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1.      ANÁLISE DO MERCADO DE TURISMO NO BRASIL


A.      INTRODUÇÃO


O Brasil presenciou dois acontecimentos nos últimos anos que, definitivamente, serão lembrados no
futuro como transformadores do turismo como atividade econômica e como produto de consumo no
país: o crescimento econômico robusto e ter sido escolhido para sediar a Copa do Mundo e as
Olimpíadas.

A partir de 2005, o país presenciou a combinação de boas condições macroeconômicas, mudanças
no perfil social e demográfico, crescimento do PIB e melhor distribuição de renda, o que tem
resultado em nível de emprego recorde e aumentos ano a ano do crédito e do consumo das
famílias. A demanda por turismo, que por muitos anos foi latente, transformou-se em real, com
crescimentos significativos e consistentes em todos os indicadores de consumo, a ponto de superar
a intenção de consumir eletrônicos. Pesquisa Nielsen sobre intenção de gastos, citada pelo jornal O
Estado de S. Paulo em 13 de Novembro de 2011, mostra que a prioridade do brasileiro para gastar
dinheiro no fim deste ano é com viagens (29%), acima de roupas (26%) e eletrônicos (25%).

Em paralelo ao bom momento macroeconômico, em outubro de 2007 a FIFA anunciou o Brasil como
a sede da Copa do Mundo de 2014. Exatamente dois anos depois, o Rio de Janeiro é escolhido a
cidade sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Será a quarta vez que um único país sediará esses
dois megaeventos no mesmo período, e a segunda vez para um país em desenvolvimento. Estes
são considerados divisores de águas para a imagem do país no exterior, com o Brasil se
credenciando mundialmente como um país capaz de gerar, convergir e coordenar recursos para
promover o maior campeonato do esporte mais popular do mundo e o maior encontro de atletas do
planeta. Os resultados já aparecem - no último relatório “2011-2012 Country Brand Index”, da Future
Brand, a “marca” Brasil subiu 10 posições entre 2009 e 2011, passando à 31ª numa lista de 113
países, registrando o maior crescimento dentre os 50 que lideram a lista.

Para materializar esses projetos e ao mesmo tempo suprir a demanda crescente resultante do
desenvolvimento econômico, inicia-se um período de investimentos significativos em infraestrutura,
também descritos neste documento, que devem durar quase uma década.

Dessa forma, a infraestrutura, até então um limitante ao crescimento da demanda turística apesar do
desenvolvimento econômico, pode tornar-se um impulsionador, graças aos preparativos para os
dois megaeventos. Se estes forem bem executados, o turismo para o Brasil terá condições de
mudar definitivamente.
B.      CONTEXTO SOCIAL E MACROECONÔMICO


O Brasil dispõe de uma quantidade e variedade de recursos naturais singulares, com reservas
ambientais protegidas, praias e florestas, além de um território largamente inexplorado e a preços
acessíveis, do ponto de vista dos padrões internacionais.

A situação geopolítica mostra-se também favorável. A implantação da democracia e o
funcionamento das instituições são plenos, o que é positivo para as decisões de investimento
estrangeiro. As autoridades têm visado transmitir tranqüilidade à comunidade internacional através
da célere resolução das questões relacionadas com a segurança. A instalação de Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs) em diversas comunidades carentes do Rio Janeiro é um exemplo da
preocupação em reduzir os níveis de violência nos principais centros urbanos nestes anos que
precedem os dois grandes eventos.

Adicionalmente, a população Brasileira atravessa um período de acentuada mudança demográfica,
social e econômica. Após mais de duas décadas de baixo aproveitamento do potencial de
desenvolvimento do país, os últimos anos vêm sendo caracterizados por um acentuado crescimento
econômico, num quadro de assinalável estabilidade, que nem o impacto da maior crise financeira
mundial desde 1929 conseguiu debilitar.

Este fenômeno vem se sustentando na melhoria da educação e qualificações, no crescimento da
população economicamente ativa e no aumento da renda disponível, bem como na redução da
desigualdade social através da melhoria na distribuição de renda. Neste contexto, amplia-se o
mercado de consumo interno, agora dominado por uma renovada classe média, simultaneamente
mais instruída e com maior poder aquisitivo discricionário, o que a torna mais propensa ao consumo
de produtos de cultura e lazer e potencializa o Brasil como pólo emergente de turismo.



Fatores sociais e demográficos


Em consonância com os restantes mercados emergentes de referência, como a Índia ou a China, o
Brasil apresenta hoje uma estrutura etária jovem e em mutação. Segundo dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média atual da população brasileira é de 29
anos, o que se compara com os 37 anos da América do Norte e os 40 anos da Europa. Números do
censo demográfico de 2010 mostram que a população atingiu nesse ano os 191 milhões de
habitantes, após uma taxa de crescimento anual composta de 1,9% na década que terminou em
1990, 1,5% na década que terminou em 2000 e 1,2% na década que terminou em 2010. Este
crescimento continua a ser superior ao verificado nos países desenvolvidos, com a União Européia
crescendo apenas 0,1% em 2010 e os EUA com um aumento populacional previsto de 1% para
2011, segundo o CIA World Factbook.
A expansão demográfica que se vem verificando deverá desacelerar nas próximas décadas, com os
números do IBGE mostrando que, no longo prazo, a população do Brasil poderá fixar-se em torno
dos 215 milhões, conforme demonstrado na tabela acima. O IBGE estima que o crescimento vá se
situar na taxa composta de 0,8% ao ano até 2020. Por outro lado, prevê um aumento da esperança
média de vida na próxima década, de 73 anos em 2010 para 76 anos em 2020. Esta estabilização,
em conjunto com a juventude patenteada pela estrutura etária e com o incremento da esperança
média de vida, abrirá espaço para o chamado bônus demográfico. Estudo realizado pelo instituto
Insper e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 02/01/2010 indicou que o Brasil já possuía
um bônus demográfico em 2009, com uma média de 2 adultos para cada dependente (crianças e
idosos). Segundo este mesmo estudo, o bônus demográfico brasileiro deverá continuar crescendo
até 2020, quando atingirá seu auge, com adultos representando cerca 70% da população. Nesses
10 anos, as condições demográficas para o crescimento econômico do país são consideradas as
melhores possíveis.

Ao mesmo tempo, parece atenuar-se o perfil tradicionalmente desigual do país. Segundo o Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini (gráfico abaixo), que permite avaliar o
desequilíbrio na distribuição de renda, caiu de 0,60 em 1995 para 0,54 em 2009. Na União Européia,
situou-se, em 2009, nos 0,30, segundo dados do CIA World Factbook. Adicionalmente, vem
melhorando o nível educacional da população brasileira. Segundo o IBGE, de 1995 a 2009 o
número médio de anos de escolaridade passou de 5,2 para 7,2 para os brasileiros com mais de 25
anos de idade.
A existência de um bônus demográfico em conjunto com o aumento real e melhor distribuição de
renda deverão potencializar o consumo interno, constituindo assim per se em relevantes fatores de
sustentação do crescimento econômico futuro.



Cenário macroeconômico

No seguimento da recente crise financeira, que em 2009 arrastou o crescimento econômico global
para terreno negativo pela primeira vez em muitas décadas, o caminho da recuperação, ainda que
abaixo do esperado, deverá ser razoável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que se
situe em torno dos 4%, em 2011 e 2012 (“World Economic Outlook”, Setembro/2011).

Ainda assim, a recuperação continua a efetuar-se a duas velocidades: os mercados desenvolvidos
em nítido processo de estagnação e os mercados emergentes descolando de forma robusta. Nos
primeiros, a generalizada transferência de alavancagem do setor privado para o público conduziu a
níveis insustentáveis de endividamento dos governos, forçando os mesmos a reverter as políticas de
relaxação e estímulo econômico que haviam lançado inicialmente. A correção destes fatores será
necessariamente lenta e penosa, uma vez que o crescimento econômico potencial permanece
reduzido. Já nos mercados emergentes, a situação fiscal e financeira mais favorável que vigorava
antes do eclodir da crise, em conjunto com o crescimento do mercado de consumo interno, o que
compensa a diminuição dos fluxos de comércio internacionais, torna muito mais fácil o movimento
de ajustamento. Assim, um dos desafios das autoridades residirá na capacidade de evitar o
sobreaquecimento das respectivas economias.
O Brasil vem sendo justamente um dos grandes motores do forte crescimento econômico observado
nos mercados emergentes. A diversidade de recursos naturais, a sofisticação da estrutura
empresarial, a crescente e mais qualificada força de trabalho e o quadro de reforço das relações
com grandes potências importadoras, como a China, vêm impulsionando a economia. Segundo o
IBGE, o PIB aumentou 7,5% em 2010, o maior crescimento desde 1986, atingindo 3,7 trilhões de
reais. Desde o lançamento do Plano Real em 1994, o país vem se beneficiando de um quadro de
estabilidade política, fiscal e monetária resultante da combinação positiva de inflação controlada,
redução das taxas de juros e equilíbrio da balança de pagamentos. Somados a isso, a estabilidade
institucional e o respeito aos contratos têm se consolidado no Brasil, e hoje são considerados como
diferenciais em relação aos outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul),
favorecendo investimentos externos.

Segundo estimativas do FMI, pouco mais de duas décadas decorridas desde o lançamento do Plano
Real, o PIB real do Brasil terá mais do que duplicado em 2016, conforme se observa no gráfico
abaixo. A economia Brasileira cresceu a uma taxa anual composta de 1,6% na década de 1980 a
1990, 2,5% na década de 1990 a 2000 e 3,6% na década de 2000 a 2010. Apesar das recentes
revisões para baixo, o FMI estima que o crescimento do PIB brasileiro se situe sempre acima dos
3,5% nos próximos 5 anos.
Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), o consumo foi o principal responsável por este
assinalável desempenho econômico, potencializado pela melhoria das condições de crédito e pelo
elevado valor dos Índices de Confiança do Consumidor (ICC) e da Indústria (ICI), publicados
mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que permanecem na zona de otimismo e
expansão há cerca de dois anos.

A continuidade da evolução favorável do mercado de trabalho tem sido o principal pilar de
sustentação do consumo interno. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados
(CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), registrou-se em 2010 a criação líquida de
2,1 milhões de empregos formais. Desde 2003, a taxa de desemprego nas seis regiões
metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) reduziu-
se em mais de metade, de 10,9% para 5,3% no final de 2010, o menor nível histórico já medido pela
pesquisa.
Com o desemprego próximo da taxa natural, existe competição acrescida pela mão-de-obra,
especialmente a mais qualificada, o que se traduz na inflação dos salários, num ciclo virtuoso de
sustentação do mercado de consumo. Esse efeito vem estimulando um movimento massivo de
imigração de médios e altos quadros provenientes de países desenvolvidos. Adicionalmente, as
grandes áreas metropolitanas, e nomeadamente São Paulo, vêm se convertendo de forma cada vez
mais acentuada em pólos centralizadores de atração de negócios na região e no mundo.

A grande vantagem deste processo de transformação reside no fato de se desenrolar em paralelo à
profunda transformação do padrão de classes sociais. A busca de um caminho de redução da
desigualdade na distribuição de renda, a melhoria das qualificações e nível educacional da
população e o seguimento de programas de transferência por parte do governo abriram caminho ao
surgimento de uma nova classe média. No ano de 2009, segundo a FGV, a Classe C passou a
representar mais de metade da população total pela primeira vez na história do país.
Um estudo do Instituto Data Popular mostra que, contrariamente ao que acontece na Classe A, em
que apenas 10% dos elementos possuem qualificação superior à da geração de seus pais, na
Classe C esse número sobe para cerca de 70%. Esta deixará de ser encarada como apenas mais
um segmento para se converter no foco central do próprio mercado, já que o seu crescimento e
predomínio beneficiam tanto a demanda quanto a oferta. De fato, os participantes da Classe C não
só assumirão o seu papel de consumidores como também se tornarão estratégicos nas decisões de
investimento das empresas no Brasil, ao se tornarem mais exigentes na seleção dos produtos,
buscando itens cada vez mais sofisticados.



Poder aquisitivo e consumo

O promissor aumento da base de consumo interno no Brasil vem sendo potencializado e amplificado
por três relevantes alavancas: o aumento da renda per capta, a melhoria na distribuição de renda e
a democratização do crédito, o qual vem crescendo na direção dos padrões internacionais.

A primeira e a segunda alavanca traçam, respectivamente, a semelhança e a diferença entre o
desempenho nacional e o da generalidade das grandes potências emergentes. A renda média
mensal real da população Brasileira com 10 anos ou mais de idade, obtida através da Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2004-2009, aumentou acumuladamente 24% no
período de 5 anos em análise - o dobro do crescimento alcançado pelo PIB per capita - em sentido
contrário ao que se observa em países como a China ou a Índia. Este movimento foi impulsionado
por uma aproximação das classes de renda inferior às de renda superior. Segundo dados da PNAD
2001-2009, o décimo inferior de população aumentou a sua renda disponível com uma taxa anual
composta de quase 7%, o que compara com o crescimento de 1,5% do décimo superior, indo ao
encontro da idéia de reforço da classe média, que constitui a referência primária para o consumo.

Uma das principais ameaças à continuação do processo de expansão da renda real no futuro diz
respeito à possibilidade de incremento da inflação nos próximos anos. Esse foi durante décadas um
dos principais bloqueadores do crescimento econômico Brasileiro, e a sua estabilização, pilar
fundamental do lançamento do Plano Real e um dos fatores que mais contribuiu para o atual cenário
de expansão vivenciado pelo país.
Neste sentido, desde a adoção pelo BCB do Regime de Metas de Inflação em 1999 e, mais
enfaticamente, desde que em 2002 o câmbio quase atingiu 4 reais por cada dólar dos EUA, com o
IPCA cotando-se nos 12,5%, o Banco Central do Brasil (BCB) vem perseguindo uma política de forte
contenção da inflação. A recuperação e estabilização da economia Brasileira vêm permitindo a
entrada de capitais externos, conduzindo o câmbio a um máximo de quase 1,5 reais por cada dólar
dos EUA em 2008. A inflação encontra-se desde 2005 contida na banda de 4 pontos percentuais em
torno da meta de 4,5% definida pelo BCB, i.e., entre 2,5% e 6,5%, embora nos anos de 2008 e 2010
tenha se aproximado do limite superior em função do aquecimento do consumo interno.

Segundo o BCB (“Focus – Relatório de Mercado”, 18/11/2011) a expectativa do mercado é de que a
inflação continue abaixo dos 6,5% para os anos de 2011 e 2012, embora próximo ao limite superior
da banda.




Beneficiada pela estabilidade e confiança dos agentes econômicos, surge a segunda alavanca do
consumo: a democratização do crédito. Exercendo influência no consumo das famílias e nas
decisões de investimento das empresas, a trajetória de gradual redução da taxa referência SELIC
tem impulsionado este fenômeno. Adicionalmente, a bancarização do país é crescente, como se
ilustra na figura abaixo, com a duplicação do número de contas correntes desde 2001 e o
incremento da capilaridade das instituições financeiras. O acesso ao crédito é cada vez menos
dispendioso e a prazos mais alargados.
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) projeta a continuação dessa tendência,
dos atuais 46% para cerca de 70% do PIB em 2014. De acordo com os números do Banco Central
Europeu (BCE), o total de empréstimos do sistema financeiro representava, no final de 2010, 116%
do PIB na França, 119% na Alemanha e 185% na Espanha. Em todos os países referidos, o crédito
à Pessoa Física já é superior a 50% do PIB, ao passo que no Brasil não atingiu ainda os 20%.

De 2001 a 2010, o crédito concedido em percentagem do PIB cresceu a uma taxa anual composta
de cerca de 5% para pessoa jurídica, e de cerca de 10% para a habitação e Pessoas Físicas. Houve
também uma maior sofisticação nos produtos oferecidos pelas instituições financeiras, que
passaram a proporcionar um leque mais amplo de alternativas, expandindo garantias e seguros.

Segundo um estudo da LCA Consultores, a evolução na penetração de crédito teria sido
responsável por cerca de 40% do crescimento econômico do Brasil nos últimos 6 anos. Em suma, o
consumo das famílias, que representa mais de 60% da economia e que vem sendo alavancado pelo
surgimento da nova classe média emergente, pelo aumento generalizado das rendas e pela
expansão da disponibilidade de crédito, constitui o grande motor do crescimento Brasileiro,
conforme se pode constatar na figura abaixo. Desde 2004, o PIB cresceu 28%, ao passo que o
consumo das famílias avançou acumuladamente 37%, dados do BCB. Na medida em que o eixo de
gravidade de consumo desce das Classes A e B para as Classes C e D, cada unidade monetária
marginal de renda converte-se num valor superior de consumo.
C.      MEGAEVENTOS – COPA 2014 E OLIMPÍADAS 2016


Como agentes catalisadores do cenário otimista que vem se desenhando para o setor de turismo no
Brasil, surgem os dois megaeventos a se realizar nos próximos anos: a Copa do Mundo FIFA em
2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016.

Esta será a quarta vez que um país é sede de ambos os eventos no mesmo período, e apenas a
segunda vez em um país em desenvolvimento.

Após o anúncio dos dois megaeventos, o país ganhou visibilidade internacional que se reflete em
vários setores. Em 2010, por exemplo, houve 50 shows internacionais no país, e em 2011 o
calendário contava com mais de 100, segundo reportagem da revista Época de 16/09/2011.



Copa 2014

Segundo estudo da Ernst & Young (“Brasil Sustentável- Impactos Socioeconômicos da Copa 2014”,
publicação em 2010), a Copa realizada na Alemanha em 2006 atraiu 3,4 milhões de expectadores
aos estádios, gerou 5 milhões de pernoites de turistas locais e estrangeiros, 18 milhões de visitas às
áreas de lazer circundantes e estimativa de mais de 26 bilhões de telespectadores acumulados. Na
África do Sul em 2010, estima-se um total 30 bilhões de telespectadores. Segundo o mesmo estudo,
a edição Brasileira deverá atingir números ainda superiores, e estima-se que o fluxo receptivo no
país durante todo o ano de 2014 será 50% maior do que foi em 2010, alcançando 7,8 milhões de
turistas estrangeiros.



A Copa de 2014 no Brasil será realizada em 12 cidades sede – um número elevado em relação ao
padrão para Copas do Mundo – trazendo grande exposição externa para estas cidades brasileiras.
Entretanto, o fator que deverá trazer maior impacto nos fluxos turísticos doméstico e receptivo serão
os elevados investimentos que o país vai realizar em infraestrutura e qualidade dos serviços
turísticos, fruto dos preparativos para o evento.
De acordo os diversos estudos já efetuados sobre o tema, por instituições como o Ministério do
Turismo e a Fundação Getúlio Vargas, há boas possibilidades de potencialização dos investimentos
efetuados, através de um efeito multiplicador sobre a atividade econômica, não só devido ao efeito
de investimento direto público e privado como também através de uma cadeia de efeitos indiretos e
induzidos, desde que seguidas as medidas e procedimentos adequados.

Estudo do Ministério dos Esportes em parceria com a empresa de consultoria Value Partners
(“Impactos econômicos da realização da Copa de 2014”, Março/2010) estima que a Copa gere um
impacto direto de R$ 9,5 bilhões ao turismo, através dos 600 mil turistas estrangeiros que virão,
gerando divisas de R$ 3,9 bilhões, e 3,1 milhão de turistas nacionais, gerando R$ 5,5 bilhões. Esse
estudo estima investimentos diretos que impactam o turismo em mais de R$ 47 bilhões, e um
impacto total sobre o PIB brasileiro de mais de R$ 180 bilhões.




Dos R$ 47,5 bilhões em impacto direto, os investimentos em infraestrutura somam R$ 33 bilhões,
representando aproximadamente 70% do total. Turismo e Consumo respondem pelos R$ 14,5
bilhões restantes, conforme gráfico abaixo:
Parte significativa dos investimentos em infraestrutura civil será destinada aos estádios, incluindo 6
reformas de grande porte e a construção de 6 novos, totalizando R$ 6,3 bilhões:




Mesmo antes da realização da copa, os impactos na imagem brasileira como país hospedeiro de
eventos esportivos já podem ser sentidos. Segundo a revista Exame de novembro/2011, utilizando
dados da Sport+Market, a aproximação dos dois megaeventos fez com que o número de feiras e
eventos relacionados ao esporte quintuplicasse, passando de 30 em 2010 para os 148 previstos
para 2011.



Além dos impactos diretos e indiretos dos investimentos, existem diversos benefícios intangíveis,
mas que influenciam positivamente os fluxos turísticos:
   Fortalecimento da imagem brasileira como um pólo turístico, com infraestrutura
         adequada, bons produtos e serviços turísticos e capacidade organizacional para receber
         grandes eventos internacionais;
        Salto de qualidade dos produtos e serviços oferecidos por todos os prestadores da cadeia
         turística, particularmente nas cidades sede;
        Criação e/ ou reforço da imagem de atratividade para turismo das cidades sede e suas
         regiões ao nível internacional, pela exposição na mídia e pelo “boca-a-boca” dos turistas,
         contribuindo para descentralizar o fluxo receptivo e incrementar o interno;
        Aumento do nível de “cosmopolização” das cidades sede, contribuindo para torná-las
         locais mais receptivos aos turistas estrangeiros.



Olimpíadas 2016

Ao contrário da organização de uma Copa do Mundo, onde várias cidades sede passam por um
salto em investimentos e exposição, as Olimpíadas têm o propósito de converter uma única cidade
sede numa metrópole mundialmente conhecida e admirada, estabelecendo um novo
posicionamento da cidade na rede global de turismo. Essa foi a estratégia adotada por Barcelona,
Sidney e Beijing.

Segundo o estudo ”Plano Aquarela 2020”, publicado em 2009 pelo Ministério do Turismo, estima-se
que as Olimpíadas de Sidney levaram ao país um número adicional de 1,7 milhão de turistas entre
1997 e 2004, que gastaram mais de US$ 3,4 bilhões. Além disso, a marca “Austrália” avançou o
equivalente a 10 anos. O estudo também cita um relatório elaborado em 1998 onde consta que
45% dos norte-americanos viajantes em potencial se diziam mais propensos a visitar a Austrália nos
próximos quatro anos como resultado direto da escolha de Sidney para sediar as Olimpíadas.

A estimativa calculada pela Beijing Olympic Economic Research Association é de que cerca de 600
mil turistas viajaram de fora da China e de que cerca de 2,5 milhões deles das mais diversas regiões
chinesas durante os jogos. Ainda é esperado um crescimento de 8% a 9% na quantidade de turistas
em Pequim no período 2009-2018.

Segundo o Plano Aquarela Brasil 2020, estima-se que os jogos de 2012 em Londres devam gerar
ganhos da ordem de US$ 3,4 bilhões (câmbio de julho/2011) para o Reino Unido.

Para o caso brasileiro, um estudo da FIA encomendado pelo Ministério dos Esportes (“Estudo de
impactos socioeconômicos potenciais da realização dos jogos olímpicos na cidade do Rio de Janeiro
em 2016”, setembro/2009) aponta a estimativa de chegada de 380 mil visitantes estrangeiros ao Rio
durante as Olimpíadas em 2016, que devem gastar em hospedagem, alimentação, comércio e
serviços em torno de US$ 152 milhões. É esperado, além disso, um impacto considerável na
imagem da cidade e na sua atratividade como pólo de turismo de lazer e de negócios.




D.       OFERTA E DEMANDA DO SETOR DE TURISMO


Nos últimos anos, uma convergência de fatores positivos macroeconômicos, demográficos e
socioeconômicos criou as condições para que uma demanda latente se materializasse numa
explosão de consumo turístico, refletida nas viagens domésticas, ao exterior, desembarques
nacionais, ocupação hoteleira, aluguel de veículos e outros. Segundo dados IPC Target, o potencial
de consumo para despesas de viagens no Brasil teve aumento médio composto de 25% ao ano,
entre 2003 a 2010, quando alcançou R$ 36 bilhões. Além disso, a o crescimento da economia
impulsiona também o turismo de negócios interno e o receptivo, com a crescente quantidade de
eventos de negócios locais e internacionais realizados no Brasil.

Naturalmente, o mercado não é composto só por demanda, e a oferta de serviços e produtos
turísticos tem aumentado tanto em quantidade como em qualidade ao longo dos últimos anos. Neste
sentido, infraestrutura é um limitante ao crescimento. A iniciativa privada tem contado com um
crescente esforço governamental para coordenar ações nas áreas de financiamento, suporte à
qualidade da gestão, formação de mão de obra e visibilidade do Brasil no exterior.

Como mostraremos nos próximos tópicos, o momentum da demanda turística deve continuar forte
nos próximos anos, inclusive com os impulsos dos megaeventos de 2014 e 2016, que deverão
deixar um legado significativo na oferta de infraestrutura, produtos e serviços turísticos e visibilidade
nacional no exterior.

A indústria do turismo no Brasil ainda tem uma participação direta no PIB baixa se comparado a
outros países, de acordo com dados do Euromonitor e FMI:




Fluxos turísticos

A demanda turística contempla três fluxos turísticos, descritos em função do sentido que possuem
em relação às fronteiras do país:
                                                                                                      B
      Fluxo doméstico refere-se às movimentações turísticas com
       origem e destino dentro do Brasil (A);
      Fluxo internacional emissor refere-se às movimentações de
       turistas com origem no Brasil com destino o exterior (B);                          A
      Fluxo internacional receptivo refere-se às movimentações de
       turistas com origem em outros países e com destino o Brasil (C).
                                                                                                      C
Fluxo turístico doméstico

O mercado turístico doméstico tem crescido sistematicamente, sustentando a demanda em
momentos em que a conjuntura externa apresentou-se desfavorável.

O número de viagens domésticas é um dos indicadores do vigor da demanda turística e tem
crescido nos últimos anos a uma taxa média anualizada de 6%. Para os próximos anos, o MTur e
FGV, no estudo “Turismo no Brasil, 2011- 2014”, consideram três cenários para o processo de
crescimento, desenvolvimento e de melhoria da competitividade turística no período de 2010-2014.
O mais favorável – “acelerado” (C1); o intermediário – “moderado” (C2); e o de menor crescimento –
“inercial” (C3).

Pela alta correlação entre as viagens domésticas e o desenvolvimento econômico, os cenários C1 e
C2 resultam nas mesmas projeções para o volume das viagens domésticas. Apenas no caso de
crescimento inercial é que as viagens perderiam ritmo.




Um importante indicador do vigor do fluxo turístico doméstico é o desembarque de passageiros nos
aeroportos brasileiros, que tem crescido a uma taxa anualizada média de 12%. Conforme demonstra
o gráfico abaixo, mesmo o crescimento esperado para o cenário mais otimista projetado pelo MTur
(C1), subestimou o número de desembarques ocorridos em 2010, indicando uma resposta mais
sensível deste indicador às condições econômicas favoráveis no ano.
Outro setor de destaque é o de cruzeiros marítimos. Embora não seja totalmente um fluxo
doméstico – dos 793 mil turistas na temporada 2010/2011, 12,5% foram estrangeiros – o número de
cruzeiristas que viajam no Brasil cresceu a um taxa média composta de 34% ao ano nos últimos 6
anos, segundo estudo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e FGV Projetos.
Dos brasileiros, 61% são do estado de São Paulo.




Outro setor que reflete o crescimento da demanda (doméstica e receptiva internacional) é o
hoteleiro, onde, segundo estudo do BNDES sobre perspectivas do setor no Brasil, tem mostrado
aumento na taxa de ocupação nos últimos anos, após um período pressionado pela retração da
demanda e, em alguns dos principais destinos turísticos do país, pelo excesso de oferta promovido
pela intensa construção de apart-hotéis. Outro índice com crescimento acentuado é o RevPAR
(revenue per available room) – índice que combina taxa de ocupação e valor da diária média paga.
Fluxo turístico internacional emissivo

O crescimento econômico brasileiro e o consequente aumento da renda discricionária das famílias,
descritos anteriormente, também impulsionam o fluxo de turistas brasileiros para o exterior, que tem
sido amplificado consideravelmente pela valorização do real em relação ao dólar nos últimos anos.

Segundo Business Monitor International (BMI) no seu relatório “Brazil Tourism Report Q3 2011”, em
torno de 5,6 milhões de brasileiros deveriam viajar em 2011 ao exterior. Em 2010, cada turista
brasileiro gastou em média US$ 2.610 no exterior, quase três vezes mais que o gasto médio de um
turista estrangeiro no Brasil, totalizando US$ 14,6 bilhões. Esse número pode refletir os gastos com
compras desproporcionalmente maiores realizados pelos turistas brasileiros.

Em 2010, 44% dos turistas brasileiros que foram para o exterior tiveram como destino países da
América Latina, especialmente a Argentina, refletindo alto grau de intercâmbio comercial e das
ofertas de produtos de turismo dirigidos para o país vizinho.
Fluxo Turístico Internacional Receptivo

A entrada de turistas estrangeiros no Brasil atingiu um patamar em 2005, manteve-se estável até
2009 e deu sinais de iniciar uma recuperação em 2010. O ritmo dessa recuperação depende em
parte da atratividade turística do Brasil, tanto em lazer como para negócios, e também da qualidade
dos serviços e infraestrutura. O MTur e FGV projetam 3 cenários para o crescimento do fluxo
receptivo até 2014, baseados em projeções da taxa de câmbio, crescimento do PIB mundial, fluxo
turístico internacional e assentos oferecidos.

No lado da atratividade brasileira, os seguintes fatores são geralmente apontados entre aqueles que
defendem a perspectiva de cenário mais otimista:

       O Brasil é um país com reconhecidas belezas naturais e também com crescentes
        atrativos culturais, culinários e de lazer em geral;
       O país sediará um número crescente de eventos esportivos, culturais e de negócios nos
        próximos 5 anos;
       O governo, através do MTur, tem aumentado seus esforços de promoção e de
        comunicação do turismo no exterior.


As metas contidas no Plano Aquarela 2020 do MTur contemplam um crescimento de 113% entre
2010 e 2020 para a chegadas de turistas ao país.
No entanto, apesar da expectativa positiva, dados da Organização Mundial do Turismo e do MTur
indicam que, com os 4,8 milhões de turistas estrangeiros recebidos em 2009, o Brasil ficou na 45ª
colocação mundial, atrás de países como Turquia (7º lugar), Malásia (9º), México (10º) e Áustria
(11º), e empatado com a Argentina, apesar das diferenças em tamanho geográfico e populacional
entre os dois países.

Dessa forma, o Brasil ainda tem um longo caminho para se aproximar dos níveis de países como a
Argentina, Chile, México e África do Sul, conforme demonstrado abaixo.
Outro indicador do grande espaço para crescimento são as divisas geradas pelo setor no Brasil, que
o WTTC estima em US$ 6,58 bilhões em 2011, nos colocando apenas no 42º lugar num ranking de
181 países, para uma economia que é a 7ª no mundo atualmente.

Quanto a destino, houve uma desconcentração no fluxo de passageiros internacionais nos principais
aeroportos brasileiros nos últimos anos, embora modestos. De 2003 a 2010, segundo relatórios da
Infraero, Guarulhos passou de 70% para 65% dos passageiros internacionais, enquanto Brasília
passou de praticamente nada a 1,3%, Manaus de 0,4% para 1,0%, Confins de 1,0% para 1,9% e
Porto Alegre de 1,7% para 2,8%.

Prestadores de Serviços

A prestação de serviços turísticos no Brasil ainda é considerada uma atividade com grande nível de
informalidade. O Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos – Cadastur – tem
apresentado um crescimento consistente no número de prestadores, reflexo da obrigatoriedade do
cadastro a partir de 2008. Em 2009, havia 36.846 prestadores cadastrados, um aumento de 6%
sobre o ano anterior.

Em termos de emprego, o IPEA estima uma queda lenta, mas contínua, no nível de informalidade
para o setor, saindo de 59% em 2002, para 57% em 2009. Neste período, a participação da
ocupação do turismo na economia passou de 2,0% para 2,3%.

Em 2008, segundo o IPEA, os empregos em turismo estavam divididos na seguinte forma:

        40% em transportes;
        33% em alimentação;
        13% em alojamentos;
        5% como auxiliares de transporte;
        5% em Empresas de Turismo e;
        4% em outros.

Segundo a 7ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pacet), as 80 maiores
Empresas de Turismo no país faturaram em 2010 R$ 42,8 bilhões e empregaram 96 mil pessoas.
Segundo a mesma pesquisa, para o período entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009) as
empresas pesquisadas reportaram aumentos de receita de um ano para o outro entre 15% e 30%.

A cadeia de valor turística engloba diversos participantes: fornecedores de produtos de turismo,
operadoras e consolidadoras, outras Empresas de Turismo, clientes corporativos e físicos,
corretoras de câmbio, bancos, operadoras de cartão de crédito e seguradoras, que formam um elo
conforme o diagrama abaixo:




                          Corretoras de câmbio



  Bancos, cartões de crédito e seguradoras


  Cias aéreas,             Consolidadoras        Agências de
                                                                   Clientes
  hotéis etc.              e Operadoras          turismo




O caráter de intermediação de serviços que caracteriza boa parte da cadeia de valor do turismo
indica que a consolidação vertical apresenta grande potencial de ganhos tanto em eficiência –
menos interfaces, refletindo em menores custos – quanto em qualidade do serviço – maior controle
sobre todos os elos da cadeia, do prestador de serviço ao canal que tem contato com o cliente final.

   Empresas de Turismo

 É uma indústria bastante pulverizada no Brasil, com 12.784 empresas cadastradas em novembro
de 2011 no Cadastur – sistema do MTur de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no
turismo – sendo a grande maioria micro ou pequenas empresas. Essa fragmentação as torna, em
geral, o elo mais fraco na cadeia de valor, já que a maioria dos demais participantes constitui-se por
segmentos com alta concentração, proporcionando uma assimetria a favor do poder de barganha
dos outros elos diante das Empresas.

   Fornecedores das Empresas de Turismo
        o Cias aéreas: setor altamente concentrado, com o quase duopólio Gol e TAM;
        o Hotéis: setor com concentração crescente, onde cadeias nacionais e estrangeiras, com
           maior acesso a crédito, avançam na sua participação de mercado;
   Agências consolidadoras: setor não tão concentrado quanto o de cias aéreas, mas cujos
    participantes têm poder de barganha muito superior às outras categorias de Empresas de
    Turismo, com melhor acesso aos bancos, seguradoras, corretoras de câmbio e até nas Cias
    Aéreas.
   Bancos, cartões de crédito e seguradoras: setores concentrados e com tendências a
    acentuação. Empresas de menor porte tendem a ter dificuldades para levantar recursos junto
    aos bancos ou negociar taxas de intermediação com cartões de crédito;
   Corretoras de câmbio: indústria também em processo de consolidação, com grandes empresas
    estrangeiras entrando no mercado brasileiro através de aquisições;
   Clientes
        o Cliente final pessoa física: aumento do poder de barganha sobre as Empresas pelo
             crescimento das alternativas online de turismo e acesso direto aos fornecedores de
             serviços turísticos (turistas independentes), além da crescente fragmentação da
             demanda, que dificulta o acesso à segmentação mercadológica;
        o Clientes corporativos: segmento com margens declinantes para as Empresas devido ao
             tamanho dos clientes e pelo serviço ser cada vez mais negociado em áreas de
             compras mais agressivas.

Esse ambiente competitivo favorece um movimento de concentração das Empresas de Turismo, que
seria uma contrapartida ao menor poder individual, possibilitando mais poder de barganha na
negociação com bancos, operadoras, fornecedores turísticos e clientes corporativos.

Outra possibilidade de ganhos é através da consolidação horizontal, onde Empresas que atendem
distintos segmentos e geografias se unem. Embora bem menos frequente, essa configuração
possibilita atingir vários segmentos da demanda turística, que valorizam abordagens e serviços
específicos, reduzindo flutuações sazonais na receita e ineficiências nas interfaces, além de
possibilitar fluxos “internos”, onde certas regiões agem como emissoras de turistas, que serão
servidos também por receptivos pertencentes ao mesmo grupo.

Pode-se esperar também uma verticalização no setor, com empresas agregando mais de um elo da
cadeia, como, por exemplo, unir operadoras, consolidadoras e outras Empresas de diversos
segmentos de atuação com corretoras de câmbio, corretoras de seguros, entre outros. Nesse caso o
ganho principal seria nas interfaces entre cada elo da cadeia e no maior controle sobre a qualidade
do serviço como um todo.

Segundo pesquisa do MTur, no primeiro semestre de 2011 as Empresas de Turismo reportaram
uma expansão dos negócios em 70%, sendo que 76% dessas Empresas planejavam investimentos
para o segundo trimestre, refletindo o bom momento atual e o otimismo para o curto prazo.
Entretanto, segundo outro estudo do MTur sobre hábitos de consumo do turista em 2009, dos que
compraram serviços de turismo, apenas 24,5% os fizeram através de Empresas, indicando um
grande potencial de penetração.

A região Sudeste concentra 48% das Empresas registradas, seguida pela região Sul com 22%,
Nordeste com 16%, Centro-Oeste com 9% e Norte com 5%. Essa distribuição reflete o peso das
regiões como emissores de turistas no país.

Há vários subsegmentos de Empresas de Turismo em função da motivação principal do viajante ou
da sua posição na cadeia de valor; entretanto, muitas atendem a mais de um segmento como forma
de minimizar sazonalidades na demanda e também como forma de otimizar estruturas de
atendimento e vendas. A seguir, vamos apresentar em breve descritivo de cada um desses
subsegmentos.



Agências de Turismo Receptivo

 Por definição, não trabalham com a emissão de turistas para outras localidades. Restringem-se à
recepção de viajantes e em atividades complementares como reserva de hotéis, tickets para shows
e eventos, transportes de passageiros e realização de passeios turísticos no destino, sendo parte
importante nos fluxos turísticos doméstico e receptivo internacional. Algumas Empresas de maior
porte fecham acordos diretamente com Empresas emissoras nos respectivos países e repassam
alguns serviços para as chamadas Receptivas, que organizam apenas translados e passeios.

A sazonalidade da demanda no turismo de lazer torna bastante flutuante a receita para essas
empresas, sendo agravada nos casos onde a dependência do fluxo receptivo estrangeiro é grande.
A diversificação geográfica – atendendo fluxos com sazonalidades complementares – e por
segmento – mercado corporativo e eventos de negócios – é uma alternativa de crescimento para as
receptivas.

Agências Corporativas

Empresas focadas no mercado corporativo, com volume maior de transações mas com margens
menores. Algumas empresas oferecem serviços adjacentes às viagens, como gestão do fluxo de
viagens para a empresa cliente – caso da Flytour – ou a organização dos eventos corporativos –
caso da Belvitur.

Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem Corporativas (Abracorp), em 2010
aproximadamente 75% do faturamento do setor veio da emissão de passagens aéreas. Entretanto,
o segmento que mais cresce é o de viagens de incentivos e eventos.

Agências exclusivas para o Governo

Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, citando o Sistema Integrado de Administração Financeira do
Governo Federal (Siafi), os gastos do governo federal no primeiro trimestre de 2011 com viagens e
deslocamentos de funcionários somou R$ 122 milhões. Esse subsegmento tem atraído a atenções
de algumas Empresas que atendem exclusivamente o governo. Entretanto, é um segmento
competitivo, cujo ciclo de contratação é longo e sob licitação.

Agências focadas em Turismo Educacional e Intercâmbio
Neste caso, o público alvo é o turista cujo objetivo principal é aprimorar seu conhecimento sobre
outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. As vendas
são consultivas, demandando nível de treinamento de pessoal acima da média do setor. Além disso,
Empresas são de porte médio para grande, pois exige capacidade de coordenação com equipes de
apoio nos vários países envolvidos nos intercâmbios.

O número de brasileiros em cursos no exterior tem crescido a uma taxa anual média de 26%,
segundo a Belta. Em 2005 contava-se pouco mais de meia centena, ao passo que para 2011 a Belta
estima que sejam ultrapassados os 200 mil. As principais Empresas de intercâmbio são a CI e a
STB, com mais de 60 lojas cada, a Experimento com 28 lojas e a World Study com 16 lojas.
Segundo o Valor Econômico, o faturamento das empresas do setor cresceu 40% entre o primeiro
semestre de 2010 e o de 2011.

Agências de Turismo de Aventura e Ecoturismo

Segmento onde os produtos são direcionados aos viajantes cuja motivação é de aventura (com
algum nível de risco controlado) de caráter recreativo e também produtos onde a preocupação em
não agredir o meio ambiente é primordial.

Segundo estudo da Euromonitor International (“Travel and Tourism Global Overview”, março/2011),
a categoria de turismo que mais vai crescer globalmente entre 2010 e 2015 será a de turismo a
parques nacionais.

Agências Consolidadoras

Estas são Empresas que consolidam serviços junto às cias aéreas e repassam às Empresas de
menor porte, que não são credenciadas para este fim.

Operadoras

Diferentemente das outras Empresas de turismo, as operadoras em geral não mantém contato nem
comercializam com o cliente final, o turista, mas somente com os fornecedores de serviços e
produtos turísticos. Elas adquirem os serviços, elaboram pacotes e os disponibilizam para as
Empresas de Turismo para que sejam comercializados. Entretanto, algumas desenvolvem canais de
venda no varejo, como lojas físicas ou canal eletrônico (internet) de vendas.

Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), no seu Anuário 2011,
estima-se que seus 86 associados comercializaram 85% dos pacotes turísticos no Brasil 2010 e
transportaram aproximadamente 4,8 milhões de viajantes, gerando vendas conjuntas de R$ 7,6
bilhões. Pelas estatísticas da Braztoa, o mercado brasileiro total de operadoras teria,
consequentemente, gerado vendas de aproximadamente R$ 8,9 bilhões em 2010.

Algumas operadoras utilizam lojas como canal de vendas no varejo para seus produtos. O uso de
sistemas de franquias acelera expansão das lojas, mas pode trazer riscos pela redução do controle
sobre o próprio canal de vendas.

Organizadores de Feiras e Eventos

O setor de empresas organizadoras de eventos é caracteristicamente pulverizado e informal,
composto por 90% de micro ou pequenas, segundo a Associação Brasileira das Empresas de
Eventos (ABEOC). Não há estatísticas confiáveis sobre o setor, mas, segundo o “Anuário Brasileiro
das Promotoras e Organizadoras de Eventos”, em 2008 havia 6 mil empresas organizando 319 mil
eventos/ano no país, nem todos relacionados ao turismo.
Além disso, há uma grande diversidade em tamanhos, desde empresas iniciadas por ex-
funcionários que passam a organizar os eventos corporativos para o antigo empregador, até
grandes como a Reed Exhibitions Alcantara Machado, joint venture constituída em 2007, que
segundo seu presidente, espera realizar 42 feiras em 2011 e 2012, com investimentos de R$ 100
milhões. Em 2011 suas feiras hospedarão 6 mil expositores e receberão 4 milhões de visitantes. A
empresa, que informa ter faturado US$ 150 milhões no Brasil em 2010, ainda segundo seu
presidente, tomou a decisão estratégica de diversificar geograficamente, e deve destinar pelo menos
25% dos seus negócios para o Nordeste nos próximos anos.


Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Hospedagem

Diferentemente dos meios de transporte, a hotelaria está inteiramente vinculada à demanda
turística. Os meios de hospedagem se compõem por hotéis, pousadas e hospedarias, que prestam
serviços basicamente para os vários segmentos de turistas.

Segundo estudo setorial do BNDES, o mercado brasileiro de hotelaria tem baixa concentração,
sendo que os 20 maiores grupos de hotelaria por quantidade de quartos, que administram mais de
500 hotéis, ofertam apenas 19% das unidades habitacionais hoteleiras.

Relatório da Hotel Investment Advisors (HIA) e da Horwath HTL, citados em estudo do BNDES em
agosto de 2007, afirma que existiam no Brasil 7.153 hotéis e flats em 2007, totalizando 359 mil
quartos. Já em julho de 2010, segundo estudo publicado pela Jones Lang Lasalle Hotels, “Hotelaria
em números Brasil 2010”, havia 9.524 hotéis e flats no país (incluindo condo hotéis), totalizando 441
mil quartos. Segundo documento do MTur, estão previstos investimentos de R$ 1,9 bilhão em
hotelaria até Copa de Mundo de 2014 e um crescimento anual de 7% para o número total de
estabelecimentos hoteleiros no período.




Uma característica importante do fluxo turístico doméstico é o fato, capturado em uma pesquisa da
FIPE em 2007, de que a maioria dos turistas brasileiros em viagens de lazer hospeda-se em casa
de amigos ou parentes, sendo que apenas 23% hospedaram-se em hotéis. No turismo de negócios,
por outro lado, a penetração dos hotéis é bem maior, tendo atingido 60% dos viajantes.
Assim, a segmentação da demanda em 2009, segundo a Jones Lang LaSalle, mostrou uma
concentração de 50% nos clientes corporativos para os hotéis e flats urbanos.




Há uma forte concentração de quartos na região Sudeste, com 47%, seguido por Nordeste e Sul
com 21% cada, Centro-Oeste com 8% e Norte com 3%.

Em linha com esses dados, o estudo da Jones Lang LaSalle indicou que existiam, em julho de 2010,
153 projetos hoteleiros em construção ou em fase adiantada de planejamento e que serão afiliados
às principais redes hoteleiras que operam no país, adicionando 24.147 novos apartamentos à oferta
atual, concentrados nos segmentos econômico e superior. Isso representaria um acréscimo de
apenas 5,5%.



Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Transporte
Transporte Aéreo

As maiores companhias aéreas operando no mercado doméstico brasileiro, em número de assentos
instalados em dezembro/2011, segundo anuário ANAC 2010, são: TAM com 26.859: Gol: 21.155;
Azul: 2.948; Trip: 2.740; Avianca: 1.946; Pantanal: 819 e; Passaredo: 637.

Portanto, o transporte aéreo de passageiros no Brasil é bastante concentrado, quase um duopólio,
onde as duas empresas principais tiveram, nos vôos domésticos em 2010, 83% e 82% dos assentos
quilômetros oferecidos (AKS) e dos passageiros quilômetros transportados, respectivamente,
segundo o relatório anual ANAC. Portanto, desempenho dessas duas companhias reflete em grande
parte o que acontece no setor como um todo.

Abaixo, alguns dados sobre a Gol Linhas Aéreas:

   37% de participação de mercado (jul/2011);
   Faturamento de quase R$ 7 bilhões em 2010.
   115 aeronaves;
   18,7 mil funcionários.

Dados sobre a líder de mercado, a TAM:

   45% de participação de mercado;
   Faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2010;
   157 aeronaves em operação.

Neste setor, vemos o impacto do crescimento da demanda turística com bastante clareza. Segundo
a ANAC, de 2002 a 2010 houve um aumento de 153% no Passageiro Quilômetro Pago
Transportado (RPK) (1 RPK = 1 passageiro pagante que voou por 1 km) para vôos domésticos.
Também segundo a ANAC, de julho de 2010 a junho de 2011, o preço médio das passagens aéreas
no Brasil foi o menor desde o início da série histórica, em 2002, contribuindo para o aumento da
demanda.




Transporte Terrestre

Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o transporte rodoviário de
passageiros no Brasil é responsável por uma movimentação superior a 140 milhões de
usuários/ano. O transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva
de usuários nas viagens de âmbito interestadual, segundo o MTur e FGV. Embora perdendo
mercado ao longo dos últimos anos, conta com um faturamento anual superior a R$ 2,5 bilhões,
utilizando 13.400 ônibus, conforme o Anuário Estatístico da ANTT. O desembarque de passageiros
em transporte rodoviário coletivo para percursos acima de 75 km, indicador utilizado pelo Plano
Nacional de Turismo, mostra uma queda de 12% entre 2004 e 2008. Segundo estudo realizado pela
Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, em relação ao transporte
turístico, o setor opera hoje com uma demanda a 20% da registrada em 1985. Essa perda é
concomitante não somente com o aumento expressivo do número de veículos licenciados e de
veículos locados a partir de 2003, o que poderia explicar parcialmente o comportamento da
demanda segundo o MTur e FGV, como também o aumento da oferta e redução das a tarifas
aéreas para viagens de longa distância, o que incentivou parte dos viajantes a trocar o ônibus pelo
avião.
Por outro lado, o mercado de locação de veículos vem crescendo com taxas de dois dígitos. No
período de 2003 a 2010, segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA), a
frota teve um CAGR de 12% e o faturamento um CAGR de 11%.

Em 2010, 56% das locações tiveram como objetivo a terceirização de frota, 24% o turismo de
negócios e 20% para o turismo de lazer.




Segmentação por classe de demanda

Em pesquisa realizada pelo MTur e FIPE em 2007, o lazer foi a motivação principal para viagem
doméstica declarada por cerca de dois terços dos entrevistados, seguida por negócios com 24% e
outros motivos com 9%.

Turismo de Lazer

O turismo de lazer é, por definição, composto por viagens motivadas pela busca do entretenimento
em praias, campo, em cidades com ricos acervos culturais, históricos ou naturais, em parques
temáticos, em resorts que ofereçam serviços especializados ou diferenciados, visitas a parentes e
amigos. Há um alto grau de viagens discricionárias nesse segmento, ou seja, a demanda é muito
influenciada pela renda disponível das famílias e da atratividade do turismo como consumo.

Segundo estudo da Euromonitor International (“Travel and Tourism Global Overview”, março/2011),
as vendas no varejo de turismo de lazer a nível global em 2010 foram três vezes maiores que as
corporativas, o que deve se manter até 2015, onde deve atingir aproximadamente US$ 600 bilhões.

Em pesquisa do MTur e FIPE, os principais motivos dos turistas nas viagens de lazer domésticas
foram: a visita a parentes/amigos; sol e praia; compras pessoais; turismo cultural e; diversão
noturna.

Algumas características distinguem o turista doméstico de lazer do de negócios, também levantadas
pelo estudo do MTur FIPE:
   As viagens de lazer usam automóvel em 50% dos casos, enquanto as de negócios em 36%. Em
    contrapartida, viagens de negócios usam o avião em 22% dos casos, contra apenas 8% das de
    lazer;
   Em mais da metade das viagens a lazer o turista se hospeda na casa de amigos e parentes,
    indicando uma grande oportunidade para o setor hoteleiro;
   92% dos turistas alegam não ter usado os serviços das Empresas de Turismo para organizar a
    sua principal viagem, indicando também uma grande oportunidade para as empresas do setor
    aumentar sua penetração.



Turismo de Negócios

O turismo de negócios trata das viagens onde a motivação seja algum compromisso de natureza
profissional, o que inclui participação em congressos, seminários, feiras e etc.

Em 2007 foram realizadas 37 milhões de viagens domésticas motivadas por negócios, segundo o
MTur. O dinamismo do turismo de negócios no Brasil pode ser comprovado pelo desempenho do
segmento corporativo das Empresas de Turismo, incluindo as operadoras. Segundo a pesquisa
“Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas”, encomendada pela Associação Brasileira de
Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV), o setor de viagens corporativas cresceu 20% em 2010,
movimentando R$ 21 bilhões.

O mercado crescente tem estimulado a consolidação no Brasil, exemplificada pelo anúncio em
novembro da aquisição de 100% da Net Tour pela Carlson Wagonlit Travel (CWT), a maior empresa
do mundo de turismo corporativo. Segundo seu presidente em entrevista ao jornal Valor Econômico,
com a aquisição a CWT deve faturar em torno de R$ 1,5 bilhão em 2012.

Já o fluxo receptor internacional de turistas estrangeiros em viagens de negócios, segundo o MTur
baseado em dados do WTO, veio apresentando uma queda leve a partir de 2005, que se acentuou
em 2009, impulsionado principalmente pela crise financeira nos principais países emissores. Em
2010 houve uma recuperação nos níveis de entrada de turistas estrangeiros no Brasil, e estudos da
MTur e FGV estimam que a proporção relativa a viagens de negócios, que estava em patamares de
29% até 2005 e chegou a 23% em 2009, deva retornar gradativamente aos 29%. Além disso, a
crescente importância brasileira no contexto econômico mundial, aliada ao crescente número de
eventos de negócios internacionais sediados no Brasil, reforça a atratividade do país.
Eventos de Negócios

O Brasil tem se desenvolvido nos últimos anos como destino de eventos de negócios internacionais.
Segundo o International Congress and Convention Asssociation (ICCA), passou de 62 em 2003 para
275 eventos em 2010, ocupando por 3 anos a 7ª posição mundial.




Apesar de estar concentrada em São Paulo, que sediou 75 eventos em 2010, a quantidade de
cidades brasileiras nesse grupo passou de 22 para 45 nesse período, caracterizando uma
desconcentração, distribuindo os ganhos por outras capitais brasileiras.

Em 2008, os 254 eventos ICCA contaram com 64.500 participantes não-residentes no Brasil,
segundo o EMBRATUR. Os segmentos mais importantes em número de participantes foram
Tecnologia e Meio Ambiente (46%), Médico (38%), e Educação Social e Esporte (12%).

Segundo estudo da EMBRATUR (2008/2009), o turista estrangeiro que chega ao Brasil para
participar de evento associativo tem gasto diário médio de US$ 280, contra apenas US$ 68 para o
turista de lazer.



Intercâmbio e outros Relacionados à Educação

O turismo emissor de intercâmbio, ou educacional, é aquele em que o objetivo principal do turista é
aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em
cursos curriculares ou não. O aumento da internacionalização do Brasil, onde cada vez mais as
empresas valorizam experiências internacionais no recrutamento de jovens, além do câmbio
favorável, têm contribuído para este ser um dos segmentos de maior crescimento atualmente.

Segundo a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), que diz representar 90% do
mercado das Empresas para turismo de intercâmbio, os cursos de intercâmbio disponíveis no
mercado em geral envolvem: cursos colegiais (jovens de 15-18 anos), idiomas, idiomas combinado
com interesses específicos, para professores, terceira idade e programas de férias.
A nível mundial, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE), atualmente 3 milhões de estudantes realizam estudos no exterior, que, estima-se, atingirá
10 milhões em 2025.




Outros Motivos de Viagem

   Turismo visando jogos esportivos: destaque crescente no Brasil nos últimos anos. Os Jogos
    PanAmericanos de 2007 marcaram a entrada do Brasil como sede de grandes eventos
    esportivos mundiais. Aconteceram 36 eventos esportivos internacionais no país em 2011, em
    aproximadamente 15 cidades diferentes, com destaque para os 5o Jogos Mundiais Militares em
    julho no Rio de Janeiro, onde participaram 6.000 atletas de 110 países e 2.000 treinadores e
    comissões técnicas, segundo o site oficial do evento. Para os próximos 5 anos, além dos
    megaeventos Copa do Mundo e Olimpíadas, já estão programados cerca de 20 eventos
    esportivos por ano. Alguns exemplos abaixo mostram a diversidade e a importância:



           Evento                         Local            Audiência   Data               Última
                                                           estimada                       edição
                                                                                          no país

Mega       Confederations Cup             Brasil             400.000   2013               Primeira vez
eventos
           Copa América                   Rio de Janeiro     800.000   2015               1989

           World University Games         Brasil             300.000   2017               Primeira vez

           Summer Paralympics’ Games      Rio de Janeiro     100.000   2016               Primeira vez

           Formula 1 – GP Brasil          São Paulo           72.631   Anual (Novembro)   2011
                                          Goiânia to
           Rally dos Sertões                                  30.000   Anual (Agosto)     2011
                                          Fortaleza

Eventos    São Silvestre (Marathon)       São Paulo           21.000   Dezembro 11        2010
de média
           São Paulo International        São Paulo           20.000   Anual (Junho)      2011
escala     Marathon

           Masters Track & Field
                                               Porto Alegre     20.000   2013               2010
           Championship

           UFC Rio (Mixed Martial Arts) I
                                               Rio de Janeiro   16.572   Ago2011/Jan2012    Primeira vez
           and II

           WCT (Surf)                          Rio de Janeiro   10.000   Anual (Maio)       2011

           Rio Surf Pro International          Rio de Janeiro   10.000   Anual (Outubro)    2011

           Rio de Janeiro Marathon             Rio de Janeiro    9.000   Anual (Agosto)     2011
           Rio de Janeiro International Half
                                               Rio de Janeiro    9.000   Anual (Agosto)     2011
           Marathon

           WCSK8 (Oi Rio Vert Jam)
                                               Rio de Janeiro    8.500   Anual (Março)      2011
           (Skate)

           Brasil Open (Tennis)                Bahia             4.665   Anual (Setembro)   2011

           Brasilia Open – Beach Volleyball    Brasília          4.500   Anual (Abril)      2011

           Judo World Championship             Rio de Janeiro    2.500   2013               2011




   Eventos e serviços direcionados ao público GLS: crescente no Brasil e em várias partes do
    mundo, como a Parada Gay de São Paulo. Segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), em 2010
    mais de 400 mil turistas vieram a São Paulo e cerca de 3 milhões de pessoas se reuniram na
    Av. Paulista. A próxima convenção anual da Intenational Gay & Lesbian Travel Association será
    em Florianópolis, em 2012;

   Turismo com motivação médica: este é outro segmento que cresce muito a nível global, com os
    consumidores procurando por locais onde os procedimentos médicos tenham melhor
    custo/benefício. Na pesquisa MTur e FIPE de 2007, 7% dos turistas responderam que a saúde
    era um dos motivos de viagem. Segundo o Euromonitor International, turismo objetivando
    procedimentos cosméticos tem crescido com vigor na Malásia, Taiwan e Argentina. Segundo o
    mesmo relatório, as categorias de turismo que mais crescerão (CAGR) em valor de vendas
    entre 2010-2015, por motivação, serão: Parques Nacionais – 6,8%; Turismo Médico: 5,4%;
    Spas: 3,3%; Cruzeiros: 3,3% e; Aventura: 3,3%.Festas de Rodeios: A Confederação Nacional
    de Rodeios (CNAR) calcula que sejam realizadas 1.800 festas de rodeios anualmente no Brasil,
    com visitas estimadas em 30 milhões em 2009. Segundo levantamento feito pela Folha de
    S.Paulo, com dados da CNAR, as 30 maiores tiveram 4 milhões de visitantes em 2010;

   Turismo com motivação religiosa: também apresenta números relevantes, com 3,8% dos
    viajantes apontando esta como uma das motivações de turismo, na pesquisa MTur e FIPE.
    Alguns estudos da Escola de Turismo da USP estimam que a cidade de Aparecida do Norte,
    SP, receba em torno de 7 milhões de turistas anualmente, sendo o maior centro de
    peregrinação religiosa da América Latina;
    O Rio de Janeiro sediará a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento a nível
    mundial da Igreja Católica, contando com a presença do Papa Bento XVI. Em algumas das
    edições anteriores, o número de visitantes foi muito elevado, como Manila em 1995, com 5
    milhões, e Roma em 2000, com 2,1 milhões, segundo a CNBB. Para 2013, a prefeitura do Rio
    de Janeiro espera a chegada de 4 milhões de peregrinos na cidade;
   Festas do Norte / Nordeste: as cidades de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) recebem mais
    de 1,5 milhão de visitantes cada uma durante as comemorações de festa junina nos meses de
    junho e julho. A cidade de Juazeiro do Norte (Ceará), conhecida por suas romarias ao Padre
    Cícero, segundo sua Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Romarias, recebe
    em torno de 2 milhões de visitantes anualmente. A romaria a São Francisco, na cidade de
    Canindé (Ceará), segundo Secretaria de Turismo do município, trouxe à cidade 200 mil
    romeiros no dia 18 de setembro. Já no Norte do Brasil, o festival de Parintins, no Amazonas,
    atrai todos os anos mais de 100 mil pessoas, de acordo com o site oficial do evento;

   Carnaval: apesar de estar concentrado em apenas quatro dias ao ano, movimenta uma grande
    quantidade de turistas domésticos e estrangeiros por todo o país. Segundo estimativas da
    Riotur, no carnaval de 2011 a cidade do Rio de Janeiro recebeu 760 mil turistas. O governo da
    Bahia estima que Salvador recebeu outros 550 mil neste ano.



Canais de Distribuição

O canal de distribuição na indústria do turismo é um sistema de intermediários ligando os produtos e
serviços turísticos aos consumidores, pessoas físicas ou corporativas. Podemos agrupá-los em
tradicionais e eletrônicos.

Canais Tradicionais

Mais próximas do consumidor final pessoa física ou corporativa, existem as Empresas de Turismo
emissoras, que geralmente prestam serviço de consultoria sobre destinos, pacotes, documentação.
Conforme explicado em tópico anterior, podem ser segmentadas por motivo da viagem ou pelo tipo
de consumidor. Em posição intermediária, existem as operadoras turísticas, que montam pacotes de
serviços e produtos turísticos e distribuem via Agências emissoras. Finalmente, próximo aos
fornecedores de serviços turísticos, estão as Empresas de Turismo receptivas, que trabalham
exclusivamente com a recepção de turistas, reserva de hotéis, transporte de passageiros, etc

Canais eletrônicos

Todos os elementos da cadeia de distribuição e também os fornecedores de produtos e serviços
utilizam canais eletrônicos para se aproximar dos consumidores finais.

   Empresas de Turismo emissoras desenvolvem seus próprios sites na internet para informar
    sobre seus produtos e/ou comercializá-los, em processos com início e fim no site ou a
    finalização em loja física;
   Existem Empresas puramente online, ou seja, operam somente por meios eletrônicos, não
    sendo um canal de uma empresa tradicional. O maior exemplo é a Expedia Inc, Decolar.com,
    Viajanet e Rapi10.
   Operadoras também desenvolvem sites para evitar que a comercialização de seus produtos
    seja intermediada por outra Empresa de Turismo;
   Fornecedores de produtos turísticos são os mais desenvolvidos na utilização da Internet para
    vender diretamente ao consumidor: companhias aéreas, hotéis, empresas de locação de
    veículos, empresas de transporte marítimo e ferroviário, etc;


É inegável o papel da internet na comercialização dos produtos e serviços turísticos. O rápido
aumento do acesso à internet e à conexões de banda larga no Brasil, associado a uma população
jovem (Gerações “Y” e “Z”) que não tem as resistências habituais ao comercio eletrônico e abraça
as redes sociais com muito vigor, garantem um futuro promissor para o canal. Segundo o IBOPE
Nielsen online, entre junho de 2010 e 2011 houve um crescimento de 14% na procura por sites de
viagens, alcançando 23,6 milhões de usuários únicos. Em relação aos cruzeiristas, pelo seu perfil
socioeconômico elevado, 58% com ensino superior completo, e por ter partido de uma base menor,
o crescimento dessa subcategoria foi de 117% no período.

Segundo reportagem da Revista Exame, citando pesquisa da E-Consulting, o turismo foi a categoria
do comércio eletrônico que mais cresceu no primeiro semestre de 2011 no Brasil: 29%, contra a
média do varejo online de 19%. Até o final de 2011, o faturamento do turismo online deve alcançar
R$ 7,3 bilhões, segundo a mesma fonte.

Segundo o relatório “Travel and Tourism: Global Overview 2011”, da Euromonitor International, há
muito espaço para o crescimento na penetração das vendas online de produtos turísticos na
América Latina, se comparado com outros continentes.



Penetração Regional das Vendas Online por Categoria (2010)

                                   Pacote Turístico   Passagem Aérea      Hotel

   América do Norte                        54%               57%                  39%

   Europa Ocidental                        23%               49%                  16%

   América Latina                           8%               20%                   4%

Fonte: Euromonitor International


O total de brasileiros com acesso à internet chegou a 73,9 milhões em 2010, crescimento de 10%
sobre o ano anterior, segundo o IBOPE Nielsen Online. A adoção do canal eletrônico para compras
também avança rapidamente no país, embora com velocidades diferentes. Segundo o Comitê
Gestor da Internet no Brasil (CGI), 59% dos internautas da classe A já compram on-line; na classe B
13%; e na C 5%.

Citando o crescimento das vendas de turismo pela internet e o elevado gasto dos turistas brasileiros
no exterior, o site francês de ofertas de viagens de luxo Voyage Privé, que prevê faturar US$ 380
milhões em 2011, justificou a sua entrada no mercado brasileiro em novembro.



Infraestrutura e o Setor de Turismo

A Pesquisa do Fórum Econômico Mundial divulgada em março de 2011 posicionou o Brasil em 52º
lugar no ranking de competitividade no turismo, entre os 139 analisados (caindo da posição 49 em
2009). Entre os 14 quesitos avaliados, as infraestruturas de transporte terrestre e aeroportuário, a
violência e a mão de obra qualificada foram os principais responsáveis pela mediana posição
brasileira.

Adicionalmente, a World Tourism Organization (UNWTO) classifica o Brasil em 95º lugar num grupo
de 130 países em relação a infraestrutura de transporte de grupo.

Nas áreas urbanas, a integração entre modais também apresenta sérias limitações em decorrência
das carências relativas à mobilidade urbana, particularmente nas grandes cidades.
A infraestrutura de transportes brasileira, além de ser um limitante para a atividade econômica em
geral, pode caracterizar um limitante ao crescimento dos fluxos turísticos no Brasil. No mercado
doméstico, o crescimento dos desembarques nacionais foi de 118% entre 2003 e 2010, provocando
uma ocupação de praticamente toda a margem operacional da infraestrutura aeroportuária nos
principais destinos turísticos do país, segundo o MTur.

O caráter multiministerial das iniciativas relacionadas à infraestrutura de transporte, e
consequentemente de turismo, dificulta a coordenação de esforços pelo governo federal e em
particular o MTur.

Indicando uma percepção de urgência pelo governo federal, recentemente foi anunciado que os
aeroportos de Brasília, Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, e Viracopos, em
Campinas, serão explorados pela iniciativa privada, que poderá ter no mínimo 51% do capital, e a
Infraero deve ficar com até 49%. O governo também estuda fazer a concessão dos aeroportos
Confins (MG) e Galeão (RJ).

Segundo a Infraero, os aeroportos diretamente relacionados às 12 cidades-sede para a copa de
2014 receberão investimentos de R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 5,2 bilhões da própria Infraero.




A qualidade do sistema viário terrestre, dos terminais turísticos rodoviários e dos pontos de parada e
outras limitações da atividade são apontadas pela Câmara Nacional do Comércio como uma das
principais causas para o fato do transporte turístico rodoviário hoje corresponder a 20% do que era
em 1985, aliada à concorrência do modal aéreo.

Para endereçar esse ponto, o Ministério do Planejamento lançou, em fevereiro de 2011, o PAC da
Mobilidade, destinado a incrementar a infraestrutura de transporte público nas 24 principais cidades
brasileiras. Segundo o Ministério, serão investidos R$ 18 bilhões, dos quais 6 bilhões diretos da
União e 12 bilhões através de financiamentos.

Por fim, os diversos eventos que ocorrerão no Rio de Janeiro nos próximos anos têm mobilizado a
alocação de investimentos na cidade. Segundo sua Prefeitura, 16 investimentos em mobilidade
urbana ou estão em andamento ou em fase de planejamento, sendo quatro vias expressas:
   Transbrasil (em projeto): recursos de R$ 1,5 bilhão. Vai contar com o Bus Rapid Transit (BRT).
    Ligará Deodoro ao Centro, atravessando toda a Avenida Brasil;
   Transoeste (em construção): R$ 0,7 bilhões – ligará Barra da Tijuca a Santa Cruz;
   Transcarioca (em construção): R$ 1 bilhão estimado em investimentos – ligará a Barra da Tijuca
    ao aeroporto do Galeão;
   Transolímpica (obras a iniciar): estimados R$ 1,6 bilhão em investimentos – ligará Recreio das
    Bandeiras a Deodoro



Incentivos Governamentais

O MTur desenvolveu um plano de longo prazo para o turismo receptivo, o Plano Aquarela 2020 –
Marketing Turístico Internacional do Brasil – com metas para o fluxo de turistas. Segundo seu
documento de divulgação, seus objetivos principais são: aprimorar os resultados de longo prazo na
promoção turística do país; envolver os setores público e privado numa estratégica unificada;
promover o Brasil como destino turístico internacional e; aproveitar os megaeventos mundiais para
fazer o Brasil mais conhecido como destino turístico.

Além disso, a MTur desenvolve uma série de projetos específicos para melhorar a qualidade da
oferta e regionalização, baseados em estudos sobre tendências no setor, tais como: Programa de
Estruturação dos Segmentos e Projeto de Cooperação Técnica para Roteirização – diversificação e
segmentação da oferta; Projetos Talentos do Brasil Rural e Projetos relativos ao Turismo de Base
Comunitária – incentivo ao turismo social e local; Projeto Economia de Experiência – apoio ao
pequeno negócio turístico e; Novo sistema de classificação de meios de hospedagem – inserção
nos padrões internacionais de normatização

Atualmente está disponível, através dos principais bancos estatais, uma série de linhas de crédito
específicas para o turismo, definidas pelo MTur:

       FINGETUR – Fundo Geral do Turismo – aquisição de máquinas e equipamentos novos
       PROGER – Turismo Investimento – para investimento fixo e capital de giro associado
       FNE – programa de apoio ao turismo regional NE
       FNO – programa de desenvolvimento sustentável para o Amazonas
       FCO - programa de apoio ao turismo regional CO
       BNDES automático até R$ 10 milhões, FINEM, FINAME e cartão BNDES
       Programas regionais de desenvolvimento do turismo (Prodetur), direcionados a estados e
        municípios, que são operacionalizados pelo MTur e tem parceria com o Banco
        Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Corporação Andina. Já tem US$ 870 milhões
        em projetos aprovados e US$ 780 milhões aguardando aprovação.

Segundo o MTur, o volume de recursos desembolsados pelas instituições financeiras federais para
o setor de turismo aumentou 181% desde 2003, com destaque para os dois últimos anos. Em 2010,
72% dos recursos saíram do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
E.        SERVIÇOS FINANCEIROS NO TURISMO


Com a estabilização econômica do país e a obtenção de uma linha de desenvolvimento sustentável
da renda das famílias, surge como consequência natural a crescente expansão do nível de
bancarização, num fenômeno simultâneo de penetração geográfica e de classes. Atrelada a esta,
evidencia-se a massificação do acesso ao crédito, abrindo caminho à democratização de toda uma
variedade de produtos financeiros, cada vez mais diversos e sofisticados, e até aqui apenas
acessíveis às camadas mais favorecidas da população.

Como uma das atividades econômicas com potencial de crescimento futuro, o turismo não deverá
deixar de acompanhar este processo, alavancando a sua atividade na comercialização de produtos
financeiros relacionados. O crescimento dos serviços financeiros no turismo deverá apoiar-se em
três pilares fundamentais: crédito pessoal para o consumo de produtos turísticos e em particular a
influência no padrão de utilização dos cartões de crédito, produtos de câmbio e mercado segurador.



Crédito

Os pacotes de turismo, dado o seu perfil discricionário, o caráter habitualmente esporádico e
sazonal e o peso que em geral representam sobre os orçamentos familiares, revelam-se
normalmente inatingíveis para os segmentos da população de rendas média e baixa excluídos do
acesso ao crédito. Nesse sentido, esse é um dos setores que mais deverá beneficiar-se do vigoroso
crescimento do mercado de financiamento ao consumo privado que vem se verificando no Brasil,
em paralelo ao desenvolvimento econômico e social.

Ao longo da última década, o crédito à Pessoa Física avançou dos 66 bilhões de reais em 2000 para
os mais de 560 bilhões de reais em 2010, com destaque para o crescimento do crédito pessoal,
onde se inserem os produtos de turismo, a uma taxa anual composta de 24% no mesmo período. O
seu peso sobre o PIB, que era pouco superior a 5%, triplicou, atingindo mais de 15%.
De fato, o caminho de crescimento econômico sustentado e de reforço da confiança dos agentes,
investidores e consumidores seguido ao longo dos últimos anos, não se reflete apenas no atenuar
das desigualdades e no incremento da renda disponível. Transporta igualmente consigo um efeito
de melhoria das condições de financiamento das instituições de crédito. A estabilização e
visibilidade proporcionadas pelo novo quadro macroeconômico vêm permitindo o alargamento dos
prazos dos empréstimos e a redução dos spreads exigidos, que no Brasil estão entre os mais
elevados do mundo. Segundo dados do BCB, na última década o prazo médio das operações de
crédito com recursos livres para Pessoas Físicas mais do que duplicou, desde o mínimo de 242 dias
em 2004, para 562 dias no final de 2010, ao passo que o spread médio se reduziu em mais de
metade, dos 60% em 2004 para os cerca de 27% no final de 2010. Este efeito alavanca-se na
capilaridade crescente do sistema financeiro nacional e no robusto ritmo de bancarização da
população para permitir a conversão em massa ao universo do financiamento, abrindo para milhões
de novos consumidores as portas de acesso a produtos habitualmente parcelados, como é o caso
do turismo.

Segundo projeções da LCA Consultores, este fenômeno deverá continuar ao longo da próxima
década, embora naturalmente com um ritmo menor. Estima-se que o volume nominal de crédito à
Pessoa Física mais do que quadriplique, atingindo cerca de 24% do PIB em 2020. Este indicador
era já em 2010 de 52% do PIB na França e 57% na Alemanha, o que permite antever a larga
margem de expansão existente no Brasil.

Numa visão de mais curto prazo, a FEBRABAN divulgou recentemente uma estimativa de
crescimento que mostrava que a componente de crédito pessoal deverá continuar a ser o principal
impulsionador do crescimento de 15% ao ano em 2011 e 2012 do total de recursos livres para
pessoas físicas, pois se prevê que este componente irá avançar 17% ao ano no mesmo período.
Tem sido notória a tendência das instituições financeiras no sentido de adicionar à sua oferta
produtos direcionados ao turismo. Um exemplo do apetite do consumidor de turismo pelo crédito é o
sucesso alcançado pelo Cartão Turismo da Caixa Econômica Federal (CEF), agente financeiro do
Ministério do Turismo. Acrescenta às funções tradicionais de um cartão de crédito o financiamento a
24 meses e com juros mais favoráveis do consumo em estabelecimentos dos ramos de turismo,
como hotéis, pousadas, companhias aéreas, locadoras de veículos e Empresas de Turismo.
Segundo a CEF, já foram emitidos mais de 1,6 milhões de cartões desde que o produto foi lançado
no final de 2005, o que representa uma disponibilidade de crédito de cerca de R$ 900 milhões.



Cartões de crédito

Se a amplitude do acesso ao crédito segue em acelerado processo de expansão no Brasil, o
panorama não é diferente no que diz respeito ao padrão de utilização dos meios de pagamento. O
processo de simultâneo incremento da bancarização da população e de crescimento da massa de
consumidores vem se traduzindo na progressiva adoção de instrumentos eletrônicos no ato de
pagamento, em substituição dos meios tradicionais, de que é exemplo mais comum o próprio papel-
moeda. Apesar da maior parte das transações no varejo continuar a efetuar-se através deste,
especialmente quando se trata de montantes menores, é nítida uma modificação nos
comportamentos do consumidor Brasileiro, seguindo o caminho que há alguns anos vem sendo
percorrido pelas economias desenvolvidas. Assim, a evolução da representatividade do pagamento
com cartão no consumo das famílias Brasileiras vem sendo galopante, esperando-se que em menos
de uma década supere pela primeira vez o papel-moeda como instrumento principal de pagamento.
Embora o faturamento com cartões tenha, segundo a Associação Brasileira de Cartões de Crédito e
Serviço (ABECS), ultrapassado o meio trilhão de reais em 2010, representa ainda apenas um quarto
do consumo das famílias, o que compara com os atuais 45% dos EUA.

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Análise do mercado de turismo no brasil

  • 1. 1. ANÁLISE DO MERCADO DE TURISMO NO BRASIL A. INTRODUÇÃO O Brasil presenciou dois acontecimentos nos últimos anos que, definitivamente, serão lembrados no futuro como transformadores do turismo como atividade econômica e como produto de consumo no país: o crescimento econômico robusto e ter sido escolhido para sediar a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A partir de 2005, o país presenciou a combinação de boas condições macroeconômicas, mudanças no perfil social e demográfico, crescimento do PIB e melhor distribuição de renda, o que tem resultado em nível de emprego recorde e aumentos ano a ano do crédito e do consumo das famílias. A demanda por turismo, que por muitos anos foi latente, transformou-se em real, com crescimentos significativos e consistentes em todos os indicadores de consumo, a ponto de superar a intenção de consumir eletrônicos. Pesquisa Nielsen sobre intenção de gastos, citada pelo jornal O Estado de S. Paulo em 13 de Novembro de 2011, mostra que a prioridade do brasileiro para gastar dinheiro no fim deste ano é com viagens (29%), acima de roupas (26%) e eletrônicos (25%). Em paralelo ao bom momento macroeconômico, em outubro de 2007 a FIFA anunciou o Brasil como a sede da Copa do Mundo de 2014. Exatamente dois anos depois, o Rio de Janeiro é escolhido a cidade sede para os Jogos Olímpicos de 2016. Será a quarta vez que um único país sediará esses dois megaeventos no mesmo período, e a segunda vez para um país em desenvolvimento. Estes são considerados divisores de águas para a imagem do país no exterior, com o Brasil se credenciando mundialmente como um país capaz de gerar, convergir e coordenar recursos para promover o maior campeonato do esporte mais popular do mundo e o maior encontro de atletas do planeta. Os resultados já aparecem - no último relatório “2011-2012 Country Brand Index”, da Future Brand, a “marca” Brasil subiu 10 posições entre 2009 e 2011, passando à 31ª numa lista de 113 países, registrando o maior crescimento dentre os 50 que lideram a lista. Para materializar esses projetos e ao mesmo tempo suprir a demanda crescente resultante do desenvolvimento econômico, inicia-se um período de investimentos significativos em infraestrutura, também descritos neste documento, que devem durar quase uma década. Dessa forma, a infraestrutura, até então um limitante ao crescimento da demanda turística apesar do desenvolvimento econômico, pode tornar-se um impulsionador, graças aos preparativos para os dois megaeventos. Se estes forem bem executados, o turismo para o Brasil terá condições de mudar definitivamente.
  • 2. B. CONTEXTO SOCIAL E MACROECONÔMICO O Brasil dispõe de uma quantidade e variedade de recursos naturais singulares, com reservas ambientais protegidas, praias e florestas, além de um território largamente inexplorado e a preços acessíveis, do ponto de vista dos padrões internacionais. A situação geopolítica mostra-se também favorável. A implantação da democracia e o funcionamento das instituições são plenos, o que é positivo para as decisões de investimento estrangeiro. As autoridades têm visado transmitir tranqüilidade à comunidade internacional através da célere resolução das questões relacionadas com a segurança. A instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em diversas comunidades carentes do Rio Janeiro é um exemplo da preocupação em reduzir os níveis de violência nos principais centros urbanos nestes anos que precedem os dois grandes eventos. Adicionalmente, a população Brasileira atravessa um período de acentuada mudança demográfica, social e econômica. Após mais de duas décadas de baixo aproveitamento do potencial de desenvolvimento do país, os últimos anos vêm sendo caracterizados por um acentuado crescimento econômico, num quadro de assinalável estabilidade, que nem o impacto da maior crise financeira mundial desde 1929 conseguiu debilitar. Este fenômeno vem se sustentando na melhoria da educação e qualificações, no crescimento da população economicamente ativa e no aumento da renda disponível, bem como na redução da desigualdade social através da melhoria na distribuição de renda. Neste contexto, amplia-se o mercado de consumo interno, agora dominado por uma renovada classe média, simultaneamente mais instruída e com maior poder aquisitivo discricionário, o que a torna mais propensa ao consumo de produtos de cultura e lazer e potencializa o Brasil como pólo emergente de turismo. Fatores sociais e demográficos Em consonância com os restantes mercados emergentes de referência, como a Índia ou a China, o Brasil apresenta hoje uma estrutura etária jovem e em mutação. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média atual da população brasileira é de 29 anos, o que se compara com os 37 anos da América do Norte e os 40 anos da Europa. Números do censo demográfico de 2010 mostram que a população atingiu nesse ano os 191 milhões de habitantes, após uma taxa de crescimento anual composta de 1,9% na década que terminou em 1990, 1,5% na década que terminou em 2000 e 1,2% na década que terminou em 2010. Este crescimento continua a ser superior ao verificado nos países desenvolvidos, com a União Européia crescendo apenas 0,1% em 2010 e os EUA com um aumento populacional previsto de 1% para 2011, segundo o CIA World Factbook.
  • 3. A expansão demográfica que se vem verificando deverá desacelerar nas próximas décadas, com os números do IBGE mostrando que, no longo prazo, a população do Brasil poderá fixar-se em torno dos 215 milhões, conforme demonstrado na tabela acima. O IBGE estima que o crescimento vá se situar na taxa composta de 0,8% ao ano até 2020. Por outro lado, prevê um aumento da esperança média de vida na próxima década, de 73 anos em 2010 para 76 anos em 2020. Esta estabilização, em conjunto com a juventude patenteada pela estrutura etária e com o incremento da esperança média de vida, abrirá espaço para o chamado bônus demográfico. Estudo realizado pelo instituto Insper e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo em 02/01/2010 indicou que o Brasil já possuía um bônus demográfico em 2009, com uma média de 2 adultos para cada dependente (crianças e idosos). Segundo este mesmo estudo, o bônus demográfico brasileiro deverá continuar crescendo até 2020, quando atingirá seu auge, com adultos representando cerca 70% da população. Nesses 10 anos, as condições demográficas para o crescimento econômico do país são consideradas as melhores possíveis. Ao mesmo tempo, parece atenuar-se o perfil tradicionalmente desigual do país. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o coeficiente de Gini (gráfico abaixo), que permite avaliar o desequilíbrio na distribuição de renda, caiu de 0,60 em 1995 para 0,54 em 2009. Na União Européia, situou-se, em 2009, nos 0,30, segundo dados do CIA World Factbook. Adicionalmente, vem melhorando o nível educacional da população brasileira. Segundo o IBGE, de 1995 a 2009 o número médio de anos de escolaridade passou de 5,2 para 7,2 para os brasileiros com mais de 25 anos de idade.
  • 4. A existência de um bônus demográfico em conjunto com o aumento real e melhor distribuição de renda deverão potencializar o consumo interno, constituindo assim per se em relevantes fatores de sustentação do crescimento econômico futuro. Cenário macroeconômico No seguimento da recente crise financeira, que em 2009 arrastou o crescimento econômico global para terreno negativo pela primeira vez em muitas décadas, o caminho da recuperação, ainda que abaixo do esperado, deverá ser razoável. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que se situe em torno dos 4%, em 2011 e 2012 (“World Economic Outlook”, Setembro/2011). Ainda assim, a recuperação continua a efetuar-se a duas velocidades: os mercados desenvolvidos em nítido processo de estagnação e os mercados emergentes descolando de forma robusta. Nos primeiros, a generalizada transferência de alavancagem do setor privado para o público conduziu a níveis insustentáveis de endividamento dos governos, forçando os mesmos a reverter as políticas de relaxação e estímulo econômico que haviam lançado inicialmente. A correção destes fatores será necessariamente lenta e penosa, uma vez que o crescimento econômico potencial permanece reduzido. Já nos mercados emergentes, a situação fiscal e financeira mais favorável que vigorava antes do eclodir da crise, em conjunto com o crescimento do mercado de consumo interno, o que compensa a diminuição dos fluxos de comércio internacionais, torna muito mais fácil o movimento de ajustamento. Assim, um dos desafios das autoridades residirá na capacidade de evitar o sobreaquecimento das respectivas economias.
  • 5. O Brasil vem sendo justamente um dos grandes motores do forte crescimento econômico observado nos mercados emergentes. A diversidade de recursos naturais, a sofisticação da estrutura empresarial, a crescente e mais qualificada força de trabalho e o quadro de reforço das relações com grandes potências importadoras, como a China, vêm impulsionando a economia. Segundo o IBGE, o PIB aumentou 7,5% em 2010, o maior crescimento desde 1986, atingindo 3,7 trilhões de reais. Desde o lançamento do Plano Real em 1994, o país vem se beneficiando de um quadro de estabilidade política, fiscal e monetária resultante da combinação positiva de inflação controlada, redução das taxas de juros e equilíbrio da balança de pagamentos. Somados a isso, a estabilidade institucional e o respeito aos contratos têm se consolidado no Brasil, e hoje são considerados como diferenciais em relação aos outros países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), favorecendo investimentos externos. Segundo estimativas do FMI, pouco mais de duas décadas decorridas desde o lançamento do Plano Real, o PIB real do Brasil terá mais do que duplicado em 2016, conforme se observa no gráfico abaixo. A economia Brasileira cresceu a uma taxa anual composta de 1,6% na década de 1980 a 1990, 2,5% na década de 1990 a 2000 e 3,6% na década de 2000 a 2010. Apesar das recentes revisões para baixo, o FMI estima que o crescimento do PIB brasileiro se situe sempre acima dos 3,5% nos próximos 5 anos.
  • 6. Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), o consumo foi o principal responsável por este assinalável desempenho econômico, potencializado pela melhoria das condições de crédito e pelo elevado valor dos Índices de Confiança do Consumidor (ICC) e da Indústria (ICI), publicados mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que permanecem na zona de otimismo e expansão há cerca de dois anos. A continuidade da evolução favorável do mercado de trabalho tem sido o principal pilar de sustentação do consumo interno. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), registrou-se em 2010 a criação líquida de 2,1 milhões de empregos formais. Desde 2003, a taxa de desemprego nas seis regiões metropolitanas (Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo) reduziu- se em mais de metade, de 10,9% para 5,3% no final de 2010, o menor nível histórico já medido pela pesquisa.
  • 7. Com o desemprego próximo da taxa natural, existe competição acrescida pela mão-de-obra, especialmente a mais qualificada, o que se traduz na inflação dos salários, num ciclo virtuoso de sustentação do mercado de consumo. Esse efeito vem estimulando um movimento massivo de imigração de médios e altos quadros provenientes de países desenvolvidos. Adicionalmente, as grandes áreas metropolitanas, e nomeadamente São Paulo, vêm se convertendo de forma cada vez mais acentuada em pólos centralizadores de atração de negócios na região e no mundo. A grande vantagem deste processo de transformação reside no fato de se desenrolar em paralelo à profunda transformação do padrão de classes sociais. A busca de um caminho de redução da desigualdade na distribuição de renda, a melhoria das qualificações e nível educacional da população e o seguimento de programas de transferência por parte do governo abriram caminho ao surgimento de uma nova classe média. No ano de 2009, segundo a FGV, a Classe C passou a representar mais de metade da população total pela primeira vez na história do país.
  • 8. Um estudo do Instituto Data Popular mostra que, contrariamente ao que acontece na Classe A, em que apenas 10% dos elementos possuem qualificação superior à da geração de seus pais, na Classe C esse número sobe para cerca de 70%. Esta deixará de ser encarada como apenas mais um segmento para se converter no foco central do próprio mercado, já que o seu crescimento e predomínio beneficiam tanto a demanda quanto a oferta. De fato, os participantes da Classe C não só assumirão o seu papel de consumidores como também se tornarão estratégicos nas decisões de investimento das empresas no Brasil, ao se tornarem mais exigentes na seleção dos produtos, buscando itens cada vez mais sofisticados. Poder aquisitivo e consumo O promissor aumento da base de consumo interno no Brasil vem sendo potencializado e amplificado por três relevantes alavancas: o aumento da renda per capta, a melhoria na distribuição de renda e a democratização do crédito, o qual vem crescendo na direção dos padrões internacionais. A primeira e a segunda alavanca traçam, respectivamente, a semelhança e a diferença entre o desempenho nacional e o da generalidade das grandes potências emergentes. A renda média mensal real da população Brasileira com 10 anos ou mais de idade, obtida através da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2004-2009, aumentou acumuladamente 24% no período de 5 anos em análise - o dobro do crescimento alcançado pelo PIB per capita - em sentido contrário ao que se observa em países como a China ou a Índia. Este movimento foi impulsionado por uma aproximação das classes de renda inferior às de renda superior. Segundo dados da PNAD 2001-2009, o décimo inferior de população aumentou a sua renda disponível com uma taxa anual composta de quase 7%, o que compara com o crescimento de 1,5% do décimo superior, indo ao encontro da idéia de reforço da classe média, que constitui a referência primária para o consumo. Uma das principais ameaças à continuação do processo de expansão da renda real no futuro diz respeito à possibilidade de incremento da inflação nos próximos anos. Esse foi durante décadas um dos principais bloqueadores do crescimento econômico Brasileiro, e a sua estabilização, pilar fundamental do lançamento do Plano Real e um dos fatores que mais contribuiu para o atual cenário de expansão vivenciado pelo país.
  • 9. Neste sentido, desde a adoção pelo BCB do Regime de Metas de Inflação em 1999 e, mais enfaticamente, desde que em 2002 o câmbio quase atingiu 4 reais por cada dólar dos EUA, com o IPCA cotando-se nos 12,5%, o Banco Central do Brasil (BCB) vem perseguindo uma política de forte contenção da inflação. A recuperação e estabilização da economia Brasileira vêm permitindo a entrada de capitais externos, conduzindo o câmbio a um máximo de quase 1,5 reais por cada dólar dos EUA em 2008. A inflação encontra-se desde 2005 contida na banda de 4 pontos percentuais em torno da meta de 4,5% definida pelo BCB, i.e., entre 2,5% e 6,5%, embora nos anos de 2008 e 2010 tenha se aproximado do limite superior em função do aquecimento do consumo interno. Segundo o BCB (“Focus – Relatório de Mercado”, 18/11/2011) a expectativa do mercado é de que a inflação continue abaixo dos 6,5% para os anos de 2011 e 2012, embora próximo ao limite superior da banda. Beneficiada pela estabilidade e confiança dos agentes econômicos, surge a segunda alavanca do consumo: a democratização do crédito. Exercendo influência no consumo das famílias e nas decisões de investimento das empresas, a trajetória de gradual redução da taxa referência SELIC tem impulsionado este fenômeno. Adicionalmente, a bancarização do país é crescente, como se ilustra na figura abaixo, com a duplicação do número de contas correntes desde 2001 e o incremento da capilaridade das instituições financeiras. O acesso ao crédito é cada vez menos dispendioso e a prazos mais alargados.
  • 10. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) projeta a continuação dessa tendência, dos atuais 46% para cerca de 70% do PIB em 2014. De acordo com os números do Banco Central Europeu (BCE), o total de empréstimos do sistema financeiro representava, no final de 2010, 116% do PIB na França, 119% na Alemanha e 185% na Espanha. Em todos os países referidos, o crédito à Pessoa Física já é superior a 50% do PIB, ao passo que no Brasil não atingiu ainda os 20%. De 2001 a 2010, o crédito concedido em percentagem do PIB cresceu a uma taxa anual composta de cerca de 5% para pessoa jurídica, e de cerca de 10% para a habitação e Pessoas Físicas. Houve também uma maior sofisticação nos produtos oferecidos pelas instituições financeiras, que passaram a proporcionar um leque mais amplo de alternativas, expandindo garantias e seguros. Segundo um estudo da LCA Consultores, a evolução na penetração de crédito teria sido responsável por cerca de 40% do crescimento econômico do Brasil nos últimos 6 anos. Em suma, o consumo das famílias, que representa mais de 60% da economia e que vem sendo alavancado pelo surgimento da nova classe média emergente, pelo aumento generalizado das rendas e pela expansão da disponibilidade de crédito, constitui o grande motor do crescimento Brasileiro, conforme se pode constatar na figura abaixo. Desde 2004, o PIB cresceu 28%, ao passo que o consumo das famílias avançou acumuladamente 37%, dados do BCB. Na medida em que o eixo de gravidade de consumo desce das Classes A e B para as Classes C e D, cada unidade monetária marginal de renda converte-se num valor superior de consumo.
  • 11. C. MEGAEVENTOS – COPA 2014 E OLIMPÍADAS 2016 Como agentes catalisadores do cenário otimista que vem se desenhando para o setor de turismo no Brasil, surgem os dois megaeventos a se realizar nos próximos anos: a Copa do Mundo FIFA em 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016. Esta será a quarta vez que um país é sede de ambos os eventos no mesmo período, e apenas a segunda vez em um país em desenvolvimento. Após o anúncio dos dois megaeventos, o país ganhou visibilidade internacional que se reflete em vários setores. Em 2010, por exemplo, houve 50 shows internacionais no país, e em 2011 o calendário contava com mais de 100, segundo reportagem da revista Época de 16/09/2011. Copa 2014 Segundo estudo da Ernst & Young (“Brasil Sustentável- Impactos Socioeconômicos da Copa 2014”, publicação em 2010), a Copa realizada na Alemanha em 2006 atraiu 3,4 milhões de expectadores aos estádios, gerou 5 milhões de pernoites de turistas locais e estrangeiros, 18 milhões de visitas às áreas de lazer circundantes e estimativa de mais de 26 bilhões de telespectadores acumulados. Na África do Sul em 2010, estima-se um total 30 bilhões de telespectadores. Segundo o mesmo estudo, a edição Brasileira deverá atingir números ainda superiores, e estima-se que o fluxo receptivo no país durante todo o ano de 2014 será 50% maior do que foi em 2010, alcançando 7,8 milhões de turistas estrangeiros. A Copa de 2014 no Brasil será realizada em 12 cidades sede – um número elevado em relação ao padrão para Copas do Mundo – trazendo grande exposição externa para estas cidades brasileiras. Entretanto, o fator que deverá trazer maior impacto nos fluxos turísticos doméstico e receptivo serão os elevados investimentos que o país vai realizar em infraestrutura e qualidade dos serviços turísticos, fruto dos preparativos para o evento.
  • 12. De acordo os diversos estudos já efetuados sobre o tema, por instituições como o Ministério do Turismo e a Fundação Getúlio Vargas, há boas possibilidades de potencialização dos investimentos efetuados, através de um efeito multiplicador sobre a atividade econômica, não só devido ao efeito de investimento direto público e privado como também através de uma cadeia de efeitos indiretos e induzidos, desde que seguidas as medidas e procedimentos adequados. Estudo do Ministério dos Esportes em parceria com a empresa de consultoria Value Partners (“Impactos econômicos da realização da Copa de 2014”, Março/2010) estima que a Copa gere um impacto direto de R$ 9,5 bilhões ao turismo, através dos 600 mil turistas estrangeiros que virão, gerando divisas de R$ 3,9 bilhões, e 3,1 milhão de turistas nacionais, gerando R$ 5,5 bilhões. Esse estudo estima investimentos diretos que impactam o turismo em mais de R$ 47 bilhões, e um impacto total sobre o PIB brasileiro de mais de R$ 180 bilhões. Dos R$ 47,5 bilhões em impacto direto, os investimentos em infraestrutura somam R$ 33 bilhões, representando aproximadamente 70% do total. Turismo e Consumo respondem pelos R$ 14,5 bilhões restantes, conforme gráfico abaixo:
  • 13. Parte significativa dos investimentos em infraestrutura civil será destinada aos estádios, incluindo 6 reformas de grande porte e a construção de 6 novos, totalizando R$ 6,3 bilhões: Mesmo antes da realização da copa, os impactos na imagem brasileira como país hospedeiro de eventos esportivos já podem ser sentidos. Segundo a revista Exame de novembro/2011, utilizando dados da Sport+Market, a aproximação dos dois megaeventos fez com que o número de feiras e eventos relacionados ao esporte quintuplicasse, passando de 30 em 2010 para os 148 previstos para 2011. Além dos impactos diretos e indiretos dos investimentos, existem diversos benefícios intangíveis, mas que influenciam positivamente os fluxos turísticos:
  • 14. Fortalecimento da imagem brasileira como um pólo turístico, com infraestrutura adequada, bons produtos e serviços turísticos e capacidade organizacional para receber grandes eventos internacionais;  Salto de qualidade dos produtos e serviços oferecidos por todos os prestadores da cadeia turística, particularmente nas cidades sede;  Criação e/ ou reforço da imagem de atratividade para turismo das cidades sede e suas regiões ao nível internacional, pela exposição na mídia e pelo “boca-a-boca” dos turistas, contribuindo para descentralizar o fluxo receptivo e incrementar o interno;  Aumento do nível de “cosmopolização” das cidades sede, contribuindo para torná-las locais mais receptivos aos turistas estrangeiros. Olimpíadas 2016 Ao contrário da organização de uma Copa do Mundo, onde várias cidades sede passam por um salto em investimentos e exposição, as Olimpíadas têm o propósito de converter uma única cidade sede numa metrópole mundialmente conhecida e admirada, estabelecendo um novo posicionamento da cidade na rede global de turismo. Essa foi a estratégia adotada por Barcelona, Sidney e Beijing. Segundo o estudo ”Plano Aquarela 2020”, publicado em 2009 pelo Ministério do Turismo, estima-se que as Olimpíadas de Sidney levaram ao país um número adicional de 1,7 milhão de turistas entre 1997 e 2004, que gastaram mais de US$ 3,4 bilhões. Além disso, a marca “Austrália” avançou o equivalente a 10 anos. O estudo também cita um relatório elaborado em 1998 onde consta que 45% dos norte-americanos viajantes em potencial se diziam mais propensos a visitar a Austrália nos próximos quatro anos como resultado direto da escolha de Sidney para sediar as Olimpíadas. A estimativa calculada pela Beijing Olympic Economic Research Association é de que cerca de 600 mil turistas viajaram de fora da China e de que cerca de 2,5 milhões deles das mais diversas regiões chinesas durante os jogos. Ainda é esperado um crescimento de 8% a 9% na quantidade de turistas em Pequim no período 2009-2018. Segundo o Plano Aquarela Brasil 2020, estima-se que os jogos de 2012 em Londres devam gerar ganhos da ordem de US$ 3,4 bilhões (câmbio de julho/2011) para o Reino Unido. Para o caso brasileiro, um estudo da FIA encomendado pelo Ministério dos Esportes (“Estudo de impactos socioeconômicos potenciais da realização dos jogos olímpicos na cidade do Rio de Janeiro em 2016”, setembro/2009) aponta a estimativa de chegada de 380 mil visitantes estrangeiros ao Rio durante as Olimpíadas em 2016, que devem gastar em hospedagem, alimentação, comércio e serviços em torno de US$ 152 milhões. É esperado, além disso, um impacto considerável na imagem da cidade e na sua atratividade como pólo de turismo de lazer e de negócios. D. OFERTA E DEMANDA DO SETOR DE TURISMO Nos últimos anos, uma convergência de fatores positivos macroeconômicos, demográficos e socioeconômicos criou as condições para que uma demanda latente se materializasse numa explosão de consumo turístico, refletida nas viagens domésticas, ao exterior, desembarques
  • 15. nacionais, ocupação hoteleira, aluguel de veículos e outros. Segundo dados IPC Target, o potencial de consumo para despesas de viagens no Brasil teve aumento médio composto de 25% ao ano, entre 2003 a 2010, quando alcançou R$ 36 bilhões. Além disso, a o crescimento da economia impulsiona também o turismo de negócios interno e o receptivo, com a crescente quantidade de eventos de negócios locais e internacionais realizados no Brasil. Naturalmente, o mercado não é composto só por demanda, e a oferta de serviços e produtos turísticos tem aumentado tanto em quantidade como em qualidade ao longo dos últimos anos. Neste sentido, infraestrutura é um limitante ao crescimento. A iniciativa privada tem contado com um crescente esforço governamental para coordenar ações nas áreas de financiamento, suporte à qualidade da gestão, formação de mão de obra e visibilidade do Brasil no exterior. Como mostraremos nos próximos tópicos, o momentum da demanda turística deve continuar forte nos próximos anos, inclusive com os impulsos dos megaeventos de 2014 e 2016, que deverão deixar um legado significativo na oferta de infraestrutura, produtos e serviços turísticos e visibilidade nacional no exterior. A indústria do turismo no Brasil ainda tem uma participação direta no PIB baixa se comparado a outros países, de acordo com dados do Euromonitor e FMI: Fluxos turísticos A demanda turística contempla três fluxos turísticos, descritos em função do sentido que possuem em relação às fronteiras do país: B  Fluxo doméstico refere-se às movimentações turísticas com origem e destino dentro do Brasil (A);  Fluxo internacional emissor refere-se às movimentações de turistas com origem no Brasil com destino o exterior (B); A  Fluxo internacional receptivo refere-se às movimentações de turistas com origem em outros países e com destino o Brasil (C). C
  • 16. Fluxo turístico doméstico O mercado turístico doméstico tem crescido sistematicamente, sustentando a demanda em momentos em que a conjuntura externa apresentou-se desfavorável. O número de viagens domésticas é um dos indicadores do vigor da demanda turística e tem crescido nos últimos anos a uma taxa média anualizada de 6%. Para os próximos anos, o MTur e FGV, no estudo “Turismo no Brasil, 2011- 2014”, consideram três cenários para o processo de crescimento, desenvolvimento e de melhoria da competitividade turística no período de 2010-2014. O mais favorável – “acelerado” (C1); o intermediário – “moderado” (C2); e o de menor crescimento – “inercial” (C3). Pela alta correlação entre as viagens domésticas e o desenvolvimento econômico, os cenários C1 e C2 resultam nas mesmas projeções para o volume das viagens domésticas. Apenas no caso de crescimento inercial é que as viagens perderiam ritmo. Um importante indicador do vigor do fluxo turístico doméstico é o desembarque de passageiros nos aeroportos brasileiros, que tem crescido a uma taxa anualizada média de 12%. Conforme demonstra o gráfico abaixo, mesmo o crescimento esperado para o cenário mais otimista projetado pelo MTur (C1), subestimou o número de desembarques ocorridos em 2010, indicando uma resposta mais sensível deste indicador às condições econômicas favoráveis no ano.
  • 17. Outro setor de destaque é o de cruzeiros marítimos. Embora não seja totalmente um fluxo doméstico – dos 793 mil turistas na temporada 2010/2011, 12,5% foram estrangeiros – o número de cruzeiristas que viajam no Brasil cresceu a um taxa média composta de 34% ao ano nos últimos 6 anos, segundo estudo da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e FGV Projetos. Dos brasileiros, 61% são do estado de São Paulo. Outro setor que reflete o crescimento da demanda (doméstica e receptiva internacional) é o hoteleiro, onde, segundo estudo do BNDES sobre perspectivas do setor no Brasil, tem mostrado aumento na taxa de ocupação nos últimos anos, após um período pressionado pela retração da demanda e, em alguns dos principais destinos turísticos do país, pelo excesso de oferta promovido pela intensa construção de apart-hotéis. Outro índice com crescimento acentuado é o RevPAR (revenue per available room) – índice que combina taxa de ocupação e valor da diária média paga.
  • 18. Fluxo turístico internacional emissivo O crescimento econômico brasileiro e o consequente aumento da renda discricionária das famílias, descritos anteriormente, também impulsionam o fluxo de turistas brasileiros para o exterior, que tem sido amplificado consideravelmente pela valorização do real em relação ao dólar nos últimos anos. Segundo Business Monitor International (BMI) no seu relatório “Brazil Tourism Report Q3 2011”, em torno de 5,6 milhões de brasileiros deveriam viajar em 2011 ao exterior. Em 2010, cada turista brasileiro gastou em média US$ 2.610 no exterior, quase três vezes mais que o gasto médio de um turista estrangeiro no Brasil, totalizando US$ 14,6 bilhões. Esse número pode refletir os gastos com compras desproporcionalmente maiores realizados pelos turistas brasileiros. Em 2010, 44% dos turistas brasileiros que foram para o exterior tiveram como destino países da América Latina, especialmente a Argentina, refletindo alto grau de intercâmbio comercial e das ofertas de produtos de turismo dirigidos para o país vizinho.
  • 19. Fluxo Turístico Internacional Receptivo A entrada de turistas estrangeiros no Brasil atingiu um patamar em 2005, manteve-se estável até 2009 e deu sinais de iniciar uma recuperação em 2010. O ritmo dessa recuperação depende em parte da atratividade turística do Brasil, tanto em lazer como para negócios, e também da qualidade dos serviços e infraestrutura. O MTur e FGV projetam 3 cenários para o crescimento do fluxo receptivo até 2014, baseados em projeções da taxa de câmbio, crescimento do PIB mundial, fluxo turístico internacional e assentos oferecidos. No lado da atratividade brasileira, os seguintes fatores são geralmente apontados entre aqueles que defendem a perspectiva de cenário mais otimista:  O Brasil é um país com reconhecidas belezas naturais e também com crescentes atrativos culturais, culinários e de lazer em geral;  O país sediará um número crescente de eventos esportivos, culturais e de negócios nos próximos 5 anos;  O governo, através do MTur, tem aumentado seus esforços de promoção e de comunicação do turismo no exterior. As metas contidas no Plano Aquarela 2020 do MTur contemplam um crescimento de 113% entre 2010 e 2020 para a chegadas de turistas ao país.
  • 20. No entanto, apesar da expectativa positiva, dados da Organização Mundial do Turismo e do MTur indicam que, com os 4,8 milhões de turistas estrangeiros recebidos em 2009, o Brasil ficou na 45ª colocação mundial, atrás de países como Turquia (7º lugar), Malásia (9º), México (10º) e Áustria (11º), e empatado com a Argentina, apesar das diferenças em tamanho geográfico e populacional entre os dois países. Dessa forma, o Brasil ainda tem um longo caminho para se aproximar dos níveis de países como a Argentina, Chile, México e África do Sul, conforme demonstrado abaixo.
  • 21. Outro indicador do grande espaço para crescimento são as divisas geradas pelo setor no Brasil, que o WTTC estima em US$ 6,58 bilhões em 2011, nos colocando apenas no 42º lugar num ranking de 181 países, para uma economia que é a 7ª no mundo atualmente. Quanto a destino, houve uma desconcentração no fluxo de passageiros internacionais nos principais aeroportos brasileiros nos últimos anos, embora modestos. De 2003 a 2010, segundo relatórios da Infraero, Guarulhos passou de 70% para 65% dos passageiros internacionais, enquanto Brasília passou de praticamente nada a 1,3%, Manaus de 0,4% para 1,0%, Confins de 1,0% para 1,9% e Porto Alegre de 1,7% para 2,8%. Prestadores de Serviços A prestação de serviços turísticos no Brasil ainda é considerada uma atividade com grande nível de informalidade. O Sistema de Cadastro de Prestadores de Serviços Turísticos – Cadastur – tem apresentado um crescimento consistente no número de prestadores, reflexo da obrigatoriedade do cadastro a partir de 2008. Em 2009, havia 36.846 prestadores cadastrados, um aumento de 6% sobre o ano anterior. Em termos de emprego, o IPEA estima uma queda lenta, mas contínua, no nível de informalidade para o setor, saindo de 59% em 2002, para 57% em 2009. Neste período, a participação da ocupação do turismo na economia passou de 2,0% para 2,3%. Em 2008, segundo o IPEA, os empregos em turismo estavam divididos na seguinte forma:  40% em transportes;  33% em alimentação;  13% em alojamentos;  5% como auxiliares de transporte;  5% em Empresas de Turismo e;  4% em outros. Segundo a 7ª Pesquisa Anual de Conjuntura Econômica do Turismo (Pacet), as 80 maiores Empresas de Turismo no país faturaram em 2010 R$ 42,8 bilhões e empregaram 96 mil pessoas. Segundo a mesma pesquisa, para o período entre 2004 e 2010 (com exceção de 2009) as empresas pesquisadas reportaram aumentos de receita de um ano para o outro entre 15% e 30%. A cadeia de valor turística engloba diversos participantes: fornecedores de produtos de turismo, operadoras e consolidadoras, outras Empresas de Turismo, clientes corporativos e físicos, corretoras de câmbio, bancos, operadoras de cartão de crédito e seguradoras, que formam um elo conforme o diagrama abaixo: Corretoras de câmbio Bancos, cartões de crédito e seguradoras Cias aéreas, Consolidadoras Agências de Clientes hotéis etc. e Operadoras turismo O caráter de intermediação de serviços que caracteriza boa parte da cadeia de valor do turismo indica que a consolidação vertical apresenta grande potencial de ganhos tanto em eficiência –
  • 22. menos interfaces, refletindo em menores custos – quanto em qualidade do serviço – maior controle sobre todos os elos da cadeia, do prestador de serviço ao canal que tem contato com o cliente final.  Empresas de Turismo É uma indústria bastante pulverizada no Brasil, com 12.784 empresas cadastradas em novembro de 2011 no Cadastur – sistema do MTur de cadastro de pessoas físicas e jurídicas que atuam no turismo – sendo a grande maioria micro ou pequenas empresas. Essa fragmentação as torna, em geral, o elo mais fraco na cadeia de valor, já que a maioria dos demais participantes constitui-se por segmentos com alta concentração, proporcionando uma assimetria a favor do poder de barganha dos outros elos diante das Empresas.  Fornecedores das Empresas de Turismo o Cias aéreas: setor altamente concentrado, com o quase duopólio Gol e TAM; o Hotéis: setor com concentração crescente, onde cadeias nacionais e estrangeiras, com maior acesso a crédito, avançam na sua participação de mercado;  Agências consolidadoras: setor não tão concentrado quanto o de cias aéreas, mas cujos participantes têm poder de barganha muito superior às outras categorias de Empresas de Turismo, com melhor acesso aos bancos, seguradoras, corretoras de câmbio e até nas Cias Aéreas.  Bancos, cartões de crédito e seguradoras: setores concentrados e com tendências a acentuação. Empresas de menor porte tendem a ter dificuldades para levantar recursos junto aos bancos ou negociar taxas de intermediação com cartões de crédito;  Corretoras de câmbio: indústria também em processo de consolidação, com grandes empresas estrangeiras entrando no mercado brasileiro através de aquisições;  Clientes o Cliente final pessoa física: aumento do poder de barganha sobre as Empresas pelo crescimento das alternativas online de turismo e acesso direto aos fornecedores de serviços turísticos (turistas independentes), além da crescente fragmentação da demanda, que dificulta o acesso à segmentação mercadológica; o Clientes corporativos: segmento com margens declinantes para as Empresas devido ao tamanho dos clientes e pelo serviço ser cada vez mais negociado em áreas de compras mais agressivas. Esse ambiente competitivo favorece um movimento de concentração das Empresas de Turismo, que seria uma contrapartida ao menor poder individual, possibilitando mais poder de barganha na negociação com bancos, operadoras, fornecedores turísticos e clientes corporativos. Outra possibilidade de ganhos é através da consolidação horizontal, onde Empresas que atendem distintos segmentos e geografias se unem. Embora bem menos frequente, essa configuração possibilita atingir vários segmentos da demanda turística, que valorizam abordagens e serviços específicos, reduzindo flutuações sazonais na receita e ineficiências nas interfaces, além de possibilitar fluxos “internos”, onde certas regiões agem como emissoras de turistas, que serão servidos também por receptivos pertencentes ao mesmo grupo. Pode-se esperar também uma verticalização no setor, com empresas agregando mais de um elo da cadeia, como, por exemplo, unir operadoras, consolidadoras e outras Empresas de diversos segmentos de atuação com corretoras de câmbio, corretoras de seguros, entre outros. Nesse caso o ganho principal seria nas interfaces entre cada elo da cadeia e no maior controle sobre a qualidade do serviço como um todo. Segundo pesquisa do MTur, no primeiro semestre de 2011 as Empresas de Turismo reportaram uma expansão dos negócios em 70%, sendo que 76% dessas Empresas planejavam investimentos
  • 23. para o segundo trimestre, refletindo o bom momento atual e o otimismo para o curto prazo. Entretanto, segundo outro estudo do MTur sobre hábitos de consumo do turista em 2009, dos que compraram serviços de turismo, apenas 24,5% os fizeram através de Empresas, indicando um grande potencial de penetração. A região Sudeste concentra 48% das Empresas registradas, seguida pela região Sul com 22%, Nordeste com 16%, Centro-Oeste com 9% e Norte com 5%. Essa distribuição reflete o peso das regiões como emissores de turistas no país. Há vários subsegmentos de Empresas de Turismo em função da motivação principal do viajante ou da sua posição na cadeia de valor; entretanto, muitas atendem a mais de um segmento como forma de minimizar sazonalidades na demanda e também como forma de otimizar estruturas de atendimento e vendas. A seguir, vamos apresentar em breve descritivo de cada um desses subsegmentos. Agências de Turismo Receptivo Por definição, não trabalham com a emissão de turistas para outras localidades. Restringem-se à recepção de viajantes e em atividades complementares como reserva de hotéis, tickets para shows e eventos, transportes de passageiros e realização de passeios turísticos no destino, sendo parte importante nos fluxos turísticos doméstico e receptivo internacional. Algumas Empresas de maior porte fecham acordos diretamente com Empresas emissoras nos respectivos países e repassam alguns serviços para as chamadas Receptivas, que organizam apenas translados e passeios. A sazonalidade da demanda no turismo de lazer torna bastante flutuante a receita para essas empresas, sendo agravada nos casos onde a dependência do fluxo receptivo estrangeiro é grande. A diversificação geográfica – atendendo fluxos com sazonalidades complementares – e por segmento – mercado corporativo e eventos de negócios – é uma alternativa de crescimento para as receptivas. Agências Corporativas Empresas focadas no mercado corporativo, com volume maior de transações mas com margens menores. Algumas empresas oferecem serviços adjacentes às viagens, como gestão do fluxo de viagens para a empresa cliente – caso da Flytour – ou a organização dos eventos corporativos – caso da Belvitur. Segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem Corporativas (Abracorp), em 2010 aproximadamente 75% do faturamento do setor veio da emissão de passagens aéreas. Entretanto, o segmento que mais cresce é o de viagens de incentivos e eventos. Agências exclusivas para o Governo Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, citando o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi), os gastos do governo federal no primeiro trimestre de 2011 com viagens e deslocamentos de funcionários somou R$ 122 milhões. Esse subsegmento tem atraído a atenções de algumas Empresas que atendem exclusivamente o governo. Entretanto, é um segmento competitivo, cujo ciclo de contratação é longo e sob licitação. Agências focadas em Turismo Educacional e Intercâmbio
  • 24. Neste caso, o público alvo é o turista cujo objetivo principal é aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. As vendas são consultivas, demandando nível de treinamento de pessoal acima da média do setor. Além disso, Empresas são de porte médio para grande, pois exige capacidade de coordenação com equipes de apoio nos vários países envolvidos nos intercâmbios. O número de brasileiros em cursos no exterior tem crescido a uma taxa anual média de 26%, segundo a Belta. Em 2005 contava-se pouco mais de meia centena, ao passo que para 2011 a Belta estima que sejam ultrapassados os 200 mil. As principais Empresas de intercâmbio são a CI e a STB, com mais de 60 lojas cada, a Experimento com 28 lojas e a World Study com 16 lojas. Segundo o Valor Econômico, o faturamento das empresas do setor cresceu 40% entre o primeiro semestre de 2010 e o de 2011. Agências de Turismo de Aventura e Ecoturismo Segmento onde os produtos são direcionados aos viajantes cuja motivação é de aventura (com algum nível de risco controlado) de caráter recreativo e também produtos onde a preocupação em não agredir o meio ambiente é primordial. Segundo estudo da Euromonitor International (“Travel and Tourism Global Overview”, março/2011), a categoria de turismo que mais vai crescer globalmente entre 2010 e 2015 será a de turismo a parques nacionais. Agências Consolidadoras Estas são Empresas que consolidam serviços junto às cias aéreas e repassam às Empresas de menor porte, que não são credenciadas para este fim. Operadoras Diferentemente das outras Empresas de turismo, as operadoras em geral não mantém contato nem comercializam com o cliente final, o turista, mas somente com os fornecedores de serviços e produtos turísticos. Elas adquirem os serviços, elaboram pacotes e os disponibilizam para as Empresas de Turismo para que sejam comercializados. Entretanto, algumas desenvolvem canais de venda no varejo, como lojas físicas ou canal eletrônico (internet) de vendas. Segundo a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), no seu Anuário 2011, estima-se que seus 86 associados comercializaram 85% dos pacotes turísticos no Brasil 2010 e transportaram aproximadamente 4,8 milhões de viajantes, gerando vendas conjuntas de R$ 7,6 bilhões. Pelas estatísticas da Braztoa, o mercado brasileiro total de operadoras teria, consequentemente, gerado vendas de aproximadamente R$ 8,9 bilhões em 2010. Algumas operadoras utilizam lojas como canal de vendas no varejo para seus produtos. O uso de sistemas de franquias acelera expansão das lojas, mas pode trazer riscos pela redução do controle sobre o próprio canal de vendas. Organizadores de Feiras e Eventos O setor de empresas organizadoras de eventos é caracteristicamente pulverizado e informal, composto por 90% de micro ou pequenas, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Eventos (ABEOC). Não há estatísticas confiáveis sobre o setor, mas, segundo o “Anuário Brasileiro das Promotoras e Organizadoras de Eventos”, em 2008 havia 6 mil empresas organizando 319 mil eventos/ano no país, nem todos relacionados ao turismo.
  • 25. Além disso, há uma grande diversidade em tamanhos, desde empresas iniciadas por ex- funcionários que passam a organizar os eventos corporativos para o antigo empregador, até grandes como a Reed Exhibitions Alcantara Machado, joint venture constituída em 2007, que segundo seu presidente, espera realizar 42 feiras em 2011 e 2012, com investimentos de R$ 100 milhões. Em 2011 suas feiras hospedarão 6 mil expositores e receberão 4 milhões de visitantes. A empresa, que informa ter faturado US$ 150 milhões no Brasil em 2010, ainda segundo seu presidente, tomou a decisão estratégica de diversificar geograficamente, e deve destinar pelo menos 25% dos seus negócios para o Nordeste nos próximos anos. Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Hospedagem Diferentemente dos meios de transporte, a hotelaria está inteiramente vinculada à demanda turística. Os meios de hospedagem se compõem por hotéis, pousadas e hospedarias, que prestam serviços basicamente para os vários segmentos de turistas. Segundo estudo setorial do BNDES, o mercado brasileiro de hotelaria tem baixa concentração, sendo que os 20 maiores grupos de hotelaria por quantidade de quartos, que administram mais de 500 hotéis, ofertam apenas 19% das unidades habitacionais hoteleiras. Relatório da Hotel Investment Advisors (HIA) e da Horwath HTL, citados em estudo do BNDES em agosto de 2007, afirma que existiam no Brasil 7.153 hotéis e flats em 2007, totalizando 359 mil quartos. Já em julho de 2010, segundo estudo publicado pela Jones Lang Lasalle Hotels, “Hotelaria em números Brasil 2010”, havia 9.524 hotéis e flats no país (incluindo condo hotéis), totalizando 441 mil quartos. Segundo documento do MTur, estão previstos investimentos de R$ 1,9 bilhão em hotelaria até Copa de Mundo de 2014 e um crescimento anual de 7% para o número total de estabelecimentos hoteleiros no período. Uma característica importante do fluxo turístico doméstico é o fato, capturado em uma pesquisa da FIPE em 2007, de que a maioria dos turistas brasileiros em viagens de lazer hospeda-se em casa de amigos ou parentes, sendo que apenas 23% hospedaram-se em hotéis. No turismo de negócios, por outro lado, a penetração dos hotéis é bem maior, tendo atingido 60% dos viajantes.
  • 26. Assim, a segmentação da demanda em 2009, segundo a Jones Lang LaSalle, mostrou uma concentração de 50% nos clientes corporativos para os hotéis e flats urbanos. Há uma forte concentração de quartos na região Sudeste, com 47%, seguido por Nordeste e Sul com 21% cada, Centro-Oeste com 8% e Norte com 3%. Em linha com esses dados, o estudo da Jones Lang LaSalle indicou que existiam, em julho de 2010, 153 projetos hoteleiros em construção ou em fase adiantada de planejamento e que serão afiliados às principais redes hoteleiras que operam no país, adicionando 24.147 novos apartamentos à oferta atual, concentrados nos segmentos econômico e superior. Isso representaria um acréscimo de apenas 5,5%. Fornecedores do Setor de Turismo: Meios de Transporte
  • 27. Transporte Aéreo As maiores companhias aéreas operando no mercado doméstico brasileiro, em número de assentos instalados em dezembro/2011, segundo anuário ANAC 2010, são: TAM com 26.859: Gol: 21.155; Azul: 2.948; Trip: 2.740; Avianca: 1.946; Pantanal: 819 e; Passaredo: 637. Portanto, o transporte aéreo de passageiros no Brasil é bastante concentrado, quase um duopólio, onde as duas empresas principais tiveram, nos vôos domésticos em 2010, 83% e 82% dos assentos quilômetros oferecidos (AKS) e dos passageiros quilômetros transportados, respectivamente, segundo o relatório anual ANAC. Portanto, desempenho dessas duas companhias reflete em grande parte o que acontece no setor como um todo. Abaixo, alguns dados sobre a Gol Linhas Aéreas:  37% de participação de mercado (jul/2011);  Faturamento de quase R$ 7 bilhões em 2010.  115 aeronaves;  18,7 mil funcionários. Dados sobre a líder de mercado, a TAM:  45% de participação de mercado;  Faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2010;  157 aeronaves em operação. Neste setor, vemos o impacto do crescimento da demanda turística com bastante clareza. Segundo a ANAC, de 2002 a 2010 houve um aumento de 153% no Passageiro Quilômetro Pago Transportado (RPK) (1 RPK = 1 passageiro pagante que voou por 1 km) para vôos domésticos. Também segundo a ANAC, de julho de 2010 a junho de 2011, o preço médio das passagens aéreas no Brasil foi o menor desde o início da série histórica, em 2002, contribuindo para o aumento da demanda. Transporte Terrestre Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, o transporte rodoviário de passageiros no Brasil é responsável por uma movimentação superior a 140 milhões de usuários/ano. O transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade de movimentação coletiva de usuários nas viagens de âmbito interestadual, segundo o MTur e FGV. Embora perdendo mercado ao longo dos últimos anos, conta com um faturamento anual superior a R$ 2,5 bilhões, utilizando 13.400 ônibus, conforme o Anuário Estatístico da ANTT. O desembarque de passageiros em transporte rodoviário coletivo para percursos acima de 75 km, indicador utilizado pelo Plano Nacional de Turismo, mostra uma queda de 12% entre 2004 e 2008. Segundo estudo realizado pela Câmara Brasileira de Turismo da Confederação Nacional do Comércio, em relação ao transporte turístico, o setor opera hoje com uma demanda a 20% da registrada em 1985. Essa perda é concomitante não somente com o aumento expressivo do número de veículos licenciados e de veículos locados a partir de 2003, o que poderia explicar parcialmente o comportamento da demanda segundo o MTur e FGV, como também o aumento da oferta e redução das a tarifas aéreas para viagens de longa distância, o que incentivou parte dos viajantes a trocar o ônibus pelo avião.
  • 28. Por outro lado, o mercado de locação de veículos vem crescendo com taxas de dois dígitos. No período de 2003 a 2010, segundo a Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (ABLA), a frota teve um CAGR de 12% e o faturamento um CAGR de 11%. Em 2010, 56% das locações tiveram como objetivo a terceirização de frota, 24% o turismo de negócios e 20% para o turismo de lazer. Segmentação por classe de demanda Em pesquisa realizada pelo MTur e FIPE em 2007, o lazer foi a motivação principal para viagem doméstica declarada por cerca de dois terços dos entrevistados, seguida por negócios com 24% e outros motivos com 9%. Turismo de Lazer O turismo de lazer é, por definição, composto por viagens motivadas pela busca do entretenimento em praias, campo, em cidades com ricos acervos culturais, históricos ou naturais, em parques temáticos, em resorts que ofereçam serviços especializados ou diferenciados, visitas a parentes e amigos. Há um alto grau de viagens discricionárias nesse segmento, ou seja, a demanda é muito influenciada pela renda disponível das famílias e da atratividade do turismo como consumo. Segundo estudo da Euromonitor International (“Travel and Tourism Global Overview”, março/2011), as vendas no varejo de turismo de lazer a nível global em 2010 foram três vezes maiores que as corporativas, o que deve se manter até 2015, onde deve atingir aproximadamente US$ 600 bilhões. Em pesquisa do MTur e FIPE, os principais motivos dos turistas nas viagens de lazer domésticas foram: a visita a parentes/amigos; sol e praia; compras pessoais; turismo cultural e; diversão noturna. Algumas características distinguem o turista doméstico de lazer do de negócios, também levantadas pelo estudo do MTur FIPE:
  • 29. As viagens de lazer usam automóvel em 50% dos casos, enquanto as de negócios em 36%. Em contrapartida, viagens de negócios usam o avião em 22% dos casos, contra apenas 8% das de lazer;  Em mais da metade das viagens a lazer o turista se hospeda na casa de amigos e parentes, indicando uma grande oportunidade para o setor hoteleiro;  92% dos turistas alegam não ter usado os serviços das Empresas de Turismo para organizar a sua principal viagem, indicando também uma grande oportunidade para as empresas do setor aumentar sua penetração. Turismo de Negócios O turismo de negócios trata das viagens onde a motivação seja algum compromisso de natureza profissional, o que inclui participação em congressos, seminários, feiras e etc. Em 2007 foram realizadas 37 milhões de viagens domésticas motivadas por negócios, segundo o MTur. O dinamismo do turismo de negócios no Brasil pode ser comprovado pelo desempenho do segmento corporativo das Empresas de Turismo, incluindo as operadoras. Segundo a pesquisa “Indicadores Econômicos das Viagens Corporativas”, encomendada pela Associação Brasileira de Gestores de Viagens Corporativas (ABGEV), o setor de viagens corporativas cresceu 20% em 2010, movimentando R$ 21 bilhões. O mercado crescente tem estimulado a consolidação no Brasil, exemplificada pelo anúncio em novembro da aquisição de 100% da Net Tour pela Carlson Wagonlit Travel (CWT), a maior empresa do mundo de turismo corporativo. Segundo seu presidente em entrevista ao jornal Valor Econômico, com a aquisição a CWT deve faturar em torno de R$ 1,5 bilhão em 2012. Já o fluxo receptor internacional de turistas estrangeiros em viagens de negócios, segundo o MTur baseado em dados do WTO, veio apresentando uma queda leve a partir de 2005, que se acentuou em 2009, impulsionado principalmente pela crise financeira nos principais países emissores. Em 2010 houve uma recuperação nos níveis de entrada de turistas estrangeiros no Brasil, e estudos da MTur e FGV estimam que a proporção relativa a viagens de negócios, que estava em patamares de 29% até 2005 e chegou a 23% em 2009, deva retornar gradativamente aos 29%. Além disso, a crescente importância brasileira no contexto econômico mundial, aliada ao crescente número de eventos de negócios internacionais sediados no Brasil, reforça a atratividade do país.
  • 30. Eventos de Negócios O Brasil tem se desenvolvido nos últimos anos como destino de eventos de negócios internacionais. Segundo o International Congress and Convention Asssociation (ICCA), passou de 62 em 2003 para 275 eventos em 2010, ocupando por 3 anos a 7ª posição mundial. Apesar de estar concentrada em São Paulo, que sediou 75 eventos em 2010, a quantidade de cidades brasileiras nesse grupo passou de 22 para 45 nesse período, caracterizando uma desconcentração, distribuindo os ganhos por outras capitais brasileiras. Em 2008, os 254 eventos ICCA contaram com 64.500 participantes não-residentes no Brasil, segundo o EMBRATUR. Os segmentos mais importantes em número de participantes foram Tecnologia e Meio Ambiente (46%), Médico (38%), e Educação Social e Esporte (12%). Segundo estudo da EMBRATUR (2008/2009), o turista estrangeiro que chega ao Brasil para participar de evento associativo tem gasto diário médio de US$ 280, contra apenas US$ 68 para o turista de lazer. Intercâmbio e outros Relacionados à Educação O turismo emissor de intercâmbio, ou educacional, é aquele em que o objetivo principal do turista é aprimorar seu conhecimento sobre outros idiomas, culturas ou obter conhecimento específico em cursos curriculares ou não. O aumento da internacionalização do Brasil, onde cada vez mais as empresas valorizam experiências internacionais no recrutamento de jovens, além do câmbio favorável, têm contribuído para este ser um dos segmentos de maior crescimento atualmente. Segundo a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), que diz representar 90% do mercado das Empresas para turismo de intercâmbio, os cursos de intercâmbio disponíveis no mercado em geral envolvem: cursos colegiais (jovens de 15-18 anos), idiomas, idiomas combinado com interesses específicos, para professores, terceira idade e programas de férias.
  • 31. A nível mundial, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), atualmente 3 milhões de estudantes realizam estudos no exterior, que, estima-se, atingirá 10 milhões em 2025. Outros Motivos de Viagem  Turismo visando jogos esportivos: destaque crescente no Brasil nos últimos anos. Os Jogos PanAmericanos de 2007 marcaram a entrada do Brasil como sede de grandes eventos esportivos mundiais. Aconteceram 36 eventos esportivos internacionais no país em 2011, em aproximadamente 15 cidades diferentes, com destaque para os 5o Jogos Mundiais Militares em julho no Rio de Janeiro, onde participaram 6.000 atletas de 110 países e 2.000 treinadores e comissões técnicas, segundo o site oficial do evento. Para os próximos 5 anos, além dos megaeventos Copa do Mundo e Olimpíadas, já estão programados cerca de 20 eventos esportivos por ano. Alguns exemplos abaixo mostram a diversidade e a importância: Evento Local Audiência Data Última estimada edição no país Mega Confederations Cup Brasil 400.000 2013 Primeira vez eventos Copa América Rio de Janeiro 800.000 2015 1989 World University Games Brasil 300.000 2017 Primeira vez Summer Paralympics’ Games Rio de Janeiro 100.000 2016 Primeira vez Formula 1 – GP Brasil São Paulo 72.631 Anual (Novembro) 2011 Goiânia to Rally dos Sertões 30.000 Anual (Agosto) 2011 Fortaleza Eventos São Silvestre (Marathon) São Paulo 21.000 Dezembro 11 2010 de média São Paulo International São Paulo 20.000 Anual (Junho) 2011
  • 32. escala Marathon Masters Track & Field Porto Alegre 20.000 2013 2010 Championship UFC Rio (Mixed Martial Arts) I Rio de Janeiro 16.572 Ago2011/Jan2012 Primeira vez and II WCT (Surf) Rio de Janeiro 10.000 Anual (Maio) 2011 Rio Surf Pro International Rio de Janeiro 10.000 Anual (Outubro) 2011 Rio de Janeiro Marathon Rio de Janeiro 9.000 Anual (Agosto) 2011 Rio de Janeiro International Half Rio de Janeiro 9.000 Anual (Agosto) 2011 Marathon WCSK8 (Oi Rio Vert Jam) Rio de Janeiro 8.500 Anual (Março) 2011 (Skate) Brasil Open (Tennis) Bahia 4.665 Anual (Setembro) 2011 Brasilia Open – Beach Volleyball Brasília 4.500 Anual (Abril) 2011 Judo World Championship Rio de Janeiro 2.500 2013 2011  Eventos e serviços direcionados ao público GLS: crescente no Brasil e em várias partes do mundo, como a Parada Gay de São Paulo. Segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), em 2010 mais de 400 mil turistas vieram a São Paulo e cerca de 3 milhões de pessoas se reuniram na Av. Paulista. A próxima convenção anual da Intenational Gay & Lesbian Travel Association será em Florianópolis, em 2012;  Turismo com motivação médica: este é outro segmento que cresce muito a nível global, com os consumidores procurando por locais onde os procedimentos médicos tenham melhor custo/benefício. Na pesquisa MTur e FIPE de 2007, 7% dos turistas responderam que a saúde era um dos motivos de viagem. Segundo o Euromonitor International, turismo objetivando procedimentos cosméticos tem crescido com vigor na Malásia, Taiwan e Argentina. Segundo o mesmo relatório, as categorias de turismo que mais crescerão (CAGR) em valor de vendas entre 2010-2015, por motivação, serão: Parques Nacionais – 6,8%; Turismo Médico: 5,4%; Spas: 3,3%; Cruzeiros: 3,3% e; Aventura: 3,3%.Festas de Rodeios: A Confederação Nacional de Rodeios (CNAR) calcula que sejam realizadas 1.800 festas de rodeios anualmente no Brasil, com visitas estimadas em 30 milhões em 2009. Segundo levantamento feito pela Folha de S.Paulo, com dados da CNAR, as 30 maiores tiveram 4 milhões de visitantes em 2010;  Turismo com motivação religiosa: também apresenta números relevantes, com 3,8% dos viajantes apontando esta como uma das motivações de turismo, na pesquisa MTur e FIPE. Alguns estudos da Escola de Turismo da USP estimam que a cidade de Aparecida do Norte, SP, receba em torno de 7 milhões de turistas anualmente, sendo o maior centro de peregrinação religiosa da América Latina; O Rio de Janeiro sediará a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento a nível mundial da Igreja Católica, contando com a presença do Papa Bento XVI. Em algumas das edições anteriores, o número de visitantes foi muito elevado, como Manila em 1995, com 5 milhões, e Roma em 2000, com 2,1 milhões, segundo a CNBB. Para 2013, a prefeitura do Rio de Janeiro espera a chegada de 4 milhões de peregrinos na cidade;
  • 33. Festas do Norte / Nordeste: as cidades de Campina Grande (PB) e Caruaru (PE) recebem mais de 1,5 milhão de visitantes cada uma durante as comemorações de festa junina nos meses de junho e julho. A cidade de Juazeiro do Norte (Ceará), conhecida por suas romarias ao Padre Cícero, segundo sua Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Romarias, recebe em torno de 2 milhões de visitantes anualmente. A romaria a São Francisco, na cidade de Canindé (Ceará), segundo Secretaria de Turismo do município, trouxe à cidade 200 mil romeiros no dia 18 de setembro. Já no Norte do Brasil, o festival de Parintins, no Amazonas, atrai todos os anos mais de 100 mil pessoas, de acordo com o site oficial do evento;  Carnaval: apesar de estar concentrado em apenas quatro dias ao ano, movimenta uma grande quantidade de turistas domésticos e estrangeiros por todo o país. Segundo estimativas da Riotur, no carnaval de 2011 a cidade do Rio de Janeiro recebeu 760 mil turistas. O governo da Bahia estima que Salvador recebeu outros 550 mil neste ano. Canais de Distribuição O canal de distribuição na indústria do turismo é um sistema de intermediários ligando os produtos e serviços turísticos aos consumidores, pessoas físicas ou corporativas. Podemos agrupá-los em tradicionais e eletrônicos. Canais Tradicionais Mais próximas do consumidor final pessoa física ou corporativa, existem as Empresas de Turismo emissoras, que geralmente prestam serviço de consultoria sobre destinos, pacotes, documentação. Conforme explicado em tópico anterior, podem ser segmentadas por motivo da viagem ou pelo tipo de consumidor. Em posição intermediária, existem as operadoras turísticas, que montam pacotes de serviços e produtos turísticos e distribuem via Agências emissoras. Finalmente, próximo aos fornecedores de serviços turísticos, estão as Empresas de Turismo receptivas, que trabalham exclusivamente com a recepção de turistas, reserva de hotéis, transporte de passageiros, etc Canais eletrônicos Todos os elementos da cadeia de distribuição e também os fornecedores de produtos e serviços utilizam canais eletrônicos para se aproximar dos consumidores finais.  Empresas de Turismo emissoras desenvolvem seus próprios sites na internet para informar sobre seus produtos e/ou comercializá-los, em processos com início e fim no site ou a finalização em loja física;  Existem Empresas puramente online, ou seja, operam somente por meios eletrônicos, não sendo um canal de uma empresa tradicional. O maior exemplo é a Expedia Inc, Decolar.com, Viajanet e Rapi10.  Operadoras também desenvolvem sites para evitar que a comercialização de seus produtos seja intermediada por outra Empresa de Turismo;  Fornecedores de produtos turísticos são os mais desenvolvidos na utilização da Internet para vender diretamente ao consumidor: companhias aéreas, hotéis, empresas de locação de veículos, empresas de transporte marítimo e ferroviário, etc; É inegável o papel da internet na comercialização dos produtos e serviços turísticos. O rápido aumento do acesso à internet e à conexões de banda larga no Brasil, associado a uma população jovem (Gerações “Y” e “Z”) que não tem as resistências habituais ao comercio eletrônico e abraça as redes sociais com muito vigor, garantem um futuro promissor para o canal. Segundo o IBOPE
  • 34. Nielsen online, entre junho de 2010 e 2011 houve um crescimento de 14% na procura por sites de viagens, alcançando 23,6 milhões de usuários únicos. Em relação aos cruzeiristas, pelo seu perfil socioeconômico elevado, 58% com ensino superior completo, e por ter partido de uma base menor, o crescimento dessa subcategoria foi de 117% no período. Segundo reportagem da Revista Exame, citando pesquisa da E-Consulting, o turismo foi a categoria do comércio eletrônico que mais cresceu no primeiro semestre de 2011 no Brasil: 29%, contra a média do varejo online de 19%. Até o final de 2011, o faturamento do turismo online deve alcançar R$ 7,3 bilhões, segundo a mesma fonte. Segundo o relatório “Travel and Tourism: Global Overview 2011”, da Euromonitor International, há muito espaço para o crescimento na penetração das vendas online de produtos turísticos na América Latina, se comparado com outros continentes. Penetração Regional das Vendas Online por Categoria (2010) Pacote Turístico Passagem Aérea Hotel América do Norte 54% 57% 39% Europa Ocidental 23% 49% 16% América Latina 8% 20% 4% Fonte: Euromonitor International O total de brasileiros com acesso à internet chegou a 73,9 milhões em 2010, crescimento de 10% sobre o ano anterior, segundo o IBOPE Nielsen Online. A adoção do canal eletrônico para compras também avança rapidamente no país, embora com velocidades diferentes. Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), 59% dos internautas da classe A já compram on-line; na classe B 13%; e na C 5%. Citando o crescimento das vendas de turismo pela internet e o elevado gasto dos turistas brasileiros no exterior, o site francês de ofertas de viagens de luxo Voyage Privé, que prevê faturar US$ 380 milhões em 2011, justificou a sua entrada no mercado brasileiro em novembro. Infraestrutura e o Setor de Turismo A Pesquisa do Fórum Econômico Mundial divulgada em março de 2011 posicionou o Brasil em 52º lugar no ranking de competitividade no turismo, entre os 139 analisados (caindo da posição 49 em 2009). Entre os 14 quesitos avaliados, as infraestruturas de transporte terrestre e aeroportuário, a violência e a mão de obra qualificada foram os principais responsáveis pela mediana posição brasileira. Adicionalmente, a World Tourism Organization (UNWTO) classifica o Brasil em 95º lugar num grupo de 130 países em relação a infraestrutura de transporte de grupo. Nas áreas urbanas, a integração entre modais também apresenta sérias limitações em decorrência das carências relativas à mobilidade urbana, particularmente nas grandes cidades.
  • 35. A infraestrutura de transportes brasileira, além de ser um limitante para a atividade econômica em geral, pode caracterizar um limitante ao crescimento dos fluxos turísticos no Brasil. No mercado doméstico, o crescimento dos desembarques nacionais foi de 118% entre 2003 e 2010, provocando uma ocupação de praticamente toda a margem operacional da infraestrutura aeroportuária nos principais destinos turísticos do país, segundo o MTur. O caráter multiministerial das iniciativas relacionadas à infraestrutura de transporte, e consequentemente de turismo, dificulta a coordenação de esforços pelo governo federal e em particular o MTur. Indicando uma percepção de urgência pelo governo federal, recentemente foi anunciado que os aeroportos de Brasília, Guarulhos, na região metropolitana de São Paulo, e Viracopos, em Campinas, serão explorados pela iniciativa privada, que poderá ter no mínimo 51% do capital, e a Infraero deve ficar com até 49%. O governo também estuda fazer a concessão dos aeroportos Confins (MG) e Galeão (RJ). Segundo a Infraero, os aeroportos diretamente relacionados às 12 cidades-sede para a copa de 2014 receberão investimentos de R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 5,2 bilhões da própria Infraero. A qualidade do sistema viário terrestre, dos terminais turísticos rodoviários e dos pontos de parada e outras limitações da atividade são apontadas pela Câmara Nacional do Comércio como uma das principais causas para o fato do transporte turístico rodoviário hoje corresponder a 20% do que era em 1985, aliada à concorrência do modal aéreo. Para endereçar esse ponto, o Ministério do Planejamento lançou, em fevereiro de 2011, o PAC da Mobilidade, destinado a incrementar a infraestrutura de transporte público nas 24 principais cidades brasileiras. Segundo o Ministério, serão investidos R$ 18 bilhões, dos quais 6 bilhões diretos da União e 12 bilhões através de financiamentos. Por fim, os diversos eventos que ocorrerão no Rio de Janeiro nos próximos anos têm mobilizado a alocação de investimentos na cidade. Segundo sua Prefeitura, 16 investimentos em mobilidade urbana ou estão em andamento ou em fase de planejamento, sendo quatro vias expressas:
  • 36. Transbrasil (em projeto): recursos de R$ 1,5 bilhão. Vai contar com o Bus Rapid Transit (BRT). Ligará Deodoro ao Centro, atravessando toda a Avenida Brasil;  Transoeste (em construção): R$ 0,7 bilhões – ligará Barra da Tijuca a Santa Cruz;  Transcarioca (em construção): R$ 1 bilhão estimado em investimentos – ligará a Barra da Tijuca ao aeroporto do Galeão;  Transolímpica (obras a iniciar): estimados R$ 1,6 bilhão em investimentos – ligará Recreio das Bandeiras a Deodoro Incentivos Governamentais O MTur desenvolveu um plano de longo prazo para o turismo receptivo, o Plano Aquarela 2020 – Marketing Turístico Internacional do Brasil – com metas para o fluxo de turistas. Segundo seu documento de divulgação, seus objetivos principais são: aprimorar os resultados de longo prazo na promoção turística do país; envolver os setores público e privado numa estratégica unificada; promover o Brasil como destino turístico internacional e; aproveitar os megaeventos mundiais para fazer o Brasil mais conhecido como destino turístico. Além disso, a MTur desenvolve uma série de projetos específicos para melhorar a qualidade da oferta e regionalização, baseados em estudos sobre tendências no setor, tais como: Programa de Estruturação dos Segmentos e Projeto de Cooperação Técnica para Roteirização – diversificação e segmentação da oferta; Projetos Talentos do Brasil Rural e Projetos relativos ao Turismo de Base Comunitária – incentivo ao turismo social e local; Projeto Economia de Experiência – apoio ao pequeno negócio turístico e; Novo sistema de classificação de meios de hospedagem – inserção nos padrões internacionais de normatização Atualmente está disponível, através dos principais bancos estatais, uma série de linhas de crédito específicas para o turismo, definidas pelo MTur:  FINGETUR – Fundo Geral do Turismo – aquisição de máquinas e equipamentos novos  PROGER – Turismo Investimento – para investimento fixo e capital de giro associado  FNE – programa de apoio ao turismo regional NE  FNO – programa de desenvolvimento sustentável para o Amazonas  FCO - programa de apoio ao turismo regional CO  BNDES automático até R$ 10 milhões, FINEM, FINAME e cartão BNDES  Programas regionais de desenvolvimento do turismo (Prodetur), direcionados a estados e municípios, que são operacionalizados pelo MTur e tem parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Corporação Andina. Já tem US$ 870 milhões em projetos aprovados e US$ 780 milhões aguardando aprovação. Segundo o MTur, o volume de recursos desembolsados pelas instituições financeiras federais para o setor de turismo aumentou 181% desde 2003, com destaque para os dois últimos anos. Em 2010, 72% dos recursos saíram do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal.
  • 37. E. SERVIÇOS FINANCEIROS NO TURISMO Com a estabilização econômica do país e a obtenção de uma linha de desenvolvimento sustentável da renda das famílias, surge como consequência natural a crescente expansão do nível de bancarização, num fenômeno simultâneo de penetração geográfica e de classes. Atrelada a esta, evidencia-se a massificação do acesso ao crédito, abrindo caminho à democratização de toda uma variedade de produtos financeiros, cada vez mais diversos e sofisticados, e até aqui apenas acessíveis às camadas mais favorecidas da população. Como uma das atividades econômicas com potencial de crescimento futuro, o turismo não deverá deixar de acompanhar este processo, alavancando a sua atividade na comercialização de produtos financeiros relacionados. O crescimento dos serviços financeiros no turismo deverá apoiar-se em três pilares fundamentais: crédito pessoal para o consumo de produtos turísticos e em particular a influência no padrão de utilização dos cartões de crédito, produtos de câmbio e mercado segurador. Crédito Os pacotes de turismo, dado o seu perfil discricionário, o caráter habitualmente esporádico e sazonal e o peso que em geral representam sobre os orçamentos familiares, revelam-se normalmente inatingíveis para os segmentos da população de rendas média e baixa excluídos do acesso ao crédito. Nesse sentido, esse é um dos setores que mais deverá beneficiar-se do vigoroso crescimento do mercado de financiamento ao consumo privado que vem se verificando no Brasil, em paralelo ao desenvolvimento econômico e social. Ao longo da última década, o crédito à Pessoa Física avançou dos 66 bilhões de reais em 2000 para os mais de 560 bilhões de reais em 2010, com destaque para o crescimento do crédito pessoal, onde se inserem os produtos de turismo, a uma taxa anual composta de 24% no mesmo período. O seu peso sobre o PIB, que era pouco superior a 5%, triplicou, atingindo mais de 15%.
  • 38. De fato, o caminho de crescimento econômico sustentado e de reforço da confiança dos agentes, investidores e consumidores seguido ao longo dos últimos anos, não se reflete apenas no atenuar das desigualdades e no incremento da renda disponível. Transporta igualmente consigo um efeito de melhoria das condições de financiamento das instituições de crédito. A estabilização e visibilidade proporcionadas pelo novo quadro macroeconômico vêm permitindo o alargamento dos prazos dos empréstimos e a redução dos spreads exigidos, que no Brasil estão entre os mais elevados do mundo. Segundo dados do BCB, na última década o prazo médio das operações de crédito com recursos livres para Pessoas Físicas mais do que duplicou, desde o mínimo de 242 dias em 2004, para 562 dias no final de 2010, ao passo que o spread médio se reduziu em mais de metade, dos 60% em 2004 para os cerca de 27% no final de 2010. Este efeito alavanca-se na capilaridade crescente do sistema financeiro nacional e no robusto ritmo de bancarização da população para permitir a conversão em massa ao universo do financiamento, abrindo para milhões de novos consumidores as portas de acesso a produtos habitualmente parcelados, como é o caso do turismo. Segundo projeções da LCA Consultores, este fenômeno deverá continuar ao longo da próxima década, embora naturalmente com um ritmo menor. Estima-se que o volume nominal de crédito à Pessoa Física mais do que quadriplique, atingindo cerca de 24% do PIB em 2020. Este indicador era já em 2010 de 52% do PIB na França e 57% na Alemanha, o que permite antever a larga margem de expansão existente no Brasil. Numa visão de mais curto prazo, a FEBRABAN divulgou recentemente uma estimativa de crescimento que mostrava que a componente de crédito pessoal deverá continuar a ser o principal impulsionador do crescimento de 15% ao ano em 2011 e 2012 do total de recursos livres para pessoas físicas, pois se prevê que este componente irá avançar 17% ao ano no mesmo período.
  • 39. Tem sido notória a tendência das instituições financeiras no sentido de adicionar à sua oferta produtos direcionados ao turismo. Um exemplo do apetite do consumidor de turismo pelo crédito é o sucesso alcançado pelo Cartão Turismo da Caixa Econômica Federal (CEF), agente financeiro do Ministério do Turismo. Acrescenta às funções tradicionais de um cartão de crédito o financiamento a 24 meses e com juros mais favoráveis do consumo em estabelecimentos dos ramos de turismo, como hotéis, pousadas, companhias aéreas, locadoras de veículos e Empresas de Turismo. Segundo a CEF, já foram emitidos mais de 1,6 milhões de cartões desde que o produto foi lançado no final de 2005, o que representa uma disponibilidade de crédito de cerca de R$ 900 milhões. Cartões de crédito Se a amplitude do acesso ao crédito segue em acelerado processo de expansão no Brasil, o panorama não é diferente no que diz respeito ao padrão de utilização dos meios de pagamento. O processo de simultâneo incremento da bancarização da população e de crescimento da massa de consumidores vem se traduzindo na progressiva adoção de instrumentos eletrônicos no ato de pagamento, em substituição dos meios tradicionais, de que é exemplo mais comum o próprio papel- moeda. Apesar da maior parte das transações no varejo continuar a efetuar-se através deste, especialmente quando se trata de montantes menores, é nítida uma modificação nos comportamentos do consumidor Brasileiro, seguindo o caminho que há alguns anos vem sendo percorrido pelas economias desenvolvidas. Assim, a evolução da representatividade do pagamento com cartão no consumo das famílias Brasileiras vem sendo galopante, esperando-se que em menos de uma década supere pela primeira vez o papel-moeda como instrumento principal de pagamento. Embora o faturamento com cartões tenha, segundo a Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviço (ABECS), ultrapassado o meio trilhão de reais em 2010, representa ainda apenas um quarto do consumo das famílias, o que compara com os atuais 45% dos EUA.