneamento de risco de incêndio utilizando
sistema de informação geográfica para o
município de Palmas -TO, durante o período de
estiagem.
METODOLOGIA
O trabalho foi realizado no Núcleo
Estadual de Meteorologia e Recursos Hídricos –
NEMET/RH. A área de estudo foi no município
de Palmas - TO, com uma área de
aproximadamente 64 mil hectares abrangendo
toda a área urbana e parte rural, entre as
longitudes de 48º28’56’’ a 48º4’37’’, e latitudes
de 10º29’1’’ a 10º0’37’’ com projeção
UTM/SAD69, zona 22 sul.
Foi utilizado o Sistema de Informação
Geográfica (SIG): o ArcGis 9.2 para o
processamento das imagens do satélite LandSat-
2B. As informações contidas da carta
hidrográfica digital de escala de 1:250.000,
foram obtidas na Secretaria do Planejamento-
SEPLAN, da carta uso do solo e ortofotos do
sistema viário, obtidas na prefeitura municipal de
Palmas com escala de 1:2.000.
Para a declividade e orientação das
encostas se foi estudado o modelo de elevação
digital de elevação Shuttle Radar Topography
Mission (SRTM – resolução de 90 metros).
Elaboração do mapa de risco de incêndios
Os mapas de declividade, orientação das
encostas, altimetria, sistema viário, hidrografia e
uso do solo serão integrados por uma somatória
em que todas as variáveis receberam o mesmo
peso. O modelo de integração dos dados é
expresso pela equação 1 (BATISTA, OLIVEIRA
e SOARES, 2002).
RISCO = DV + AL + SV + HD + US
Em que:
DV: coeficiente de risco segundo a declividade;
AL: coeficiente de risco segundo a altimetria;
SV: coeficiente de risco segundo o sistema
viário;
HD: coeficiente de risco segundo a hidrografia;
US: coeficiente de risco segundo o uso do solo.
O mapa de risco resultante traduz a
influência das cinco variáveis que estão sendo
analisadas, sobre o risco e a propagação dos
incêndios na cidade de Palmas. As classes de
risco serão consideradas conforme a tabela 1.
3. 70
Tabela 1. Classes de risco de incêndios florestais de acordo
com o potencial de ignição.
CLASSES DE PESOS CLASSES DE RISCOS
3-5 Baixo
5-6 Moderado
6-7 Alto
7-9 Muito alto
9-13 Extremo
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir da base de dados da SEPLAN, e
das imagens de satélite Land Sat 5 cedidas pelo
INPE foram elaborados os mapas temáticos de
Hidrografia, Sistema Viário, Uso e Ocupação do
solo, Declividade, Altimetria e Orientação das
encostas em primeiro lugar os dados Vetoriais
(Base de dados da SEPLAN) e
consequentemente os dados Raster (Imagens
Satélite LandSat e SRTM).
A classificação do risco foi realizada
utilizando a tabela de atributos, onde cada
polígono de influencia e sem influencia foi
classificado por pesos dependendo do grau de
risco. Após a classificação de risco, utilizou-se a
ferramenta Conversion Tools >> Feature to
Raster, para atribuir o peso do risco ao pixel de
área de influencia.
O mapa de risco (Figura 1) foi elaborado
com a soma dos coeficientes dos mapas
temáticos analisados (Hidrografia, Sistema
Viário, Uso e Ocupação do solo, Declividade,
Altimetria e Orientação das encostas), para
realizar esta soma utilizou-se a ferramenta Raster
Calculator. Esta ferramenta utiliza o valor
atribuído a cada pixel da imagem raster o soma e
conseqüentemente gera um mapa mostrando as
áreas com o valor do pixel resultante.
Figura 1. Mapa de risco do município de Palmas, segundo
o modelo de integração de dados de Batista et al. (2002).
Quanto ao uso e ocupação do solo,
observou-se um predomínio de áreas de
preservadas e pouca antropização
compreendendo uma área de 16,51%. O tipo de
vegetação Mata de encosta com uma área de
4,63% apresenta maior risco especialmente as
que estão orientadas em sentido Leste e Nordeste
por receberem maior incidência solar, durante a
época de estiagem.
Quanto ao mapa de risco identificou-se
maior índice de risco de incêndio nas áreas que
margeiam a serra do lajeado, com declividade
superior a 40°, circunvizinhas a áreas urbanas e
estradas de trafego urbano intenso.
Quanto ao plano diretor verificou-se alto
risco nos limites sul e norte correspondentes aos
bairros Taquaralto, Taquari e Vila União, por
serem áreas próximas a estradas e vegetação do
tipo Cerrado Ralo.
Altitudes elevadas no topo da serra
apresentam risco baixo devido à baixa
declividade e maior umidade relativa do ar.
CONCLUSÃO
No mapa de risco identificou-se maior
índice de risco de incêndio nas áreas que
margeiam a serra do lajeado, com declividade
superior a 40°, circunvizinhas a áreas urbanas e
estradas de tráfego urbano intenso. O mapa de
risco comparado com os focos de calor dos anos
2010, 2011 e 2012 mostrou-se eficiente ao obter
42,85% de acertos nas áreas afetadas. A técnica
de geoprocessamento associada ao
sensoriamento remoto satisfaz as expectativas
propostas, tornando uma ferramenta útil para
identificar áreas de risco de incêndios.
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florestais: módulo 2. Brasília, DF: ABEAS,
2002. 120 p.
______________________________________
1-Engenheiro Ambiental pela Universidade
Federal do Tocantins, Palmas (TO); Email:
oscarepaezm@hotmail.com
2-Engenheiro Ambiental, Ms. Em
Sensoriamento Remoto. Email:
eduquirino@gmail.com
3-Zootecnista, Dr.Ciências Biológicas -
Universidade Federal do Tocantins, Palmas
(TO); Email: diazcastro@uft.edu.br
4-Professor do NEMET/RH da Fundação
Universidade do Tocantins –UNITINS – Palmas,
TO; E-mail: jlcabral_jr@yahoo.com.br