9. O ENCONTRO aconteceu entre
O ser humano: RAFAEL SICA e sua subjetividade
e a realidade objetiva: AS CASAS de Pelotas.
“Alguma coisa nasceu, veio ao mundo algo que não existia antes – a
melhor definição de criatividade”
(MAY, 1975,p. 63)
10. Para ter um ENCONTRO
Receptividade Passividade
Alerta
Percepção sensível
Ouvir ativo
Envolvimento/Compromisso
Esperar a
inspiração
divina.
Lidar com as dores
do processo criativo.
11. • Intensidade de percepção
• Alto nível de consciência
• Claridade – irrupção do inconsciente
• Êxtase
A intensidade do ENCONTRO
12. A intensidade do ENCONTRO
“Tudo ao meu redor ficou subitamente iluminado. Lembro-me de
que as casas da rua por onde caminhava eram pintadas de um
verde horroroso, e normalmente eu preferia nem olhar para elas.
Contudo, o brilho da percepção interior comunicou-se a todas as
coisas e cores que me rodeavam, gravando-as na minha memória.
Posso ver até hoje o verde daquelas casas. No momento em que a
percepção irrompeu, o mundo foi envolvido por uma transparência
iluminada, e minha visão adquiriu uma acuidade especial”.
(MAY, 1975,p. 49)
13. “[...] Durante alguns meses nada de novo lhe veio a mente. Certo
dia, numa cidade no Sul da França, estava entrando no ônibus,
enquanto conversava com o outro soldado. Quando ia pôr o pé no
degrau – acentua o momento exato – sua mente foi tomada de
salto pela explicação de como as funções matemáticas que tinha
descoberto se relacionavam com a matemática convencional.”.
(MAY, 1975,p. 49)
A intensidade do ENCONTRO
18. Indissociabilidade entre a vida e seu trabalho.
Vida e obra devem se alimentar mutuamente
Como fazer isso?
Crie seu próprio sistema de referências. Organize um
arquivo, mantenha um diário. No arquivo uma
experiência pessoal e reflexão profissional.
Modelo de trabalho para seres humanos não alienados
Como bom artesão, não dissocie sua vida de seu
trabalho, a perspectiva que seu trabalho cria não está
presente apenas na forma pela qual se vive no
mundo, mas no modo pelo qual você vê o mundo.
(MILLS, 2009)
ARTESANATO INTELECTUAL
20. O diário gráfico funciona como um arquivo onde você
pode construir ideias e registrar suas percepções,
desenvolvendo um olhar sobre o mundo mais atento!
21. Há dezenas de anos artistas,
arquitetos, designers, escritores e
muitas outras pessoas utilizam
estes cadernos para registar
ideias, pensamentos, impressões e
imagens, ou então para recolher
folhas secas, papéis, bilhetes,
rótulos, selos e outros objetos
curiosos.
página do diário de Frida Kahlo
O que fazer?
22. Como fazer?
Criar um diário gráfico não é difícil!
Não existe um modelo ideal, você poderá
construir o seu recorrendo à sua imaginação e
adaptando-o à sua vivência, uma vez que este
objeto deverá ser o “companheiro” que guarda
as coisas que você gosta, que te despertam
interesse e curiosidade.
página do diário de Frida Kahlo
23. Como fazer?
Faça seus esboços! Esse é um espaço para você se experimentar sem medo de
errar. O seu trabalho não será avaliado ou julgado pela técnica nem pelos
padrões, as pessoas só vão ter contato com seu diário se você quiser.
página do diário de
Rafael Sica
24. Algumas dicas!
Registre seus encontros
Você pode fazer seus registros
focando mais na realidade que
observa, ou pode optar por
uma representação mais
expressiva.
página do diário de Rafael Sica
25. Algumas dicas!
Faça experimentos!
No seu diário você poderá explorar
diversos materiais e técnicas (por exemplo,
experimentando desenhar a com carvão, pintar
com lápis-aquarela, pastéis de óleo, pastéis secos em
diversos suportes ou misturando tintas com
colas, decalcando, estampando, etc.).
Você pode testar caligrafias, combinações de cores e
ir se familiarizando de forma a melhorar a sua
capacidade de desenvolver os projetos e realizar
trabalhos por iniciativa própria.
Recolha imagens, objetos diversos de materiais
diferentes, entre outras coisas e faça colagens, perceba
as várias possibilidades de relacionamento entre estes
elementos e busque estimular sua imaginação.
página do diário de Frida Kahlo
26. Referências
O autor Eduardo Salavisa é um dos principais pesquisadores nessa área, ele tem
um site e um blog que tratam desse assunto de forma profunda e completa:
Site: http://diariografico.com
Blog: http://diario-grafico.blogspot.com.br
Esse vídeo é muito interessante para vocês terem algumas referências de como
fazer: https://www.youtube.com/watch?v=wGi6gQQeGZU
Mão à obra!
Elisa Peres Maranho
Notas do Editor
Vamos contemplar a obra do ilustrador Rafael Sica
Anotem, ou memorizem, o que chama atenção de vocês nessa série que ele fez sobre fachadas de casas.
Rafael vê as casas na rua, mas vê de um modo que ninguém nunca viu antes.
O que Rafael Sica faz a gente observar? [ A relação das casas com seus habitantes/visitantes]
Ele foi absorvido pelas casas.
Percepção, sentidos, sensações, intelecto: relações da casa com o espaço, com os estilos de vida, com a dinâmica da cidade
Vocês acham que ele viu a casa foi lá e fez?
Por quê ele vê as casas?
Rafael teve um encontro com essas casas.
Entender esse encontro é fundamental para entender o processo criativo, é a parte mais difícil.
E muito comum a gente achar que a arte é sempre projeção dos conteúdos psicológicos do artista, ou no lado oposto que ela é apenas cruzamento de referencias.
Mas na verdade a criatividade vem desse encontro do sujeito com sua realidade.
Manter-se alerta, aberto a mensagem do ser. Exige agilidade e sensibilidade aguçada. Dar espaço para a sensação e o sentimento nos processos do dia a dia.
Isso é diferente de ficar esperando uma inspiração.
O encontro acontece quando você está disposto a lidar com as dores do processo criativo como a ansiedade e a agonia.
As inspirações não surgem por serem intelectualmente verdadeiras, ou úteis.
Isso é a característica da irrupção do inconsciente invadindo o consciente. Não é só a percepção sobre o objeto que cresce, mas toda a percepção do ser.
Vemos de forma avassaladora o mundo interno e externo.
Mas para chegar a esse momento é preciso ter se dedicado muito nas etapas anteriores do processo criativo.
As inspirações não surgem por serem intelectualmente verdadeiras, ou úteis.