O documento discute a história e o desenvolvimento do gênero policial na literatura. Começa com as primeiras obras consideradas do gênero na literatura inglesa e americana do século XIX e depois descreve a evolução do gênero no "Século de Ouro do Mistério" na Inglaterra no século XX. Por fim, discute como o gênero se desenvolveu em diversos países e como passou a incorporar aspectos locais e sociais.
2. “Assassinatos na rua Morgue” (Allan Poe, 1841) é
considerada a primeira narrativa policial;
“Mademoiselle de Scudéri” (E.T.A.Hoffmann, 1819) já
apresenta características encontradas na narrativa
policial moderna;
“The Woman in White” (Wilkie Collins, 1859): mystery
novel ou sensation novel;
Inglaterra – G.K. Chesterton e Arthur Conan Doyle;
Doyle dá impulso à ideia do detetive brilhante e do
amigo honesto e admirador (Holmes e Watson);
3. “Golden Age of Detective Fiction” – Inglaterra: Agatha
Christie; Ngaio Marsh, Dorothy L. Sayers e Margery
Allingham;
EUA: Dashiel Hammet e Raymond Chandler;
1920 – 1950: “whodunit” (1935?); interesse é solucionar
o crime, descobrir o culpado, não a motivação;
Chandler, “Simple Art of Murder” (1944): ensaio sobre
o gênero policial;
Georges Simenon (1903 – 1989): começa a mudança
nas regras do romance policial – início do “whydunit”;
4. A partir da década de 1980, predomínio do “whydunit”:
por que alguém comete um crime? Somente encontrar
o culpado já não é suficiente;
Mandel (1988): gênero policial como história social,
pois mostraria as contradições da sociedade, mesmo
que elas estivessem inseridas em “mero
entretenimento”;
Todorov – discussão sobre romance policial;
5. Anos 90/começo século XXI: romance policial inserido
em uma cultura local;
Grécia: Pétros Márkaris; Rússia: Boris Akunin
(Fandorin e Sistrá Pielagueia – romances ambientados
na Rússia tsarista); UK: Anne Perry (romances
ambientados na Era Vitoriana); Itália: Carlo Lucarelli
(trilogia do Inspetor De Luca ambientada na República
de Salò); Andrea Camilleri (Sicilia); França: Jean-
Claude Izzo (trilogia de Marseille – Total Khéops,
Chourmo e Solea); Brasil: Garcia Roza (detetive
Espinosa);
6. Vázquez Montalbán (autor catalão; Pepe Carvalho,
detetive galego); Pau Vidal (autor catalão; en Camiller
– detetive amador catalão); Diego Ameixeiras (escritor
galego; Horacio Dopico, detetive galego);
López (2014) discute a “novela negra” na Galicia e
menciona publicação de “Crime en Compostela”, de
Carlos Reigosa (1984) como um dos primeiros
romances policiais galegos;
7. “Con todo o testemuño dos propios escritores que
exploraron este camiño no anos oitenta apunta máis
ben cara á necesidade dunha transgresión lúdica das
esixencias da crítica, que defendia unha suposta
responsabilidade dos escritores na construción dun
sistema literário nacional normalizado e de prestixio”
(LÓPEZ, 2014);
Romance policial como contestação?
8. López (2014) cita o escritor Ramón Caride, que fez
uma aproximação romance policial/ficção científica,
dois gêneros bastante desdenhados pela crítica
conservadora: “Coa novela negra pasou como coa
ciencia-ficción. Ao princípio, había quen che dicía que
o que tiñas que facer era escribir a gran novela sobre a
guerra civil ou a emigración... Pero o tempo foinos
quitando todo isso de enriba. Os lectores teñen menos
prexuízos que os críticos”;
9. Lausanne, 1976. Jornalista, escritor e roteirista galego,
publicou 9 romances, dos quais “Baixos mínimos” e “O
cidadán do mes” são romances policiais
protagonizados pelo detetive Horacio Dopico. Neles, o
autor usa “dialectalismos correspondentes ás falas de
Ourense”; seu romance “Dime algo sucio” (2009)
ganhou o Premio Especial da Semana Negra de Xixón;
em 2010, “Asasinato no Consello Nacional” venceu o
Premio Irmandade do Libro ao Mellor Libro do Ano.
10. CHAMLIAN, Luci Regina. João Carlos Marinho e
Pepetela: dois escritores em ponto de bala – o gênero
policial em Berenice detetive e Jaime Bunda, agente
secreto. 207 f. Tese inédita de doutorado apresentada à
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo, 2013.
LÓPEZ, María Xesús Lama. Novela negra ou
hibridación do xénero?: a cara máis íntima do mal en
Todo é silencio de Manuel Rivas.
http://gl.wikipedia.org/wiki/Diego_Ameixeiras
11. MANDEL, Ernest. Delícias do crime: história social do
romance policial. São Paulo: Busca Vida, 1988.
TODOROV, Tzvetan. As estruturas narrativas. São
Paulo: Perspectiva, 2004.